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CENTRO UNIVERSITÁRIO FG DIREITO DISSERTAÇÃO Guanambi-BA 03/06/2020 MARCO ANTÔNIO FERNANDES NUNES DISSERTAÇÃO Dissertação, apresentada ao curso de Direito do Centro Universitário FG, como um dos pré- requisitos para avaliação institucional. 9° DIRAN. Docente: Guilherme Alcântara Guanambi-BA 03/06/2020 DISSERTAÇÃO A DISCRICIONARIEDADE SEGUNDO O PÓS-POSITIVISMO. Marco Antônio Fernandes Nunes No comunicado do dia 20 de maio de 2020, o professor Guilherme Alcântara estabeleceu uma pergunta para serem respondidas pelos alunos, sobre “A discricionariedade jurídica a luz do pós-positivismo.”. Portanto afim de responder à seguinte indagação jurídica, promovida pelo professor utilizaremos três autores do pós-positivismo. Primeiramente para que se situem no presente trabalho devemos expor o conceito de Discricionariedade: que é a opção, a escolha entre duas ou mais alternativas válidas perante o direito (e não somente perante a lei), entre várias hipóteses legais e constitucionalmente possíveis ao caso concreto. Essa escolha se faz segundo critérios próprios como oportunidade, conveniência, justiça, equidade, razoabilidade, interesse público, sintetizados no chamado mérito do ato administrativo1. Para a resolução do indagamento empregamos o pensamento de três jurisfilósofos; o primeiro Ronald Dworkin (1931-2013) a escolha deste primeiro foi por meio da afinidade de seus inscritos na qual os juízes interpretam a lei em termos de princípios morais consistentes. O segundo Robert Alexy (1945, idade 74 anos) este autor foi escolhido por influência acadêmica, além de ser um dos principais nomes dos pós-positivismo jurídico reconhecido mundialmente. Já o ultimo mais não menos importante Lenio Streck (1955, idade 64 anos) este foi escolhido por ser conhecido principalmente por seus trabalhos voltados à filosofia do direito e à hermenêutica jurídica, além de um dos grandes nomes no âmbito jurídico brasileiro, que ao meu ver parece um ótimo referência para o desenvolvimento deste trabalho. Desse modo Dworkin admite a existência de casos fáceis e difíceis. Mesmo existindo os hard cases, a discricionariedade deve ser regulada, essa regulação, se dá, por meio da leitura histórico-social, em suma o juiz deve retroceder na leitura ou seja tornasse erudito de escritos de outros jurista (que o antecederam, “doutrina”) analisando o passado, aplicando no presente e trazendo a reconstrução de princípios e não a construção de novos2. Para Dworkin, nestas hipóteses, os princípios necessitam ser utilizados como critérios para interpretar e decidir um 1 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e interpretação jurídica. Saraiva Educação SA, 2010. p.150 2 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e interpretação jurídica. Saraiva Educação SA, 2010. p.84- 88. enigma jurídico. Este autor critica o positivismo exatamente no fato de que este considera o direito como um sistema formado apenas por regras. Concebendo assim normas jurídicas como regras, tornando o Direito estático e vago3. Já Roberty Alexy nos diz que, podemos conceber o direito como teoria do discurso embasados somente na racionalidade do ser humano ou seja na escolha, mais que os princípios a serem adotados deverão ser permitidos na constituição ou na lei, destarte sendo assim poderíamos dizem que o autor seria a favor da discricionariedade somente se houve-se lacunas na lei aonde a mesma permitiria, mas para tanto existem outros processos de integração do Direito, como a analogia, os costumes e os princípios4. Portanto o autor analisa expõem ter três tipos de discricionariedade: a) discricionariedade para definir objetivos, b) a discricionariedade para escolher meios e c) discricionariedade para ponderar, não é a intenção do presente trabalho entra no mérito dessa divisão a mera citação serve somente para exemplificação5. Ademais STRECK em seus escritos também faz críticas ao positivismo seguindo a certo modo o pensamento dos demais autores, na medida em que o processo de formação dos operadores jurídicos visa somente o objetivismo jurídico, buscando a afirmação para posturas resultantes positivismos6. Este autor se prostra contra a discricionariedade, já que em sua ótica no momento em que se alcançou esse alto patamar de democracia no Direito, não poder-se-ia abdicar desse direito e outorgar aos juízes a discricionariedade nos denominados “hard cases”, levando o direito a um escopo subjetivista. Mais defende o uso da chamada hermenêutica filosófica para a resolução dos “hard case” e que somente dessa forma haverá a possibilidade de respostas corretas, destarte pois esta funciona com empecilho de múltiplas respostas trazidas pelos diversos positivismo7. Deste modo, podemos deduzir a partir dos contributos de DWORKIN, ALEXY, STRECK que todos esses autores defendem a discricionariedade, peculiarmente cada uma a sua forma, mais em suma os três corroboram no ponto de que essas discricionariedade deve seguir alguns parâmetros: a) não ser objeto subjetivista, b) deve ser expressamente permitida pela 3 DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio; tradução BORGES, Luís Carlos. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p.194. 4 Nader, Paulo. Filosofia do direito. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2018. p.251 5ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. p.585-623 6STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica, Constituição e autonomia do Direito. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, v. 1, n. 1, p. 65-77, 2009. p.68-69 7STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica, Constituição e autonomia do Direito. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, v. 1, n. 1, p. 65-77, 2009. p.69 Constituição, c) não a ver a dicotomia voluntas legis e voluntas legislatoris. Portanto os novos padrões, pós-positivista, da modernidade, ofereceu um instrumental metodológico mais ajustado com o funcionamento das camadas jurídicas atuais, sobretudo, no sentido de viabilizar uma interpretação e aplicação do direito, preocupada com a concretização dos valores enunciados pelos princípios. REFERENCIAS ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. ALEXY, Robert; TRIVISONNO, AlexandreTravessoni Gomes. Teoria discursiva do direito. Grupo Gen-Editora Forense, 2000. DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio; tradução BORGES, Luís Carlos. São Paulo: Martins Fontes, 2000.p.194. DWORKIN, Ronald. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Dworkin> acesso em: 28 de maio de 2020. NADER, Paulo. Filosofia do direito. 25. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2018 SOARES, Ricardo Maurício Freire. Hermenêutica e interpretação jurídica. Saraiva Educação SA, 2010. STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica, Constituição e autonomia do Direito. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, v. 1, n. 1, p. 65-77, 2009.
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