Buscar

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
Alzino Furtado de Mendonça
 Heliane Prudente Nunes
A atividade científica é desenvolvida seguindo-se as etapas de planejamento, execução e avaliação, podendo cada uma delas ser desdobrada numa série de tarefas características do processo de constituição do conhecimento. Muitas vezes, os estudantes não dão a devida importância a estas etapas, lançando-se ao trabalho, sem um roteiro prévio. Mas, em determinadas ocasiões, e dependendo do nível de exigência, é aconselhável observar cada uma destas etapas. Em certos casos, no entanto, quando se trata de trabalhos exigidos para a obtenção de diploma ou título acadêmico, é necessário observar certas formalidades, que visam resguardar a cientificidade do processo de investigação.
Nestes casos, a etapa de planejamento é descrita e registrada em documento próprio, denominado projeto de pesquisa, no qual o pesquisador define seu tema de investigação, seus objetivos e como pretende alcançá-los. A etapa de execução abrange o processo de investigação propriamente dito e a redação ou produção do texto final. A etapa de avaliação se dá por meio da comunicação escrita e oral dos resultados alcançados.
Geralmente, os pesquisadores comunicam os resultados de suas investigações, em revistas especializadas, na forma de artigos científicos, ou em livros, para apreciação da comunidade científica. Quando, no entanto, a atividade de pesquisa tem por finalidade obter um diploma ou titulação acadêmica, é necessário realizar alguns procedimentos, tais como:
a) elaborar e apresentar um projeto (planejamento);
b) produzir um texto de caráter científico sobre um tema (execução);
c) submeter os resultados de seu trabalho à avaliação de uma banca examinadora (avaliação).
Todo o planejamento de seu trabalho de pesquisa precisa ser registrado em um documento escrito na forma de um projeto a ser analisado e aprovado por seu orientador. Elaborar um bom projeto de pesquisa não é tarefa fácil, mas é meio caminho andado, pois evita muitos contratempos.
Não se apresse, não entre em pânico, não queime a largada, mas também não deixe para a última hora. Comece planejando, fazendo uma espécie de roteiro. Um projeto bem elaborado funciona como um "mapa da mina", um roteiro de viagem, uma verdadeira bússola, além de facilitar a comunicação inicial entre o aluno e seu orientador.
Os itens apresentados neste capítulo devem constar de seu projeto de pesquisa. Mas é a natureza e a finalidade do projeto que exigirão um maior ou menor nível de complexidade e detalhamento de cada um deles. A elaboração de cada item tem a função de registrar suas decisões sobre quê, como, quando e porque pretende fazer o que está sendo proposto, e nenhum passo pode ser omitido. Mas, qual é o primeiro passo?
A seguir, serão apresentadas orientações para as ações desenvolvidas nessa etapa de planejamento e elaboração do projeto de pesquisa. Naturalmente, as ações não acontecem linearmente, uma após a outra, na ordem em que são aqui apresentadas; ao contrário, o que se estabelece é um jogo de idas e vindas, que exige constantes reformulações. A elaboração de um projeto de pesquisa assemelha-se a uma trama em que as decisões se encontram interconectadas, uma influenciando a outra. Os itens do projeto também não são partes estanques, mas devem guardar estreita relação um com outro, resultando, não numa colcha de retalhos, mas num todo harmônico e coerente. Para efeitos didáticos e de exposição, no entanto, os itens estão dispostos numa certa ordem já consagrada na elaboração de projetos de pesquisa.
1 ESCOLHA DO TEMA
Quanto antes começar a definir e se envolver com um tema de seu interesse, melhor para você. O seu projeto só começa a ganhar forma depois de você pensar sobre o tema que deseja conhecer melhor. Esse passo é importante porque dele depende boa parte das decisões que você vai tomar ainda na etapa de elaboração do projeto. Mas como proceder no momento de escolher um tema entre tantos possíveis? Que critérios utilizar?
Para facilitar o processo de escolha, adote, desde o início, as seguintes práticas:
a) adquira confiança em suas próprias idéias: procure argumentos que reforcem o seu ponto de vista, mas não deixe de colocar suas idéias à prova conversando com pessoas da área de seu interesse. Por outro lado, não seja radical e intransigente. Mantenha-se aberto ao diálogo e procure ver a questão por outros ângulos;
b) habitue-se a registrar suas idéias: idéias não surgem do nada. Daí, a necessidade de você começar imediatamente a fazer leituras exploratórias sobre algum assunto de seu interesse. Mas não basta ter muitas idéias. Se você não as coloca no papel, elas acabam se perdendo e você vai ter aquela sensação de não estar progredindo;
c) faça uma lista de possíveis temas: o conjunto de leituras preliminares que você realizar nesse momento é fundamental para ajudá-lo na escolha do tema, pois, conhecendo o que outros pesquisadores já produziram sobre o assunto de seu interesse, você terá condições de identificar temas ainda não estudados ou insatisfatoriamente explorados. Enfim, leituras, sua própria experiência, situações concretas, problemas, dados da realidade oferecem muitas pistas para a escolha de um tema de pesquisa. Fique atento e abra uma lista de possíveis temas. As chances de você escolher o mais viável e que mais lhe interessa aumentam se você tiver à sua frente um leque de opções;
d) traduza seu tema em um título expresso de forma concisa e objetiva: o tema escolhido precisa ser delimitado e deve indicar, com o máximo de clareza possível, o assunto ou objeto a ser pesquisado. Vá redigindo e alterando a formulação de seu tema até encontrar as palavras que expressem o mais exatamente possível o que você quer. Um título bem formulado deve facilitar a compreensão de futuros leitores e conter as palavras-chave a serem utilizadas em sistemas de busca. Se for necessário, divida o enunciado de seu tema em título e subtítulo;
e) leve em conta seu interesse: chegou o momento de você fazer algo escolhido por você mesmo. Não se deixe influenciar a ponto de assumir um tema com o qual você não tem afinidade. O desgaste vai ser grande para você e seu orientador. Nem sempre, no entanto, você tem ampla liberdade de escolha, dadas as circunstâncias do momento, o que o levará a considerar, além de seus interesses pessoais, outras fontes originárias de temas para pesquisa. Nesse sentido, Marconi; Lakatos (1996) observam que o tema de pesquisa pode surgir, também, de uma dificuldade, de uma curiosidade, de desafios originários de leituras ou da própria teoria e a escolha pode ser dirigida, sugerida ou pessoal, podendo ser um tema isolado ou parte de um programa de pesquisa de uma instituição. Seja como for, o primeiro passo é definir que assunto você quer pesquisar e conhecer melhor, para que, no final, se obtenha se não um conhecimento novo e inédito, pelo menos, diferente e útil para esclarecer a temática enfocada.
2 JUSTIFICATIVA E VIABILIDADE DO TEMA
Você pode estar interessado em compreender melhor qualquer aspecto da realidade sociocultural. No entanto, não é qualquer aspecto da realidade que serve para ser investigado. O tema precisa ter relevância, importância para o momento, o que lhe é conferido pela sua ligação com questões práticas ou mesmo teóricas que precisam ser mais bem explicadas e conhecidas.
Quaisquer que sejam suas razões, de ordem pessoal, teórica ou social para eleger determinada temática, elas precisam ser explicitadas no item Justificativa do tema de seu projeto.
Volte, então, a examinar sua lista de ideias até encontrar um tema relevante para o momento e que tenha as melhores chances de se tornar o seu tema de pesquisa, tendo em vista o seu interesse, motivação e empenho em investigá-lo.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Na elaboração de seu projeto, o item Revisão bibliográfica deve conter uma síntese das leituras realizadas, na qual você levanta o estado da arte, ou seja, o estágio atual da investigação científica a respeito da temática que pretendeinvestigar.
Para facilitar a Revisão bibliográfica, adote as seguintes práticas:
a) localize fontes de consulta: selecionado o tema de seu interesse, utilize os serviços de bibliotecas, bancos de teses institucionais, ou mesmo a Internet, preparando-se para fazer uma investigação bibliográfica ou revisão da literatura sobre o assunto, com a finalidade de ter uma visão mais detalhada do tema. Assim, você vai tomar conhecimento do que já foi produzido sobre o tema, vai descobrir aspectos que ainda não foram investigados e terá condições de tornar mais específico o seu objeto de pesquisa. Faça, portanto, um levantamento das fontes de
consulta disponíveis sobre o assunto: autores, livros, artigos, relatórios, dissertações e teses já defendidas na sua ou em outras instituições;
b) faça uma leitura crítica das principais fontes: para analisar mais detalhadamente seu tema, selecione, com a ajuda do orientador, as principais fontes que vão lhe facilitar definir a situação-problema a ser investigada, a extensão e abrangência de seu projeto, a revisão bibliográfica, e o referencial teórico-metodológico a ser adotado em sua pesquisa. A leitura crítica sobre um determinado assunto permite que você conheça as questões que o tema tem suscitado no meio acadÊmico, quais as soluções que já foram propostas e que abordagens ainda não foram realizadas para solucionar determinado problema;
c) delimite o tema: faça suas leituras buscando adquirir uma fundamentação teórica que o ajude a delimitar o tema e desenvolver sua pesquisa. Somente a partir das leituras realizadas e de sua própria vivência com o assunto é que você vai reunindo condições para delimitar o seu tema. Não tente resolver todos os problemas em uma única pesquisa. Além disso, considere os prazos estabelecidos para conclusão de seu trabalho e sua própria disponibilidade para realizá-lo. Lembre-se de que um tema formulado de maneira muito ampla se torna inviável. Um tema pode ser delimitado de diferentes maneiras, considerando-se aspectos, tais como:
- conteúdo: delimite seu tema especificando o conteúdo a ser abordado. Procure ser específico, enfocando um aspecto da realidade sobre o qual você pretende ter algo a dizer. É a especificidade de seu tema que o distingue de outros temas afins;
- tempo: delimite seu tema indicando o período histórico que pretende estudar;
- espaço: delimite seu tema descrevendo os locais, áreas geográficas, instituições, grupamentos humanos, coletividades que pretende abranger em sua pesquisa.
d) seja organizado: organize suas anotações, tendo o cuidado de relacionar a fonte consultada, o que vai facilitar citações futuras e a inclusão de autores e obras na lista de fontes consultadas. Adote a técnica com a qual estiver mais familiarizado: resenhas, resumos, diagramas, quadros sinóticos, esquemas. Não pense que está perdendo tempo ao fazer tudo isso. Boa parte do material escrito em seu projeto inicial vai ser convertida e aproveitada, de forma mais ampliada, nos capítulos que formarão o corpo de seu trabalho;
e) esteja convencido de sua escolha: finalmente, aproveite o contato com o assunto que pretende investigar para se certificar de que é isso mesmo que quer. Esteja convicto disso para que não ocorra uma desastrosa e desgastante troca de tema mais à frente. Se as leituras que realizar sobre o tema ou se você não encontrar fontes disponíveis ou, ainda, se chegar à conclusão de que precisa mudar de tema, discuta essa situação com seu orientador e, se for o caso, faça-o o quanto antes.
4 PROBLEMATIZAÇÂO DO TEMA
Esse item é uma decorrência do aprofundamento sobre o tema realizado nos passos anteriores. Trata-se de identificar qual é a dificuldade de caráter teórico ou prático que justifica a realização da pesquisa. Uma pesquisa só tem razão de ser realizada se for com o propósito de resolver um problema identificado pelo pesquisador, se buscar respostas que ampliem o que já se sabe, se for capaz de revelar algo que ainda está escondido ou insatisfatoriamente explicado, suprindo lacunas existentes na produção do conhecimento.
O problema é, portanto, o fio condutor de uma investigação científica e surge a partir de uma determinada necessidade social, de uma insatisfação ou curiosidade a respeito de algo. Ao refletir sobre uma situação percebida como problemática, ao buscar uma solução, você já está problematizando o tema, isto é, identificando a dificuldade que está demandando uma resposta por meio da realização da pesquisa.
De acordo com Rudio (1986), "formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características". A situação-problema definida por você a partir das leituras realizadas e de sua própria experiência, torna-se, então, o seu objeto de pesquisa, isto é, o que você pretende investigar.
Para facilitar a Problematização do tema, adote as seguintes práticas:
a) descreva de maneira simples e direta o problema: problematizar é levantar algumas questões sobre o tema. Utilize palavras-chave relacionadas ao seu tema, procurando expressar em poucas palavras a situação-problema;
b) formule questões-guia: é importante que o seu projeto esteja organizado em torno de um conjunto de questões que vão orientar sua pesquisa. Quando selecionar essas questões-guia, tente escrevê-las de modo que elas delimitem a sua pesquisa e a coloquem em perspectiva com outras já existentes. As questões de sua pesquisa devem claramente mostrar a relação da sua pesquisa com o seu campo de estudos. Verifique se as questões são relevantes, viáveis, originais, adequadas ao tempo e aos recursos de que você dispõe. Sintetize a situação-problema na forma de uma pergunta central, desdobrando-a em perguntas secundárias, se for necessário.
5 LEVANTAMENTO DE HIPÓTESES
As hipóteses são complementares e indissociáveis do problema, mas enquanto o problema representa o que queremos descobrir, as hipóteses apresentam respostas provisórias ao problema, podendo ser ou não confirmadas pela pesquisa. Se forem confirmadas, deixarão de ser hipóteses e, então, outras hipóteses explicativas deverão ser levantadas sobre o tema.
O problema de pesquisa gera uma hipótese principal e as questões secundárias geram hipóteses complementares.
As hipóteses formuladas são suposições que você faz na tentativa de explicar o que ainda desconhece. Ao serem investigadas e testadas, por meio de procedimentos científicos, pode-se verificar sua validade ou não. De qualquer modo, as hipóteses de investigação servem de explicação para o problema enunciado e orientam as decisões do pesquisador na condução de seu trabalho.
Nas ciências sociais, muitas vezes, não se trabalha com hipóteses do tipo "causa e efeito", mais comuns nas ciências da natureza. Nas pesquisas exploratórias, as hipóteses podem se tornar questões de pesquisa. Pela sua especificidade, diz Contandriopoulos (1999), estas questões "devem dar testemunho do trabalho conceituai efetuado pelo pesquisador e, pela sua clareza, permitir obter uma resposta interpretável".
Ao formular suas Hipóteses e/ou Questões de pesquisa, lembre-se da recomendação de que devem ser simples, claras, aplicáveis, compreensíveis e, sobretudo, passíveis de verificação. De acordo com Minayo (1994), uma hipótese é aplicável quando tem termos e conceitos claros, sem ambigüidades, é específica, não se baseia em valores morais e tem uma base ou teoria que a sustenta.
6 OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS
Definir os objetivos de uma pesquisa é apresentar, de forma clara, o que se pretende alcançar com ela e anunciar que resultados se pretende conseguir com a investigação. Os objetivos, portanto, sintetizam e respondem à pergunta:
para que pesquisar?
Os objetivos guardam estreita relação com o tema escolhido e vão se tornando mais claros à medida que o tema vai sendo delimitado e problematizado, como conseqüência do aprofundamento de leituras realizadas. Os objetivos devem traduzir, especificaros aspectos do tema que se quer investigar. Evite, portanto, afastar-se deles ao longo da pesquisa.
Na elaboração dos Objetivos de sua pesquisa, observe as seguintes recomendações:
a) formule um objetivo geral: depois de analisar todas as possibilidades e considerando que é impossível abarcar todos os aspectos da situação-problema identificada em seu tema de estudo, formule o objetivo geral em um único enunciado que expresse, numa visão global e abrangente, aquilo a que sua pesquisa visa alcançar;
b) formule objetivos específicos: os objetivos específicos são desdobramentos do objetivo geral e se referem a situações particulares, ações ou tarefas precisas, bem definidas e articuladas. Por isso, têm um caráter mais concreto e uma função intermediária, instrumental. É por meio deles que você conseguirá alcançar seu objetivo geral. Formule quantos objetivos específicos forem necessários, mas lembre-se de que, ao longo do trabalho, você não poderá se afastar deles;
c) redija corretamente seus objetivos: escolha um verbo que expresse a açâo intelectual que você pretende desenvolver para chegar aos resultados esperados. Inicie a frase com o verbo escolhido no infinitivo. A escolha do verbo indica a abrangência do objetivo e o grau de complexidade da atividade a ser desenvolvida. Na redação de seus objetivos, utilize verbos, como: analisar, avaliar, discutir, buscar, conhecer, descrever, determinar, classificar, aplicar, caracterizar, distinguir, reconhecer, explicar, enumerar, selecionar, relatar.
7 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Esse item abrange a definição da teoria, do método e, conseqüentemente, das técnicas de coleta e análise dos dados que você utilizará para encontrar as respostas às perguntas formuladas e chegar aos resultados esperados. Mas como saber se já existe uma teoria que dê conta de explicar satisfatoriamente o que você quer conhecer melhor? Que metodologia combina com a natureza da investigação que se pretender realizar?
Existe uma diversidade de termos para indicar esse passo da pesquisa:
referencial teórico, quadro ou marco teórico, base teórica, modelo conceituai, fundamentação ou concepção teórica. Todos eles procuram designar a teoria ou teorias que fornecerão a orientação geral da pesquisa. De acordo com Severino (2002), um referencial teórico "constitui o universo de princípios, categorias e conceitos, formando sistematicamente um conjunto logicamente coerente, dentro do qual o trabalho do pesquisador se fundamenta e se desenvolve".
Embora nem sempre seja possível definir com clareza a concepção teórica e os conceitos fundamentais que serão utilizados para abordar o tema de pesquisa, é necessário indicar no projeto a teoria que você julga mais adequada para a explicação do fenômeno em estudo. A elaboração de uma pesquisa não está desassociada da rede de pressupostos, valores e idéias que o próprio pesquisador tem a respeito do universo e da natureza humana. Tais pressupostos proporcionam as bases do trabalho científico, fazendo com que o pesquisador interprete o mundo que o rodeia sob determinada perspectiva. Essa perspectiva vai orientar a escolha do método, da metodologia e das técnicas a serem utilizadas em sua pesquisa.
Em geral, o Referencial teórico-metodológico inclui os seguintes aspectos:
a) descrição da relação do problema de pesquisa com o referencial teórico escolhido;
b) especificação da relação do problema com pesquisas já realizadas;
c) apresentação de questões ou hipóteses alternativas, passíveis de estudo dentro dos limites do referencial teórico adotado. Nas próximas páginas, você encontrará subsídios que o ajudarão a discernir e a escolher, entre as muitas possibilidades teórico-metodológicas, aquelas que melhor se prestam aos seus objetivos, sendo que, nesse momento, é aconselhável que você consulte a bibliografia especializada indicada ao final desta publicação.
Na elaboração do Referencial teórico-metodológico de sua pesquisa, proceda da seguinte forma:
a) identifique as teorias utilizadas por outros pesquisadores: ao escrever o seu projeto de pesquisa, você deve decidir sobre qual corrente teórica vai adotar, considerando que o positivismo, o estruturalismo e o materialismo dialético são as que mais influenciaram a atividade científica no último século. Em seguida, deve fazer uma ampla leitura sobre o fenômeno que deseja pesquisar, identificando a que corrente teórica pertencem os autores. Essa leitura vai permitir verificar os estudos que já têm sido feitos e como foram feitos. Analise como os autores constituíram um conjunto organizado e coerente de termos e conceitos bem definidos para explicar a realidade investigada. Faça uma análise crítica das várias abordagens já utilizadas por diferentes autores para explicar a realidade estudada, e defina aquela que vai ser adotada em seu trabalho;
b) tenha clareza nas definições conceituais: os conceitos utilizados em seu trabalho devem estar em consonância com a corrente teórica escolhida, sendo necessário definir claramente o sentido dos termos no contexto teórico em que foram criados. O conceito de Educação Popular, por exemplo, é totalmente diferente do ponto de vista de uma teoria funcional positivista, estruturalista ou do materialismo dialético;
c) faça uma caracterização do fenômeno: uma vez adotada uma perspectiva teórica para interpretar um fenômeno, este deve ser caracterizado do ponto de vista da corrente teórica escolhida, utilizando suas definições conceituais e não outras para descrever suas relações e interligações com outros fenômenos. Um pesquisador, por exemplo, decide analisar o Movimento de Educação de Base (MEB), criado no Brasil, em 1961, definindo-o como: [...] "um programa destinado a oferecer à população rural oportunidade de alfabetização num contexto mais amplo de educação de base, buscando ajudar na promoção do homem rural e em sua preparação para as reformas básicas" (paiva, 1987 apud richardson, 1999, p. 61). Nesse caso, os elementos a serem considerados são os seguintes: população rural, alfabetização, educação de base, promoção do homem e reformas básicas. O pesquisador, ao fazer referências a esses elementos, deve considerar a concepção já definida pela corrente teórica adotada;
d) sintetize a sua proposta: resumida a um parágrafo, faça referência ao fenômeno, escolhendo os elementos a serem trabalhados, como no exemplo, a seguir:
A necessidade de buscar respostas para as questões levantadas neste estudo converge para o cotidiano da escola. Analisar a contribuição da psicologia educacional implica conhecer a importância da relação entre o desenvolvimento humano, aprendizagem e experiência para a atuação do professor. (richardson, 1999, p. 62)
7.1 Métodos científicos mais utilizados
A natureza de uma ciência conduz à seleção de um determinado método para se realizar seu estudo com mais eficiência. Esses métodos são fundamentados em princípios científicos, lógicos, construídos pelo exercício contínuo da observação e exame criterioso de um fenômeno típico de uma determinada ciência.
A escolha de uma teoria implica a definição do método a ser adotado que, por sua vez, implica a escolha das técnicas de coleta e análise dos dados. É a natureza de seu trabalho que determinará se você lançará mão de dados quantitativos, qualitativos ou de uma complementaridade entre eles, combinando as duas dimensões que coexistem como duas faces de uma moeda.
Os métodos mais tradicionais e eficientes de abordagem científica são apresentados, a seguir, de forma resumida, aconselhando-se a consulta à bibliografia especializada para sua melhor instrumentalização, lembrando que a escolha do método precisa ser apropriada ao tipo de estudo que se deseja realizar.
7.1.1 Método indutivo
A indução é um processo pelo qual, partindo-se de dados ou observações particulares constatados, pode-se chegar a proposições gerais. O raciocínio adotado vai do particular ao geral, dos fatos às leis. O objetivo do método indutivo é a generalização universal de um caso particular. Exemplo de raciocíniotípico do método indutivo são as seguintes proposições: Este cão tem quatro patas e um rabo. Os cães que eu tenho visto têm quatro patas e um rabo. Pela lógica indutiva, pode-se afirmar que todos os cães têm quatro patas e um rabo.
7.1.2 Método dedutivo
É definido como a investigação de um fenômeno a partir de premissas universais. O raciocínio adotado vai do geral ao particular. Neste caso, as 7 constatações universais é que levam à formulação das teorias e leis gerais. Exemplo de raciocínio típico do método dedutivo são as seguintes proposições:
Todo homem é mortal. Pedro é homem. Logo, pela lógica dedutiva, pode-se afirmar que Pedro é mortal.
7.1.3 Método dialético
Trata-se de um método de investigação da realidade mediante o estudo de sua ação recíproca. São princípios comuns à abordagem dialética:
a) princípio da unidade e luta dos contrários: os fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel u n idade dos opostos;
b) princípio da transformação das mudanças quantitativas em qualitativas:
no processo de desenvolvimento, todos os objetos e fenômenos sofrem mudanças quantitativas graduais que geram mudanças qualitativas;
c) princípio da negação da negação: o desenvolvimento processa-se em espiral, isto é, suas fases repetem-se, mas em nível superior.
Partindo dos princípios do método dialético/ deduz-se que ele é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é visto em constante mudança: sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega e se transforma, num processo de tese, antítese e síntese.
7.1.4 Método comparativo
 Realiza comparações com a finalidade de verificar semelhanças e explicar divergências. Esse método é usado tanto para comparações de grupos no presente, quanto no passado, entre fenômenos de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
7.1.5 Método experimental
Parte do pressuposto de negar o caráter absoluto da verdade e de reconhecer que ela só existe à medida que for testada e comprovada, podendo, às vezes, ser corrigida, modificada e até mesmo abandonada. Seus procedimentos básicos incluem: a observação metódica, classificação e verificação de hipóteses, por meio de experiências concretas e constatações.
7.1.6 Método estatístico
Fundamenta-se na utilização da teoria estatística das probabilidades. Suas conclusões apresentam maior ou menor possibilidade de serem verdadeiras. A manipulação estatística permite comprovar as relações dos fenômenos entre si e obter generalizações sobre sua natureza, freqüência e significado.
7.1.7 Método histórico
Consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje. Parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições, os costumes têm origem no passado, sendo, portanto, importante pesquisar suas raízes, para compreender sua natureza e função.
7.1.8 Método quantitativo
Caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta das informações quanto no seu tratamento, por meio de técnicas estatísticas. O objetivo do método quantitativo é o de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de segurança contra as inferências de caráter subjetivo. Utilize dados quantitativos quando sua pesquisa lidar com elementos mensuráveis, passíveis de tratamento numérico e análise estatística. Um levantamento de dados quantitativos é necessário para descrever o universo de pessoas envolvidas numa situação pesquisada (população); ou para descrever parte selecionada desse universo (amostra).
7.1.9 Método qualitativo
O uso desse método tem como objeto situações complexas ou estritamente particulares que o método quantitativo pode mensurar mas não explicar. O método qualitativo é uma forma de entender a natureza de um fenômeno social. Fenômenos que não podem ser investigados por meio de metodologias quantitativas se utilizam do método qualitativo para uma melhor compreensão das suas variáveis e do entendimento das particularidades dos comportamentos individuais. Muitas pesquisas, especialmente nas ciências sociais, têm por objetivo ir além de um levantamento de dados estatísticos, pois se propõem estabelecer sentido e significação que estão para além da aparência dos fatos e são impossíveis de serem captados por índices quantitativos ou ligações estatísticas.
Se a sua pesquisa trabalha com a subjetividade, valores e crenças que orientam as ações humanas, o que interessa é a natureza das respostas, dos sentimentos, das opiniões, das crenças; não o quanto, mas aquilo que as pessoas sentem, pensam, opinam, valorizam. Nesse caso, você não vai empregar estatísticas, pois os procedimentos são imprecisos e os resultados a que chegará "mais persuadem do que convencem", pois dificilmente serão verificáveis (boudon, 1987). O maior ou menor grau de aproximação ou de confiabilidade de suas conclusões resultará, então, da consistência teórica e metodológica com que conduzirá sua pesquisa, permitindo fazer interpretações, captar as implicações de diferentes elementos entre si, estabelecendo uma nova compreensão de fenômenos que são produtos mentais, culturais, subjetivos.
O procedimento metodológico utilizado pela pesquisa qualitativa utiliza particularmente a entrevista, devido à capacidade que esse instrumento tem de avaliar a complexidade de um problema.
7.2 Classificação das pesquisas
As pesquisas podem ser classificadas de diferentes maneiras, dependendo do critério adotado. Algumas classificações já se tomaram muito difundidas e são comumente adotadas. As denominações, no entanto, são apenas indicativos de aspectos relevantes adotados na abordagem de um problema, permanecendo inalterados o sentido, o objetivo e a definição original do que vem a ser a pesquisa:
"processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamenta] da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos" (gil, 1999, p. 42).
Não se pode, portanto, pensar que existam métodos e tipos de pesquisa isolados uns dos outros. Pelo contrário, é necessária uma verdadeira combinação de métodos e de diferentes tipos de pesquisas para dar conta do complexo mundo das investigações científicas.
A seguir, são apresentadas, sumariamente, algumas classificações comumente encontradas em manuais de metodologia científica, levando-se em consideração seus objetivos, os procedimentos técnicos adotados, a forma de abordagem do problema e sua natureza.
7.2.1 Pesquisa exploratória
É o primeiro passo de todo trabalho científico. Sua finalidade é obter maiores informações sobre determinado assunto, com o objetivo de delimitar o tema de um trabalho, definir seus objetivos, formular as hipóteses, descobrir um novo tipo de enfoque. A pesquisa exploratória, portanto, constitui um trabalho preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa. Na maioria dos casos, a pesquisa exploratória utiliza-se da técnica da pesquisa bibliográfica.
7.2.2 Pesquisa descritiva
Nesse tipo de pesquisa, os fatos são observados, registrados e analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. Uma das características da pesquisa descritiva é a técnica padronizada da coleta de dados realizada pela observação sistemática e do uso de questionários.
7.2.3 Pesquisa explicativa
Tem como preocupação central identificar e interpretar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão/ o porquê das coisas. A maioria das pesquisas explicativas podem ser classificadas como experimentais.
7.2.4 Pesquisa básica
Tem o objetivo de gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem se preocupar com aplicações práticas, visando prioritariamente a verdades e interesses universais.
7.2.5 Pesquisa aplicada
Tem o objetivode gerar conhecimentos para aplicação prática e solução de problemas específicos.
7.2.6 Pesquisa quantitativa
Tem por objetivo traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, utilizando-se de recursos e técnicas estatísticas. É uma abordagem que considera possível e, às vezes, suficiente, explicar a realidade por meio de processos de quantificação.
7.2.7 Pesquisa qualitativa
Ao contrário da abordagem anterior, considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade, o que não pode ser traduzido em números. Nesta abordagem, são procedimentos básicos a busca da interpretação dos fenômenos, a atribuição de significados, a descoberta de relações até então ocultas e das inter-relações estabelecidas. Geralmente se dá pela observação e descrição de fenômenos em seu ambiente natural e o próprio pesquisador se transforma no seu instrumento-chave.
7.2.8 Pesquisa bibliográfica
É desenvolvida a partir de material já elaborado e disponível na forma de livros, artigos científicos, periódicos, jornais, revistas, enciclopédias, anuários, almanaques; na forma áudio-visual ou em mídias digitais, tais como CDs, bases de dados acessíveis via Internet etc.
7.2.9 Pesquisa documental
Documentos são considerados fontes estáveis e riquíssimas de informação, pois permitem repetidas consultas segundo diferentes pontos de vista e sua análise não exige a presença ou a interação com os sujeitos implicados. Representam fragmentos da realidade social e refletem a conjuntura política e social em que foram produzidos. Por isso mesmo, podem revelar opiniões, crenças, formas de atuar, de viver e pensar e merecem ser pesquisados, de acordo com a pertinência deles com o seu tema de estudo. A análise documental assemelha-se à pesquisa bibliográfica, mas a diferença entre ambas está na natureza das fontes. A pesquisa documental utiliza-se de materiais que ainda não foram analisados. Utiliza-se de documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas, podendo ser escritos (correspondências, diários, regulamentos, relatórios) ou produzidos oralmente. Podem ser, também, documentos estatísticos ou numéricos, cartográficos, iconográficos, fotográficos, videográficos, cinematográficos, objetos ou artefatos.
7.2.10 Pesquisa experimental
Consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. A experimentação, ou pesquisa empírica, é utilizada quando se quer testar hipóteses que contenham relações de causa e efeito, quando se deseja descrever e analisar o que ocorre em situações muito bem controladas, com instrumental específico, preciso e em ambientes adequadamente preparados. Nesse caso, é possível exercer grande controle sobre os fatores estudados, tornando possível a generalização dos resultados. A experimentação pode ser realizada em ambientes reais ou artificiais, em recintos fechados ou abertos, ou em laboratório. Mas, lembre-se de que certos fenômenos, dada a complexidade de sua dinâmica, só podem ser estudados, com propriedade, em situações naturais, ou seja, no contexto em que ocorrem. Quando os experimentos ocorrem com produtos químicos ou físicos não se identificam grandes limitações quanto à possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de experimentos com objetos sociais (pessoas, instituições), as limitações são evidentes. Nesse caso, as considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente nas ciências humanas, embora a psicologia e a sociologia a tenham usado com acentuada freqüência.
7.2.11 Pesquisa-ação
É o tipo de pesquisa realizada, de acordo com Thiolient apud Gil (1996, p. 60), em "estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo". Embora haja um envolvimento ativo do pesquisador e das pessoas com a situação analisada, supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional ou técnico.
7.2.12 Pesquisa participante
Caracteriza-se, também, pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas, privilegiando formas do saber popular que se contrapõem ao sistema vigente. Envolve, portanto, posições valorativas, de caráter humanitário. Tem sido empregada no estudo de comunidades constituídas por minorias, com a finalidade de evidenciar seus valores, formas de resistência, padrões de comportamento etc.
7.2.13 Levantamento
Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. O procedimento consiste em solicitar informações a um grupo significativo de pessoas acerca de um problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, proceder às conclusões dos dados coletados. Os censos de informação sobre a população são um exemplo típico desse tipo de pesquisa. 
7.2.14 Estudo de caso
O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhe​cimento. O estudo de caso tem sido muito utilizado na prática psicoterapêutica caracterizada pela reconstrução da história de vida do indivíduo e no trabalho desenvolvido pêlos assistentes sociais junto a indivíduos, grupos ou comunidades. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. As limitações relacionadas ao estudo de caso referem-se às dificuldades de generalização dos resultados obtidos.
7.3 Instrumentos de coleta de dados
Os instrumentos ou técnicas estão relacionados com a parte prática da pesquisa e são conjuntos de normas usadas especificamente em cada área das ciências.
A seguir, são apresentados alguns instrumentos de coleta de dados tradicionalmente utilizados na pesquisa científica.
7.3.1 Observação
Caracteriza-se pelo contato mais direto com a real idade e é utilizada para obter informações sobre determinados aspectos da realidade estudada. As informações coletadas dessa forma precisam ser cuidadosamente registradas, por meio de notas ou diário de campo, em formulários próprios, em fita cassete ou em vídeo. Posteriormente, serão transcritas e submetidas à análise de conteúdo.
Dependendo da perspectiva do pesquisador, em termos de meios, foco, participação de quem observa, freqüência e local em que se realiza, a observação pode ser:
a) sistemática: é planejada, estruturada e realizada em condições contro​ladas;
b) assistemática: não há planejamento e controle previamente elaborados;
c) participante: o pesquisador participa dos fatos a serem observados;
d) não-participante: o pesquisador limita-se presenciar os fatos, sem neles interferir;
e) individual: realizada apenas por um pesquisador;
f) em equipe: desenvolvida por um grupo de trabalho;
g) na vida real: os fatos são observados em ambiente natural;
h) em laboratório: os fatos são observados em ambiente artificial que procura reproduzir o ambiente real do fenômeno estudado.
7.3.2 Entrevista
Caracteriza-se por uma conversação com a finalidade de produzir um relato verbal de idéias, opiniões e experiências elaborado pelo próprio entrevistado. É utilizada para averiguar características físicas, econômicas, profissionais, sociais, fatos, opiniões, críticas, sugestões, sentimentos, crenças, atitudes, condutas, planos de ação, motivos; reconstruir condutas ou fatos ocorridos no passado recente ou remoto; levantar teorias explicativas etc. A ausência de determinados dados de natureza qualitativa, muitas vezes, só pode ser superada por meio de entrevistas com pessoas que detêm informações preciosas sobre o tema que se deseja conhecer. A técnica da entrevista é muito utilizada nos vários ramos das ciências sociais (antropologia, política, serviço social, psicologia social, jornalismo, relações públicas), em pesquisas de opinião e pesquisasde mercado.
Para assegurar a qualidade das entrevistas, é preciso planejar cuidadosamente todo o processo, desenvolver habilidade e sensibilidade para estabelecer boa comunicação e confiança entre entrevistado e entrevi stador, além de propor​cionar o devido espaço à manifestação e expressão original e autêntica do seu interlocutor.
A entrevista pode ser classificada em duas modalidades:
a) dirigida, padronizada ou estruturada: é conduzida por um roteiro de perguntas previamente estruturado, utilizando-se questionários, como nas pesquisas de mercado;
b) semi-dirigida, não-padronizada ou não-estruturada: é conduzida por perguntas temáticas, com o objetivo de estimular a memória de alguém sobre um determinado fenômeno, como na história de vida.
7.3.3 Questionário
E uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. Deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções esclarecendo a sua finalidade e facilitando o seu preenchimento.
As perguntas podem ser abertas, fechadas ou de múltiplas escolhas.
7.3.4 Formulário
E uma série ordenada de perguntas que são respondidas por um informante e anotadas por um entrevistador numa situação face a face. •
Para facilitar a tabulação dos dados por meio eletrônico, as questões e suas respostas devem ser previamente codificadas.
7.4 Orientações sobre a coleta de dados
Na fase de coleta de dados, adote os seguintes procedimentos:
a) prepare-se para a coleta de dados: volte à Revisão bibliográfica que fez no início de seu projeto e analise criticamente os procedimentos adotados por outros pesquisadores, suas possibilidades e limitações, mas não deixe de usar sua intuição e criatividade. Se for o caso, é recomendável dedicar um tempo ao estudo detalhado das técnicas e instrumentos de pesquisa mais comumente utilizados. Consulte textos técnicos sobre metodologia científica; leia pelo menos um projeto ou relatório de pesquisa de autores que estudaram o mesmo problema ou problema afim, para ver como outros pesquisadores coletaram os dados, contornaram os problemas e que soluções recomendam;
b) mantenha o foco no que lhe interessa: qualquer que seja a abordagem utilizada, lembre-se de que você vai buscar apenas e tão somente aquelas informações necessárias para responder às hipóteses ou questões definidas em seu projeto. Evite desperdício de tempo, energia e dinheiro, preparando cuidadosamente seus instrumentos de coleta de dados. De nada adianta uma enorme quantidade de dados se você não sabe o que fazer com eles;
c) para a abordagem quantitativa, faça um plano operacional: se as informações que você precisa coletar são de natureza quantitativa, a abordagem escolhida deve ser a quantitativa, permitindo a elaboração de um plano operacional de coleta e análise dos dados mais detalhado, mais estruturado, predeterminado e específico;
d) para a abordagem qualitativa, indique como pretende proceder: se, no entanto, as informações que você precisa coletar são de natureza qualitativa, a abordagem escolhida deve ser a qualitativa e seu plano de coleta e análise dos dados corresponderá mais a uma proposta de como proceder. Assim, será mais flexível, podendo ser alterado em função dos desdobramentos do próprio processo de coleta de dados ou a partir das alterações na percepção do pesquisador sobre a realidade estudada;
e) tente responder às seguintes perguntas: será preciso consultar que tipo de documentos? Onde estão e como ter acesso a eles? Será preciso ouvir pessoas? Será preciso observar ações e comportamentos individuais ou coletivos? Que pessoas ou coletividades serão observadas? Onde se encontram e como ter acesso às informações? Como obter informações confiáveis, fidedignas? Que tipo de informações responde ao meu problema e não a outro? Será preciso elaborar um questionário? Realizar entrevistas? De que tipo? Que perguntas fazer e como formulá-las?
f) defina o universo a ser pesquisado: você pode pesquisar a totalidade dos casos que se enquadram em critérios previamente definidos ou apenas uma amostra deles, com base em critérios teóricos ou conceituais, planos ou regras, para abranger a variabilidade das características da população representada. Quem participará de seu estudo? Sua pesquisa tem um público-alvo definido? É composto por indivíduos, grupos, instituições, sociedades inteiras ou algum segmento em especial?
g) elabore os instrumentos de coleta de dados: uma vez escolhidas as técnicas a serem utilizadas, os instrumentos de coleta de dados devem ser cuidadosamente planejados, elaborados e testados antes de serem aplicados, a fim de assegurar a sua validade e contabilidade. Na fase de pré-teste dos instrumentos, muitas falhas relativas à comunicação podem ser detectadas e corrigidas a tempo. Para assegurar a qualidade de seu trabalho e a validade de suas conclusões, reelabore várias vezes, se for preciso, seus instrumentos de coleta de dados, até encontrar as palavras, os conceitos mais adequados, que favoreçam a compreen​são e a precisão dos dados assim obtidos;
h) estabeleça onde e quando vai coletar dados: onde e quando os dados vão ser coletados? Esse é o momento em que você inicia o trabalho de campo, isto é, vai entrar, como pesquisador, em contato direto com as pessoas ou realidades estudadas;
i) organize os dados coletados: para organizar os dados coletados, você pode utilizar procedimentos manuais ou informatizados, tais como planilhas eletrônicas, banco de dados, editor de texto ou, ainda, algum software específico, se for o caso. O armazenamento dos dados de maneira organizada permite um tratamento mais fácil e adequado das informações e uma volta aos originais, sempre que necessário.
Ainda com relação aos dados que você pretende coletar, avalie se não vai precisar da orientação de um especialista em procedimentos estatísticos que o ajude nas seguintes tarefas:
a) seleção dos dados: consiste no exame minucioso do material coletado para definir o que será ou não aproveitado e em que medida o será, evitando a ocorrência de falhas, imprecisões, distorções, excessos, falta de informações e, conseqüentemente, retorno a campo para completar dados;
b) categorização dos dados: consiste no agrupamento dos dados de acordo com determinadas características neles manifestadas;
c) codificação dos dados: consiste na atribuição de números, letras ou códigos, que facilitem a localização e tratamento dos dados e a comunicação entre membros de uma equipe de pesquisadores;
d) tabulação e apresentação: consiste na forma como os dados serão tabulados para que os aspectos que estão sendo estudados e suas inter-relações possam ser mais bem visualizados e compreendidos. Os dados podem ser tabulados e apresentados utilizando-se séries estatísticas, tabelas, gráficos, quadros, diagramas, ilustrações, figuras ou represen​tação escrita.
8 CRONOGRAMA
Elaborar um cronograma é prever quanto tempo você vai gastar em cada etapa, desde a apresentação do projeto de pesquisa completo para aprovação do seu orientador até a sessão de defesa pública. Distribua todas as tarefas que terá que realizar ao longo do período de que você dispõe para concluir seu trabalho e apresentá-lo à banca examinadora.
Nesse momento, é indispensável que você conheça os prazos estabelecidos em calendário institucional e os observe rigorosamente em seu cronograma.
9 ORÇAMENTO
Se a sua pesquisa envolve custos, é necessário fazer uma previsão, definindo o quanto será gasto e em que será gasto. Estes custos são valores estimativos, mas servem para você se prevenir, ou até mesmo pleitear verbas junto a algum órgão financiador de pesquisa.
Você deve prever despesas com material de consumo, xerox, aquisição de livros, revistas especializadas e softwares específicos, envio de questionários, participação em eventos da sua área, viagens, pagamento de serviços de terceiros, gastos com telefonemas, encadernação de exemplares de seu trabalho etc.
10 REFERÊNCIAS
Consiste em listar as publicações efetivamente citadas nodesenvolvimento de seu projeto de pesquisa, observando-se os padrões definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em vigor à época da realização de seu trabalho, que especificam os elementos a serem incluídos em referências de fontes de consulta.
As referências selecionadas sobre um determinado tema refletem o referencial teórico-metodológico adotado pelo pesquisador e são indicadores da qualidade da pesquisa. Por isso mesmo, precisam ser criteriosamente selecionadas, observando-se sua pertinência e guardando a devida coerência entre os diferentes autores.
11 ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO DE PESQUISA
Depois de escrever todos os itens de seu projeto, você deve estar preparado para submetê-lo à avaliação de seu orientador. Facilite a aprovação de seu projeto, observando se ele atende aos critérios de relevância, oportunidade, originalidade em termos da produção de conhecimento novo, pertinência ao tema e aos objetivos da pesquisa. Releia-o atentamente, avaliando se tudo que está escrito guarda a necessária coerência teórica e metodológica e se ele pode ser realizado dentro do prazo previsto e com os recursos de que você dispõe.
As perguntas, apresentadas a seguir, podem ajudá-lo a se certificar da viabilidade de seu projeto:
a) o tema está bem delimitado e você sabe exatamente o que pretende conhecer melhor ao propor o projeto?
b) o projeto atende aos desafios contidos nos objetivos propostos? 
c) você tem tempo disponível para realizar o projeto no prazo previsto?
d) os instrumentos propostos permitirão coletar os dados necessários?
e) vai ser possível registrar os dados do modo idealizado no projeto?
f) você terá acesso às instituições e às pessoas envolvidas na pesquisa?
g) as pessoas envolvidas terão disponibilidade para participar da pesquisa?
h) você dispõe dos recursos financeiros necessários?
i) quais são as chances de você conseguir apoio institucional?
Se você não obtiver uma resposta positiva para essas e outras perguntas que você mesmo formular, aproveite para reavaliar as decisões já tomadas, redimensionando cada item de seu projeto, de acordo com a sua realidade e sua condição de aprendiz de pesquisador.
Seja realista e honesto consigo mesmo, antes de iniciar a pesquisa propriamente dita, pois, insistir em um projeto além de suas possibilidades concretas de realização frustrará o principal objetivo de todo pesquisador, que é levar seu trabalho a bom termo, obtendo o reconhecimento da comunidade acadêmica e científica.
PAGE 
2

Outros materiais