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O Papel do Professor no Combate ao Bullying

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Prévia do material em texto

FACULDADE DE PARÁ DE MINAS 
Curso de Letras 
 
Danila Santana Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL DO PROFESSOR NO COMBATE E NA PREVENÇÃO DO BULLYING 
EM SALA DE AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pará de Minas 
2013 
 1 
Danila Santana Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL DO PROFESSOR NO COMBATE E NA PREVENÇÃO DO BULLYING 
EM SALA DE AULA 
 
 
Monografia apresentada à Coordenação do Curso 
de Letras da Faculdade de Pará de Minas, como 
requisito parcial para a conclusão do curso de 
Letras. 
 
Orientadora: Prof. Ms. Cristina Mara França Pinto 
Fonseca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pará de Minas 
2013 
 2 
Danila Santana Duarte 
 
O PAPEL DO PROFESSOR NO COMBATE E NA PREVENÇÃO DO BULLYING 
EM SALA DE AULA 
 
 
Monografia apresentada à Coordenação do Curso 
de Letras da Faculdade de Pará de Minas, como 
requisito parcial para a conclusão do curso de 
Letras. 
 
 
 
 
Aprovada em: _____ / _____ / ______ 
 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Ms. Cristina Mara França Pinto Fonseca – Mestre em Letras 
 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Ms. Vanessa Faria Viana – Mestre em Linguística e Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho de conclusão de curso aos 
meus pais, esposo, amigos, professores e 
familiares e a todos que algum dia sofreram 
bullying dentro do ambiente escolar e também 
a todos que contribuíram e incentivaram para 
que fosse possível a sua concretização. 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa 
Senhora Aparecida, pela força e pela presença 
constantes em minha vida, a minha família 
pelo incentivo e por sempre acreditar no meu 
potencial, à professora e orientadora Cristina 
Mara pelo apoio incondicional e a todos os 
professores do Curso de Letras da FAPAM 
pelos grandes ensinamentos, meu muito 
obrigada a todos. 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A intolerância, a ausência de parâmetros que 
orientem a convivência pacífica e a falta de 
habilidade para resolver os conflitos são 
algumas das principais dificuldades 
detectadas no ambiente escolar. Atualmente, a 
matéria mais difícil da escola não é a 
matemática ou a biologia; a convivência, para 
muitos alunos e de todas as séries, talvez seja 
a matéria mais difícil de ser aprendida”. 
 
FANTE 
 6 
RESUMO 
 
Esta pesquisa apresenta como tema central “O papel do professor no combate e na prevenção 
do bullying em sala de aula” e tem como objetivo geral analisar as ações dos professores em 
prol ao combate e a prevenção do bullying em sala de aula. Na perspectivas teóricas foram 
abordados os seguintes temas: Os estudos internacionais e nacionais sobre o fenômeno 
bullying, a conceituação desse fenômeno (bulying), as suas possíveis causas e consequências, 
o papel social da escola, o bullying e a escola, os pais e o bullying, o papel do professor no 
combate e na prevenção do bullying no contexto pedagógico e os programas antibullying de 
prevenção e combate. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com 
pesquisa de campo, de natureza qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de 
questionários semiestruturados que foram aplicados a alunos e professores do ensino 
fundamental da Escola Estadual Francisco Tibúrcio. A análise dos dados foi analisada de 
acordo com o referencial teórico. Os resultados revelaram a existência de bullying na escola 
pesquisada e indicaram que o lugar de maior incidência da ocorrência desse comportamento 
agressivo é a sala de aula, e com isso a escola pesquisada precisa qualificar os profissionais de 
educação para eles possam adotar programas antibullying de prevenção e combate ao bullying 
para que assim o ambiente escolar se torne um ambiente de paz. 
 
Palavras-chaves: Bullying. Prevenção. Combate. Papel do professor. 
 
 
 7 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 08 
 
2 OBJETIVOS.................................................................................................................... 11 
2.1 Objetivo geral............................................................................................................... 11 
2.2 Objetivos específicos..................................................................................................... 11 
2.3 Estrutura da Pesquisa.................................................................................................. 11 
 
3 ESTUDOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS SOBRE O BULLYING............... 13 
3.1 Estudos Internacionais - Bullying............................................................................... 13 
3.2 Estudos Nacionais - Bullying....................................................................................... 16 
3.3 Conceituando o fenômeno bullying............................................................................. 17 
3.4 Os envolvidos no bullying............................................................................................ 21 
3.4.1 As vítimas de bullying.................................................................................................. 21 
3.4.2 Vítima típica................................................................................................................ 22 
3.4.3 Vítima provocadora..................................................................................................... 22 
3.4.4 Vítima agressora......................................................................................................... 23 
3.4.5 O agressor................................................................................................................... 23 
3.4.6 Os espectadores........................................................................................................... 25 
3.5 As possíveis causas do bullying................................................................................... 26 
3.6 As consequências do bullying para os envolvidos...................................................... 28 
 
4 O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA................................................................................. 30 
4.1 O papel da escola e o bullying..................................................................................... 32 
4.2 O papel dos pais e o bullying....................................................................................... 34 
4.3 O papel do professor e o bullying................................................................................ 36 
4.4 O papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula..... 39 
4.5 Programas antibulying de prevenção e combate ao bullying no contexto 
pedagógico........................................................................................................................... 
 
42 
 
5 METODOLOGIA........................................................................................................... 45 
5.1 Lócus da Pesquisa......................................................................................................... 46 
5.2 Caracterização da Escola............................................................................................. 46 
5.3 Instrumentos de coleta de dados................................................................................. 46 
5.4 Procedimentos............................................................................................................... 47 
5.5 Sujeitos da pesquisa......................................................................................................47 
5.6 Resultados e Discussão................................................................................................. 48 
5.7 Questionários aplicados aos alunos do ensino fundamental II................................. 48 
5.8 Questionários aplicados aos professores pesquisados............................................... 53 
 
6 CONCLUSÃO................................................................................................................. 66 
 
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 69 
 
APÊNDICES....................................................................................................................... 70 
 
ANEXO............................................................................................................................. 73 
 
 8 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este estudo pretende analisar o papel do professor no combate e na prevenção do 
bullying na sala de aula. O interesse por este tema surgiu por considerar que o fenômeno 
bullying, mesmo sendo há muito tempo uma prática frequente nas escolas, pode ser combatido 
efetivamente através da educação. O bullying tem sido discutido no meio acadêmico e 
também através da mídia. Assim, as pessoas estão mais informadas e sabem que não podem 
se calar diante dessa violência e devem exigir uma postura rigorosa das instituições de ensino 
que identificarem a sua existência. 
Brincadeiras de mau gosto como chamar o colega de ‘baleia’, ‘feio’, ‘dentuço’, ou 
seja, brincadeiras que de alguma forma tendem a ofender seus receptores, estão presentes no 
universo das salas de aula, mas, a partir do momento em que isso se torna repetitivo, violento 
em forma física ou psicológica, e que seus receptores passam a sofrer as consequências 
oriundas dessas “brincadeiras”, sejam elas no âmbito afetivo ou na aprendizagem, esse aluno 
se torna uma vítima do bullying. 
O termo bullying é uma palavra oriunda da língua inglesa e não possui tradução para o 
português. O termo Bully significa “valentão”, e pode ser traduzido por “intimidação”. A 
palavra bullying é utilizada para denominar comportamentos agressivos, intencionais e 
repetitivos, que acontecem sem motivação evidente (FANTE, 2005). 
De acordo com Fante (2005), é considerado bullying toda forma de agressão, seja ela 
física ou verbal, sem um motivo aparente, causando em suas vítimas consequências que vão 
desde o âmbito emocional até consequências na aprendizagem. Para ser considerado como 
bullying é preciso existir a intencionalidade, a frequência nas agressões, a gratuidade que 
gera consequências muito negativas em seu receptor. Ainda, de acordo com esse autor seu. 
 
O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se 
deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de 
apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a 
propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos. (FANTE, 
2005, p. 26). 
 
Essas “brincadeiras” passaram a ser denominadas de bullying na década de 90, e o 
primeiro pesquisador a relacionar essas brincadeiras ao nome de bullying foi Olweus (1978), 
pesquisador e educador da universidade de Bergen, na Noruega. Olweus fez inúmeras 
pesquisas com relação às consequências que o bullying pode acarretar em suas vítimas. 
 9 
A partir de então, várias pesquisas a respeito das causas e consequências do bullying 
passaram a ser desenvolvidas em todo o mundo. Os Estados Unidos são um grande pioneiro 
nas pesquisas e também na prevenção e combate ao bullying em suas escolas. O fenômeno 
bullying foi melhor estudado, neste país, a partir de uma grande tragédia ocorrida no ano de 
2001, na qual dois jovens de 15 anos entraram em uma escola secundária e assassinaram, a 
tiros, treze alunos e, em seguida, se suicidaram. Durante a investigação, a polícia descobriu 
que esses dois alunos eram vítimas de bullying nessa escola. 
No Brasil, o bullying passou a ser conhecido e estudado pela ABRAPIA (Associação 
Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência), na qual se desenvolveu 
um projeto em onze escolas na cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de conscientizar e 
prevenir a ocorrência de bullying nas escolas fluminenses. 
Portanto é objetivo dessa pesquisa analisar o papel do professor na prevenção e no 
combate ao bullying no cotidiano escolar, como também refletir sobre suas ações, ou seja, 
se as atitudes docentes podem de alguma forma gerar ou prevenir o bullying no cotidiano da 
sala de aula. 
A partir do tema apresentado, entende-se necessário desenvolver a presente pesquisa, 
com a finalidade de identificar estratégias que possam ser aplicadas nas salas de aula pelos 
docentes que podem prevenir e combater o bullying e as atitudes que podem gerar tal 
violência. 
Com este trabalho, também se pretende deixar claro que o comprometimento do 
professor em conhecer as consequências que o bullying pode trazer para as suas vítimas é de 
suma importância, para assim prevenir e combater este problema na sala de aula de forma 
completamente efetiva. 
Levantam-se com esta pesquisa outras questões: Se o professor teria condições de 
lidar com o problema, bullying, de maneira adequada para todos os escolares? Se o professor 
tem o dever de cuidar da educação conceitual e da educação comportamental, em sala de 
aula? Sendo assim, é possível analisar se a ação se a postura do professor pode combater e 
prevenir o bullying na sala de aula? Se o professor precisa de mais conhecimento a respeito 
do bullying e de suas trágicas consequências para assim atuar melhor no combate e na 
prevenção do bullying? 
Este trabalho se justifica por trazer a temática do fenômeno bullying para as discussões 
acadêmicas, uma vez que muito se tem discutido na mídia, a esse respeito e, em muitos casos, 
confundindo-se o que realmente se configura como sendo bullying. É muito comum ouvir-se 
o termo bullying ser atribuído a muitas brincadeiras ou a um episódio de “violência” como 
 10 
brigas e discussões corriqueiras no ambiente pedagógico, mas para ser configurado bullying 
esse tipo de violência tem suas especificidades e suas particularidades. O bullying pode 
acarretar graves consequências para à sua vítima uma simples “brincadeiras” não, 
consequências que pode prevalecer para toda a vida em algumas vítimas desse tipo de 
violência. 
Dessa forma, o bullying faz parte de uma realidade vivida em muitas escolas e em 
muitas salas de aula. Advém daí a necessidade de o professor conhecer e saber definir, de 
forma adequada, o termo e saber quais as consequências que o bullying pode trazer para as 
suas vítimas, para assim prevenir, combater e desmitificar esse problema na sala de aula. 
Sendo assim, este trabalho poderá ser útil como pesquisa socioeducativa não só para o 
estudante do curso de formação de professores, tendo em vista que buscará informações e 
definições conceituais científicas embasadas em autores que estudam o fenômeno bullying no 
ambiente escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
Analisar o papel do professor no combate e na prevenção do bullying em sala de aula. 
 
2.2 Objetivos específicos 
 
a) definir o bullying e verificar suas causas e consequências; 
b) analisar as ações dos professores o que fazem para prevenir e combater o bullying 
na sala de aula; 
c) verificar se as ações por parte dos professores podem implicar na ocorrência de 
bullying na sala de aula; 
d) refletir sobre o papel social da escola. 
 
2.3 Estrutura da Pesquisa 
 
A presente pesquisa está estruturada em quatro capítulos: o primeiro capítulo 
apresenta a introdução da pesquisa intitulada “O papel do professor no combate e na 
prevenção do bullying em sala deaula”, que constitui-se de uma breve abordagem sobre o 
bullying no contexto escolar, a relevância, a justificativa e as questões que norteiam a presente 
pesquisa. 
O segundo capítulo apresenta o objetivo geral e os objetivos específicos aos quais a 
presente pesquisa pretende atingir e apresenta a estrutura do trabalho. 
As perspectivas teóricas inerentes à pesquisa estão divididas em dois capítulos: o 
capítulo três abrange os estudos internacionais e nacionais referentes ao bullying, os 
envolvidos nessa prática de violência e as possíveis causas e consequências do bullying. O 
capítulo quatro abrange o papel social da escola; o papel da escola e o bullying, o papel dos 
pais e o bullying, o papel do professor e o bullying , o papel do professor no combate e na 
prevenção do bullying em sala de aula e os programas antibullying de prevenção e combate ao 
bullying no contexto pedagógico. 
 12 
No capítulo cinco apresentam-se a metodologia utilizada na pesquisa e as etapas que 
foram percorridas para a coleta de dados e a análise dos dados coletados através dos 
questionários os confrontando-os com os estudos teóricos. 
Enfim, o capítulo seis apresenta a conclusão que se pode chegar diante dos resultados 
coletados e analisados e dos estudos realizados nas perspectivas teóricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
3 ESTUDOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS SOBRE O BULLYING 
 
A realidade a que se assiste nas escolas são diversas formas de violências que estão 
infiltradas muitas das vezes ocultas, os alunos passam por situações constrangedoras, como 
humilhações, ameaças, apelidos, brincadeiras de mau gosto, fofocas, chantagens, provocações 
e até mesmo agressões físicas e morais. 
Sempre que isso ocorre à vítima, ela se isola, entra em depressão, fica em silêncio 
ficando com medo do próximo ataque ou manifestação do agressor. 
O bullying pode ser considerado um fenômeno novo, pois passou a ser investigado e 
estudado apenas nas últimas décadas, esse fenômeno despertou a atenção dos estudiosos 
devido às graves consequências causadas nos envolvidos, e pelos requintes de crueldade com 
que o agressor age contra a vítima de forma oculta dentro do contexto escolar. 
Portanto, faz-se necessário que o fenômeno bullying seja estudado e seja divulgado e 
que todos adquiram o conhecimento e possa refletir que esse fenômeno está presente em 
todos os contextos sociais, como escolas, universidades, famílias, vizinhanças e locais de 
trabalho. Fante (2005), afirma que é na escola e no trabalho que se acentua de maneira 
indelével sobre o indivíduo, levando-o a atitudes inesperadas, por vezes desesperadas, que em 
casos graves levam até ao suicídio. 
 
3.1 Estudos Internacionais - Bullying 
 
Para se entender o bullying, é necessário estudá-lo historicamente. Segundo Fante 
(2005), embora o fenômeno seja tão antigo quanto à própria escola e, mesmo que já houvesse 
certa preocupação, por parte de educadores, em relação à problemática entre agressores e 
vítimas, anteriormente à década de 1970, não havia um estudo sistemático a respeito do 
fenômeno. A partir desta época e, primeiramente na Suécia, a sociedade do referido país 
passou a se interessar pelos problemas entre agressores e vítimas e, posteriormente, esta 
preocupação se estendeu por todos os países escandinavos. 
Os primeiros estudos a respeito do bullying se deram início na década de 1970, pelo 
professor Dan Olweus na universidade de Bergen – Noruega e com a campanha nacional 
antibullying nas escolas norueguesas, na Europa os estudos começaram na década de 1990. 
Antes o bullying não era considerado um problema que merecesse intervenção social, ou seja, 
educacional, pois esse tipo de atitude era vista simplesmente como brincadeira. Entretanto, 
muitos educadores notaram que tais atitudes entre alunos figuravam verdadeiros problemas 
 14 
mediante várias consequências, levando alunos ao baixo rendimento escolar, a abandonarem 
as escolas ou em caso mais grave até ao suicídio. Apesar da gravidade da violência, Fante 
(2005), afirma que as autoridades educacionais não se comprometiam oficialmente, pois ainda 
não existiam políticas públicas a este respeito até a década de setenta. Um fato marcou 
intensamente as pesquisas: 
 
No final de 1982, um jornal noticiava o suicídio de três crianças no norte da 
Noruega, com idades entre 10 e 14 anos, ato que, com toda a probabilidade, foi 
motivado principalmente pela situação de maus-tratos a que eram submetidas pelos 
seus companheiros de escola. (FANTE, 2005, p. 45). 
 
A essa irreparável tragédia Silva (2010) acrescenta que “em resposta à grande 
mobilização nacional diante dos fatos, o Ministério da Educação da Noruega realizou, em 
1983, uma campanha em larga escala, visando ao combate efetivo do bullying escolar”. 
Na Noruega, durante muitos anos esse fenômeno foi motivo de inquietações e debates 
inclusive instigados pelos meios de comunicação, pelos pais e professores, mas sem ações 
efetivas das autoridades educacionais. O Fenômeno Bullying passou a ser objeto de atenção 
das autoridades educacionais somente em 1983, quando um estudante levou a morte três 
alunos (na faixa etária de 10 a 14 anos), cuja principal causa foi identificada como maus tratos 
a que era submetido por seus companheiros de escola. Devido à divulgação e tensão advindas 
do caso, o Ministério da Educação da Noruega desencadeou uma campanha nacional para a 
prevenção e extinção da violência nos ambientes escolares. 
Para a realização da pesquisa, Olweus (1978), utilizou um questionário contendo 25 
questões de múltipla escolha e aplicou a oitenta e quatro mil estudantes, trezentos a 
quatrocentos professores e mil pais, entre vários períodos de ensino. Um fator importante para 
a pesquisa sobre a prevenção do bullying foi analisar sua natureza e ocorrência. Com o uso 
dos questionários foi possível verificar a frequência das agressões, os tipos, os locais de maior 
risco, os tipos de agressores e as percepções individuais quanto aos números de agressores. 
Esse questionário foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários países, inclusive no 
Brasil, pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência 
(ABRAPIA, 2003), possibilitando assim, a instituir comparações interculturais. 
Em 1993, Dan Olweus escreveu o livro: “Bullying at School: What We Know and 
What We Can Do”, (O bullying nas escolas: O que se sabe a respeito e o que se pode fazer). 
No livro, o autor discute o problema e também sugere diferentes formas de identificar 
 15 
possíveis vítimas e autor, e indica estratégias de intervenção. De acordo com Fante (2005), no 
livro Dan Olweus: 
 
Desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma específica, 
permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações, como incidentes e 
gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de 
amadurecimento do indivíduo. (FANTE, 2005, p. 45). 
 
O programa de intervenção proposto por Olweus (1978 apud FANTE, 2005) tinha 
como características principais desenvolver regras claras contra o bullying nas escolas, 
alcançar um envolvimento ativo por parte de professores e pais, aumentar a conscientização 
do problema, avançando no sentido de eliminar alguns mitos sobre o bullying, prover apoio e 
proteção às vítimas. 
Os estudos de Olweus (1978) constataram que um em cada sete alunos noruegueses 
estavam envolvidos em caso de bullying, tanto no papel de vítima como no de agressor. Esta 
descoberta deu início a uma mobilização social de amparo legal que deu origem a uma 
campanha nacional antibullying, com o devido apoio do governo Norueguês. Em pouco 
tempo de atuação da campanha, houve a redução de 50% dos casos de bullying nas escolas da 
Noruega. Com resultados bastante satisfatórios, a campanha antibullying na sua práticaserviu 
de exemplo em outros países inicialmente no Reino Unido, Canadá e Portugal. 
As pesquisas mundiais sobre o bullying apontam o crescimento do fenômeno e estima 
que 5% a 35% das crianças e adolescentes, em idade escolar, estejam envolvidas em 
condutas violentas dentro do ambiente educacional. 
Para Olweus (1978), bullying é “quando uma pessoa é intimidada e fica exposta 
repetidamente e ao longo do tempo às ações negativas por parte de uma ou mais pessoas, e ele 
ou ela tem dificuldade em defender-se”. 
O fenômeno bullying, atualmente nos Estados Unidos, é tema de grande interesse, 
pois o fenômeno cresce visivelmente entre os alunos americanos. O aumento de casos 
bullying é notório, com altos índices de incidência, os pesquisadores americanos classificam o 
bullying como um conflito global. 
Olweus (1978) é o maior representante no combate e resistência contra o bullying, e 
suas pesquisas servem de referência mundial na prevenção, identificação e combate ao 
mesmo. No Brasil, a preocupação com o bullying e suas consequências é recente, o 
questionário sobre o tema criado por Dan Olweus – Modelo TMR (Training and Mobility of 
Researchers) com tradução e adaptação por Mora-Mérchan, Ortega, Pereira, Menesini (1999) 
 16 
é adaptado conforme a realidade do país que o utilizará. No Brasil, no caso, o questionário 
pode ajudar na produção de dados para melhorar a identificação da vítima/agressor e na 
compreensão sobre o bullying e elaboração de propostas para combatê-lo. 
 
3.2 Estudos Nacionais - Bullying 
 
No Brasil, o bullying ainda é pouco estudado, se comparado com a Europa, no que se 
refere aos estudos internacionais acerca do bullying o Brasil está pelo menos com 15 anos de 
atraso na realização de estudos sobre esse fenômeno. O fenômeno bullying é discutido por 
diversos autores, que utilizam como base os estudos desenvolvidos por Dan Olweus. 
De acordo com Fante (2005), em 1997, a professora Marta Canfield e seus 
colaboradores observaram os comportamentos agressivos apresentados por crianças em 4 
escolas de ensino público de Santa Maria, Rio Grande do Sul, utilizando uma forma adaptada 
por sua equipe, do questionário desenvolvido pelo professor Dan Olweus em 1989. 
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância Adolescência – 
ABRAPIA, no Brasil, realiza estudos e divulga o fenômeno desde 2001. A ABRAPIA no 
período entre novembro e dezembro de 2002 e março de 2003 realizou uma pesquisa no 
estado do Rio de Janeiro, por meio de aplicação de questionários a alunos de 5ª a 8ª série de 
11 escolas (nove públicas e duas particulares). A esse respeito Fante (2005, p. 47), comenta: 
 
Também foi realizada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à 
Infância e Adolescência (ABRAPIA, 2003) uma pesquisa em 11 escolas do 
município do Rio de Janeiro, contando com a participação de 5.875 alunos de 5ª a 8ª 
séries. Os resultados divulgados mostraram que 40,5% desses alunos admitiram 
estar envolvidos em bullying. 
 
Nos anos 2000 a 2001, os professores, Israel Figueira e Carlos Neto, realizaram 
pesquisas para diagnosticar o fenômeno bullying em duas escolas do Rio de Janeiro, usando 
uma forma adaptada do questionário. (ABRAPIA, 2001) 
No ano de 2002, a professora Cleodelice aparecida Zonato Fante, pesquisou o bullying 
em escolas municipais do interior paulista, para reduzir e combater comportamentos 
agressivos. A publicação do livro: “Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas 
e educar para a paz”, publicado em 2005, faz uso dos estudos de Dan Olweus, enfatizando a 
importância de seus estudos para diferenciar o bullying dos demais atos presentes no 
desenvolvimento do ser: 
 
 17 
Olweus desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma 
específica, permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações, como 
incidentes e gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo 
de amadurecimento do indivíduo (FANTE, 2005, p. 45). 
 
As pesquisas realizadas por Fante (2005), não são patrocinadas nem incentivadas 
pelo governo brasileiro, os recursos utilizados para as pesquisas são próprios e os trabalhos 
são voluntários, e com isso podemos perceber o descaso do governo brasileiro em prol das 
problemáticas sociais importantes como a do bullying. De acordo com Fante (2005, p. 50), 
diante a falta de recursos financeiros e incentivos governamentais: 
 
Diante da limitação de recursos financeiros disponíveis para a realização das 
pesquisas e o número de alunos entrevistados não ultrapassou a marca de 450 
indivíduos por grupo. 
 
As pesquisas realizadas, por Fante (2005) têm o objetivo de conscientizar pais, 
professores, alunos, psicólogos, pediatras e demais profissionais envolvidos no processo 
educacional, demonstrando que é possível reduzir os índices de sua manifestação do bullying 
por meio de medidas criadas e sugeridas pela autora no Programa Educar para a Paz. 
Em Outubro de 2004, Leonardo Cheffer, publicou, nos Anais da Sexta Semana de 
Psicologia da Universidade Estadual de Maringá: Subjetividade e Arte, o qual o autor trata a 
respeito de bullying, descrevendo o início de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, realizada 
com duzentos e quarenta alunos de quinta a oitava série de uma escola pública de uma cidade 
do estado do Paraná, a fim de caracterizar o perfil das vítimas do bullying. 
Com a pesquisada realizada pela ABRAPIA (2001), também foi possível constatar que 
o bullying está presente nas escolas brasileiras, com maior incidência se comparado com os 
países europeus. 
A ABRAPIA (2001) foi fonte de busca para diversos estudos na área, por se tratar de 
um trabalho realizado sobre o bullying no Brasil. Contudo, após 19 (dezenove) anos de 
existência a instituição fechou as portas, devido às dificuldades para o financiamento das suas 
atividades. Em consequência todos os sites de que serviam de apoio para pesquisas saíram do 
ar. O que justifica a ausência de referências em relação a estes estudos. 
 
3.3 Conceituando o fenômeno bullying 
 
Para se conceituar o fenômeno bullying, Fante (2005), o designa como uma palavra 
inglesa, uma forma de gerúndio, usada para definir um fenômeno, cujo autor é chamado de 
 18 
Bully, palavra esta que se traduz como “brigão” e “valentão”. No Brasil, tratando-se de um 
assunto recentemente abordado, não há registros de tradução dessa palavra, que designa um 
fenômeno inteiramente ligado às várias ações maldosas sucedidas no espaço escolar. 
O bullying também é conhecido com outros nomes, como assédio moral, mobbing na 
Noruega e Dinamarca, mobbning na Suécia e Finlândia, harassment nos Estados Unidos, 
acoso na Espanha, entre outras denominações. 
A primeira pergunta que se faz é: O que é bullying? Bullying é uma situação que se 
caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, praticadas de maneira repetitiva, por 
um ou mais alunos contra um ou mais colegas, sem motivos justificáveis, praticado com o 
intuito de maltratar a outra pessoa. 
 Fante (2005, p. 27), caracteriza o Bullying como: 
 
Uma palavra de origem inglesa, uma forma de gerúndio, usada para definir um 
fenômeno, cujo autor da agressão é chamado de Bully, traduzido como “Valentão”, 
“Tirano”. Dessa forma o Bullying, compreende uma série de comportamentos 
agressivos de maneira repetitiva e traz em sua prática uma relação de desequilíbrio 
de poder, em que, a vítima não consegue se defender das agressões sofridas, em 
geral por apresentar comportamentos inferiorizantes. 
 
Para Fante (2005), o bullying é uma forma de violência muito cruel, visto que a pessoa 
que sofre a agressão fica com um alto nível de ansiedade, o que acaba interferindo 
negativamente nos seus processos de aprendizagem e convívio social, devido à excessiva 
mobilização de emoções de medo, de angústia e de raiva reprimida. 
O bullying é um comportamentoofensivo, humilhante, que desmoraliza de maneira 
repetida, com ataques violentos, cruéis e maliciosos, sejam físicos ou psicológicos. O bullying 
está basicamente ligado à incapacidade de lidar com a diferença e de aceitá-la, cada vez mais 
se veem atos de intolerância e desrespeito àquilo que não se enquadra na homogeneidade e 
que é considerado diferente. 
Segundo Silva (2010), o fenômeno bullying pode se expressar de forma verbal, física e 
material, psicológica, moral, sexual e virtual. Em sua forma verbal, materializa-se através de 
insultos, ofensas, xingamentos, gozações, colocações de apelidos pejorativos, piadas 
ofensivas e as “zoadas”. Física e materialmente, encontram-se atitudes de bater, chutar, 
espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima e atirar 
objetos contra as mesmas. Sob a forma psicológica e moral verificam-se atos que visam a 
irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar, discriminar, ameaçar, 
 19 
intimidar, chantagear, e outros. A forma sexual do bullying está em abusar, violentar, assediar 
e insinuar a vítima. 
Para diferenciar o bullying de uma “simples brincadeira” é preciso usar o bom senso. 
O fundamental é sempre ter em mente que a brincadeira não causa sofrimento a outra pessoa 
ao contrário do bullying, mas é preciso tomar cuidado para não generalizar. A falta de 
critérios para identificar o bullying pode causar uma precipitação na avaliação, quando todas 
as situações de conflito de grupos são caracterizadas como este fenômeno. Para ser 
considerado bullying, a agressão deve ocorrer entre pares (colegas de classe ou de trabalho, 
por exemplo). É necessário salientar o bullying é uma agressão, mas nem todas as agressões 
são consideradas bullying, como discussões ou brigas pontuais. 
Para diferenciar o bullying de outras formas de violência e das brincadeiras próprias da 
idade devem-se utilizar alguns critérios de identificação, pois as condutas bullying apresentam 
características próprias. São elas: ações de violência repetida contra a mesma vítima num 
período prolongado de tempo, relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da 
vítima, ausência de motivos que justifiquem tal agressão, esses comportamentos são graves e 
danosos. 
O Bullying não se deixa confundir com outros tipos de violência, pois apresenta 
características próprias que marca os envolvidos por toda a vida. De acordo com Fante (2005, 
p. 30): 
 
O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se 
deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de 
apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a 
propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos. 
 
Portanto, o conceito de bullying deve ser compreendido como um comportamento 
ligado à agressividade física, verbal ou psicológica, exercida de maneira contínua dentro do 
ambiente escolar. 
O bullying apresenta três personagens: o agressor, a vítima e o espectador. Mas, 
segundo Fante (2005, p. 71), os estudiosos identificaram e classificaram os tipos de papéis 
sociais desempenhados pelos protagonistas de bullying de cinco maneiras: 
 
A vítima típica; 
A vítima provocadora; 
A vítima agressora; 
O agressor; 
O espectador. 
 
 20 
De acordo com Calhau (2009), acrescenta-se a esses cinco tipos a figura do novato, o 
aluno transferido de escola que fica fragilizado nas situações de bullying. 
O bullying pode ser dividido em duas categorias: o Bullying direto caracterizado por 
ataques diretamente à vítima, englobando atitudes como colocar apelidos, fazer ameaças, 
ofender verbalmente, fazer expressões e gestos que provoquem mal-estar, além de 
comportamentos como chutar e bater, o bullying direto é mais executado pelo sexo masculino, 
e o Bullying indireto, que é mais presente no sexo feminino e nas crianças, é caracterizado 
pela ausência da vítima em questão, sendo as atitudes mais utilizadas por forçar as vítimas ao 
isolamento social. Geralmente os agressores espalham comentários maldosos sobre as 
vítimas, recusa em se socializar com a vítima e impede que outros também se socializem, 
critica o modo de vestir, raça, religião e incapacidade entre outros. A esse respeito Fante 
(2005, p. 50), comenta: 
 
Os comportamentos bullying podem ocorrer de duas formas: direta e indireta, ambas 
aversivas e prejudiciais ao psiquismo da vítima. A direta inclui agressões físicas 
(bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e 
discriminatória, insultar, constranger); a indireta talvez seja a que mais prejuízo 
provoque, uma vez que pode criar traumas irreversíveis. Esta última acontece 
através de disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à 
discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social. 
 
De todos, o que se vê, o bullying indireto é o mais difícil de ser percebido, pois 
geralmente quando vemos uma criança sozinha achamos que ela é tímida e não quer se 
socializar. 
Outra forma de agressão que está muito acentuada remete ao cyberbullying que 
acontece fora das escolas, porém usam coisas do dia a dia escolar, para ridicularizar o outro, 
usa-se a tecnologia para mostrar o mundo à imperfeição ou o desgosto pelo outrem, ao 
contrário do Bullying que acontece somente dentro da escola. O cyberbullying consiste em 
utilizar os mais atuais e modernos instrumentos da internet e da telefonia móvel com o intuito 
de constranger, humilhar, maltratar e difamar suas vítimas. É uma forma perversa muito 
utilizada pelo agressor fora do ambiente escolar. 
Conforme Calhau (2009, p. 8): 
 
Os atos de bullying são de uma perversidade tremenda. Eles podem ocorrer a nossa 
volta e não serem percebidos como tais, caso não façamos um esforço para conectá-
los. Eles vão ocorrendo de forma silenciosa e diuturna em nosso meio, em 
corredores, em banheiros públicos, na sala de aula do colégio, em comunidades do 
Orkut, etc. 
 
 21 
Portando, o bullying tem a intenção de ferir a vítima de forma repetitiva e com 
desequilíbrio de poder, podendo ocorrer em todos os ambientes de forma velada, causando 
danos psicológicos nas vítimas. 
 
3.4 Os envolvidos no bullying 
 
O bullying caracteriza-se por ser uma violência oculta. É de grande importância saber 
identificar e diferenciar o bullying de quaisquer outros tipos de manifestações presentes nos 
ambientes escolares. 
Atualmente encontramos dentro dos ambientes escolares uma clientela diversificada, 
com objetivos e gostos diferentes, essas diferenças entre os alunos que muitas vezes os levam 
a serem alvos de brincadeiras e gozações. 
A identificação dos envolvidos precocemente é de suma importância para as escolas e 
as famílias possam traçar estratégias e ações efetivas contra o bullying. 
Na prática do comportamento bullying são identificados e classificados os papéis 
desempenhados pelos envolvidos. São eles: vítima, agressor e espectador. 
 
3.4.1 As vítimas de bullying 
 
Os alunos que são vítimas de bullying, geralmente não precisam fazer nada para serem 
alvos, os agressores simplesmente as elegem, sem nenhum motivo especial. A maioria das 
vítimas de bullying são aqueles que possuem características diferentes em relação ao grupo, 
como obesidade, deficiência física, superdotadas ou com dificuldades de aprendizagem. A 
vítima geralmente é passiva, insegura e introvertida. Silva (2010, p. 38) afirma que 
geralmente as vítimas: 
 
São indivíduos que não conseguem reagir aos comportamentos provocadores e 
agressivos dirigidos contra elas. Normalmente são mais frágeis fisicamente ou 
apresentam alguma “marca” que as destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou 
magras demais, altas ou baixas demais; usam óculos; são “caxias”, deficientes 
físicos; apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais 
destacados; usamroupas fora da moda; são de raça, credo, condição socioeconômica 
ou orientação sexual diferentes... 
 
Portanto, como se pode perceber os motivos que levam as vítimas a se tornarem alvos 
de bullying são muito fúteis e banais. 
 22 
Segundo Fante (2005), os alvos do bullying são aqueles considerados pela turma como 
diferentes “esquisitos”. São tímidos, retraídos, passivos, submissos, ansiosos, temerosos, com 
dificuldade de defesa, de expressão e de relacionamento. 
Às vezes é difícil identificar o bullying como forma de violência por parte dos 
familiares e da escola, pois a “vítima” teme em denunciar seus agressores, com medo de 
sofrer represálias e por vergonha de admitir que esteja passando por situações humilhantes na 
escola ou porque não acreditarão nele. A sua denúncia seria interpretada pela própria “vítima” 
como uma confissão de fraqueza ou impotência de defesa. 
Segundo Fante (2005), os estudiosos dos comportamentos bullying, identificam e 
classificam os tipos de papéis desempenhados, que são bem definidos entre os envolvidos no 
fenômeno da seguinte forma: 
 
3.4.2 Vítima típica 
 
São aquelas vítimas geralmente encontradas em maior número neste papel de vítima, 
facilmente classificadas por Silva (2010,) como: “alunos que apresentam pouca habilidade de 
socialização. Em geral são tímidas ou reservadas e não conseguem reagir aos comportamentos 
provocadores e agressivos dirigidos contra ela”. Pois costumam ser retraídas, passivas, sem 
amigos que lhes deem apoio ou as protejam. Fante (2005, p. 72) acrescenta que suas 
características mais comuns são: 
 
Aspectos físicos mais frágeis que o de seus companheiros; medo de lhe causem 
danos ou de ser fisicamente ineficaz nos esportes e nas brigas, sobretudo no caso dos 
meninos; coordenação motora deficiente, especialmente entre os meninos; extrema 
sensibilidade, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa autoestima, 
algumas dificuldades de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos. 
 
A vítima típica tem maior facilidade de relacionamento com pessoas adultas e elas 
possuem dificuldade de se imporem, tanto física como verbalmente, apresenta 
comportamentos não agressivos. 
 
3.4.3 Vítima provocadora 
 
Conforme Silva (2010), as vítimas provocadoras “são aquelas capazes de insuflar em 
seus colegas reações agressivas contra si mesmas. No entanto, não conseguem responder aos 
revides de forma satisfatória. Elas, em geral discutem ou brigam quando são atacadas ou 
 23 
insultadas”. No geral, provocam tensão nos ambientes em que frequentam despertando o 
interesse de agressores. Podem ser hiperativas, imaturas, dispersivas, impulsivas, ofensoras, 
costumam ser irritantes, demonstrando assim sua insegurança. 
Para Fante (2005) a vítima provocadora é aquela que provoca e atrai reações 
agressivas contra as quais não consegue lidar com eficiência. 
A vítima provocadora é aquele aluno de “gênio ruim”, que age com agressão quando é 
provocado ou insultado, mas geralmente de maneira ineficaz, costuma ser hiperativa, inquieta 
e ofensora, de costumes irritantes e, na maioria das vezes, é responsável por causar tensões no 
ambiente que se encontra. 
 
3.4.4 Vítima agressora 
 
De acordo Silva (2010), a vítima agressora “reproduz os maus-tratos sofridos como 
forma de compensação, ou seja, ela procura outra vítima, ainda mais frágil e vulnerável, e 
comete contra ela todas as agressões sofridas”, pois, elas são tão ansiosas quanto agressivas, 
têm dificuldade de convívio social e são muito impulsivas. São geralmente um tipo inquieto e 
irritante propenso a níveis elevados de estresse. 
A tendência é que a vítima agressora reproduza os maus tratos assegura Fante (2005, 
p. 72), “fazendo com que o bullying se transforme numa dinâmica expansiva, cujos resultados 
incidem no aumento no número de vítima”. 
 E com isso, o bullying vem se transformando em uma epidemia mundial pelo círculo 
vicioso a que se forma, na complexidade de suas relações e reproduções se tornando um 
problema de difícil solução. 
 
3.4.5 O agressor 
 
O agressor é aquele que vitimiza os mais fracos, muitas vezes o agressor se une aos 
demais alunos para se autoafirmar. Os agressores também são denominados bullies, eles 
gostam de poder e de controle. 
Os agressores geralmente buscam uma vítima que lhes pareçam vulneráveis aos seus 
ataques, gostam de impor sua autoridade através do medo e das ameaças morais ou da força 
física. 
A esse respeito Fante (2005, p. 73) afirma que o agressor: 
 24 
“sente uma necessidade imperiosa de dominar e subjugar os outros, de se impor 
mediante o poder e a ameaça e de conseguir aquilo que se propõe. Pode vangloriar-
se de sua superioridade real ou imaginária sobre outros alunos”. 
 
O que caracteriza o agressor ou bullie é a sua personalidade. Para Silva (2010), 
“Traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes (...) associadas a um poderoso poder 
de liderança que, em geral, é obtido ou legitimado através da força física ou de intenso 
assédio psicológico”. 
É possível identificar os praticantes de bullying precocemente, pois geralmente eles 
apresentam traços perversos e um histórico de condutas como mentiras constantes, fúria, 
irresponsabilidade, ausência de culpa ou remorso, sexualidade precoce exacerbada, etc. O 
agressor geralmente se une em grupos com outros alunos formando (gangues). 
Os autores Silva (2010) e Fante (2005) acreditam que os agressores são membros de 
famílias desestruturadas, e que apresentam relacionamento afetivo deficitário total ou parcial, 
como também pode ser atitudes da própria índole do indivíduo. Seus pais exercem uma má 
influência, praticam atos agressivos e violentos para solucionar conflitos. Portanto, vale a 
pena ressaltar, que filhos de bullies tem maior chance de se tornarem bullies. 
Os autores de atos de bullying são apáticos, são mais forte fisicamente em relação às 
vítimas, sente necessidade de dominar e julgar os outros. Geralmente são deficientes de afeto, 
e a manifestação de violência é visível desde cedo nos maus-tratos com os irmãos, colegas, 
animais, etc. 
Calhau (2009, p. 8) afirma que os bullies: 
 
É mau-caráter, impulsivo, irrita-se facilmente e tem baixa resistência às frustrações. 
Custa a adaptar- se às normas; não aceita ser contrariado, não tolera os atrasos e 
pode tentar beneficiar-se de artimanhas na hora das avaliações. É considerado 
malvado, duro e mostra pouca simpatia para com suas vítimas. 
 
Os bullies adotam comportamentos extremamente antissociais e se envolvem em atos 
delinquentes como roubos, vandalismo além de poderem consumir álcool, drogas ilícitas e se 
envolverem com más companhias. Nesse sentido, Calhau (2009, p. 17) informa que: 
 
 
O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará propenso a adotar 
comportamentos delinquentes, agressão sem motivo aparente, uso de drogas, porte 
ilegal de armas, furtos, indiferença à realidade que o cerca, crença de que deve levar 
vantagem em tudo, crença de que é impondo-se com violência que conseguirá obter 
o que quer na vida... afinal foi assim nos anos escolares. 
 
 25 
Para os agressores, a violência praticada não traz prejuízos para si, mas apenas para a 
vítima, no entanto, segundo a Constituição Federal, o Código Penal Brasileiro e o Estatuto da 
Criança e do adolescente, as práticas do bullying podem ser consideradas crime. Para 
confirmar o Art. 146 do Código Penal descreve que “Constranger alguém mediante violência 
ou grave ameaça ou depois de lhe haver ridicularizado, por qualquer outro meio a capacidade 
de resistência, é crime de constrangimento ilegal”. (BRASIL, 2013). Portanto, fica claro que 
os prejuízos não se restringem apenas às vítimas. 
 
3.4.6 Os espectadores 
 
Os espectadores presenciam o bullying, mas não o sofre nem o pratica, eles têm 
conhecimento do bullying, conhece os envolvidos, mas não se posicionam frenteà situação. 
Segundo Silva (2010), são indivíduos que presenciam as ações dos agressores contra 
as vítimas, mas não tomam atitudes diante do fato. Não defendem o agredido e não se 
posicionam a favor dos agressores e nem se unem a eles. Muitos espectadores ficam em 
silêncio, por temerem se tornar um alvo, ou por medo de se envolverem num problema que 
consideram não ser deles, ou seja, a indiferença frente aos problemas do outro, fator marcante 
na atual sociedade, contribui fortemente para que não haja uma ação contra este tipo de 
atitude. Não querem se comprometer, acreditam que o problema é com o outro e ele que 
resolva. 
Silva (2010) divide os espectadores em três grupos distintos, o passivo, o ativo e o 
neutro. O espectador passivo normalmente recorre a essa postura por temer ser objeto de 
retaliações do bullie. 
Quanto ao espectador ativo, apesar de não participar de forma atuante na violência, 
demonstra certo apreço pelo ato, seja com risadas ou palavras que incentivam o bullie a 
continuar praticando-a. De acordo com Silva (2010, p. 46), os espectadores ativos: 
 
Estão inclusos neste grupo os alunos que, apesar de não participar ativamente dos 
ataques contra as vítimas, manifestam apoio “moral” aos agressores, com risadas e 
palavras de incentivo. Não se envolvem diretamente, mas isso não significa, em 
absoluto, que deixam de se divertir com que veem. 
O espectador neutro, não se deixa tocar pelo ato presenciado, nem positiva como o 
espectador ativo nem negativamente como o espectador passivo. Ele mantém uma postura 
apática frente ao bullying. De acordo com Silva (2010, p. 46): 
 
 26 
Dentre eles, podemos perceber os alunos que, por uma questão sociocultural 
(advindos de lares desestruturados ou de comunidades em que a violência faz parte 
do cotidiano), não demonstram sensibilidade pelas situações de bullying que 
presenciam. 
 
Fante (2005, p. 73-74) afirma que os espectadores: 
 
Representa a grande maioria dos alunos que convive com o problema e adota a lei 
do silêncio por temer se transformar em novo alvo para o agressor. Mesmo não 
sofrendo as agressões diretamente, muitos deles podem se sentir inseguros e 
incomodados. 
 
Segundo Calhau (2010), as testemunhas não denunciam os fatos para seus pais e 
professores, no ambiente escolar, pois a fama de “dedo duro” é terrível, e também eles se 
sentem ameaçados e temem sofrer represálias e até pagar com a vida por entregar o agressor. 
A atitude de omissão por parte dos espectadores contribui para que o bullying continue 
a acontecer, pois a ação não contraria pelos que sabem dos atos violentos e não funcionam 
como forma de coibi-los. A não repreensão do bullying faz com que o fenômeno se propague 
cada vez mais em todos os ambientes sociais. A grande maioria dos espectadores não 
concorda com as agressões, mas preferem ficar em silêncio por medo do agressor. 
 
3.5 As possíveis causas do bullying 
 
De acordo com Calhau (2009), a realidade brasileira a qual se tem assistido é a 
existência de maior preocupação com o ter do que ser a nossa cultura é centrada no 
individualismo no egoísmo em detrimento aos interesses coletivos. O padrão de beleza 
imposto pela mídia gera preconceito com aqueles que fogem dos padrões aceitáveis como 
ideal. Esse desrespeito é resultado da cultura centrada no individualismo. 
Segundo Fante (2005, p. 62), as causas do comportamento bullying são inúmeras e 
variadas: 
 
As causas desse tipo de comportamento devem-se à carência afetiva, à ausência de 
limites e ao modo de afirmação de poder dos pais sobre os filhos, por meio de 
“práticas educativas” que incluem maus- tratos físicos e explosões emocionais 
violentas. 
Os pais geralmente agem com agressão contra seus filhos e o agressor sente 
necessidade de reproduzir os maus-tratos sofridos em casa e também os sofridos na escola, 
como talvez de exercer autoridade e de fazer-se notado de autoafirmação perante a seu 
grupo. A reprodução constante desses comportamentos agressivos e intimidatórios no 
 27 
convívio escolar implica um número cada vez maior de alunos, uma dinâmica doentia uma 
espécie de Síndrome de Maus-Tratos (SMAR). Essa síndrome se intensifica entre os 
educandos conforme aumenta o grau de escolaridade, alastrando de forma epidêmica dando 
origem ao bullying. 
Para Fante (2005, p. 62) outras causas estão associadas ao bullying: 
 
A ausência de modelos educativos humanistas, capazes de estimular e orientar o 
comportamento da criança para a convivência pacífica e para o seu crescimento 
moral e espiritual, fatores indispensáveis ao bom processo socioeducacional, que se 
torna promotor de autossuperação na vida. 
 
A falta de modelos educativos humanistas induz o educando a intolerância, que resulta 
na não aceitação das diferenças pessoais inerentes a todos os seres humanos. O bullying 
frequentemente começa pela recusa de aceitação de uma diferença como deficiência física, 
religiosa, psicológica, opção sexual, social, etc. Essas diferenças fazem surgir conflitos 
interpessoais no ambiente educativo. 
Segundo Silva (2010), a escola é responsável pela causa do bullying devido ao número 
excessivo de alunos e por possuir uma estrutura física inadequada, além disso, as escolas não 
sabem lidar com problemas da família e do aluno. 
A escola é também responsável pela falta de preparo dos profissionais da educação 
para educar sem o uso de coerção e agressão e também falta espaços onde o aluno possa 
expressar suas emoções e dificuldades pessoais, além do espaço escolar ser menos omissivo e 
mais punitivo para assim a violência dentro do ambiente escolar seja combatida. 
A omissão dos pais em relação a seus filhos é apontada também como causadora do 
bullying, pois tais atitudes dos pais geram nos filhos descompromisso com aprendizagem e 
com sua desvalorização. A falta de apoio emocional dos pais geram crianças inseguras com 
dificuldades de relacionamento, com baixa autoestima, faz com que essas crianças obtenham 
aceitação social através de atitudes agressivas. 
 
3.6 As consequências do bullying para os envolvidos 
 
As consequências do bullying envolvem todos os envolvidos, desde a vítima ao 
agressor. De acordo com Fante (2005), as consequências relativas ao bullying são inúmeras, 
dependendo de como as vítimas recebem as agressões, de como reagem a seus agressores. 
A esse respeito Fante (2005, p. 44) comenta: 
 28 
 
As consequências para as vítimas desse fenômeno são graves e abrangentes, 
promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração 
e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. 
 
As vítimas do bullying podem sofrer as consequências dessa violência fora do 
ambiente escolar, trazendo-lhe prejuízos no ambiente de trabalho na constituição familiar na 
educação dos filhos, além de problemas psicológicos e mentais. 
O bullying é um fenômeno comportamental que atinge o ego de suas vítimas, envolve 
e vitimiza as crianças, tornando-as reféns da ansiedade e insegurança e que interfere 
negativamente nos seus processos de aprendizagem, devido à excessiva mobilização de 
emoção, medo, de angústia e raiva reprimida. 
Podemos ressaltar que além do medo de represália, a vítima tem medo de denunciar 
seu agressor devido ao fato de expor que ela está sendo vítima de situações humilhantes na 
escola. 
Segundo Fante (2005), a superação dos traumas causados pelo fenômeno poderá ou 
não ocorrer, dependendo das características individuais de cada vítima, bem como da sua 
habilidade de se relacionar consigo mesma, com o meio social, e com a família. 
Quando a vítima não consegue superar os traumas causados pelo bullying, os 
desenvolvimentos psíquicos e os seus comportamentos são prejudicados, a vítima pode ter 
sentimentos negativos e pensamentos de vingança, baixo autoestima, dificuldades de 
aprendizagem, queda no rendimento escolar,podendo também desenvolver transtornos 
mentais e psicopatologias, levando-a ser um adulto com dificuldades de relacionamento e com 
outros graves problemas. E em casos extremos a vítima pode cometer suicídio. 
As consequências do bullying são tão graves que se pode citar como exemplo, o caso 
ocorrido em dia 7 de Abril de 2011, no Rio de Janeiro, que ficou marcado na memória dos 
brasileiros. Um jovem desequilibrado invadiu a escola de ensino fundamental no bairro de 
Realengo, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro e com auxílio de armas de fogo executou 11 
crianças e logo após cometeu suicídio. A sociedade ficou chocada com o acontecimento e 
também com a causa que levou o jovem a cometer tamanha barbárie. A mídia logo noticiava 
que o que levou o jovem a essa violência foi o fato dele ter sido alvo de bullying por parte dos 
colegas durante sua trajetória escolar na mesma escola em que havia cometido à chacina. E 
com essa tragédia, pode-se confirmar que as consequências do bullying para as vítimas são 
gravíssimas e muitas vezes essas vítimas têm desejo deliberado de vingar a violência sofrida. 
 29 
 A vítima pode também desenvolver comportamentos agressivos ou depressivos, e 
ainda, quando adulto praticar ou sofrer bullying no ambiente de trabalho, além de desenvolver 
fobia escolar. Os momentos que antecedem a ida à escola e a volta são marcados por 
sofrimento psíquico que afeta o biológico. Esse sofrimento nem sempre a vítima consegue 
exprimir, o que dificulta o seu diagnóstico e possível tratamento. 
De acordo com Fante (2005, p. 81), os agressores também sofrem consequências da 
prática de bullying; 
 
O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará propenso a adotar 
comportamentos delinquentes, tais como: agregação a grupos delinquentes, agressão 
sem motivo aparente, uso de drogas, porte ilegal de armas, furtos, indiferença à 
realidade que o cerca, crença de que deve levar vantagem em tudo, crença de que é 
impondo-se com violência que conseguirá obter o que quer na vida... afinal foi assim 
nos anos escolares. 
 
É grande a relação entre o bullying e a criminalidade. O agressor sente a sensação de 
consolidação de suas condutas, mesmo sem perceber que está prejudicando a si mesmo, o 
agressor supervaloriza a violência como forma de obter poder, caminho que pode o levar ao 
mundo do crime futuramente, tornando-o uma pessoa de difícil convivência nas relações 
interpessoais. 
Os espectadores por sua vez, mesmo não se envolvendo de forma direta com o 
comportamento bullying, também sofrem as consequências, pois veem o direito de uma escola 
segura, solidária e saudável sendo violada à medida que o bullying foi corrompendo as suas 
relações interpessoais, causando dano ao desenvolvimento socioeducacional. 
O fenômeno bullying passou a ser considerado problema de saúde pública, pois 
acarreta danos físicos e emocionais em aqueles que estão direta ou indiretamente envolvidos 
nele. 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
4 O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA 
 
 A escola tem sido vista ao longo de sua história como sendo um espaço destinado ao 
processo de ensino aprendizagem. Até pouco tempo, o aprendizado do conteúdo programático 
era o único que interessava na avaliação escolar. 
Na escola do passado as escolhas eram claras e restritas, os modelos ideológicos eram 
rígidos e poucos democráticos, porem mais explícitos e determinados. Dessa forma, a 
educação era bem mais fácil para os adultos que tinham que exercer apenas o papel de 
educador, os educandos copiavam e reproduziam os modelos vigentes de comportamento e os 
estereótipos socioculturais da época. 
Segundo Fante (2005), a comunidade escolar tende a reproduzir, em maior ou menor 
escala, a sociedade como um todo. Todos os membros dessa comunidade devem exercer seus 
papéis de forma eficiente e solidária para que os alunos possam aprender e praticar o 
aprendizado na fase adulta. 
A escola pode ser vista como grupo social e como instituição, ela pode ser considerada 
como um conjunto de indivíduos que possuem interesses em comuns e que estão em contínua 
interação e é considerada como instituição, pois carrega um conjunto de normas e 
procedimentos padronizados, que são valorizados pela sociedade, objetivando a socialização 
do indivíduo e a transmissão cultural. 
A escola é um espaço social diversificado, por isso saber conviver e respeitar as 
diferenças e viver em comunidade é importante para termos uma sociedade mais justa e 
democrática. A esse respeito Chalita (2008, p. 201) comenta: 
 
A escola é um lugar que reúne muita gente. Diferentes olhares, gostos, caprichos, 
talentos, sentimentos, sonhos, necessidades, histórias de vida, contextos. E esse 
lugar tão especial também guarda uma missão igualmente especial: fazer toda essa 
gente feliz, com princípios de justiça e equidade social. Essa missão pode parecer 
óbvia, mas não é nada simples, pois cada pessoa tem sua maneira peculiar de ser 
feliz. Todavia, desejam ser felizes, mas ninguém alcança a felicidade sozinho. 
 
A escola é uma instituição social com o objetivo de desenvolvimento as 
potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos 
conteúdos pragmáticos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores, que 
deve acontecer de forma contextualizada desenvolvendo nos alunos a capacidade de se 
tornarem cidadãos participativos na sociedade em que vivem). 
 31 
Os profissionais da educação dos dias atuais não têm apenas a função de um mero 
transmissor de conhecimentos e sim o de facilitador, o de provocador. A escola é o caminho 
para a construção de uma sociedade mais digna e mais justa. Atualmente, a escola tem a 
função de proporcionar aos alunos uma formação capaz de compreender de forma crítica a 
realidade e atuar na superação das desigualdades sociais. A escola também precisa 
compreender as necessidades sociais a qual ela está inserida e fornecer aos alunos os 
subsídios adequados para que eles possam ter acesso à informação com a intenção de superar 
essas dificuldades e levando-os a descobrirem e desenvolverem seus talentos. 
De acordo com Chalita (2008, p. 258): 
 
A educação conduz a comportamentos mais amistosos. Isso porque a educação 
refina as atitudes. O conhecimento tem essa magia de engendrar pessoas e processos 
para encontros. Cada encontro é, em semente, uma nova amizade. E cada nova 
amizade representa uma nova possibilidade de aprender e de ensinar. 
 
A escola é um local de transmissão de conhecimento e tem como objetivo diminuir as 
desigualdades sociais existentes na sociedade, fazendo com que todos tenham os mesmos 
direitos e deveres, levando em consideração o contexto cultural na qual os alunos estão 
inseridos. 
O grande desafio da escola na atualidade é tornar as práticas educativas mais próximas 
da realidade, promovendo o conhecimento e a educação. Hoje cabe à escola a transmissão de 
valores e modelos educativos nos quais os jovens possam conduzir sua vida como cidadão 
ético e responsável. 
Com se pode perceber com o grande aumento das tecnologias, as aulas tradicionais 
não prendem mais a atenção dos alunos fazendo com que os alunos sintam-se desinteressado 
em aprender e cabe ao professor associar os conteúdos a essa nova realidade tecnológica para 
gerar aprendizado levando em consideração os fatores do cotidiano e elevando o aluno a 
entender que toda matéria trabalhada tem utilidade. 
O papel fundamental da escola é preparar o indivíduo para a sociedade. Todos os 
acontecimentos vivenciados pelo aluno no ambiente escolar traduzem uma vida de 
aprendizados. Portanto, a boa escola é aquela que proporciona ao educando condições de 
aprendizado eficientes levando em consideração os conhecimentos prévios trazidos por seus 
alunos e que levem em consideração uma educação para a vida e não para o mercado de 
trabalho, uma educação pautada em valores emodelos educacionais que levem o jovem a um 
caminho ético e democrático, consciente de seus direitos e deveres para com a sociedade. 
 32 
Na Constituição Brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente, estão previstos 
os direitos da criança e do adolescente, e que a escola deve ser um ambiente de respeito e 
proteção, respeito às diferenças, sendo que todos devem ser tratados com dignidade e 
igualdade. 
 
4.1 O papel da escola e o bullying 
 
Pode-se afirmar que o bullying está presente em cem por cento das escolas do mundo, 
independente de sua tradição, localização ou poder aquisitivo dos alunos, sejam públicas ou 
privadas. O que pode variar nas escolas são os índices encontrados em cada realidade escolar, 
devido o conhecimento acerca do bullying. 
A problemática da violência nas escolas se faz presente é um fenômeno mundial e 
social complexo e de difícil solução, por atingir a sociedade como um todo. Esse fenômeno é 
resultante de vários fatores, tanto externos como internos a escola, característicos das 
interações sociais. 
Segundo Fante (2005, p. 168): 
 
Os fatores externos são decisivos na formação da personalidade do aluno, pela 
influência que recebe no seu contexto familiar, social e pelos meios de comunicação. 
A escola não dispõe de recursos e de meios para impedir a influência dos fatores 
externos sobre a vida de seus alunos, entretanto, torna-se alvo de muitos casos de 
violência, praticados em decorrência desses fatores que não estão sob seu controle. 
 
Os fatores externos a escola são referentes às desigualdades e às exclusões sociais, 
raciais, a perda de um modelo de referência entre os adolescentes, as violências existentes na 
sociedade, a desestruturação familiares e a falta de espaços de sociabilidade. 
De acordo com Fante (2005), os fatores internos podem ser classificados em três 
categorias: o clima escolar, as relações interpessoais e as características individuais de cada 
membro da comunidade escolar. 
Segundo Calhau (2010), as escolas estão passando por um processo muito difícil, pois 
atualmente os pais transmitiram para a escola o seu papel de educar seus filhos. 
A escola considerada com melhor qualidade de ensino, seja ela pública ou privada, 
não é aquela onde o bullying não ocorra, mas aquela que enfrenta o bullying com coragem e 
determinação. A maioria das escolas particulares omitem a existência do bullying por receio 
de mancharem sua reputação e de diminuírem sua clientela, essa omissão dificulta as medidas 
preventivas e combativas e faz com que o bullying prolifere. 
 33 
De acordo com Silva (2010, p. 118): 
 
As Varas da infância e juventude têm recebido um número cada vez mais 
significativo de denúncias relativas às práticas de bullying. No entanto, um dado 
chama a atenção: quase a totalidade das denúncias é relativa a agressões ocorridas 
em escolas públicas, onde a tutela do estado é direta. 
 
Um grande número de escolas ainda em pleno século XXI ainda desconhecem, 
omitem, acomodam ou negam a existência do fenômeno bullying dentro do ambiente escolar, 
apesar de inúmeros casos referentes às tragédias causadas por esse fenômeno terem sido 
divulgados pela mídia, desprezando totalmente os sentimentos dos alunos em relação ao 
bullying. A esse respeito Silva (2010, p. 163) comenta: 
 
De maneira clara e objetiva, a escola deve procurar meios para se informar sobre as 
formas que possibilitem saber quais são as experiências e os sentimentos seus alunos 
possuem em relação ao bullying. 
 
Para que as escolas possam prevenir e combater o bullying dentro do contexto escolar, 
primeiramente a escola deve reconhecer a existência desse fenômeno e ter consciência de suas 
inúmeras consequências para o desenvolvimento socioeducacional e para a estruturação das 
personalidades dos educandos. Além de capacitar seus profissionais para identificar, intervir e 
fazer um encaminhamento adequado em todos os casos de conflitos violentos existentes no 
ambiente escolar. 
As instituições escolares têm o dever de discutirem o tema da violência escolar 
(bullying), mobilizando toda a comunidade escolar para traçar estratégias preventivas e 
imediatas com o propósito de enfrentar o problema. Para o enfrentamento do problema do 
bullying escolar, a escola deve formar parcerias com profissionais de diversas áreas 
especializados no assunto como: pediatras, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais e 
também com instituições públicas ligadas à educação e ao direito: conselhos tutelares, 
delegacias da criança e do adolescente, promotorias públicas, varas da infância e juventude e 
promotorias de educação. Com essas parcerias, a escola terá eficiência nas medidas 
preventivas e combativas acerca do bullying. 
Para Silva (2010, p. 173-174): 
 
A luta antibullying deve ser iniciada desde muito cedo, já nos primeiros anos de 
escolarização. A importância precoce das ações educacionais se deve ao incalculável 
poder que as crianças possuem para propagar e difundir ideias. 
 
 34 
Os programas antibullying dentro das escolas devem ser iniciados precocemente, para 
que assim o bullying não se multiplique e os alunos desde cedo possam aprender a cultura da 
solidariedade, do respeito às diferenças, da tolerância, da cooperação, da justiça, da dignidade, 
da amizade e do amor ao próximo, tornando o ambiente escolar um ambiente de paz. 
De acordo com Silva (2010, p. 119): 
 
No Brasil existe um projeto de Lei (nº 350, de 2007) do deputado Paulo Alexandre 
Barbosa (PSDB – SP), no qual o Poder Executivo fica autorizado a instituir o 
Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação 
comunitária nas escolas públicas e privadas do estado de São Paulo. 
 
No Brasil, não existe uma lei específica de combate ao bullying, como se pode 
perceber o índice de incidência de violência no contexto escolar brasileiro aumenta a cada 
dia, mas podem ser aplicadas sanções genéricas previstas na legislação. Os órgãos 
governamentais devem tomar consciência da importância do combate ao bullying no ambiente 
escolar, criando políticas públicas para que a escola se torne um ambiente seguro com 
condições adequadas de trabalho para todos os profissionais da educação. 
As escolas devem se conscientizar que para a violência seja solucionada não basta 
somente defender a vítima e punir o agressor. O ideal é investir em iniciativa de prevenção e 
combate à violência, devendo a escola ser um ambiente democrático transmitindo não só os 
conteúdos pragmáticos, mas focando também na convivência e nos valores humanísticos e 
educando a emoção e os sentimentos dos alunos, estimulando- os a pensarem antes de 
qualquer reação e a lidarem com os seus medos, angústias, rejeições, etc., a serem pessoas 
proativas, líderes e autores de suas próprias vidas. 
Portanto, é importante o envolvimento de todos os profissionais da educação para que 
a escola tenha resultados satisfatórios e positivos na questão do combate ao fenômeno 
bullying no ambiente escolar e reconhecer que a omissão e a negação em frente à existência 
dessa problemática tão importante é de responsabilidade de todos, podendo a escola e os seus 
profissionais ser punidos em prol da negação de sua existência. 
 
4.2 O papel dos pais e o bullying 
 
 Os pais têm um papel importante na educação dos filhos. Atualmente se tem visto uma 
transformação na vida familiar, ou seja, a construção de novos modelos familiares. As 
 35 
relações familiares atuais são marcadas pela desestruturação familiar, pela falta de um dos 
genitores ou pela falta de bom entendimento afetivo entre os pais ou entre pais e filhos. 
 Na sociedade contemporânea, os pais estão cada vez mais ausentes nas relações 
familiares, devido à obrigação de trabalhar para manter a família, e com isso os filhos ficam 
carentes da necessidade afetiva de seus familiares. 
 Como se pode perceber para suprir a carência afetivados filhos os pais usam da 
permissividade na educação de sua prole não lhe ensinando limites, e muitas das vezes se 
omitem e fingem não enxergar as condutas transgressoras de seus filhos. A esse respeito Silva 
(2010, p. 61) comenta: 
 
 Os pais agem dessa forma sob a alegação de que não querem ferir a sensibilidade 
dos filhos ou para evitar desavenças familiares. Outros, ainda, assim o fazem como 
forma de compensar o período que estão distantes dos filhos por motivos 
profissionais. 
 
Os pais com essa atitude educativa de permissividade excessiva em função do 
sentimento de culpa em relação à ausência no ambiente familiar fazem com que os filhos 
tenham hábitos autoritários perante aos familiares e as outras pessoas, ou seja, uma troca de 
papéis. E com isso os pais não questionam se as suas próprias condutas irão refletir em seus 
filhos em outros ambientes sociais, e muitas das vezes se esquecem de que o ato educativo 
deve haver regras morais e de condutas, pois educar é um ato de respeito e amor. 
Os pais devem ter consciência que educar é ensinar os filhos regras e limites, além de 
ensinar a tolerância, respeito e a lidarem com suas frustrações do dia a dia. 
Segundo Fante (2005, p. 174): 
 
Sendo a família o modelo primeiro de socialização, ela deveria constituir um modelo 
positivo para a criança, uma vez que o registro de suas primeiras experiências 
emocionais surge da relação de afeto com as figuras materna e paterna, formando 
matrizes psíquicas que determinarão sua visão de mundo e de si mesma. 
 
É nas relações familiares que as crianças encontram os modelos referenciais ou de 
referência que são decisivos na formação de sua personalidade e no seu processo 
socioeducacional, entretanto quando esses modelos de referências são negativos podem 
acarretar condutas agressivas e violentas comprometendo o desenvolvimento educacional. 
As relações familiares estão cada vez mais desestruturadas, a presença da violência, 
seja ela física ou psicológica, se faz constante, gerando como consequência o comportamento 
inadequado dos filhos em prol a resolução de conflitos. 
 36 
De acordo com Fante (2005) é no ambiente familiar que a criança aprende ou deveria 
aprender a relacionar-se com as pessoas, respeitar e valorizar as diferenças individuais e a 
adotar métodos não violentos nos conflitos interpessoais. 
A família é a base e a sua desestruturação é um dos principais fatores de bullying no 
ambiente escolar, pois as condutas violentas e os maus tratos sofridos pelas crianças no 
ambiente familiar as influenciam e as incentivam a resolverem seus conflitos mediante a 
violência. Essa violência é reproduzida pelos educandos no contexto escolar e quando adultos 
reproduzem os maus tratos sofridos contra o cônjuge ou os filhos, ou no local de trabalho. 
Portanto, é necessário que os pais tornem-se modelos de referências positivos e 
transmitam uma educação de valores e fiquem atentos aos comportamentos de seus filhos, 
cabendo também a eles abrir espaços para os filhos expressarem seus sentimentos e suas 
opiniões em relações a eles. 
É preciso ressaltar que os pais podem ser responsabilizados pelas condutas 
transgressoras de seus filhos de acordo com a legislação brasileira. 
 Para combater o bullying no ambiente escolar é necessário que se estabeleça parcerias 
entre pais e escolas, cabe aos pais ao suspeitarem que seus filhos estejam envolvidos em 
bullying informarem a escola para que ela tome as devidas providências necessárias para 
intervir diante da situação de forma efetiva. 
 
4.3 O papel do professor e o bullying 
 
 O bullying é uma forma específica de violência e deve ser identificada, reconhecida e 
tratada como um problema social complexo e de responsabilidade de todos. O papel dos 
professores em frente a essa forma de violência é de fundamental importância para detectar 
precocemente os casos de bullying no ambiente escolar. 
 De acordo com Fante (2005), em estudos realizados no Brasil o lugar de maior 
ocorrência do fenômeno bullying no ambiente escolar é na sala de aula. Esse dado revela que 
os professores não sabem distinguir as condutas violentas de brincadeiras próprias da idade. 
A esse respeito Fante (2005, p. 67-68) comenta: 
 
 É necessário que os professores sejam capacitados para lidar com esse fenômeno, 
uma vez que ele os atinge diretamente, a considerar o baixo rendimento, observando 
em vários alunos, como ‘”resultado de trabalho”, também os afeta veladamente, de 
maneira sutil e estressante, dentre outros motivos, pelo fato de ser o professor um ser 
emocional, capaz de perceber e captar tanto as atitudes de interesse dos alunos como 
o clima emocional da sala. 
 37 
Os professores devem ser capacitados para educar a emoção de seus alunos, porém 
muitos professores têm dificuldades de intervir em situações de violência ocorridas dentro da 
sala de aula, agindo muitas das vezes com agressividade com seus educandos. 
Os professores têm dificuldades emocionais para lidar com problemas de maus-tratos 
ou de violência que ocorrem em sala de aula e com isso muitos professores acabam agindo 
com postura autoritária, agressiva e intimidatória como forma de obter poder e controle diante 
da classe. E com essa postura inadequada os professores transformam-se em modelos 
referenciais negativos para os alunos que adotam a mesma conduta agressiva adotada por seus 
mestres. 
Nas escolas brasileiras já foram retratados pela mídia vários casos de alunos que 
sofreram bullying advindos de seus próprios professores. Muitos professores se convertem em 
agressores devido à sua postura autoritária, discriminam seus alunos, fazem comparações, 
ameaçam, os perseguem, utilizam de apelidos pejorativos os vitimizando a ser mais uma 
vítima de bullying. 
A esse respeito Silva (2010, p. 148) comenta: 
 
Os alunos vitimizados por quem deveria educá-los e até protegê-los apresentam 
quadros depressivos caracterizados por sentimentos negativos, autoestima rebaixada, 
sensação de impotência, desmotivação para os estudos e queda no rendimento 
escolar. 
 
E com essa postura muito professores agem com conduta desrespeitosa diante de seus 
alunos, sem se darem conta que essas condutas inadequadas podem acarretar em resultados 
negativos ao aluno vitimizado. Faz-se necessário que o professor leve em consideração a sua 
postura diante aos sentimentos dos alunos, visto que, a ridicularizarão desse aluno na frente 
dos demais colegas, é uma das formas de bullying que mais deixa marcas negativas em suas 
vítimas. 
De acordo com Silva (2010, p. 169): 
 
Todo professor deve proceder de forma que seu comportamento sirva de exemplo 
para seus alunos. No entanto, por vezes, a escola se depara com circunstâncias em 
que o professor destitui de suas obrigações e acaba criando situações que podem 
ameaçar, constranger ou colocar em risco a integridade física ou psicológica de um 
estudante. Nesses casos, cabe à direção apurar os fatos e, se confirmada a 
responsabilidade do profissional, deve aplicar-lhe as penas previstas no regimento 
da instituição. Se necessário, o caso deverá ser encaminhado a instâncias superiores. 
 
 38 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 232, prevê pena (detenção de 
seis meses a dois anos) para quem ‘submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância à vexame ou à constrangimento’. 
No entanto, cabe ao professor refletir sua conduta dentro da sala de aula, e transmitir 
aos alunos a importância do respeito, do companheirismo, da amizade, além de saber intervir 
de maneira adequada nas situações de conflitos dentro do ambiente escola, agir eticamente 
pautando sempre no diálogo e sempre priorizando o convívio escolar. 
Fante (2005, p. 98) enumera alguns questionamentos que os professores devem-se 
fazer: 
 
a) será que as atitudes de alguns profissionais de educação ante um conflito poderão 
ser adotadas,

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