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aula de Direito Civil II

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AULA – DIREITO CIVIL II
3° PERÍODO 
Anderson Luiz A. Júnior 
· Direito das obrigações 
· Início das obrigações: De acordo com o doutrinador clássico Silvio Sávio Venosa, o homem atribui valor a tudo aquilo que o cerca. Desta forma, um homem que não tem água dará mais valor à água, o homem que não tem teto dará mais valor a uma casa, etc.
A relação jurídica se estabelece justamente em função desses valores do ser humano na sociedade. A todo momento somos estimulados a praticar ações de valores que outorgamos: trabalhamos, compramos, vendemos, alugamos, contraímos matrimônio, etc.
· Obrigação Jurídica: aquela protegida pelo Estado, que lhe dá a garantia da coerção no cumprimento, que depende de uma norma, uma lei, ou um contrato ou negócio jurídico, enfim.
OBS: entretanto, não somente a manifestação da vontade faz nascer uma obrigação. Existem também obrigações que surgem de situações jurídicas de desequilíbrio. Quando uma pessoa causa dano intencional a outrem, surge a OBRIGAÇÃO de reparação de dano, segundo o Art. 186; CAPUT; Código Civil. 
· Conceito de obrigações de acordo com o Institutas de Justiniano: obligatio est juris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, secundum nostrae civitatis jura. (a obrigação é um vínculo jurídico que nos obriga a pagar alguma coisa, ou seja, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa).
· Conceito moderno de Obrigações: é um conjunto de normas que regem as relações jurídicas de ordem patrimonial, onde um sujeito tem o dever de prestar e o outro tem o direito de exigir essa prestação, ou seja, um deve fazer algo e o outro deve receber esse algo.
Nosso Código Civil não apresenta definição de obrigação (quem é devedor e quem é credor), no que andou bem, pois o conceito é intuitivo e não cabe, como regra geral, ao legislador definir.
· Fim das obrigações: Uma vez satisfeito o credor, quer amigável (quando o devedor paga de forma direita), quer judicialmente (quando o credor busca seus devidos pagamentos em justiça), a obrigação deixa de existir.
Não pode existir obrigação perene. Por mais longa que sejam as obrigações, um dia elas se extinguirão. 
· DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS OBRIGACIONAIS
· Direitos reais
Direito das coisas;
Direito absoluto;
Não comporta mais do que um titular;
Aquele que concede gozo e a fruição dos bens;
Não são numerosos.
· Direito das obrigações 
Tem em mira as relações humanas;
Relativo, uma vez que o devedor pode variar dependendo da situação;
Comporta um sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor);
Concede direito a uma ou mais prestações 
De caráter essencialmente transitório.
OBS1: O DIREITO REAL (DIREITO DAS COISAS) NASCE COM O FIM DAS OBRIGAÇÕES.
OBS2: O DIREITO REAL PODE SER UMA GARANTIA DE UMA OBRIGAÇÃO PENHOR E HIPOTECA).
· Importância das obrigações 
1. Grande influência na vida econômica do Estado (produção, distribuição e consumo);
2. Estruturação do regime econômico (segurança de poder comprar);
3. Extensão dos direitos das obrigações e todas as atividades de natureza patrimonial desde os mais simples ao mais complexo (participação do Direito das obrigações em tudo).
· Evolução da teoria das obrigações
Anterior ao Séc IV a.C, a de devedor em inadimplência pagava seus débitos com o corpo. 
No Séc IV a.C entrou em vigor a Lex Poetelia Papiria, dando um fim a essa prática.
A partir do Séc XVI, após os estudos romanísticos nos séculos X e XI, voltava a luz a legislação romana, que era superior a todos os direitos locais. O direito romano e a influência da Igreja, surgiu a Codificação napoleônica, que deu início a regra da força obrigatória dos contratos. Tal regra fez com que o inadimplemento da obrigação fosse restituída com o próprio bem.
· Estrutura da relação obrigacional 
Estrutura-se pelo vínculo entre dois sujeitos (credor e devedor), para que um deles satisfaça o outro em determinada prestação.
Preliminarmente, o interesse do credor é que o devedor, sujeito passivo, satisfaça, voluntária ou coativamente, a prestação.
Importa não confundir a prestação, ou seja, a atividade do devedor, em prol do credor, que se constitui no objeto imediato da obrigação. Dito isso, a obrigação de cumprir com as prestações e do devedor, e, por outro lado, é obrigação do credor praticar a execução do serviço pago pelo devedor.
· Sujeitos da Relação Obrigacional
Sujeito ativo – Credor / Sujeito passivo – Devedor 
Sujeito ativo: tem interesse eu que a prestação seja cumprida, por meio amigável (quando o devedor cumpre a obrigação sem nenhum problema) ou por meio judicial.
Por meio coativo, o credor pode exigir o cumprimento da obrigação ou a execução do devedor.
Art. 385; - Art. 286; - Art. 331; Código Civil 
Sujeito passivo: é a pessoa que deve praticar certa conduta, determinada atividade, em prol do credor (a pessoa a qual recai o dever de efetuar a prestação).
· Objeto da relação obrigacional 
Trata-se do ponto material sobre o qual incide a obrigação.
As prestações sempre cabem aos devedores. As prestações são atividades positivas ou negativas, consiste em dar, fazer ou não fazer algo.
· Atividades positivas: Compra e venda, realização de um serviço, entrega de um objeto;
· Atividades negativas: obstenção de um comerciante de se estabelecer nas proximidades de outro, dois vizinhos que acordam em não fazer um muro, etc;
OBS1: a atividade culminada pelo devedor (prestação), consiste em um objeto imediato;
OBS2: o bem material que se insere na prestação consiste no objeto mediato.
· Nulidade das obrigações 
A prestação deve ser física e juridicamente possível 
· Art. 166; II; Código Civil: Quando a prestação for inteiramente impossível, será nula a obrigação;
· Art. 106; Código Civil: Quando a prestação for parcialmente impossível, não se invalidará a obrigação, uma vez que o cumprimento da parcela possível poderá ser útil ao credor; 
· Ainda no Art. 106: uma prestação impossível ao nascer, que se torne possível quando do momento do cumprimento, é perfeitamente válida e deve ser cumprida.
· Débito e responsabilidade
· Débito/Schuld: quando o sujeito passivo deve praticar ou deixar de praticar algo em razão do credor;
· Responsabilidade/ Haftung: consiste em meios coercíveis assegurados aos credores, pelo estado, para conseguir a prática de pagamento da prestação.
OBS1: em regra, o débito e a responsabilidades andam juntos;
Ex.: existe uma responsabilidade (do credor) sobre o devedor, pois o devedor adquiriu um debito;
OBS2: existem casos excepcionais em que o débito e a responsabilidade não andam juntos.
Ex.: quando um fiador se responsabiliza pelo débito de terceiro, existe a responsabilidade, mas não existe o débito.
Esse vínculo bipartido (débito e responsabilidade) deve estar presente na maioria esmagadora das obrigações. Neste caso, sublimando o débito, deixando a obrigação de ser cumprida, ressalta-se a responsabilidade (garantia do patrimônio para o cumprimento, como consequência da exigibilidade).
Em outras palavras, a obrigação traz consigo a possibilidade do credor, de forma coercitiva, usar os meios legais e necessários para que seja cumprido inadimplemento da obrigação. 
Caso a obrigação seja cumprida de forma espontânea (também conhecida como adimplemento amigável), a responsabilidade funciona apenas espiritualmente, como pressão psíquica sobre o devedor. Não cumprida a obrigação, a pressão psíquica se materializa na execução do devedor.
	
· Obrigação legal e obrigação natural
As obrigações legais são as que possuem todos os seus elementos constitutivos já citados anteriormente. São ditas como Obrigações perfeitas ou obrigações civis.
As obrigações naturais são obrigações incompletas. A principal característica das obrigações naturais é a não exigibilidade de cumprimento judicial. Entretanto, uma vez paga a obrigação natural, o pagador não tem o direito de exigir o pagamento de volta.
Ex.: os 10% do garçom. Essa é uma espécie de obrigação natural, não é exigida juridicamente. Entretanto, uma vez que o cliente paga os 10%, ele não tem o direito de pedir restituição do valor pago.· Fontes das obrigações 
· Introdução 
O direito nasce sempre de um fato: Ex facto ius oritur.
Dentro da parte geral do Direito Civil, analisa-se as “fontes do direito”. A expressão “fontes do direito” cabe em dois aspectos; a) de onde brota o direito; b) fontes de aplicação do direito.
Dito isso, debateremos as fontes das obrigações no sentido histórico, ou seja, de onde nasce as obrigações.
As obrigações são certos atos, que dão margem à criação, ao surgimento das obrigações.
“Assim, estudar as fontes significa investigar como nascem e se formam, de onde surgem e por que determinada pessoa passa a ter dever de efetuar determinada prestação para outra”
- VENOSA, Silvio Sávio – 2014
· Críticas
Alguns doutrinadores, como Sílvio Rodrigues e Sílvio de Salvo Venosa, criticam o fato de se ver na Lei a fonte primeira das obrigações. Como cita Sílvio Rodrigues, sempre têm por fonte a lei, sendo que nalguns casos, embora esta apareça como fonte mediata, outros elementos despontam como causadores imediatos do vínculo. Assim, a vontade humana ou o ato ilícito.
Na visão de Sílvio Rodrigues, mesmo que a lei apareça como uma fonte primária de nascimento de uma obrigação, o que de fato importa é a vontade ou o ato ilícito. 
Sílvio entende que, para a lei ser aplicada, ela precisa de um ato ilícito ou da manifestação da vontade de alguém, isso faz com que os contratos (manifestação da vontade) seja a principal fonte das obrigações.
Mas, por outro lado, Sílvio conclui que, em todas as fontes do Direito, a lei é sempre uma fonte causadora da obrigação, pois, em última análise, só há obrigação se o ordenamento jurídico (lei, princípios gerais do direito, analogia, jurisprudência, doutrina) admitir.
OBS: Caio Mário da Silva Pereira menciona que há obrigações que decorrem exclusivamente da lei, como é o caso da obrigação do eleitor e a obrigação de alimentar. Porém, o autor diz que esses dois institutos não são obrigações e sim deveres jurídicos. 
Caio afirma que somente deveriam existir duas fontes de obrigações: a) fonte em que a força de garantia é à vontade; b) a força maior é a lei.
a) Fonte em que a força maior é à vontade: nessa fonte, os legisladores deveriam incluir os contratos, sejam bilaterais ou unilaterais;
b) Fonte em que a força maior é a lei: neste caso, deveríamos destinar à lei todos os casos de ato ilícito e deveres jurídicos do cidadão.
· Tipos de fontes 
1. Lei, princípios gerais do direito, analogia, doutrina e equidade:
A título de exemplo, a lei civil traz em sua matéria o dever de alimentar. Se na fase de cumprimento de sentença o juiz reconhece o dever de pagar alimentos, a partir daí surge uma obrigação; (Art. 1.694 a 1.710; Código Civil)
2. Contratos/títulos de créditos (principal fonte):
Neste caso, a obrigação surge com a manifestação da vontade, seja por contrato, seja por títulos de crédito.
Quando se fala de contrato, existe a possibilidade de anulação ou nulidade do contrato, fazendo com que o autor prove que o contrato não apresenta vícios;
Quando se fala de títulos de crédito (Ex.: nota promissória), o processo inicia de forma imediata, sem que o autor comprove o não vício do negócio.
3. Atos ilícitos:
Surge de uma ação ou omissão culposa ou dolosa do agente que causa dano a outrem (Art. 186 e 187; Código Civil). Na minha humilde opinião, vejo que os atos ilícitos e as leis tratam-se de uma mesma fonte, pois, a própria lei traz em sua matéria quais são os atos ilícitos. 
4. Atos unilaterais 
Atos que se iniciam de uma só parte.
A) Recompensa Art. 854 a 860; Código Civil: para que essa obrigação se inicie, basta que eu ofereça recompensa a outrem.
Para que o ato unilateral seja válido, o mesmo precisa de duas qualificantes;
I. Capacidade da pessoa que emite a declaração da vontade;
II. Precisa de um ato de publicidade;
Obs.: Para que exista a revogação da recompensa, é necessário que eu também torne pública a revogação 
B) Gestão de negócios Art. 861 a 875; Código Civil: se eu faço algo que envolva pecúnia para um vizinho ou alguém próximo porque o mesmo, no momento do ocorrido se fazia ausente, surge a obrigação para que o mesmo me restitua.
C) Pagamento indevido Art. 876 a 883; Código Civil: todo aquele que recebeu o que lhe não era devido, este fica obrigado a restituir.
Para que ocorra a restituição dos devidos, àquele que pagou de forma voluntaria, este precisa provar de tê-lo feito por erro.
D) Enriquecimento sem causa Art. 884 a 886; Código Civil: aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevido.
Para que ocorra o enriquecimento sem causa, necessariamente precisa existir o nexo de causalidade entre o patrimônio da pessoa lesada e o aumento de patrimônio do outro.
· Espécies das obrigações 
Como já vimos antes, o objeto da obrigação é a prestação. 
Para os romanos, a prestação podia consistir num dare, facere ou prestare.
Dare: obrigação de dar indica o dever de transferir ao credor uma certa quantia ou coisa, como no caso de compra e venda;
Facere: obrigação de fazer, é aquela na qual o devedor deve praticar ou não praticar determinado ato em favor do credor;
Prestare: obrigação de prestar, deu margem a sérias divergências. Para alguns doutrinadores, prestare é um termo que abrange qualquer objeto da obrigação, de dar ou de fazer.
· Introdução às classificações
As obrigações de dar e de fazer são denominadas obrigações positivas. Por outro lado, as obrigações de não fazer, que implicam abstenção por parte do devedor, são chamadas obrigações negativas.
· Quanto ao objeto: as obrigações poderão ser simples ou conjuntas.
Serão simples quando a prestação importar em um único ato ou numa só coisa, singular ou coletiva (Art. 89, CC).
Por outro lado, existem as obrigações conjuntas. São aquelas cuja prestação comporta mais de um ato ou mais de uma coisa, devendo todos ser cumpridos
· Quanto ao sujeito: as obrigações também podem provir de um só credor e um só devedor ou de vários credores e vários devedores. Havendo só um credor e só um devedor, a obrigação é única. A obrigação será múltipla quando houver mais de um credor ou mais de um devedor.
· Quanto ao modo de execução: (não se confunda com o objeto). As obrigações podem ser simples, conjuntivas, alternativas e facultativas. 
Simples: quando as obrigações aparecem sem qualquer cláusula restritiva;
Conjuntivas: serão conjuntivas quando ligadas pela aditiva “e”.
Ex.: pagarei um cavalo e um boi.
Portanto, o devedor deverá pagar um cavalo e um boi.
Alternativas: serão alternativas quando ligadas pelas partículas “ou”.
Ex.: pagarei um cavalo ou um boi.
Portanto, o devedor poderá pagar um ou outro.
Facultativa: são aquelas em que o objeto de prestação é um só:
Ex.: pagarei um cavalo.
Todavia, faculta-se ao devedor cumprir a obrigação, substituindo o objeto, podendo entregar um boi, em vez do cavalo.
 
Dito isso, vamos analisar de forma aprofundada as diversas classificações utilizadas por pelos juristas brasileiros.
· Classificações das obrigações
· Obrigação de dar: coisa certa e coisa incerta
Em uma visão geral, a obrigação de dar tem como conteúdo a entrega de uma coisa.
Em uma visão mais aprofundada, a obrigação de dar não se constitui especificamente na entrega efetiva da coisa, mas num compromisso de entrega da coisa.
A obrigação de dar gera apenas um direito à coisa e não exatamente um direito real. O direito real nasce pela transcrição do título no Registro de Imóvel, ou seja, os imóveis são adquiridos pela tradição.
Sendo assim, se eu compro um imóvel, eu adquiro uma obrigação. Ao fazer o pagamento do imóvel, eu tenho o direito ao imóvel e não um direito real. O direito real sobre o imóvel vem quando ocorre a tradição, ou seja, quando o antigo dono do imóvel passa-o para o meu nome.
Dito isso, concluímos que a obrigação de dar é aquela que o devedor se compromete a entregar uma coisa móvel ou imóvel ao credor, quer para constituir novo direito, quer para restituir a mesma coisa a seu titular.
1. Obrigação de dar coisa certa 
O verbo dar deve ser compreendido maisamplamente como ato de entregar. Certa será a coisa determinada, perfeitamente caracterizada e individuada.
O código de 1916 falava no Art. 863 que “o credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa”. No atual código, encontramos isso no Art. 313
Art 313, Código Civil O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa
Sempre se deve esse princípio como básico para a obrigação de dar coisa certa, conforme antiga regra do Direito Romano.
Deste modo, da mesma forma que o credor não pode ser obrigado a receber prestação diversa do avençado, ainda que mais valiosa, não pode este mesmo credor exigir outra prestação, ainda que menos valiosa, ou seja, os contratos devem ser cumpridos da mesma forma que foram ajustados (pacta sunt servanda).
OBS: Dação em pagamento 
Na dação em pagamento (Art. 356 a 359, CC), um dos meios de extinção das obrigações, uma coisa é dada por outra, mas com o consentimento do credor, consentimento esse que é essencial para o instituto.
Deste modo, o credor pode consentir em receber outra coisa em troca do real devido, mas não pode ser obrigado a receber.
PARA FIXAR:
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: O CREDOR NÃO PODE SER OBRIGADO A RECEBER OUTRA COISA QUE NÃO SEJA ACORDADA, AINDA QUE MAIS VALIOSA.
DAÇÃO EM PAGAMENTO: O CREDOR CONSENT E EM RECEBER OUTRA COISA EM TROCA DO REAL DEVIDO
1.2. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa na obrigação de dar coisa certa
Quando se trata de perda ou deterioração da coisa nessa modalidade de obrigação, o objetivo do nosso código é separar o momento anterior e o momento posterior à tradição da coisa, para assim, saber à quem se atribui a obrigação. 
Perda, na técnica de nossa ciência, é o desaparecimento total da coisa para fins jurídicos. Assim, se a coisa é destruída por incêndio ou é furtada, temos que houve a perda, desaparecimento total da coisa para fins patrimoniais. Quando, por outro lado, a coisa sofre danos, sem que desapareça, como por exemplo um acidente que a danifique parcialmente, fala a lei de deterioração da coisa, porque a lei quer exprimir a perda parcial.
Como diz Álvaro Villança Azevedo, seriam de melhor entendimento as expressões perda total ou perda parcial da coisa, mas o vocábulo perda e deterioração acham-se consagrados no uso jurídico.
Verdadeiro divisor de água quanto à responsabilidade na perda ou deterioração é a existência ou não de culpa por parte do devedor. Sempre que houver culpa, haverá direito a indenização por perdas e danos.
O código distingue a perda antes e depois da tradição
· Antes da tradição
Perda da coisa:
Art. 234 (primeira parte) se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes;
Deste modo, se o devedor se obrigou a dar um cavalo e este vem a falecer decorrente à caso fortuito ou de força maior, desaparece a obrigação, sem ônus para as partes, devendo ambas voltar ao estado anterior, ou seja, se o cavalo já foi pago pelo comprador, evidentemente deve ser devolvido o preço, com atualização da moeda. 
Contudo, como não houve culpa, não se deve falar em perdas e danos.
Art. 234 (segunda parte) se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Conforme diz o Art. 402, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Para uma melhor compreensão, se o devedor se obrigou a pagar um cavalo e este vem a falecer porque não foi devidamente alimentado, deve o devedor culpado pagar o valor do animal e mais o prejuízo que o credor pegou, como, por exemplo, se o credor comprou o cavalo para o mesmo participar de uma competição já contratada pelo comprador, ou o seu valor de revenda a que este comprador já estabeleceu.
Deterioração da coisa 
Art. 235 (sem culpa do devedor) deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Dito isso, vemos que a deterioração da coisa acarreta uma depreciação. Não sendo o devedor culpado, abrem-se duas alternativas ao credor.
a) Resolver a obrigação, recebendo a restituição do preço, se já tiver pago;
b) Aceitar a coisa, no estado em que ficou abatendo-se em seu preço o valor da depreciação.
Assim, se o credor adquire um cavalo para corrida e o animal vem a contrair moléstia que o impede de competir, servindo apenas para a reprodução, o comprador poderá dar por resolvida a obrigação, se não mais pretender a coisa, ou receber semovente, abatendo-se o preço respectivo, levando-se em conta o valor de um animal para reprodução e não mais de competições.
Art. 236 (com culpa do devedor) sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um outro caso, indenização das perdas e danos
Como já falamos, sempre que houver culpa, haverá a possibilidade de indenização por perdas e danos. Aqui o credor terá a alternativa de receber ou enjeitar a coisa, mas sempre com direito de haver perdas e danos. O valor da indenização será apurado, geralmente, por intermédio da perícia.
· Após a tradição
A tradição da coisa faz cessar a responsabilidade do devedor. Se a coisa perece após a entrega, o risco é suportado pelo comprador.
É claro que, mesmo após a tradição, se houver fraude ou negligência do devedor, este deve ser responsabilizado. Por outro lado, o credor pode ser colocado em mora, quando a coisa for posta a sua disposição no tempo, lugar e modo ajustados, correndo por conta dele os riscos.
1.3. Melhoramentos, acréscimos e frutos na obrigação de dar coisa certa
Assim como a coisa pode perder-se, ou seu valor ser diminuído, pode ocorrer que, no tempo compreendido entre a constituição da obrigação e a tradição da coisa, esta venha a receber melhoramentos ou acrescidos. São os cômodos na obrigação. É o caso, por exemplo, da compra de um animal que fique prenhe quando ser da tradição.
Esse fenômeno, sem dúvida, altera a situação jurídica da obrigação.
Enquanto não ocorrer a tradição, a efetiva entrega da coisa, esta pertence ao devedor e, por consequência, os melhoramentos e acrescidos pertencerão a ele.
Art. 237, cc até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Assim, como o devedor perde quando a coisa desaparece ou diminui o valor, deve ganhar quando ocorre o oposto, quando há o aumento no valor da coisa.
Deve ser lembrado, no entanto, que essa regra geral poderá comportar exceções:
Se o devedor promoveu o acréscimo ou melhoramento com evidente má-fé, para tumultuar o negócio, ou dele obteve maior proveito, é claro que o princípio, pela lógica, mão poderá prevalecer.
Por estes princípios estudados anteriormente (melhoramentos, acréscimos e frutos na obrigação de dar coisa certa), fica bem clara a distinção feita em nossa lei para o momento que nasce o direito real: enquanto não houver a tradição, para os móveis, e a transcrição para os imóveis, não há direito real. Até esses fenômenos só existem direito obrigacional, pessoal; caso exista a tradição ou a transcrição, as regras aqui expostas dos riscos de cômodos da obrigação, não se aplicariam 
Parágrafo único: os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Em Direito Civil parte geral, ao falarmos dos bens, tratamos dos frutos. Como vimos, os frutos são riquezas normalmente produzidas por um bem, podendo tanto ser uma safra, como os rendimentos de um capital. No tocante, às obrigações de dar coisa certa, código atém-se aos frutos naturais. Os pendentes são do credor e os percebidos são do devedor. Os frutos pendentes são acessórios e acompanham o destino da coisa. Os percebidos já foram separados e já estão com o possuidor.
EXEMPLO
Bens pendentes:
Coloquei uma piscinaem minha casa. Desta maneira, a piscina acompanha o destino da casa, ou seja, ao vender a casa, automaticamente a piscina é vendida junto
Bens percebidos:
Ao vender minha casa, irei retirar todos os meus móveis, ou seja, os móveis não acompanharão o destino da casa. Estes são os chamados bens percebidos, e estes são meus.
1.4. Obrigação de restituir 
a obrigação de restituir é aquela que tem por objeto uma devolução de coisa certa, por parte do devedor, coisa essa que, por qualquer título, encontra-se em poder do devedor, como ocorre no comodato e na locação.
Na obrigação de restituir coisa certa, a prestação consiste na devolução da coisa ao credor, que já era seu proprietário ou titular de outro direito real, em época anterior à criação da obrigação.
· Diferença entre dar coisa certa e restituir 
Na obrigação de dar, a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição. Na obrigação de restituir, pelo contrário, a coisa já pertence ao credor, que tem obrigação de efetuar a devolução.
1.5. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa na obrigação de restituir
· Perdas 
Sem culpa do devedor
Art. 238, cc se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direito até o dia da perda.
Vigora aí o princípio “res perit domino”, ou seja, se resolve a obrigação porque desapareceu seu objeto. Contudo, a lei ressalva os direitos do credor até o dia da perda, como aluguéis, seguro, etc.
Com culpa do devedor
Art. 239, cc se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
O devedor que tem a coisa alheia sob sua guarda, deve zelar por ela. Caso, por culpa ou dolo, a coisa se perca, deve repor o equivalente, com perdas e danos. 
Não devemos esquecer o que se afirmou anteriormente, que sempre haverá direito a perdas e danos quando ocorrer a culpa.
Obs: o comodatário tem a obrigação de restituir a coisa emprestada e responderá pelo dano ocorrido, ainda que derivado de caso fortuito ou força maior, se antepuser a salvação de seus próprios bens, abandonando os bens emprestados (Art. 583).
· Deterioração 
Sem culpa do devedor
Art. 240, cc (primeira parte) se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, recebe-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização;
Neste caso, o credor tem que receber a coisa do jeito que ela se encontra, sem possibilidades de se discutir a indenização por perdas e danos.
Art. 240, cc(segunda parte) se por culpa do devedor, observa-se-á o disposto no art. 239.
O credor tem a possibilidade de cobrar o equivalente a deterioração ou aceitar a devolução da coisa tal como se encontra, com direitoa reclamar, em qualquer das duas hipóteses, indenização das perdas e danos.
1.6. Melhoramentos, acréscimos e frutos na obrigação de restituir 
Art. 241, cc se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Neste caso, se o objeto de empréstimo, já pertencente ao credor, sofre grande valoração, a vantagem é do devedor.
Caso o objeto de empréstimo tenha sofrido uma valoração decorrente a um trabalho do devedor, o regime será de benfeitorias 
Neste caso, importa saber se o melhoramento ou acréscimo decorreu de boa ou má-fé do devedor. Estando de boa-fé, tem o devedor direito aos aumentos ou melhoramentos necessários e úteis. Quando se refere aos voluptuários, se não for pago o respectivo valor, poderá o devedor tomar para sí, desde que não haja detrimento para a coisa.
O devedor de má-fé só terá direito à indenização pelos acréscimos necessários, não devendo ser ressarcido pelos melhoramentos úteis, nem podendo tomar para sí os acréscimos voluptuários.
1.7. Execução da obrigação de dar coisa certa
Uma questão pertinente é saber se o devedor, se recusando de entregar a coisa na obrigação de dar coisa certa, pode ser obrigado a fazê-lo.
Na obrigação de restituir esse problema não se encaixa, uma vez que a coisa já pertence ao credor e, desaparecendo a razão de permanência dela em poder do devedor, o credor tem meios para reavê-la. No caso de comodato, por exemplo, após a constituição em mora do devedor, o credor pode ingressar com ação de reintegração de posse. No caso de cessão de imóvel para moradia em relação de trabalho, ou seja, o empregador alugou uma casa para moradia de seu empregado e, posteriormente a relação de emprego venha ao seu término, a ação para reaver o imóvel é a ação de despejo, por força do art. 47, II, da atual Lei do Inquilinato
Dito isto, vemos que a obrigação de restituir é aquela que mais facilmente permite a execução da espécie.
Na obrigação de dar coisa certa, essa discussão se torna um pouco mais complexa.
Se eu paguei um apartamento, mas ainda não ocorreu a tradição do imóvel ou registro do imóvel, então ainda não houve a transmissão da propriedade e a mesma ainda não é minha.
A dúvida decorrente desse conteúdo é: posso pedir somente a indenização por perdas e danos ou existe algum meio de obrigar o devedor a entregar o imóvel?
O direito não pode tolerar a injusta recusa. É claro que a execução in natura é impossibilitada se a coisa não existe mais, por qualquer razão. Entretanto, se a coisa está na posse e no patrimônio do devedor, a lei deve me reparar, com instrumentos, para que eu possa exigir que o devedor me entregue o imóvel.
2. Obrigação de dar coisa incerta 
A obrigação de dar coisa incerta tem por objeto a entrega de uma quantidade de certo gênero e não mais de uma coisa especificada. 
Art. 243, cc a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade 
A incerteza não significa propriamente uma indeterminação, mas uma determinação genericamente feita.
Exemplos de obrigação de dar coisa incerta
a) Uma tonelada de trigo;
b) Um milhão de reais;
c) 10 cabeças de gado;
d) Cem grossas de lápis;
e) Um saco de batata.
A coisa é indicada tão somente pelo gênero. O que a lei pretende dizer ao se referir à coisa incerta é fazer referência à coisa indeterminada, mas suscetível de oportuna determinação.
Na obrigação de dar coisa incerta, há um momento que antecede a entrega da coisa. Esse momento é o ato de escolher o que vai ser entregue. Essa escolha pode ser conforme a vontade do contratado (não podendo escolher o pior produto e nem sendo obrigado a entregar o melhor) ou conforme a lei estabelece. Após esse momento de escolha, a obrigação passa a ser regida pelos princípios da obrigação de dar coisa certa.
A posição do devedor na obrigação de dar coisa incerta é mais favorável, pois o devedor se retira do vínculo com a entrega de uma coisa ou de um conjunto de coisas compreendidas pelo gênero indicado. No entanto, sua responsabilidade pelos riscos será maior: vimos na obrigação de dar coisa certa, se esta se perder sem culpa do devedor, fica resolvida a obrigação. Já na obrigação de dar coisa incerta, como o gênero nunca perece (genus nunquam perit), antes da escolha “não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por caso fortuito ou força maior” (Art. 246).
Como vimos, a obrigação de dar coisa incerta tem objeto que vem a ser determinado por meio de um ato de escolha, após o adimplemento. Nesse sentido, usamos o disposto no Art. 245: cientificado o credor da escolha, vigorará o disposto na Seção antecedente”. Ou seja, após a escolha, os princípios aplicáveis são os da obrigação de dar coisa certa. Assim, se eu sou credor de 100 cabeças de gado de corte, uma vez escolhidos os gados e apontadas as cabeças, cuida-se da obrigação de dar coisa certa
Art. 244, cc nas coisas determinadas pelo gênero ou pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Devem as partes estabelecer a quem cabe escolher. Se as partes nada estabelecerem, a escolha ou concentração caberá ao devedor, de acordo com o artigo visto, que também determina queele deverá estabelecer o meio-termo, não podendo entregar nem o pior e nem sendo obrigado a prestar o melhor.
Nada impede que a função de escolha seja atribuída a um terceiro, que desempenhará o papel de um árbitro.
Entretanto, existe uma divergência doutrinária.
Se alguém se obriga a entregar mil sacas de farinha de trigo, continuará obrigado a tal, ainda que em seu poder não possua referidas sacas, ou que parte ou total delas tenha se perdido.
Já o doutrinador Washington de Barros Monteiro, diz que, “o princípio segundo o qual nunca perece o gênero é falível e comporta temperamentos”. É fato, o gênero pode ser limitado. Caso eu me comprometo a entregar garrafas de vinho de determinada marca que não mais é produzido e que vai acabando com o passar do tempo, ou o caso da obrigação de entregar certo material químico que não existe em grandes quantidades, ou cuja produção é controlada. Nesses casos, se o gênero é limitado, a inviabilidade do atendimento da obrigação, examinável em cada caso concreto, acarretará a extinção da obrigação.
3. Obrigação de fazer 
O conteúdo da obrigação de fazer constitui uma “atividade” ou conduta do devedor, podendo ser tanto prestação de atividade física ou material, como também atividade intelectual, artística ou científica.
Física ou material: fazer o reparo em uma máquina, pintar casa, levantar muro, etc;
Intelectual, artística ou científica: escrever uma obra literária, partitura musical ou realizar experiência científica.
A obrigação de fazer, que, ao lado da obrigação de dar, pertence à classe das obrigações positivas, pode ser contraída, tendo em vista a figura do devedor. O credor pode escolher determinado devedor para prestar obrigação, não admitindo substituição. 
É o caso de o credor escolher um pintor para realizar a pintura de um retrato ou de um cantor para uma apresentação, ou seja, o credor contrata porque o devedor tem as qualidades específicas para tal trabalho.
O Código Civil atual define de forma imediata, na abertura do capitulo, a obrigação de indenizar nas obrigações de fazer, no art. 247: “incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou por ele exequível”. 
Neste caso, trata-se das chamadas obrigações de fazer de natureza infungível, quando a pessoa que contrata o serviço não admite a substituição.
Essa infungibilidade pode decorrer tanto da natureza da obrigação, ou seja, decorrer do caso do pintor específico ou cantor específico, como pode ocorrer da natureza dos contratos, isso é, embora exista muitas pessoas capacitadas para cumprir a obrigação, o credor não admite a substituição.
3.1. Obrigação de dar e de fazer
Nem sempre ocorre uma distinção clara entre a obrigação de dar e a obrigação de fazer. As duas espécies constituem na espécie de obrigações positivas.
Na compra e venda, por exemplo, o devedor contrai a obrigação de entregar a coisa (dar), e a obrigação de responder pela evicção e vício redibitórios (fazer). Na empreitada, o empreiteiro contrai a obrigação de fornecer a mão de obra (fazer) e de entregar os materiais necessários (dar).
O doutrinador Washington de Barros Monteiro esclarece o ponto crucial da diferenciação:
“Se o dar ou entregar é ou não consequência de fazer. Assim, se o devedor tem de dar ou de entregar alguma coisa, não tendo, porém, de fazê-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se, primeiramente, tem ele de confeccionar a coisa para depois entrega-la, tendo de realizar algum ato, do qual será mero corolário o de dar, tecnicamente a obrigação é de fazer”. 
Explicação da afirmação de Washington de Barros Monteiro
Se o devedor tem a obrigação de dar ou entregar algo, porém, se esse algo já está feito e o devedor não tem que criar antes, então a obrigação é de dar;
Ex.: se eu vendo meu carro, ele já está feito, cabendo a mim só entregar ao credor.
Por outro lado, se antes de entregar a coisa o devedor tem que confeccionar/fazer, então a obrigação é de fazer.
Ex.: se eu contrato alguém para fazer um cento de salgado para a minha festa, trata-se de uma obrigação de fazer.
3.2. Obrigação de fazer fungíveis e não fungíveis 
Vejam esses exemplos de obrigação de fazer:
Contrato pintor para restaurar a pintura de uma residência;
Contrato pintor para restaurar um famoso quadro do renascimento;
Contrato pedreiro para levantar um muro;
Contrato equipe esportiva para realizar uma exibição.
Vemos que, embora todas essas obrigações sejam de fazer, á uma diferença na natureza delas; há obrigações de fazer que existe um número indeterminado de pessoas hábeis para completa-las. Por outro lado, existem obrigações de fazer que são contraídas exclusivamente pela fama ou habilidades próprias da pessoa do obrigado.
Quando a pessoa é facilmente substituível, como é o caso do pintor de parede ou o pedreiro para levantar um muro, dizemos que essa obrigação é fungível.
Quando a obrigação é contraída tendo em mira exclusivamente a pessoa do devedor, como é o caso do artista contratado para restaurar uma obra de arte ou da equipe esportiva, a obrigação é infungível
Art. 249, CC. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor manda-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível
Parágrafo único: em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
3.3. Descumprimento da obrigação de fazer
Pacta Sunt Servanda: a obrigação tem que ser cumprida.
Contudo, existem algumas modalidades de descumprimento:
a) Porque a prestação tornou-se impossível por culpa do devedor ou sem culpa do devedor;
b) Porque o devedor manifestamente se recusa ao cumprimento delas.
Quando se trata de obrigação de dar, a execução em casos de inadimplemento da obrigação é mais fácil, isso porque o devedor pode ser coagido a entregar a coisa ou a coisa poderá chegar coercitivamente às mãos do credor.
No entanto, o aspecto é outro na obrigação de fazer, porque não é possível exigir coercitivamente a prestação de fazer do devedor.
Para fim de impedir o descumprimento da obrigação de fazer, as partes contratuantes estipulam uma multa e o seu valor, mas caberá sempre ao juiz fazer com que essa multa seja paga. Essa multa deverá ter um limite temporal, embora a lei não fale nada sobre o limite temporal. Entretanto, é preciso que essa multa tenha um limite temporal, para que essa obrigação não seja transformada em obrigação perpétua. 
4. Obrigação de não fazer 
Como vimos anteriormente, a obrigação de dar e de fazer são classificadas como obrigações positivas. Neste caso, quando nos referimos a obrigação de não fazer, estamos diante de uma obrigação negativa que pode ou não ser limitada no tempo.
Dentro da obrigação de não fazer, o devedor se compromete a uma abstenção de algo. A título de exemplo, são obrigações de não fazer: a obrigação do locador não sublocar a coisa obrigação do alienante de estabelecimento comercial em não se estabelecer no mesmo ramo dentro de determinada região, etc.
A obrigação de não fazer pode se apresentar como pura e simples abstenção, como um dever de abstenção ligada a uma obrigação positiva ou como simples dever de tolerância.
a) Pura e simples:
Como é o caso do alienante comercial que se compromete a não se estabelecer num mesmo ramo de negócios, em determinada zona de influência.
Exemplo: João vende sua barbearia para Tício. No contrato de compra e venda, João se compromete a não estabelecer uma barbearia naquela mesma zona. 
Sabemos que, se caso João estabeleça uma barbearia naquela mesma zona, teria todos os seus clientes de volta e não faria sentido Tício comprar sua barbearia. 
b) Dever de abstenção ligada a uma obrigação positiva:
Um artista se compromete a exibir-se só para uma determinada empresa.
Exemplo: digamos que um comediante se comprometa a fazer show de comédia somente em uma determinada casa de shows.
Por que essa obrigação pode ser classificada também como uma obrigação de não fazer positiva?
Como vimos no iníciodesse tópico, as obrigações de não fazer são classificadas como uma obrigação negativa. Entretanto, quando um artista se compromete à obrigação mencionada, o mesmo se compromete a não fazer (obrigação negativa) o show em outra casa e, ao mesmo tempo, se compromete a fazer (obrigação positiva) seus shows somente naquela casa de shows.
c) Simples dever de tolerância 
Trata-se de não realizar atos que possam obstar ou perturbar o direito de uma das partes.
Exemplo: sublocação. 
Essa obrigação de não fazer no sentido simples dever de tolerância se refere a obrigação que eu adquirir de não sublocar o imóvel, para evitar a perturbação do locador.
Todas as outras espécies de obrigações devem sempre respeitar o objeto lícito do negócio jurídico (Art. 104, II, Cc.). Na obrigação de não fazer, tal licitude respeita um objeto especial, pois, a obrigação de não fazer somente é lícita quando não envolva restrição à liberdade individual. Neste caso, é ilícita a obrigação de não casar, obrigação de não trabalhar, ou a de não cultuar determinada religião.
Pelo que vimos, o objeto das obrigações de não fazer caracteriza-se por uma omissão autônoma, ou ligada a outra obrigação positiva.
4.1. Modo de cumprir a execução forçada da obrigação de não fazer
A obrigação negativa se cumpre pela abstenção, isto é, o devedor cumpre a obrigação todas as vezes em que poderia praticar o ato e deixa de fazê-lo. A abstenção pode ser limitada ou ilimitada no tempo, sempre levando em conta a licitude, no campo da moral e dos bons costumes.
Art. 250, Código Civil. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do fato, que se obrigou a não praticar.
As vezes a abstenção prometida pelo devedor pode se tornar impossível ou muito gravosa. Temos para explicar isso o exemplo clássico do devedor que se compromete a não levantar um muro, para não tolher a visão do vizinho. Se caso esse devedor vem a ser intimado pelo Poder Público e o mesmo agora tem a obrigação de levantar o muro, de acordo com a dicção do Código Civil no artigo mencionado, extingue-se a obrigação.
A imposição do Poder Público tem o condão de fazer desaparecer a obrigação de non facere.
Se a impossibilidade de se abster ocorre por culpa do devedor, deve ele indenizar o credor.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Neste caso, quando por culpa do devedor ocorre a impossibilidade de abstenção da obrigação, o credor pode exigir de forma amigável ou judicial, que se desfaça o ato. Caso o devedor não desfaça o ato, é possível que o credor desfaça à sua custa, pedindo ressarcimento de perdas e danos em uma ação de indenização por perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo de ressarcimento devido.
Se o caso concreto se tratar de uma urgência, poderá o credor desfazer sem autorização judicial, sem o prejuízo de ter que ressarcir o devedor.
Existem hipóteses com impossibilidades de desfazimento do ato. Essas hipóteses, em geral, são bastante nítidas, por exemplo, alguém se compromete a não revelar um segredo industrial e o revela. Neste caso, não há uma outra forma de reparar a situação senão por indenização de perdas e danos.
· Obrigações alternativas e facultativas 
1. Obrigações cumulativas e facultativas 
As obrigações podem ter um objeto singular (vende-se um automóvel, um imóvel, um cavalo), e pode ter um objeto composto (vende-se um espelho e uma prateleira, uma geladeira e um fogão), isto é, a prestação pode se constituir de mais de um objeto.
O objeto composto pode ser ligado pela partícula e, ou seja, devemos um cavalo e um boi. Neste caso, trata-se de uma obrigação conjuntiva ou cumulativa, quando o credor pode exigir todas elas do devedor
O objeto da obrigação é disjuntivo ou alternativo quando é ligado pela partícula ou: pagaremos um cavalo ou um boi. Neste caso, o devedor está obrigado a entregar apenas uma das coisas.
Essas espécies de obrigações são regidas pelos Arts. 252 a 256 do Código Civil.

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