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F7-Enfrentamento-a-violencia-contra-crianca

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enfrentamento à
violência sexual contra
crianças e adolescentes
SISTEMA DE GARANTIA 
 DE DIREITOS E
Redes de 
Proteção
Graça Gadelha 
7
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................................................99
2. Eixos do SGD ............................................................................................ 103
3. Integrando programas, serviços 
e equipamentos da rede de proteção .................................................... 106
4. Papel dos agentes públicos e atores sociais no campo 
das políticas públicas: competências e atribuições .............................. 110
Referências .................................................................................................. 111
Perfis da autora e do ilustrador ................................................................ 112
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 99enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 99
adolescente, inclusive em relação aos su-
jeitos que devem ser responsáveis pela 
sua proteção. Crianças e adolescentes são 
seres especiais e diferenciados, que detêm 
uma capacidade, mas ainda não possuem 
um nível de amadurecimento, para que 
possam, por exemplo, responder penal-
mente pelos seus atos – pelo menos até os 
18 anos. A essa condição jurídica diferen-
ciada, o direito brasileiro assegura então 
uma proteção integral. 
Para tanto, a legislação propõe reco-
nhecer o interesse superior como uma 
norma fundamental de interesse público, 
que deve ser protegido e diretamente vin-
culado a um ordenamento jurídico a ser 
respeitado por todos os cidadãos. 
Introdução
A Constituição Federal de 1988 e o Esta-
tuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
aprovado em 1990, estabeleceram uma 
nova configuração do ponto de vista éti-
co-jurídico em relação aos direitos da 
infância e da adolescência no Brasil. 
Esse conjunto de direitos decorre 
de normativas internacionais, princi-
palmente do que foi extraído da Con-
venção Internacional dos Direitos de 
Criança, promulgada em 1989.
Utilizando uma proposta didática de-
senvolvida pelo prof. Antonio Carlos Go-
mes da Costa, é possível compreender a 
dimensão da promoção de direitos, traba-
lhando-os a partir de três macroconceitos: 
o direito à sobrevivência; o direito ao de-
senvolvimento e o direito à integridade, 
que traduzidos refletem em diferentes mo-
mentos a regra estabelecida pelo art.227, 
da Constituição e o art. 4º do Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
Essa compreensão, que agrupa estes 
três macroconceitos, constrói todas as 
possibilidades de reconhecimento dos di-
reitos de crianças e adolescentes a partir 
de uma perspectiva dos direitos humanos. 
O marco legal de proteção à infância 
e à adolescência reconhece e valoriza a 
diferença existente entre criança, adoles-
cente, jovem e adulto. E, nessa condição, 
confere um status especial à criança e ao 
100 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Para que crianças e adolescentes te-
nham de fato acesso aos seus direitos fun-
damentais, o ECA propõe a estruturação 
de um Sistema de Garantia de Direitos, 
mais conhecido como SGD, que funda-
mentado pela Doutrina da Proteção In-
tegral estabelece um novo paradigma 
nos aspectos jurídico e social, objetivando 
criar vínculos normativos e operacionais 
que assegurem a efetividade dos direitos 
públicos subjetivos voltados à população 
de crianças e adolescentes.
 No campo da proteção integral, res-
salta a necessidade de implementação da 
política de atendimento dos direitos de 
crianças e adolescentes, conforme prevê 
o art. 861 do ECA, que deve ser efetivada 
por um conjunto articulado e integrado de 
ações governamentais e não governamen-
tais em diferentes níveis e âmbitos: Execu-
tivo, Legislativo, Judiciário, assim como 
federal, distrital, estadual, e municipal. 
O município é o lugar privilegiado para 
construção e consolidação dos direitos e 
da plena cidadania de crianças e adoles-
centes, que nele vivem e moram, e é nes-
ses lugares que as políticas e as ações de-
vem se concretizar no campo dos direitos 
humanos dessa população. 
1 Art. 86: A política de atendimento dos direitos da 
criança e do adolescente far-se-á através de um 
conjunto articulado de ações governamentais e 
não governamentais, da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios. 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 101
TÁ NA Lei
E qual é, então, a proposta 
político-pedagógica do ECA a 
partir da estruturação de um 
Sistema de Garantia de Direitos? 
A proposta é que seja construído 
e operacionalizado, em cada 
município, um Sistema que possa 
garantir a efetivação dos direitos 
de crianças e adolescentes. Esse 
sistema deve ser entendido 
com um conjunto ordenado 
de atores e instituições, com 
obrigações, competências, papéis 
e responsabilidades bem definidos 
a partir de 03 eixos estratégicos: 
Promoção, Controle, Defesa 
e Responsabilização,
Por meio da Resolução nº 
113/2006, o Conselho Nacional 
dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (Conanda), estabelece 
no art. 1º que:
O Sistema de Garantia dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente constitui-se 
na articulação e integração 
das instâncias públicas 
governamentais e da 
sociedade civil, na aplicação 
de instrumentos normativos 
e no funcionamento dos 
mecanismos de promoção, 
defesa e controle para a 
efetivação dos direitos 
humanos da criança e do 
adolescente, nos níveis 
Federal, Estadual, Distrital 
e Municipal 
Trata-se, portanto, de um conjunto 
de instituições do poder público 
e da sociedade civil, incluindo 
a família, que numa relação de 
parceria, propõe-se a desenvolver 
um trabalho articulado e em rede 
de atendimento interinstitucional 
e interdisciplinar, especialmente 
voltado para a garantia dos 
direitos estabelecidos no ECA, 
assim definidos:
• à família, compete a 
obrigação de criar e educar; 
• ao poder público, a 
competência para executar e 
promover políticas públicas 
capazes de garantir o 
atendimento dos direitos 
assegurados por lei e,
• à sociedade, a 
responsabilidade de 
zelar pelo cumprimento 
desses direitos.
102 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 103
EDUCAÇÃO
A União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios organizam, em regime de 
colaboração, os respectivos sistemas de 
ensino. A educação escolar compõe-se de 
Educação Básica (Infantil, Fundamental e 
Ensino Médio) e Ensino Superior. 
A Educação Infantil abrange as creches 
e pré-escolas (0 a 6 anos de idade). O Ensi-
no Fundamental vai da 1ª à 9ª série (em 9 
anos), e o Ensino Médio vai do 1º ao 3º ano. 
Há, ainda, a Educação Profissional Técni-
ca de Nível Médio, a Educação de Jovens e 
Adultos, a Educação Profissional e Tecno-
lógica e o Ensino Superior. 
SAÚDE
O Sistema Único de Saúde (SUS) abrange 
desde o simples atendimento ambulato-
rial até o transplante de órgãos, garantindo 
acesso integral, universal e gratuito para 
toda a população do país. O SUS compõe-
-se de diferentes estruturas, destacando-se: 
Programa Saúde da Família (PSF); Postos 
de Saúde; Unidades de Pronto Atendimen-
to ou Pronto-Socorro; Hospitais; Centros de 
Atenção Psicossocial (CAPS), etc.
ASSISTÊNCIA SOCIAL:
O Centro de Referência da Assistência So-
cial (CRAS) atua como a principal porta de 
entrada do Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS), e é responsável pela orga-
nização e oferta de serviços da Proteção 
Social Básica nas áreas de vulnerabilidade 
e risco social. O principal serviço ofertado 
pelo CRAS é o Serviço de Proteção e Aten-
dimento Integral à Família (PAIF). 
 
Eixos do SGD
Para melhor compreensão, a seguir serão 
detalhadas as características de cada um 
dos eixos PROMOÇÃO, CONTROLE, DE-
FESA E RESPONSABILIZAÇÃO, que com-
põem o SGD:
2.1. O da PROMOÇÃO ou Atendimento 
caracteriza-sepelo desenvolvimento da 
“política de atendimento dos direitos da 
criança e do adolescente” e subdivide-se 
em três tipos de programas, serviços e 
ações públicas:
I. serviços e programas decorrentes 
de políticas públicas, especialmen-
te das políticas sociais básicas e 
de assistência social; 
II. serviços e programas de execução 
de medidas de proteção de direi-
tos humanos; e
III. serviços e programas de execução 
de medidas socioeducativas e as-
semelhadas.
Alguns desses serviços e programas po-
dem ser visibilizados nas seguintes áreas:
104 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
O Centro de Referência Especializa-
do de Assistência Social (CREAS) oferta 
serviços especializados e continuados 
a famílias e indivíduos em situação de 
ameaça ou violação de direitos (violên-
cia física, psicológica e sexual, tráfico 
de pessoas, cumprimento de medidas 
socioeducativas em meio aberto, etc.). A 
oferta de atenção especializada e conti-
nuada deve ter como foco a família e a 
situação vivenciada. 
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO 
INSTITUCIONAL E FAMILIAR
Esses serviços estão previstos no ECA (art. 
87, inciso VI e no art. 101, inciso IX, pará-
grafos 1º e 2º) como medidas excepcionais 
como forma de garantir o exercício do direi-
to à convivência familiar e para proteção de 
vítimas de violência ou abuso sexual. 
SERVIÇOS DE ATENDIMENTO 
SOCIOEDUCATIVO
Verificada a prática de ato infracional, 
a autoridade competente pode aplicar 
ao adolescente as medidas previstas no 
ECA, art. 112, I a VII.
Em regra, as medidas socioeducativas 
em meio aberto (I a IV) são executadas 
pela Prefeitura, enquanto as demais são 
executadas pelo Governo do Estado.
O ECA prevê, ainda, a implantação de 
serviço de identificação e localização de 
pais, responsável, crianças e adolescentes 
desaparecidos (art.87, inciso IV). 
2.2. No eixo CONTROLE destacam-se as 
ações públicas de promoção e defesa dos 
direitos da criança e do adolescente rea-
lizadas por meio de espaços de discussão 
coletiva, onde estejam presentes órgãos 
governamentais e entidades sociais.
Várias instâncias fazem parte desse 
eixo, em especial:
• Conselhos dos direitos de crianças e 
adolescentes, que atuam também no 
eixo promoção;
• Conselhos setoriais ou temáticos; 
• Fóruns, os comitês e as redes inte-
gradas por representantes da socie-
dade civil 
• Órgãos de comunicação social/mídias;
• Tribunais de contas (Estado e mu-
nicípios).
2.3. O eixo DEFESA e RESPONSABILIZA-
ÇÃO caracteriza-se pela aplicação de me-
didas protetivas; pela proteção jurídico-
-social e pela garantia do acesso à Justiça, 
ou seja, pelo recurso às instâncias públi-
cas e mecanismos jurídicos de proteção 
legal dos direitos humanos, gerais e espe-
ciais, da infância e da adolescência. 
Compõe-se, dentre outras, das seguin-
tes instituições: 
• Conselho Tutelar 
• Forças de Segurança (Polícia Civil, 
Militar, Rodoviária e Federal) 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 105
• Defensoria Pública 
• Poder Judiciário 
• Ministério Público 
• Ouvidorias e
• Centros de Defesa
Importante destacar que, especialmente 
em relação aos órgãos que atuam no eixo De-
fesa/Responsabilização, a Lei nº 13.431/2017 
cria um sistema de proteção integral às 
crianças e aos adolescentes VÍTIMAS ou 
TESTEMUNHAS de violência e organiza o 
SGD como mecanismo de prevenir e coibir 
a violência. Esse novo sistema integra as po-
líticas de atendimento nas áreas da justiça, 
segurança pública, saúde, assistência social 
e educação, além de estabelecer a criação 
de Centros Integrados de Atendimento e 
Salas para Depoimento Especial (escuta de 
crianças e adolescentes).
A partir da definição do papel de cada 
órgão/agente público ou ator social é pos-
sível compreender como o SGD integra 
e/ou complementa os demais sistemas, 
em especial o Sistema Único da Saúde 
(SUS), o Sistema Único da Assistência So-
cial (SUAS); o Sistema Educacional brasi-
leiro/LDB2; o Sistema Único da Segurança 
Pública (SUSP), observando, ainda, as di-
retrizes do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ), instância de aperfeiçoamento do 
trabalho do Sistema Judiciário brasileiro.
2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal, n° 9.394, aprovada em 1996. 
106 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Integrando 
programas,
SERVIÇOS E 
EQUIPAMENTOS DA 
REDE DE PROTEÇÃO
Como já comentado, o art. 227, da Consti-
tuição Brasileira expressa não só um con-
junto dos direitos, mas também define a 
rede de instituições e atores responsá-
veis pela efetivação desses direitos (Fa-
mília, Estado e Sociedade), configuran-
do-se uma tríplice responsabilidade, 
que se organiza por meio do SGD.
O art. 86 do ECA traduz, de forma 
bem didática, a ideia do Sistema e 
Rede, com uma palavra-chave - Articu-
lação, que expressa uma aliança estraté-
gica entre atores sociais (pessoas) e forças 
políticas (instituições), que têm na hori-
zontalidade das decisões e no exercício do 
poder os princípios norteadores da Políti-
ca de Atenção à Criança e ao Adolescente.
Essa arquitetura, proposta pelo ECA e 
pela Lei nº 13.431/2017, pode ser conside-
rada como a IDEAL para assegurar o exer-
cício da efetividade, da eficiência e da efi-
cácia na garantia dos direitos da criança e 
do adolescente em cada município. 
Nesta perspectiva, o SGD promove e 
concretiza, na prática, os direitos funda-
mentais de crianças e adolescentes pre-
vistos em lei, buscando:
• Promover a implementação de po-
líticas públicas; 
• Controlar as ações utilizando os me-
canismos de participação da socie-
dade e de fiscalização dos seus atos;
• Defender os direitos, na medida 
em que todos os meios que assis-
tem aos atores que integram esse 
Sistema devem contrapor-se às 
ameaças e violações aos direitos 
das crianças e adolescentes; e 
• Responsabilizar por ação ou omis-
são à violação de direitos, imputan-
do sanções cabíveis, através de me-
didas judiciais, aos que praticam 
violências contra crianças e adoles-
centes, como também, propiciando 
às vítimas a garantia do devido pro-
cesso legal.
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 107
3.1 SISTEMA
• Conjunto ordenado de meios de 
ação ou de ideias, tendente a um re-
sultado; plano, método3
• Conjunto interrelacionado de prin-
cípios, regras e ações para atingir 
um objetivo
• Pressupõe uma ação/atuação con-
junta e coordenada entre diversos 
segmentos ou instituições, decorren-
te de uma obrigação legal 
3.2 SISTEMA E REDE
Sistema: pressupõe uma ação/atuação con-
junta e coordenada entre diversos segmen-
tos ou instituições, decorrente de uma obri-
gação legal, portanto, institucionalizada.
Rede: requer apenas uma adesão, de ca-
ráter voluntário, que se consolida na for-
mulação de um pacto, a ser firmado por 
pessoas e/ou instituições para uma ação 
de interesse comum.
3 Dicionário do Aurélio Buarque de Holanda.
108 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
3.3. REDES 
DE PROTEÇÃO
 ...O artigo 227 da CF, adicionado 
ao que estabelece o art. 86 do ECA, 
configuram o que denominamos REDE 
DE PROTEÇÃO...
(Ângelo Motti e Joseleno Santos 
in Redes de Proteção Social a Criança e ao 
Adolescente: limites 
e possibilidades, 2009)
As redes de proteção estão previstas e 
devem ser organizadas a partir dos eixos 
estruturadores de políticas públicas do 
SGD e devem funcionar com o objetivo de 
contribuir para, dentre outras:
• Prevenir as violências;
• Prover serviços qualificados (bene-
ficiários e famílias);
• Promover a articulação e mobiliza-
ção de órgãos em torno da causa da 
criança e do adolescente;
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 109
• Assegurar a participação protagônica 
dos adolescentes e jovens na recons-
trução de seus projetos de vida; e
• Fiscalizar para que sejam punidos os 
responsáveis pela ameaça e/ou vio-
lação de direitos. 
Trata-se, portanto, da articulação de 
pessoas, de organizações e instituições 
comobjetivo de compartilhar causas, 
projetos de modo democrático e solidário, 
constituindo-se em uma forma de organi-
zação que está baseada na cooperação, 
na conectividade e na divisão de res-
ponsabilidades e competências.
Os sentidos da Rede pressupõem co-
nectividade, rapidez, horizontalidade, co-
lhimento e proteção. 
Trabalhar em rede significa adotar uma 
estratégia eficiente de prevenção e de 
enfrentamento das violências, sobretudo 
porque o atendimento de crianças e ado-
lescentes em situação de alta vulnerabili-
dade pessoal e social exige o envolvimento 
de diversas políticas públicas setoriais, uma 
equipe multiprofissional e a construção de 
serviços de referência e contrarreferência, 
o que requer articulação e a integração efe-
tiva de políticas.
A Rede de Proteção assegura, 
dentre outros:
• Resolutividade aos casos;
• Fortalecimento dos vínculos familia-
res e comunitários;
• Garantia da continuidade do cresci-
mento físico, emocional, psicológico e 
sexual do protegido;
• Não revitimização; e o
• Aumento do número de crianças, 
adolescentes e famílias protegidas 
de situações de ameaça ou violação 
de direitos.
A construção de um trabalho em rede 
demanda a elaboração de uma agenda 
interinstitucional e intersetorial con-
siderando o princípio da incompletude 
institucional e a necessidade de articula-
ção com as políticas de educação, saúde, 
assistência social, trabalho, esporte, cul-
tura, lazer etc. 
Neste sentido, é importante reconhe-
cer o papel e as atribuições de todos os 
agentes públicos (SGD) e atores sociais 
(Redes) envolvidos na efetivação dos di-
reitos e atuação conjunta na definição de 
fluxos e procedimentos nos casos de ame-
aça ou violação de direitos.
#FICAADICA 
Objetivando contribuir com 
essa discussão, segue um passo 
a passo para construção de uma 
rede de proteção no município:
• Buscar uma articulação 
com o Conselho Municipal 
dos Direitos da Criança e do 
Adolescente;
• Mapear programas e serviços 
existentes (potencialidades/
fragilidades/lacunas), 
organizações e instituições 
governamentais e da 
sociedade civil;
• Escolher um Ponto Focal 
da Rede de Proteção, 
articulador/a e a organização 
responsável pela Secretaria 
Executiva da Rede de 
Proteção;
• Estabelecer uma Agenda de 
Trabalho comum;
• Definir um calendário de 
reuniões (registrar todos os 
eventos, reuniões e encontros; 
estabelecer um calendário 
de visitas para sensibilizar os 
gestores das diversas políticas 
públicas e organizações da 
sociedade civil etc.); constituir 
um processo permanente 
de mobilização para os 
encontros e reuniões; ter 
uma condução democrática 
que envolva todos; definir e 
pactuar fluxos e protocolos.
110 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
 
Papel dos 
agentes públicos 
E ATORES SOCIAIS NO CAMPO 
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: 
COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES
A complementaridade é princípio fun-
damental de funcionamento da rede 
de proteção!
Atuar na área da infância e da adoles-
cência é trabalhar o desafio de construir 
redes, de forma articulada e integrada. 
São múltiplas e complexas as causas que 
provocam o não cumprimento dos direitos, 
assim como são vários os atores envolvidos 
na ocorrência de ameaças e/ou violações 
desses direitos. Trabalhar em Rede é com-
preender a importância de uma ação arti-
culada para o enfrentamento das violências 
cometidas contra crianças e adolescentes. 
Essa é a configuração ideal do que 
constitui o Sistema de Garantia de Direi-
tos (SGD), cuja base pode ser desestru-
turada quando o poder público não cum-
pre as suas obrigações, quando a família 
não assume as suas responsabilidades, 
ou quando a sociedade violenta ou des-
respeita a criança ou o adolescente pelo 
silêncio, pela cumplicidade, ou por não 
denunciar as graves violações. 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 111
Referências
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Construindo uma história: tecnologia 
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Didático – PAIR/Escola de Conselhos 
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Disponível em: <http://conscienciafiscal.
mt.gov.br>. Acesso em: 10/05/2016.
Realização
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
Apoio
GRAÇA GADELHA (autora)
Socióloga, especialista na área da Infância e da Juventude e consultora sênior do Ins-
tituto Aliança, com diversos trabalhos publicados na área de Direitos Humanos de 
Crianças, Adolescentes e Jovens. Atua na área social há mais de 25 anos, incluindo o 
exercício de funções de coordenação, gerenciamento e direção de programas no âm-
bito da cooperação internacional, como também no setor público e em organizações 
do terceiro setor. Consultora responsável pela revisão do Plano Nacional de Enfrenta-
mento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador)
É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista. 
Formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia 
do Ceará (IFCE). Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e 
em editoras paulistas.
EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo 
Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Emanuela Fernandes e 
Aurelino Freitas Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente 
Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadorade Cursos Joel Bruno Designer Instrucional CURSO ENFRENTAMENTO 
À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Valéria Xavier Concepção e Coordenadora Geral Leila Paiva 
Coordenadora de Conteúdo Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Miqueias Mesquita 
Designer/Diagramador Rafael Limaverde Ilustrador Mayara Magalhães Revisora Beth Lopes Produtora
ISBN: 978-85-7529-936-4 (Coleção) 
ISBN:978-85-7529-943-2 (Fascículo 7)
Este fascículo é parte integrante do Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação 
Demócrito Rocha e a Câmara Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2019.
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará 
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax (85) 3255.6271
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