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trabalho vinicius periodo 1

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FACULDADE ARQUIDIOCESANA DE CURVELO
Bacharelado em Direito
	
Uriel Kralt de Araújo - 2456
ATIVIDADE AVALIATIVA
Curvelo/MG
2020
Capítulo I: O primeiro programa da série é apresentar um panorama da formação sociocultural tupinambá-tupiniquim: a organização aldeã, o sistema de crenças, a antropofagia, as práticas agrícolas, as guerras e festas, os conhecimentos astronômicos, a trama do parentesco, a vida amorosa e sexual, em suma, mostrar quem eram aqueles canibais que circulavam, com seus mitos e ritos, plos litorais da Terra Brasílica – e que, através da miscigenação e da didática dos trópicos, constituíram, com os lusitanos, a “protocélula” original de nosso povo: a protocélula luso-tupi. 
	Com o tempo, a expressão passou a denominar o território atualmente brasileiro. E os primeiros grupos tribais aqui encontrados, pelos navegadores europeus, foram chamados “brasis”. Eram eles, basicamente, grupos do povo tupi, que então dominava quase toda a fachada litorânea dos trópicos brasílicos, estendendo-se aproximadamente do Ceará a São Paulo. Brasil é palavra que pertence à toponímia utópica dos tempos medievais, designando uma ilha de sonho, terra da felicidade imaginada.
Capítulo II: O Brasil surge como um momento dessa Era dos Descobrimentos. Como ponte avançada da cultura neolatina, em sua variante portuguesa, na margem ocidental do Atlântico Sul. De início, a colonização extraestatal assistemática. É o período “caramuru” da história do Brasil: a aldeola mameluca de Santo André, com João Ramalho, ou a aldeia eurotupinambá de Diogo Alvares, na Bahia. 
	Começa quando Portugal decide organizar um programa nacional para explorar as fronteiras do Desconhecido. A figura-chave, aqui, é o Infante D. Henrique. A comunidade cosmopolita reunida em Sagres, sob o comando do Infante, sistematiza os conhecimentos técnicos até então disponíveis e parte para aprimorar a tecnologia náutica existente. Embarcações lusitanas começam então a se lançar a mares inexplorados pelos europeus, numa aventura cujo resultado será não só transformar a imagem do mundo, como fazer emergir a idéia e a realidade da Humanidade.
Capítulo III: Parte do tráfico brasileiro se voltou para a África superequatorial, para a Costa da Mina e a baía do Benin, carreando para o lado de cá do Atlântico, principalmente para a Bahia e Pernambuco, povos ewê-iorubá, oriundos do antigo Daomé ou do poderoso reino iorubano de Oió. No programa A Matriz Afro deveremos exibir a força, o requinte e a riqueza desse conjunto de culturas negroafricanas, que fascinaram as vanguardas estético-intelectuais européias nas primeiras décadas do século XX.Negros da chamada civilização tropical africana aparecem como uma das principais vertentes do alado processo de construção da sociedade e da cultura brasileiras. 	Envolvidos no maior movimento de migração compulsória de que se tem notícia, em toda a história da humanidade, eles principiaram a chegar aos nossos trópicos ainda na primeira metade do século XVI. E para cá trouxeram, além do repertório genético, toda uma imensa gama de procedimentos técnicos e de criações simbólicas. Primeiramente, o tráfico de escravos foi feito, sobretudo com a África subequatorial. É o fluxo dos negros bantos, vindos de regiões de Angola e do Congo.
Capítulo IV: O brasilíndio como o afro-brasileiro existiam numa terra de ninguém, etnicamente falando, e é a partir dessa carência essencial, para livrar-se da ninguendade de não-índios, não-europeus e não-negros, que eles se vêem forçados a criar sua própria identidade étnica: a brasileira”, sustenta a tese central de Darcy Ribeiro. Do plano físico ao espiritual, define-se aí de fato, e desde os primeiros tempos coloniais, a personalidade do Brasil como sociedade mestiça e sincrética dos trópicos, distinta das matrizes que lhe deram origem. Em seguida, os cruzamentos entre portugueses e negros e entre negros e índios. São os mulatos e cafuzos que vão se multiplicando pelo território conquistado ou em vias de conquista. Tais mestiços já não eram brancos, nem índios, nem negros. 
	Este programa será dedicado ao tema da gestação étnica de um povo novo – o povo brasileiro -, configurando-se num processo de mestiçagem permanente, desde o momento em que o primeiro europeu passou por aqui. De saída, a mistura luso-ameríndia. Os náufragos e degredados gerando filhos mestiços nas redes ou “inis” das cunhãs tupinambás. Nascem assim os mamelucos ou brasilíndios, espraiando-se por todo o litoral brasílico, para militar nas “bandeiras” ou formar núcleos habitacionais na orla marítima do Rio de Janeiro ou do Maranhão. 
Capítulo V: Brasil mais fundamente marcado pela presença de elementos, formas e práticas de extração negroafricana, especialmente depois da chegada dos jejes e nagôs, que souberam imprimir os seus signos na paisagem que aqui encontraram. Num extremo extranordestino, o Brasil Crioulo vai incluir o Rio de Janeiro. No extremo amazônico, a ilha de São Luís do Maranhão, com seus fortes traços afro-ameríndios, seu tambor de mina e seu bumba-meu-boi, ponto de passagem ou zona de transição entre a cultura negromestiça e a cultura cabocla que se estende para o Norte em meio a florestas e igarapés.
	“Chamamos área cultural crioula à configuração histórico-cultural resultante da implantação da economia açucareira e de seus complementos e anexos na faixa litorânea do Nordeste brasileiro, que vai do Rio Grande do Norte à Bahia” (Darcy Ribeiro). É o Nordeste do massapê, do canavial sedeando ao vento, das enseadas marinhas e dos rios, da vegetação exuberante, dos voduns e orixás. É, ainda, o Nordeste barroco, com suas igrejas de ouro, seus carnavais coloridos e estridentes, seus querubins.
Capítulo VI: O Brasil Sertanejo não se circunscreve apenas a esta região. Vai do agreste aos cerrados, passando pelas caatingas. Penetra o Brasil Central, com suas atividades agrícolas e sua tradicional economia pastoril, a mestiçagem se dando basicamente entre brancos e índios, com fraca participação negra. Como bem viu Darcy Ribeiro, aí se conformou “um tipo particular de população com uma subcultura própria, a sertaneja, marcada por sua especialização ao pastoreio, por sua dispersão espacial e por traços característicos identificáveis no modo de vida, na organização da família, na estrutura do poder, na vestimenta típica, nos folguedos estacionais, na dieta, na culinária, na visão de mundo e numa religiosidade propensa ao messianismo”.
	Existem pelo menos dois “nordestes”. Um é o Nordeste litorâneo, que vai da Bahia ao Maranhão – Nordeste Crioulo. O outro Nordeste, nas palavras de Gilberto Freyre, é o dos “sertões de areia seca rangendo debaixo dos pés”, das “paisagens duras doendo nos olhos” das “figuras de homens e de bichos se alongando quase em figuras de El Greco”. Não é mais o Nordeste sedentário da monocultura latifundiária, filmagens, mas o Nordeste da cultura do couro e do gado. Nordeste das ossadas esbranquiçadas e do azul sem nuvens. Nordeste de Antônio Conselheiro, do Padre Cícero, de Lampião, de Luiz Gonzaga. Nordeste da cultura sertaneja.
Capítulo VII: O que hoje costumamos classificar sob o sintagma “cultura caipira” é algo que começa a se esboçar em meio aos mamelucos paulistas dos primeiros séculos coloniais, que moravam em arraiais pobres e rústicos, praticavam a agricultura da “coivara”, falavam a chamada “língua geral”, caçavam índios e perseguiam quilombolas. É todo um modo de vida que acaba por “esparramar-se, falando afinal a língua portuguesa, por toda a área florestal e campos naturais do Centro-Sul do país, desde São Paulo, Espírito Santo e estado do Rio de Janeiro, na costa, até Minas Gerais e mato Grosso, estendendo-se ainda sobre áreas vizinhas do Paraná” (Darcy Ribeiro). Basicamente “caipira” será, ainda, a cultura do café. E são os atos expressivos dessa área cultural, estereotipada caricaturalmente na figura do “jeca tatu”, que constituirão o tema do programa Brasil Caipira.
	Era uma gente que, embora envolvida pelo espírito mercantil, levava uma vidapraticamente tribal, de forma e fundo tupi. E que, a partir da descoberta das nossas jazidas auríferas, espalhou-se de São Paulo a Minas Gerais. Quando os esplendores do ouro mineiro se reduziram a brilhos esporádicos, veio à estagnação – e mesmo a regressão – do Centro-Sul do país. Cultura da pobreza. O equilíbrio é alcançado numa variante da cultura brasileira rústica, que se cristaliza como área cultural caipira.
Capítulo VIII: Aqui, não há como evitar o plural. Impossível falar, a propósito dessa área cultural, da existência de um modo de vida ou de uma visão de mundo. O traço distintivo do Brasil Sulino, no conjunto brasileiro de civilização, é justamente a sua hetereogeneidade. Se a região se distingue da totalidade das demais áreas culturais brasileiras – e já desde o início, pois aqui não se impôs a matriz tupi, e sim a guarani, que está na origem da figura do gaúcho -, a sua diversidade interna é também notável, indo da roda do chimarrão ao bilingüismo de núcleos populacionais ainda presos a matrizes européias. 
O programa Brasis Sulinos deverá mostrar tal heterogeneidade através da reconstrução da formação histórica e da exibição de desdobramentos atuais das três principais vertentes que compõem o panorama local: a vertente “mauta”, de origem principalmente açoriana, dispondo-se no trecho do litoral que segue do Paraná para o sul a vertente “gaúcha”, de base ibero-guarani e a “formação gringo-brasileira dos descendentes de imigrantes europeus, que formam uma ilha na zona central” (Darcy), onde ainda é possível encontrar o cultivo de tradições tipicamente européias e o emprego de um que outro idioma estrangeiro como língua doméstica.
Capítulo IX: Foram esses grupos indígenas que experimentaram a marcha da colonização lusitana, o avanço dos missionários, a disseminação do nheengatu e, ainda, a migração massiva de nordestinos à época do “rubber boom”, da explosão dos seringais. E assim foi se forjando na região uma população nova – e se cristalizando uma “variante sociocultural” da sociedade brasileira, com as suas formas e práticas próprias, e a sua religiosidade “fundada no sincretismo da pajelança indígena com um vago culto de santos e datas do calendário religioso católico”.
	Na área de floresta tropical da bacia amazônica, desenvolveu-se uma cultura de forte base indígena. Toda a área era ocupada, originalmente, por tribos indígenas de adaptação especializada à floresta tropical. A maioria delas dominava as técnicas de lavoura praticadas pelo grupo Tupi do litoral atlântico, com que se depararam os descobridores. Em algumas várzeas e manchas de terra de excepcional fertilidade e de fácil provimento alimentar, através da caça e da pesca, floresceram culturas indígenas do mais alto nível tecnológico, como as de Marajó e de Tapajós, que podiam manter aldeamentos com alguns milhares de habitantes.
Capítulo X: Os negros foram o inimigo número um do sistema escravista, ao contrário do que se costuma pensar. Promoveram um rosário de revoltas rurais e insurreições urbanas, através dos séculos de regime escravo. Palmares e as rebeliões dos malês são pontos incandescentes desse espírito de recusa do cativeiro. Mas tivemos também outros gêneros de movimentações armadas, como a Guerra dos Cabanos e a de Canudos, com os seguidores de Antônio Conselheiro enfrentando o exército brasileiro.
	A fantasia de que a nossa trajetória tem sido fundamentalmente pacífica, marcada pelo relacionamento cordial entre agrupamentos étnicos e entre classes sociais, não resiste ao menor escrutínio histórico. Na verdade, a história da violência nos trópicos brasílicos começa já com os conflitos sangrentos entre aldeias indígenas. Com a chegada dos europeus, as guerras se intensificaram, inclusive com alianças entre franceses e tupiniquins, combatidas por alianças entre lusos e tupinambás. E o fato é que a história do Brasil apresenta inúmeros (e sérios) casos de confrontos armados.

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