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CURRÍCULO REFERENCIAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA O ESTADO DA BAHIA Primeira versão 2018 2 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO 2. TERRITORIALIDADE NA SINGULAR E PLURAL BAHIA: IMPLICAÇÕES CURRICULARES 3. MARCOS LEGAIS 4. MARCOS TEÓRICOS, CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS 5. ETAPAS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO 5.1. Educação Escolar Indígena 5.2. Educação Especial 5.3. Educação de Jovens e Adultos 5.4. Educação do Campo 5.5. Educação Escolar Quilombola 6. TEMAS INTEGRADORES NO CURRÍCULO DO ESTADO DA BAHIA 6.1. Educação para a Diversidade 6.2. Cultura Digital 6.3. Educação para o Trânsito 6.4. Educação Ambiental 6.5. Educação Fiscal 7. AVALIAÇÃO EDUCACIONAL 8. EDUCAÇÃO INFANTIL 8.1. Introdução 8.2. Concepção de Infância e sua Formação 8.3. Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento 8.4. Articulações e garantias 8.5. Educação infantil na perspectiva da educação integral como direito 8.6. Entretecimentos entre currículo, didática e processos de aprendizagem na educação infantil 8.7. As transições entre educação infantil e ensino fundamental: questões didáticas e curriculares 8.8. Transversalidades fundantes e as transversalidades das competências da Base 8.9. Avaliação da Aprendizagem 8.10. Campos de experiência no currículo da educação infantil 8.11. As transições entre educação infantil e ensino fundamental 8.12. Organizador Curricular 9. ENSINO FUNDAMENTAL 9.1. Introdução 9.2. Área de Linguagens (Texto introdutório) 9.2.1. Competências específicas de Linguagens 9.2.1.1. Língua Portuguesa (Texto introdutório) 3 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 9.2.1.1.1. Competências específicas de Língua Portuguesa 9.2.1.1.1.1. Organizador curricular 9.2.1.2. Arte (Texto introdutório) 9.2.1.2.1. Competências específicas de Arte 9.2.1.2.1.1. Organizador curricular 9.2.1.3. Educação Física (Texto introdutório) 9.2.1.3.1. Competências específicas de Educação Física 9.2.1.3.1.1. Organizador curricular 9.2.1.4. Educação Língua Inglesa (Texto introdutório) 9.2.1.4.1. Competências específicas de Língua Inglesa 9.2.1.4.1.1. Organizador curricular 9.3. Área de Matemática (Texto introdutório) 9.3.1. Competências específicas de Matemática 9.3.1.1. Matemática (Texto introdutório) 9.3.1.1.1. Organizador curricular 9.4. Área de Ciências da Natureza (Texto introdutório) 9.4.1. Competências específicas de Ciências 9.4.1.1. Ciências (Texto introdutório) 9.4.1.1.1. Organizador curricular 9.5. Área de Ciências Humanas (Texto introdutório) 9.5.1. Competências específicas de Ciências Humanas 9.5.1.1. Geografia (Texto introdutório) 9.5.1.1.1. Competências específicas de Geografia 9.5.1.1.1.1. Organizador curricular 9.5.1.2. História (Texto introdutório) 9.5.1.2.1. Competências específicas de História 9.5.1.2.1.1. Organizador curricular 9.6. Área de Ensino Religioso (Texto introdutório) 9.6.1. Competências específicas de Ensino Religioso 9.6.1.1. Ensino Religioso 9.6.1.1.1. Organizador curricular 10. PROJETO DE VIDA E AS TRANSIÇÕES PARA O ENSINO MÉDIO REFERÊNCIAS 4 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 1. APRESENTAÇÃO Prezados (as) Colaboradores(as) Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, os Estados e o Distrito Federal começaram a (re)elaboração dos seus currículos visando a garantir as aprendizagens essenciais que todos(as) os(as) estudantes devem desenvolver ano a ano. O Currículo Bahia está sendo elaborado em Regime de Colaboração entre Estado e Municípios em um movimento desafiador, fraterno, criativo e acima de tudo, colaborativo. A finalidade é elaborar um documento a partir das normativas da BNCC e que apresente as diversidades e singularidades do território baiano, até o final do ano de 2018, colaborando assim, com a (re)escrita do Projeto Político Pedagógico (PPP) das unidades escolares. Tudo começou com escuta. Estudantes, professores, funcionários, família e comunidade das Redes de Ensino Estadual, Municipais e Privada foram convidados a dizer sobre os aspectos que estão funcionando e o que ainda precisa melhorar nas suas unidades escolares, sendo orientados a falar sobre “uma escola que faz sentido para o desenvolvimento integral dos(as) estudantes”. Foram mais de 24 mil contribuições durante a realização da Escuta Inspiracional, fruto da parceria firmada entre o Instituto Inspirare, Instituto Telus e Instituto Unibanco, para legitimar o processo de escuta para a construção e a materialidade do documento no Estado. Ainda, no processo de fortalecimento do Regime de Colaboração e mobilização à participação, a União Nacional dos Dirigentes Municipais (UNDIME) solicitou aos municípios seus documentos orientadores para subsidiar a elaboração da versão preliminar do Currículo Bahia, além de promover diálogos formativos em 17 Territórios de Identidade, com as comunidades educativas, com o objetivo de envolver e orientar as equipes técnicas no processo de estudo e discussão do documento da BNCC. A escrita deste documento contou com o trabalho de uma equipe formada por dois Coordenadores estaduais (um representante da Secretaria de Educação do Estado da Bahia e um representante da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação, seccional Bahia), três Coordenadoras de Etapa (uma coordenadora de Educação Infantil e duas do Ensino Fundamental), três Redatores de Educação Infantil; 19 Redatores de Ensino Fundamental, além de profissionais colaboradores. O Currículo Bahia apresenta-se subdividido em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio (Projeto de Vida e Transições), além dos textos sobre as Modalidades, Avaliação Educacional e Temas Contemporâneos 5 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública que afetam a vida humana em escala local, regional e global. Nas duas primeiras etapas são apresentados textos introdutórios e organizadores curriculares. O documento não está acabado pois, depende da participação dos professores, gestores, estudantes, pais e/ou responsáveis e a sociedade civil, como um todo, a partir das contribuições durante a consulta pública. A intenção é mobilizar, incentivar e orientar a todos para contribuirem na construção do currículo referencial para o Estado, por meio da consulta pública, no período de 15 de outubro a 13 de novembro do corrente ano, na expectativa de um documento que respeite a diversidade e especificidades do território baiano, os direitos de aprendizagens e desenvolvimentos dos estudantes, sejam eles das redes de ensino estadual, municipal ou privada e atenda as especificidades de cada etapa de ensino e suas modalidades. Bom trabalho a todos(as)! 6 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 2.TERRITORIALIDADE NA SINGULAR E PLURAL BAHIA: ELEMENTOS IDENTITÁRIOS PARA A POLÍTICA CURRICULAR DO ESTADO A política curricular para o estado da Bahia emerge a partir de um campo de reflexões que se configura, se conforma e se integra ao território. Território aqui, percebido a partir dos olhares de Milton Santos, que nos apresenta a dimensão do território usado, que não se limita ao conjunto dos sistemas naturais, mas que incorpora o “chão”à identidade, ao sentimento de pertencer (SANTOS, 2008). Milton nos convidava a pensar sobre a relação entre a dinâmica territorial e a manifestação da consciência social, reflexão que nos é bastante cara, no contexto de organização de um currículo referencial para um estado multidiverso e de dimensões continentais, como a Bahia. As formulações curriculares precisam encontrar ressonância no chão dos territórios, assumindo a centralidade dessa categoria teórica, no desenho de rotas que façam emergir as singularidades presentes na pluralidade dos Territórios de Identidade, acolhendo-as no âmbito da política curricular. O Estado da Bahia organiza os seus 417 municípios em 27 Territórios de Identidade, que se constituem como unidades de planejamentos das políticas públicas, delineadas a partir de agrupamentos identitários municipais, geralmente contíguos, formado de acordo com critérios sociais, culturais, econômicos e geográficos (BAHIA, 2014). A política territorial em nosso Estado contempla tanto a dimensão ambiental e econômica, quanto a cultural, social e política, objetivando a criação de um ambiente de cooperação entre os atores sociais, bem como potencializando as várias dinâmicas sociais e econômicas em curso, em um determinado território, articulando-as a partir de um mesmo referencial de planejamento das políticas de desenvolvimento e das iniciativas locais (BAHIA, 2010). Esta compreensão do território como categoria fundante para o planejamento de todas as políticas setoriais do Estado da Bahia, surge com mais força a partir de 29 de dezembro de 2014, com a publicação da Lei Nº 13.214, que dispõe sobre os princípios, diretrizes e objetivos da Política de Desenvolvimento Territorial do Estado da Bahia, acentuando o compromisso de ter o território assentado na engrenagem do currículo, percebendo-o como produção do cotidiano, de identidades e de perspectivas emancipatórias, se entendemos o território como o lugar de realização das manifestações da existência do homem (SANTOS, 2008). É, no lócus do território, que as novas formas de solidariedade, de parceria e de cooperação entre os sujeitos sociais se tornam possíveis, e é 7 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública também através dele que os arranjos produtivos locais e a dinâmica da economia criativa devem incidir sobre a Educação Básica, entretecendo na trama do currículo das unidades escolares, através de situações contextuais concretas, saberes e sotaques que agreguem aos conhecimentos escolares o necessário suporte para a interpretação e interferência no mundo. Torna-se necessário retomar Milton Santos (2006), mais uma vez, para compreender a configuração territorial como resultado de uma produção histórica e refletir sobre a potência que o currículo abriga no contexto de uma sociedade, que é a da informação, e cujo currículo em construção, suporte para a formação de sujeitos, de sociabilidades e de historicidades, exerce papel predominante nas rupturas da desterritorialização ou, conforme reflete Deleuze e Guattari (1992), na unidade e reconexão, da reterritorialização. Os 27 Territórios de Identidades (TI) do Estado da Bahia foram revelados a partir de múltiplos aspectos, contemplando dimensões culturais, geoambientais, político-institucionais e econômicas, e encontram-se alinhados aos Territórios Educacionais. Os indicadores territoriais elaborados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da BAHIA (SEI) podem ser encontrados nos anexos do Currículo BAHIA. A seguir temos um quadro síntese dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE), em interface com os TI: Quadro 1 – Quadro síntese dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE), em interface com os TI TERRITÓRIO/Nº NTE/ SEDE MUNICÍPIOS LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL IRECÊ / 01/ Irecê América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Central, Gentio do Ouro, Ibipeba, Ibititá, Ipupiara, Irecê, Itaguaçu da Bahia, João Dourado, Jussara, Lapão, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, São Gabriel, Uibaí e Xique-Xique Centro Norte Baiano. Vegetação Remanescentes de Caatinga Arbórea, Contato Caatinga- Floresta Estacional e presença de Refúgio Ecológico VELHO CHICO/ 02/ Bom Jesus da Lapa Barra, Bom Jesus da Lapa, Brotas de Macaúbas, Carinhanha, Feira da Mata, Ibotirama, Igaporã, Malhada, Matina, Morpará, Muquém do São Francisco, Oliveira dos Brejinhos, Paratinga, Riacho de Santana, Serra do Ramalho e Sítio do Mato Vale Sanfranciscano. Há predomínio de Caatinga, Cerrado e Contato Caatinga/Floresta Estacional e Caatinga/Floresta CHAPADA DIAMANTINA/ 03/ Seabra Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Boninal, Bonito, Ibicoara, Ibitiara, Iramaia, Iraquara, Itaetê, Jussiape, Centro Sul Baiano. A vegetação é formada por áreas de Caatinga, Cerrado, Floresta Estacional, 8 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Lençóis, Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Novo Horizonte, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Seabra, Souto Soares, Utinga e Wagner Refúgio Ecológico, Floresta Estacional Submontana e Semidecidual, com grande variedade de ambientes vegetacionais. SISAL / 04 / Serrinha Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente Nordeste Baiano. A Caatinga, Floresta Estacional, Vegetação Secundária e, até mesmo, áreas de Cerrado compõem a vegetação do território. LITORAL SUL / 05 / Itabuna Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Barro Preto, Buerarema, Camacan, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul, Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itapé, Itapitanga, Jussari, Maraú, Mascote, Pau-Brasil, Santa Luzia, São José da Vitória, Ubaitaba, Una e Uruçuca Sul Baiano. A Floresta Ombrófila Densa do bioma Mata Atlântica compõe a vegetação do TI, com destaque para o uso de sistema agroflorestal BAIXO SUL / 06 / Valença Aratuípe, Cairu, Camamu, Gandu, Ibirapitanga, Igrapiúna, Ituberá, Jaguaripe, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Teolândia, Valença e Wenceslau Guimarães Majoritariamente Sul Baiano. Remanescentes da Floresta Ombrófila Densa, Vegetação Arbórea e Arbustiva e Mangue compõem a vegetação do território. EXTREMO SUL 07 / Teixeira de Freitas Alcobaça, Caravelas, Ibirapuã, Itamaraju, Itanhém, Jucuruçu, Lajedão, Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa, Prado, Teixeira de Freitas e Vereda Sul Baiano. A Floresta Ombrófila Densa do bioma Mata Atlântica é a vegetação predominante no território. MÉDIO SUDOESTE DA BAHIA / 08 / Itapetinga Caatiba, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Itambé, Itapetinga, Itarantim, Itororó, Macarani, Maiquinique, Nova Canaã, Potiraguá e Santa Cruz da Vitória Centro Sul Baiano. A vegetação diversificada com ocorrência de Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, e Fragmentos de Caatinga VALE DO JIQUIRIÇÁ / 09 / Amargosa Amargosa, Brejões, Cravolândia, Elísio Medrado, Irajuba, Itaquara, Itiruçu, Jaguaquara, Jiquiriçá, Lafayette Coutinho, Lajedo do Tabocal, Laje, Maracás, Milagres, Mutuípe, Nova Centro Sul Baiano, com vegetação natural formada, em sua maioria, pela Floresta Estacional, associada ou não à 9 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Itarana, Planaltino,Santa Inês, São Miguel das Matas e Ubaíra Vegetação Secundária e pelo contato com a Caatinga SERTÃO DO SÃO FRANCISCO / 10 / Juazeiro Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé, Sobradinho e Uauá Vale Sanfranciscano. A Caatinga Arbórea, Arbustiva e Parque, Cerrado Arbóreo Florestado, Floresta Estacional, Vegetação Secundária, Floresta de Galeria e Campos Rupestres formam a variada vegetação do território BACIA DO RIO GRANDE / 11 / Barreiras Angical, Baianópolis, Barreiras, Buritirama, Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Mansidão, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia, São Desidério e Wanderley Extremo Oeste Baiano. A vegetação dominante no território é a do bioma Cerrado com presença de Cerrado Arbóreo Florestado e Gramíneo Lenhoso. Há também Floresta de Galeria, Floresta Estacional Semidecidual, Decidual Montana e Caatinga. BACIA DO PARAMIRIM / 12 / Macaúbas Boquira, Botuporã, Caturama, Érico Cardoso, Ibipitanga, Macaúbas, Paramirim, Rio do Pires e Tanque Novo Centro Sul Baiano. Áreas de Refúgio Ecológico, Caatinga, Floresta Estacional e de Cerrado compõem o mosaico vegetacional do território. SERTÃO PRODUTIVO / 13 / Caetité Brumado, Caculé, Caetité, Candiba, Contendas do Sincorá, Dom Basílio, Guanambi, Ibiassucê, Ituaçu, Iuiu, Lagoa Real, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedras, Palmas de Monte Alto, Pindaí, Rio do Antônio, Sebastião Laranjeiras, Tanhaçu e Urandi Centro Sul Baiano. A Caatinga Arbórea é predominante no território de identidade, com ocorrência de muitas áreas de contato com outros biomas, a exemplo de Floresta Estacional e Cerrado Arbóreo PIEMONTE DO PARAGUAÇU / 14 / Itaberaba Boa Vista do Tupim, Iaçu, Ibiquera, Itaberaba, Itatim, Lajedinho, Macajuba, Mundo Novo, Piritiba, Rafael Jambeiro, Ruy Barbosa, Santa Terezinha e Tapiramutá Centro Norte Baiano.A vegetação é formada, majoritariamente, por Floresta Estacional Semidecidual e Vegetação Secundária Bacia do Jacuípe / 15 / Ipirá Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Gavião, Ipirá, Mairi, Nova Fátima, Pé de Serra, Pintadas, Quixabeira, Riachão do Jacuípe, São Centro Norte Baiano. A vegetação é formada por Floresta Estacional Semidecidual, Vegetação Secundária, Caatinga 10 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública José do Jacuípe, Serra Preta, Várzea da Roça e Várzea do Poço e Remanescentes da Floresta Estacional. PIEMONTE DA DIAMANTINA / 16 / Jacobina Caém, Capim Grosso, Jacobina, Miguel Calmon, Mirangaba, Ourolândia, Saúde, Serrolândia, Umburanas e Várzea Nova Centro Norte Baiano. A Caatinga Arbórea e Arbustiva, os Contato Caatinga-Floresta Estacional e Cerrado-Floresta e a Vegetação Secundária formam a paisagem vegetacional do território. Há Tensão Ecológica nos Contatos Cerrado- Floresta e Caatinga-Floresta Estacional SEMIÁRIDO NORDESTE II /17 / Ribeira do Pombal Adustina, Antas, Banzaê, Cícero Dantas, Cipó, Coronel João Sá, Euclides da Cunha, Fátima, Heliópolis, Jeremoabo, Nova Soure, Novo Triunfo, Paripiranga, Pedro Alexandre, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Santa Brígida e Sítio do Quinto Nordeste Baiano. Áreas de Caatinga, Vegetação Secundária, Cerrado e Floresta Estacional compõem a vegetação do território. Há também áreas de Contato Cerrado-Caatinga Arbórea Aberta LITORAL NORTE E AGRESTE BAIANO / 18 / Alagoinhas Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde, Crisópolis, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Itanagra, Itapicuru, Jandaíra, Olindina, Ouriçangas, Pedrão, Rio Real e Sátiro Dias Nordeste Baiano. Áreas de Cerrado, Remanescentes de Floresta Ombrófila, Vegetação Arbórea e Arbustiva e Mangue, Contato Cerrado-Caatinga- Floresta Estacional e Vegetação Secundária formam a paisagem natural do território PORTAL DO SERTÃO / 19 / Feira de Santana Água Fria, Amélia Rodrigues, Anguera, Antônio Cardoso, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Coração de Maria, Feira de Santana, Ipacaetá, Irará, Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Estevão, São Gonçalo dos Campos, Tanquinho, Teodoro Sampaio e Terra Nova Centro Norte Baiano. A Caatinga, Vegetação Secundária, remanescentes de Floresta Estacional e de Floresta Ombrófila Densa formam a vegetação do território SUDOESTE BAIANO / 20 / Vitória da Conquista Anagé, Aracatu, Barra do Choça, Belo Campo, Bom Jesus da Serra, Caetanos, Cândido Sales, Caraíbas, Condeúba, Cordeiros, Encruzilhada, Guajeru, Jacaraci, Licínio de Almeida, Maetinga, Mirante, Mortugaba, Piripá, Centro Sul Baiano. Os ambientes vegetacionais são o da Caatinga e da Floresta Estacional Decidual 11 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Planalto, Poções, Presidente Jânio Quadros, Ribeirão do Largo, Tremedal e Vitória da Conquista RECÔNCAVO / 21 / Santo Antônio de Jesus Cabeceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Salinas da Margarida, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, Sapeaçu, Saubara e Varzedo Mesorregião Metropolitana de Salvador. A vegetação do TI é formada por remanescentes da Floresta Ombrófila, Vegetação Arbórea e Arbustiva e Mangue MÉDIO RIO DE CONTAS / 22 / Jequié Aiquara, Apuarema, Barra do Rocha, Boa Nova, Dário Meira, Gongogi, Ibirataia, Ipiaú, Itagi, Itagibá, Itamari, Jequié, Jitaúna, Manoel Vitorino, Nova Ibiá e Ubatã Centro Sul e Sul Baiano. A Caatinga, Vegetação Secundária e Contato Caatinga/Floresta Estacional compõem a cobertura natural do TI BACIA DO RIO CORRENTE / 23 / Santa Maria da da Vitória Brejolândia, Canápolis, Cocos, Coribe, Correntina, Jaborandi, Santa Maria da Vitória, Santana, São Félix do Coribe, Serra Dourada e Tabocas do Brejo Velho Extremo Oeste Baiano. O Cerrado, a Floresta Estacional e a Floresta de Galeria compõem o mosaico vegetacional do território. ITAPARICA / 24 / Paulo Afonso Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso e Rodelas Vale Sanfranciscano. O território tem como destaque a vegetação preservada, com áreas de Caatinga, Cerrado, Floresta de Galeria e também Tensão Ecológica PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU / 25 / Senhor do Bonfim Andorinha, Antônio Gonçalves, Caldeirão Grande, Campo Formoso, Filadélfia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo e Senhor do Bonfim Centro Norte Baiano. A vegetação do território é formada por Caatinga Arbórea e Arbustiva, Cerrado, Contato Cerrado- Floresta Estacional, Vegetação Secundária e Contato Cerrado- Caatinga, além de áreas de Tensão Ecológica e Refúgio Ecológico Montano METROPOLITANO DE SALVADOR / 26 / Salvador Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Região de Salvador. A vegetação do território é composta por Remanescentes de Floresta 12 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho, Vera Cruz. Ombrófila Densa, Vegetação Arbórea e Arbustiva e Mangue COSTA DO DESCOBRIMENTO / 27 / EUNÁPOLIS Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália Sul Baiano. A vegetação do TI é formada,predominantemente, pela Floresta Ombrófila Densa e Vegetação Secundária. Uma educação contextualizada no território nos convoca a olhar para as singularidades e as pluralidades dos 27 Territórios de Identidade do estado da Bahia, na tentativa de oferecer aos sujeitos centrais da educação, os estudantes, percursos de formação escolar que dialoguem com os seus contextos, cotidianos e concretos, de vida. Não se deve perder de vista a potência do território na construção de identidades, muito menos o multidimensional fenômeno da educação, que, situado no tempo-espaço concreto da escola, atua como elemento constitutivo das práticas e da cultura humana, e que deve estar a favor de um importante pacto social que promova a autonomia e o bem comum, evocando, a partir da pluralidade territorial, uma identidade transformadora. 13 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 3. MARCOS LEGAIS O Direito à Educação para todos é uma conquista muito recente na história de emancipação política, em nosso país. Essa realidade remonta aos anos da colonização portuguesa, alicerçada no patriarcado e no escravismo dos povos indígenas, dos africanos e dos mestiços, visando exclusivamente ao acúmulo de riquezas para a metrópole. Essa herança deixou marcas profundas e irreparáveis na constituição política, econômica e social do país, uma herança que ainda convive, na atualidade, com resquícios dos princípios escravistas, racistas, misóginos, homofóbicos, machistas, eugenistas e genocidas, de forma controversa às prerrogativas do Estado Democrático de Direitos. No Brasil, após quase quatrocentos anos de escravidão, o Estado Republicano não estabeleceu um projeto de reparação para os povos “libertos” e alijados de acesso a direitos, no sentido de garantir as condições mínimas de inserção social, como acesso à terra, à moradia, à educação e à saúde, tampouco houve o reconhecimento e valorização da pluralidade cultural desses povos; dessa forma, a identidade nacional tornou-se frágil, existindo, até os dias de hoje, a intolerância e desrespeito à diversidade. Não houve uma preocupação em se construir um conceito de povo, uma identidade nacional e tampouco de garantir aos trabalhadores acesso a direitos, mesmo os mais elementares como alimentação e moradia. (Currículo em Movimento da Educação Básica, DF). A partir da “abolição da escravidão” até o final do século XX, algumas mudanças na conjuntura social ocorreram no país e, dessa forma, outros atores sociais, aumentando a parcela dos grupos preteridos ao acesso aos direitos fundamentais previstos na Constituição (mulheres, lésbicas, gays, pessoas trans, pessoas com deficiência, povos do campo, povos itinerantes, comunidades tradicionais) e, em um movimento contrário, a resistência e a luta pela garantia desses direitos, permanecem coexistindo nos diversos espaços sociais e, não diferente, nos espaços educacionais. Essas lutas internas no país, pelos direitos dos cidadãos e cidadãs, em muitos momentos da história, uniram-se aos movimentos internacionais que buscavam os mesmos objetivos, em todo o mundo. Entre estes, inclui-se os que versam sobre o combate às desigualdades, desde os mais gerais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); até os mais específicos, como: a Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Civis da Mulher (1948); a Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher (1953); a Convenção Internacional sobre a 14 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); a Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Ensino (1967); a Convenção nº169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre Povos Indígenas e Tribais – 27/06/1989; a Declaração dos Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais, Étnicas Religiosas e Linguísticas (1992); e a Declaração e Plano de Ação de Durban (2001).(Currículo em Movimento da Educação Básica, DF) Assim, em muitos momentos, o Brasil, pressionado pelos movimentos externos, tornou-se signatário de declarações, tratados e acordos internacionais, e muitos dessas normativas legais influenciaram a nossa legislação, em alguns casos positivamente e em outros, nem tanto. Diante do exposto, falar sobre os marcos legais que versam sobre a Educação e a política curricular no país e no Estado da Bahia, é falar desse contexto sócio histórico, sobretudo da população excluída do acesso aos direitos fundamentais. O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou desigualdades educacionais em relação ao acesso à escola, à permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. São amplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição socioeconômica de suas famílias. (BRASIL, 2017) Diante do exposto, o Estado da Bahia, não pode se furtar a apresentar um referencial curricular que desconsidere o contexto sócio histórico e as múltiplas identidades culturas do seu povo, numa perspectiva de valorizar e potencializar as produções de conhecimentos elaborados pelas comunidades escolares dos 27 Territórios de Identidade, em prol da transformação da realidade individual e coletiva dos cidadãos e cidadãs baianas, a partir da reparação dos processos excludentes à educação dos grupos preteridos historicamente e na garantia do direito de aprender de todos (as) estudantes, ou seja, para fazer valer a justiça social. Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático- pedagógicas das Secretarias de Educação, o planejamento do trabalho anual das instituições escolares e as rotinas e os eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a necessidade de superação dessas desigualdades. Para isso, os sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se planejar e deixar claro o foco na equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes. (BRASIL, 2017) Neste entendimento, os marcos legais, ora aqui apresentados, precisarão ser, efetivamente, considerados na elaboração das propostas 15 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública curriculares de todas as Unidades Públicas e Privadas do Estado da Bahia, a partir dos seus Projetos Políticos Pedagógicos. Lembrando que a garantia dos direitos dos cidadãos e cidadãs, e, por conseguinte à transformação social, perpassa pelo compromisso e responsabilidade de todos (as) os atores sociais envolvidos(as) na educação de todas as crianças, jovens, adultos e idosos, ou seja, a legislação por si só não repercute em mudanças; o compromisso pelo seu cumprimento perpassa pelo planejamento, execução, avaliação e monitoramento da política educacional, a partir do controle social, em fazer cumprir-se. Sendo assim, tomaremos como partida o Artigo 205, da Constituição Federal de 1988, que reconhece a educação como direito fundamental compartilhado entre Estado, família e sociedade ao determinar que: educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988) Já o Artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90, reafirma a quem resguarda o dever de assegurar os diretos fundamentais das crianças e adolescentes: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absolutaprioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. No Artigo 7º do Estatuto da Juventude, Lei 12.852/2013, versa sobre o direito do jovem "à educação de qualidade, com a garantia de educação básica, obrigatória e gratuita, inclusive para os que a ela não tiveram acesso na idade adequada. (BRASIL, 2013) Ainda sobre o direito à educação de adultos e idosos que não tiveram direito à educação na idade adequada, o Artigo 21º do Estatuto do Idoso (Lei 10,741/03) estabelece que "o Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados". (BRASIL, 2003). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN Nº 9.394/96, no Art. 2º, define os princípios gerais e finalidades da educação: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” O Art. 3º, da LDBEN Nº 9.9394, delineia os princípios basilares para o ensino. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar 16 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância. E, de acordo com o Art. 27 da LDBEN, os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais. O Artigo 2ª da Lei Nº 13.005 de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE apresenta como diretrizes: [...] I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. A legislação apresenta indicações quanto à elaboração dos currículos dos sistemas, redes e Unidades Escolares e, neste sentido, o Artigo 210 da Constituição Federativa estabelece a necessidade de fixar “conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). A partir desse marco constitucional, a LDB, no Inciso IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996). 17 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Por meio do Parece CNE/CEB nº 7/2010, o Conselho Nacional de Educação promulgou novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DNC), que visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais os sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por suas competências próprias e complementares, formularão as suas orientações assegurando a integração curricular das três etapas sequentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor um todo orgânico. (BRASIL, 2010). Essas premissas legais foram consideradas nas Metas 2, 3, e 7 do PNE, no que se refere aos currículos das etapas e modalidades de Educação Básica, quando orienta para a elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular, especificamente nas estratégias: "[...] 2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base nacional comum curricular do ensino fundamental [...]" [...] 3.3) "pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base nacional comum curricular do ensino médio [...]"; "[...] 7.1) "estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local [...]" Em dezembro de 2017, é homologada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), das etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental, que normatiza as prerrogativas da Carta Magna, das DNC e do PNE, ao defini- la como: documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da 18 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). (BRASIL, 2017) Os Currículos Escolares, conforme preconizam os princípios e diretrizes da LDB, DCN, reafirmados na BNCC, precisam reconhecer "que a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica" (BRASIL, 2017), ou seja, numa perspectiva de formação integral e integradora dos sujeitos. As aprendizagens essenciais estabelecidas pela BNCC se concretizarão mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação, na qual precisam ser consideradas a realidade local, a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como também o contexto, as características e a participação dos estudantes. Essas decisões precisam estar articuladas às especificidades e às necessidades dos grupos sociais que convivem nos espaços sociais, incluindo as escolas públicas e privadas do Estado, em atendimento às diferentes modalidades da Educação Básica, conforme previsto nas orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais e da legislação, voltadaspara a política curricular do Estado. A seguir apresentam-se os normativos legais, nacionais e estaduais que versam sobre as modalidades de Educação. • Educação Especial - Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica (BRASIL, e as Diretrizes da Educação Inclusiva no Estado da Bahia). • Educação de Jovens e Adultos (EJA) - Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos - EJA (BRASIL); Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de liberdade nos estabelecimentos penais (PARECER CEB). • Educação do Campo - RESOLUÇÃO CNE/CEB 1, de 3 de abril de 2002 - Institui as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, um conjunto de princípios e procedimentos para serem observados nos projetos das instituições que integram os diversos sistemas de en-ino; PARECER CNE/CEB Nº 1/2006 - Recomenda a adoção da Pedagogia da Alternância em escolas do campo; RE-SO-LUÇÃO nº 2, de 28 de abril de 2008- Estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo; DECRETO nº 7.352, de 4 de novembro de 2010 - Dispõe sobre a Política Nacional de Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRO-NERA; Lei nº 12.960 de 27 de março de 2014 - altera a LDBEN para constar 19 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública a exigência de manifestação de órgão normativo do sistema de ensino (conselho) para o fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas, considerando para tanto a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar; RESOLUÇÃO CEEN Nº 103 - Dispõe sobre a oferta da Educação do Campo, no Sistema Estadual de Ensino da Bahia; LEI ESTADUAL nº 11.35, de 23 de de-zembro de 2008 - Institui o Programa Estadual de Apoio Técnico-Financeiro às Escolas Família Agrícola – EFAs e Escolas Familiares Rurais – EFRs do Estado da Bahia; DECRETO Nº 14.110, de 28 de agosto de 2012 - Dispõe sobre a regulamentação da Lei nº 11.352, de 23 de dezembro de 2008, que institui o Programa Estadual de Apoio Técnico-Financeiro às Escolas Família Agrícola - EFAs e Escolas Familiares Rurais - EFRs do Estado da Bahia, através de entidades sem fins lucrativos [...]. • Educação Escolar Indígena- Resolução CNE/CEB nº 3, de 10 de novembro de 1999 - Fixa Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas e dá outras providências; a Resolução CNE/CEB Nº 13/2012, de 15 de junho de 2012 – Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica e Lei Nº 11.645, de 10 março de 2008 – Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena"; e Portaria nº 3918/2012 de 13 de abril de 2012 - Dispõe sobre a reorganização curricular das unidades escolares da educação escolar indígena, integrantes da rede pública estadual. • Educação Escolar Quilombola - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola e Resolução Nº 68 de 30 de julho de 2013 que estabelece normas complementares para implantação e funcionamento das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica, no Sistema Estadual de Ensino da Bahia. Por fim, a elaboração dos currículos escolares e as propostas pedagógicas precisam articular os conhecimentos científicos às temáticas da contemporaneidade em escala regional, local e global, numa perspectiva de promover e desenvolver nos estudantes de todas as etapas e modalidades da Educação Básica, o desenvolvimento de cidadãos autônomos, responsáveis, engajados e imbuídos na formação de uma sociedade mais justa, sustentável, equânime, igualitária, inclusiva e laica 20 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Assim, compete abordar a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em conformidade com a Lei 10. 639/03 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e o estudo das temáticas da "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena", conforme versa a Lei nº 11.645/ 2008 e da Seção I - Do direito à Educação, do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia , Lei nº 13.182/2014. Tais temáticas são centrais e urgentes de serem tratadas nos currículos escolares do Estado da Bahia, na perspectiva de elevar o conhecimento sobre as contribuições desses povos na constituição social, política, econômica, científica, acadêmica e cultural do Brasil. Desconsiderar essas contribuições é uma atitude de autonegação. Assim, urge tratar dessas temáticas nas escolas públicas e privadas do Estado e, assim, erradicar as práticas racistas e de intolerância religiosa, em substituição ao reconhecimento e valorização da cultura e aos valores afro- brasileiros e indígenas e aos conhecimentos ancestrais do que somos, enquanto povo baiano. Outros temas precisam também ser contemplados, dentre eles: • Direitos da criança e do adolescente - Lei nº 8.069/1990. • Direitos dos Jovens - Lei nº 12.852/2013. • Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso - Lei nº 10.741/2003. • Educação em direitos humanos - Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/2012), CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP nº 1/2004. • Educação ambiental (Lei nº 9.795/1999 que Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências; o Parecer CNE/CP nº 14/2012 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental; Resolução N° 11 do Conselho Estadual de Educação que Dispõe sobre a Educação Ambiental no Sistema Estadual de Ensino da Bahia; a Lei nº 12.056/2011 que institui a Política de Educação Ambiental do Estado da Bahia, e dá outras providências. • Educação para as Relações de Gênero e Sexualidade - Dos Princípios Fundamentais da Constituição Federativa, 1988; Artigo 16 da Resolução n. 07 do Conselho Nacional de Educação, de 14 de dezembro de 2014; Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010 • Educação para o trânsito - Lei nº 9.503/1997. • Educação alimentar e nutricional - Lei nº 11.947/2009. 21 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública • Saúde, vida familiar e social, educação para o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural - Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/2010. 22 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 4. MARCOS TEÓRICOS, CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS Como um referencial curricular, o Currículo Bahia reafirma a configuração singular e plural do Estado e aceita trabalhar com os seus desafios socioeducacionais, face à sua complexa realidade socioeconômica, geopolítica e cultural, assim como em face das demandas dos espaços escolares advindas daí. Prima, assim, por assumir que uma política de currículo para a Educação Básica, tem, acima de tudo, o compromisso com a qualificaçãoda formação para uma cidadania plena, em que saberes dos diversos campos do conhecimento deverão confluir para o desenvolvimento integral dos estudantes, considerando as competências gerais e específicas a serem desenvolvidas. Nesses termos, afirma a necessidade de que as aprendizagens construídas e conquistadas pelas competências pautadas por este referencial curricular se consolidem a partir da qualificação da formação sociotécnica, científica, tecnológica, ética, política, estética, cultural e espiritual. Neste veio, este referencial implica-se em proposições vinculadas criticamente às questões dos saberes e da formação tanto locais como globais, suas relações e entretecimentos. Assim, entende que um referencial contemporâneo deve se configurar tanto através de saberes historicamente construídos, quanto pelo acontecimento e as múltiplas experiências relevantes para um currículo da Escola Básica. Conectividade, circunstancialidade, flexibilidade, criticidade, criatividade, consciência, responsabilidade formacional, e compromisso político-educacional são condições fulcrais para que um currículo conquiste pertinência e relevância contemporâneas. Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, as Modalidades Educacionais pleiteadas pelo nosso sistema educacional, assim como os Temas Integradores constitutivos da nossa Educação Básica, têm no Referencial Curricular do Currículo Baiano uma visão integrada, conectiva e transversalizada pela perspectiva da equidade social, através de uma educação de qualidade para todos e a partir de todos. Trata-se assim, de um referencial que visa mobilizar, propor e explicitar que os atos de currículo de educadores, estudantes e famílias, entre os vários entes sociais implicados aos saberes de possibilidades formativas, sejam exercitados e constituídos através de pedagogias ativas, visando a um processo de ensino contextualizado, de maneira a possibilitar aprendizagens significativas e socialmente referenciadas, baseadas numa relação harmônica e equilibrada entre os sujeitos envolvidos no cotidiano pedagógico, considerando a dimensão do sentimento como elemento basilar do trinômio ensino-aprendizagem- sentimento. 23 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Esta abordagem metodológica ativa e criativa envolve, portanto, processos formativos dialógicos, problematizadores e propositivos, inspirados numa educação de possibilidades emancipatórias. Assim, perspectivam-se professores implicados em compartilhar suas experiências profissionais com os saberes e a vida, de maneira a interagir como mediadores de aprendizagens criticamente reflexivas, e capazes de acrescentar ao processo de desenvolvimento integral dos estudantes, que implica na valorização e utilização dos conhecimentos para entender e explicar a realidade; o exercício da curiosidade intelectual; a valorização e fruição das diversas manifestações artísticas e culturais; utilização de diferentes linguagens; compreensão, utilização e criação de tecnologias digitais para o exercício do protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Envolve, também, valorização da diversidade de saberes e vivências culturais que tratam do mundo do trabalho, a partir das escolhas, fruto dos seus projetos de vida; cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta; autoconhecimento e cuidado com a saúde física e emocional; exercício da empatia, do diálogo, da resolução de conflitos e a cooperação; ação pessoal e coletiva com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação; tudo isso numa perspectiva inclusiva, que envolve as relações étnico-raciais, de gênero, regional, linguística e religiosa, contemplando as dimensões da Integralidade, que trata do desenvolvimento integral; Identidade, que se refere ao pertencimento e empoderamento; e Inovação, que abrange tanto o contexto do mundo digital quanto pessoal, envolvendo o saber olhar para si e o desenvolvimento das competências socioemocionais. Dessa forma, o Currículo Bahia vai ao encontro das necessidades e demandas do mundo do trabalho, da produção, das culturas, das diversas existencialidades e da configuração sociotécnica da contemporaneidade. Pleiteia como transversalidades, o desenvolvimento educacional de valores como a solidariedade, a sensibilidade, a equidade, a compaixão e a sustentabilidade ambiental, como pautas a serem desenvolvidas, visando à formação para uma cidadania o mais plena possível, fortalecendo o processo de construção de identidade dos sujeitos, de forma a sentirem-se empoderados, pela noção específica de pertencimento, de discernimento e de capacidade de empreender em transformações individuais e sociais. Com uma sensibilidade explícita em relação à formação qualificada de professores, este referencial vincula, de maneira afirmativa, à sua configuração e implementação a formação inicial e permanente de professores em atuação, concebendo-a como processos de aprendizagem plurais e permanentes, constituídos de dentro das experiências aprendentes do trabalho docente e através dos relevantes espaçostempos que a sociedade contemporânea nos oferece para aprender, para aprender e sentir, para aprender a aprender e se formar. 24 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública Como um referencial curricular, conclama instituições educacionais e seus educadores a tomá-lo como um conjunto de proposições fundamentadas e justificadas, a serem pensadas com autonomia pedagógica, responsabilidade socioeducacional, atitude formacional criativa e protagonismo institucional, tanto da perspectiva operacional como da vontade de qualificação da formação para e na Educação Básica do nosso Estado. O coletivo de educadores mentor do Currículo Baiano, formado por técnicos e gestores educacionais, professores da Educação Básica, pesquisadores universitários e membros de instituições parceiras, entenderam, desde as ações inaugurais desse referencial, que vislumbrava-se diante de nós educadores baianos, a oportunidade ímpar de fazermos história educacional através de uma política de currículo, acima de tudo, pensada e implementada como construção propositiva, solidária e democrática, que percebe, no cotidiano da escola, possibilidades fecundas para processos decisórios, implicando currículos, até porque, uma política de currículo como referencial não é o currículo da escola. A escola tem seu potencial político, inteligência institucional e operacional para se apropriar das políticas curriculares com responsabilidade e, também, propor suas singularidades curriculantes com pertinência, até porque o “direito à aprendizagem e ao desenvolvimento” dos seus estudantes e professores, deverá sempre ser tomado como perspectival. Ou seja, pluralmente considerado, por mais que tenha que pleitear como compromisso coletivo o bem comum socialmente referenciado a partir da educação. Espera-se, assim, que pelas práticas e reflexões dos nossos educadores, o Currículo Baiano possa mobilizar instituições educacionais do nosso Estado, nos seus espaço-temporalidades próprios, para compor renovações, diante dos infindáveis, (in)tensos e desafiantes acontecimentos que as problemáticas humanas e os saberes de possibilidades formativas se nos apresentam no presente. 25 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 5. MODALIDADES DE EDUCAÇÃO 5.1 Educação Escolar Indígena Os Povos Indígenas têm direito a uma educação escolar específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue, comunitária e de qualidade,conforme define a legislação nacional que fundamenta a Educação Escolar Indígena no Brasil. A Constituição Federal de 1988 foi um divisor de águas na relação entre o Estado brasileiro e os Povos indígenas. A partir de suas prerrogativas, surgiram vários dispositivos legais que normatizam e encaminham possibilidades para uma escola indígena específica, diferenciada, intercultural e bilíngue/multilíngue, reconhecendo o direito dos povos indígenas manterem suas identidades étnicas, fazendo uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Na Constituição de 1988, admite-se que o Brasil é um país multicultural. O artigo 231 reconhece aos índios a sua “organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”. No artigo 210, foi assegurada às comunidades indígenas a “utilização de conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” garantindo-se, também, ainda neste artigo, a “utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem”. Através do decreto Presidencial nº 26/91, foi feita a transferência da gestão dos processos de educação escolar em comunidades indígenas da Funai para o Ministério da Educação – MEC que criou a Coordenação Nacional de Educação Indígena para acompanhar e avaliar as ações pedagógicas da Educação Indígena do país. Posteriormente, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei 9.394/96, no artigo 78, instituiu-se como dever do estado a oferta de uma educação escolar indígena bilíngue e intercultural, sendo previsto que o Sistema de Ensino da União, “com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas”, objetivando proporcionar às suas comunidades e povos a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades étnicas, a valorização de suas línguas e ciências, e garantir- lhes o acesso às informações, aos conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não indígenas. No artigo 79 da LDB/96, foi estabelecida a obrigação da União em apoiar técnica e financeiramente os sistemas de ensino estaduais e municipais, “no provimento da educação intercultural às comunidades indígenas”, mediante 26 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública “programas integrados de ensino e pesquisa” que visem fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de cada comunidade indígena; manter programas de formação de pessoal especializado, destinados à educação escolar nas comunidades indígenas; desenvolver currículos e programas específicos, inclusive os conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades; elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e diferenciado. Em 1999, as Diretrizes para a Política Nacional da Educação Escolar Indígena, aprovadas em 14 de setembro de 1999, pelo Parecer nº 14/99 da Câmara Básica do Conselho Nacional de Educação, fundamentam a educação indígena, determinam a estrutura e funcionamento da escola indígena e propõem ações concretas em prol desta Educação. Estas Diretrizes foram elaboradas pelo Comitê Nacional de Educação Indígena criado pelo MEC e composto por representantes de órgãos governamentais e não governamentais, representantes dos povos indígenas e de seus professores. A seguir, a Resolução nº 3/99, preparada pela Câmara Básica do Conselho Nacional de Educação e publicada em 17 de novembro de 1999, fixa as Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas, cria a categoria “escola indígena”, reconhecendo-lhe “a condição de escolas com normas e ordenamentos jurídicos próprios”, garantindo-lhe autonomia pedagógica e curricular. A Educação Escolar Indígena é uma modalidade educacional com práticas pedagógicas específicas calcadas nos princípios da especificidade, na interculturalidade, no bilinguismo/multilinguismo, na diferença e valorização das culturas indígenas. Os principais objetivos da Educação Escolar Indígena são: valorização das culturas dos povos indígenas e a afirmação e manutenção de sua diversidade étnica; fortalecimento das práticas socioculturais e da língua materna de cada comunidade indígena; formulação e manutenção de programas de formação de pessoal especializado, destinados à educação escolar nas comunidades indígenas; desenvolvimento de currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades; elaboração e publicação sistemática de material didático específico e diferenciado; e afirmação das identidades étnicas e consideração dos projetos societários definidos de forma autônoma por cada povo indígena. São reconhecidas como escolas indígenas, aquelas localizadas em terras indígenas, escolas com normas próprias e diretrizes curriculares específicas, voltadas ao ensino intercultural e bilíngue ou multilíngue, gozando de prerrogativas especiais para organização das atividades escolares, respeitando o fluxo das atividades econômicas, sociais, culturais e religiosas e as especificidades de cada comunidade. Nessa construção, o professor indígena é elemento fundamental para que os saberes próprios da comunidade educativa indígena sejam difundidos e incorporados nas práticas da escola, em sua origem, uma instituição exógena. É 27 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública indiscutível que o professor indígena realmente conhece, intimamente, e desfruta do patrimônio cultural do seu povo, passado de pai para filho através da oralidade e outras práticas sociais. De outro modo, a escola continuará sendo um instrumento de exclusão de saberes e silenciamento da memória indígena. A participação do professor indígena, dessa forma, garante a especificidade da educação escolar. E um bom exemplo da importância do professor indígena nessa construção encontra-se na produção de material didático específico, que deve ser fruto de uma discussão e produção coletiva do povo. Outros fatores que também dependem do protagonismo indígena para a qualidade do ensino específico é a gestão da escola e das práticas pedagógicas; de modo que seja possível traçar currículos, disciplinas, conteúdos e calendários que atendam e estejam de acordo com os interesses e necessidades da comunidade. 28 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 5.2 Educação Especial A Educação Especial/Inclusiva é uma modalidade de Educação que perpassa, transversalmente, todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, oferecendo um conjunto de serviços e recursos especializados para complementar e/ou suplementar o processo educacional dos estudantes com necessidades educacionais específicas. A inclusão socioeducacional dos estudantes com deficiência (cegueira, baixa visão, deficiência auditiva, surdez, surdocegueira, deficiência intelectual ou deficiências múltiplas), transtornos globais do desenvolvimento (autismo, Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett ou transtorno desintegrativo da infância) e altas habilidades/superdotação é um desafio a ser enfrentado por todos, e a transformação da escola não deve ser entendida comouma mera exigência do ordenamento legal, e sim, um compromisso inadiável das escolas, família e sociedade, como forma de garantir a esses estudantes o acesso à educação. Em caráter complementar ou suplementar, a Educação Especial oferece o Atendimento Educacional Especializado (AEE) por meio de Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) implantadas em escolas regulares e/ou Centros de Atendimento Educacional Especializado que elaboram, disponibilizam e aplicam recursos pedagógicos e de acessibilidade. O AEE se distingue das atividades realizadas em salas de ensino comum, pois seu objetivo é acompanhar e apoiar o estudante, fornecendo meios que proporcionem ou ampliem suas habilidades funcionais, favorecendo a inclusão escolar e social. Os Centros, além de oferecer o AEE, exercem um papel importante nas regiões onde estão implantados, por desenvolverem ações articuladas com as escolas da rede estadual e com os municípios, promovendo formação continuada em educação especial inclusiva, adaptação de material, acompanhamento e apoio às SRM. Em consonância com a perspectiva inclusiva da educação especial, a compreensão de currículo deve ser a de um conjunto de estratégias e conteúdos que reconheçam e valorizem a diversidade demandada pelos estudantes. Nesse contexto, as barreiras arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais são identificadas e eliminadas, pois o ponto principal da ação pedagógica deixa de ser a condição de deficiência e se desloca para a organização do ambiente e planejamento dos serviços visando à acessibilidade. Para uma efetiva aprendizagem e sucesso das práticas pedagógicas em uma escola que se orienta pela marca da inclusão, o currículo deve ser apoiado por componentes específicos do Atendimento Educacional Especializado, tais como: Ensino do Sistema Braille, Técnicas de Soroban; Orientação e mobilidade; Aulas de Atividade da Vida Autônoma; Ensino do uso de recursos de tecnologia assistiva; Ensino do uso da comunicação alternativa e aumentativa; Ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras); Intérprete de Libras/língua portuguesa; Guia 29 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública intérprete para surdocegos; Estratégias para o desenvolvimento dos processos mentais; Ensino de escrita cursiva; Ensino do uso de recursos ópticos não- ópticos; Informática acessível etc. Assim, é necessário que a unidade escolar implemente mudanças em seu Projeto Político Pedagógico e planejamento, identificando a demanda e as reais necessidades dos estudantes, para desenvolver um currículo escolar inclusivo, que garanta a aprendizagem e o processo de avaliação, considerando e respeitando as especificidades, bem como os limites e possibilidades, conforme estabelecido na legislação sobre essa modalidade de ensino. A Educação Especial é respaldada na Lei Nacional Nº. 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional; na Lei Brasileira de Inclusão Nº 13.146/2015, “destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”; no Decreto Nº. 6.949/2009, que ratifica a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência/ONU; na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008); na Resolução CNE/CEB Nº. 04/2009 – que institui Diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado – AEE; na Resolução 04/2009 do Conselho Nacional de Educação, que “Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial”; na Resolução CEE Nº 79/2009 que estabelece normas para a Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva para todas as etapas e Modalidades da Educação Básica no Sistema Estadual de Ensino da Bahia, na Nota Técnica – SEESP/GAB/Nº 11/2010, que dispõe sobre Orientações para a institucionalização da Oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) implantadas nas escolas regulares e nas Diretrizes para a Educação Inclusiva no Estado da Bahia, disponível em: www.educacao.ba.gov.br/educacaoespecial. 30 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 5.3 A Educação de Jovens e Adultos A EJA – Educação de Jovens e Adultos se constitui numa modalidade da Educação Básica inserida nas políticas públicas nacionais e visa assegurar aos jovens, adultos e idosos, o direito à educação de qualidade, considerando a especificidade do seu tempo humano, onde os saberes e as experiências adquiridas, ao longo de sua trajetória de vida, norteiam tanto a ação pedagógica quanto o currículo, ancorados em uma concepção de educação e de mundo, peculiar a estes sujeitos. A política pública da Educação de Jovens e Adultos estabelece a garantia de uma educação para todos aqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos, no Ensino Fundamental e Médio, tendo em vista o estabelecido no art. 205 da Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988, na Lei nº 9.394/96, art. 37, que regulamenta as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, emanadas do Parecer CNE/CEB nº 6 de 7 de abril de 2010 e na Resolução CNE/CEB nº 3, de 15 de julho de 2010, no decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004, nas normas complementares emanadas da Secretaria Estadual de Educação e do Conselho Estadual de Educação, como a Resolução Nº 239, de 12 de dezembro de 2011, que oportuniza aos sujeitos da EJA concluírem sua escolarização, quer seja pela sua oferta de Ensino para a Educação Básica e Profissional integrada ou subsequente, quer seja pela sua oferta de Certificação, dentro e fora da escola, por meio dos Postos de Extensão, de modo presencial ou semipresencial, promovendo uma educação plural para sujeitos plurais. No cenário educacional, os sujeitos da EJA, configuram-se enquanto aqueles que não tiveram passagens anteriores pela escola ou, ainda, aqueles que não conseguiram acompanhar e/ou concluir a Educação Básica, evadindo da escola pela necessidade do trabalho ou por histórias margeadas pela exclusão por raça/etnia, gênero, questões geracionais, de opressão entre outras. Arroyo (2005) assevera que: Os jovens-adultos populares não são acidentados ocasionais que, gratuitamente, abandonaram a escola. Esses jovens e adultos repetem histórias longas de negação de direitos. Histórias que são coletivas. As mesmas vivenciadas por seus pais e avós; por sua raça, gênero, etnia e classe social. (ARROYO, 2005, p. 30). Nos últimos anos, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) vem conquistando importantes avanços, seja no campo normativo e no jurídico, seja no campo teórico e no da mobilização em prol de uma educação de qualidade para todos. Nesse aspecto, o reconhecimento da diversidade do público da EJA exige o reconhecimento, no individual como sujeito de aprendizagem e, no coletivo, como sujeitos diversos no que se refere a grupos etários, geracionais, 31 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública étnicos (indígenas, quilombolas, ciganos...) geográficos (urbano ou rural), grupos de educação especial e privados de liberdade. “É sem dúvida, um ganho para esta temática” (AGUIAR, 2008). Isso, não somente porque a EJA se insere em um campo de tradição e de luta pelo direito à educação para todos, mas, principalmente, porque não se resume aos processos formais de transmissão e aquisição de aprendizagens; vai além: pretende ocupar-se dos diferentes saberese dos diferentes processos de aquisição e produção de novos conhecimentos, o que pressupõe a existência de sujeitos que se constituem como autores de seu próprio processo de aprendizagem. Sujeitos “capazes de pensar a si mesmos, capazes de intervir, de transformar, de falar do que fazem, mas também do que sonham, do que constatam, avaliam, valoram, que decidem e que rompem com o estabelecido”. (FREIRE, 1997, p. 10) Assim considerando, um currículo para a EJA não pode ser previamente definido, se não passar pela mediação com os estudantes e seus saberes, e com a prática de seus professores, o que vai além do regulamentado, do consagrado, do sistematizado em referências do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, para reconhecer e legitimar currículos praticados, construídos coletivamente que contemplem a diversidade sexual, cultural, de gênero, de raça/etnia, de crenças, valores e vivências específicas aos sujeitos da EJA. De acordo com Freire (2001, p. 15) o conceito de Educação de Adultos vai se movendo na direção da Educação Popular, na medida em que a realidade vai fazendo exigências à sensibilidade e à competência científica dos edu- cadores e educadoras. Assim sendo, para a garantia do direito dos jovens, adultos e idosos à Educação Básica, o currículo deverá ser pautado em uma pedagogia crítica, que considere a educação como dever político, com espaço e tempo propícios à emancipação dos educandos e à formação da consciência crítico-reflexiva e autônoma. A EJA possui uma proposta curricular com base na aprendizagem por: Eixos Temáticos e Temas Geradores. Estes últimos organizam (e organizam-se) as diferentes áreas do conhecimento, de acordo com a dinâmica expressa no modelo curricular, que se assenta na política-pedagógica da Educação Popular, na Teoria Psicogenética que explica a construção do conhecimento, bem como, na Teoria Progressista/Freireana (à luz da visão do ser humano integral e inacabado). Metodologicamente, deverá adequar-se às condições de vida dos jovens e adultos e relaciona-se ao Mundo do Trabalho; da Arte de da Cultura e da Ciência e da Tecnologia devendo, portanto, possibilitar a problematização da realidade social, favorecendo a capacidade de aprender a conhecer e fazer fazendo, para ser sendo, levando em consideração o tempo pedagógico 32 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública específico, destinado ao processo de formação, de modo a garantir o acesso, a permanência e a continuidade dos estudos. Os processos pedagógicos objetivam o desenvolvimento da pluralidade de dimensões da formação humana. De igual modo, o processo de aprendizagem, socialização e formação, deverá respeitar e considerar a di- versidade de vivências, de idades, de saberes culturais e valores dos educandos, seguindo um percurso formativo, que tomará como base, o princípio da dialogicidade no processo de construção e reorientação do trabalho educativo. 33 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública 5.4 Educação do Campo A Educação do Campo é o resultado de diversas lutas dos movimentos sociais populares do campo por justiça social. Historicamente, essas lutas renderam conquistas importantes, a exemplo dos dispositivos constitucionais e marcos políticos e legais que versam sobre o tema em questão. No âmbito nacional, houve a aprovação da Resolução CNE/CEB 1/2002, que institui as Di- retrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, um con- junto de princípios e procedimentos para serem observados nos projetos das instituições que integram os diversos sistemas de ensino; Parecer CNE/CEB N° 1/2006, que recomenda a adoção da Pedagogia da Alternância em escolas do campo; Resolução nº 2/2008, que estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo; o decreto N° 7.352/2010 que dispõe sobre a Política da Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária-PRONERA; Lei nº 12.695/2012, que dispõe sobre o apoio téc- nico ou financeiro da União no âmbito do Plano de Ações Articuladas e a lei nº 12.960/2014, que altera a LDBEN para constar a exigência de manifestação de órgão normativo do sistema de ensino (conselho) para o fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas, considerando para tanto o posicionamento apresentado pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. No estado da Bahia houve a implementação da Lei N° 11.352/2008, que institui o Programa Estadual de Apoio Técnico- Financeiro às Escolas Família Agrícola – EFAs e Escolas Familiares Rurais – EFRs do Estado da Bahia, regulamentada pelo decreto Nº 14.110/2012 e a Resolução do CEE Nº. 103/2015 que dispõe sobre a oferta da Educação do Campo, no Sistema Estadual de Ensino da Bahia; Lei N° 13.907/2018, que assegura aos alunos e egressos das Escolas Família Agrícola - EFAs e Escolas Familiares Rurais - EFRs, tratamento equivalente aos alunos e egressos da Educação Estadual. Esses e outros aparatos jurídicos reforçam o reconhecimento de que os povos do campo são sujeitos de direito. De acordo com a Resolução CEE N° 103/2015, a oferta da Educação do Campo, no Sistema Estadual de Ensino da Bahia, no nível da Educação Básica, destina-se à formação integral das populações do campo, em escolas do campo, entendidas como unidades de ensino situadas na área rural ou aquelas localizadas em áreas urbanas, desde que atendam, prioritariamente, as populações do campo (Art°1°- CEE N°103/2015). No documento proveniente da Conferência Nacional de Educação (CONAE 2010) é defendido que questões ligadas à justiça social, ao trabalho e à diversidade estejam presentes nas diversas instituições educativas e em todos os níveis e modalidades de educação. Quanto à Educação do Campo enfatiza: superar as discrepâncias e 34 Versão preliminar do Currículo Bahia/Consulta Pública desigualdades educacionais entre o urbano e o campo; garantir a oferta da educação do campo no país, levando em consideração a diversidade e as desigualdades regionais; garantir às escolas do campo padrões básicos de infraestrutura; valorização do meio; articulação com as demais modalidades de ensino dentre outros. Segundo o instrumento jurídico supracitado, os princípios da Educação do Campo são: compreensão do trabalho como princípio educativo e da cultura como matriz do conhecimento; respeito à diversidade da população do campo em todos seus aspectos; garantia da definição de projetos educativos com pedagogias condizentes às condições e aos anseios das populações do campo; reconhecimento das unidades escolares como espaços públicos de ensino e aprendizagem, produção de conhecimento e articulação de experiências de vida dos educandos; desenvolvimento de políticas de formação de profissionais da educação para o atendimento às especificidades, considerando-se as condições concretas da produção e reprodução social da vida no campo; valorização da identidade da escola por meio de projetos político-pedagógicos com organização curricular e metodológicas adequadas às necessidades dos educandos e comunidades do campo; flexibilização na organização escolar, visando à adequação do tempo pedagógico, à definição do calendário, os processos de organização de turmas, sem prejuízos das normas de proteção da infância contra o trabalho infantil; e controle social da qualidade da educação escolar,
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