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DIREITO PENAL III E IV AULAS ATUALIZADO EM 27 DE ABRIL

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DIREITO PENAL III – SEMANA 1
Filho acusado de concretar a mãe em armário é condenado por júri. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/rio-grande-do-sul/filho-acusado-de-concretar-a-mae-em-armario-e-condenado-por-juri/. Postado em: 21 nov 2018, 15h36
Homem foi condenado a 27 anos de prisão; motivo do crime seria seguro de vida, segundo promotoria. O filho acusado de matar e concretar a mãe em um armário, em Porto Alegre, em maio de 2015, foi condenado a 27 anos de reclusão. A condenação ocorreu na última segunda-feira, 19, durante um júri que durou quase 12 horas. A sentença proferida pela juíza Karen Luise Boanova. O Ministério Público acusou Ricardo Jardim de matar a mãe, Vilma Jardim, de 74 anos, e concretá-la em um armário feito sob medida para a ocultação do cadáver. Segundo a promotoria, o motivo do crime seria um seguro de vida deixado pelo pai em nome da mãe. Durante o júri, o filho negou o crime. Segundo ele, os dois discutiram e ela pegou uma faca na cozinha e perfurou a própria garganta e a cabeça. Antes de morrer, teria feito carinho na mão do filho para acalmá-lo, segundo o depoimento dele. A discussão teria ocorrido porque ele acusou a mãe de alterar a dosagem de remédios e causar a morte do pai. Conforme o Tribunal de Justiça, o laudo mostrou 13 golpes e o réu confessou três.
Diante do caso concreto apresentado, responda de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas:
a) Com base nos estudos sobre os crimes contra a vida, tipifique a conduta do agente.
b) Quais os elementos caracterizadores do feminicídio? Aplicam-se ao caso concreto?
c) São aplicáveis os institutos repressores da lei de crimes hediondos (lei n.8072/1990)?
Sugestão de gabarito ao caso concreto:
Na hipótese caberá identificar o homicídio duplamente qualificado pelo motivo torpe e pelo feminicídio, bem como a causa de aumento prevista no § 7º, em decorrência da idade da vítima mãe. Não obstante a questão seja controvertida, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a qualificadora do feminicídio se caracteriza como circunstância de natureza objetiva, razão pela qual pode se cumulada com quaisquer outras qualificadoras, mesmo as afetas aos motivos determinantes do crime (Resp n.17391704/RS) Ainda, caberá analisar a incidência da lei de crimes hediondos, face à expressa previsão legal do art.1º, da lei n.8072/1990.
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação ao delito de homicídio, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. É possível que o homicídio seja qualificado-privilegiado, desde que as qualificadoras sejam de natureza subjetiva.
II. A descrição típica do homicídio funcional se caracteriza como norma penal do mandato em branco.
III. O crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e modos de execução desse crime.
IV. O perdão judicial pode ser aplicado em caso de homicídio culposo ou privilegiado.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII. 
e) Somente as assertivas II e IV.
DIREITO PENAL III – SEMANA 2
Ana Luiza, de 19 anos, grávida de 6 semanas de seu namorado Felipe, 20 anos e com a finalidade de praticar um aborto conversou com várias amigas até ser convidada para ingressar em um grupo secreto de WhatsApp que gerencia a prática de abortos clandestinos. Soube por meio do grupo a forma com a qual poderia adquirir o medicamento cytotec e solicitou ao namorado que o comprasse, pois não dispunha do valor cobrado. Felipe realizou o depósito bancário de R$1.000,00 e o medicamento foi entregue, via correio, na residência de Ana Luiza que resolveu ingeri-lo durante a madrugada no mesmo dia. Das fortes contrações sofridas e consequente hemorragia após a expulsão incompleta do feto e placenta, Ana Luiza necessitou ser socorrida de emergência para fins de realização de uma curetagem. Na clínica na qual foi atendida não havia médico de plantão, razão pela qual Ana Luiza foi socorrida por uma enfermeira que necessitou realizar as manobras abortivas das quais culminaram a ablação do útero. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os crimes contra a vida, responda de forma objetiva e fundamentada às questões:
a) Qual a correta tipificação das condutas de Ana Luiza e Felipe?
b) Com relação à ablação do útero em decorrência do procedimento abortivo, Felipe poderia ser responsabilizado pelo resultado mais gravoso?
c) A conduta da enfermeira tem relevância jurídico-penal?
Sugestão de gabarito do caso concreto:
A questão apresenta uma situação hipotética de autoaborto previsto no art.124, CP. Caberá ao discente a analisar as controvérsias sobre o concurso de pessoas no referido delito e a possibilidade de participação de Felipe na referida conduta.
Com relação ao resultado mais gravoso, o discente identificará a inaplicabilidade do art.127, CP à conduta de Felipe de modo a analisar a possibilidade do concurso formal de crimes entre os delitos do art.124 (na condição de partícipe) e lesões corporais culposas (art.129, §6º, CP).
Por fim, a questão apresenta como questão controvertida a (im)possibilidade de incidência do art.128, I, à enfermeira em decorrência do princípio da taxatividade, de modo a ser questionada a aplicação da excludente de ilicitude estado de necessidade (art.24, CP). Pela aplicação do art.24, CP, vide Rogério Sanches Cunha (CUNHA, 2019, 109) e Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2017, 642)
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra a vida, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. Suponha que uma agente forneça a um amigo um poderoso veneno de rato para que ele o utilize como meio para seu suicídio. Caso ele venha a ingerir o veneno, mas sobreviva com lesões corporais graves é correto afirmar que a conduta e quem forneceu o veneno se configura como tentativa de homicídio.
II. A sentença concessiva do perdão judicial é meramente declaratória de extinção de punibilidade e não gera reincidência.
III. Agente que, depois de iniciado parto caseiro, mas antes de completá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o próprio filho pratica o crime de infanticídio.
IV. Se a mãe não quis ou assumiu o risco da morte do filho, não se configura crime de infanticídio, em qualquer das formas, eis que inexiste para o crime de infanticídio forma culposa.
V. O “aborto com consentimento” da gestante constitui exceção à teoria monística adotada pelo Código Penal.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas II e IV.
DIREITO PENAL III – SEMANA 3
No dia 20 de fevereiro do corrente ano, por volta das 09:30h, Jonas agrediu fisicamente sua ex-mulher Alaíde na presença de seu filho Bruno, de 12 anos. Conforme relatado em sede judicial por Alaíde e confirmado por seu filho, Jonas foi à casa de sua ex-mulher para acertar questões financeiras (relativas ao pagamento da pensão do filho), oportunidade em que, após a vítima ter falado algo que desagradou-o, o mesmo torceu o braço da vítima e atirou-a contra o muro, razão pela qual a mesma caiu ao chão, além de proferir-lhe xingamentos. Dos fatos, Alaíde restou arranhada na mão, no joelho e nas costas, conforme laudo do exame de corpo de delito. Ainda em sede judicial, Alaíde referiu que o ex-marido possui personalidade agressiva e que este seria o motivo do término do relacionamento. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os crimes contra a pessoa, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas.
a) Qual a correta tipificação da conduta de Jonas?
b) Pode Jonas alegar a exclusão da tipicidade material da conduta pela incidência do princípio da insignificância?
c) É cabível a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos?
d) No caso apresentado, foi necessária a representação de Alaíde para que o Ministério Público deflagrasse a ação penal?
Sugestão de gabarito do caso concreto:
A conduta deJonas configura-se como lesões corporais praticadas no âmbito doméstico contra mulher de modo a ser tipificada no art.129, §9º c.c art. 61, II, h, ambos do Código Penal, com a incidência das medidas protetivas e de urgência previstas na lei n.11340/2006.
Ainda, para responder às demais questões, caberá ao discente desenvolver os entendimentos sumulados pelo Superior Tribunal de Justiça nos Enunciados n. 542, 588, 589 e 600.
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Súmula 600 do STJ – Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra a pessoa, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
Estão corretas as assertivas:
I. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves, ainda que decorram de violência doméstica contra a mulher.
II. A incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias é espécie de lesão corporal de natureza grave, sendo que as referidas ocupações não condizem apenas com a atividade laboral exercida pela vítima na ocasião, abrangendo qualquer outra atividade costumeira, moral ou imoral, desde que lícita.
III. Ao crime de lesão corporal culposa previsto no Código de Trânsito não se aplica o instituto do perdão judicial por ausência de expressa previsão legal.
IV. Se a lesão for praticada contra integrante do sistema prisional em decorrência condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas II e IV.
DIREITO PENAL III – SEMANA 4
Janete e Ademar tiveram um relacionamento amoroso por aproximadamente dois meses, tendo Janete terminado o relacionamento, fato não aceito por Ademar que começou a importuná-la por whatsapp, o que a obrigou a bloqueá-lo no referido aplicativo. Inconformado, Ademar criou um perfil falso da ex-namorada no facebook no qual postou fotos de Janete de biquini em uma praia com todos os contatos dela, como telefone, redes sociais e endereço, dando a entender o oferecimento de serviços de natureza sexual. Sendo certo que as postagens foram feitas no dia 05 de maio de 2017 e que Janete visualizou o falso perfil uma semana após as postagens, conforme relato de amigos que descobriram a conduta de Ademar, após sete meses do conhecimento ocorrido, Janete procura um advogado a fim de propor a ação penal em face de Ademar.
Ante o exposto, responda de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas sobre os crimes contra a honra.
1. Qual a correta tipificação da conduta de Ademar?
2. Qual a tese defensiva a ser apresentada por Ademar?
SUGESTÃO DE GABARITO: 
Deverá ser identificado o concurso formal imperfeito entre os delitos de difamação e injúria, majorados pelo meio utilizado para a prática e divulgação das ofensas no facebook (artigos 139 e 140, c.c. 141, III, e 70, parte final, todos do Código Penal).
Ainda, por se configurarem crimes de ação penal de iniciativa privada, Ademar poderá suscitar em tese defensiva o reconhecimento da extinção de punibilidade face à produção de decadência do direito de ação - de oferecimento de queixa-crime, conforme estabelecem os artigos 103 e 107, IV, do Código Penal, bem como o art.38, CPP.
No Direito Penal brasileiro, existem três tipos penais que buscam garantir a proteção da honra: a calúnia, a difamação e a injúria. A bem da verdade, os dois primeiros crimes protegem a chamada honra objetiva, enquanto o ultimo procura salvaguardar a honra subjetiva. Devido ao fato de haver diferenças importantes entre elas, faz-se necessária uma breve exposição destas distinções.
Com efeito, Rogério Greco assevera que “a chamada honra objetiva diz respeito ao conceito que o sujeito acredita que goza no seu meio social”.¹ De acordo com Carlos Fontán Balestra, “a honra objetiva é o juízo que os demais formam de nossa personalidade, e através do qual a valoram”.²
Pois bem, novamente seguindo a linha de pensamento de Rogério Greco, “a honra subjetiva cuida do conceito que a pessoa tem de si mesma, dos valores que ela se autoatribui e que são maculados com o comportamento levado a efeito pelo agente”.³
Destarte, Heleno Cláudio Fragoso, de forma bem lacônica, afirma que ”subjetivamente, honra seria o sentimento da própria dignidade; objetivamente, reputação, bom nome e estima no grupo social”.⁴
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra a honra, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
Estão corretas as assertivas:
I. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia, difamação ou injúria, fica isento de pena. (ver art. 143 do CP)
II. Policial Militar que forja situação de flagrância, a fim de increpar indivíduo que sabe inocente e, com isso, dá causa à instauração de inquérito policial, comete crime de calúnia. (ver art. 339 do CP)
III. Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa não excessiva praticada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu advogado e a opinião da crítica literária sem intenção de injuriar ou difamar.*
IV. O juiz pode deixar de aplicar a pena na injúria no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.*
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas III e IV.
DIREITO PENAL III - Aplicação Prática Teórica da AULA 5
No dia 05 de abril de 2017, Agostinho, segurança particular contratado para um show musical surpreendeu Toby usando, sem autorização, um banheiro químico da área VIP do show. Em verdade, Toby sequer possuía ingressos para o evento. Agostinho irritado com a conduta, com emprego de arma de fogo e após discussão sobre o uso indevido do banheiro químico, ameaçou Toby de morte. Dos fatos, Agostinho restou acusado pelo delito de ameaça, previsto no art.147, do Código Penal. Na fase inquisitiva negou o uso da arma de fogo, confessou que, se fosse agredido, mataria seu contendente, bem como alegou que, face à provocação e ofensas de Toby, se encontrava extremamente nervoso e exaltado, razão pela qual não houve seriedade na ameaça proferida. Cabe salientar que, após a ameaça e em decorrência do estado alterado de Agostinho, Toby buscou abrigo no interior de um ônibus que se encontrava no estacionamento do evento musical e lá permaneceu até o final do evento. Diante do caso narrado, responda: a tese defensiva de exaltação de ânimo ou irritação de Agostinho deve prosperar? Responda de forma objetiva e fundamentada.
GABARITO: A tese defensiva não deve prosperar, uma vez que o entendimento majoritário é no sentido de que o crime de ameaça independe, para a subsunção do fato à norma incriminadora, de ânimo calmo e refletido. Basta para a sua caracterização a promessa de causar mal injusto e grave e que implique temor à vítima (TJDFT, 1ª Turma Recursal, Acórdão n. 1040822).
No mesmo sentido sustenta Rogério Sanches Cunha de que a ira, muitas vezes, pode atuar como força determinante do delito (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial.11 ed. Salvador: JusPodivm, 2019, p.214)
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra a liberdade individual, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
Estão corretas as assertivas:
I. O crime de tráfico de pessoas consiste em agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência,coação, fraude ou abuso, com a finalidade de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; submetê-la a qualquer tipo de servidão; adoção ilegal ou exploração sexual.
II. O crime de tráfico de pessoas poderá ser caracterizado ainda que haja consentimento da vítima.
III. Médico, ao realizar transfusão de sangue em menor, sem o consentimento dos pais, ainda que para salvá-lo de risco iminente de morte, pratica o crime de constrangimento ilegal, previsto no artigo 146, do Código Penal.
IV. O delito de invasão de dispositivo informático se configura como delito material, de modo que se consuma somente com a produção de resultado lesivo à vítima, como por exemplo, prejuízo econômico.
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas I e II.
e) Somente as assertivas III e IV.
PENAL III – AULA 6:
Kethlen e Michael, de forma livre e consciente, com inequívoco ânimo de apossamento definitivo de coisa alheia móvel, subtraíram para ambos, dez unidades de creme de hidratação, marca NIVEA, no valor total de R$ R$ 174,94 (cento e setenta e quatro reais e noventa e quatro centavos) do interior de uma loja da rede Lojas Americanas, no Shopping Park Europeu, na cidade de Blumenau. Ao tentar sair da loja foram abordados por Charles, funcionário do estabelecimento que assistira a toda a conduta através do sistema interno de filmagens, argumentando no sentido do conhecimento do que haviam feito e necessidade de devolução dos itens subtraídos. Em seguida policiais militares foram acionados acerca dos fatos e ambos foram presos em flagrante delito. Diante da situação hipotética responda às questões formuladas.
1. Qual a correta tipificação da conduta de Kethlen e Michael?
RESPOSTA: A questão apresenta uma situação hipotética de furto qualificado consumado pelo concurso de pessoas (art.155, § 4º, IV, do Código Penal).
2. Kethlen e Michael apresentaram sucessivamente duas teses defensivas, a saber: (i) reconhecimento da incidência do princípio da insignificância para fins de exclusão da tipicidade material da conduta e (ii) que o crime fora impossível, uma vez que a conduta dos agentes foi monitorada pelas câmeras de segurança, o que tornou impossível a consumação do delito. Responda, de forma objetiva e fundamentada, se os argumentos defensivos devem prosperar.
RESPOSTA: Com relação aos argumentos defensivos, nenhum é procedente pelos seguintes motivos: (i) é entendimento pacificado nos Tribunais Superiores que para a aplicação do princípio da insignificância deve-se aferir a mínima ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada, sendo no caso concreto afastada a sua incidência face ao maior juízo de reprovabilidade decorrente da qualificadora do concurso de pessoas (Informativo 491, STJ) e (ii) não há que se falar em crime impossível, pois, conforme preceitua o verbete de súmula 567, do Superior Tribunal de Justiça, a existência por si só de monitoramento eletrônico não torna o crime impossível. Interessante destacar, todavia, que o STF já se manifestou no sentido de que a questão deve ser analisada casuisticamente, uma vez que em algumas situações A forma específica mediante a qual os funcionários do estabelecimento vítima exerceram a vigilância direta sobre a conduta do paciente, acompanhando ininterruptamente todo o iter criminis, tornou impossível a consumação do crime, dada a ineficácia absoluta do meio empregado (HC n.144516/SC). Tal entendimento tem por fundamento o princípio da ofensividade.
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSUMAÇÃO DO FURTO: Trata-se de tema polêmico e de difícil visualização na prática. Esclarece Laje Ros: “o furto consiste, de um ponto de vista material, em apoderar--se da coisa alheia que se encontra em poder de outro, que, por apoderamento, resulta desapoderado daquela coisa. Isso implica dizer que o objeto deixou de ser detido por este e que é detido pelo ladrão. Também importa entender que o apoderamento implica que o objeto deixou de pertencer a uma esfera de custódia e incorporou-se à de quem se apoderou” (La interpretación penal en el hurto, el robo y la extorsión, p. 97). Há, basicamente, quatro teorias para fundamentar a consumação do furto: a) o furto se consuma apenas com o toque na coisa móvel alheia para apoderar-se dela (teoria do contato); b) concretiza-se no momento da remoção ou mudança de lugar, vale dizer, o furto se consuma apenas quando a coisa é removida do local onde fora colocada pelo proprietário; c) distingue a remoção em dois momentos: a apreensão (aprehensio) e o traslado de um lugar a outro (amotio de loco in locum); para a consumação, requer-se que a coisa seja trasladada do lugar onde estava a outro local; somente assim se completa a subtração (ablatio). Há de sair da esfera de vigilância do dono; d) o furto se consuma quando a coisa é transportada pelo agente ao lugar por ele pretendido (e o loco quo destinaverat) para colocá-la a salvo (ob. cit., p. 207-208). Segundo nos parece, o furto está consumado tão logo a coisa subtraída saia da esfera de proteção e disponibilidade da vítima, ingressando na do agente. Cuida-se da terceira teoria: apreender e retirar da esfera de proteção da vítima. Não se demanda a posse mansa e pacífica, mas, repita-se, a retirada do bem da esfera de disponibilidade do ofendido. É imprescindível, por tratar-se de crime material (aquele que se consuma com o resultado naturalístico), que o bem seja tomado do ofendido, estando, ainda que por breve tempo, em posse mansa e tranquila do agente. Se houver perseguição e em momento algum conseguir o autor a livre disposição da coisa, trata-se de tentativa. Não se deve desprezar essa fase (retirada da esfera de proteção da vítima), sob pena de se transformar o furto em um crime formal, punindo-se unicamente a conduta, não se demandando o resultado naturalístico. Essa é a posição majoritária na jurisprudência. Nesse sentido: STF: “Para a consumação do furto, é suficiente que se efetive a inversão da posse, ainda que a coisa subtraída venha a ser retomada em momento imediatamente posterior. Jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal. 2. Ordem denegada” (HC 114329RS, 1.aT., rel. Roberto Barroso, 01.10.2013. TJSC: “O Código Penal brasileiro adotou a teoria da apprehensio ou amotio, segundo a qual a configuração do crime de furto ocorre com a inversão da posse da res, de modo que seja assegurado ao agente o domínio pacífico do bem subtraído, ainda que de forma efêmera” (2014.077809-6-Santo Amaro da Imperatriz, 1.a C. Crim., rel. Carlos Alberto Civinski, 19.05.2015, v.u.). STJ: “Esta Corte e o Supremo Tribunal, para balizar o debate sobre a consumação do crime de furto, adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual se considera consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima” (AgRg no REsp 1.300.954-RS, 5.a T., rel. Laurita Vaz, 15.05.2012,
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação ao delito de furto, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. O agente que tenta adentrar em estabelecimento ainda que com o intuito de subtrair coisa alheia móvel, mas, por circunstâncias alheias à sua vontade, não efetiva a empreitada criminosa, comete o crime de dano.
II. Para se caracterize o furto de uso é necessário que o bem seja infungível, a ausência de especial fim de agir de assenhoreamento definitivo para si ou para outrem e que haja restituição imediata e integral ao sujeito passivo.
III. Em relação à consumação do delito de furto, adota-se a teoria da amotio, segundo a qual o crime se consuma quando o agente desloca ou remove a res furtiva da esfera de vigilância da vítima, sendo prescindível a posse mansa e pacífica da mesma.
IV. Conforme entendimento sedimentado do SuperiorTribunal de Justiça, aplicam-se às qualificadoras objetivas e subjetivas do furto a causa de aumento de pena do repouso noturno e a forma privilegiada.
V. A ligação direta realizada para efeito de subtração de veículo é considerada a qualificadora do inciso III, § 4º, art. 155, CP, consistente em chave falsa
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas II e V.
PENAL III – AULA 7
Ana Eliza foi surpreendida por João quando chegava à porta da sua garagem, por volta das 20h de uma quinta-feira. João em posse de uma arma de fogo anunciou um assalto e determinou que a ofendida passasse para o banco do passageiro, subtraindo-lhe seu carro fiat/palio, uma aliança em ouro, um relógio da marca Michael Kors, uma bolsa preta da mesma marca que o relógio, um telefone celular, tipo “Iphone” modelo 8, óculos de sol, marca Ray Ban e documentos pessoais. Depois da abordagem João tomou a direção do automóvel, dirigindo-se a um bairro próximo da casa de Ana Eliza e, mediante grave ameaça exercida com o uso de arma de fogo, visando obter para si indevida vantagem econômica, no interior da agência do Banco Itaú, constrangeu a vítima, a sacar de sua conta corrente e repassar-lhe a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Circulou com o veículo e a vítima por cerca de uma hora, parou o automóvel próximo a um posto de gasolina e libertou Ana Eliza. Dos fatos, João restou denunciado pelos crimes de roubo e extorsão. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre crimes contra o patrimônio, responda às questões formuladas.
1. Qual a correta tipificação da conduta de João? Responda, de forma objetiva e fundamentada
2. Suponha que João apresente, sucessivamente, as seguintes teses defensivas, a saber: (i) a absolvição do crime de roubo reconhecendo-se um único crime nas condutas praticadas pelo réu, em razão do instituto da progressão criminosa; (ii) o afastamento da circunstância relativa ao emprego de arma de fogo, uma vez que nenhum armamento foi apreendido com o réu. Responda, de forma objetiva e fundamentada se os argumentos defensivos devem prosperar.
Sugestão de gabarito
A questão apresenta uma situação hipotética de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo e restrição de liberdade da vítima em concurso material de crimes com o delito de extorsão qualificado pela restrição de liberdade da vítima (artigo 157, § 2º, inciso V e §2º- A, inciso I, c.c artigo 158, § 3º, n.f do artigo 69, todos do Código Penal).
Com relação aos argumentos defensivos, nenhum é procedente pelos seguintes motivos:
(I) prevalece o entendimento acerca da caracterização do concurso de crimes entre os delitos de roubo e extorsão, no caso qualificada pela restrição de liberdade da vítima, quando praticadas no mesmo contexto fático. Neste sentido, vide notícia do STF, de 24 de abril de 2018, na qual - por maioria dos votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que roubo seguido de extorsão mediante restrição de liberdade são crimes autônomos, disponível em:http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=376376. Ainda, precedentes do STJ (AgRg no AREsp 745957/ES, Quinta Turma. Rel. Ministro Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015, DJe 10/12/2015;)
(II) com relação à majoração pelo emprego de arma de fogo, prevalece o entendimento no sentido da prescindibilidade (dispensabilidade) da apreensão e perícia da arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena prevista no art. 157, do CP, quando evidenciado o seu emprego por outros meios de prova. Neste sentido HC 211787/SP, HC 325107/SP e HC 199776/MS (STJ). Ainda, o entendimento atual do STF é no sentido de ?serem desnecessárias, para fins de aplicação da causa de aumento de pena prevista, a apreensão da arma e sua respectiva perícia, desde que seu emprego e potencial lesivo sejam provados por outros meios (MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 5.ed. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método, 2017, p.712)
O artigo 157 do Código Penal sofreu alterações em sua redação: foi revogado o inciso I de seu  § 2º, incluído o  § 2º-A e modificada a redação do §3º. Vamos analisar as mudanças por partes:
Roubo
Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Perceba que houve um deslocamento da causa de aumento de pena, antes prevista no inciso I do §2º para o inciso I do recém-incluído §2º-A. A expressão arma foi substituída por arma de fogo.
Em termos práticos, a mudança também significa o aumento de pena quando a violência ou ameaça é exercida com o emprego de arma de fogo passa a ser de dois terços. A pena também aumenta em dois terços caso haja destruição ou rompimento de obstáculo com o uso de explosivos ou artefatos análogos. Em termos práticos, a mudança também significa o aumento de pena quando a violência ou ameaça é exercida com o emprego de arma de fogo passa a ser de dois terços. A pena também aumenta em dois terços caso haja destruição ou rompimento de obstáculo com o uso de explosivos ou artefatos análogos. Perceba que houve a inclusão de um inciso no § 2º, o VI, que, semelhantemente ao §7º do artigo 155, também especificou a conduta de subtrair substâncias que possam resultar na fabricação de um explosivo. Note que novamente o recente fenômeno do uso de explosivos em roubos de estabelecimentos financeiros passa a ser tratado com mais gravidade pelo legislador. O §3º do artigo 157 teve sua redação alterada, passando a contar com dois incisos, que estabelecem a pena para os resultados da violência empregada;
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação ao delito de furto, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. É crime de extorsão mediante sequestro a conduta denominada de “sequestro-relâmpago” (ocorre quando os agentes abordam a vítima, restringem sua liberdade e com ela se deslocam e a caixas eletrônicos, com intuito de fazer saques em dinheiro).
II. Agente que comete crime de roubo contra seu tio, não idoso e com o qual coabita, só pode ser denunciado pelo delito de roubo se houver representação do seu tio para a propositura da ação penal.
III. O denominado sequestro relâmpago se configura como uma qualificadora do delito deextorsão e, segundo entendimento jurisprudencial dominante, não é considerado delito hediondo ainda que seja qualificado pelo resultado morte
IV. Agente que aponta um revólver para a cabeça da vítima, fazendo com que esta lhe entregue sua carteira com dinheiro, comete crime de extorsão, visto ter sido o comportamento da vítima útil a subtração. Por outro lado, caso o agente aponte um revólver para a cabeça da vítima e a obrigue a sacar dinheiro de um caixa eletrônico, o crime será de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo.
V. O crime de extorsão difere-se do crime de extorsão mediante sequestro, pois este último é uma forma qualificada de extorsão, sendo que todas as suas formas são consideradas como crimes hediondos, diferentemente do crime de extorsão, onde apenas o resultado morte é que gerará a tipificação de crime hediondo.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas III e V.
DIREITO PENAL III – SEMANA 8
CASO CONCRETO: Mariana teve seu número de whatsapp clonado por Aguinaldo. O agente, se fazendo passar por Mariana, enviou diversas mensagens aos seus contatos pedindo dinheiro emprestado. Cabe salientar que ela somente descobriu que seu número fora clonado quando seus conhecidos passaram a lhe enviar mensagens, solicitando o número da conta bancária para depósito, uma vez que o aplicativo continuou funcionando normalmente em seu celular sem alerta/sinalização de qualquer fraude. Sendo certo que Aguinaldo não logrou êxito na obtenção de qualquer vantagem econômica, tipifique sua conduta com base nos estudos realizados sobre os crimes contra o patrimônio e liberdade individual. Responda de forma objetiva e fundamentada.
Sugestão de gabarito
A questão apresenta uma situação hipotética sobre a identificação do delito de invasão de dispositivo informático, previsto no art.154-A, do Código Penal e a controvérsia acerca da ocorrência de concurso de crimes ou conflito aparente com os crimes contra o patrimônio, neste caso, o estelionato.
Cabe salientar que o delito previsto no art.154-A, do Código Penal se caracteriza como crime formal, logo se consuma no momento em que há a invasão ao dispositivo informático ou a instalação de vulnerabilidade, independentemente da produção de qualquer resultado lesivo.
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra o patrimônio, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. No estelionato, a torpeza bilateral não afasta a tipicidade do crime, já que o ordenamento brasileiro não aceita a compensação de delitos.
II. Suponha que um agente subtraia R$1.000,00 de seu pai, não idoso, mediante o emprego de grave ameaça com um facão de cozinha. Neste caso, somente poderá ser oferecida a denúncia se houver a representação do pai.
III. No furto mediante fraude o agente usa de um meio fraudulento para reduzir a vigilância da vítima sobre o bem e facilitar a subtração, enquanto no estelionato o agente usa de um meio fraudulento para enganar a vítima e fazer com que a mesma entregue seu patrimônio. No primeiro caso a redução da vigilância sobre o bem visa à sua subtração, enquanto no estelionato não há redução de vigilância sobre o bem, mas o vício/erro sobre a conduta do sujeito passivo, que entrega o bem voluntariamente ao agente.
IV. Cláudio locou de Paulo uma residência mobiliada. No fim do contrato, devidamente notificado, Cláudio deixou o imóvel levando consigo os móveis que o guarneciam. Nesta situação hipotética é correto afirmar que Cláudio praticou o delito de furto qualificado pelo abuso de confiança.
V. O agente que, simulando ser manobrista de estacionamento, recebe o veículo do cliente para estacioná-lo e, ao invés disso, vende o carro para terceira pessoa, comete o delito de estelionato.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas I, III e V.
DIREITO PENAL III – SEMANA 9
CASO CONCRETO: No período compreendido entre os dias 10 e 24 de janeiro de 2017, por três vezes, em horários diversos, Marcus constrangeu, mediante grave ameaça, Adelaide, de 14 anos de idade na época do fato, a ter conjunção carnal. Nas três ocasiões, Marcus, na condição de tio da vítima, aproveitando-se do fato de a vítima encontrar-se sozinha em casa na parte da manhã, dirigia-se até a sua residência e a constrangia a manter com ele conjunção carnal, sob ameaça de morte se caso contasse o fato para alguém. No mesmo período, Marcus constrangeu, mediante grave ameaça, Adma, de 16 anos de idade na época do fato e irmã de Adelaide a permitir que com ela se pratique ato libidinoso. Na ocasião, Marcus, também valendo-se da condição de tio da vítima, dirigiu-se até o quarto onde ela dormia e passou a mão sobre seu corpo, além de beijos e introdução dos dedos na sua vagina, ameaçando-a de que se contasse o fato para alguém algum mal aconteceria com a sua mãe e sua irmã. Carla, mãe das jovens e irmã de Marcus, desconfiou que havia algo errado com as filhas e conseguiu que elas contassem todo o ocorrido. Tão logo soube dos fatos, Carla foi à delegacia de polícia. Dos fatos, Marcus restou denunciado por crimes contra a dignidade sexual. Ante a situação hipotética apresentada, responda às questões formuladas:
a) Qual a correta tipificação das condutas de Marcus? Responda de forma objetiva e fundamentada.
b) Qual a espécie de concurso de crimes aplicável ao caso concreto? Responda de forma objetiva e fundamentada.
c) Caso Carla, após ter conhecimento dos fatos, se omitisse a fim de proteger seu irmão poderia à sua conduta ser imputada responsabilidade penal?
d) Incidem sobre as condutas os institutos repressores da lei de crimes hediondos?
Sugestão de gabarito
a) A questão apresenta uma situação hipotética na qual o agente, valendo-se da condição de tio praticou estupros qualificados pela idade das vítimas (art.213, §1º, CP) de modo a adequar-se às condutas às modalidades de continuidade delitiva específica prevista no art. 71, parágrafo único, CP. Ainda, aplica-se à conduta a causa de aumento prevista no art. 226, inc. II, haja vista ser o tio das vítimas. Por fim, aplica-se o disposto no art.1º, inciso V, da lei n. 8.072/90.
b) Caberá identificar a ocorrência do crime continuado específico, previsto no art. 71, parágrafo único, CP (três vezes contra a vítima da primeira imputação e uma vez contra a vítima da terceira imputação).
c) Neste caso, caberá identificar a omissão imprópria prevista no art.13 §2º, a, do Código Penal (AGENTE GARANTIDOR)
d) Muitas são as consequências da caracterização do delito como hediondo, como por exemplo, o prazo para a progressão de regimes.
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra a dignidade sexual, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. Em regra, os crimes contra a liberdade sexual são julgados mediante ação penal pública condicionada à representação da vítima.
II. o estupro coletivo, causa de aumento de pena, é aplicável nos casos em que o estupro for praticado por, no mínimo, 3 agentes.
III. o delito de importunação sexual apresenta-se como figura típica subsidiária e se configura como infração penal de menor potencial ofensivo.
IV. O delito de assédio sexual se caracteriza como delito formal, logo se consuma no momento em que é realizado o constrangimento à vítima, independentemente da obtenção da vantagem ou favorecimento sexual.
V. Pode-se caracterizar o crime de estupro mesmo que o sujeito ativo não exerça o toque físico no corpo da vítima para a consumação do ato.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IV.
e) Somente as assertivas IV e V.
PENAL III – AULA 10
Considerando a introdução acima, analise o seguinte caso concreto: 
ANA BELLA, 32 anos, mãe de MARVILLE, 11 anos, NAÍRA, 15 anos e ABRILINDA, 16 anos, tomou conhecimento de que APOLINÁRIO, 48 anos, pipoqueiro que trabalhava à porta do colégio onde as três irmãsestudam, estava assediando as meninas. As investidas de APOLINÁRIO se deram das seguintes maneiras: 1) Quanto a MARVILLE, APOLINÁRIO a assediava ofertando gratuitamente pipocas solicitando à menor que, ao final das aulas o acompanhasse até a garagem em que ele guardava seu carrinho de pipocas com o intuito de que a criança ficasse de “calcinha” para CLAUDIOBERTO, pessoa que havia pedido ao referido pipoqueiro o respectivo serviço 2) Quanto a NAÍRA, APOLINÁRIO a induzia para que esta pudesse fazer um show de Striptease também para CLAUDIOBERTO, cujo pedido foi para este respectivo serviço na casa deste. 3) Quanto a ABRILINDA, APOLINÁRIO a fez uma proposta para que ela pudesse “ganhar uns trocados”, consistente em fazer com que ela ficasse, após as aulas, duas vezes por semana, em um determinado apartamento do centro da cidade, atendendo sexualmente clientes que lá visitavam, em troca a jovem receberia R$ 100,00 por cada programa. Considerando que MARVILLE não aceitou o convite de APOLINÁRIO; considerando que NAÍRA não era mais virgem, aceitando o convite e, depois de ficar embriagada por excesso de vodka, CLAUDIOBERTO, aproveita a oportunidade e manteve relações sexuais com ela; considerando que ABRILINDA também não aceitou o convite de APOLINÁRIO e, finalmente, considerando que ANA BELLA, desde o início, já sabia das intenções de APOLINÁRIO, no entanto, por ser apaixonada por ele, nada fez, capitule a conduta de todos os envolvidos. 
SUGESTÃO DE GABARITO DO CASO CONCRETO: No que se refere a MARVILLE, APOLINÁRIO responde por mediação de menor vulnerável para satisfazer a lascívia de outrem, nos termos do CP, art. 218. No que se refere a NAÍRA, APOLINÁRIO responde também por mediação de menor vulnerável para satisfazer a lascívia de outrem nos termos do CP, art. 218 e CLAUDIOBERTO responde por estupro de vulnerável (CP, art. 217-A). Quanto à comunicabilidade deste último delito a APOLINÁRIO a doutrina diverge: majoritariamente se entende que se os atos praticados forem considerados como práticas sexuais contemplativas, exibicionistas ou expositivas, o mediador responde apenas pelo artigo 218. No entanto, caso haja conjunção carnal ou ato libidinoso diverso da cópula normal, realizado pelo destinatário da atividade criminosa do mediador, (o que consistiu na hipótese do caso concreto), este (APOLINÁRIO) também responde por esse resultado (estupro de vulnerável). No que se refere a ABRILINDA, APOLINÁRIO responde por favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável, nos termos do CP, art. 218-B Quanto a ANA BELLA, por se tratar de agente garantidora e de sua respectiva omissão, responderá pelos resultados em concurso com APOLINÁRIO. 
QUESTÕES OBJETIVAS 1) Aquele que, durante o carnaval, em pleno bloco de rua, livre e consciente, embora agindo com jocandi animus, no alto do trio elétrico, arria sua sunga, expondo ao público suas partes íntimas: 
a) não comete crime por ausência de dolo. 
b) não comete crime por estado de necessidade. 
c) responde por ato obsceno (CP, art. 233). 
d) responde por atentado violento ao pudor. 
COMENTAR: A revogação das figuras típicas de tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual com o advento da Lei n.13344/2016 - A adequação social de determinadas condutas que se encaixam na tipicidade dos artigos 233 e 234, do Código Penal, bem como o confronto das figuras equiparadas do art. 234, do Código Penal a alguns delitos previstos na Lei 8.069/90. 
Lenocínio, em sentido lato, é o fato de prestar assistência à libidinagem de outrem ou dela tirar proveito. A nota diferencial, característica do lenocínio (em cotejo com os demais crimes sexuais) está em que opera em torno da lascívia alheia. Lenões são aqueles que exercem o lenocínio. São as seguintes espécies: a) mediação para servir à lascívia de outrem (proxenetismo); b) favorecimento à prostituição (proxenetismo); c) manutenção de casa de prostituição (proxenetismo) e d) aproveitamento parasitário do ganho de prostitutas (rufianismo). 
Número de Semana de Aula 10 Tema DO LENOCÍNIO . DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR (227 a 230,225 e 226, 231 e 231-A, 233 e 234, do Código Penal.) Objetivos O aluno deverá ser capaz de: Reconhecer a subsunção das normas infraconstitucionais à força normativa da Constituição e seus princípios norteadores. Identificar os reflexos advindos da reforma penal de 2009 (Lei 12.015, que alterou o Título VI, do Código Penal) sobre a tipificação dos delitos contra a dignidade sexual e consequentes conflitos de Direito Intertemporal. Analisar criticamente a necessidade de tipificação das condutas de ultraje público ao pudor e a incidência do princípio da adequação social. Estrutura do Conteúdo Antes da aula, não esqueça de ler : Os artigos 227 a 230, 233 e 234, do Código Penal. A lei n.13344/2016, que dispõe sobre o tráfico interno e internacional de pessoas. 
ESTRUTURA DE CONTEÚDO DESTA AULA: 
I. DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL. 1. Mediação para servir à lascívia de outrem - art. 227, do Código Penal. a. Análise da figura típica: Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Classificação doutrinária. Consumação e tentativa. Figuras típicas. b. Questões relevantes: ofensa ao princípio da lesividade quando o induzimento tem por objeto pessoa maior de 18 anos e não ocorre violência ou grave ameaça. 2. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual - art. 228, do Código Penal. a. Análise da figura típica: Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Classificação doutrinária. Consumação e tentativa. b. Conceito de prostituição e a ilicitude da prática da sua exploração. 3. Casa de prostituição - art. 229, do Código Penal. a. Análise da figura típica: Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Classificação doutrinária. Consumação e tentativa. b. Questões relevantes: 4. A habitualidade do delito. 5. A prostituição na própria residência e a não ocorrência de crime. 6. O concurso de pessoas entre o proprietário e a pessoa que usa o imóvel como casa de prostituição - locador e locatário. 7. Desnecessidade de finalidade lucrativa. 4. Rufianismo - art. 230, do Código Penal. 4.1. Análise da figura típica: Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Classificação doutrinária. Consumação e tentativa. 4.2. A habitualidade do delito. 
II. DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR. 1. Ato obsceno - art. 233, do Código Penal. 1.1 Análise da figura típica: Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Classificação doutrinária. Consumação e tentativa. 1.2 Questões relevantes. a) A razoabilidade na aplicação do dispositivo legal. b) A adequação social de determinadas condutas que anteriormente poderiam ser classificadas como obscenas - Topless; Beijo lascivo; micção em público e outros exemplos. 2. Escrito ou objeto obsceno - art. 234, do Código Penal. 2.1. Análise da figura típica: Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Classificação doutrinária. Consumação e tentativa. 2.2. Questões relevantes: a) Princípio da adequação social; b) Conflito aparente com os delitos da Lei 8.069/90 (E.C.A.). c) A inconstitucionalidade do art.234, CP. 
UM ESBOÇO CONCEITUAL DOS TÓPICOS RELACIONADOS: I. DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL. 1. Mediação para servir à lascívia de outrem. Nesta infração penal tutela-se a integridade e autonomia sexual, não sendo exigida a habitualidade da conduta. Discute-se se o referido tipo penal afronta o princípio da lesividade quando o induzimento tem por objeto pessoa maior de 18 anos e não ocorre violência ou grave ameaça. Configura-se como delito comum, material, subjetivamente complexo, instantâneo unissubjetivo, plurissubsitente. 2. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual. O sistema penal vigente visa proteger a moralidade sexual pública (NUCCI, Guilhermede Souza. Manual de Direito Penal, 10 ed., pp 856), razão pela qual a conduta de prostituição é atípica e considera-se típica a conduta de quem (terceiro) a explora. Configura-se como delito comum, formal, subjetivamente complexo, habitual, unissubjetivo e plurissubsitente. Por ser um delito habitual não admite a modalidade tentada. 3. Casa de Prostituição. Nesta figura típica o bem jurídico extrapola a liberdade/autonomia sexual e passa-se a tutelar o interesse da coletividade de modo a evitar a proliferação de todas as formas de lenocínio (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal.8.ed.v.2, pp 652). Configura-se como delito comum, habitual, subjetivamente complexo, unissubjetivo e plurissubsitente. Da mesma forma que o delito de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual não admite a modalidade tentada. 4. Rufianismo Configura-se como delito permanente e habitual e a ação nuclear contempla a exploração econômica, direta ou indireta, da prostituição alheia. É plenamente possível a incidência de concurso de crimes com a figura prevista no artigo 229, do Código Penal. II. DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR. As figuras típicas deste capítulo tem por objeto jurídico o pudor público, ou seja, a compreensão da sociedade sobre a moralidade sob o aspecto sexual. Questiona-se a incidência dos princípios da intervenção mínima, fragmentariedade e adequação social para fins de exclusão do delito de ato obsceno. Já em relação ao delito de escrito ou objeto obsceno objeto de discussão versa sobre seu confronto com o disposto no art.5º, IV, da CRFB/1988. 
DIREITO PENAL 4 SEMANA 1
No dia 15 de março de 2017, por volta das 23h30min, em um hospital integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade de Eugenópolis, PAULO ALBERTO, médico do referido hospital, solicitou, para si, diretamente, o valor de R$3.000,00 (três mil reais) referente ao pagamento de uma cirurgia de urgência, à paciente ELEONORA, que se encontrava internada no hospital sob seus cuidados com hemorragia interna. A vítima alegou não ter condições de pagar o procedimento. Diante da negativa do médico na realização da cirurgia sem o pagamento solicitado, este solicitou a transferência de ELEONORA para o hospital integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) de Itamuri, aonde o procedimento cirúrgico foi realizado por outro médico, sem qualquer ônus a ELEONORA. Dos fatos, PAULO ALBERTO restou denunciado pela prática de crime contra a Administração Pública. Em defesa afirmou não ter solicitado valores para realização cirurgia, mas que apenas referiu que se fosse fazer a cirurgia seria de forma particular e custaria R$3.000,00 (três mil reais). Disse, ainda, que era médico contratado pelo hospital e, portanto, não poderia ser considerado funcionário público, conforme relatado na denúncia. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o tema, responda de forma objetiva e fundamentada:
Sugestão de gabarito do caso concreto:
a) A alegação de PAULO ALBERTO de que não pode ser caracterizado funcionário público deve prosperar?
RESPOSTA) Conforme preceitua o art.327, CP, PAULO ALBERTO é caracterizado como funcionário público por equiparação para fins penais. Desta forma, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que também se equipara a funcionário público o médico que trabalha num hospital prestador de serviços ao SUS, ainda que seu contrato de trabalho seja celetista. Neste sentido, HC 97710 ED / SC, Relator Ministro ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 01/10/2013.
b) Qual a correta tipificação da conduta de PAULO ALBERTO? Ainda, o fato de ELEONORA não ter feito o pagamento solicitado possui alguma relevância?
RESPOSTA) A conduta de PAULO ALBERTO está incursa na figura típica de corrupção passiva, prevista no art.317, do Código Penal, crime formal, de modo que a sua consumação ocorreu no momento em houve a solicitação do referido pagamento.
Questão objetiva.
Em relação aos crimes contra a Administração Pública, é correto afirmar que: (CONCURSOS MODIFICADA)
a) não se equipara a funcionário público, para os efeitos penais, quem exerce emprego em entidade paraestatal.
b) servidor público estadual que se apropria de um notebook do qual tinha a posse em razão de seu cargo, a fim de entregá-lo como presente para sua filha pratica o delito de apropriação indébita.
c) pratica o delito de prevaricação o funcionário público que deixar, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
d) aquele que solicita vantagem, para si ou para outrem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função, pratica crime de corrupção passiva.
e) Médico de hospital credenciado pelo SUS que presta atendimento a segurado, por ser considerado funcionário público para efeitos penais, pode ser sujeito ativo do delito de concussão.
DIREITO PENAL 4 SEMANA 2
LAURA, Delegada de Polícia, negou-se a registrar ocorrência de estupro de vulnerável contra o filho de sua empregada doméstica, CARLA, sob o argumento de que conhecia o jovem e que a suposta vítima, de 13 anos, à época dos fatos, era, como afirmado pela mãe do suposto autor dos fatos, namorada deste. Independentemente da discussão acerca da configuração do delito de estupro de vulnerável, quando a menor já possui experiência sexual e consente com a relação sexual, analise sob o aspecto jurídico penal a conduta de LAURA. Responda, de forma objetiva e fundamentada, consoante os estudos realizados sobre os Crimes contra a Administração Pública.
Ainda, caso a Delegada de Polícia deixasse de registrar ocorrência de estupro de vulnerável a pedido de CARLA, a resposta permaneceria a mesma? Responda de forma objetiva e fundamentada.
Sugestão de gabarito.
A questão versa sobre a distinção entre os delitos de prevaricação e corrupção passiva privilegiada – art.317§2º, CP.
Na prevaricação o agente pratica a conduta comissiva ou omissiva visando à satisfação de interesse próprio, sem que haja qualquer pedido por parte de terceiro; no delito de corrupção passiva privilegiada, o agente público atende ao pedido ou influência de outro.
Questão objetiva.
Mário foi denunciado pela prática de crime contra a Administração Pública, sendo imputada a ele a responsabilidade pelo desvio de R$ 500.000,00 dos cofres públicos. Após a instrução e confirmação dos fatos, foi proferida sentença condenatória aplicando a pena privativa de liberdade de 3 anos de reclusão, que transitou em julgado. Na decisão, nada consta sobre a perda do cargo público por Mário. Diante disso, ele procura um advogado para esclarecimento sem relação aos efeitos de sua condenação. Considerando as informações narradas, o advogado de Mário deverá esclarecer que: (XXVI Exame Unificado OAB):
a) a perda do cargo, nos crimes praticados por funcionário público contra a Administração, é efeito automático da condenação, sendo irrelevante sua não previsão em sentença, desde que a pena aplicada seja superior a 04 anos.
b) a perda do cargo, nos crimes praticados por funcionário público contra a Administração, é efeito automático da condenação, desde que a pena aplicada seja superior a 01 ano.
c) a perda do cargo não é efeito automático da condenação, devendo ser declarada em sentença, mas não poderia ser aplicada a Mário diante da pena aplicada ser inferior a 04 anos.
d) a perda do cargo não é efeito automático da condenação, devendo ser declarada em sentença, mas poderia ter sido aplicada, no caso de Mário, mesmo sendo a pena inferior a 04 anos.
QUESTÃO OBJETIVA. LETRA D
DIREITO PENAL 4 SEMANA 3
No dia 10 de fevereiro de 2017, por volta das 02h45min, ALEX SANDRO foi abordado por Policiais Militares em local conhecido como ponto de venda de drogas, tendo localizado em revista pessoal, na cueca do acusado 15 pedras de crack, droga que o ALEX SANDRO trazia consigo, para fins de distribuição e comércio, com peso aproximado de 2,56 gramas (auto de apreensão da fl.W/IP). Além da droga, apreendeu-se em poder de ALEX SANDRO um aparelho celular, marca LG, dual sim, sem cartão e sem chip, bem como R$ 325,00 (trezentos e vinte e cinco reais), divididos em cédulas de diversos valores (uma de R$ 50,00; duas de R$ 20,00; 18 de R$ 10,00 e 11 de R$ 5,00). Submetida a exame, constatou-se a natureza entorpecente da substância apreendida (laudo preliminar de constatação das fls. X-Y/IP). Na ocasião, durante a abordagem acima referida, ALEX SANDRO tentou resistir à revista, inclusive ameaçando o Policial Militar ANTÔNIO, dizendo-lhe que com uma ligação para o “Nando do Posto de Gasolina” o policial tomaria um “tiro na cara”. Dos fatos, ALEX SANDRO restou denunciado como incurso nas sanções do artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/2006, combinado com o artigo 2° da Lei n 8.072/90. Ante o exposto, responda, de forma objetiva e fundamentação às questões abaixo:
a) A conduta de ALEX SANDRO ao ameaçar os policiais durante a revista, configura figura típica?
b) Diferencie as condutas de resistência e desobediência.
Sugestão de gabarito.
A conduta de ALEX SANDRO se encontra incursa na figura típica prevista no art.329, do Código Penal (resistência), também denominada resistência ativa pelo fato de o agente opor-se ao cumprimento de ato legal mediante o emprego de violência ou ameaça. Por se configurar como delito formal, se consuma no momento em que é empregada a violência ou grave ameaça, independentemente do impedimento da prática do ato funcional. Ainda, com relação à distinção entre os delitos de desobediência e resistência, caso o agente pratique a denominada resistência passiva, sem o emprego de violência ou ameaça, restará caracterizado o delito de desobediência, previsto no art.330, do Código Penal. Por outro lado, no caso da prática de resistência ativa, a conduta será tipificada como incursa na figura da resistência sendo, desta forma, o delito de desobediência absorvido.
Questão objetiva.
Relativamente aos crimes praticados por particular contra a administração pública, assinale a alternativa correta: (Concursos Públicos – Modificadas)
a) A configuração do crime de corrupção ativa pressupõe, necessariamente, a coexistência do delito de corrupção passiva.
b) O crime de usurpação de função pública somente se caracteriza se o agente usurpador obtém vantagem enquanto na função.
c) O crime de resistência caracteriza-se pela oposição à execução de ato, ainda que ilegal, mediante violência ou grave ameaça, a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio.
d) As ofensas proferidas, ou a negativa em acompanhar o policial, ou em abrir a porta, não são suficientes para a tipificação do delito de resistência.
e) O delito de desacato (art. 331, CP), dado o objeto material (o funcionário público e sua honra), tem como sujeito passivo apenas o funcionário público humilhado.
Resistência - A conduta se consubstancia em se opor, POSITIVAMENTE, à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça contra a pessoa do funcionário executor ou terceiro que o auxilia, representantes da força pública. Exemplo - resistir a mandado de prisão decorrente de sentença condenatória, mesmo que supostamente contrária aos autos.
Desobediência - quando o agente descumpre, não atende a ordem legal de funcionário público COMPETENTE. É a RESISTÊNCIA PACÍFICA. Exemplo - gerente de banco descumpre determinação judicial de exibição de documentos.
Desacato - quando o funcionário público é OFENDIDO no exercício da função ou em razão dela. Exemplo - xingar o funcionário público.
DIREITO PENAL 4 SEMANA 4
No dia 20 de dezembro de 2010, por volta das 21h05min, no cruzamento entre as Ruas Whashington Luís e General Portinho, em Porto Alegre, Adalto, atuando de forma negligente na direção de veículo automotor, praticou lesões corporais culposas na vítima Roger. Na ocasião, Adalto, no supracitado cruzamento, sem acautelar-se em relação ao trânsito existente no local, colheu a motocicleta conduzida por Roger, que trafegava pela Rua General Portinho. Segundo o apurado, o carro de Adalto passou por cima da motocicleta da vítima, arrastando-a por considerável distância, produzindo na vítima lesões nos braços, punhos, mãos e quadril esquerdo. A vítima gritou por socorro, ocasião em que foi socorrida por populares e policiais militares, uma vez que Adalto afastou-se do local, deixando de prestar socorro à vítima, embora lhe fosse possível fazê-lo. Na ocasião, policiais militares foram informados pela vítima e por populares que o motorista causador do acidente estava dirigindo o veículo Fiat/Uno, placa XXX000, bem como havia empreendido fuga do local. Com as informações do veículo, os policiais empreenderam diligências na direção apontada pelos populares e pela vítima, ocasião em que avistaram Adalto, em seu veículo, na praça supracitada, razão pela qual foi procedida abordagem. Quando da abordagem, Adalto ofereceu vantagem indevida a funcionários públicos para que omitissem ato de ofício. Após ser identificado, Adalto foi preso e colocado dentro da viatura policial, ocasião em que se dirigiu aos policiais dizendo que, para acabar com tudo aquilo (retirar as algemas e deixar que fosse embora), daria aos policiais a quantia que quisessem em dinheiro. Dos fatos narrados, indaga-se: com relação à conduta de Adalto oferecer vantagem indevida a funcionários públicos para que omitissem ato de ofício, qual a correta tipificação de sua conduta? Ainda, caso os policiais tivessem aceito e recebido a referida vantagem e ainda assim o prendessem, a resposta se alteraria? Responda de forma objetiva e fundamentada.
Sugestão de gabarito.
A questão versa sobre a caracterização do delito de corrupção ativa, prevista no art.333, do Código Penal, classificado como delito formal, na medida em que se consuma no momento em que o agente (Adalto) oferece ou promete a vantagem indevida ao funcionário público, independentemente do aceite por parte deste. Ainda, caso os policiais tivessem aceito e recebido a referida vantagem, a conduta de corrupção passiva, prevista no art.317, CP restaria consumada, ainda que eles praticassem o ato de ofício inerente às suas funções. Importante destacar que, caso os policiais deixassem de praticar o ato de ofício, incidiria sobre suas condutas a majorante prevista no § 1º do art. 317 do C.Penal.
Questão objetiva.
Sobre os crimes de contrabando e descaminho, assinale a alternativa correta: (Concursos Públicos. Modificadas)
a) Contrabando e descaminho se referem a um mesmo delito, sendo tratados como sinônimos pela legislação
b) Comete o crime de contrabando quem, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial realizada em residência, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no Brasil.
c) É inadmissível a aplicação do princípio da insignificância para o crime de contrabando, uma vez que o bem jurídico tutelado não possui caráter exclusivamente patrimonial, mas envolve a vontade estatal de controlar a entrada de determinado produto em prol da segurança e da saúde públicas.
d) O comércio irregular exercido em residências não pode ser considerado contrabando ou descaminho, porque está ausente a atividade de exportação ou importação.
e) Segundo o entendimento doutrinário majoritário, num enfoque moderno, o crime de descaminho consiste na importação ou exportação de mercadoria proibida. Enquanto o crime de contrabando significa fraude no pagamento de tributos.
QUESTÃO OBJETIVA: LETRA C
DIREITO PENAL 4 SEMANA 5
Leia o caso concreto apresentado e responda às questões formuladas.
No dia 10 de abril de 2017, por volta das 9h40min, no interior da residência situada na QNO WW, conjunto X, casa Y, Ceilândia/DF, Bruno agindo de forma livre e consciente e com ânimo de assenhoramento, mediante grave ameaça exercida com o emprego de uma arma de fogo e violência física, subtraiu, em proveito próprio, um veículo Ford/KA, placa XXX000/DF, um notebook, marca SAMSUNG e R$ 500,00 (quinhentos reais) em espécie,todos pertencentes às vítimas Amanda e Carlos Gustavo. Da residência de Amanda e Carlos Gustavo, Bruno se dirigiu à casa de Paulo Victor, seu irmão e que, até o momento, nada sabia sobre a empreitada criminosa. Lá chegando muito nervoso, Bruno pediu auxílio ao irmão e pediu que ele escondesse o notebook, pois estava com medo de o encontrarem na posse do computador, todavia, meia hora após ter saído da casa de seu irmão, Bruno teve o carro identificado pela polícia e foi preso. Ante o exposto, com base nos estudos sobre crimes contra a Administração Pública, responda de forma objetiva e fundamentada: qual a correta tipificação da conduta de Paulo Victor? Ainda, o fato de ser irmão de Bruno pode ser utilizada como tese defensiva para fins de isenção de pena?
Caso concreto. Sugestão de gabarito.
A questão versa sobre a tipificação da conduta de Paulo Victor como incursa no delito de favorecimento real, previsto no art.349, do Código Penal, uma vez que ele prestou auxílio ao irmão a tornar seguro o proveito do crime de roubo anteriormente praticado. Não há que se falar em participação no delito de roubo, pois ele somente teve conhecimento de sua prática após a consumação do delito. Ainda, o fato de ser irmão do autor do crime antecedente não pode ser utilizada como tese defensiva para fins de isenção de pena, pois a escusa absolutória, por expressa previsão legal, somente se aplica ao delito de favorecimento pessoal, conforme estabelece o §2º, do art.348, do Código Penal.
Questão objetiva.
A respeito dos crimes contra a Administração da Justiça, assinale a alternativa correta: (Concursos Públicos -Modificadas)
a) O crime de favorecimento pessoal (art. 348, do CP) não se caracteriza se o auxílio é prestado a autor de crime apenado com detenção.
b) No crime de denunciação caluniosa (art. 339, do CP), a conduta do agente que se utiliza de anonimato não possui relevância jurídica.
c) Policial Militar que forja situação de flagrância, a fim de increpar indivíduo que sabe inocente e, com isso, dá causa à instauração de inquérito policial, comete crime de comunicação falsa de crime.
d) No delito de favorecimento pessoal o auxílio é prestado a agente que se encontre solto; já no delito de facilitação de fuga de pessoa presa., a conduta configura-se como auxílio prestado a alguém preso para que este logre êxito na fuga.
e) A condição negativa de punibilidade decorrente da aplicação da escusa absolutória se aplica aos crimes favorecimento pessoal e real
DIREITO PENAL 4 SEMANA 6
Leia a situação hipotética abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas:
No dia 05 de maio de 2017, por volta das 20h15min, uma viatura da Polícia Militar durante a patrulha notou que um veículo que vinha em sentido contrário invadiu a pista com o intuito de colidir. A viatura desviou do carro e percebeu que ele adentrou em um matagal próximo ao local. Ato contínuo foi ao encontro do carro e ao efetuar a abordagem, os policiais militares perceberam que se tratava de um roubo, visto que a vítima, que estava no banco do carona, gritava por socorro. No local, a vítima, baleada na coxa, teve uma parada cardíaca, sendo ali reanimada, e levada ao hospital mais próximo pelos policiais. O projétil foi retirado e confirmada a materialidade em relação à arma encontrada com GENÉSIO, autor dos fatos e que foi preso em flagrante delito. Dos fatos narrados, indaga-se:
a) Qual a correta tipificação da conduta de GENÉSIO?
RESPOSTA: Deverá o aluno analisar a aplicação das causas de aumento previstas nos parágrafos 2º, V, 2ª-A, I, bem como da qualificadora prevista no §3º, II, todos do art.157, do Código Penal. Após será analisada a possibilidade da caracterização da tentativa ao delito de latrocínio e sua caracterização como crime hediondo. Como não ocorreu o resultado morte, por se tratar de um delito complexo plurissubsistente, é plenamente possível a caracterização da tentativa de latrocínio, nos casos em que não houver a consumação do resultado morte, independentemente da consumação da subtração. Neste sentido, já se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
[...]embora haja discussão doutrinária e jurisprudencial acerca de qual delito é praticado quando o agente logra subtrair o bem da vítima, mas não consegue matá-la, prevalece o entendimento de que há tentativa de latrocínio quando há dolo de subtrair e dolo de matar, sendo que o resultado morte somente não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente (RHC 98017 / PI, disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/)
b) Qual a competência para processo e julgamento da infração penal?
RESPOSTA) Conforme se depreende do enunciado de súmula n.603, do Supremo Tribunal Federal e, a partir da interpretação sistemática do delito de latrocínio, a competência para processo e julgamento é do juiz singular.
c) Qual o prazo para fins de progressão de regimes?
RESPOSTA) Com relação ao prazo para a progressão de regimes, conforme dispõe o art.2º, §2º, da lei n.8072/1990, esta dar-se-á após o cumprimento de 3/5 (três quintos), de modo que a reincidência considerada para a progressão de regimes não necessita ser específica em crime hediondo ou equiparado. (Neste sentido, REsp n. 1491421, disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/).
Questão objetiva.
Em relação aos crimes hediondos e equiparados, é correto afirmar que: (Concursos Públicos – Modificadas)
a) Consoante a Lei n. 8.072/1990, os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de anistia, graça, indulto, fiança e liberdade provisória.
b) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, tentado ou consumado, também é considerado crime hediondo, contudo o de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, não.
c) É considerado crime hediondo o homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, exceto se cometido por um só agente.
d) No caso de condenação a crime hediondo ou equiparado, é obrigatória a fixação de regime inicial fechado para o cumprimento da pena.
e) Suponha que determinado agente, proprietário de uma casa de prostituição, induza e passe a explorar sexualmente duas garotas de quinze e dezesseis anos de idade. Nessa situação, o crime praticado pelo agente é hediondo e, portanto, insuscetível de fiança.
DIREITO PENAL 4 SEMANA 7
Leia a situação hipotética abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas:
A Polícia Civil de Castanhal/PA, diante de denúncias de maus tratos e agressões a idosos, enviou policiais civis ao local indicado onde encontraram um asilo clandestino. No local residiam três idosos e o casal de agentes flagrados. Os idosos eram submetidos a intenso sofrimento físico e mental como forma de castigo por não ficarem quietos. Uma das idosas, com 77 anos, estava com uma lesão na perna, infeccionada e com insetos no ferimento. Uma idosa de 82 anos foi encontrada deitada suja e com forte odor e o idoso de 79 anos, com a cabeça raspada, segundo ele pelo excesso de piolhos e com os braços cobertos de hematomas em decorrência das agressões sofridas. Constataram ainda, que além da sujeira, não havia alimentos suficientes para os idosos e a medicação ministrada estava vencida, bem como encontraram em posse dos agentes os cartões bancários dos três idosos. Ante o exposto, com base nos estudos sobre tortura, responda de forma objetiva e fundamentada às questões abaixo:
a) Qual a correta tipificação das condutas praticadas pelo casal?
b) O fato de as condutas serem praticadas contra idosos possui relevância jurídico-penal?
Caso concreto. Sugestão de gabarito.
A melhor identificação é a tipificação pelo delito de tortura, equiparado a crime hediondo e previsto no art. 1°, II, da Lei nº 9.455/1997 (3X), Esta figura contempla a conduta de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.Ainda, podemos suscitar as consequências do concurso de pessoas para fins de aplicação de pena, a incidência da agravante genérica prevista no art.61, II, h, do Código Penal, bem como a aplicabilidade do art.104 (3X), da lei n.10741/2003 (estatuto do idoso), todos na modalidade de concurso material de crimes (art.69, CP)
A distinção entre os delitos de tortura, equiparado a delito hediondo e o delito de maus tratos, previsto no art.136, do Código Penal. Desta forma, podendo-se observar a finalidade do réu em fazer a vítima experimentar sofrimento físico e emocional, o que se exige para a caracterização do delito de tortura previsto no art.1º, II, da lei n.9455/1997. Para Guilherme de Souza Nucci, o dolo específico do agente neste delito "é o de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”, acrescentando que "não se trata de submeter alguém a uma situação de mero maltrato, mas, sim, ir além disso, atingindo uma forma de ferir com prazer ou outro sentimento igualmente.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral. Parte Especial. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.) 
 É bem frequente que, no âmbito do direito penal, sejam vistos delitos aparentemente bem similares, onde aspectos por vezes sutis se encarregam de diferenciá-los. Pois bem, os crimes de maus-tratos e tortura-castigo podem ser confundidos com certa facilidade, fazendo-se necessária uma breve explanação acerca das principais características de cada um desses delitos. 
Inicialmente, veja-se o que diz o Código Penal sobre o crime de maus-tratos, litteris: 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos. 
§2º – Se resulta a morte: 
Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 
3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
Conforme Guilherme de Souza Nucci, “expor, neste contexto, significa colocar em risco, sujeitar alguém a uma situação que inspira cuidado, sob pena de sofrer um mal.” Impende mencionar que: 
“[…] é preciso destacar que tudo gira em torno da finalidade especial do agente, tratando do elemento subjetivo do tipo específico, de ter alguém sob sua autoridade, guarda ou vigilância, maltratando-a. Por isso, o tipo faz referência ao que pode ser usado para esses objetivos, mencionando a privação da alimentação ou dos cuidados indispensáveis e a sujeição a trabalho excessivo ou inadequado.” 
Destarte, vê-se que o dolo presente no tipo penal de maus tratos é de expor a perigo. Seria, por exemplo, um pai tentando “ensinar uma lição” ao seu filho deixando-o trancado no quarto por um dia apenas com pão e água. Além disso, no crimes de maus-tratos, qualquer resultado além da mera exposição a perigo é considerado culposo. Logo, caso os maus-tratos resultem em lesão corporal grave ou homicídio, haverá aumento de pena por este resultado preterdoloso. Ademais, no tocante aos sujeitos ativo e passivo, aquele precisa ser detentor de autoridade, guarda ou vigilância em relação a este. Não pode ocorrer este crime entre cônjuges, por exemplo. 
A seu turno, o delito de tortura-castigo apenas foi tipificado com o advento da Lei nº. 9.455/97, comumente denominada Lei da Tortura, a qual preconiza que: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena – reclusão, de dois a oito anos. 
Com efeito, o dolo presente na tortura é o de dano. A intenção não seria expor a perigo, mas sim causar o dano em si. O elemento subjetivo não é apenas maltratar, é causar dor ou sofrimento intenso com o objetivo de punir. 
Não obstante, há quem opte por diferenciar ambos os delitos pela intensidade da punição. Logo, em consonância com quem defende este entendimento, a tortura-castigo seria uma modalidade mais incisiva de maus-tratos. Há decisões neste sentido, colha-se: 
APELAÇÃO CRIMINAL. IMPUTAÇÃO DE TORTURA-CASTIGO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE MAUS TRATOS. DISTINÇÕES ENTRE MAUS TRATOS, TORTURA E LESÃO CORPORAL NO CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRELIMINARES REJEITADAS. (…). Diretrizes para juízo de adequação típica na constelação fática que envolve violência nas complexas relações socioafetivas entre pais/mães e filhos: (i) o crime de maus tratos, no abuso dos meios de correção (art. 136, § 3º, do CP), é de incidência excepcionalíssima e de aplicação subsidiária, para situações de meras vias de fato no âmbito doméstico ou lesões de baixo conteúdo de injusto, evidenciado e pertinente o fim educativo; (ii) o crime de tortura (art. 1º, II, e § 4º, II, Lei nº 9.455/97), tipifica-se nos casos em que o domínio parental, orientado para castigar ou prevenir condutas filiais e externalizado por meio de violência ou grave ameaça, substancia-se em resultado de intenso sofrimento físico ou mental; (iii) quando materializadas lesões corporais na atuação dos pais sobre os filhos, mas não na extensão e/ou intensidade exigíveis para o gravoso patamar da tortura, a desclassificação primária ocorre para lesão corporal no contexto de violência doméstica (art. 129, § 9º, CP). Diferenças, quanto ao art. 1º da Lei nº 9.455/97, entre as figuras do inciso I (tortura de finalidade-hedionda) e do inciso II (tortura-castigo/prevenção). A segunda abarca fins eventualmente pedagógicos, em situações socioafetivas sutis e complexas, a aumentar, na ponderação, as exigências típicas, para densificar maior conteúdo de injusto. Não é a finalidade educativa (elemento subjetivo) que diferencia a tortura-castigo dos maus tratos, e sim a gravidade objetiva da conduta, a par do elemento normativo intenso sofrimento, que vai discernir se o mesmo fenômeno (determinada lesão, v.g.) vai plantar raízes numa ponta ou noutra do espectro tipológico, ou permanecer a meio termo, na órbita das lesões-violência doméstica. E a finalidade transcendente (para castigar/educar) não é incompatível com motivação banal ou desproporcional e tampouco anula o dolo de lesão. (…). (Apelação Crime Nº 70058020322, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 29/05/2014) (TJ-RS – ACR: 70058020322 RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Data de Julgamento: 29/05/2014, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/07/2014) 
Em suma, vê-se que a diferença entre os tipos penais jaz no dolo de cada delito: no crime de maus-tratos, é de expor ao perigo, na tortura-castigo, é de dano. Além disso, há quem aponte que a tortura-castigo seria uma forma mais incisiva e intensa de maus-tratos. 
TIPOS DE TORTURA – 1º GRUPO: 
I. Tortura confissão ou tortura prova – a finalidade específica do agente é obter confissão, informação ou declaração. 
II. Tortura ao crime – a finalidade específica do agente consiste em provocar ação ou omissão criminosa, por exemplo, torturar alguém obrigando que esta pessoa roube um banco. 
III. Tortura discriminatória – a motivação do agente consiste em preconceito de raça ou religião, por exemplo, torturar judeus por sua preferência religiosa. 
2º Grupo – As duas últimas espécies de tortura se encontram sob o verbo submeter (subjugar, sujeitar). 
I. Tortura castigo – o sujeito ativo detém uma relação de autoridade (o carcereiro em relação ao preso; o professor em relação ao aluno), poder (uma situação de subordinação de fato, hierarquia de fato, por exemplo, o bandido em relação à vítima) ou guarda (é o caso do pai em relação aos filhos;

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