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CONHECIMENTO GEOGRÁFICO

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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
CONHECIMENTO 
GEOGRÁFICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1 - CONHECIMENTO GEOGRÁFICO ............................................................... 3 
 
2 - BASES EPISTEMOLÓGICAS DA GEOGRAFIA E O 
 
NOVO MAPA DO MUNDO ............................................................................ 5 
 
3 - NOÇÕES DE TEORIA DO CONHECIMENTO, 
 
SENSO COMUM E CIÊNCIA ...................................................................... 15 
 
3.1- EMPIRISMO.............................................................................................. 16 
 
3.2 – RACIONALISMO ..................................................................................... 17 
 
3.3 – REALISMO .............................................................................................. 19 
 
3.4 – IDEALISMO ............................................................................................. 20 
 
3.5 – DOGMATISMO ....................................................................................... 21 
 
3.6 – CETICISMO ............................................................................................ 22 
 
4 - O PENSAMENTO GEOGRÁFICO E SUA HISTORICIDADE A PARTIR 
 
DO SÉCULO XIX ........................................................................................ 27 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ............ 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
1. CONHECIMENTO GEOGRÁFICO 
 
 
 
 
De Bettio (2010, s/p) afirma que: “a Geografia estuda as relações entre o 
processo histórico que regula a formação das sociedades humanas e o 
funcionamento da natureza, através da leitura do espaço geográfico e da paisagem.” 
É desta forma que os Parâmetros Curriculares Nacionais iniciam a delimitação 
acerca das características e importância social da Geografia. 
 
Quando se observa a paisagem atual é possível desvendar inúmeras 
situações ocorridas naquele ambiente, tanto naturalmente como socialmente. A 
possibilidade de reparar as mudanças que sofreu determinada montanha e como 
sua formação rochosa se desenvolveu pode ser feita a partir de como ela é vista 
atualmente. O mesmo serve para estudar situações do meio social. 
 
O espaço no qual o homem está inserido sofre constantes mudanças, pois 
a evolução do ser humano se reflete no ambiente em que ele se encontra porque 
este modifica ou mantém as características presentes no local em que está. Sendo 
assim, quando se pesquisa acerca da totalidade, este estudo deve abranger o 
espaço topológico, isto é, o espaço vivido e percebido. Transportando tudo isto para 
dentro da sala de aula – Ensino Fundamental, deve-se levar em consideração a 
idade dos alunos de determinada série e adequar tais estudos à faixa etária em 
questão. O item principal deve ser o espaço geográfico, porém, lugar, paisagem e 
território também devem ter seus lugares na hora do ensino-aprendizado. 
 
As explicações sobre o que é território surgiram no final do século XVIII e 
baseavam-se que território é o espaço ocupado por alguma espécie, sendo animal 
ou vegetal, e nele acontecem todas as mudanças relacionadas a tal ser. Logo em 
seguida, outras concepções acerca disso surgiram e defendiam que um território é 
propriedade de determinada sociedade humana, sendo assim, dominado por um 
Estado. Geopoliticamente falando: “território é o espaço nacional ou área controlada 
por um Estado-nacional”. Não esquecendo, que a construção de um território é a 
partir de uma formação social. Envolvidas mais essas questões a respeito das 
delimitações de um território, entra em questão, novamente, o ensino aos discentes, 
pois, apesar das divisões e propriedades de um território, dentro de um único destes 
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4 
 
 
 
 
pode haver bastante divergência, ou seja, diferentes culturas, crenças, etnias, visões 
políticas, pensamentos, entre outros. É a partir de toda essa variedade que cada 
território cria sua identidade nacional. 
 
Dentro da Geografia existem as categorias que dão nome a cada 
especificidade, como por exemplo, território e paisagem. Este penúltimo pode ser 
considerado o conjunto da última, isto é, ambas as categorias citadas estão 
interligadas. A diferença é que paisagem, na Geografia, é considerada como uma 
unidade visível, que, a partir dela, podem ser representados o passado e o presente, 
para deixar bem claro: “A paisagem é o velho no novo e o novo no velho!” 
 
Em todos os anos escolares, desde seu princípio, o aluno deve entender sua 
função dentro do espaço em que se encontra inserido, além disso, deve 
compreender que sociedade e natureza estão intimamente ligadas e estão sempre 
se modificando e que ele, o estudante, faz parte desse todo. As consequências de 
seus atos também devem ser pensadas com reflexos regionais, nacionais e até 
mundiais, pois o ser humano faz parte da sociedade e da natureza. (DE BETTIO, 
2010, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. BASES EPISTEMOLÓGICAS DA GEOGRAFIA E NOVO MAPA DO MUNDO 
 
 
 
 
- A geografia tradicional: Para Lopes (2010, s/p) baseado no que discerne Diniz Filho 
(2009), a Geografia Tradicional se divide em três vertentes que se expressam no 
determinismo ambiental, o possibilismo e a abordagem que considera a 
diferenciação de áreas. O pressuposto básico dessa Corrente é a ideia de que a 
geografia era classificada como uma ciência de síntese, ou ciência de contato entre 
as disciplinas que estudam a natureza e as sociedades. O autor também expõe que 
os temas de pesquisas principais da geografia tradicional eram as relações homem- 
natureza, a distribuição dos elementos físicos e humanos na superfície da Terra e as 
formas de integração entre esses elementos. Assim sendo, cada uma dessas 
vertentes acima citadas, constituía uma proposta diferente de realização da síntese 
geográfica, mas aquela que acaba por predominar na primeira metade do século XX 
foi aquela que privilegia o estudo regional, mas especificamente em sua versão 
possibilista. A escala regional passou a ser vista como aquela em que melhor se 
realiza a síntese geográfica, principalmente devido à dificuldade de se estabelecer 
leis gerais pelo estudo da relação homem-meio. 
 
- O positivismo lógico ou Neopositivismo: De acordo com Lopes (2010, s/p) baseado 
em Diniz Filho (2009), diante à descrença e crise que circundava o positivismo 
clássico, o neopositivismo surge entre as décadas de 1920 e 1930, passando a se 
tornar efetivamente influente somente a partir dos anos 1950, onde as ciências 
sociais como a geografia foram afetadas por seus pressupostos. Diante desse 
contexto, surgiu a geografia quantitativa, que tem como base a substituição do 
estudo das relações homem-natureza materializada na paisagem pela sugestão de 
que o objeto da geografia é a organização espacial, ou seja, os padrões de 
distribuição dos elementos físicos e humanos na superfície terrestre e as relações 
espaciais. Assim, Lencioni (1999) afirma que o ponto de vista do positivismo lógico 
percebe que deve existir clareza nos resultados de qualquer investigação, tendo de 
ser notória a afirmação da ocorrência de fatos empíricos, onde também se deve 
buscar uma linguagem comum a todas as ciências, escolhendo a matemática como 
linguagem comum, onde o rigor cientifico será expresso através da lógica. 
 
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- A perspectiva humanista em Geografia: Conforme Lopes (2010, s/p) para Lencioni 
(2009), essa abordagem geográfica significou um novo trilhar da Geografia, fazendo 
com que o espaço deixasse de ser a referência central devido a sua dimensão 
abstrata. Onde o espaço vivido, aquele que é edificado socialmente a partir dapercepção das pessoas, passaria a ser a referencia mais importante a ser seguida. 
Mais do que isso, espaço vivido pode também ser entendido como aquele 
interpretado pelos indivíduos e revelador das práticas sociais. 
 
E segundo Diniz Filho (2009), essa corrente é a tendência do pensamento 
geográfico que estuda as experiências de indivíduos e grupos em relação ao espaço 
com o escopo de compreender seus comportamentos e valores. Esse modelo 
geográfico procura servir como ferramenta de autoconhecimento para o homem, 
sendo que o subsídio da Geografia nesse empreendimento está nos conhecimentos 
que oferece acerca dos numerosos tipos de percepção, atitudes e valores relativos 
ao espaço e à natureza. 
 
- A perspectiva pós-modernista: De acordo com Lopes (2010, s/p) mediante as 
palavras de Diniz Filho (2009), o pós-modernismo utiliza as contribuições de varias 
correntes geográficas e não se constitui efetivamente uma corrente geográfica 
definida ou uma escola de pensamento cientifico, mediante ao seu ecletismo, sendo 
que ela tece uma critica alguns pontos do marxismo e do positivismo. E ainda 
conforme o autor anteriormente citado, as epistemologias classificáveis como pós- 
modernas se apresentam o foco de suas críticas é justamente a racionalidade do 
modelo normativo de ciência, que coloca a possibilidade de estabelecer teorias 
objetivas expressas numa linguagem lógica (matemática ou discursiva) e a partir da 
aplicação de métodos austeros. Diniz Filho (2009), afirma que o pós-modernismo 
não utiliza conceitos científicos operacionalizáveis para o estudo de objetos 
precisos, mas sim procedimentos que indicam certas percepções fundamentais que 
regulam as reflexões e condutas intelectuais, políticas, morais e estéticas. Já 
Lencioni (1999), lança a ideia de que os pós-modernistas se caracterizam por um 
profundo ecletismo, onde o conhecimento é produzido através da utilização da 
mistura das várias correntes do pensamento. 
- Geografia Crítica: Lopes (2010, s/p) afirma que com o intuito de promover uma 
critica radical ao capitalismo, alguns geógrafos objetivaram e produziram uma a 
 
 
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Geografia Critica, onde segundo Diniz Filho (2009), os adeptos desse modelo 
geográfico defendem um conjunto de pressupostos afinados com esse objetivo, 
destacando ai a tese de que as mazelas socioespaciais e ambientais da época 
presente são inerentes ao desenvolvimento do capitalismo; a visão de que a 
geografia se diferencia das outras ciências da sociedade justamente por analisar o 
espaço social e as formas de apropriação da natureza; e a aversão ao princípio da 
neutralidade do método, em nome de uma ciência que se sugere libertadora. 
Citando Lencioni (1999), nota-se que essa corrente incorpora o marxismo à 
Geografia elegendo algumas análises geográficas tornando-as centrais, como no 
caso do modo de produção capitalista, as relações sociais de produção, o 
desenvolvimento das forças produtivas e a ênfase dada à história. (LOPES, 2010, 
s/p) 
 
Nesse âmbito Mazetto (2008, s/p) aponta que as mudanças no panorama 
mundial não se limitam às fronteiras políticas dos Estados, pois elas se aplicam com 
maior relevância nas relações sociais humanas. É plenamente perceptível que o 
capitalismo alcançou uma hegemonia nunca antes registrada na história, não 
somente como sistema social e econômico, mas também uma perigosa hegemonia 
ideológica que avança até nos meios acadêmicos. Entre as ciências sociais, a 
Geografia apresentou um progresso teórico bastante tardio, levando-se em 
consideração o desenvolvimento das correntes filosóficas que deram sustentação a 
todas as ciências. Durante muito tempo a ciência geográfica se apegou aos 
princípios positivistas, sendo que sua influência se estendeu até a primeira metade 
do século XX. 
 
Na fase pioneira da estruturação da Geografia deve-se registrar a 
contribuição libertária de precursores como Élisée Reclus e Pietr Kropotkin que, 
embora positivistas, adotaram algo da práxis marxista e anarquista. Contudo, o 
referencial teórico que prevaleceu durante a fase clássica foi o positivismo, na 
escola determinista de Ratzel e na possibilista de La Blache. Como essas duas 
escolas mantinham forte vínculo com o estado burguês capitalista em expansão 
colonial, houve apoio e subsídios para o seu desenvolvimento no âmbito acadêmico. 
Após o término da II Grande Guerra, os postulados clássicos descritivos da 
paisagem estavam esgotados e se procura novos paradigmas com uma Nova 
 
 
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Geografia. Mas, essa Nova Geografia foi um positivismo revisto, agora introduzindo 
técnicas inovadoras, como o largo emprego de modelos matemáticos e estatísticos. 
Para Andrade (1987), a ação dos neopositivistas produziu trabalhos que foram de 
grande utilidade para o desenvolvimento do planejamento capitalista. Ao mesmo 
tempo, essa abordagem teórica não apresenta uma análise crítica ao modo de 
produção capitalista, apresentando um caráter tecnocrático com falsa neutralidade, 
que não incomoda os princípios da economia de mercado e a consequente injustiça 
social que esse modelo econômico provoca. 
 
O pensamento crítico e o humanista somente ganharam corpo nos estudos 
geográficos a partir a década de 60 do século passado, já que a corrente 
quantitativa neopositivista saiu na frente, servindo aos interesses tanto do Estado 
Capitalista como ao Comunista durante a Guerra Fria, dando sequência ao papel 
desempenhado por sua antecessora, a corrente clássica descritiva. Entretanto, as 
pressões sociais aumentaram significativamente na segunda metade do século XX. 
A disputa entre o capitalismo e o comunismo pelo domínio de vastas áreas do 
Mundo Subdesenvolvido, gerou guerras e conflitos periféricos que agravaram ainda 
mais a situação dos países mais pobres do mundo. A economia capitalista de 
consumo recebe um grande impulso a partir da década de 50 nos países centrais, 
principalmente nos EUA. Para alimentar a produção de bens de consumo em larga 
escala, esses países empreendem nova expansão neocolonial, com a finalidade de 
garantir suprimento de matérias-primas e fontes de energia para o seu 
desenvolvimento industrial. Mais tarde esse processo vai se sofisticando, 
procurando no Terceiro Mundo também mão-de-obra barata, via migrações e 
instalação de unidades industriais cujo funcionamento ficou inviável no país sede. 
(MAZETTO, 2008, s/p) 
 
Com o fim do “socialismo real”, de acordo com Mazetto (2008, s/p) no Leste 
Europeu no início da década de 90, o sistema capitalista passa a desfrutar de uma 
hegemonia inédita, podendo agora expandir seus domínios sem grandes barreiras 
políticas e ideológicas. O processo de globalização da economia, com base no 
ideário neoliberal, abranda as últimas resistências ao seu avanço. O Estado Nação 
independente se coloca como um obstáculo a ser vencido, na corrida do grande 
capital para se apoderar das economias periféricas e emergentes. Como já havia 
 
 
 
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sido previsto por Perroux (1964), na economia do futuro as grandes corporações 
econômicas teriam um peso maior do que muitas nações. 
 
O número de adeptos do neoliberalismo se multiplica rapidamente a partir da 
década de 90, depois da ganhar terreno em alguns países centrais como no Reino 
Unido com o governo Thatcher e nos EUA com o governo Reagan. O chamado 
processo de “desregulamentação da economia” promete crescimento econômico e 
mais emprego. De fato, a taxa de desemprego cai nesses dois países e o 
crescimento econômico é expressivo. Mas, tudo isso a custa da concentração de 
renda, enfraquecimento da proteção social à população mais carente, baixos 
salários, combate às leis e garantias trabalhistas e o poder dos sindicatos, que foram 
vitórias arduamente conquistadas pelostrabalhadores em mais de um século de 
lutas. A privatização de empresas estatais foi outra cruzada empreendida pelos 
neoliberais para se apoderarem dos setores vitais e estratégicos das economias dos 
países europeus e emergentes. Muitos desses países tiveram suas economias 
desnacionalizadas ou globalizadas, com a venda de suas empresas por preços 
subavaliados e fraudulentos. Mesmo países centrais do capitalismo como o Reino 
Unido, perderam quase todas as suas empresas estratégicas, como a 
automobilística e de telecomunicações, para companhias estrangeiras e 
especuladores internacionais. Entre os emergentes, o Brasil e o México foram as 
maiores vítimas desse processo, abrindo o capital de suas melhores empresas para 
as grandes corporações transnacionais. O Chile foi outro país emergente dito bem 
sucedido no modelo neoliberal, sendo o primeiro a adotar os princípios dessa 
doutrina. Mas, esse país apresenta hoje apenas os indicadores macroeconômicos 
positivos, sendo um país dependente de exportação de produtos primários com 
reduzidos benefícios para a maioria de sua população. 
 
Segundo Santos (2000), o processo do desenvolvimento do capitalismo 
neoliberal passa atualmente da fase de concorrência para a fase competitiva, sendo 
que a concorrência pode ser saudável, pois pressupõe que existam regras 
estabelecidas cuja não observação significa a perda da reputação da empresa. Na 
fase competitiva, não há regras e tudo vale para se alcançar os melhores níveis de 
lucro. As pessoas são estimuladas a disputarem entre si um lugar ao sol, e se algo 
de errado ocorre o problema é com as pessoas e não com o sistema. Nesse 
 
 
 
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ambiente de autêntico darwinismo social, as empresas procuram profissionais 
 
“agressivos” que possam maximizar os lucros em escala nunca antes atingida. 
 
A nova ideologia dominante do neoliberalismo tem origem no movimento 
contra a política econômica keynesiana adotada pelas economias centrais em 
resposta à Crise de 1929 e a consequente Grande Depressão dos anos 30, ocorrida 
ainda no período do liberalismo clássico. Porém, após a contribuição da “Escola 
Austríaca” de Hayek na década de 40, o pensamento neoliberal se reformulou, 
passando a combater o intervencionismo estatal na economia capitalista. Foram 
necessárias quatro décadas para que os princípios neoliberais fossem adotados 
mais intensamente por países de economia central e posteriormente pelos países 
emergentes. (MAZETTO, 2008, s/p) 
 
O êxito da disseminação da ideologia neoliberal, para Mazetto (2008, s/p) nos 
anos 80 foi largamente beneficiado com o fim do regime comunista na Rússia, e dos 
países do Leste Europeu resultando também em mudanças na própria consciência 
coletiva das massas populares que, em um primeiro momento, identificaram os 
fundamentos neoliberais com a liberdade e democracia. Para Claval (1979), a 
propagação dos fundamentos ideológicos se vale dos meios de comunicação de 
massa. Os valores morais do capitalismo de consumo são ampliados em escala 
monumental com o advento dos modernos meios de comunicação, constituindo um 
poderoso instrumento de conversão e dominação da população. Antes, esses 
métodos de propaganda ideológica, já tinham sido amplamente utilizados pelos 
regimes fascistas e stalinistas. Porém, nos países do capitalismo liberal, designados 
como democráticos, a propaganda ideológica massificada esteve quase que restrita 
aos EUA até a II Grande guerra. Entre os valores mais cultuados no capitalismo 
liberal está o direito de propriedade particular dos meios de produção mesmo que 
sem finalidade social, pressuposto da liberdade do mercado econômico. Então, cria- 
se o mito de que toda a população pode ascender socialmente, desfrutando da terra 
das oportunidades. Como salienta Frémont (1980), quando o espaço é afetado por 
profundas e brutais transformações econômicas e sociais, determinada parcela da 
população pode não se adaptar ao novo ambiente gerado. O impacto do capitalismo 
sobre comunidades tradicionais, por exemplo, pode ser avassalador, destruindo o 
modo de vida e os valores sociais que foram elaborados ao longo de milhares de 
anos. 
 
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Com o novo mapa do mundo, advindo da globalização neoliberal, os 
geógrafos e outros cientistas sociais, parecem atordoados, não conseguindo mais 
ajustar seu foco de estudo. Os postulados da geografia crítica parecem anacrônicos 
e desacreditados diante da realidade uniforme e destoante. A geografia humanista 
voltada para as peculiaridades do indivíduo e do grupo social ainda não corresponde 
aos anseios para um espaço alienado e pasteurizado, mais útil ao sistema vigente. 
Entre as três principais correntes metodológicas da Geografia, a quantitativa ganha 
novamente espaço nas academias como um método mais confiável e suscetível de 
ser manipulado pela ordem estabelecida. Depois de servir aos governos capitalistas 
e comunistas ditatoriais e autoritários (Andrade, 1993), a corrente quantitativa 
neopositivista conservadora agora se coloca a serviço das forças mais reacionárias 
do establishment do capitalismo central. (MAZETTO, 2008, s/p) 
 
De acordo com Mazetto (2008, s/p) o mundo atual coloca um desafio às 
ciências sociais e a Geografia em particular. Como manter a independência 
acadêmica, o livre pensamento e a atuação profissional frente a uma modelo de 
sociedade monolítico? Como refutar o dogmatismo científico? Para uma resposta 
eficaz seria útil realizar pelo menos uma breve análise histórica do desenvolvimento 
epistemológico das ciências sociais e possivelmente se fazer uma projeção para seu 
futuro. 
 
- Os sinais do esgotamento do modelo neoliberal: uma nova geografia pós- 
moderna? Segundo Mazetto (2008, s/p) o domínio do capital financeiro sobre o 
produtivo, a mola mestra da fase atual do capitalismo, já apresenta evidentes sinais 
fissuras. A instabilidade dos mercados financeiros e as bolhas especulativas ficam 
cada vez mais à mostra, embora os governos dos países centrais, solidários em 
salvaguardar os interesses de empresas fantasmas e grandes especuladores, 
tentam a todo modo camuflar as rachaduras de um castelo que está ruindo. Na 
potência hegemônica, os EUA, onde a receita liberal sempre foi a característica mais 
autêntica de sua organização social, também é onde se percebe mais claramente o 
esgotamento dessa ordem. Primeiro, foram as fraudes de balanços financeiros de 
grandes empresas de telecomunicações no final da década de 90. Mas, tudo isso foi 
esquecido com o atentado de 11 de setembro de 2001 e a Guerra do Afeganistão e 
Iraque. Agora, são as grandes instituições financeiras que são vítimas de sua própria 
ganância e irresponsabilidade em querer aferir lucros cada vez maiores em menor 
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tempo possível. Além disso, o próprio governo norte-americano é perdulário e tem 
déficit crônico há décadas. Para manter essa situação, o capitalismo norte- 
americano confiava no tripé constituído pelo poder militar, poder do dólar e controle 
das fontes de petróleo para financiar indefinidamente sua economia sem lastro. 
Porém, o elo mais frágil dessa corrente, o dólar, começa a esmorecer frente ao 
crescente poder do euro, uma moeda vinculada a economias mais sólidas e 
responsáveis. 
 
A era de Bretton Woods começa a chegar perto do fim e a confiança no dólar 
como moeda padrão fica cada vez mais abalada. Em meio à crise das hipotecas, o 
Banco Central Americano (Fed) rasga os preceitos neoliberais e faz fortes 
intervenções keynesianas no mercado financeiro tentando saná-lo. Como em 1929, 
fica evidente que o liberalismo econômico resulta em crises econômicas, mas não 
consegue resolvê-las com a “mão invisível” e sem a intervenção do Estado. Para 
Sodré (1998), o neoliberalismo não apresenta nada substancial de novo em relação 
ao velho liberalismo,apenas disfarçado em novas roupagens, ele em nada muda a 
velhas estruturas do Estado Burguês. Na verdade, esse sistema consagra o que 
existe de mais obsoleto na ordem econômica mundial: imperialismo, 
neocolonialismo, concentração de renda e maximização de lucros. 
 
Com todas essas transformações do mundo contemporâneo como fica a 
atuação dos geógrafos no Terceiro Milênio. Existe um equívoco em considerar as 
ideologias clássicas como ultrapassadas e que não respondem à conjuntura atual. 
Em verdade, nada de profundamente inovador foi criado em substituição ao 
marxismo, humanismo cultural e positivismo. Mesmo essas teorias foram resultados 
do desenvolvimento filosófico desde os clássicos gregos, passando pela Idade 
Média, Renascimento e Iluminismo. A Pós-modernidade carece de fundamentos 
filosóficos e epistemológicos para considerá-la como uma teoria socioeconômica. 
Em tudo, ela emana uma tentativa de conciliar a Era da Globalização com as antigas 
teorias sociais, não apresentando nada de novo em seu arcabouço teórico e 
metodológico. A expressão pós-moderna também pode ser considerada revisionista, 
quando tenta adaptar de forma positiva os preceitos do marxismo e humanismo para 
a nova sociedade pós-industrial, com uma postura conservadora fazendo 
concessões intoleráveis ao status quo. Para Harvey (2003), a nova condição pós- 
 
 
 
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moderna da sociedade pressupõe a diversificação se seus valores que a levaria à 
sua fragmentação. 
 
Contudo, a pseudo teoria pós-moderna se embriaga com os aspectos 
exteriores da última fase do capitalismo tardio (Mandel, 1995), não tocando no cerne 
da questão social que é o modo de produção e distribuição da riqueza no sistema 
capitalista. O avanço do processo produtivo na economia de alta tecnologia é 
considerado como revolucionário, quando na verdade ele não está mudando nada 
na essência, apenas intensificando o processo de acumulação de capital, cada vez 
mais concentrado em poucos países e corporações. Outro tema abordado é a 
imagem da mercadoria. Hoje, se vende não só a mercadoria, mas também sua 
imagem. Mas, a propaganda que constrói a imagem é a verdadeira alma do negócio 
capitalista, e isso já vem se desenvolvendo há mais de um século. 
 
A geografia da pós-modernidade me parece pobre em fundamentos 
epistemológicos. Ao mesmo tempo em que mantém distância do positivismo quando 
tenta dar relevância aos aspectos culturais da sociedade, dele se aproxima quando 
apresenta uma indisfarçável aceitação do processo de globalização do capitalismo, 
como sendo uma característica do sistema-mundo, natural como o próprio nascer do 
sol a cada manhã. Há que se rejeitar essa postura conformista e colaboracionista 
com o poder do capital. A Geografia como todas as ciências sociais, deve ser um 
instrumento a mais para transformar a sociedade e não compactuar de forma 
complacente com o poder. 
 
A sociedade atual não clama mais por mudanças, o efeito devastador da 
mídia eletrônica, aparelho ideológico do sistema, conseguiu convencer as pessoas 
de que o único caminho a ser seguido é este que está estabelecido. O filósofo 
Lipovetsky (2004), de forma prudente, prefere utilizar a expressão hipermodernidade 
para definir os tempos atuais. Para o autor, a sociedade atual não ultrapassou a Era 
da Modernidade somente porque sofisticou as formas de acumulação do capital. A 
era hipermoderna está dominada pelo hiperconsumo, tudo se faz para obter os bens 
de consumo, sendo que a própria pessoa humana se torna uma mercadoria. O 
“fetiche da mercadoria” é sucedido pelo “fetiche da marca”, o que importa é 
conquistar os bens que o sistema elegeu como sinônimo de alegria, felicidade e bem 
estar. Neste processo não há lugar para todos e os excluídos da festa do consumo 
 
 
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são tratados como parias da sociedade, incapazes de serem felizes em um mundo 
repleto de oportunidades para tal façanha. As massas desfavorecidas da 
hipermodernidade se revoltam, mas de maneira anárquica e sem coesão de 
propósitos. A luta é de ímpeto individual e fútil, com violência gratuita e sem causa, 
não se procura mudanças na organização social, apenas se ajustar aos seus 
padrões de consumo mesmo que por métodos ilícitos, gerando as sociedades do 
medo. 
 
A sociedade sem medo para Tuan (2005) ainda pode ser encontrada nas 
comunidades primitivas de nativos americanos, africanos e asiáticos. Nelas, o 
espírito comunitário está ainda forte e presente. Apesar de contar com parcos 
recursos materiais e tecnológicos, a comunidade se sente segura devido aos fortes 
vínculos coletivistas entre os indivíduos. Para sua reprodução, a última fase do 
capitalismo tardio necessita da fragmentação social e majorar o individualismo e o 
consumismo. Os geógrafos têm um importante papel no estudo e interpretação da 
sociedade contemporânea, bem como na contestação da ordem estabelecida se 
assim o julgar melhor. Finalmente, não devem abrir mão da independência 
acadêmica e da militância política na qualidade de cidadãos livres e engajados nos 
movimentos sociais. (MAZETTO, 2008, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. NOÇÕES DE TEORIA DO CONHECIMENTO, SENSO COMUM E CIÊNCIA 
 
 
 
 
Para Santos (s/d, s/p) a necessidade de procurar explicar o mundo dando-lhe 
um sentido e descobrindo-lhe as leis ocultas é tão antiga como o próprio Homem, 
que tem recorrido para isso quer ao auxílio da magia, do mito e da religião, quer, 
mais recentemente, à contribuição da ciência e da tecnologia. Mas é, sobretudo, nos 
últimos séculos da nossa História, que se tem dado a importância crescente aos 
domínios do conhecimento e da ciência. E se é certo que a preocupação com este 
tipo de questões remonta já à Grécia antiga, é, porém a partir do séc. XVIII que a 
palavra ciência adquire um sentido mais preciso e mais próximo daquele que hoje 
lhe damos. É também, sobretudo a partir desta época que as implicações da 
atividade científica na nossa vida quotidiana se têm tornado tão evidentes, que não 
lhe podemos ficar indiferentes. O que é o conhecimento científico, como se adquire, 
o que temos implícito quando dizemos que conhecemos determinado assunto, em 
que consiste a prática científica, que relação existe entre o conhecimento científico e 
o mundo real, quais as consequências práticas e éticas das descobertas científicas, 
são alguns dos problemas com que nos deparamos frequentemente. (...) 
 
A teoria do conhecimento se interessa pela investigação da natureza, fontes e 
validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder 
estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos 
conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético? Essas questões são, 
implicitamente, tão velhas quanto à filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, 
a partir do século XVII em diante - como resultado do trabalho de Descartes (1596- 
1650) e Locke (1632-1704) em associação com a emergência da ciência moderna – 
é que ela tem ocupado um plano central na filosofia. Basicamente é conceituada 
como o estudo de assuntos que outras ciências não conseguem responder e se 
divide em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam 
explica-las: I - O conhecimento como problema, II - Origem do Conhecimento e III - 
Essência do Conhecimento e IV - Possibilidade do Conhecimento. 
- O Conhecimento Quanto à Origem: a polêmica racionalismo-empirismo tem sido 
uma das mais persistentes ao longo da história da filosofia, e encontra eco ainda 
hoje em diversas posições de epistemólogos ou filósofos da ciência. Abundam, ao 
 
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longo da linha constituída nos seus extremos pelo racionalismo e pelo empirismo 
radicais, as posições intermédias, as tentativas de conciliação e de superação, como 
veremos aseguir. (SANTOS, s/d, s/p) 
 
 
 
3.1 EMPIRISMO 
 
De acordo com Santos (s/d, s/p) “o empirismo pode ser definido como a 
 
asserção de que todo conhecimento sintético é baseado na experiência.” (RUSSEL). 
 
Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento que sustenta que a 
experiência sensorial é a origem única ou fundamental do conhecimento. Originário 
da Grécia Antiga, o empirismo foi reformulado através do tempo na Idade Média e 
Moderna, assumindo várias manifestações e atitudes, tornando-se notável as 
distinções e divergências existentes. Porém, é notório que existem características 
fundamentais, sem as quais se perde a essência do empirismo e a qual, todos os 
autores conservam que é a tese de que todo e qualquer conhecimento sintético 
haure sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos 
metodicamente observados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de 
pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lógica possa transcender o plano 
dos fatos observados. 
 
Como já foi dito anteriormente, existe no empirismo divergência de 
pensamentos, e é exatamente esse aspecto que abordaremos a seguir. São três, as 
linhas empíricas, sendo elas: a integral, a moderada e a científica. O empirismo 
integral reduz todos os conhecimentos – inclusive os matemáticos – à fonte 
empírica, àquilo que é produto de contato direto e imediato com a experiência. 
Quando a redução é feita à mera experiência sensível, temos o sensismo (ou 
sensualismo). É o caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lógica diz que 
todos os conhecimentos científicos resultam de processos indutivos, não 
constituindo exceção as verdades matemáticas, que seriam resultado de 
generalizações a partir de dados da experiência. Ele apresenta a indução como 
único método científico e afirma que nela resolvem-se tanto o silogismo quanto os 
axiomas matemáticos. 
O empirismo moderado, também denominado genético-psicológico, explica 
que a origem temporal dos conhecimentos parte da experiência, mas não reduz a 
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ela a validez do conhecimento, o qual pode ser não empiricamente valido (como nos 
casos dos juízos analíticos). Uma das obras baseadas nessa linha é a de John 
Locke Ensaios sobre o Entendimento Humano, na qual ele explica que as 
sensações são ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as ideias são 
elaborações de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade. 
Como já foi dito, para os moderados há verdades universalmente validas, como as 
matemáticas, cuja validez não assenta na experiência, e sim no pensamento. Na 
doutrina de Locke, existe a admissão de uma esfera de validade lógica a priori e, 
portanto não empírica, no que concerne aos juízos matemáticos. 
 
Por fim, há o empirismo científico, que admite como válido, o conhecimento 
oriundo da experiência ou verificado experimentalmente, atribuindo aos juízos 
analíticos significações de ordem formal enquadradas no domínio das fórmulas 
lógicas. Esta tendência está longe de alcançar a almejada “unanimidade cientifica”. 
(SANTOS, s/d, s/p) 
 
 
 
3.2 RACIONALISMO 
 
De acordo com Santos (s/d, s/p) é a corrente que assevera o papel 
preponderante da razão no processo cognoscitivo, pois, os fatos não são fontes de 
todos os conhecimentos e não nos oferecem condições de “certeza”. Um dos 
grandes representantes do racionalismo, Gottfried Leibniz, afirma em sua obra 
Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano, que nem todas as verdades são 
verdades de fato; ao lado delas, existem as verdades de razão, que são aquelas 
inerentes ao próprio pensamento humano e dotadas de universalidade e certeza 
(como por exemplo, os princípios de identidade e de razão suficiente), enquanto as 
verdades de fato são contingentes e particulares, implicando sempre a possibilidade 
de correção, sendo válidas dentro de limites determinados. 
 
Ainda retratando o pensamento racionalista, encontramos Renée Descartes, 
adepto do inatismo, que afirma que somos todos possuidores, enquanto seres 
pensantes, de uma série de princípios evidentes, ideias natas, que servem de 
fundamento lógico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepção e a 
representação, ou seja, para ele, o racionalismo se preocupa com a ideia fundante 
que a razão por si mesma logra atingir. Esses dois pensadores podem ser 
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classificados como representantes do racionalismo ontológico, que consiste em 
entender a realidade como racional, ou em racionalizar o real, de maneira que a 
explicação conceitual mais simples se tenha em conta da mais simples e segura 
explicação da realidade. 
 
Existe também uma outra linha racionalista, originada de Aristóteles, 
denominada intelectualismo, que reconhece a existência de “verdades de razão” e, 
além disso, atribui à inteligência função positiva no ato de conhecer, ou seja, a razão 
não contém em si mesma, verdades universais como ideias natas, mas as atinge à 
vista dos fatos particulares que o intelecto coordena. Concluindo: o intelecto extrai 
os conceitos ínsitos no real, operando sobre as imagens que o real oferece. 
 
Hessen, um dos adeptos do intelectualismo, lembra que há nele uma 
concepção metafísica da realidade como condição de sua gnosiologia, que é 
conceber a realidade como algo de racional, contendo no particularismo contingente 
de seus elementos, as verdades universais que o intelecto “lê” e “extrai”, realizando- 
se uma adequação plena entre o entendimento e a realidade, no que esta tem de 
essencial. 
 
Por fim, devemos citar uma ramificação do racionalismo que alguns autores 
consideram autônoma, que é o Criticismo. O criticismo é o estudo metódico prévio 
do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposição 
metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente o problema do 
conhecimento em função da relação “sujeito-objeto”, indagando as suas condições e 
pressupostos. Ele aceita e recusa certas afirmações do empirismo e racionalismo, 
por isso, muitos autores acreditam em sua autonomia. Entretanto, devemos 
entender tal posição como uma análise crítica e profunda dos pressupostos do 
conhecimento. 
 
Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como marca a determinação a 
priori das condições lógicas das ciências. Ele declara que o conhecimento não pode 
prescindir da experiência, a qual fornece o material cognoscível e nesse ponto 
coincide com o empirismo. Porém, sustenta também que o conhecimento de base 
empírica não pode prescindir de elementos racionais, tanto que só adquire validade 
universal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão. Segundo palavras 
do próprio autor, “os conceitos sem as intuições são vazios; as intuições sem os 
 
"
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conceitos são cegas”. Para ele, o conhecimento é sempre uma subordinação do real 
à medida do humano. 
 
Conclui-se então, que pela ótica do criticismo, o conhecimento implica sempre 
numa contribuição positiva e construtora por parte do sujeito cognoscente em razão 
de algo que está no espírito, anteriormente à experiência do ponto de vista 
gnosiológico. (SANTOS, s/d, s/p) 
 
- O conhecimento quanto à Essência: Para Santos (s/d, s/p) nessa parte do estudo, 
analisaremos o ponto da Teoria do Conhecimento em que há mais divergências, 
sendo estas fundamentais pra o pleno conhecimento do assunto, que é o realismo e 
o idealismo. 
 
 
 
3.3 REALISMO 
 
Sabendo que a palavra realismo vem do latim res (coisa), podemos 
conceituar essa corrente como a orientação ou atitude espiritual que implica uma 
preeminência do objeto, dada a sua afirmação fundamental de que nós conhecemos 
coisas. Em outras palavras, é a independência ontológica da realidade, ou seja, o 
sujeito em função do objeto. O realismo é subdividido em três espécies. O realismo 
ingênuo,o tradicional e o crítico. 
 
O realismo ingênuo, também conhecido como pré-filosófico, é aquele em que 
o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente 
menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. É a atitude 
do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem. 
 
Já o realismo tradicional é aquele em que há uma indagação a respeito dos 
fundamentos, há uma procura em demonstrar se as teses são verdadeiras, surgindo 
uma atitude propriamente filosófica, seguindo a linha aristotélica. 
 
Por último, podemos citar o realismo científico, que é a linha do realismo que 
acentua a verificação de seus pressupostos concluindo pela funcionalidade sujeito- 
objeto e distinguindo as camadas conhecíveis do real como a participação - não 
apenas criadora - do espírito no processo gnosiológico. Para os seguidores desse 
pensamento, conhecer é sempre conhecer algo posto fora de nós, mas que, se há 
 
 
 
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conhecimento de algo, não nos é possível verificar se o objeto - que nossa 
subjetividade compreende - corresponde ou não ao objeto tal qual é em si mesmo. 
 
Há, portanto, no realismo, uma tese ou doutrina fundamental de que existe 
uma correlação ou uma adequação da inteligência a “algo” como objeto do 
conhecimento, de maneira que nós conhecemos quando a nossa sensibilidade e 
inteligência se conformam a algo de exterior a nós. De acordo com o modo de 
compreender-se essa “referibilidade a algo”, bifurca-se o realismo em tradicional e o 
crítico, que são as duas linhas pertinentes à filosofia. (SANTOS, s/d, s/p) 
 
 
 
3.4 IDEALISMO 
 
Conforme (Santos, s/d, s/p) surgiu na Grécia Antiga com Platão, denominado 
de idealismo transcendente, onde as ideias ou arquétipos ideais representam a 
realidade verdadeira, da qual seriam as realidades sensíveis, meras copias 
imperfeitas, sem validade em si mesmas, mas sim enquanto participam do ser 
essencial. O idealismo de Platão reduz o real ao ideal, resolvendo o ser em ideia, 
pois como ele já dizia, as ideias são o sol que ilumina e torna visíveis as coisas. 
Alguns autores entendem que a doutrina platônica poderia ser vista como uma forma 
de realismo, pois para eles, o idealismo “verdadeiro” é aquele desenvolvido a partir 
de Descartes. 
 
O que interessa à Teoria do Conhecimento é o idealismo imanentista, que 
afirma que as coisas não existem por si mesmas, mas na medida e enquanto são 
representadas ou pensadas, de maneira que só se conhece aquilo que se insere no 
domínio de nosso espírito e não as coisas como tais, ou seja, há uma tendência a 
subordinar tudo à formas espirituais ou esquemas. No idealismo, que é a 
compreensão do real como idealidade (o que equivale dizer a realidade como 
espírito), o homem cria um objeto com os elementos de sua subjetividade, sem que 
algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiológico). 
 
Sintetizando, o idealismo é a doutrina ou corrente de pensamento que 
subordina ou reduz o conhecimento à representação ou ao processo do pensamento 
mesmo, por entender que a verdade das coisas está menos nelas do que em nós, 
em nossa consciência ou em nossa mente, no fato de serem “percebidas” ou 
“pensadas”. Dentro dessa concepção existem duas orientações idealistas. Uma é a 
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do idealismo psicológico ou conscienciológico, onde o que se conhece não são as 
coisas e sim a imagem delas. Podemos conceituá-lo como aquele em que a 
realidade é cognoscível se e enquanto se projeta no plano da consciência, 
revelando-se como momento ou conteúdo de nossa vida interior. Também chamado 
de idealismo subjetivo, este diz que o homem não conhece as coisas, e sim a 
representação que a nossa consciência forma em razão delas. Seus representantes 
são Hume, Locke e Berkeley. 
 
A outra é a orientação idealista de natureza lógica, que parte da afirmação de 
que só conhecemos o que se converte em pensamento, ou é conteúdo de 
pensamento. Ou seja, o ser não é outra coisa senão ideia. Seu maior representante, 
Hegel, diz em uma de suas obras que nós só conhecemos aquilo que elevamos ao 
plano do pensamento, de maneira que só há realidade como realidade espiritual. 
Resumindo: na atitude psicológica, ser é ser percebido e na atitude lógica, ser é ser 
pensado. 
 
- Possibilidade do Conhecimento: Essa parte da teoria do conhecimento é 
responsável por solucionar a seguinte questão: qual a possibilidade do 
conhecimento? Para que seja possível respondê-la, muitos autores recorrem a duas 
importantes posições: o dogmatismo e o ceticismo, os quais veremos abaixo. 
(SANTOS, s/d, s/p) 
 
 
 
3.5 DOGMATISMO 
 
É a corrente que se julga em condições de afirmar a possibilidade de 
conhecer verdades universais quanto ao ser, à existência e à conduta, 
transcendendo o campo das puras relações fenomenais e sem limites impostos a 
priori à razão. Existem duas espécies de dogmatismo: o total e o parcial. 
 
O primeiro é aquele em que a afirmação da possibilidade de se alcançar a 
verdade ultima é feita tanto no plano da especulação, quanto no da vida pratica ou 
da Ética. Esse dogmatismo intransigente, quase não é adotado, devido à 
rigorosidade de adequação do pensamento. Porém, encontramos em Hegel a 
expressão máxima desse tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma 
identificação absoluta entre pensamento e realidade. Como o próprio autor diz “o 
 
 
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pensamento, na medida em que é, é a coisa em si, e a coisa em si, na medida em 
 
que é, é o pensamento puro”. 
 
Já o parcial, adotado em maior extensão, tem um sentido mais atenuado, na 
intenção de afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas 
circunstâncias e modos quando não sob certo prisma. Ou seja, é a crença no poder 
da razão ou da intuição como instrumentos de acesso ao real em si. Alguns 
dogmáticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da 
ação. Entretanto, outros somente admitem tais verdades no plano especulativo. Daí 
origina-se a distinção entre dogmatismo teórico e dogmatismo ético. 
 
O dogmatismo ético tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da 
possibilidade de atingir as verdades últimas enquanto sujeito pensante (homo 
theoreticus) e afirmavam as razões primordiais de agir, estabelecendo as bases de 
sua Ética ou de sua Moral. 
 
Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo teórico, Blaise Pascal, 
que não duvidava de seus cálculos matemáticos e da exatidão das ciências 
enquanto ciências, mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta 
humana. (SANTOS, s/d, s/p) 
 
 
 
3.6 CETICISMO 
 
Consiste, segundo Santos (s/d, s/p) numa atitude dubitativa ou uma 
provisoriedade constante, mesmo a respeito de opiniões emitidas no âmbito das 
relações empíricas. Essa atitude nunca é abandonada pelo ceticismo, mesmo 
quando são enunciados juízos sobre algo de maneira provisória, sujeitos a refutação 
à luz de sucessivos testes. Ou seja, o ceticismo se distingue das outras correntes 
por causa de sua posição de reserva e de desconfiança em relação às coisas. Há no 
ceticismo – assim como no dogmatismo – uma distinção entre absoluto e parcial, 
ressaltando que este último não será discutido nesse trabalho. 
 
O ceticismo absoluto é oriundo da Grécia e também denominado pirronismo. 
Prega a necessidade da suspensão do juízo, dada a impossibilidade de qualquer 
conhecimento certo. Ele envolve tanto as verdades metafísicas (da realidade em si 
mesma), quanto as relativas ao fundo dos fenômenos. Segundo essa corrente, o 
 
 
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homem não pode pretender nenhum conhecimento por não haver adequação 
possível entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Ou seja, para os céticos 
absolutos, não há outra solução para o homem senão a atitude de não formularproblemas, dada a equivalência fatal de todas as respostas. Um dos representantes 
do ceticismo de maior destaque na filosofia moderna é Comte. (SANTOS, s/d, s/p) 
 
Já para Stigar (2008, s/p) as novas formas de conhecimento impõe uma 
realidade cientifica volátil e por isso mesmo muito confusa. Por isso a autor percorre 
o conceito de ciência desde os filósofos modernos ate chegar às definições 
contemporâneas. Segundo Marilena Chauí é necessário fazer uma distinção entre o 
conceito de senso comum e de ciência, mostrando as peculiaridades do senso 
comum e da conduta cientifica. A sociedade moderna possui muitas dificuldades em 
entender o conceito de ciência devido a confusão feita com os três paradigmas 
existentes. O conceito clássico ou racionalista, o conceito empirista e o conceito 
construtivista. 
 
Dentro deste, cenário Chauí entende que a razão sofre com a crescente 
conduta instrumental, a reflexão sede lugar a prática tornando a razão fragmentada 
e dissolvida. Com isso, as opiniões do senso comum podem apenas servir de ponto 
de partida, mas não se enquadram no modelo cientifico. Com efeito, a ciência é 
diferente de uma opinião do senso comum porque o cientista adota um rigor extremo 
em suas investigações e por isso é chamada de Ciência. Chauí caracteriza o senso 
comum como uma visão aproximada das coisas, uma aparência, enquanto isto o 
cientista procura descobrir como funcionam as coisas e como as coisas são 
enquanto existem no mundo físico ou do movimento. Assim, a concepção de tempo 
espaço se modifica com relação ao paradigma adotado pelo cientista. A autora 
entende que o trabalho científico é rigoroso e sistemático, enquanto o senso comum 
aceita a magia e outras analogias possíveis como formas de conhecimento. “o 
objetivo cientifico é uma representação intelectual universal, necessária e verdadeira 
das coisas representadas, e corresponde à própria realidade, porque esta é racional 
e inteligível em si mesma.” (CHAUI, 2003, p. 221, apud STIGAR, 2008, s/p). 
Assim, para Stigar (2008, s/p) na experiência empírica o cientista busca 
verificar a sua teoria para poder avalizar seu pensamento. Portanto, comprovar a 
teoria e não criar outra. A autora percorre os conceitos de ciência adotados por 
 
 
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Granger, Kuhn para discutir as contradições existentes entre as diferentes formas de 
conceber a atividade científica. Desta maneira, as concepções adotadas ditam a 
forma de ciência que será perseguida pelos pesquisadores. Finalmente Chauí 
entende que as novas tecnologias representam uma constante mudança no 
paradigma de ciência adoto na comunidade internacional. Com efeito, é incumbência 
do filosofo da ciência procurar repensar constantemente essas definições. Portanto, 
a genética e as novas formas de conhecimento cientifico levam em si um desafio 
ético que depende de uma reflexão racional e filosófica profunda, a filosofia moderna 
nuca esteve presente de maneira tão viva, pois “saber é poder” como postulo Bacon. 
 
No nível superficial pode-se dizer que a nova Ciência da Natureza ou Filosofia 
 
Natural possui três características: 
 
1) Passagem da ciência especulativa para a ativa, na continuidade do projeto 
renascentista de dominação da Natureza e cuja fórmula se encontra em Francis 
Bacon: “Saber é Poder”; 
 
2) Passagem da explicação qualitativa e finalística dos naturais para a explicação 
quantitativa e mecanicista; isto é, abandono das concepções aristotélico-medievais 
sobre as diferenças qualitativas entre as coisas como fonte de explicação de suas 
operações (leve, pesado, natural, artificial, grande, pequeno, localizado no baixo ou 
no alto) e da ideia de que os fenômenos naturais ocorrem porque causas finais ou 
finalidades os provocam a acontecer. Tais concepções são substituídas por relações 
mecânicas de causa e efeito segundo leis necessárias e universais, válidas para 
todos os fenômenos independentemente das qualidades que os diferenciam para 
nossos cinco sentidos (peso, cor, sabor, textura, odor, tamanho) e sem qualquer 
finalidade, oculta ou manifesta; 
 
3) Conservação da explicação finalística apenas no plano da metafísica: a liberdade 
da vontade divina e humana e a inteligência divina e humana, embora 
incomensuráveis, se realizam tendo em vista fins (o filósofo Hobbes suprimirá boa 
parte das finalidades no campo da moral, dando-lhe fisionomia mecanicista também, 
e o filósofo Espinosa suprimirá a finalidade na metafísica e na ética, criticando-a 
como superstição e ignorância das verdadeiras causas das ações). É essa a ideia 
que se exprime na famosa frase de Galileu que abre a modernidade científico- 
filosófica: “a filosofia está escrita neste vasto livro, constantemente aberto diante de 
 
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nossos olhos (quero dizer, o universo) e só podemos compreendê-lo se primeiro 
aprendermos a conhecer a língua, os caracteres nos quais está escrito. Ora, ele está 
escrito em linguagem matemática e seus caracteres são o triângulo e o círculo e 
outras figuras geométricas, sem as quais é impossível compreender uma só 
palavra”. (STIGAR, 2008, s/p) 
 
Para Stigar (2008, s/p) a mecânica como nova ciência da Natureza. Isto é, a 
ideia de que todos os fenômenos naturais são corpos constituídos por partículas 
dotadas de grandeza, figura e movimento determinados. Que seu conhecimento é o 
estabelecimento das leis necessárias do movimento e do repouso que conservam ou 
modificam a grandeza e a figura das coisas por nós percebidas porque conservam 
ou alteram a grandeza e a figura das partículas. 
 
Por outro lado, a ideia de que estas leis são mecânicas, isto é, leis de causa e 
efeito cujo modelo é o movimento local (o contato direto entre partículas) e o 
movimento à distância (isto é, a ação e a reação dos corpos pela mediação de 
outros ou, questão controversa que dividirá os sábios, pela ação do vácuo). 
Fisiologia, anatomia, medicina, óptica, paixões, ideias, astronomia, física, tudo será 
tratado segundo esse novo modelo mecânico. E é a perfeita possibilidade de tudo 
conhecer por essa via que permite a intervenção técnica sobre a natureza física e 
humana e a construção dos instrumentos, cujo ideal é autônomo e cujo modelo é o 
relógio. 
 
A destruição, vinda do Renascimento, da ideia greco-romana e cristã 
de Cosmos, isto é, do mundo como ordem fixa, segundo hierarquias de perfeição, 
dotado de centro e de limites conhecíveis, cíclico no tempo e limitado no espaço. Em 
seu lugar, surge o Universo Infinito, aberto no tempo e no espaço, sem começo, sem 
fim, sem limite e que levará o filósofo Pascal à célebre fórmula da “esfera cuja 
circunferência está em toda parte e o centro em nenhuma”. Não apenas o 
heliocentrismo é possível a partir dessa ideia, mas com ela dois novos fenômenos 
ocorrem: em primeiro lugar, a perda do centro, que levará os pensadores a uma 
indagação que, de acordo com o historiador da filosofia Michel Serres, é essencial e 
prévia à própria possibilidade do conhecimento, qual seja, indagam se é possível 
encontrar um outro centro, ou um ponto fixo a partir do qual seja possível pensar e 
agir (os filósofos falam na busca do ponto de Arquimedes para o pensamento); em 
 
 
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segundo lugar, uma nova elaboração do conceito de ordem e que, segundo Michel 
Foucault, será a motivação principal na elaboração moderna do método para 
conhecer (sem ordem não há conhecimento possível, e a primeira coisa a ordenar 
será a própria faculdade de conhecer); 
A geometrização do espaço. Este era na física aristotélico-tomista, um espaço 
topológico e topográfico (isto é, constituído por lugares - topoi - que determinavam a 
forma de um fenômeno natural, sua importância, seu sentido), o mundo estando 
dividido em hierarquias de perfeição conforme tais lugares. Agora, o espaço se torna 
neutro, homogêneo, mensurável, calculável, sem hierarquias e semvalores, sem 
qualidades. (STIGAR, 2008, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. O PENSAMENTO GEOGRÁFICO E SUA HISTORICIDADE A PARTIR DO 
SÉCULO XIX 
 
 
 
De acordo com Souza, et al (2009, p. 3) a Geografia Tradicional também 
conhecida como Geografia Clássica surgiu no século XIX, inicialmente na Alemanha 
e na França, difundindo-se aos demais países, tendo como precursores Alexandre 
Von Humboldt e Carl Ritter. Nesta corrente surgem as primeiras definições do que 
seria a Geografia e qual seria seu objeto de análise, já que no momento de sua 
sistematização não havia clareza quanto ao objeto de estudo, a Geografia era tida 
como a ciência “do tudo” ou a ciência “da superfície terrestre”. Segundo Hettner 
(1939) caberia à Geografia “a análise das influências e interações entre o homem e 
o meio”, Albert Demageon (1942) conceitua a Geografia como “o estudo dos grupos 
humanos nas suas relações com o meio geográfico” e para Martonne (1951) a 
“Geografia moderna encara a distribuição à superfície do globo dos fenômenos 
físicos, biológicos e humanos, as causas dessa distribuição e as relações locais 
desses fenômenos”. 
 
A Geografia Tradicional foi fortemente marcada pela existência de dicotomias, 
como a Geografia Física e Geografia Humana, Geografia Geral e Geografia 
Regional. Caberia a Geografia Física ocupar-se com o estudo do quadro natural e à 
Geografia Humana preocupava-se com a distribuição dos aspectos originados pelas 
atividades humanas, nesta relação dicotômica a Geografia Física obteve a imagem 
de ser mais consolidada que a Geografia Humana, devido ao próprio 
desenvolvimento das ciências naturais, Em virtude do aparato metodológico mais 
eficiente das ciências físicas e da esplêndida concatenação teórica elaborada por 
William Morris Davis, a Geografia Física rapidamente ganhou a imagem de ser a 
parte cientificamente mais bem consolidada e executada. (...) Destituída de aparato 
teórico e explicativo para as atividades humanas, assim como a imprecisão dos 
procedimentos metodológicos, a Geografia Humana sempre se debatia na procura 
de justificar o seu gabarito científico, e em estabelecer sua definição e finalidades 
como ciência (CHRISTOFOLETTI, 1985, p. 13, apud SOUZA, ET AL, 2009, p. 3). 
Outra dicotomia, de acordo com Souza, et al (2009, p. 4) existente nesta 
corrente refere-se à Geografia Geral e a Geografia Regional. A primeira objetivando 
 
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estudar a distribuição dos fenômenos da superfície terrestre analisava cada 
categoria do fenômeno de maneira autônoma, resultando na subdivisão da 
Geografia (geomorfologia, hidrografia, climatologia, etc.), já a Geografia Regional 
procurava estudar as unidades componentes da diversidade areal da superfície 
terrestre. A Geografia Regional muito valorizada nesta corrente era tida como a mais 
complexa expressão do método geográfico, assim caberia ao geógrafo descrever as 
características de dada região, A Geografia Regional procurava estudar as unidades 
componentes da diversidade areal da superfície terrestre. Em cada lugar, área ou 
região a combinação e a interação das diversas categorias de fenômenos refletiam- 
se na elaboração de uma paisagem distinta, que surgia de modo objetivo e concreto. 
O estudo das regiões e das áreas favoreceu a expansão da perspectiva regional ou 
corológica, que teve como êmulo e padrão as clássicas monografias da escola 
francesa. Preocupados em compreender as características regionais, o geógrafo 
desenvolveu habilidade descritiva, exercendo a caracterização já estabelecida por 
La Blache, em 1923. (CHRISTOFOLETTI, 1985, p.14) 
 
Quanto aos procedimentos metodológicos destaca-se a importância do 
trabalho empírico e da habilidade descritiva, além do papel de síntese atribuído à 
Geografia, onde esta reuniria as informações obtidas pelas demais ciências, 
resultando na visão totalizadora da região, como aponta CHRISTOFOLETTI (1985): 
“(...) à Geografia, considerando a totalidade, correspondia o trabalho de síntese, 
reunindo e coordenando todas as informações a fim de salientar a visão global e 
totalizadora”. 
 
A Nova Geografia também conhecida como Geografia Teorética Quantitativa 
surgiu durante a década de 50, impulsionada pelas transformações ocasionadas 
pela Segunda Guerra Mundial nos setores científico, tecnológico, social e 
econômico. Esta corrente buscou superar as dicotomias existentes na Geografia 
Tradicional e os procedimentos metodológicos da Geografia Regional. Baseada no 
positivismo lógico busca ser objetiva e imparcial, por meio de um rigor maior na 
aplicação da metodologia científica. 
Diferentemente do que se propunha na Geografia Tradicional onde a 
Geografia era tida como uma ciência singular, devendo possuir métodos próprios, na 
Nova Geografia os métodos científicos são comuns a todas as ciências, “(...) há 
 
 
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métodos científicos para a pesquisa geográfica, mas não métodos geográficos de 
pesquisa Christofoletti (1985, p. 16)”, assim toda pesquisa científica seguiria o 
mesmo conjunto de procedimentos, o que difere na pesquisa é o objeto de estudo, 
no caso da Geografia o das organizações espaciais, Em cada ciência, o que a 
diferencia das demais é o seu objeto. Cada ciência contribui para a compreensão da 
ordem e da estrutura existentes, e o setor da Geografia é o das organizações 
espaciais. A abordagem da geografia científica está baseada na observação 
empírica, verificação de seus enunciados e na importância de isolar aos fatos de 
seus valores. Ao separar os valores atribuídos aos fatos dos próprios fatos, a ciência 
procura ser objetiva e imparcial (CHRISTOFOLETTI, 1985, p.16, apud SOUZA, ET 
AL, p. 4). 
 
De acordo ainda com Souza, et al (2009, p. 4) faz parte dos procedimentos 
metodológicos da Nova Geografia a observação empírica, a quantificação dos fatos, 
a criação e verificação de hipóteses, a proposição de predições baseadas nas 
teorias e leis científicas, grande importância é dada ao critério da refutabilidade, (...) 
considerando-se certas hipóteses e determinadas condições, o resultado do trabalho 
geográfico deve ser capaz de prever o estado futuro dos sistemas de organização 
espacial e contribuir de modo efetivo para alcançar o estado condizente e apto para 
as necessidades humanas. Os enunciados geográficos assumem validade em 
função da sua verificação e teste (CHRISTOFOLETTI, 1985, p.17). 
 
Outra característica marcante na Nova Geografia é o amplo uso das técnicas 
matemáticas e estatísticas para analisar os dados coletados e as distribuições 
espaciais, tanto que acabou sendo denominada de Geografia Quantitativa. Em 
oposição à Nova Geografia, sobretudo procurando substituir os preceitos da 
metodologia científica positivista empregada surgiram outras correntes do 
pensamento geográfico, sendo as de maior destaque a Geografia Humanística e a 
Geografia Radical. 
 
A Geografia Humanística tem como base os trabalhos realizados por Yi-Fu 
Tuan, Anne Buttimer, Edward Relph e Mercer e Powell, e possui a fenomenologia 
existencial como a filosofia subjacente. Embora possuindo raízes mais antigas, em 
Kant e em Hegel, os significados contemporâneos da fenomenologia são atribuídos 
à filosofia de Edmund Husserl (1859-1939). Tendo a fenomenologia como filosofia A 
 
 
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Geografia Humanística procura valorizar a percepção do indivíduo por meio de suas 
experiências, (...) preocupando-se em verificar a apreensão das essências, pela 
percepção e intuição das pessoas, a fenomenologia utiliza como fundamental a 
experiência vivida e adquirida pelo indivíduo. Desta maneira, contrapõe-se às 
observações de base empírica, pois não se interessa pelo objeto nem pelo sujeito 
(CHRISTOFOLETTI, 1985, p.22). 
 
Os geógrafoshumanistas defendem a necessidade de valorizar a experiência 
do indivíduo ou do grupo na busca da compreensão da sua forma de sentir das 
pessoas em relação aos seus lugares, “(...) para cada indivíduo, para cada grupo 
humano, existe uma visão do mundo, que se expressa através das suas atitudes e 
valores para com o quadro ambiente. É o contexto pelo qual a pessoa valoriza e 
organiza o seu espaço e o seu mundo, e nele se relaciona”. (CHRISTOFOLETTI, 
1985, p. 22, apud SOUZA, ET AL, 2009, p. 5) 
 
As noções de espaço e lugar conforme Souza, et al (2009, p. 5) surgem como 
muito importantes para esta tendência geográfica. O lugar é aquele em que o 
indivíduo se encontra ambientado no qual está integrado. Ele faz parte do seu 
mundo, dos seus sentimentos e afeiçoes; é o “centro de significância ou um foco de 
ação emocional do homem”. O lugar não é toda e qualquer localidade, mas aquela 
que tem significância afetiva para uma pessoa ou grupo de pessoas. Em 1974, ao 
tentar estruturar o setor de estudos relacionados com a percepção, atitudes e 
valores ambientais, Yi-Fu Tuan propôs o termo Topofilia definindo-o como “o elo 
afetivo entre a pessoa e o lugar ou quadro físico”. 
 
A Geografia Crítica parte do mesmo pressuposto da corrente humanística 
quanto à crítica empregada em relação à Nova Geografia, no entanto baseia-se em 
outro método filosófico, o materialismo histórico e dialético, e também possui uma 
característica marcante: a preocupação em ser crítica e atuante. Iniciou-se na 
década de 1960 em virtude do ambiente contestatório nos Estados Unidos, em 
função da guerra do Vietnã. Existem vários adjetivos para caracterizar esta corrente 
como marxista, crítica e radical, Christofoletti (1985) coloca como a mais abrangente 
a denominação Geografia Radical, por designar tudo o que seja de tendência 
esquerdista e postura contestatória. O pensamento crítico na geografia significou, 
principalmente, uma aproximação com os movimentos sociais, principalmente na 
 
 
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busca da ampliação dos direitos civis e sociais, como o acesso a educação de boa 
qualidade, a moradia, pelo acesso à terra, o combate à pobreza, entre outras 
temáticas. 
 
A Geografia Crítica difere também da Nova Geografia quanto à forma como 
estuda os fenômenos espaciais, busca a superação quanto ao estudo dos padrões 
espaciais, buscando analisar em primeiro os processos sociais associando-os com 
os espaciais, para isso interessa-se pelos modos de produção, pois as formações 
espaciais estão estreitamente relacionadas com o modo de produção, A Geografia 
Radical interessa-se pela análise dos modos de produção e das formações 
socioeconômicas. Isto porque o marxismo considera como fundamental os modos 
de produção, enquanto as formações espaciais (ou formações econômicas e 
sociais) são as resultantes. As atividades dos modos de produção constroem e 
geram formações diferentes. (CHRISTOFOLETTI, 1985, p. 27, apud SOUZA, ET AL, 
2009, p. 6) 
 
Vários são os trabalhos desenvolvidos nesta corrente, o de David Harvey 
intitulado Social Justice and the City, 1973, foi um marco por representar a primeira 
tentativa de apresentar uma síntese e um marco teórico para análise do espaço 
urbano. Na França o movimento de Geografia Radical possui Yves Lacoste, como 
grande nome, no Brasil muitos autores atuam nesta linha a exemplo de Milton 
Santos com sua obra Por uma Geografia, 1979, propõe uma transformação na forma 
de se pensar e fazer a Geografia. (SOUZA, ET AL, 2009, p. 6) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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