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Sistemas de Gestão Ambiental em Bacias Hidrográficas

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AULA 3 
SISTEMAS DE GESTÃO 
AMBIENTAL 
Prof. Stéphanie Meyer Piazza 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! 
Nesta aula, realizaremos uma breve introdução sobre os instrumentos de 
Gestão Ambiental e abordaremos especificamente o instrumento de Gestão 
Ambiental de regiões geográficas delimitadas, tais como aqueles aplicados a 
bacias hidrográficas, unidades de conservação, áreas costeiras e áreas 
metropolitanas. 
Bom estudo! 
PROBLEMATIZAÇÃO 
As bacias hidrográficas são regiões sobre o Planeta Terra nas quais o 
escoamento superficial em qualquer ponto converge para um único ponto fixo, 
chamado de exutório1. Essas regiões são, portanto, delimitadas em função do 
escoamento da água, um recurso natural limitado e de domínio público, que 
possui múltiplos usos, como abastecimento urbano, industrial, irrigação, 
produção de energia elétrica e também preservação da vida aquática. 
Muitas vezes o grande número de usos que se dá em uma bacia 
hidrográfica pode gerar conflitos, pois um uso pode prejudicar a qualidade ou 
reduzir a quantidade de água, afetando outros usos. Essa situação gera 
preocupações relacionadas ao gerenciamento de recursos hídricos. 
Existem diversos instrumentos de Gestão Ambiental destinados a regiões 
geográficas delimitadas. 
Você saberia dizer quais são os instrumentos disponíveis para a gestão 
de bacias hidrográficas? 
Não responda agora. Vamos voltar ao conteúdo teórico do nosso 
tema e, ao final, retomaremos a nossa história e apresentaremos as 
possibilidades de solução para o problema. 
 
 
 
1 É um ponto de um curso d'água onde se dá todo o escoamento superficial gerando no interior uma bacia 
hidrográfica banhada por este curso. 
 
 
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TEMA 1 - INTRODUÇÃO AOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL 
Os instrumentos de Gestão Ambiental são mecanismos pelos quais a 
gestão pode ser realizada. Podem ser entendidos como: 
(...) a sistematização de procedimentos técnicos e administrativos para 
assegurar a melhoria e o aprimoramento contínuo do desempenho 
ambiental de um empreendimento ou de uma área a ser protegida e, em 
decorrência, obter o reconhecimento de conformidade das medidas e 
práticas adotadas. (BITAR, ORTEGA, 1998) 
Segundo os autores citados, os instrumentos de Gestão Ambiental podem 
ser divididos em dois grupos: 
a) Instrumentos de Gestão Ambiental de regiões geográficas delimitadas: 
destinados à gestão territorial, englobam regiões como bacias hidrográficas, 
áreas metropolitanas e costeiras, etc. 
b) Instrumentos de Gestão Ambiental de empreendimentos: aplicados em 
empreendimentos e atividades socioeconômicas, tais como rodovias, 
minerações, hidroelétricas, aterros sanitários, etc. 
Nesta aula, trataremos dos Instrumentos de Gestão Ambiental de regiões 
geográficas delimitadas. 
Instrumentos de Gestão Ambiental de regiões geográficas delimitadas 
A Gestão Ambiental de regiões geográficas delimitadas apresenta grande 
complexidade por trabalhar com um enorme número de variáveis - sociais, 
econômicas, ambientais, culturais e políticas - e envolver diversos atores - as 
comunidades, os movimentos sociais, as empresas, as organizações não 
governamentais, o poder público. 
Atualmente no Brasil, as regiões geográficas onde a Gestão Ambiental 
está sendo aplicado com maior ênfase são: Bacias Hidrográficas, Unidades de 
Conservação Ambiental, Áreas Costeiras e Áreas Metropolitanas. 
Instrumentos de Gestão Ambiental de recursos hídricos e bacias 
hidrográficas 
A preocupação com a conservação dos recursos hídricos vem 
aumentando em função da crescente poluição e deterioração gerada pelas 
atividades humanas e dos riscos de escassez hídrica relacionados às mudanças 
climáticas. 
 
 
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No Brasil, um importante marco para a gestão dos recursos hídricos foi a 
Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433/1997 
(BRASIL, 1997). 
 
 
 
A PNRH cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos, com o objetivo de: 
 Coordenar a gestão integrada das águas. 
 Arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos 
hídricos. 
 Implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos. 
 Planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos 
recursos hídricos; e promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. 
 
A Figura 1 mostra os integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento 
de Recursos Hídricos e as respectivas atribuições: 
Figura 1 – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: 
integrantes e atribuições. 
 
A PNRH considera a água como um bem de domínio público e um recurso natural 
limitado, dotado de valor econômico, cujos usos prioritários devem ser o consumo 
humano e a dessedentação de animais. 
 
 
 
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A lei estabelece as bacias hidrográficas como unidades territoriais de 
gestão. 
Mas, o que isso significa? 
Que a gestão deixa de estar focada nos limites administrativos 
(Municípios, Estados) e passa ser alinhada aos limites físicos dos recursos 
hídricos. Além disso, a lei insere a participação de usuários e comunidades no 
processo de gestão, que passa a ser descentralizado. 
A participação se dá especialmente por meio dos Comitês de Bacia 
Hidrográfica, compostos por representantes da União, dos Estados e do Distrito 
Federal, dos Municípios, dos usuários das águas e das entidades civis de 
recursos hídricos. 
 
 
Os principais instrumentos da PNRH encontram-se brevemente 
explicados a seguir: 
1. Planos de Recursos Hídricos. 
2. Enquadramento dos corpos de água em classes. 
3. Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos. 
4. Cobrança pelo uso de recursos hídricos. 
 
1. Planos de Recursos Hídricos 
São planos diretores elaborados por bacia hidrográfica, por estado e por 
país, que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional 
de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos, com uma visão 
em longo prazo. O Plano Nacional de Recursos Hídricos foi aprovado em 30 de 
janeiro de 2006, e contém um conjunto de diretrizes, metas e programas 
construídos em amplo processo de mobilização e participação social. 
 
 
 
 
 
Para conhecer mais sobre as Bacias Hidrográficas e os Comitês de Bacia 
Hidrográfica, assista ao vídeo disponibilizado pela Agência Nacional de Água: 
https://www.youtube.com/watch?v=uRzt9tv0EJU 
 
 
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o Plano de Recursos Hídricos, 
assista ao vídeo a seguir, sobre a Plano da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=uRzt9tv0EJU
 
 
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2. Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os 
usos preponderantes da água 
Visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais 
exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição 
das águas, mediante ações preventivas permanentes. As principais 
regulamentações para o enquadramento são resoluções do Conselho Nacional 
de Meio Ambiente (CONAMA) e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
(CNRH): Resolução CONAMA nº 357/2005 (CONAMA, 2005), que dispõe sobre 
a classificação dos corpos de água e diretrizes para o seu enquadramento, bem 
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes; 
Resolução CONAMA nº 396/2008 (CONAMA, 2008), que estabelece o 
enquadramento das águas subterrâneas; e Resolução CNRH nº 91/2008 
(CNRH, 2008), que estabelece os procedimentos gerais para o enquadramento 
dos corpos d’água superficiais e subterrâneos. 
 
 
 
3. Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos 
Esse instrumento tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e 
qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso aos 
recursos hídricos. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos 
seguintes usos de recursos hídricos: derivação ou captação de parcela da água 
existente em um corpo de água paraconsumo final; extração de água de 
aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; 
lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou 
gasosos; aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e outros usos que alterem 
o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. 
A outorga é realizada por autoridade competente do Poder Executivo Federal, 
dos Estados ou do Distrito Federal, dependendo da localização e da natureza de 
cada bacia ou corpo d’água. 
 
 
 
Para saber mais sobre os Planos de Recursos Hídricos e o Enquadramento dos 
corpos de água, assista ao vídeo disponibilizado pela Agência Nacional de Água: 
https://www.youtube.com/watch?v=f2Yj9NYID9w 
 
 
Para saber mais sobre a Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos, assista 
ao vídeo disponibilizado pela Agência Nacional de Água: 
https://www.youtube.com/watch?v=FsgkXCf3bic 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=f2Yj9NYID9w
https://www.youtube.com/watch?v=FsgkXCf3bic
 
 
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4. Cobrança pelo uso de recursos hídricos 
É um importante instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos, o 
qual já abordamos na aula passada. 
Instrumentos de Gestão Ambiental de Unidades de Conservação Ambiental 
Na aula anterior, abordamos acerca das Unidades de Conservação (UC). 
Nessa aula, daremos ênfase a um dos instrumentos mais utilizados na gestão 
dessas unidades: o Plano de Manejo. 
Segundo a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
(SNUC) (BRASIL, 2000), as UC podem ser geridas por organizações da 
sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade. A partir 
de 2007, a gestão de todas as UC Federais passou para o Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 
Dentre os instrumentos de gestão previstos pelo SNUC, está o Plano de 
Manejo, e trata-se de um documento técnico mediante o qual, fundamentado nos 
objetivos gerais da UC, estabelece-se o zoneamento e as normas que devem 
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação 
das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. 
 
 
 
 
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o Plano de Manejo de UC 
assista ao vídeo a seguir, sobre a Plano de Manejo da Estação Ecológica da Ilha 
do Mel. 
Instrumentos de Gestão Ambiental de Áreas costeiras 
Na legislação ambiental brasileira, considera-se a Zona Costeira como um 
espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos 
renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. 
A Zona Costeira é definida pelo Plano Nacional de Gerenciamento 
Costeiro (PNGC), que prevê o zoneamento de usos e atividades na Zona 
Costeira e dá prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos recursos 
Toda UC deve dispor de um plano de manejo que precisa ser elaborado no prazo de 
cinco anos. Esse plano, segundo o SNUC, deve abranger além da área da UC, sua zona 
de amortecimento e os corredores ecológicos. Nele, devem estar medidas para 
promover a integração das UC à vida econômica e social das comunidades vizinhas. 
 
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naturais, tais como recifes, praias, costões, dunas e manguezais, dos sítios 
ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação 
permanente e dos monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, 
paleontológico, espeleológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico. 
A primeira versão do PNGC foi publicada em 1990, e tem como finalidade 
primordial o estabelecimento de normas gerais visando a gestão ambiental da 
Zona Costeira do país, lançando as bases para a formulação de políticas, planos 
e programas estaduais e municipais. Para tanto, busca: 
 Promover o ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupação
dos espaços costeiros.
 Estabelecer o processo de gestão, de forma integrada, descentralizada
e participativa, das atividades socioeconômicas na Zona Costeira.
 Desenvolver sistematicamente o diagnóstico da qualidade ambiental da
Zona Costeira.
 Incorporar a dimensão ambiental nas políticas setoriais voltadas à
gestão integrada dos ambientes costeiros e marinhos.
 Controlar efetivamente sobre os agentes causadores de poluição ou
degradação ambiental que ameacem a qualidade de vida na Zona
Costeira.
 Produzir e difundir o conhecimento necessário ao desenvolvimento e
aprimoramento das ações de Gerenciamento Costeiro.
A implementação do PNGC é coordenada pelo Ministério do Meio 
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA), apoiada pelo 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA) como órgão executor e articulado com órgãos e colegiados existentes 
em nível federal, estadual e municipal. 
Além do PNGC, Estados e Municípios também apresentam seus planos 
de gerenciamento costeiro estaduais e municipais, respectivamente. 
O principal instrumento de Gerenciamento Ambiental Costeiro é o 
Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC), que se constitui no 
instrumento balizador do processo de ordenamento territorial necessário para a 
Para saber mais sobre o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC 
II), acesse: http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80033/0.PNGC-
II97%20Resolucao05_97.CIRM.pdf 
http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80033/0.PNGC-II97%20Resolucao05_97.CIRM.pdf
http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80033/0.PNGC-II97%20Resolucao05_97.CIRM.pdf
 
 
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obtenção das condições de sustentabilidade ambiental do desenvolvimento da 
Zona Costeira, em consonância com as diretrizes do Zoneamento Ecológico-
Econômico do território nacional. Divide as áreas costeiras em grandes 
compartimentos, conforme suas potencialidades naturais e perspectivas de uso, 
tanto das porções continentais como das marítimas. 
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o ZEEC, assista ao vídeo 
a seguir, sobre o ZEEC do estado do Paraná. 
Instrumentos de Gestão Ambiental de áreas metropolitanas 
Com a acelerada expansão das cidades e regiões metropolitanas, os 
problemas ambientais começaram a se tornar críticos nos ambientes urbanos. 
Esses problemas vão desde a poluição do ar, a contaminação, a baixa 
disponibilidade de água, a falta de locais para disposição de resíduos e as 
enchentes geradas pela excessiva impermeabilização do solo. Problemas 
sociais também se tornaram críticos, com o agravamento do histórico quadro de 
exclusão social e a evidenciação da marginalização e da violência urbanas. 
O Brasil é um dos países que mais rapidamente se urbanizou. A partir de 
1950, se transformou de um país rural em um país eminentemente urbano, e 
hoje 84% da população mora em cidades. Este processo de transformação 
caracterizou-se por uma urbanização predatória, desigual e, sobretudo, injusta. 
Aos poucos, a legislação brasileira foi se adequando para que pudesse 
lidar com o delicado tema da gestão urbana. A Constituição Federal (BRASIL, 
1988), capítulo 2, que dispõe sobre a Política urbana, estabelece que a política 
de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Para 
isso, a constituição estabelece o Plano Diretor, obrigatório para cidades com 
mais de vinte mil habitantes, como o instrumento básico da política de 
desenvolvimento e de expansão urbana. Define ainda que o atendimento às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor é 
fundamental para que a propriedade urbana cumpra sua função social. 
O Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de princípios e 
regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço 
urbano. É construído a partir do diagnóstico da realidade física, social, 
econômica, política e administrativa da cidade, apresentando um conjunto de 
 
 
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propostas de desenvolvimento socioeconômico e de organização espacial dos 
usos dosolo e da infraestrutura urbana, definidas para curto, médio e longo 
prazos, e aprovadas por lei municipal. 
Plano: é plano, porque estabelece os objetivos a serem atingidos, o prazo 
em que estes devem ser alcançados, as atividades a serem executadas e quem 
deve executá-las. 
Diretor: é diretor, porque fixa as diretrizes do desenvolvimento urbano do 
município. 
A elaboração do plano diretor e a fiscalização de sua implementação, 
devem ser perpassadas pela promoção de audiências públicas e debates com a 
participação da população e de associações representativas dos vários 
segmentos da comunidade; e pela publicidade dos documentos e informações 
produzidos, que devem ser de livre acesso a qualquer interessado. 
 
 
Para regulamentar o capítulo "Política Urbana" da Constituição Federal, 
publicou-se a Lei nº 10.257/2001 (BRASIL, 2001), conhecida como Estatuto da 
Cidade, o mais importante diploma legal que trata da gestão urbana no país. Seu 
objetivo é garantir o direito à cidade como um dos direitos fundamentais da 
pessoa humana, para que todos tenham acesso às oportunidades que a vida 
urbana oferece. Poucas leis na história nacional foram construídas com tanto 
esforço coletivo e legitimidade social, porém, o que está disposto no Estatuto, só 
se efetivará a medida em que as forças sociais que o construíram o tornem 
realidade e façam valer as importantes conquistas nele contidas. 
 
 
São princípios fundamentais do Estatuto da Cidade: 
 Função social da cidade e da propriedade urbana. 
 Gestão democrática. 
 Justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo 
de urbanização. 
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o Plano Diretor, assista ao vídeo a 
seguir, sobre o Plano Diretor da cidade de Curitiba. 
 
Assista ao vídeo desenvolvido pelo Instituto Polis e da PUC Campinas, e saiba mais sobre 
o Estatuto da Cidade: https://www.youtube.com/watch?v=d2PSZZYghrY 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=d2PSZZYghrY
 
 
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 Direito a cidades sustentáveis, à moradia, à infraestrutura urbana 
e aos serviços públicos. 
 
Função social da cidade e da propriedade urbana. 
Esse princípio fortalece o direito coletivo à medida que introduz a justiça 
social no uso das propriedades. O Estado, na sua esfera municipal, deve indicar 
a função social da propriedade e da cidade, buscando o necessário equilíbrio 
entre os interesses públicos e privados no território urbano. 
Gestão democrática 
Prevê a participação da população urbana em todas as decisões de 
interesse público, inclusive em todas as etapas de construção do Plano Diretor. 
Prevê também a promoção de audiências públicas, nas quais o governo local e a 
população interessada nos processos de implantação de empreendimentos 
públicos ou privados, ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre 
o meio ambiente natural ou construído, podem discutir e encontrar, 
conjuntamente, a melhor solução para a questão em debate, tendo em vista o 
conforto e a segurança de todos os cidadãos. 
Justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de 
urbanização 
Reafirma a obrigatoriedade do poder público de agir em prol do interesse 
coletivo. Busca-se a garantia de que todos os cidadãos tenham acesso aos 
serviços, aos equipamentos urbanos e a toda e qualquer melhoria realizada pelo 
poder público, superando a situação atual, na qual os setores urbanos, 
ocupados pela população pobre, permanecem “abandonados” pelo poder 
público. 
Direito a cidades sustentáveis, à moradia, à infraestrutura urbana e 
aos serviços públicos 
Adequação dos instrumentos de política econômica, tributária, financeira 
e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a 
privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens 
de diferentes segmentos sociais. Considera-se o direito de todos os habitantes 
de nossas cidades à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à 
infraestrutura urbana, ao transporte e serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, 
não só para as gerações atuais, como também para as futuras. 
 
 
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Alguns dos principais instrumentos utilizados para garantir que os 
princípios anteriormente listados sejam atendidos são os seguintes: 
 Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios. 
 Imposto predial e territorial urbano progressivo no tempo. 
 Desapropriação com pagamento em títulos da dívida. 
 Usucapião especial de imóvel urbano. 
 
Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios 
O Estatuto da Cidade determina a criação de lei municipal específica para 
reger o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsória do solo urbano 
não edificado, subutilizado ou não utilizado. É considerado subutilizado o imóvel 
cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no Plano Diretor ou em 
legislação dele decorrente. 
Imposto predial e territorial urbano progressivo no tempo 
A ideia central é punir com um tributo de valor crescente, ano a ano, os 
proprietários de terrenos cuja ociosidade ou mal aproveitamento acarrete 
prejuízo à população. O objetivo é estimular a utilização socialmente justa e 
adequada desses imóveis ou sua venda. 
Desapropriação com pagamento em títulos da dívida 
Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo no tempo, sem 
que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou 
utilização, o poder público municipal poderá proceder à desapropriação do 
imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública. As áreas que chegarem a 
ser objeto de desapropriação poderão servir para promoção de transformações 
na cidade, dentre elas, por exemplo, a implantação de unidades habitacionais ou 
a criação de espaços públicos para atividades de geração de renda, culturais, de 
lazer e de preservação do meio ambiente. 
Usucapião especial de imóvel urbano 
Estabelece a aquisição de domínio para aquele que possuir área ou 
edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco 
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de 
sua família, com a ressalva de que não seja proprietário de outro imóvel urbano 
ou rural. 
 
 
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Quando não for possível identificar os terrenos ocupados por cada 
possuidor, poderá ocorrer a usucapião coletiva, desde que os possuidores 
também não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. Efetivamente, a 
usucapião coletiva está voltada a reverter a histórica negação da propriedade 
para grandes contingentes populacionais residente em favelas, invasões, vilas e 
alagados, loteamentos clandestinos e cortiços, possibilitando a melhoria das 
condições habitacionais dessas populações. 
REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO 
Após o período de estudos, responda ao desafio apresentado no início da 
aula: você saberia dizer quais os instrumentos disponíveis para a gestão de 
bacias hidrográficas? 
a) Os instrumentos que podem ser utilizados para auxiliar na gestão de 
recursos hídricos em bacias hidrográficas são: os Planos de Recursos Hídricos, o 
Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos 
preponderantes da água, a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a 
Cobrança pelo uso de recursos hídricos. 
b) Os instrumentos que podem ser utilizados para auxiliar na gestão de 
recursos hídricos em bacias hidrográficas são: o Plano de Manejo, Zoneamento 
Ecológico-Econômico Costeiro e o Plano Diretor. 
 
SÍNTESE 
Nesta aula, estudamos que os instrumentos de Gestão Ambiental podem 
ser divididos em dois grupos: instrumentos de Gestão Ambiental de regiões 
geográficas delimitadas e instrumentos de Gestão Ambiental de 
empreendimentos. 
Dentre os instrumentos de Gestão Ambiental de regiões geográficas 
delimitadas, destacamos aqueles destinados a Bacias Hidrográficas, Unidades 
de Conservação Ambiental, Áreas Costeiras e Áreas Metropolitanas, muito 
utilizados no Brasil. Quando bem utilizados,estes instrumentos facilitam a 
gestão destas regiões e das atividades humanas ali desenvolvidas, na 
perspectiva da sustentabilidade. 
 Até a próxima! 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BITAR, O. Y.; ORTEGA, R. D. Gestão Ambiental. In: OLIVEIRA, A. M. S.; 
BRITO, S. N. A. (Eds.). Geologia de Engenharia. São Paulo: Associação 
Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), 1998. p. 499–508. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. 
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. 
BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. 
CNRH. Resolução nº 91, de 05 de novembro de 2008. 
CONAMA. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. 
CONAMA. Resolução CONAMA nº 396, de 3 de abril de 2008. 
ATIVIDADES 
1. Os instrumentos de Gestão Ambiental são mecanismos pelos 
quais a gestão pode ser realizada, sempre visando assegurar a melhoria do 
desempenho ambiental de um empreendimento ou de uma área a ser 
protegida. Sobre os grupos de instrumentos de Gestão Ambiental, assinale 
a alternativa correta. 
a. Instrumentos de Gestão Ambiental de regiões geográficas delimitadas 
são aplicados em empreendimentos e atividades socioeconômicas, tais como 
rodovias, minerações, hidroelétricas e aterros sanitários. 
b. Instrumentos de Gestão Ambiental de empreendimentos se destinam à 
gestão territorial, englobando regiões como bacias hidrográficas, áreas 
metropolitanas e costeiras, entre outras. 
c. A Gestão Ambiental de regiões geográficas delimitadas é bastante 
simples, pois envolve um pequeno e previsível número de variáveis e atores, 
que é comum às diversas regiões nas quais a gestão é desenvolvida. 
d. Atualmente, no Brasil, as regiões geográficas onde a Gestão Ambiental 
está sendo aplicado com maior ênfase são as Bacias Hidrográficas, as Unidades 
de Conservação Ambiental, as Áreas Costeiras e as Áreas Metropolitanas. 
 
 
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2. A preocupação com a conservação dos recursos hídricos vem 
aumentando em função da crescente poluição e deterioração gerada pelas 
atividades humanas e dos riscos de escassez hídrica relacionados às 
mudanças climáticas. Para lidar com a gestão de recursos hídricos e 
bacias hidrográficas, existem instrumentos específicos. Sobre eles, é 
correto afirmar: 
a) No Brasil, um importante marco para a gestão dos recursos hídricos 
foi a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída em 1997, que considera a 
água como um bem de domínio público e sem valor econômico e estabelece os 
limites administrativos municipais e estaduais como unidades territoriais de gestão 
de recursos hídricos. 
b) Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores elaborados 
por bacia hidrográfica, por estado e por país, que visam a fundamentar e orientar 
o gerenciamento dos recursos hídricos pensando sempre em medidas imediatas 
que resolvam as situações-problema em curto prazo. 
c) O enquadramento dos corpos de água em classes visa assegurar às 
águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas, 
e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações 
preventivas permanentes. 
d) A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos visa assegurar o 
controle quantitativo e qualitativo dos usos da água para consumo humano, não 
estando sujeito à outorga o lançamento de efluentes em corpo de água. 
 
3. Um dos instrumentos mais utilizados na gestão de Unidades de 
Conservação Ambiental é o Plano de Manejo. Sobre ele, assinale a 
alternativa correta. 
a) É um instrumento importante, mas não previsto pelo Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação, 
b) Trata-se de um documento técnico mediante o qual, fundamentado 
nos objetivos gerais da unidade de conservação, estabelece-se o zoneamento e 
as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais. 
c) Não são exigidos para todas as unidades de conservação, estando 
a sua exigência vinculada à área da unidade. 
 
 
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d) Inclui medidas para proteger e afastar as unidades de conservação 
da vida econômica e social das comunidades vizinhas. 
 
4. A Zona Costeira Brasileira é um espaço geográfico de interação do 
ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, 
abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. Sobre ela, é correto 
afirmar: 
a) O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro dá prioridade à 
conservação e proteção, dentre outros, de recifes, praias, costões, dunas e 
manguezais. 
b) O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro estabelece normas 
gerais para a gestão ambiental da Zona Costeira do País, que deve ocorrer de 
forma integrada, descentralizada e participativa. 
c) O Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro é o instrumento 
balizador do processo de ordenamento territorial necessário para a obtenção das 
condições de sustentabilidade ambiental do desenvolvimento da Zona Costeira. 
d) Todas alternativas estão corretas. 
 
5. As cidades brasileiras são acometidas por diversos problemas 
ambientais, tais como a poluição do ar, a contaminação e a baixa 
disponibilidade de água, e problemas sociais, agravados pelo histórico 
quadro de exclusão social característico do país. Sobre os instrumentos de 
Gestão Ambiental de áreas metropolitanas, assinale a alternativa correta. 
a) O Plano Diretor, estabelecido da Constituição Federal de 1988, é um 
conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem 
e utilizam o espaço urbano, obrigatório para cidades com mais de vinte mil 
habitantes, que preza pela função social da propriedade urbana. 
b) O Plano Diretor, elaborado sem a necessidade de participação 
popular, é construído unicamente a partir do diagnóstico físico da cidade, 
apresentando um conjunto de propostas de organização espacial dos usos do solo 
e dos recursos na cidade. 
c) O Estatuto da Cidade é um instrumento cuja efetivação independe 
das forças sociais que o construíram. 
 
 
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d) Um dos princípios constante no Estatuto da Cidade é a função social 
da cidade e da propriedade urbana, a qual fortalece o direito privado à medida que 
ignora a justiça social no uso da cidade e das propriedades.

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