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Centro Universitário da Amazônia Curso: Bacharelado em Direito Aula 01: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) Disciplina: Teoria Geral do Direito Civil Professora Dra. Nazaré Rebelo E-mail: professoranazarerebelo@gmail.com Direito Civil I • Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro • Decreto-Lei 4.657/1942 – redação da pela Lei 12.376/2010 • O âmbito de aplicação é todo o ordenamento jurídico (normas de direito privado bem como de direito público). Direito Civil I • A Lei da Leis • “Disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento, no tempo e no espaço”. • Carlos Roberto Gonçalves A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro • Bojo da LINDB: • a) Vigência e eficácia das normas jurídicas; • b) Conflito de leis no tempo; • c) Conflito de leis no espaço; • d) Critérios hermenêuticos; • e) Critérios de integração do ordenamento jurídico; • f) Normas de direito internacional privado (arts. 7º a 19). Natureza Jurídica • Lex Legum/norma de sobre direito/norma de superdireito: • A LINDB é uma norma jurídica que tem o objetivo de regular a aplicação da lei brasileira no tempo e no espaço. • As demais leis têm o foco no fato social. • A LINDB tem o foco na própria lei. Estrutura • Art. 1º ao 6º - vigência da lei no tempo. • Art. 7º ao 19 - vigência da lei no espaço (Direito internacional privado) O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição, decreta: (Modo de aplicação da lei no tempo) Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país QUARENTA E CINCO DIAS depois de oficialmente publicada. § 1o Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia TRÊS MESES depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953) A LINDB tem por funções regulamentar: O início da obrigatoriedade da lei: • § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. • § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. • Podemos entender a vacatio legis como sendo o período entre a publicação da lei e sua vigência. Correção de lei • A lei corrigida já está vigorando: • 1) Correção = lei nova/ novo nº • 2) A lei corrigida ainda não estava vigorando • a. A lei estava em vacatio legis • b. Mesma lei –mesmo nº - reiniciada a contagem da vacatio legis • i. Doutrina: alteração substancial: reinicia a contagem para toda a lei • ii. Alteração não é substancial: reinicia apenas para os dispositivos alterados O tempo de obrigatoriedade da lei • Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) • § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. • § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. • § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência (REPRISTINAÇÃO). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L3991.htm REPRISTINAÇÃO • O fenômeno pelo qual uma norma jurídica revogada volta, automaticamente, a ser válida pela perda de validade ou de vigência da norma revogadora chama-se repristinação. • Ela é expressamente proibida pelo parágrafo 3º do artigo 2º da LINDB: • “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm Repristinação • O tema da revogação suscita uma discussão interessante: se uma norma que revogou outra perder a validade, a norma revogada volta a ser válida? • Por exemplo: a Lei n. 20 revoga a Lei n. 10; seja por revogação, seja por caducidade, a Lei n. 20 deixa de ser válida; a Lei n. 10 voltará a ser válida? http://introducaoaodireito.info/wp/?p=562 • A eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente, que a comprometeria: • Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Direito Civil I • Modo de entendimento: • Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito Direito Civil I • Modo de aplicação da Lei: • Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. • Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. • CF/88, art. 5º, XXXVI: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; • XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; • XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. • a regra é a irretroatividade, mas a lei penal retroage para beneficiar o réu. Direito Civil I Os mecanismos de integração das normas quando houver lacunas; Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Direito Civil I Os critérios de hermenêutica jurídica: Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Direito Civil I O direito intertemporal, para assegurar a estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando situações consolidadas • Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Direito Civil I • § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. • § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Direito Civil I • § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. Direito Civil I • Modo de Aplicação no Espaço: • Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. Direito Civil I O direito internacional privado brasileiro: Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. Direito Civil I Os atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras: Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. Derrogação e ab-rogação • É a revogação parcial de uma lei, ou seja, parte dela continua em vigor, enquanto outra parte é extinta em decorrência da publicação de uma nova lei que expressamente declare revogado determinados dispositivos ou quando tratar da mesma matéria, porém de forma diversa. • Não se confunde com ab-rogação, que é a revogação de uma lei por completo. • Fundamentação: • Art. 2º, "caput" e § 1º da LINDB REVOGAÇÃO • Significa deixar de vigorar, de ter efeito ou de ser válido. • Consiste em anular algo, como alguma lei ou algum dispositivo legal, por exemplo. • É o ato que implica em tirar os efeitos de alguma decisão, lei, ordem etc. • Fundamentação: • Arts. 14, parágrafo único; 429, parágrafo único; 555 a 564, entre outros do CC • Arts. 40, 64, I; 81, 82, 86, entre outros do CP • Arts. 136, 310,316, 350, 375, entre outros do CPP • Arts. 111, 296; 393, entre outros do NCPC • A revogação expressa se dá no momento em que a lei revogada aduz, inequivocamente, sua própria condição de revogada, podendo citar por qual outra o tenha sido. Serve-nos o mesmo exemplo alhures mencionado sobre o Código Civil, no qual os artigos 1.620 a 1.629 estão sob a inscrição “(Revogados pela Lei n. 12.010, de 3-8-2009.)”. • Já na revogação tácita, a lei ou artigo de lei continua presente nesta, sem guardar, todavia, aplicabilidade. EXEMPLO • É o que ocorre com o art. 34 do Código de Processo Penal. Referido dispositivo reza que “Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.” • Entretanto, com o advento do novo código civil, quando a maioridade diminuiu para os 18 (dezoito) anos de idade, aquele dispositivo foi tacitamente revogado, porquanto, agora, a única forma de exercer o direito de queixa após os 18 anos, além da própria vítima, é por meio da representação convencional (por meio de mandato) e não mais através da representação legal (aquela decorrente da lei, v.g., a representação dos pais para com os filhos menores). Antinomia jurídica • Contradição real ou aparente entre normas dentro de um sistema jurídico, dificultando-se, assim, sua interpretação e reduzindo a segurança jurídica no território e tempo de vigência daquele sistema. • Pode ocorrer entre duas normas, dois princípios jurídicos ou entre uma norma e um princípio aplicado a um caso particular. Pesquisem para a próxima aula • O que são princípios gerais do direito e qual sua importância para o ordenamento jurídico brasileiro, à luz da LINDB. Assunto para próxima aula 21/08/19 • O Direito Civil no Brasil • Pessoa Natural
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