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AV1 Psi Comunitaria

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CURSO DE PSICOLOGIA 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 
Prof. Bryan Andrade 
AV1 
 
O ASSENTAMENTO ITAPIÚNA 
A fazenda Itapiúna, localizada no estado do Maranhão, ficou com suas terras ociosas por 
mais de dois anos, quando o MST (Movimento dos Sem-Terra), em 1999, a ocupou. Famílias 
vindas do acampamento do município de Tutóia, e de outros acampamentos ao norte do Estado, 
como Riachinho, Cruz Bela e Passo Largo, constituíram essa ocupação. Com a conquista da terra, 
houve o sorteio das 59 famílias que iriam receber seus lotes no assentamento Itapiúna. Os lotes 
no assentamento variam em tamanho, sendo que o menor deles é de 18,5 hectares e o maior 
de 24 hectares, com a média de 19 hectares. Essa diferença de até 5 hectares de um lote para 
outro, segundo lideranças, deve-se ao motivo que há áreas de mata nativa, que devem ser 
preservadas. Ao que se refere à infra-estrutura, a água encanada, energia elétrica e a estrada 
demoraram três anos para que fossem implantadas no assentamento, graças ao apoio do MST. 
A energia elétrica recebida, conta com uma rede trifásica, propiciando a utilização de máquinas 
pesadas e de uma possível agroindústria. Na antiga sede da fazenda, atualmente, funciona o 
Centro Comunitário e a Escola Municipal Itapiúna. A escola Municipal Itapiúna, conquistada pelo 
assentamento a partir da organização dos moradores, oferece da pré-escola até a quarta série 
do ensino fundamental, pelo sistema de unidocência. Um professor que se desloca diariamente 
da cidade (8km) ensina aos 13 alunos em uma mesma sala e, ainda é responsável pela merenda 
e limpeza. Hoje, a escola tem várias dificuldades, principalmente porque os pais e a comunidade 
em geral não se envolvem com ela. Após a 4ª série do ensino fundamental os estudantes 
continuam estudando na Escola Estadual Maria Isadora Coutinho. A sede do assentamento além 
de abrigar a escola também desempenha a função de centro comunitário, onde, aos finais de 
semana, os moradores do Itapiúna se reúnem para fazer festas, jogar carta, sinuca, entre outros, 
além da realização de missas. O saneamento do assentamento é razoável. No ano de 2002, em 
regime de mutirão, todas as residências receberam água encanada vinda de um poço artesiano 
localizado no centro comunitário, antiga sede do latifúndio. A rede de esgoto no assentamento 
é caracterizada pela utilização de fossas, onde todas as famílias possuem fossa com seu destino 
para o esgoto. Não há lançamento de esgoto a céu aberto, o que caracteriza certo grau de 
conscientização com os riscos a saúde. Outro ponto a ser destacado é sobre a assistência 
médica, visto que todos assentados declaram que recebem mensalmente a visita de uma agente 
comunitária, moradora do Itapiúna, escolhida dentre os assentados para desenvolver essa 
atividade. Dessa forma, esta agente também se responsabiliza de agendar consultas no posto 
de saúde municipal da cidade de Imperatriz, o qual reserva algumas “fichas” por semana para 
os assentados. No caso de atendimento médico mais especializado, os assentados são 
encaminhados ao Hospital Universitário de Imperatriz. Os sistemas de produção, desenvolvidos 
no assentamento, constituem-se em dois segmentos: os produtos de subsistência (milho, feijão, 
galinhas, porcos e hortaliças) e a produção leiteira como produto de geração de renda. A forma 
de exploração é individual, cada família cuida do seu lote, e a mão-de-obra é basicamente 
familiar. A maior parte dos alimentos consumidos é produzida no próprio assentamento, sendo 
assegurado o autoconsumo, o que ao se comparar com antes do assentamento é uma grande 
melhoria na qualidade de vida. Constatou-se que o milho, feijão, hortaliças, forragens e aveia 
são produzidos pela grande maioria dos agricultores assentados, após um acordo de 
colaboração firmado pelos assentados através do centro comunitário. Destaca-se que o milho é 
cultivado basicamente para servir de alimento para os animais, como as aves e o gado, em 
especial ao gado de leite. As hortaliças são destinadas quase que exclusivamente ao consumo 
familiar, ou seja, somente para subsistência, não havendo excedentes a serem comercializados. 
A sua produção acompanha a sazonalidade sendo plantadas muitas variedades durante o ano, 
tais como: alface, tomate, repolho, beterraba, cebola, alho, moranga, tempero verde, raditi, 
entre outros. O cultivo de forragens e aveia são destinados a alimentação do gado e também 
para o descanso da terra, visto que os produtores de gado realizam o sistema de pastoreio 
rotativo. Para complementar a alimentação do gado na época de pouca pastagem, alguns 
assentados realizam a silagem, utilizando para isso o milheto (estrutura rustica de 
armazenamento). Na produção pecuária destacam-se a criação de gado de leite, gado de corte, 
suínos e aves. A maior fonte de renda dos agricultores do Assentamento Itapiúna é a produção 
de leite, a qual é vendida para a COOTRI, a Cooperativa de Imperatriz, para a COOPERTERRA de 
Tupan e, a partir de setembro de 2008 o leite também é vendido para a empresa Elegê. Alguns 
agricultores, cerca de cinco famílias, se organizavam em forma de grupo para comercializar com 
as cooperativas, pois assim recebiam mais pelo litro de leite. Portanto, mesmo que o preço por 
litro seja baixo, o leite oferece a possibilidade de uma renda mensal, o que é uma garantia para 
o pagamento das obrigações financeiras e para a aquisição de produtos e bens de consumo. A 
soja é outra produção agrícola que é praticada no Itapiúna, porém pela minoria dos assentados, 
e mesmo estes dizem estar abandonando este cultivo devido a baixa lucratividade em função 
da necessidade de muitos inseticidas que punham em risco a saúde dos agricultores, 
consumidores e da natureza. Da mesma maneira, cabe destacar que no assentamento há 15 
tratores, 5 plantadeiras e 3 colheitadeiras, que auxiliam não somente a produção de soja, mas 
também, a produção de feijão e milho. No assentamento, famílias que possuem maquinários, 
emprestam-nos às que não os têm, em troca de óleo diesel ou de trabalho. A utilização de 
empréstimos e financiamentos é uma prática recorrente entre os assentados, tais como PRONAF 
(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o PROCERA (Programa de 
Crédito Especial para a Reforma Agrária) e o crédito do PROAGRO (Programa de Garantia da 
Atividade Agropecuária). A respeito da assistência técnica no assentamento Itapiúna, verificou-
se que os assentados recebem a maior parte da assistência da COPTEC (Cooperativa de 
Prestação de Serviços Técnicos LTDA), poucos citam a EMATER/MA (Empresa de Assistência 
Técnica e Extensão Rural) e o INCRA, sendo que este é lembrado por oferecer alguns cursos, os 
quais, porém, não são assíduos. A grande maioria considera a assistência técnica recebida 
insuficiente, pois a maior responsável, a COPTEC, enfrenta dificuldades estruturais e financeiras 
devido ao descaso das instituições públicas responsáveis. Os assentados demonstram satisfação 
por ter lutado e conquistado a terra, o que é perceptível através do desejo de 100% deles 
permanecerem trabalhando na terra, além de desejar que seus filhos sigam essa atividade, 
porém sem abandonar os estudos. As famílias com mais de um filho já se preocupam com pouca 
quantidade de terras para dividir entre eles, e alguns declaram não saber como seus filhos terão 
acesso a terra, já outros dizem que seus filhos também irão acampar para conquistar sua terra. 
Embora a maior parte dos assentados declararem grande satisfação e reconhecer muitas 
melhorias na sua qualidade de vida, admitem que suas atividades poderiam melhorar em alguns 
aspectos. Os problemas mais citados por eles são a falta de subsídios para produção, devido ao 
alto custo dos insumos (materiais necessários para produção) utilizados, assim como a pouca 
valorização dos produtos da agricultura familiar com o baixo valor pago aos produtores. Dentre 
os maiores problemas enfrentados pelos agricultores assentados está a falta de assistência 
técnica,e a grande preocupação em pagar as dívidas dos empréstimos já realizados para poder 
utilizar outros. 
1) A partir do caso apresentado acima, identifique e explique, fundamentando de acordo com 
a teoria de Cezar Wagner Góis, os seguintes aspectos: 
a) Potencial Comunitário. (1,5) 
b) Aspectos que caracterizam uma Comunidade. (1,5) 
c) Atividade Comunitária. (1,5) 
d) Sujeito da Comunidade. (1,5) 
e) Desenvolvimento Comunitário. (1,5) 
 
 
2) Tendo como exemplo o Assentamento Itapiúna, identifique, explique e fundamente o(s) 
tipo(s) de facilitação (assistencial, técnico e/ou comunitário) existente(s) no local. (2,5) 
 
 
Observações: 
- Enviar o trabalho para o e-mail: bryan.andrade@estacio.br 
- Prazo de entrega: 12/05/2020 até 9h. Não serão aceitos envios posteriores ao prazo 
estipulado.

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