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6 de abril de 2020 DIREITO PROCESSO CIVIL III Professor Paulo Sérgio Turmas DRM 701 e DRN 701 Semestre 2020/1 Primeiro Ciclo Paulo.amaral@campus5.unig.br 6 de abril de 2020 PROCESSO DE EXECUÇÃO UNIDADE I - TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO Breves comentários O patrimônio do devedor responde pela execução. O sujeito responde pelos bens presentes e futuros. Pode incidir sobre um bem, várias penhoras. A Súmula 150 STF, salienta que a execução irá prescrever no mesmo prazo elencado no Direito Civil; o direito de ação é você provocar o Estado para que ele se manifeste. A prescrição é perda da pretensão (art. 189 CC) enquanto a decadência é a perda do direito. O que é exigibilidade: trata-se da pretensão é o desejo de submeter o interesse alheio ao interesse próprio. Urge salientar que com a prescrição ocorre a perda da exigibilidade. Exemplos: Cheques - prescrição 6 meses para executar, depois tem que ser ação de cobrança. Promissória - prescrição 3 anos. 6 de abril de 2020 CONCEITO DE EXECUÇÃO: A execução, portanto, é o conjunto de atos processuais cujo escopo é a concretização, no plano fático, de obrigação já constituída, à vista de título judicial1 ou extrajudicial2. Com efeito, a execução é a atividade jurisdicional por meio da qual o jurisdicionado busca a concretização fática do direito material já reconhecido em decisão judicial ou em outro título executivo equiparado por força de lei. Sistemas executivos no direito brasileiro O primeiro sistema é o tradicional processo de execução, com a formação de processo autônomo, instaurado mediante “petição inicial”do exequente (art. 798 CPC) com a“citação” do executado, para a execução dos títulos extrajudiciais e para a execução de sentença de alimentos, de sentença contra a Fazenda Pública, de sentença penal condenatória, de sentença arbitral e de sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. O segundo sistema existente no direito brasileiro é a fase executiva do processo sincrético, para o cumprimento da sentença, como etapa do mesmo processo no qual foi proferida, instaurada mediante “simples petição”, com a “intimação” do executado. É o sistema adequado para a execução dos títulos judiciais arrolados no art. 515 do CPC. Princípios a) Efetividade da execução forçada – é o sistema adotado pelo direito processual brasileiro, onde se busca assegurar aquilo que se tem direito. Alguns autores admitem a execução genérica em que o credor é levado a receber um substitutivo pecuniário em vez de receber aquilo que faz jus. 6 de abril de 2020 b) Patrimonialidade - art. 789, CPC. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. c) Satisfação do interesse do credor - art. 799, CPC. Não existe igualdade das partes, há privilégio do credor. É o credor que indica bens à penhora, à princípio. d) Utilidade - A execução tem que trazer benefícios ao credor. Os bens penhorados tem que viabilizar o pagamento da dívida, caso contrário, o processo será paralisado (suspenso). e) Menor onerosidade - art. 805 CPC. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. f) Específica - art. 497, CPC. O processo de execução deverá conceder ao exequente (credor) o exato objeto da relação jurídica material (título liquido, certo e exigível), ora objeto da presente demanda. A execução deve conceder a você o que te levou a juízo. Busca-se receber o valor especifico da execução. g) Dignidade da pessoa humana - Ninguém poderá ser escravo do credor para o pagamento da dívida. h) Livre disponibilidade do credor - art. 775 CPC. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas. i) Contraditório – É um princípio de fundamental importância no campo da execução. Todavia alguns autores são contrários a este princípio dentro do processo de execução (Humberto Theodoro e Alfredo Buzaid), posicionamento este questionado pelo doutrinador Candido Rangel Dinamarco , que cita Fazzalari (autor Italiano) onde afirma ser inegável o 6 de abril de 2020 contraditório no processo de execução. Em uma execução onde há uma avaliação de um bem, poderá haver um novo pedido por qualquer das partes. Outro exemplo é a citação do devedor na execução extrajudicial. Além do mais o contraditório é uma garantia constitucional. Obs.: 2 correntes Humberto Theodor Júnior e Alfredo Buzaid: não há contraditório sob o fundamento de que se um título é executado, a prova é o próprio título e, portanto, não há contraditório, se o titulo for líquido, certo e exigível. O processo de execução tem rito específico, não admitindo contraditório. Cândido Rangel Dinamarco: há contraditório, mas não dentro do processo de execução, mas nos embargos de execução, que se torna via para o contraditório. Se, após a citação, verifica-se que o título não preenche todos os requisitos do título, o devedor ataca o processo através da exceção de pré-executividade, onde se busca a descaracterização do título. Nesta oportunidade, abre-se o contraditório à parte contrária. Requisitos O processo de execução, segundo Ovídio A. Baptista da Silva, tem por fim satisfazer o direito que a sentença condenatória tenha proclamado pertencer ao demandante vitorioso, sempre que o condenado não o tenha voluntariamente satisfeito. Nesse sentido, o processo de execução fará com que seja cumprido o que foi imposto pela sentença condenatória. Na execução, diferentemente do que ocorre no processo de conhecimento, não há análise do mérito da questão. Logo, são requisitos da ação de execução: título executivo e a exigibilidade da obrigação. 6 de abril de 2020 a) Art. 786 – obrigação certa, líquida e exigível, representada por um título. Liquidez – é o quantum constante do título, ou seja, um título tem liquidez quando dele próprio se chegar ao valor devido. É a obrigação individuada no que concerne seu objeto. Alexandre Câmara – determinação da quantidade devida. Exigibilidade – decorre do alcance da obrigação. Trata-se da obrigação vencida. O título que ainda não esta vencido esta sem exigibilidade. Alexandre Câmara – quando seu cumprimento não estiver sujeito a termo, condição e encargo. Certeza – consiste na determinação do objeto do direito a ser satisfeito. Alexandre Câmara – só pode promover a execução se todos os elementos constitutivos (credor, devedor e objeto), estiveram precisamente indicados. b) título executivo Na lição de Alexandre de Freitas Câmara é o ato jurídico capaz de legitimar a prática dos atos de agressão a serem praticados sobre os bens que integram um dado patrimônio. O título executivo é uma das condições da ação – o interesse de agir ****Obs.: aquele que tem o título executivo extrajudicial pode abrir mão da eficácia executiva e optar pelo processo de conhecimento (Enunciado 446 FPPC) e fim de tornar o título judicial (art. 785) Os título executivo são divididos em dois grandes grupos: judicial e extrajudicial. 6 de abril de 2020 Competência Há dois regimes de regulamentação da competência em sede executiva: um fundado em título executivo judicial e outro em título executivo extrajudicial. JUDICIAL Processo de competência originária do tribunal (art. 516, I). Exemplo: ação rescisória Juiz que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição (art. 516, II). Neste caso poderá o exequente promover a cisão da competência funcional, optando em promover a execução por exemplo no domicílio do executado, devendo nesta hipótese o exequente requerer ao juízo original a remessa dos autos ao foro onde a execução tramitará(art. 516, pu) Art. 516, III a competência é fixada pelas regras gerais de determinação de competência (art. 42 a 66). Neste caso também poderá o exequente promover a execução em foro diverso, aplicando-se o parágrafo único do art. 516. Obs.: acórdão do tribunal marítimo não integra do CPC. Em alguns casos, poderá ocorrer da competência cível ser a mesma do juízo criminal, no caso de comarcas de vara única. EXTRAJUDICIAL A execução, fundada em título extrajudicial, OBS.: a fixação da competência é pelos critérios gerais de determinação de competência interna (art. 781, caput), remetendo a leitura e aplicação dos artigos 42 a 66. Deve ser observados todos os incisos do art. 781. 6 de abril de 2020 Legitimidade e partes Duas são as partes no processo de execução: de um lado têm-se as que pedem a tutela jurisdicional executiva (exequente), e de outro aquelas contra quem se pede tal tutela (executado). Deve ser ressaltado que em alguns momentos poderemos ter mais de um exequente e executado. O exequente possui a legitimidade ativa*, e necessita, assim como nos demais processos, possuir capacidade processual. De acordo com o art. 778, CPC, têm legitimidade ativa para promover a ação de execução: . caput - credor a quem a lei confere título executivo; . §1 – promover a execução forçada ou nela prosseguir em sucesso ao exequente originário I - o MP, nos casos prescritos em lei (extraordinária) – obs.: Possui também legitimidade ativa o Ministério Público, como parte e como fiscal da lei, sendo que neste último caso ele necessitará de autorização legal. II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; - legitimado secundário III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato entre vivos; legitimado secundário VI - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. legitimado secundário . §2 – a sucessão independe de consentimento do executado (novo) 6 de abril de 2020 Assim, *no caso de legitimação ativa, tem-se que a legitimação ordinária cabe ao credor que tenha seu nome indicado no título executivo, e a extraordinária cabe, por exemplo, ao MP, o qual, como representante dos incapazes, pode promover a ação executiva. Quanto à legitimidade passiva, é originário do devedor (art. 779, I). Tem legitimidade secundária ou superveniente os casos do art. 779, II, III (ex. art. 299 CC), IV (ex. art. 513, §5), V (ex. hipoteca, penhor e anticrese), VI (ex. art. 121, pu, II CTN) Obs.: No processo de execução admite-se, ainda, o litisconsórcio tanto ativo quanto passivo, mas nenhuma das modalidades de intervenção de terceiro são cabíveis. Ao contrário do que se dá no processo cognitivo, não há lugar para intervenção de terceiro na execução. Por conseguinte, não é admissível denunciação da lide em sede de execução, tendo em vista a inexistência de julgamento condenatório originário, o qual é indispensável para a admissibilidade da denunciação e da condenação regressiva. Com efeito, como a execução já parte da existência de título executivo judicial ou extrajudicial, a inclusão de nova demanda condenatória é incompatível com o escopo satisfativo que marca a execução, na busca da concretização do direito material proveniente do título executivo. Daí a explicação para a impossibilidade de denunciação da lide em sede de execução. (José Carlos Barbosa Moreira) Na mesma esteira, a execução também não comporta assistência, nem mesmo chamamento ao processo, porquanto os institutos são próprios do processo de conhecimento. Enfim, não há lugar para intervenção de terceiros em sede de execução.
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