Buscar

ARTIGO+CIENTÍFICO+-+FABIANA+WATANABE

Prévia do material em texto

10
FABIANA RODRIGUES LIMA WATANABE
A ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA HOSPITALAR E OS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
 FABIANA RODRIGUES LIMA WATANABE
A ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA HOSPITALAR E OS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Projeto apresentado ao Curso de Psicologia da Instituição Universidade Anhanguera 
Orientador: Prof. Marcelo Moreno 
3
SÃO PAULO
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	4
2 OBJETIVOS	4
3 JUSTIFICATIVA	5
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	6
5 METODOLOGIA	6
6 DISCUSSÃO	7
7 CONCLUSÃO	9
REFERÊNCIAS	9
INTRODUÇÃO
Muitas doenças infecciosas surgem em vários momentos da história da humanidade. Porém, nos últimos anos, a globalização acabou facilitando a disseminação de agentes etimológicos, causando patologias e resultando em pandemias em todo o mundo. O Corona vírus, causador da Covid-19, identificado na China em dezembro de 2019, tem um alto potencial de contágio e propagação, sendo reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia.
Assim como a medicina e as demais áreas que compõem o campo da saúde, a Psicologia Hospitalar e da Saúde se encontra diante de uma realidade talvez nunca antes experimentada. Neste contexto, atuar na área da psicologia hospitalar configura-se um desafio.
Partindo do contexto histórico, a psicologia hospitalar foi realizada por psicólogos clínicos que passaram a atuar em hospitais. No entanto, em alguns casos, demonstraram dificuldades na compreensão do papel da Psicologia no campo da saúde. A função da Psicologia no hospital não é a clínica convencional, mas sim a prevenção e a promoção da saúde (não apenas a saúde mental) em toda sua integralidade e em contextos emergenciais, tal como o enfrentamento da Covid-19, essa compreensão é fundamental.
OBJETIVO
A pandemia de Covid-19, propagada pela disseminação do novo Corona-vírus (Sars-Cov-2) configura, na atualidade, a maior emergência de saúde pública que todas as culturas e países no mundo enfrenta no decorrer de décadas. As preocupações em relação aos efeitos e consequências do impacto da pandemia, vão para além das preocupações quanto à saúde física, indo de encontro também às preocupações quanto ao sofrimento psicológico vivido pela população em âmbito geral e por profissionais da saúde envolvidos no tratamento de pessoas acometidas pela doença.
Tal estudo tem por objetivo estruturar conhecimentos sobre impactos da Covid-19 na saúde mental da sociedade e dos profissionais da saúde, perpassando pela intervenção psicológica diante da pandemia. Coloca-se em prática, a revisão e pesquisa de artigos e literatura técnico-científica produzidas em diferentes países, na perspectiva de compendiar desenvolvimentos e estudos recentes ligados à COVID-19. Busca-se e apresenta-se resultados sobre impactos da pandemia na saúde mental, na identificação de grupos de atenção prioritária e orientações sobre intervenções do profissional da psicologia, considerando particularidades da população geral e dos profissionais da saúde.
Por fim, debate-se as vivências, potencialidades e desafios para a prática dos psicólogos no contexto hospitalar durante e após a pandemia no Brasil.
JUSTIFICATIVA
A Psicologia, no âmbito hospitalar, assim como as demais áreas da saúde, encontra-se diante de um quadro nunca antes vivido. Atuar como psicólogo hospitalar em tal situação faz-se um desafio, sendo que no Brasil a formação em Psicologia ainda é deficitária no que se refere ao âmbito da atuação efetiva do psicólogo no que diz respeito a intervenção psicológica nas emergências e desastres; em casos de morte e luto e atendimento não presencial como nova modalidade de atendimento.
Partindo de um viés histórico, a psicologia hospitalar era realizada, a priori, por psicólogos clínicos que começaram a atuar em hospitais, demonstrando divergência em compreender o verdadeiro papel da psicologia no campo da saúde. A função da psicologia clínica não é a mesma do que a psicologia hospitalar, cujo a promoção e prevenção da saúde - entendendo esta como em seu conceito amplo – não somente a saúde mental. No contexto emergencial do enfrentamento à pandemia da Covid-19, a compreensão da diferença entre o atendimento clínico e hospitalar é essencial. Dentro desse perfil situacional, o foco é a emergência, ou seja, o sofrimento dos pacientes, familiares e profissionais de saúde que, conjuntamente, enfrentam uma pandemia sem precedentes científicos e técnicos, ou previsão de término.
A psicologia, em emergências hospitalares, atuará na conduta e atitudes das pessoas por meio da ação preventiva, percorrendo todas as etapas do tratamento, até o pós-trauma, incluindo vítimas da Covid-19 e todos os profissionais atuantes neste momento.
	Neste quadro, tem-se também a atuação da psicologia psicanalítica junto aos profissionais que compõem as equipes de saúde que estão na linha de frente do atendimento e enfrentamento da doença. Essa exposição direta à possibilidade de contaminação, a escassez de materiais e equipamento de proteção individual, a falta de evidências sobre quais são as melhores condutas a adotar, além do contato constante com o sofrimento, a dor e a morte, podem predispor e acarretar, nestes profissionais, o desenvolvimento de transtornos psicossomáticos, síndrome de Burnout, quadros de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos psicossomáticos ou até o uso de substâncias, tais como álcool, drogas e psicofármacos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	Para responder ao objetivo desta pesquisa, foram consultadas as seguintes bases: Impactos psicológicos e ocupacionais das sucessivas ondas recentes de pandemias em profissionais da saúde: revisão integrativa e lições aprendidas. Estudos de Psicologia (Campinas) Library Online (SciELO). Na construção de uma estratégia de busca por um material de referência, foi realizada uma adaptação dos termos utilizados, de acordo com as características particulares de cada material pesquisado. As fontes de pesquisa foram selecionadas por produções das áreas da saúde e da psicologia.
METODOLOGIA
	Este estudo teve como norte, indagar: “Quais as evidências científicas sobre os impactos psicológicos da pandemias nos profissionais de saúde?”. Para tanto, foi utilizada a análise bibliográfica, modalidade que consiste no resumo e analise de resultados de pesquisas, desde artigos empíricos qualitativos e quantitativos, até estudos teórico-reflexivos publicados em português e/ou inglês, cujos resultados privilegiassem aspectos relacionados aos impactos psicológicos da recente pandemia da Covid-19, em profissionais de saúde.
DISCUSSÃO
	Com o objetivo de observar criticamente os fatores associados aos impactos psicológicos da pandemia da Covid-19 em profissionais de saúde, verificou-se que o tema do impacto de situações pandêmicas em profissionais da saúde já começou a ser abordada há décadas na literatura, compreendendo o início deste século e estendendo-se até a atualidade. 
	As pesquisas trouxeram à tona o fato de que os principais fatores que impactam psicologicamente os profissionais da área da saúde em tais situações revela a associações com quadros de estresse, insônia, ansiedade e sintomas de depressão. A saúde mental dos profissionais de saúde se mostrou comprometida, em especial, pelo medo do próprio contágio, assim como o temor em contaminar familiares ou amigos ao retornarem do trabalho para suas casas. Em se tratando especificamente à Covid-19, a maior atenção concentra-se nos membros da família que são idosos, que apresentem alguma comorbidade ou sejam imunodepressivos, pois estes grupos são mais vulneráveis às complicações decorrentes da infecção pelo Corona vírus - SARSCoV-2 (del Rio & Malani, 2020; Wang et al., 2020).
	A emergência global ocasionada pela pandemia pode acentuar os problemas de saúde mental dos profissionais, principalmente o estresse, ansiedade, depressão e insônia; definhando a força de trabalho desses profissionais,que são peça fundamental no combate à pandemia. Segundo a literatura científica a rotina de serviço em instituições de saúde, caracterizada pela carga horária excessiva, pela tensão permanente nos atendimentos, pelos conflitos vivenciados nas relações hierárquicas e a precariedade das condições de trabalho (incluindo a insuficiência dos EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual – e de segurança), são fatores que aumentam a predisposição ao adoecimento dos profissionais (Trettene, Ferreira, Mutro, Tabaquim, & Razera, 2016 - adaptado). 
	Em tempos de pandemia com ascensão de disseminação sem referências na história, tais condições desfavoráveis de trabalho e o aumento das demandas de atendimento e assistência à saúde, tendem a ser potencializados. As mudanças que são propostas nestes serviços podem impossibilitar a volta dos profissionais para casa e para o convívio com familiares após o trabalho, impactando no tempo de descanso desses profissionais para recuperarem as forças e amenizar o sofrimento e pressão do dia. Além disso, tem o fator de a própria Covid-19, com sua alta capacidade de contaminação configurar ameaça à vida, alimentando nos profissionais que estão na linha de frente da assistência hospitalar o medo de contaminação.
	Além de todos os fatores já citados, acrescenta-se o bombardeio de notícias desoladoras, desfechos negativos e fake news – podendo provocar problemas substanciais de saúde mental em toda a população, em especial nos profissionais da saúde. Tais reflexões já esboçam o Corona vírus como um poderoso gatilho para quadros de transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático, depressão, insônia, irritabilidade, raiva e exaustão emocional. 
	Estudos apontam que o cotidiano profissional desafiador e o ambiente emocionalmente nocivo, aumentam a vulnerabilidade dos profissionais de saúde que estão na vanguarda dos atendimentos, levando-os, muitas vezes, a experimentarem o desamparo aprendido. Segundo Ferreira & Tourinho: desamparo aprendido caracteriza-se por uma redução da reação do sujeito a aquilo que lhe acontece no ambiente (adaptado), podendo ser resultante da sensação de impotência e/ou falta de controle sobre os fenômenos ambientais. A pessoa pode se sentir fragilizada diante da inflexibilidade das ameaças e riscos à sua própria vida, ao vivenciar a falta de controle sobre mudanças ambientais ou sobre os acontecimentos reais, que ocorrem independentemente de sua vontade.
	Estudos revelam que intervenções psicológicas ou outras estratégias de saúde mental devem ser oferecidas e implementadas nos ambientes hospitalares, considerando os diferentes aspectos ocupacionais e psicológicos que impactam os profissionais da saúde. O apoio social foi indicado como um dos caminhos possíveis para orientar as práticas psicológicas nos serviços ou nos diferentes modelos de atendimento que podem ser construídos (Xiao et al., 2020). Partindo de abordagens humanistas ou cognitivistas aplicadas no contexto hospitalar, neste momento, os psicólogos podem auxiliar estes profissionais da linha de frente, elaborando respostas de enfrentamento adaptativas diante de situações relacionadas aos sintomas depressivos, de estresse ou de luto que os profissionais de saúde enfrentam em seu dia a dia.
CONCLUSÃO
	Com este estudo constata-se que, na literatura científica, existem grandes evidências sobre os fatores associados ao impacto psicológico em profissionais de saúde que vivenciam situações de pandemias, sendo manifestadas encadeamentos para a área da psicologia, na medida em que se verificam tais impactos e, estes profissionais podem ter sua vulnerabilidade aumentada, podendo apresentar quadros de depressão, insônia e estresse.
	Tanto as entidades de administração hospitalar (pública ou privada), assim como as entidades de classe devem se ocupar também em oferecer cuidados de saúde mental para essas profissionais, de modo a minimizar seus sofrimentos. Almeja-se que experiências bem-sucedidas nessa área de apoio aos profissionais da saúde possam ser relatadas posteriormente para que se criem referências às práticas psicológicas.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ferreira, D. C., & Tourinho, E. Z. (2013). Desamparo aprendido e incontrolabilidade: relevância para uma abordagem analítico-comportamental da depressão. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 29(2), 211-219.
Oliveira, W. A., Oliveira-Cardoso, E. A., Silva, J. L., & Santos, M. A. (2020). Impactos psicológicos e ocupacionais das sucessivas ondas recentes de pandemias em profissionais da saúde: revisão integrativa e lições aprendidas. Estudos de Psicologia (Campinas), 37, e200066. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200066
Trettene, A. S., Ferreira, J. A. F., Mutro, M. E. G., Tabaquim, M. L. M., & Razera, A. P. R. (2016). Estresse em profissionais de enfermagem atuantes em Unidades de Pronto Atendimento. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, 36(91), 243-261. Recuperado de <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2016 000200002&lng=pt &tlng=pt.>. Acesso: 01 junho 2020
Wang, L., Wang, Y., Ye, D., & Liu, Q. (2020). A review of the 2019 Novel Coronavirus (COVID-19) based on current evidence. International Journal of Antimicrobial Agents. Disponível em:<http://dx.doi.org/10.1016/j.ijantimicag.2020.105948> Acesso: 28 maio 2020.

Continue navegando