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Portfolio Individual - Estágio em Serviço Social III

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7
Sistema de Ensino Presencial Conectado 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM serviço social
Maria de Fátima Pereira da Silva
o assistente social junto ao atendimento de adolescente que cumpre medida socioeducativa em meio aberto
Betim
2021
 MARIA DE FÁTIMA PEREIRA DA SILVA
	
o ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO ATENDIMENTO DE ADOLESCENTE QUE CUMPREM MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM MEIO ABERTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNOPAR – Universidade Norte do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
 Tutor Orientador: Mariana Barcellos Pinheiro.
 Tutor Supervisor: Simone Aparecida de Carvalho.
 Betim
 2021
SILVA, Maria de Fátima Pereira da. O Assistente Social junto ao atendimento de medida socioeducativa em meio aberto. 2021. 20 p. Monografia (Graduação em Serviço Social). Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Betim, Maria de Fátima Pereira da Silva, 2021.
RESUMO
A presente pesquisa tem por objetivo abordar as múltiplas dimensões constitutivas do exercício profissional do assistente social em ambientes onde recebem adolescente que cumprem medida socioeducativa em meio aberto. A pesquisa trata a cerca da construção histórica e dos processos políticos que culminaram na formulação dos direitos da criança e do adolescente vigentes no nosso país. O mesmo ainda aborda as medidas socioeducativas em meio aberto e como o profissional de serviço social usa seus instrumentos teóricos-metodológicos para mudar a realidade dos jovens em conflito com a lei.
Palavra-chave: Estatuto da Criança e do Adolescente, Serviço Social, instrumentalidade em Serviço Social.
SILVA, Maria de Fátima Pereira da. The Social Worker with the assistance of socio-educational measure in an open environment. 2021. 20 p. Monograph (Graduation in Social Work). Connected Face-to-Face Teaching System, North Paraná University, Betim, Maria de Fátima Pereira da Silva, 2021.
Abstract
This research aims to address how multiple constitutive dimensions of the social worker's professional practice in places where teenagers who fulfill socio-educational measures in an open environment. The research deals with the historical construction and political processes that culminated in the ownership of the rights of children and adolescents in force in our country. It also addresses socio-educational measures in an open environment and how social service professionals use their theoretical-methodological instruments to change the reality of young people in conflict with the law.
Keyword: Child and Adolescent Statute, Social Work, Social Work instrumentality.
 
Lista de Abreviações e Siglas.
ABAS – Associação Brasileira de Assistência Social
CEAS – Centro de Estudos e Ação Social
CEDECA – Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social
CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
CNT – Conselho Nacional do Trabalho
CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CNSS – Conselho Nacional de Serviço Social
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
FEBEM – Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor
FUNABEM – Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor
IAPs – Instituto de Aposentadoria e Pensões
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS – Instituto Nacional de Seguro Social
LA – Liberdade Assistida
ONGs – Organizações Não Governamentais
PAEFI – Serviço de Proteção de Atendimento Especializado à famílias e indivíduos
PIA – Plano Individual de Atendimento 
PNAS – Política Nacional de Assistência Social
PSC – Prestação de Serviço à Comunidade
SAM – Serviço de Assistência aos Menores
SUAS – Sistema Único de Assistência Social
 Sumário
Introdução..................................................................................................................7
Capítulo I...................................................................................................................10
1.1 – Breve história dos direitos da Criança e do Adolescente...........................10
1.2 – A proteção integral à criança.........................................................................11
Capítulo II..................................................................................................................13
2.1 – O papel social da criança e do adolescente.................................................13
Capítulo III.................................................................................................................15
3.1 – Conceituando ato infracional.........................................................................15
3.2 – Medidas Socioeducativas ..............................................................................15
3.3 – Tipos de medida socioeducativa em meio aberto........................................16
3.4 – O Sistema de Garantia de Direitos e o SINASE............................................17
3.6 – Local de execução da medida socioeducativa em meio aberto.................17
Capítulo IV................................................................................................................19
4.1 – Breve história do surgimento do Serviço Social no mundo e no Brasil.........................................................................................................................19
4.2 – As práticas do Serviço Social contemporâneo............................................20
Capítulo V.................................................................................................................22
5.1 – As práticas do Assistente Social junto às medidas socioeducativas em meio aberto...............................................................................................................22
Considerações Finais..............................................................................................24
Referências...............................................................................................................26
Introdução
O objetivo deste trabalho é investigar como o assistente social usa seus instrumentos de trabalho no atendimento aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa em meio aberto. As medidas socioeducativas existem desde as mais flexíveis como advertência até a mais rigorosa, como a privação de liberdade, para crimes mais graves, sendo a primeira de interesse para o desenvolvimento deste trabalho. 
Os adolescentes que se encontram nesta situação, a um passo da violência como meio de vida, da destruição, podem ser reconduzidos a novas escolhas na vida.
Até as crianças e adolescentes conquistarem a condição de sujeitos de direitos, obrigações e particular condição de desenvolvimento que os aparam, deram-se por muitas lutas e debate. Ao contrário do que muitos acham, os adolescentes que desvirtuam para a criminalidade têm a chance de reinserir-se na sociedade por meio de serviços garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Dentre muitos direitos garantidos pelo ECA estão os de aparo aos adolescentes que infringem a lei em ambientes que os resguardam do Código Penal Brasileiro. É importante ressaltar que os direitos e obrigações desse público deve ser assegurado de acordo com a legislação específicas para o cumprimento da medida. Tal proteção é então descrita nos artigos 117 e 118 que dispõe das medidas socioeducativas em meio aberto.
Os serviços de cumprimentode medida socioeducativa em meio aberto são oferecidos exclusivamente pelos Centros de Referência Especializada de Assistência Social - CREAS, que direcionados pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), acolhem, orientam e acompanham os adolescentes autor do ato infracional. As medidas socioeducativas temo como carácter pedagógico e não punitivo.
O SINASE é um sistema articulado como os princípios da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente, tornando um complemento para estes, que norteia para a efetiva implementação das medidas socioeducativas que são inicialmente preconizadas pelo ECA, tendo como objetivo central a inclusão social dos adolescentes em conflito com a lei. É uma política pública destinada à inclusão do adolescente autor de ato infracional, fazendo parte do Sistema de Garantia de Direitos, onde todos as políticas setoriais estão envolvidas para a articulação da efetivação da proteção integral desses adolescentes.
São oferecidos no CREAS o Serviço de Proteção Social aos adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) que têm como objetivo a oferta de atenção sócio assistencial e acompanhamento a jovens em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto, determinadas judicialmente. Este serviço contribui para o acesso a direitos e para ressignificação de valores na vida pessoal e social dos adolescentes.
Dentro do ambiente CREAS está inserido o profissional de Serviço Social que intervêm para modificar as variáveis do contexto social e de intervir nas condições de vida do sujeito que necessita de amparo social. O trabalho socioeducativo diante de adolescentes que cumprem medida insere-se no rol de serviços prestados pelo assistente social. 
O Serviço Social busca no seu dia-a-dia explorar ações, vistas como pequenas tarefas e assistencial, em uma perspectiva independente, que procura instrumentalizar a construção do indivíduo como sujeito e homem cidadão, o qual busca assumir o seu projeto de vida pessoal e social. Neste sentido, o profissional de assistência social enfrenta diariamente desafios que o estimula a estar sempre buscando novas possibilidades para melhorar sua prática profissional. 
A intenção do trabalho realizado é de buscar um conhecimento mais amplo e aprofundado dos instrumentos técnicos utilizados na prática pelo profissional de Assistência Social que se depara com casos de adolescentes que cumprem medida socioeducativa em meio aberto.
O motivo de pesquisa-se o tema é de identificar e analisar em mais detalhes os instrumentos técnicos operativos que o assistente social usa em atendimentos com adolescentes que chegam ao CREAS para cumprirem medida socioeducativa.
O objetivo principal deste trabalho é de especificar quais instrumentos interventivos o assistente social usa diante de adolescentes que cumprem medida socioeducativa e o acolhimento da família do adolescente. Objetiva-se identificar como o assistente social utiliza sua capacidade instrumenta, adquirida no exercício profissional, em atendimento aos jovens da medida socioeducativa em meio aberto.
A pesquisa tem a intenção de buscar um conhecimento mais amplo da história dos direitos das crianças e dos adolescentes, das diretrizes do Serviço Social e aprofundar-se os instrumentos técnicos utilizados na prática pelo profissional de Serviço Social.
Os adolescentes autores dos delitos chegam à instituição e inicialmente é o assistente social que inicia o processo de responsabilização dos jovens quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação. Assim, busca-se conhecer melhor os métodos de intervenção que o assistente social utiliza ao se deparar com casos de jovens que cumprem medida socioeducativa em meio aberto.
O trabalho será útil para estudantes que estejam cursando Serviço Social e querem se aprofundar no que diz respeito aos direitos da criança e do adolescente, em especial às contribuições dos instrumentos que o assistente social utiliza diante de casos e atendimentos dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa e o acolhimento das famílias dos mesmos.
Utilizou-se a pesquisa bibliográfica como tipo de pesquisa para a formulação deste trabalho. Foram analisados livros que refletem o assunto abordado, revista de Serviço Social com artigos relacionados ao tema e consultas em estatutos. Os dados obtidos das bibliografias foram primários e secundários.
Dos principais autores destaca-se Yolanda Guerra, escritora de livros sobre os fundamentos do Serviço Social na contemporaneidade, teoria-prática no serviço social, direitos sociais, entre outros. O estudo realizado foi feito com base em muitas horas de leitura dos livros selecionados, textos de revistas e algumas consultas na internet. O tempo foi utilizado de acordo com o cronograma estabelecido, sendo essencial para a construção e conclusão do problema proposto que é saber a contribuição da instrumentalidade do Serviço Social no atendimento aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa em meio aberto.
 
CAPÍTULO I
1.1 . Breve história dos Direitos das Crianças e Adolescentes
O processo de responsabilidade juvenil se deu com o advento da Convenção das Nações Unidas de Direitos da Criança, caracterizada por conceitos como separação, participação e responsabilização.
No entanto, o marco no Brasil só foi ocorrer com o Código Civil brasileiro (Lei 3.071, de 1°. 01.1916), substituído neste início de século XXI pelo não menos esperado novo Código Civil (Lei 10.406, de 10.01.2002) que fora inspirado pelo código Napoleônico, nos primeiros anos de século XIX. 
No plano do Direito Penal, quando Dom João VI aportou no Brasil, em 1808, estavam em vigência no Brasil as Ordenações Filipinas. Havendo naquele tempo uma Igreja oficial, a Igreja Católica, primados do Direito Canônico presidiam a jurisdição do Estado. Pelo catecismo católico, a idade da razão era alcançada aos sete anos. Também do ponto de vista do Estado do século XIX, sete anos era o marco da responsabilidade penal. A imputabilidade penal iniciava-se aos sete anos, eximindo-se o menor da pena de morte e concedendo-lhe redução da pena em alguns casos.
Vale ressaltar, que com a Proclamação da Independência de 1822, tivemos, em 1830, o primeiro Código Penal Brasileiro que fixou a idade de imputabilidade penal plena em 14 anos. 
No final do século XIX e início do século XX, o Brasil começava a conhecer as primeiras instituições públicas de abrigo. Antes, era a Igreja que tinha o monopólio do atendimento, em abrigos, às crianças em situação de abandono. Na mesma época, a assistência social em nosso país veio inicialmente marcada pela caridade privada.
Com o passar dos anos e com o advento da República, em 1889, o Código Penal do Império deu lugar ao Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Este código baseava-se que o irresponsável penalmente seria o menor com idade até nove anos. Mas ao final do século XIX, a imputabilidade penal era alcançada aos quatorze anos, podendo retroagir aos nove, de acordo com “discernimento” do infrator.
O movimento pelos direitos das crianças inaugurou o início do século XX reclamando o reconhecimento de suas condições distintas em relação ao mundo adulto. A criança que, no início do século XIX, era tratada como uma coisa qualquer, passou a reclamar ao menos a condição de objeto da proteção do Estado. Nascia-se o Direito de Menores.
Tomando como influência as experiências Americana, que criou o Tribunal de Menores em 1899, outros países aderiram à criação de tais tribunais, criando seus próprios juízos especiais. Foi o caso do Brasil, que em 1923 criou o primeiro juízo de menores, no Rio de Janeiro, capital do país da época. 
No início do século XX foi um período de importantes mudanças na sociedade. O Estado foi questionado sobre seu papel diante das questões sociais. Surgem assim, várias instituições para a educação, repressão e assistênciaàs crianças. 
O Código Penal de 1940 fundou-se na condição de imaturidade do menor. A legislação especial mencionada, mantinha como objeto de sua atuação, sem distinção, os delinquentes e os abandonados. No governo de Getúlio Vargas, para atendimento desta clientela, em 1942, é criado o SAM, Serviço de Assistência aos Menores. O SAM era um órgão de Ministério da Justiça que funcionava como um equivalente do Sistema Penitenciário para a população menor de idade, e seu sistema baseava-se em internatos, com reformatórios e casas de correção para adolescentes autores de atos infracionais penais e de patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos para menores carentes e abandonados.
 
1.2 Proteção integral à Criança.
No ano de 1989, a Assembleia-Geral da organização das Nações Unidas, reunidas em Nova Iorque, aprovou a Convenção sobre os Direitos da Criança. Assim, os Direitos da Criança foram firmados em um documento global que influenciaram muitos países, inclusive o Brasil que modificou total e definitivamente a velha doutrina da situação irregular. O Brasil, foi o primeiro país da América Latina a se adequar de acordo com os termos da Convenção. Após anos de debates e mobilizações, chegou-se à conclusão de que a infância e a adolescência deveriam ser protegidas por toda à sociedade das diferentes formas de violência. O Estado, a sociedade e a família seriam os responsáveis por garantir a proteção integral dos pequenos e dos jovens.
Este conjunto normativo revogou a antiga concepção tutelar, trazendo a criança e ao adolescente para uma condição de sujeito de direito, de protagonista de sua própria história, titular de direitos e obrigações próprios de sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento, dando um novo contorno ao funcionamento da Justiça de Infância e Juventude, abandonando o conceito de menor, como subcategoria de cidadania (SARAIVA, 2013, p.64- 65).
A Lei nº 8.069 foi criada em 13 de julho de 1990. Desde seu vigor em 1990, o ECA é considerado um marco na proteção da infância e tem como base a doutrina de Proteção Integral, a qual reforça da Constituição de que as crianças e adolescentes têm prioridade absoluta. Ao longo do seu texto observa-se artigos que dão conta das políticas públicas que priorizem crianças e adolescentes, reconhecidos em condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Assim, o Estatuto da criança e do Adolescente, lei n°8.069, de 13 de julho de 1990, em seu Art.4°, dispôs:
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária. ”
 O estatuto considera crianças os que têm até doze anos de idade e adolescentes aqueles que têm entre 12 e 18 anos. Ainda dispõe sobre as medidas de proteção e prevenção em casos de ameaça ou violação dos direitos das crianças e dos adolescentes e das medidas socioeducativas, aplicáveis ao adolescente autores de atos infracionais. Em especial, o ECA determina as sanções quando há o cometimento de atos infracionais e quais órgãos devem prestar assistência. Além da proteção integral, o ECA se diferencia das legislações anteriores referentes a questão infracional, ao colocar que o adolescente que infringe a lei deve ser responsabilizado por meio de medidas socioeducativas, com caráter educacional e não punitivo. O adolescente deve ser cuidado por educadores e não ser inserido junto à população carcerária, como determinava legislações anteriores.
O momento de reformulação política que estabeleceu as bases da democracia no Brasil provocou o despertar da consciência nacional, incitando, mais especificamente, o comprometimento de todos na responsabilização social. 
Capítulo II
2.1. O papel social da criança e do adolescente
Para se chegar à condição de sujeito de direito conquistado pelas crianças e adolescentes no ordenamento jurídico nacional, resultou-se de uma longa e penosa caminhada de lutas e conquistas. Resultou-se do irreversível processo de construção de direitos humanos conquistados e firmados pela marcha civilizatória da humanidade.
O Brasil foi o primeiro país da américa latina a adequara legislação aos princípios da Convenção das Nações Unidas ratificada em 1990 pelo país. No mesmo ano nasceu o Estatuto da criança e do Adolescente, instaurado pela lei 8.069. O ECA diz que a criança e ao adolescente tem direito à saúde, educação, moradia, cultura, lazer, proteção integral e prioridade na formulação de políticas públicas e atendimento de serviços públicos. 
O ECA estabelece que é dever do Estado, da família e da sociedade garantir os direitos estabelecidos em tal legislação. Prevê ainda a proteção contra qualquer forma de exploração, discriminação, violência e opressão. A partir da promulgação do mesmo estatuto, as pessoas de até doze anos de idade completos são consideradas crianças, enquanto as de entre doze e dezoito anos são consideradas adolescentes.
 A realidade é bem diferente do que se vê na legislação. Diariamente nossas crianças e jovens têm seus direitos violados ao serem expostos a abuso e exploração sexual, subornadas a trabalhar, fora das escolas e sem condições mínimas de sobreviver.
O Brasil é ainda um dos países mais desiguais do mundo, como afirma dados do Unicef: 37% das crianças e dos adolescentes brancos viviam na pobreza em 2010, esse percentual se ampliava para 61% entre os negros e pardos (Censo Demográfico 2010, IBGE).
De acordo com do Unicef, os riscos e sofrimentos fazem parte da rotina de uma parcela considerável dessa população, segundo o documento Situação da Infância no Brasil. De acordo com a mesma fonte, de 1990 a 2013, o percentual de crianças com idade escolar obrigatória fora da escola caiu 64%, passando de 19,6% para 7% (Pnad, IBGE), mesmo com tantos avanços, mais de 3 milhões de meninos e meninas ainda estão fora da escola (Pnad, 2013) e quase 1,7 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos ainda trabalham no Brasil (Pnad 2014). O relatório ainda destacou que embora, entre 2007 e 2014, o trabalho nessa faixa etária tenha caído 44%, de 2013 para 2014, o número de meninas e meninos entre 5 e 15 anos trabalhando no País subiu 8%.
O Brasil ainda é um país repleto de contradições e marcado por uma intensa desigualdade social, reflexo da concentração de renda, sendo que 1% (um por cento) da população rica detém de 13,5% (treze e meio por cento) da renda nacional, enquanto os 50% (cinquenta por cento) mais pobre, detêm 14,4% (quatorze vírgula quatro por cento) desta (IBGE,2004). Essas desigualdades sociais, constatadas nos indicadores sociais, traz consequências diretas nas condições de vida da população infanto-juvenil. O preconceito faz com que esse grupo populacional seja visto como problema, criando barreiras para o desenvolvimento pleno do potencial desses meninos e meninas.
A sociedade capitalista presentemente colhe seus frutos por prover um estado de injustiças e desigualdade sociais, gerando e agravando a pobreza, enquanto a maior parte da população busca a qualquer preço a sua sobrevivência. Sendo assim, diariamente adolescentes são expostos a drogas, bebidas, exploração sexual, trabalho irregular, dentre outras mazelas. 
O ECA adotou a doutrina de proteção Integral não por acaso, mas para reconhecer que a criança e adolescente brasileiro são cidadãos e sujeitos de direitos. Em seus 267 artigos, o estatuto reconhece a relevância da infância e todos os direitos inerentes ao desenvolvimento da criança e do adolescente, independente de classe social. Ele exige dos governos municipais, estaduais e federal a implementação de políticas públicas direcionadas às crianças e os adolescentes. Deve-se investir e estimular cada vez mais a priorização de políticas que estimulem os pequenos e os jovens na participação escolar, movimentos juvenis e culturais para que eles crescem adultos sábios do seu papelcomo ser social.
Nosso país possui uma das diretrizes legais mais avançadas do mundo no que diz respeito à proteção integral da infância e da adolescência. Porém, as políticas públicas não são capazes de combater e superar as desigualdades sociais, éticas e geográficas que o país convive.
Capítulo III
3.1 Conceituando ato infracional
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal 8.069/90, define por ato infracional como: 
“ a conduta descrita como crime ou contravenção penal” praticada por crianças ou adolescentes. Todavia, a sansão aplicada ao adolescente em conflito com a lei não é idêntica àquela sofrida pela pessoa imputável – maior de 18 (dezoito) anos de idade. ” 
As crianças e adolescentes respondem pelos atos infracionais praticados através das medidas protetivas e socioeducativas, respectivamente, dentro de um procedimento legal específico, garantindo-se o princípio do devido processo legal e da ampla defesa.
3.2 Medidas socioeducativas
A Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente definiram importantes passos para a política de atendimento a crianças e adolescentes no Brasil, nas mais diversas situações em que possam ser encontrados: na família ou fora dela, em conflito ou não com a lei. 
Todas as crianças e adolescentes têm direito a uma vida digna, com respeito, liberdade, participação na comunidade, prioridade na rede de atendimento à saúde, garantia de escola formal, além de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana (BRASIL, 1988). 
No entanto, rotineiramente, somos surpreendidos com situações graves em que o desrespeito à integridade das crianças e adolescentes mostra-se flagrante. 
Partindo da ideologia político-democrática de governo participativo e atendendo à convocação de “todos” frente à garantia de direitos para crianças e adolescentes, o ECA definiu em seu Art. 86 que 
a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios
Distante de ser uma lei que “adule” crianças e adolescentes, o ECA traz uma proposta de atenção incondicional a este público, definindo dois eixos de intervenção, a saber:
1° eixo – Medida Protetiva – para situações de risco pessoal e social; e
2º eixo - Medida Socioeducativa – para situações de prática de atos infracionais.
As medidas socioeducativas, elencadas no art. 112 do ECA, destinam-se, exclusivamente, aos adolescentes autores de ato infracional e devem ser aplicadas observando-se a capacidade desse adolescente em cumpri-las, dadas as circunstâncias e a gravidade da infração cometida.
3.3 Tipos de medidas socioeducativa em meio aberto 
A Advertência é posta diante da constatação da prática de ato infracional, observando, no entanto, indícios suficientes da autoria e prova da materialidade. A advertência consiste em admoestação verbal e somente a autoria judiciária pode fazê-la, sendo de relevante importância a realização de audiência para tal fim, pois essa audiência deve ser reduzida a termo e assinada.
 Na Obrigação de reparar o dano, sendo o ato infracional praticado com reflexos patrimoniais, configura-se a medida de reparação do dano a mais apropriada, contudo, a autoridade judiciária deve cercar-se de provas suficientes da autoria e da materialidade. Apesar da responsabilização civil cabível aos pais, a medida de reparação do dano aplicada ao adolescente deve ser bem analisada, pois, em muitas situações, o fato de ultrapassar a pessoa do adolescente em conflito com a lei acaba por propiciar a sua não responsabilização, em afronta ao ECA. Assim, sempre que possível, deve-se argumentar sobre a possibilidade de o adolescente cumprir a medida às suas expensas.
 Na Prestação de serviços à comunidade os serviços a serem prestados devem ser de relevância comunitária, introduzindo no adolescente sentimentos de responsabilidade e valorização da vida social e comunitária. 
 A medida de liberdade assistida configura-se a mais adequada em situações em que, sendo grave ou não o ato cometido, o adolescente seja capaz de compreender a ilicitude do ato e se proponha a receber acompanhamento, auxílio ou orientação para a reformulação do seu processo de convivência social e comunitária.
Dado o seu caráter não privativo de liberdade, estando o adolescente, portanto, sob a guarda, sustento e proteção de sua família, as medidas de PSC e LA devem ocorrer no âmbito municipal, na sua comunidade de origem. É esta a diretriz nacional para o atendimento, além da possibilidade de estabelecimento de consórcios entre municípios circunvizinhos, pertencentes a uma mesma comarca. A parceria com o governo Estadual ou Federal deve ocorrer apenas com financiamento e/ou apoio técnico. 
3.4 O Sistema de Garantia de Direitos e o SINASE
O Sistema de Garantia de Direito é a articulação e integração de instituições e instâncias do poder público na aplicação de mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, nos níveis federal, estadual e municipal que efetivam as normativas estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
O Sistema Nacional de Garantia de Direitos, base da doutrina da proteção integral, contempla as dimensões que devem ser significativas no atendimento à criança e ao adolescente, ou seja, saúde, educação, segurança, habitação, convivência familiar, entre outras.
Estabelecido pela Lei Federal 12.594/2012 em 18 de janeiro de 2012, o SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) foi fruto de uma construção coletiva que envolve diversas áreas de governo, representantes de entidades e especialistas na área, além de uma série de debates protagonizados por operadores do Sistema de Garantia de Direitos em encontros ocorridos pelos país. Seu direcionamento é o que deve ser feito no enfrentamento de situações de violência que envolvem adolescentes enquanto autores de ato infracional ou vítimas de violação de direitos no cumprimento de medida socioeducativas. O SINASE veio para reafirma a diretriz do ECA sobre a natureza pedagógica da medida socioeducativa. É indispensável a articulação das várias áreas para maior efetividade das ações, inclusive com a participação da sociedade civil.
3.5 Local de execução da medida socioeducativa em meio aberto
Os CREAS (Centro de Referência Especializada de Assistência Social) é uma unidade pública e estatal, responsável pela organização e oferta de serviços de proteção social especial do Sistema Único de Saúde de Assistência Social (SUAS). Estes centros, prestam apoio, orientação e acompanham às famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou de violação de direitos. 
A oferta de atenção especializada e continuada deve ter como foco a família e a situação vivenciada. Esta atenção especializada tem como foco o acesso da família a direitos sócio assistenciais, por meio da potencialização de recursos e capacidade de proteção. 
Para o exercício de suas atividades, os serviços ofertados nos CREAS devem ser desenvolvidos de modo articulado com a rede de serviços da assistência social, órgãos de defesa de direitos e das demais políticas públicas. A articulação no território é fundamental para fortalecer as possibilidades de inclusão da família em uma organização de proteção que possa contribuir para a reconstrução da situação vivida.
O município que possuem entidades que recebem adolescentes que cumprem medida socioeducativa é responsável por coordenar o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, instituir, regular e manter o Sistema de Atendimento Socioeducativo, respeitando as diretrizes gerais fixadas pela União e pelo respectivo Estado; elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, fornecer, através do poder Executivo, os meios e os instrumentos necessários de atendimento para a execução das medidas de meio aberto, estabelecer consórcios intermunicipais, e subsidiariamente em cooperação com o Estado, para o desenvolvimentodas medidas socioeducativas de sua competência. 
CAPÍTULO IV
4.1Breve história do surgimento do Serviço Social no Brasil
No Brasil, início do século XX a “questão social” era vista pelo Estado Brasileiro, como caso de polícia onde a população vulnerável deveria ser atendida pela ação filantrópica da Igreja ou pela própria atuação dos empresários ligados ao setor agrário e exportador.
A mudança no modelo econômico do Brasil, teve início na década de 1930 onde o país deixa gradativamente de ser uma economia agrária-exportadora e se torna um país industrializado. A Era Vargas desataca-se por intervir no plano social e político baseado no binômio repressão/ assistência. 
Em 1932 é criado o CEAS – Centro de Estudos e Ação Social – considerado a manifestação original do Serviço Social no Brasil. Os referenciais orientadores do pensamento e ação do Serviço Social emergente se fundava na doutrina social da igreja, no ideal franco-belga de previsões psicológicas e no pensamento de São Tomaz de Aquino.
Entre os anos de 1930 e 1943 há a introdução da política Social no Brasil. No ano de 1938 é criado o CNSS (Conselho Nacional de Serviço Social). 
A questão social deixa de ser vista como caso de polícia e começa a ser tratada como caso de política e sua gestão ocorre por intermédio de políticas sociais voltadas para determinados sujeitos que sofriam com o novo modelo de produção.
A década de 1940 foi marcada por muitos acontecimentos na trajetória histórica do Serviço Social. O Estado Brasileiro possibilitou a inclusão do Serviço Social na Previdência, em abril de 1944, através da Portaria nº 25, de 8 de abril de 1944, do Conselho Nacional do Trabalho (CNT) constituindo-se como um das primeiras áreas de atuação do profissional, em esfera federal, designando-os assim, gradativamente, aos Institutos de Aposentadorias e Pensões ( IAPs). 
No ano de 1947, foi aprovado, em assembleia geral da Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS), o 1º código de Ética DO Assistente Social.
O Brasil busca partir da década de 1940, diferenciar-se de ações adotadas pela metodologia norte-americana e volta-se a buscar novas formas de atuação mais atrelada com a nossa realidade social. 
O Movimento de Reconceituação surge na época que o Brasil passava por um momento de golpe militar, a partir de 1964. O Serviço Social reconceituado tinha influencias marxistas. 
A perspectiva Modernizadora atinge seu auge nos Encontros de Araxá (1967) e Teresópolis (1970) organizados pelos profissionais da época. Esta vertente se caracterizada pelo esforço de tornar o Serviço Social uma profissão capaz de contribuir com o processo de desenvolvimento do país e não como agente desse processo. Se fundamentava no estrutural-funcionalismo e se preocupava em repassar os programas para a população eliminando qualquer aspecto contestador à ordem vigente.
Depois veio a vertente de Reatualização do Conservadorismo que tinha como matriz teórica a Fenomenologia (buscar a compreensão do problema), com destaques para dimensão da subjetividade, intervir através de diálogos, reconhecer a pessoa humana até a sua transformação social.
Surge no Serviço Social a partir da década de 1970 a Intenção de Ruptura. A vertente se caracterizava pela teoria marxista, buscava-se romper com a herança teórico-metodológica do pensamento conservador e desenvolveu-se a discussão sobre o método dialético.
Logo mais, na conjuntura da década de 1980, o país destacou-se pela redemocratização do Estado e por pressão de movimentos sociais foi promulgada em 1988, a Constituição Federal, caracterizando como lei maior do estado-nação. A constituição estabeleceu a seguridade social que garante a universalização da prestação de benefícios e serviços de proteção na área da saúde, previdência e Assistência Social. Assim, a assistência social passa a ser uma política pública, de responsabilidade do Estado, para quem dela precisar. Com a constituição também se regulamentou o Serviço Social como profissão pela Lei nº 8.662 de 07 de junho de 1993. A profissão ainda conta com um Código de Ética aprovado pela resolução CFESS n° 273/ 93, de 13 de março, que normatiza o exercício profissional; objetivando pôr em prática os valores e a sua realização focada na qualidade dos serviços e na responsabilidade profissional. O código tem como valores fundamentais a liberdade, democracia, cidadania, justiça social e igualdade social.
4.2 As práticas do Serviço Social contemporâneo
As primeiras práticas dos assistentes sociais, estão datadas a partir do surgimento da profissão no país em meados da década de 30, aonde as práticas eram baseadas na caridade de suprir com as necessidades das classes subalternas.
O início da profissão no brasil é marcado por aspectos do desenvolvimento capitalista, de influência da Igreja e importação dos modelos de práticas profissionais europeus e norte-americanos.
Com o movimento de Reconceituação, o Serviço Social desprende-se de sua perspectiva embrionária, que era voltada para a filantropia, e passa a se direcionar para o compromisso de intervir na questão social e com a garantia de direitos.
As práticas contemporâneas deste profissional estão relacionadas à leitura que o mesmo faz da realidade onde está inserido e, ao mesmo tempo, essa prática tem que ir além, superando-se a intervenção simplesmente pontual e construindo-se uma ação transformadora que é a práxis da profissão.
Ao longo da história, a profissão adquire estes espaços a partir do momento que o Estado passa a interferir sistematicamente nos reflexos da questão social. As políticas sociais tornam-se também num conjunto de procedimentos técnicos operativos onde se tem a necessidade de profissionais de Serviço Social atuando tanto no campo de formulação dessas políticas quanto na sua implementação.
Esses profissionais executam, operacionalizam e implementam as políticas sociais, além de mobilizar a população usuária em conhecer de tais políticas. A profissão também media o cotidiano das classes vulnerabilidades em termos de modificar as variáveis do contexto social e de intervir nas condições de vida dos sujeitos objetivamente e subjetivamente. Muitas das demandas da profissão são de ordem instrumental, para responder às demandas, discordantes, entre capital e trabalho.
A profissão na contemporaneidade está voltada para a defesa do trabalho e dos trabalhadores, além da constante luta pela afirmação dos direitos de cidadania; ao amplo acesso dos meios de vida; com a firmação da democracia, da liberdade, da igualdade e da justiça social.
Capítulo V
5.1 A prática do Assistente Social junto às medidas socioeducativas em meio aberto
Dentre os profissionais que se destacam-nas entidades que acolhem adolescente que irão cumprir medida socioeducativa em meio aberto está o profissional de Serviço Social. 
O trabalho socioeducativo é enfocado como umas das possibilidades de acompanhamento do desenvolvimento das famílias atendidas na rede sócio assistencial. Está circunscrito como uma das prerrogativas do trabalho operacionalizado nos CREAS de acordo com a obra do PNAS – Política Nacional de Assistência Social – (2004, p. 181), a saber: 
serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens na faixa etária de 6 a 24 anos, visando à sua proteção, socialização e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitário”. A presença do assistente social nesses espaços pode constituir-se também em esforços na garantia de direitos dos sujeitos atendidos.
É o profissional de Serviço Social que primeiramente acolhe o adolescente e sua família nas entidades que executam as Medidas Socioeducativas em meio aberto. É este momento que o profissional irá fazer o primeiro esclarecimento ao adolescente quanto a seus direitos e deveres. 
O Assistente Social apresenta o programa de medida para qual o adolescente cumprirá de acordo com o parecer do juiz. Este mesmo profissional deve estar presente na elaboração da proposta pedagógica, na implementação da mesma, estando presente também cotidianamente na vida desses adolescentes,estabelecendo vínculo com eles, sua família e comunidade. 
A família é chamada a participar do projeto socioeducativo, propondo-lhe visitas regularmente com o adolescente aos centros onde o profissional de Serviço Social procurará conhecer a dinâmica familiar, suas necessidades e seus recursos. 
O assistente social também auxilia no preenchimento do PIA (Plano Individual de Atendimento) de cada adolescente; esse considerado um estudo de caso, que é um tipo de instrumento da profissão, plano que pode ser revisado no decorrer, sempre que preciso durante o cumprimento da medida. 
O profissional também elabora trimestralmente, ou quando solicitado, relatórios com informações destinadas ao Poder Judiciário sobre o aproveitamento dos adolescentes em relação à medida socioeducativa, oferecendo informações técnicas para a decisão judicial de extinguir ou manter a medida. 
Além do atendimento individual, o assistente social poderá desenvolver com as adolescentes ações grupais que possibilitem a reflexão, a tomada de consciência e a socialização, pode ainda acompanhar a adaptação com as atividades e tarefas oferecidas ao adolescente, fazendo com que eles percebam que suas opiniões e pensamentos são importantes de serem ouvidos através do diálogo, possibilitando ao profissional observar os resultados e impactos. 
Ainda cabe ao profissional reconhecer a aptidão desses adolescentes para posteriormente desenvolver suas potencialidades. O profissional indica novos caminhos de cidadania onde os próprios adolescentes possam exercer seu autogoverno de acordo com seus valores, crenças, anseios e aspirações além de reconhecer sua realidade para alcançar sua autonomia. No decorrer do cumprimento das medidas o assistente social garante a proteção e inserção social do adolescente conflitante com a lei.
 O atendimento ao adolescente tem eu levar em conta sua singularidade, o que exige dos profissionais de Serviço Social a capacidade de adaptação diante de diferentes situações, além do fato de que sempre será necessário se adequar à estrutura disponível e ao perfil dos adolescentes. É preciso do técnico as habilidades como por exemplo de escutar, pensar, intervir, distanciar-se, refletir, sintetizar e transmitir.
Além da necessidade da presença de assistentes sociais nos centros de medida socioeducativa em meio aberto, há outras categorias de profissionais como psicólogos, pedagogos, advogados, entre outros, capacitados e qualificados para lidar com este segmento, estando esses distantes de qualquer pensamento preconceituoso e principalmente de estar compromissado com o desenvolvimento das ações pedagógicas determinadas pelo SINASE.
Considerações Finais
 Longa foi a caminhada dos movimentos de defesa da criança e do adolescente para se chegar à condição de cidadãos de direitos. A partir da Promulgação da Constituição de 1988 grandes foram os avanças na garantia de direitos da população. Entre os seguimentos que tiveram vantagens foi a política de proteção à criança e ao adolescente. O ECA foi criando em 1990 para garantir às crianças e adolescentes brasileiros direitos como à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
O ECA diferenciou-se das legislações anteriores por referenciar a questão infracional ao colocar o adolescente em conflito com a lei para ser responsabilizado com medidas socioeducativas e não punitivas.
 Dentro dos centros onde estes adolescentes tem a oportunidade de cumprir as medidas socioeducativas em meio aberto, estão os profissionais de Serviço Social. O surgimento da profissão no Brasil esteve ligado ao sistema capitalista, visto que é a partir do embate entre capital e trabalho que surge a questão social, cuja problemática do adolescente autor de ato infracional é mais uma expressão. 
Direcionado pelos seus conhecimentos teóricos-metodológicos e o plano de diretrizes do SINASE o assistente social desvendará as limitações dos adolescentes e suas possibilidades. A maior parte dos jovens que foram expostos ao crime, poderiam não ter iniciado a sua trajetória delinquencial se tivessem tais direitos devidamente efetivados. Talvez o que faltou para esses jovens foi um acompanhamento escolar adequado, atividades profissionalizantes, de esporte, cultura e lazer. O assistente social inserido no espaço de trabalho das instituições que executam as sanções previstas na lei brasileira vem para firmar o compromisso da profissão que é o de garantir a efetivação do direito da população. Permitir o trabalho desses profissionais junto ao adolescente que cumpre medida socioeducativa proporciona à categoria condições de desenvolver um trabalho profissional comprometido com os pressupostos do projeto ético-político profissional.
O assistente social busca no seu dia-a-dia com esses adolescentes explorar ações vistas como pequenas tarefas e assistencial, em uma perspectiva independente que busca instrumentalizar a construção desses jovens como cidadãos, assumindo seu projeto de vida pessoal e social.
 Os Assistentes Sociais inseridos nos programas socioeducativos de meio aberto enfrentam diariamente desafios que os estimula sempre a buscar novas possibilidades e mobilizando-se diante da problemática em acreditar que todo adolescente que comete ato infracional deve ter direito à reinserção social. A reinserção social reflete da confiança que a política socioeducativa deposita sobre adolescente que cometeu o erro, mas que pode iniciar um novo caminho graças ao apoio sócio assistencial, educativo e psicológico. 
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