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DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES EDIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES E
RESPONSABILIDADE CIVILRESPONSABILIDADE CIVIL
Me. Esp. Jaqueline da S ilva Paulich i
INICIA R
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html
introdução
Introdução
Nesta unidade, estudaremos sobre os aspectos introdutórios do direito
obrigacional, tais como, o conceito de relação jurídica obrigacional, a análise
dos aspectos subjetivos e objetivos da relação, suas características, as
diferenças entre os termos “dever jurídico”, “obrigação”, “ônus jurídico” e
“direito potestativo”, além do estudo das fontes do direito obrigacional, no
qual abordaremos com maior intensidade sobre os atos unilaterais previstos
no Código Civil de 2002, quais sejam: a gestão de negócios, a promessa de
recompensa, o pagamento indevido e o enriquecimento ilícito.
Estudaremos também as classi�cações das obrigações, como as obrigações
de dar, de fazer e não fazer, além das obrigações fungíveis e infungíveis e
todas as suas classi�cações.
Iremos identi�car os efeitos das obrigações e diferenciar as medidas
extrajudiciais e judiciais do credor e devedor.
O direito obrigacional é matéria autônoma do direito civil, pois está prevista
na parte especial do Código Civil, no Livro I  Lei 10.406/2002 (Código Civil),
dos arts. 233 a 420 da lei mencionada. Nesta unidade iremos estudar sobre a
conceituação dos termos “obrigação” e “dever”, pois, apesar de parecerem
termos sinônimos, para �ns do direito civil essas terminologias possuem
sentidos diversos.
O art. 1 do Código Civil assim prevê:
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Note-se que o artigo transcrito acima possui uma conotação �losó�ca muito
grande, pois o Código Civil de 1916 não tratava dos termos “pessoa” e
“deveres”. Dessa forma, podemos a�rmar que o Código Civil de 2002, ao
tratar da pessoa em seu artigo 1, trouxe a aplicação do princípio da
igualdade, pois retirou o termo “homem”. Outra interpretação que deve ser
feita em relação a esse artigo é que foi retirado o termo “obrigações” e
inserido o termo “deveres” (TARTUCE, 2018).
Isso ocorreu pelo fato de que “obrigações” possui um sentido muito mais
restrito, pois remete apenas ao direito obrigacional, no qual só podemos
a�rmar que existe uma obrigação em decorrência da lei, contrato, atos
unilaterais, ato ilícito, abuso de direito e dos títulos de crédito (TARTUCE,
2018).
Já o termo “deveres” é mais amplo, pois remete a todos os deveres existentes
na ordem civil, desse modo podemos citar como exemplo os deveres de
lealdade, probidade, eticidade e boa-fé objetiva, que está permeado por todo
o código civil.
Para Maria Helena Diniz, o dever jurídico é
[...] o comando imposto, pelo direito objetivo, a todas as pessoas
para observarem certa conduta, sob pena de receberem uma sanção
pelo não cumprimento do comportamento prescrito pela norma
jurídica (DINIZ, 2017, p. 27).
Assim, podemos entender que o termo “deveres” é muito mais abrangente,
podendo ser utilizado nas relações de direitos reais, familiares, sucessões,
responsabilidade civil, contratual, dentre outros.
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho conceituam a obrigação:
relação jurídica pessoal por meio da qual uma parte (devedora) �ca
obrigada a cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação
patrimonial em proveito da outra (credor) (GAGLIANO; PAMPLONA
FILHO, 2018, p. 17).
Flavio Tartuce conceitua obrigações como
relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo,
denominado credor, e outro sujeito passivo, o devedor, e cujo objeto
Obrigação e DeverObrigação e Dever
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html
consiste em uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais,
positiva ou negativa. Havendo o descumprimento ou
inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no
patrimônio do devedor (TARTUCE, 2018, p. 6).
Elpidio Donizeti conceitua obrigação da seguinte maneira:
Obrigação, em sentido amplo, pode ser conceituada como o vínculo
jurídico transitório (nenhuma obrigação é eterna) que se estabelece
entre sujeitos situados em polos distintos, por meio do qual o sujeito
ou sujeitos integrantes do polo passivo, chamados de devedores,
obrigam-se a uma prestação economicamente mensurável que
devem executar em favor do sujeito ou sujeitos do polo ativo da
relação, chamados de credores. Tal prestação constituirá sempre um
fato do devedor e pode consubstanciar-se em um fato positivo – um
dar ou fazer – ou um fato negativo – uma abstenção, um não fazer.
Isso porquanto toda relação obrigacional importa uma atuação
sobre a vontade do devedor para dar alguma coisa, praticar algum
ato ou abster-se de o praticar (DONIZETI, 2018, p. 237).
Dessa forma, as obrigações remetem-se a relação existente entre dois ou
mais sujeitos de direito, na qual o objeto desta obrigação é uma prestação,
que pode ser positiva ou negativa.
atividadeatividade
Na relação jurídica obrigacional é necessário que haja alguns requisitos
como o sujeito ativo, o sujeito passivo, o objeto e o liame obrigacional das
partes. Assim, acerca da relação jurídica obrigacional, na qual existe
previsão expressa de direitos e deveres para ambas as partes, qual o
nome desta característica para o direito obrigacional?
a) Sinalagma.
b) Contrato.
c) Relação jurídica.
d) Oitiva.
e) Arras ou sinal.
Vamos conhecer nos tópicos a seguir um pouco mais sobre objeto e vínculo
jurídico.
Relação Jurídica Obrigacional
A de�nição de relação jurídica obrigacional advém dos preceitos de Savigny.
Trata-se de um vínculo que une os sujeitos, no qual um deles pode exigir
uma determinada conduta do outro, ante a obrigação pactuada entre as
partes (apud TARTUCE, 2018).
Assim, podemos a�rmar que a relação jurídica de direito obrigacional
necessita de pelo menos dois sujeitos de direito, para que se possa a�rmar
que existe um liame entre eles.
Objeto e Vínculo JurídicoObjeto e Vínculo Jurídico
saiba mais
Saiba mais
Savigny é uma grande referência no mundo
jurídico, eis que é criador de inúmeras
teorias que são constantemente utilizadas
no direito civil. Vale a pena ler um pouco
mais sobre a sua obra.
ACESSAR
Veri�car Resposta
https://www.conjur.com.br/2013-nov-24/embargos-culturais-dimensao-historica-direito-pensamento-savigny
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html
Elementos da Relação Jurídica Obrigacional
Os elementos da obrigação são: os elementos subjetivos, o elemento
objetivo imediato e o elemento imaterial da obrigação.
Os elementos subjetivos tratam dos sujeitos, o credor, que será o sujeito
ativo, e o devedor, que será o sujeito passivo da obrigação. Nesta fase da
análise dos elementos, estamos tratando dos sujeitos, ou seja: da pessoa
natural, da pessoa jurídica, ou até mesmo do ente despersonalizado que faz
parte da relação obrigacional.
Importante ressaltar que na relação jurídica di�cilmente o sujeito tomará a
posição de apenas credor ou apenas devedor da obrigação. Pois,
doutrinariamente, tratamos da sinalagma, que é a existência de direitos e
deveres para ambas as partes. Dessa forma, na relação jurídica, o credor
também é devedor, e o devedor também é credor.
Exempli�cando: em um contrato de compra e venda, o comprador do objeto
é credor do bem, da entrega do bem, e devedor do valor a ser pago,
enquanto o vendedor é credor do valor a ser pago e devedor da entrega do
bem.
O elemento objetivo imediato da obrigação é a prestação a ser realizada, que
pode ser positiva ou negativa. Ainda nesta classi�cação temos a subdivisão
entre os objeto imediato e mediato da obrigação, na qual o objeto imediato é
a prestação positiva ou negativa (obrigação de fazer, de não fazer, ou de dar),
enquanto o objeto mediato é a coisa, ou a tarefa especí�ca a ser realizada
pelo sujeito, é próprio bem da vida da relação obrigacional.
Exempli�cando: podemos dizer que em um contrato de prestaçãode
serviços odontológicos, o elemento objetivo imediato é a obrigação de fazer,
e o elemento objetivo mediato é o serviço odontológico em si (fazer uma
restauração no dente do paciente, colocar o aparelho ortodôntico etc.).
O elemento imaterial da obrigação é o vínculo existente na relação
obrigacional, o liame que une os sujeitos envolvidos.
Note-se que a relação jurídica obrigacional necessita de conteúdo
econômico para ter validade. Pablo Stolze explica que:
A relação jurídica obrigacional não é integrada por qualquer espécie
de direito subjetivo. Somente aqueles de conteúdo econômico
(direitos de crédito), passíveis de circulação jurídica, poderão
participar de relações obrigacionais, o que descarta, de plano, os
direitos da personalidade. (STOLZE, 2018, p. 50)
Diferença entre Obrigação Jurídica e Obrigação
Natural, Dever e Ônus Pessoal e Real
O dever jurídico é termo abrangente, pois pode não se tratar apenas de
direito obrigacional em si, podendo englobar deveres jurídicos reais, de
direito de família, sucessório etc. O dever jurídico acarreta na necessidade de
que se obedeça aos preceitos normativos do ordenamento jurídico, e caso
não o faça, o sujeito poderá sofrer alguma sanção.        
Já obrigação jurídica abrange apenas as questões relativas a direito
obrigacional, disciplinado nos arts. 233 a 420 do Código Civil (2002). Assim,
podemos entender que o termo é restrito.
A obrigação natural pode ser conceituada como a relação existente entre
dois ou mais sujeitos, um com crédito a receber e outro com débito a pagar,
no entanto, a obrigação natural não é dotada de exigibilidade. Como
exemplo, podemos citar o pagamento de dívida prescrita.
Insta salientar que as dívidas prescritas não podem mais ser cobradas
judicialmente, no entanto, caso o devedor, ainda assim, tenha interesse em
realizar o pagamento, este poderá fazê-lo. O que muda na obrigação natural
é que não existe mais a possibilidade de se cobrar em juízo o valor devido,
não se pode mais protestar o título etc.
Ônus pessoal, segundo Maria Helena Diniz, “consiste na necessidade de
observar determinado comportamento para a obtenção ou conservação de
uma vantagem para o próprio sujeito, e não para a satisfação de interesses
alheios” (DINIZ, 2016).
Ou seja, o ônus pessoal está relacionado ao interesse do próprio sujeito.
Como exemplo, podemos citar a necessidade de se autenticar um
documento, registrar um contrato em cartório.
Os ônus reais “são obrigações que limitam a fruição e disposição da
propriedade. Representam direitos sobre coisas alheias e prevalecem “erga
omnes” (DINIZ, 2016)
Os direitos reais tratam dos bens previstos no art. 1225 do Código Civil:
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para �ns de moradia; (Incluído pela
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Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; (Redação dada pela Lei nº
13.465, de 2017) e
XIII - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando
concedida à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios
ou às suas entidades delegadas e respectiva cessão e promessa de
cessão. (Incluído pela Medida Provisória nº 700, de 2015)   Vigência
encerrada
XIII - a laje.  (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) (BRASIL, 2002).
Dessa forma, os ônus reais estão ligados aos bens, à coisa de determinado
sujeito. Assim, ônus real é a necessidade de se observar um comportamento,
um ato determinado em relação a uma propriedade ou a um direito real.
atividadeatividade
A relação jurídica obrigacional é abordada no livro II do Código Civil, no
livro das obrigações e trata das modalidades obrigacionais e demais
classi�cações legais. Sobre a classi�cação legal da matéria, assinale a
alternativa correta:
a) Todo contrato expresso e escrito possui uma obrigação, mas nem
toda obrigação constitui um contrato formal.
b) Toda obrigação se constitui mediante contrato formal e escrito.
c) O livro de contratos do Código Civil está inserido no capítulo de
direito obrigacional.
d) Os contratos não possuem caráter obrigacional.
e) O contrato não pode ter conteúdo obrigacional, eis que se trata
de outro ramo do direito civil.
As obrigações possuem diversos efeitos para a sociedade, dentre os quais
podemos a�rmar que o principal e esperado é o cumprimendo da obrigação,
no qual o devedor deve pagar, cumprir a prestação no tempo, lugar e da
forma pactuada. No entanto, também temos outros efeitos das obrigações,
como o descumprimento da obrigação, que gera o inadimplemento ou,
ainda, o adimplemento indireto. Vejamos a seguir esses efeitos.
Cumprimento da Obrigação
A relação jurídica obrigacional se dá entre pessoas, por isso diz-se que a
relação é pessoal, na qual de um lado dos polos está um credor e de outro
lado está o devedor. Dessa forma, podemos a�rmar que o efeito das
obrigações, via de regra, será pessoal, pois atinge apenas a pessoa que se
sujeitou a tal ato.
Existe o preceito de cooperação no cumprimento das obrigações (COUTO;
SILVA, 2009, p. 81), que explica que a obrigação é vista como um processo e,
assim, esta possui uma série de atividades que são exercidas pelos sujeitos
saiba mais
Saiba mais
Para saber mais sobre obrigações naturais,
acesse o link
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Efeitos das ObrigaçõesEfeitos das Obrigações
Veri�car Resposta
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2376858/o-que-se-entende-por-uma-obrigacao-natural-denise-cristina-mantovani-cera
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da relação com a �nalidade de se ter a prestação satisfeita. A cooperação
entre as partes é voltada para o adimplemento da obrigação.
De acordo com o referido autor,
[...] a obrigação é um processo, vale dizer, dirige-se ao
adimplemento, para satisfazer interesse do credor. A relação jurídica
como um todo, é um sistema de processos. Não seria possível de�nir
a obrigação como ser dinâmico se não existisse separação entre o
plano do nascimento e desenvolvimento e o do adimplemento
(COUTO; SILVA, 2009, p. 81).
Dessa forma, podemos a�rmar que as obrigações possuem efeitos diretos e
indiretos.
O primeiro efeito direto é o adimplemento da obrigação pactuada, que pode
ser o pagamento, a entrega de um objeto, a realização de um ato. Este é o
efeito desejável de toda relação obrigacional.
O segundo efeito direto é o descumprimento da obrigação que gera o
inadimplemento e o atraso no adimplemento, que, por sua vez, são efeitos
indesejáveis da obrigação.
Os efeitos indiretos são aqueles que a lei confere ao credor para que se
tenha o adimplemento da obrigação ou ainda a indenização por perdas e
danos.
Medidas do Credor e do Devedor
Vimos no capítulo anterior que as obrigações possuem efeitos diretos e
indiretos, sendo os efeitos diretos o adimplemento voluntário e o
inadimplemento ou atraso. Já os efeitos indiretos são os meios que a lei
confere ao interessado para se resolver o descumprimento da obrigação,
que gera a inadimplência ou o atraso em seu cumprimento ou, ainda, em se
obter indenização por perdas e danos a depender do caso.
Inicialmente, o Código Civil prevê a possibilidade de se resolver as questões
relativas ao direito obrigacional independentemente de ação judicial, que as
partes envolvidas resolveriam seu con�ito apenas pela cooperação,
eticidade, boa-fé objetiva e bom senso.
As medidas judiciais previstas no Código Civil abrangem a possibilidade de
se ingressar com ação de indenização por perdas e danos, abrangendo o
lucro cessante e o dano emergente. Temos também a teoria da perda de
uma chance que pode ser aplicada a depender do caso.
Cada espécie de obrigação possui seus requisitos para que as partes
resolvam o litígio sem envolver o poder judiciário. No entanto,caso essas
medidas não sejam su�cientes, existe o direito de ação, previsto
constitucionalmente, e assim, o interessado poderá litigar em juízo para
resolver o imbróglio.
atividadeatividade
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Veja mais sobre o tema do princípio da boa-
fé objetiva na matéria disponível em:
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Para saber mais sobre a teoria da perda de
uma chance e perdas e danos
ACESSAR
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI230978,51045-O+principio+da+boafe+objetiva+e+a+violacao+positiva+do+contrato+na
https://www.conjur.com.br/2014-mar-24/responsabilidade-perda-chance-ganha-espaco-tribunais
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html
O adimplemento da obrigação é consequência natural e esperada de toda
relação jurídica contratual, pois caso não fosse o esperado pelas partes,
não teríamos segurança alguma para a realização de contratos no dia-a-
dia. Dessa forma, assinale a alternativa correta que trata do adimplemento
da obrigação.
a) Na hipótese de atraso no adimplemento da obrigação, o credor
poderá cobrar juros e correção monetária do credor.
b) O pagamento parcelado realizado de maneira atrasada
reiteradas vezes não cria nenhum direito para o devedor ou credor.
c) Não existe na lei nenhuma outra forma de adimplemento
obrigacional que não seja o pagamento em espécie.
d) A segurança no adimplemento da obrigação é de
responsabilidade do poder judiciário.
e) As obrigações, quando não cumpridas, não podem ser exigidas
extrajudicial.
Vamos conhecer agora as modalidades das obrigações I e II.
Modalidades Da Obrigação I
As obrigações possuem algumas classi�cações básicas que servem para
melhor compreender a matéria. Dessa forma, realizaremos a análise de
algumas classi�cações das obrigações, como as obrigações positivas e
negativas.
Classi�icação das Obrigações
As obrigações possuem a divisão simpli�cada entre obrigações positivas e
negativas. Na obrigação positiva, temos a obrigação de dar coisa certa,
obrigação de dar coisa incerta, e obrigação de fazer.
As obrigações de dar podem abranger a obrigação de entregar ou de restituir
a coisa, podendo signi�car a transferência de posse e propriedade de um
bem, ou ainda a obrigação de devolver bem recebido em empréstimo.
Por exemplo: no caso de roupas alugadas para festas, tem-se a obrigação do
contratado (loja de aluguel de roupas) entregar a roupa objeto do aluguel e,
posteriormente, a obrigação do contratante de devolver/ restituir o traje
recebido. Na obrigação negativa, temos a obrigação de não fazer. Essas
obrigações serão aprofundadas no próximo capítulo.
Obrigações Propter Rem
As obrigações propter rem possuem características tanto de direito real,
como de direito pessoal. Também são conhecidas como obrigações mistas
ou híbridas. Essas obrigações acompanham tanto a pessoa, quanto a coisa
envolvida.
Stolze, Gagliano e Pamplona Filho de�nem a obrigação propter rem da
seguinte maneira:
Ao contrário das obrigações em geral, que se referem ao indivíduo
que as contraiu, as obrigações propter rem se transmitem
automaticamente para o novo titular da coisa a que se relacionam
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2018, p. 65).
Por exemplo, podemos citar a dívida de IPTU. Acaso o antigo proprietário
não pague o IPTU atrasado, o novo proprietário receberá a cobrança, e
deverá realizar o pagamento.
No entanto, acaso o contrato de compra e venda entre as partes não tenha
previsão em contrário, para o novo proprietário do imóvel nasce o direito de
cobrar do antigo o valor pago no IPTU.
Modalidades da Obrigação II
As obrigações se dividem em obrigações de dar, fazer e não fazer,
classi�cando também como obrigações positivas e negativas, conforme
estudado anteriormente. Dessa forma, passamos a analisar as obrigações de
dar, fazer e não fazer.
Obrigação de Dar, Fazer e não Fazer.
Modalidades da ObrigaçãoModalidades da Obrigação
I E III E II
Veri�car Resposta
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Caro estudante, vimos ao longo desta unidade que a classi�cação básica da
obrigação se divide em três: obrigação positiva de dar ou de fazer, e a
obrigação negativa de não fazer. Passamos a analisar cada uma delas.
Obrigação de Dar
A obrigação de dar é dividida em obrigação de dar coisa certa ou ainda a
obrigação de dar coisa incerta. Conforme já explicitado anteriormente, a
obrigação de dar também pode ser entendida como a obrigação de restituir,
de entregar algo a alguém.
Obrigação de dar coisa certa
O art. 233 do Código Civil prevê a possibilidade de dar coisa certa. Neste
caso, estamos falando da entrega de um bem certo e individualizado. Como
exemplo, podemos citar a entrega de um imóvel já escolhido pelo
comprador. A entrega do imóvel não é realizada �sicamente, ante a sua
impossibilidade. No entanto, a entrega do imóvel adquirido é aperfeiçoada
com o registro da transferência do imóvel no cartório de registro de imóveis.
A entrega simbólica do imóvel pode ser realizada com a simples entrega de
chaves.
Vejamos o art. 233 do Código Civil: “Art. 233. A obrigação de dar coisa certa
abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso” (BRASIL, 2002).
O referido artigo nos traz a menção de um princípio que é estudado na
matéria de “bens”, na parte geral do direito civil. Este princípio é o da
gravitação jurídica (TARTUCE, 2018). De acordo com o princípio da gravitação
jurídica, os bens acessórios seguem a sorte do bem principal.
A tradição é a entrega do bem, ou seja, quando um sujeito entrega o
produto que foi escolhido pelo comprador, ele realiza a tradição do bem.
Acaso a coisa individualizada objeto da obrigação de dar se perder, sem
culpa do devedor, antes de realizada a entrega do bem (tradição), ou
pendendo uma condição suspensiva, a obrigação será considerada como
resolvida para as partes.
Nesta hipótese, tratamos da ausência de culpa do devedor. Podemos citar,
como exemplo, a entrega de um boi (devidamente registrado), já escolhido
anteriormente pelo comprador, que morre por causas naturais antes mesmo
da tradição. Neste caso, não havendo culpa do devedor, a obrigação se
resolverá para ambas as partes.
A condição suspensiva prevista no art. 234 seria o caso de a obrigação
possuir uma condição como requisito de e�cácia no negócio jurídico
realizado. Por exemplo, podemos citar a hipótese do casamento, que é um
evento futuro e incerto, pois pode não ocorrer por diversos motivos.
Aplicando-se a condição suspensiva na obrigação de dar coisa certa,
podemos citar o seguinte exemplo: Após o casamento de João e Maria (e
desde que a relação fosse consumada), o casal ganharia de um padrinho um
imóvel, certo e individualizado. No entanto, semanas antes do casamento o
imóvel foi destruído em um incêndio. Dessa forma, como a entrega da casa
estava condicionada ao casamento de João e Maria, não há que se falar em
indenização, sendo a obrigação resolvida.
Outra hipótese prevista na lei é o caso de a coisa se perder por culpa do
devedor. Neste caso, o devedor �cará responsável por perdas e danos, além
do equivalente da obrigação.
Como exemplo, temos a seguinte hipótese: a obrigação de entregar um
veículo individualizado para o credor. No entanto, um dia antes da entrega, o
devedor, embriagado, resolve dar uma voltinha com o veículo, não obedece a
sinalização e acaba colidindo o veículo em uma árvore. Neste caso haverá o
dever de indenizar.
Vejamos o art. 234 do Código Civil, que trata do assunto:
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem
culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição
suspensiva, �ca resolvida a obrigação para ambas as partes; se a
perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente
e mais perdas e danos (BRASIL, 2002).
Na hipótese de deterioração da coisa, não havendo a culpa do devedor, o
credor pode resolver a obrigação ou aceitar a coisa no estado emque se
encontre, abatendo de seu preço aquilo que efetivamente se perdeu.
No entanto, em caso de culpa do devedor pela deterioração da coisa, o
credor pode exigir o valor por inteiro do objeto da obrigação, além de perdas
e danos. A lei ainda confere ao credor lesado o direito de receber a coisa no
estado em que se encontre, com direito de reclamar a indenização por
perdas e danos.
Vejamos os artigos que tratam do tema abaixo:
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá
o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu
preço o valor que perdeu.
[...]
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas
e danos (BRASIL, 2002).
Veja a seguir um quadro comparativo entre a perda da coisa e a deterioração
da coisa.
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html
Quadro 1.1 -  Comparativo entre perda e deterioração da coisa
Fonte: Elaborado pela autora.
Prosseguindo no estudo das obrigações, até o momento de entrega do bem,
pertence ao devedor a coisa, mesmo que houver melhoramentos e sejam
acrescidos nestas. No entanto, o melhoramento da coisa pode ensejar o
aumento no preço. Neste caso, se o devedor não concordar, pode o devedor
resolver a obrigação.
Imagine o seguinte caso hipotético: o devedor (da obrigação de entregar
coisa certa) negocia a venda de uma vaca para o credor. No entanto, o
devedor não sabia que a vaca estava prenha, vindo a descobrir isso apenas
no dia da entrega da vaca (note-se que a vaca já estava individualizada,
devidamente escolhida pelo interessado). Nesse caso, o devedor pode cobrar
um valor a mais pelo objeto da obrigação, eis que até a entrega do bem, a
coisa pertence ao dono.
Se a coisa tiver frutos, até a data da entrega, os frutos já percebidos, já
colhidos, pertencem ao devedor, enquanto os frutos pendentes (aqueles que
ainda não foram colhidos) pertencerão ao credor.
Exemplo: no caso de venda de fazenda com uma plantação de soja, se nada
dispuser o contrato de modo diverso, tudo o que foi colhido até o momento
da tradição do bem pertencerá ao devedor, enquanto a soja ainda não
colhida, após a tradição do bem, pertencerá ao credor.
Note-se que Maria Helena Diniz (2005) denomina esses melhoramentos
como “cômodos obrigacionais”.
Veja a transcrição do artigo que trata deste tema abaixo:
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no
preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao
credor os pendentes (BRASIL, 2002).
A obrigação de dar coisa certa também abrange a obrigação de restituir, ou
seja, devolver um bem. É o que ocorre na locação de imóveis, ou na locação
de veículos, na qual o devedor da obrigação tem o dever de devolver o bem
após o término do contrato.
No caso da obrigação de restituir, se esta se perder sem culpa do devedor, o
credor sofrerá a perda, sendo resolvida a obrigação. No entanto, o credor
tem seus direitos resguardados até a data da perda.
Imagine o seguinte caso: na locação de veículos, João assina contrato com a
Empresa Locadora X, para utilizar o veículo durante 10 dias seguidos, cujo
pagamento será efetuado após a restituição do veículo. No entanto, João é
assaltado e o veículo é roubado. Nesse caso, a locadora de veículos perderá
o bem, no entanto, a locadora ainda terá o direito de receber o pagamento
pelos dias de uso do veículo.
Veja o artigo que trata do tema: “Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa
certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o
credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o
dia da perda” (BRASIL, 2002).
Importante ressaltar acerca da possibilidade de melhoramento da coisa, ou
acréscimo de seu valor, não havendo trabalho ou despesa para o devedor,
lucrará o credor, independente de indenização. É a previsão do art. 241 do
Código Civil: “Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou
acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor,
desobrigado de indenização” (BRASIL, 2002).
Já no caso de melhoramento ou aumento da coisa com o trabalho ou
investimento do devedor, a regra a ser aplicada será a das benfeitorias
realizadas pelo possuidor. As benfeitorias realizadas pelo devedor de boa-fé,
quando necessárias ou úteis, devem ser indenizadas (BRASIL, 2002). As
benfeitorias voluptuárias podem ser levantadas – retiradas –, quando o
puder, sem detrimento da coisa; podendo ainda o credor indenizar, caso
queira, pelo valor das benfeitorias voluptuárias ao devedor. O devedor ainda
poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias
e úteis não pagas.
Hipótese: coisa se
perde
sem
culpa do
devedor
(antes da
tradição)
coisa se
perde com
culpa do
devedor
(antes da
tradição)
coisa se
deteriora
sem culpa
do devedor
(antes da
tradição)
coisa se
deteriora
com culpa
do devedor
(antes da
tradição)
Solução
Resolve a
obrigação
Devedor
responde
pelo
equivalente
+ perdas e
danos  
Resolve a
obrigação
Ou Credor
aceita a
coisa com
abatimento
do valor
Aceita a
coisa no
estado em
que se
encontre +
perdas e
danos Ou
indenização
por perdas
e danos
Art.
234 CC
primeira
parte
234 CC
segunda
parte
235 CC 236 CC
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O possuidor de má fé terá direito apenas às benfeitorias necessárias, não
possuindo o direito de retenção ou indenização pelas benfeitorias úteis, e
não pode levantar as benfeitorias voluptuárias.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor
trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código
atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de
má-fé.
[...]
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do
mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-
fé ou de má-fé (BRASIL, 2002).
Por outro lado, acaso a coisa a ser restituída se perder por culpa do devedor,
este será responsável pelo equivalente, além da indenização por perdas e
danos. É o que diz o art. 239 do Código Civil.
No mesmo exemplo acima mencionado, imagine que João deixou o veículo
aberto, com as chaves na ignição, em bairro considerado perigoso na cidade.
Facilmente conseguiremos identi�car que houve a culpa de João para a
perda do veículo. Neste caso, João deverá ressarcir a empresa de locação de
veículos pelo valor do bem, além da indenização por perdas e danos.
Segundo o art. 239, se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente, mais perdas e danos (BRASIL, 2002).
Em caso de coisa restituível, ou seja, aquela que se deve devolver, se
deteriorar sem culpa do devedor, o credor deverá recebê-la no estado em
que se encontre, sem direito a indenização. No entanto, caso a coisa a ser
restituída se deteriorar por culpa do devedor, este responderá pelo
equivalente, além de perdas e danos.
Imagine o seguinte exemplo: o aluguel de um vestido de noiva se deteriora,
pois a noiva foi acender um cigarro durante a festa e o derrubou no vestido,
vindo a queimar toda a renda da saia, de modo que alguns ajustes não são o
su�ciente para voltar ao status anterior. Nesse caso, cabe indenização por
parte da noiva em benefício da empresa que locou o vestido.
Observe-se que, normalmente, as lojas de aluguel de roupas de festa já
possuem uma expectativa de que os vestidos irão voltar sujos, talvez
descosturados em alguns locais, e em casos de vestidos de noiva é muito
comum que a barra do vestido estrague, ou ainda que a renda usada no véu
�que muito suja. Nesses casos, que o dano está dentro do parâmetro normal
da atividade, não há dever de indenizar. "Art. 240. Se a coisa restituível se
deteriorar sem culpa dodevedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem
direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no
art. 239" (BRASIL, 2002).
Obrigação de dar Coisa Incerta
A obrigação de dar coisa incerta é aquela que tem como objeto coisa ainda
não determinada, cuja escolha será realizada em momento posterior. Note-
se que o objeto da obrigação, inicialmente pode ser considerado como
indeterminado, porém, em algum momento, até o cumprimento da
obrigação avençada, o objeto deve ser determinado.
O ato de escolha do bem é denominado concentração, isto é, identi�car o
objeto da relação obrigacional dentre vários existentes. Exemplo que
podemos citar é a compra de um boi, dentre um rebanho inteiro. O
comprador escolhe o animal de sua preferência, realizando o ato de
concentração.
Flávio Tartuce nos ensina acerca da obrigação de dar coisa incerta da
seguinte maneira:
também denominada obrigação genérica, a expressão obrigação de
dar coisa incerta indica que a obrigação tem por objeto uma coisa
indeterminada, pelo menos inicialmente, sendo ela somente indicada
pelo gênero e pela quantidade, restando uma indicação posterior
quanto à sua qualidade que, em regra, cabe ao devedor. Na verdade,
o objeto obrigacional deve ser reputado determinável, nos moldes do
art. 104, II, do CC (2018, p. 54).
A coisa incerta, no momento de realização do contrato, deve ser indicada ao
menos pelo gênero ou pela quantidade. Exemplo: duas vacas leiteiras, 10
sacas de soja, 20 cadeiras de plástico etc. O art. 104 do Código Civil traz a
menção expressa de que o objeto da obrigação deve ser determinado ou
determinável, e dessa forma, entende-se que o objeto da obrigação deve ser
passível de escolha, individualização, ao menos pelo gênero e pela
quantidade. Segundo o art. 243, coisa incerta será indicada, ao menos, pelo
gênero e pela quantidade (BRASIL, 2002).
Sobre a obrigação de dar coisa incerta, importante mencionar as palavras de
Caio Mário da Silva Pereira:
Não é possível que seja alguém devedor de coisas genericamente
mencionadas, pois que isso tiraria à obligatio toda objetividade. Mas
se as coisas são indicadas pelo gênero e pela quantidade, a
obrigação é útil e ecaz, embora falte a individuação da res debita.
O gênero é o agrupamento de bens (coisas) que apresentam
caracteres comuns, e a quantidade se mede por números, pesos,
medidas, ou seja, grandezas. É que a sua determinação far-se-á por
circunstâncias ou elementos de fato, como ainda por outras
eventuais, intrínsecas ou extrínsecas (PEREIRA, 2018).
Acaso o contrato entre as partes for omisso, a escolha deve ser realizada
pelo devedor. No entanto o credor não poderá dar a coisa pior, nem será
obrigado a dar a melhor. Após a escolha do bem pelo devedor, será utilizado
o regime jurídico que trata das obrigações de dar coisa incerta.
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Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a
escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
prestar a melhor.
[...]
Art. 245. Cienti�cado da escolha o credor, vigorará o disposto na
Seção antecedente (BRASIL, 2002).
O gênero nunca perece, ou seja, a coisa indeterminada, enquanto não
concentrada, individualizada pelo devedor, não pode perecer. Ou seja, antes
da escolha, não poderá o devedor alegar que a coisa se perdeu, mesmo em
decorrência de caro fortuito (evento imprevisível) ou força maior (evento
previsível, porém inevitável).
O exemplo que podemos nos utilizar nesta parte é em relação à compra de
um leitão. Imagine que o comprador combinou com o vendedor que a
concentração- escolha- do leitão seria apenas no dia de buscar o referido
animal na fazenda. Ocorre que, dias antes, todos os animais da fazenda
morreram inesperadamente. Como a coisa ainda não estava individualizada,
escolhida pelo devedor, o proprietário – vendedor – não poderá alegar
ausência de culpa. Devendo indenizar o comprador pelo equivalente. "Art.
246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito" (BRASIL, 2002).
Das Obrigações de Fazer
A obrigação de fazer, conforme vimos nos capítulos anteriores, se classi�ca
como forma de obrigação positiva “cuja prestação consiste no cumprimento
de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor” (TARTUCE, 2018, p. 57).
As obrigações de fazer se dividem em obrigações personalíssimas e a não
personalíssima, conhecidas doutrinariamente pela obrigação fungível e a
obrigação infungível. A obrigação personalíssima é aquela em que apenas
uma pessoa determinada pode executar o serviço. Um exemplo clássico da
doutrina brasileira é a contratação de um famoso pintor para executar a
pintura de um retrato.
O art. 247 do Código Civil trata da obrigação de fazer infungível ou
personalíssima. Caso o devedor se recusar a realizar a prestação a ele só
imposta, responderá pelas perdas e danos.
Caso muito comum de se ocorrer atualmente é a obrigação infungível de
shows artísticos, contratação de uma companhia de teatro famosa, um
pintor famoso, arquiteto de renome, dentre outros. "Art. 247. Incorre na
obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a
ele só imposta, ou só por ele exeqüível" (BRASIL, 2002).
O art. 248 do Código Civil ainda prevê a hipótese de a prestação se tornar
impossível sem culpa do devedor, e neste caso, a obrigação será resolvida.
Se por culpa do devedor, ele responderá por perdas e danos.
Note-se que a apuração da culpa do devedor nesses casos é complexa, eis
que depende da análise de inúmeros fatores que podem ensejar a
con�guração da culpa. Logicamente que a culpa do devedor será avaliada no
processo judicial durante a fase de produção de provas, pela oitiva de
testemunha, realização de perícia, dentre outros.
Ocorre que, em inúmeros casos envolvendo obrigações infungíveis, existe a
multa pelo descumprimento da obrigação, para que se evite maiores
discussões. No caso de shows de artistas famosos, por exemplo, é possível
que o artista se atrase, que o avião não chegue a tempo para o evento, que
ocorra um acidente na estrada, dentre outros. Nesses casos, conseguimos
perceber a ausência de culpa do artista, e a multa contratual e a devolução
do valor do ingresso aos fãs podem minimizar os danos. No entanto, em
casos em que o artista não comparece ao evento por abuso no consumo de
álcool, drogas, ou outros motivos similares, é possível se veri�car a culpa do
devedor com maior facilidade. "Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se
impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa
dele, responderá por perdas e danos" (BRASIL, 2002).
Já o art. 249 do Código Civil trata da possibilidade da realização do serviço
por outra pessoa, sendo a obrigação infungível. É o caso, por exemplo, da
contratação de empresa para arrumar o encanamento de uma obra, a
contratação de alguém que faça serviços de impressão, dentre outros.
No caso da mora para realizar o serviço, ou ainda na recusa total, poderá o
credor mandar que outra pessoa realize a obrigação de fazer, e depois cobrar
do devedor primitivo o valor gasto, além da indenização por perdas e danos.
saiba mais
Saiba mais
Para melhor compreender a utilidade prática
da obrigação de fazer infungível, leia a
reportagem
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https://caras.uol.com.br/musica/eduardo-costa-nao-comparece-a-show-no-rj-e-revolta-fas.phtml
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Note-se que em casos de extrema urgência, o serviço pode ser realizado e
depois cobrado judicialmente. Nesse caso, recomenda-se ao credor que
realize uma breve pesquisa de mercado, avaliando os custos para a
realização de serviço. No processo judicial, costuma-se apresentar pelo
menos três orçamentos para a realização do mesmo serviço, para que o juiz
tenha parâmetros de análise da indenizaçãoa título de dano material e de
dano moral – se for o caso.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao
credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou
mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido (BRASIL, 2002).
Das Obrigações de Não Fazer
A obrigação de não fazer é espécie de obrigação negativa, na qual o sujeito
se dispõe a não realizar um ato, ou se abster de uma conduta. Assim, se o
sujeito que se obrigou a não realizar algum ato efetuar a conduta
positivamente, será considerado inadimplente a partir da data em que
realizou o ato que deveria se abster.
Flavio Tartuce de�ne a obrigação de não fazer da seguinte maneira:
A obrigação de não fazer (obligatio ad non faciendum) é a única
obrigação negativa admitida no Direito Privado Brasileiro, tendo
como objeto a abstenção de uma conduta. Por tal razão, havendo
inadimplemento, a regra do art. 390 da codi�cação material merece
aplicação, pela qual “nas obrigações negativas o devedor é havido
por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia
abster”. O que se percebe é que o descumprimento da obrigação
negativa se dá quando o ato é praticado (TARTUCE, 2018, p. 66).
Por exemplo, podemos citar o caso do segredo de empresa, no qual um
funcionário assina contrato de sigilo sobre algo relativo ao seu trabalho.
Também temos a obrigação de não construir janelas a menos de metro e
meio da janela do edifício vizinho, prevista no Código Civil, dentre outras.
Apesar da obrigação de fazer com que não pareça fugir de nossa realidade,
ela é mais comum do que se imagina. Esse tipo de obrigação negativa
advém também da lei, do Código Civil e demais leis esparsas, pois é modo
de limitar a liberdade nos atos privados.
Outro exemplo muito comum é o caso dos shopping centers, nos quais em
alguns locais, por meio de contrato, há obrigação de não abrir loja de
determinado ramo, é a chamada cláusula de raio.
Ainda em relação a obrigação de não fazer, esta será considerada extinta
quando o sujeito não puder mais se abster do não fazer, conforme previsto
no artigo a seguir transcrito: “Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer,
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato,
que se obrigou a não praticar” (BRASIL, 2002).
Caso o devedor realize o ato que se obrigara a não fazer, o credor poderá
exigir que se desfaça, sob pena de ser desfeito à custa do devedor,
ressarcindo ainda as perdas e danos sofridas. Se houver urgência, pode o
credor mandar desfazer o ato, e depois cobrar o valor judicialmente.
Exemplo: uma obrigação de não construir prédio acima de três andares em
frente ao mar, em razão de acordo entre o proprietário do terreno e o
proprietário do imóvel vizinho. Caso seja veri�cado que a construção
reflita
re�ita
Sobre a obrigação de não construir a menos de metro e
meio do edifício vizinho, veja a jurisprudência a seguir: "(...) 1.
O exercício dos direitos decorrentes da violação das regras e
proibições insertas no capítulo relativo ao direito de
construir tem origem no direito de propriedade. 2. A
proibição inserta no art. 1.301, caput, do Código Civil - de não
construir janelas a menos de um metro e meio do terreno
vizinho - possui caráter objetivo, traduzindo verdadeira
presunção de devassamento, que não se limita à visão,
englobando outras espécies de invasão (auditiva, olfativa e
principalmente física). (...)
saiba mais
Saiba mais
A cláusula de raio é comum no direito
empresarial, que determina que o lojista não
poderá abrir outro empreendimento do
mesmo ramo num raio de até X quilômetros.
A distância irá depender da região, do tipo
de shopping etc., mas é um exemplo de
obrigação de não fazer.
Para saber mais, acesse o link
ACESSAR
https://www.conjur.com.br/2015-abr-06/direito-civil-atual-clausulas-raio-contratos-shopping-centers-cdc-parte
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html
excedeu o limite imposto em contrato, o credor poderá mandar que se
desfaça.
Note-se que no exemplo acima dado, é comum que haja ação judicial para
se discutir acerca da demolição do prédio ou da indenização, dependendo
do caso. Em alguns municípios do litoral, existem leis que impedem a
construção de prédios acima de determinada altura, isso depende de
questões ambientais e estudos sobre a viabilidade da construção no local.
Nesse caso de proibição de construção de imóveis em decorrência da lei,
trata-se de uma obrigação de não fazer legal.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara,
o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à
sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
[...]
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou
mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimento devido (BRASIL, 2002).
atividadeatividade
As obrigações se dividem em obrigações positivas e negativas. As
obrigações positivas são as obrigações de dar, e de fazer, enquanto a
obrigação negativa é a obrigação de não fazer. Acerca da divisão
doutrinária das obrigações, assinale a alternativa correta:
a) A obrigação de não fazer pode se constituir por meio de lei ou de
vontade das partes.
b) A obrigação de não fazer só existe por meio de contrato.
c) A obrigação de não fazer existe por meio de ato administrativo e
lei, apenas.
d) A obrigação de não fazer vincula terceiros de boa-fé.
e) A obrigação de não fazer não é utilizada atualmente no
ordenamento jurídico.
saiba mais
Saiba mais
Sobre os contratos de locação em shopping
center, tema relativo ao direito empresarial,
mas que possui grande relevância para a
matéria aqui estudada. Note-se que nestes
contratos normalmente existe uma
obrigação de não fazer.
Para saber mais, acesse o link
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indicações
Material
Complementar
Veri�car Resposta
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conclusão
Conclusão
Caro estudante, nesta unidade estudamos os conceitos da relação jurídica
obrigacional e sua relação com o dever e a obrigação. Vimos o conceito de
sinalagma, no qual todo contrato ou relação obrigacional pode ter
obrigações para ambas as partes, sendo o credor também o devedor e vice-
versa. Após de�nirmos a diferença entre obrigação, dever jurídico, ônus real,
e direitos potestativos, estudamos a classi�cação das obrigações e seu
regime jurídico. As principais classi�cações das obrigações são a obrigação
de dar, de fazer e de não fazer. Nas obrigações positivas de dar e de fazer,
analisamos seu regime jurídico e possibilidades do credor e do devedor para
resolver a obrigação, tanto judicialmente como extrajudicialmente. Na
obrigação negativa de não fazer, também analisamos seu tratamento jurídico
e as possibilidades de resolução do con�ito no caso de descumprimento do
pactuado.
L IVRO
Curso de Direito Civil
Flavio Tartuce
Editora: Gen
Ano: 2018
Comentário: A referida obra faz parte da coleção do autor Flavio Tartuce sobre o
estudo do direito civil, dividido em seis volumes. O segundo livro que trata de
obrigações e responsabilidade civil é de extrema importância para qualquer
interessado na área, dada a sua atualização constante e metodologia facilitada.
F ILME
O Informante
Ano: 1999
Comentário: o �lme trata do segredo de empresa e se relaciona com a matéria
em relação a obrigação de não fazer.
Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer
TRA IL ER
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referências
Referências
Bibliográ�cas
BRASIL.  Código Civil: Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código
Civil.Diário O�cial da União. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em
02.03.2019.
DINIZ, M. H. Código Civil Comentado. Saraiva, São Paulo: 2005. p. 277
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DONIZETTI, E. Curso didático de direito civil. 7. ed. rev. e atual. São Paulo:
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GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo Curso de Direito Civil -
Obrigações - Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2018.
PEREIRA, C. M. da S. Instituições de direito civil / volume 2: teoria geral das
rev. e atual. Guilherme Calmon Nogueira da Gama – 30. ed. – Rio de Janeiro:
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SILVA, C. V. C. A obrigação como processo. FGV: Rio de Janeiro, 2009. p.81
STOLZE,  P.; PAMPLONA FILHO, R. Curso de Direito Civil: Obrigações.
Saraiva, São Paulo: 2018. P. 50.
TARTUCE, F. Curso de Direito civil: obrigações. Gen. São Paulo: 2018. p. 54
IMPRIMIR
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm
https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_DCOREC_19/unidade_1/ebook/index.html

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