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1 REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 2 www.revistamaiseducacao.com E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 302 – Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417 EDITORA CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS R454 Revista mais educação [recurso eletrônico] / [Editora chefe] Fabíola Larissa Tavares – Vol. 2, n. 6 (ago. 2019) -. São Caetano do Sul: Editora Centro Educacional Sem Fronteiras, 2019 757 p.: il. color Mensal Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario- V2-N6-2019> ISSN:2595-9611 (on-line) 1.Educação 2. Pedagogia I Tavares, Fabíola Larissa, ed. II. Título CDU: 37 CDD: 370 Gustavo Moura – Bibliotecário CRB-8/9587 REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 3 EDITORIAL Para hoje, afetos! Spinoza, filósofo muito caro a mim, refere-se em Ética(1677), sua principal obra, que "devemos, pois, nos dedicar, sobretudo, à tarefa de conhecer, tanto quanto possível, clara e distintamente, cada afeto, para que a mente seja, assim, determinada, em virtude do afeto, a pensar aquelas coisas que percebe clara e distintamente e nas quais encontra a máxima satisfação”. Nesse aspecto, faz-se necessário pensarmos os processos da educação de maneira que privilegiem as relações entre os envolvidos na caminhada, desde pais e responsáveis, até educadores e gestão escolar, com os estudantes. Pode-se verificar, ao mergulhar na filosofia de Spinoza que, ao sermos afetados pelo mundo, somos capazes de emergir de maneira ética para um bem viver conosco e com os outros. Diante disso, há muito, nós educadores temos debatido inúmeras maneiras para transformar em realidade teorias que afetem de forma satisfatória o processo escolar educacional em todas as suas instâncias - ensino fundamental, médio e superior. Por mais que as instituições políticas no Brasil tenham se mostrado historicamente em descompasso com nossos anseios ao instaurar a descontinuidade das políticas públicas educacionais como regra, as diversas práticas observadas como exitosas nos colocam a certeza de que todos os esforços ao longo dos anos têm valido, e muito, a pena. Todos os caminhos percorridos até o momento, trilhados com zelo, paciência, luta e intensidade, propõem que a vontade em transgredir um destino insistentemente imposto a nós seja o objeto de aspiração para dias melhores. Entretanto, para que o Brasil não seja apenas o país do futuro para sempre, debruçar-se nas teorias construídas dia-a-dia, por meio das relações empíricas que o "chão da escola" podem proporcionar, se faz necessário. Portanto, convido a todos para que se inspirem nos textos que virão a seguir, pois eles poderão ser capazes de nos afetar diretamente e, por assim dizer, satisfazer ao máximo nossos anseios por uma experiência que transforme o país das promessas em presente por meio da educação e, principalmente, dos afetos. Prof. Me. Rodrigo Gomes Mestre em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo. Especialista em Filosofia Contemporânea e História, Graduado em Sociologia e Política. Autor dos livros: Sertão Humano e Os sabores do mundo. Vontade poética. CONSELHO EDITORIAL Alex Rodolfo Carneiro Fabíola Larissa Tavares Fatima Ramalho Lefone Mariana Siqueira Silva Rodrigo da Silva Gomes Patrícia Regina de Moraes Barillari EDITORA-CHEFE Fabíola Larissa Tavares REVISÃO E NORMALIZAÇÃO DE TEXTOS Fatima Ramalho Lefone Rodrigo da Silva Gomes PROGRAMAÇÃO VISUAL E DIAGRAMAÇÃO Cíntia Aparecida da Silva Gomes PROJETO GRÁFICO Mônica Magalnik COPYRIGTH REVISTA MAIS EDUCAÇÃO Editora Centro Educacional Sem Fronteiras (agosto, 2019) - SP Publicação Mensal e multidisciplinar vinculada a Editora Centro Educacional Sem Fronteiras. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam, necessariamente, a opinião do Conselho Editorial É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte. Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 302 - Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 4 SUMÁRIO 08 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Jane Kelly Christofani Jacinto 17 A ARTE E SUA IMPORTÂNCIA Tieta Geovana Rodrigues Batista 22 A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Paola Silva Zamarioli 30 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA PARA ALUNOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Jocilei Santos Barreto 42 A GESTÃO ESCOLAR E A INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA Jaciane Gomes Sousa de Lima Silva Severina Ferreira de Lima Valdemir Melo de Souza 52 A HIPERATIVIDADE NA ESCOLA Patricia Fujii de Matos 68 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Alex Sandro Tomazini 74 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Rosângela Barbieri Mendes 84 A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Lilian Maria Muniz dos Santos 92 A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO COM A FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Carla Pereira da Silva 108 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Milene Paula da Silva 118 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO: JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Luisa Belisario 131 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO ÂMBITO ESCOLAR Alanne Santos Oliveira Melo 139 A MENTALIDADE DA APRENDIZAGEM Eveli Costa de Deus Fernandes 157 A RELEVÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Janete Oliveira da Silva 167 ADAPTAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA EM SALA DE AULA Ana Paula Baldez Sousa Parise 180 ANÁLISE BIOMÉTRICA DA RECONSTRUÇÃO FACIAL DA RAINHA NEFERTITE: PLANEAMENTO DE EXPERIÊNCIAS E INVESTIGAÇÃO Alex Sandro Pires de Lima 192 AS FACES DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA INFÂNCIA Mônica Gayão Fragoso de Melo 199 ASPECTOS DA FORMAÇÃO DOCENTE: POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL Caroline Xavier Siqueira Dorismar Recaldes 208 BENEFÍCIOS DO BALLET CLÁSSICO PARA PÉS PLANOS Mariana de Souza 223 BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DE SABERES Elisangela Figueiredo de Moraes REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 5 234 BRINCANDO TAMBÉM SE APRENDE Kátia de Cássia Monteiro 244 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS E AS INTERAÇÕES FAMILIARES NO CAMPO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Fátima Regina Marques 254 CONTROVÉRSIAS SOBRE OS ANOS 1960 NO BRASIL João Souza Filho 267 CULTURA DA PAZ: UM CAMINHO PEDAGÓGICO Marina de Cássia Pagnani Bonazzio 274 DA GERAÇÃO “COCA COLA” A GERAÇÃO “NEM – NEM”:DESAFIOS E INCERTEZAS NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS TEMPOS Rodrigo de Macedo França 283 DESCOBRINDO A SURDOCEGUEIRA: EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO Francisca Maria dos Santos Nunes 292 DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E COMPETÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ana Cleuda Pereira Franco 301 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E PSICOMOTRICIDADE Agnes Aparecida do Prado 310 DIREITO EDUCACIONAL E EDUCAÇÃO INFANTIL: LEGISLAÇÃO E CONCEITOS Cibele Cristina de Lima Leão 318 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DA TEORIA À PRÁTICA PEDAGÓGICA Eliete Maria Neves Torres 336 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO Vania Imperial 348 EDUCAÇÃO INFANTIL: CAMINHOS E TRAJETÓRIAS Elaine Barbagallo Gomes de Souza 362 EDUCAÇÃO INFANTIL: MEIOS MIDIÁTICOS FAVORECENDO A PRÁTICA DOCENTE Alzenir Maria Ribeiro de Sousa 370 ESTRATÉGIAS LÚDICAS PARA PROMOVER A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA Ana Maria Alves Pereira 380 FORMAÇÃODO PROFESSOR PARA INCLUSÃO Maria Eliete de Souza Lima 395 FORMAÇÃO SUPERIOR E QUALIDADE DO ENSINO Edvania CriBstina Cipriano 408 GESTÃO DEMOCRÁTICA E INCLUSÃO ESCOLAR Larissa Carvalho dos Santos de Oliveira 421 GESTÃO DO AMBIENTE ESCOLAR: ELEMENTO FUNDAMENTAL AO DESEMPENHO DE UMA ESCOLA DE QUALIDADE Tatiane Jeronymo Mangolim 432 INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Kelly Parra dos Santos Veiga 441 INCLUSÃO ESCOLAR: UMA REALIDADE POSSÍVEL? Rosana dos Santos Peres 446 INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE Denice Santos dos Anjos 454 INFLUÊNCIAS DA MÚSICA E MUSICOTERAPIA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DE AUTISMO Andréia Passarelli de Jesus 466 LEITURA CRIATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Simone Maria da Silva 475 MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA: ANÁLISE E SÍNTESE Karen Alessandra Pereira Delorenzi 484 MATEMÁTICA E O JOGO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Adriana Mara Gallo REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 6 494 MEDITAR?... POR QUÊ? E SE AS CRIANÇAS MEDITASSEM NA ESCOLA? SERÁ QUE OS EFEITOS DA MEDITAÇÃO SÃO RELEVANTES? Henriette Ferreira da Cunha 505 MEIO AMBIENTE: CONHECENDO E APRENDENDO SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS:LIXO Daniele da Silva 517 MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Gabriela Cristina de Oliveira Solina Fornazari 534 MUSICOTERAPIA: UM RECURSO EXPRESSIVO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL Fernanda Rodrigues dos Santos 545 O ALUNO E O PROFESSOR DA CLASSE HOSPITALAR Sidneia Silvia Barasini 552 O DESENHO INFANTIL E A IMPORTÂNCIA DA ARTE PARA CRIANÇA Rizoneide Maria Dias 562 O DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA POR MEIO DA EDUCAÇÃO Rosilei Maria Gaviolli Marques 571 O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA COMO CAPITAL CULTURAL Edson José Barbosa 578 O ENSINO DE ARTE NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Vivian Gomes Fiuza 587 O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Judilene Tundis de Souza Maria Lúcia Lau Damasceno Santos 601 O MUNDO ENCANTADO DA POESIA DE CECÍLIA MEIRELES:ESTIMULANDO O TRABALHO COM POESIA NA SALA DE AULA Silvina Fátima Ramos Ribeiro 611 O PAPEL DO EDUCADOR NA AQUISIÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS Ana Claudia da Silva Liberato 619 O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Misael Gonçalves Figueiredo 632 O PAPEL DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DOS BÊBES E CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Kelly Carvalho Andrade 638 O REFLEXO DAS DIFERENÇAS DE GÊNERO EM: “VENHA VER O PÔR DO SOL” DE LYGIA FAGUNDES TELLES Vandelice Ribeiro Passos Rodrigues 651 O RESGATE DAS BRINCADEIRAS TRADICIONAIS COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Celma Macedo 663 PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA SE CONSTRUIR UMA EDUCAÇÃO DE GESTÃO PLURAL E DEMOCRÁTICA Raquel Oliveira de Abreu 676 PEDAGOGIA HOSPITALAR: UM PROCESSO DE INCLUSÃO Josiane Aparecida Vergnianini 688 PRÁTICAS EDUCATIVAS: A RELEVÂNCIA DO BRINCAR Débora dos Santos Soares 695 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: A DISLEXIA E O SEU IMPACTO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM Adelânia Dias dos Santos 703 PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Carmelita Oliveira Itacaramby 716 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA OU SÍNDROME DE ASPERGER: QUAL DENOMINAÇÃO UTILIZAR? Deli Vieira Silveira REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 7 727 TRANSTORNOS MENTAIS NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE Juleni de Fátima Rodrigues 737 UMA ABORDAGEM CRÍTICA À TEORIA TRADICIONAL E À TEORIA CRÍTICA Rita Aparecida dos Reis 744 UMA FESTA NA HISTÓRIA Nicole Fernandes Barcelo Barreto REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 244 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS E AS INTERAÇÕES FAMILIARES NO CAMPO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Fátima Regina Marques1 RESUMO: Desde os tempos mais remotos da história humana contar histórias às crianças constitui um hábito de extrema importância e caráter socializante que perpassou o passado, com nossos pais e avós, as cenas clássicas que ficaram presas à tradição são hoje alvo de uma invenção que popularizou ainda mais esses contos, a televisão. Atualmente com tantas demandas por partes das famílias o hábito de contar histórias as crianças ficam cada dia mais distante do cotidiano. Ler uma história para as crianças de forma cotidiana é mais do que uma atividade simples, pois contribui tanto ao leitor, quanto ao receptor, ao leitor possibilita a aproximação e desenvolve a afetividade, para a criança beneficia seu desenvolvimento cognitivo em diversos aspectos. Como fundamentação teórica, utilizamos, entre outros: Abramovich (1995); Bettelheim (1980); Corso (2006). Palavras-Chave: Contos; Psicanálise; Desenvolvimento; Sonhos; Vida. 1 Assistente de Diretor; Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo. Graduação: Licenciatura em Pedagogia. E-mail: fatiremarques@bol.com.br REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 245 INTRODUÇÃO O presente artigo aborda de forma geral abordar alguns aspectos relevantes tanto para a socialização quanto para a aprendizagem tomando por base os estímulos dos contos e histórias populares. Acreditamos que as histórias e contos de fadas possuem uma força de articulação muito grande entre o ambiente no qual se desdobram as vivencias e o mundo do imaginário, o que pode proporcionar momentos de reflexões, contestações de valores e construção da identidade. Contar histórias às crianças é um hábito que permaneceu no passado, com nossos pais e avós; uma cena clássica que ficou presa na televisão. Hoje os pais estão tão saturados de tarefas que não tem tempo para os filhos, muito menos para ler uma história antes de dormir. Ler uma história para as crianças todas as noites é mais do que uma atividade simples para embalar isso pode as beneficiar significativamente tanto elas quanto quem lê, por exemplo, ler estimula a linguagem e imaginação, relaxa e cria laços mais fortes. Ouvir histórias torna as crianças mais reflexivas, pois nelas sempre encontraremos uma mensagem que as leve a entender o modo como devem agir e se comportar, a distinguir entre o bem e o mal. Isso ajuda a lutar contra seus próprios medos. Em muitas histórias a criança consegue identificar as emoções dos protagonistas, e conhecer o resultado e o que está acontecendo ao longo da narrativa, isso significa ter argumentos para enfrentar seus próprios temores, promovendo um sentimento de maior controle. A história é uma das bases para o desenvolvimento intelectual da criança, é contando histórias que se pode levá-lo a compreender coisas complexas mais rapidamente, seu cérebro trabalha com maior certeza estimulando a memória e o desejo de se expressar. Também desenvolve e amplia as capacidades de percepção e compreensão e aumenta a sensibilidade. Promover a leitura às crianças, desperta-lhes para um mundo mágico e cheio possibilidades, aumenta o seu desejo de aprender mais histórias e por isso é fácil compreender como a leitura pode tornar-se prazerosa. A criança aprende mais palavras, seu vocabulário torna-se mais amplo e esse aspecto vai ajudá-lo muito mais tarde, porque ele será capaz de ler muito melhor e, portanto, ter um melhor desempenho escolar. Crianças cujos pais frequentemente leem história, sabem ouvir e colocar em prática elementos que são muito necessários para um bom aprendizado. É uma medida muito eficaz para tranquilizar as crianças, especialmente quando as vemos muito inquietas ou ansiosas. Por intermédio da história inicia-se a interação tanto de pais e filhos, quanto das crianças com o mundo que as cerca. Ganhar sua confiança representa uma oportunidade para contar sobre coisas cotidianas da forma como elas as percebem o que também acontecerá sobre situações difíceis queestão vivendo, possibilitando orientação e apoio. Embora alguns pais não acreditem, por meio da leitura de histórias, os filhos podem aprender sobre a história da vida humana, sobre a preservação da vida animal e meio ambiente, letras, cores, números, palavras em outros idiomas, etc. longe de um clima enfadonho. REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 246 CONTAR HISTÓRAIS REQUER AMBIENTE ADEQUADO Para que a hora de contar uma história seja um momento muito esperado para as crianças e que elas tenham os efeitos positivos que mencionamos anteriormente, devemos levar em conta alguns aspectos. A escolha um lugar que seja confortável e luminoso o suficiente para ler é indispensável para que o momento de ler seja mágico, um ritual que esperam com entusiasmo e prazer. A vida é com frequência desconcertante para a criança, ela necessita mais ainda que lhe seja dada a oportunidade de entender a si própria nesse mundo complexo com o qual deve aprender a lidar. Para que possa fazê-lo, precisa que a ajudem a dar um sentido coerente ao seu turbilhão de sentimentos. Necessita de ideias sobre como colocar ordem na sua casa interior, e com base nisso poder criar ordem na sua vida. (BETTELHEIM, 1980. p.13). É necessário entusiasmo para atrair a atenção da criança, e assim entender a história e receber a mensagem, quando a criança pede para voltar, deve-se fazê-lo com a mesma emoção, especialmente com crianças muito pequenas. É importante repetir as diferentes cenas da história várias vezes tentando usar as mesmas palavras, permitir que, conforme a história é contada, a criança possa ver as ilustrações. Durante a leitura, é primordial observar as reações e os movimentos da criança e, se necessário, fazer uma pausa quantas vezes forem necessárias para ouvir suas perguntas ou para verificar se ele está compreendendo a história. Deixar a criança participar o máximo possível, tanto ao escolher a história para ler (você pode dar muitas sugestões de escolha, sobre seus interesses ou preocupações), quanto no momento das interrupções para os questionamentos. Quando a criança está cansada, forçar a continuar torna-se um impeditivo para o bom andamento, pois não representará mais uma atividade gratificante para ela. Às vezes alternar, umas horas ler histórias e outras escutá-las, isso além de diferenciar as visões sobre o fenômeno coloca a importância no auge da criança que ora escuta e ora narra, isso criará uma corrente afetiva e grande cumplicidade entre as partes envolvidas. Desenhar alguns dos personagens ou cenas da história que eles leram ou ouviram no dia anterior pode representar um importante recurso pedagógico. Os traços que podem parecer rabiscos trazem consigo grandes mensagens, já que serão expressos os medos, expectativas e interesses que movem o imaginário das crianças. Outra maneira de conhecer sua reação à história é fazer perguntas à criança relacionadas à história, como, por exemplo, se você gostou, quem você pensou, quem estava na história, etc. Para começar no mundo das histórias, também são sugeridos contos relacionados às tradições e ao folclore, bem como os contos de fada. Eles têm a função de afugentar pesadelos e medos noturnos. A criança adquire confiança em si mesma quando verifica que o protagonista conseguiu derrotar o lobo ou a bruxa. As histórias que começam com a frase tradicional "Era uma vez" têm uma grande força evocativa. Eles têm o poder de introduzir a criança em um mundo diferente. Livros com imagens, vinhetas ou pictogramas provocam na criança o desejo de começar a ler e os contos REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 247 folclóricos que tratam de temas e costumes da nossa sociedade ajudam a criança a conhecer as tradições ancestrais. Pode-se começar com histórias ilustradas, escolher narrativas que digam histórias simples e claras sobre a ideia e a linguagem usada, a ação deve ser linear e não muito longa, já que a capacidade de atenção não é desenvolvida em fase inicial. As histórias apropriadas envolvem personagens fantásticos, objetos estranhos que falam e se movem, países maravilhosos ou cidades encantadas, personagens e situações que possam se assemelhar ao real. Protagonistas que são crianças podem servir como elemento de identificação. Esta é uma boa oportunidade para introduzir valores morais nas narrativas, justamente graças a essa identificação (TELES, 2014). De acordo com as fases de desenvolvimento, os livros de aventura e os detetives incluídos os animam, esses tipos de histórias são muito úteis para trabalhar certos valores (empatia, solidariedade, amor, respeito, etc.). O misterioso e desconhecido fascina-os. Recomenda-se romances realistas que tratam de temas como primeiro amor, conflitos pessoais; romances que refletem realidades de seu ambiente social e que podem ser usados para continuar trabalhando e reforçando valores. É verdade que a maioria dos pais e os problemas de trabalho não têm muito tempo para nossos filhos, e a única coisa que se busca em grande parte no final do dia é ir para casa e descansar, contudo, existem outras maneiras que também podem nos ajudar a relaxar, como ler para nossos filhos. Recuperar os hábitos de gerações passadas e contar histórias para os filhos é uma atividade prazerosa para ambos. Era uma vez, estas três palavras podem não representar um poder mágico para os adultos, mas para as crianças tem o poder de nos transportar na imaginação, numa adição temporal, espaço (em um país distante) e maravilhoso. A abertura do conto é, antes de tudo, a abertura para todas as possibilidades. Mas o que, no conto, age e torna possível pensar, sonhar, brincar? O que faz dele uma ferramenta terapêutica? Uma das primeiras virtudes do conto é que, de uma forma maravilhosa, trata das questões fundamentais do homem. É dirigido a todos nós, ao grupo quanto ao indivíduo e, claro, à criança. Ele também intervém mais e mais em diferentes formas de terapia. Sua linguagem tem a familiaridade da narrativa oral. É para ser dito e não lido. Ele preserva e transmite a experiência humana e nos fala sobre nascimento e morte, homem e mulher, riqueza e pobreza, inveja e rivalidade, aprendendo sobre a vida, o mistério das origens. AS INSTÂNCIAS TERAPÊUTICAS DOS CONTOS Ao simplificar situações da vida, o conto permite algum acesso a processos primários inconscientes. As imagens que ele aborda abrem um caminho não catastrófico para o retorno daquilo que fora reprimido. O conto contribui para essa redução do limiar defensivo inconsciente ao abordar o sintoma desvirtuando as histórias. Oferece a criança a possibilidade de encontrar situações emocionais próximas às suas, mas em outro objeto. A história é, em si mesma, mediadora da vida psíquica, o conto é a representação e a narrativa de formações e processos da REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 248 realidade psíquica, seu material é o sonho, a fantasia, o romance familiar, a representação de mecanismos de defesa psicóticos e neuróticos, os conflitos ligados a seu advento dá a diferença entre os sexos, na passagem desde o nascimento, à infância, adolescência e idade adulta, pode servi de referencial preparatório para as fases de maior ruptura da vida, a morte dos pais. Essa frase recapitula boa parte dos trilhos que tornam o interesse do conto revelador e mediador da vida psíquica. Os contos de fadas são terapêuticos porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a história parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida. O conto de fadas claramente não se refere ao mundo exterior, mas aos processos interiores que ocorrem num indivíduo (BETTELHEIM, p.980. p, 123). Parece que a primeiravirtude terapêutica do conto é atuar no pré-consciente, ponte entre o inconsciente e a consciência, permitindo que o assunto para pensar e para simbolizar. O trabalho do conto permite uma reabertura da atividade e figurabilidade pré-consciente. Autoriza a criança a investir seus processos mentais pré-conscientes. Por intermédio da história a criança aprende a dominar o que existe fora dele antes de internalizar uma atividade de fantasia que irá fundamentar nele um lugar no qual as palavras e as coisas serão capazes de se conectar. Em todas as crianças, mas especialmente naquele cujo mundo interior não é suficientemente estruturado, sofrendo dificuldades e significativas simbolizações, contar histórias pode mediar um processo de restauração de sua curiosidade, um reinvestimento de seus processos mentais. O conto dá à criança a oportunidade de pensar e sonhar com o que acontece com ele, encontrar respostas imaginativas para as perguntas que ele faz sobre suas origens e seu futuro. O conto também desperta a figurabilidade na criança, conduzindo a experiência desorganizada, difícil de representá-la em relação a seus objetos reais, ao maravilhoso universo da representação. Derrotar a aflição da não-representação parece-nos ser uma das grandes virtudes do conto. O conto é uma expressão da imaginação humana, da capacidade de criação, de representação. A narração de histórias, especialmente no contexto de uma oficina que a emprega, cria um espaço de transição, intermediário entre a realidade interna e a realidade externa percebida por duas pessoas em comum. O conto – joga com palavras, e com sentidos – se encaixa neste espaço, assim como o jogo criador da vida. Este espaço permite que a criança faça uma distinção clara, esta área intermediária de experiência permanecerá ao longo da vida como modo de experimentação interna que caracteriza as artes, a religião, a vida imaginária, etc. A história contribui para a criação deste espaço de transição difícil de implementar para algumas crianças. As virtudes terapêuticas do conto de fadas também provêm do fato de que a criança encontra suas próprias soluções, e nisso meditando sobre o que a história conta sobre si mesmo e sobre seus conflitos internos num momento particular de sua vida. O efeito terapêutico está na reconstrução na imaginação e não na transposição, isso pois, em primeiro lugar por causa da distância que ele tira da realidade cotidiana que o conto nos REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 249 permite ouvir o que de outra forma permanece nas sombras. A história tem, além disso, uma função de contêiner. No qual por sua estrutura, transmite um reservatório, uma matriz contendo, isto uma função autêntica que peneira a violência. O conto transforma os elementos destrutivos em traços organizadores e funciona como um dispositivo para os pensamentos, ele transforma os impalpáveis, porque são destrutivos, em representações figuráveis e toleráveis. O conto é um recipiente da possibilidade de pensar, um envelope psíquico, ao significado. Bem escolhido, com a sua abertura e encerramento, o trabalho de posição da criança e do contador de histórias na relação ouvinte e narrador, a narrativa pacto é uma ferramenta maravilhosa para conter na função de professor. No contexto da contação de histórias, a função de conter a situação do grupo também intervém. O conto funcionará como uma espécie de narrativa de um sonho comum, cada um desenvolverá certas linhas associativas, e o grupo encontrará uma primeira narrativa unificadora. O grupo permite que as crianças experimentem o pensamento com os outros e compartilhem algo por meio de seu envolvimento comum na história e nas particularidades do envolvimento de cada um. O poder dos contos de fadas só pode ser entendido se do mesmo modo for compartilhado e as crianças entre eles são cúmplices. CONTO, SONHO E NARRATIVA, UM EFEITO MATERNAL A oralidade inerente ao conto possibilita manter contato por meio dos olhos com os membros do grupo, compartilhar uma dimensão emocional e corporal mais forte ao impor a escrita a crianças em dificuldade. É indispensável para o trabalho a possibilidade da criança sonhar acordada e de fazer associações. É também a história quem permite o estabelecimento do pacto entre o narrador e seu público, contrato tácito entre quem quer contar e quem quer escutar. Por intermédio do pacto narrativo, a história oferece um prazer comum à criança que escuta e ao adulto que está dizendo. Neste espaço de prazer, espaço transicional, a criança será capaz de imaginar, isto é, de simbolizar. Este prazer está presente nas narrativas – tenham as especificidades que tiverem – um prazer em que a história preenche tanto a perda da mãe e do mundo e desempenha o papel de organizador secundário do espaço do corpo ameaçado dentro de seus limites no momento de adormecer. O ato de ler traz, portanto, benefícios aos leitores e, consequentemente, à sociedade, pois contribui para o desenvolvimento intelectual, aumentando a capacidade crítica e compreensiva, a aprendizagem, o desenvolvimento da linguagem, bem como ajuda a estabelecer um conceito global do mundo (PERES, 2010, p.6). O contador de histórias retorna, por meio do conto, com uma liberdade infantil que é negada em outro lugar e espaço. Enquanto a criança brinca de fantasia, escreve o adulto pode muito bem desfrutar da alegria da criança, do mesmo modo, enquanto a criança exulta, porque ele entende melhor, agora, algo que acontece nela, o prazer do contador de histórias pode nascer ou crescer dessa súbita percepção de que a criança está vivendo. REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 250 Além de sua função ilimitada, a história nos parece ser capaz de desempenhar um papel central da maternidade, no sentido de que a maternidade, explica-nos. Não é a maternidade, mas apenas a sua realização simbólica assim a verbalização, no e por meio do conto, das ansiedades e desejos da criança. Esta maternidade restabelece o para-raios defeituoso em algumas crianças. Uma oficina de contos é baseada em um apoio duplo. Apoio do conto sobre a maternidade (da palavra sobre a ação, do significado sobre o corpo vivido), apoio do cuidado sobre o dispositivo institucional – a escola. Permite assim um trabalho de restauração. O nicho que guarda o sonho reconstrói o que guarda o psíquico, o sonho retira o que a vida desfez do eu da pele e a história também tece um pouco o que a vida retirou. Nos contos existe a necessidade do acolhimento, da possibilidade em ter tempo para sonhar. Sonho em comum, a história não é estranha ao sonho. Como o sonho, a história nos dá acesso a outras cenas e cenários. A fórmula nos introduz a outra cena psíquica a partir do “Era uma Vez”. Seu material fantástico pode ser tratado como o conteúdo manifesto do sonho porque ali se encontram os mesmos mecanismos de elaboração, condensação, figuração e deslocamento. Mas a história não é apenas um sonho, até mesmo acordada. É mais elaborado do ponto de vista narrativo do que o sonho. É construído para ser facilmente memorizado, enquanto o sonho nos escapa, é esquecido. Pelo contrário, ela evoca a capacidade materna do devaneio, permitindo o acesso da criança ao pensamento, ou o tempo a zona do sono em que o conto preenche tanto a perda de entes queridos como do mundo e desempenha o papel de organizador secundário do espaço corporal ameaçado dentro dos seus limites neste momento. CONCEPÇÃO PSICANALÍTICA DOS CONTOS DE FADAS Freud estava muito interessado nas histórias, que aparecem em todo o seu trabalho, e ele se inclinou sobre seu simbolismo (Chapeuzinho vermelho e o lobo, por exemplo). Grande parte dos contos, deriva dos sonhos. Os contosde fadas podem vir de experiências contadas e recontadas. Além disso, a narrativa, como o sonho prossegue por oposição ou contraste, é lógico, tem significado manifestos e latentes, símbolos de utilização, interpreta e estende o conceito de realidade é uma forma de expressão dramatizada, contém elementos sexuais e culturais, exprime desejos, é humorística e utiliza mecanismos de deslocamento, avaliação e supervalorização. A magia" dos contos mantém todo o seu lugar na imaginação das crianças. A função das narrativas maravilhosas da tradição oral poderia ser apenas a de ajudar os habitantes de aldeias camponesas a atravessar as longas noites de inverno. Sua matéria? Os perigos do mundo, a crueldade, a morte, a fome, a violência dos homens e da natureza. Os contos populares pré-modernos talvez fizessem pouco mais do que nomear os medos presentes no coração de todos, adultos e crianças, que se reuniam em volta do fogo enquanto os lobos uivavam lá fora, o frio recrudescia e a fome era um espectro capaz de ceifar a vida dos mais frágeis, mês a mês (CORSO; CORSO, 2006. p,14). REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 251 Essa mágica permanece no poder das histórias, nas quais nossas interpretações possíveis e pessoais são inscritas. De fato, é esse poder que nos permite fazer a dupla jornada entre o mundo exterior e o mundo interior, entre o real e o imaginário. Na perspectiva dos contos de fadas de um ponto de vista teórico e clínico, Jung atribui grande importância, pois nessas histórias pode- se estudar melhor a anatomia comparativa da psique. Mitos e lendas ajudam a encontrar modelos básicos da psique e do material cultural. Há material cultural consciente menos específico nos contos que são a mais pura e simples expressão de processos coletivos inconscientes, os contos descrevem nossos complexos primários, mas também a maneira pela qual aprendemos a nos comportar no relacionamento com eles. A história pode representar uma maneira de pensar, imaginar e experimentar uma "animalização", a descrição do lobo feita por a Chapeuzinho vermelho está bem e sugestivo e é limitado a cabeça do animal. É tão erótico, entregando o corpo da criança a um contato animal, que por sua vez anima a criança. Portanto, não é apenas a avó que é um lobo fantasiado, mas a própria menina, durante esses minutos tensos, torna- se algo fora de sincronia com a família e a distinção homem e anima. É pelo seu conteúdo, seus mecanismos e a subjetividade com a qual reagimos a ele que o conto de fadas chega mais perto do sonho. Como no sonho, as ações dos personagens do conto, lutando com seus conflitos, buscam uma saída para seu desejo ou necessidade. Cada personagem constitui um polo de identificação possível ou impossível. O personagem possui três funções: as de identificação, transformação e intermediário. Mais precisamente, vincula processos primários e secundários, transforma fantasias inconscientes em narrativas estruturadas e atua como um intermediário entre o corpo e o meio social. REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 252 CONSIDERAÇÕES FINAIS A narrativa é uma forma de comunicação que constitui o ser humano no qual as experiências individuais são organizadas e comunicadas de maneira significativa. É feita intencionalmente e está associado a diferentes aspectos do entretenimento por meio da informação ou instrução sobre os princípios éticos e morais do ouvinte. Contar histórias é como a arte, vai além da narração cotidiana. Ela vive do contato direto entre contadores de histórias e ouvintes fisicamente presentes, criando ao longo do processo um interim no qual somente a vibração da palavra falada, as expressões e gestos do narrador na coexistência de contadores de histórias e ouvintes mundos imaginários faciais eloquentes em que as questões básicas da existência humana são percebidas em gestos e emoções ímpares. Desenvolvemos uma breve reflexão sobre as possibilidades que os contos tradicionais e as narrativas populares podem proporcionar às crianças em fase de desenvolvimento. As contribuições cedidas por essas histórias fantásticas vão para muito além das visões basilares de um senso comum castrador, pois trazem consigo prerrogativas importantes dos campos cognitivos, afetivos e sociais. Nas culturas não escritas, a narração é um meio para lembrar eventos passados (de significância nacional ou mundial) e sua estilização artificial, assim como para assegurar a identidade nacional. Com um roteiro heroico, esses substratos foram fixados e, assim, preservados do esquecimento. Hoje, essas narrativas formam um elemento básico do patrimônio cultural – que pode atuar em nível nacional ou internacional. Eles auxiliam a criança na organização de seu caos interno, é o poder da história para permitir inventar, criar e recriar um espaço para a imaginação, um espaço de compromisso entre sonho e realidade, princípios de prazer e realidade. O conto abre as portas e nos apresenta um esquema que por assim dizer nasce em uma família anônima em um lugar não localizado – a infância do herói nunca acontece sem acidentes ou em local identificável. Ele é quem relaciona a passagem por meio do cruzamento simbólico das aventuras do herói, o caminho de seu próprio conhecimento que a criança desenvolve. O conto aparece como um amalgama dos momentos cruciais do desenvolvimento. Consideramos que os contos têm ainda um poder particular, eles apresentam o simplório, como indiferente à sua situação. A criança é feliz enquanto nada é esperado dele, não é culpa dele se e a história nunca nos explica por que ele é considerado assim. Mas ele pode ter sucesso e até superar os outros. Ao mesmo tempo, a dificuldade dos mais fracos é reconhecido pelo grupo humano. O conto e o grupo servem para fazer essa conexão. O herói se lança contra o mundo (nas histórias, a obrigação de sair de casa é equivalente à necessidade de se tornar alguém). Mostra à criança como ter sucesso enfrentando os perigos com confiança, isto é, tomando consciência de seu próprio valor. REVISTA MAIS EDUCAÇÃO 253 REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo: Scipione; 1995. BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise nos Contos de Fadas. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO Mário. Fadas no divã: psicanálise nas histórias infantis. Porto Alegre: Artmed, 2006 GIGLIO, Z. G. A utilização pedagógica do maravilhoso. In: Revista NEP, São Paulo: UNICAMP, p.65-85, 1993. PERES, Giani. Criar leitores: estratégias que podem ser usadas para favorecer a expressão da criança. In: Revista do professor (Porto Alegre). Porto Alegre, RS Vol. 26, n. 102 (abr./jun. 2010), p. 5-9: il. TELES, Damares Araújo. A literatura infantil nos anos iniciais do ensino fundamental: importância e contribuições para a formação de leitores. Disponível:http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_or al_idinscrito_184_90853e17a4727597548cf1f714335c0f.pdf.Data de Acesso em 18/08/2019. http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_184_90853e17a4727597548cf1f714335c0f.pdf http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_184_90853e17a4727597548cf1f714335c0f.pdf REVISTA MAIS EDUCAÇÃO www.revistamaiseducacao.com E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 302 - Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417 EDITORA CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
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