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FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS
CURSO SUPERIOR EM DIREITO
RONALDO GOUVEIA MENDANHA
Tipificação de abuso contra vulnerável na internet
Anápolis
2019
RONALDO GOUVEIA MENDANHA
Tipificação de abuso contra vulnerável na internet
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de direito da Instituição Faculdade Anhanguera de Anápolis.
	
Orientador(a): RAFAELA CARVALHO
Anápolis
2019
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RESUMO
O presente trabalho, traz uma pesquisa voltada ao tema da pedofilia virtual, apresentando os o contexto histórico, as teorias de causas iniciais desse crime, e faz um apanhado dos casos decorrentes em nossa sociedade, desde o principio do uso da internet, e principalmente quando crianças e adolescentes começaram a ter acesso a internet e redes sociais. Situação que trouxe o problema atual da incidência de casos de pedofilia e estupro virtual. No decorrer do trabalho vamos analisar as leis e regras criadas em torno de prevenir e remediar tais situações, tanto quanto a prevenção trazida pela lei e pelo Estado, quanto a participação dos direitos humanos, e a regulamentação trazida pelo estatuto da criança e do adolescente, que estão frequentemente buscando novos métodos para combater tais crimes. Tanto na punição para os criminosos, quanto na prevenção, através de métodos voltados a orientar pais, e os próprios adolescentes ou crianças, para não entrar em situações que facilitem a consumação desse crime. O trabalho e voltado a analisar e trazer mais atenção diante dessa causa, para preservar nossas crianças e adolescentes de tais situações, o assunto precisa ser debatido e ter atenção especial na busca de melhor solução.
PALAVRAS-CHAVE: Pedofilia. Criança e adolescente. Crime. Prevenção.
ABSTRACT
The present work brings a research focused on the topic of virtual pedophilia, presenting the historical context, the theories of the initial causes of this crime, and provides an overview of the cases arising in our society, since the beginning of the use of the internet, and especially when children and adolescents started to have access to the internet and social networks. Situation that brought the current problem of the incidence of cases of pedophilia and virtual rape. In the course of the work, we will analyze the laws and rules created around preventing and remedying such situations, as much as the prevention brought by the law and the state, as well as the participation of human rights, and the regulation brought by the statute of the child and adolescent, who are often looking for new methods to combat such crimes. Both in punishment for criminals and in prevention, through methods aimed at guiding parents, and adolescents or children themselves, so as not to enter situations that facilitate the consummation of this crime. The work is aimed at analyzing and bringing more attention to this cause, to preserve our children and adolescents from such situations, the matter needs to be debated and to pay special attention in the search for a better solution.
KEYWORDS: pedophilia. child and teenager. Crime. Prevention.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	7
1. ASPECTOS HISTÓRICOS DO ABUSO SEXUAL CONTRA VULNERÁVEL ATRAVÉS DA INTERNET	9
1.1 ESTUPRO VIRTUAL	12
1.2 CONSEQUÊNCIAS DO USO INDEVIDO DA INTERNET	13
2. A ATUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS PARA COM OS VULNERÁVEIS NA INTERNET	14
2.1 ASPECTOS QUE INFLUENCIAM DIVERSOS COMPORTAMENTOS DA VÍTIMA NA INTERNET	14
3. A PROTEÇÃO LEGAL DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE	16
3.1 AVANÇOS DA LEI BRASILEIRA PARA TRATAR DOS CRIMES VIRTUAIS DE CUNHO SEXUAL	16
3.2 A EFICÁCIA DA LEI NA PROTEÇÃO DO ABUSO SEXUAL CONTRA VULNERÁVEL NA INTERNET E AS POLÍTICAS PÚBLICAS EXISTENTES	18
CONSIDERAÇÕES FINAIS	19
REFERÊNCIAS	21
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é composto por três capítulos. O primeiro capítulo teve como fundamento apresentar os aspectos históricos acerca do abuso sexual contra vulnerável nas redes de divulgação tecnológica, trazer alguns conceitos pertinentes para a compreensão deste e esclarecer de forma detalhada sobre os riscos inerentes ao uso indevido da internet.
No segundo capítulo, foram fornecidas informações a respeito da atuação dos direitos humanos no sentido de proteger e oferecer medidas que auxiliam na proteção legal dos vulneráveis que se encontram sofrendo este tipo de abuso. Também serão demonstrados os aspectos que influenciam nos diversos comportamentos indevidos da vítima, resultando na violação de sua dignidade.
Já o terceiro capítulo propôs o objetivo de elucidar sobre a proteção legal dos vulneráveis pelo Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), e ainda explanar acerca de algumas alterações da lei penal nesse sentido, tendo em vista que antes de 2012 ocorreram algumas mudanças para tratar desse crime em específico. Por fim, será colocado em pauta a eficácia da lei na proteção do abuso sexual contra vulnerável na internet e as políticas públicas existentes. 
O presente trabalho é de natureza qualitativa, pois a proposta de utilização metodológica buscou fundamentar as análises pertinentes aos casos de violação sexual contra vulneráveis por meio da internet. Neste seguimento foram abordadas as diversas formas de como é iniciado o crime, o porquê de a vítima acabar se envolvendo facilmente e as penalidades aplicadas pela lei para punir tal conduta.
 Tendo em vista que o estupro virtual é algo razoavelmente novo, foi colocado em pauta a possibilidade de tipificação deste crime baseando-se da norma existente para tratar de qualquer conduta relacionada a um ato libidinoso.
Vislumbra-se que com o desenvolvimento dos meios tecnológicos da informação e com a evolução da comunicação juntamente com as diversas formas de interação social, em especial na internet, nasceram diversos benefícios para a sociedade. Entretanto, surgiram também os problemas, em que pessoas com má fé se aproveitaram da oportunidade para praticar crimes como os de estupro virtual. Porém, é notório que não há uma lei específica para penalizar tais crimes que em contrapartida não deixam de ser apreciados com o mesmo rigor da norma específica para estupro ou qualquer ato libidinoso.
1. ASPECTOS HISTÓRICOS DO ABUSO SEXUAL CONTRA VULNERÁVEL ATRAVÉS DA INTERNET
Primeiramente, cabe ressaltar que os pedófilos utilizavam a internet como meio facilitador de praticar o crime, pois utilizavam-se dela para trocar fotos e imagens com teor sexual de menores pré-impúberes, garantindo a sua doente satisfação sexual. Pesquisas revelam que a divulgação de pornografia infantil viabiliza o crescimento desses crimes contra menores. (DEMÓCRITO, 2003).
Em termos de definição a internet é um instrumento de comunicação que possui relevante atuação no campo sociocultural, contribuindo para a fácil comunicação dos continentes de forma muito rápida.
Para entendermos melhor o contexto histórico, vamos falar do principio, como toda essa situação se iniciou, vamos discorrer de forma resumida, e como a situação chegou no ponto que se encontra nos dias atuais.
Desde a expansão e popularização da internet, começou a mesma ser utilizada para fins de comunicação e interação social, as pessoas desenvolveram os conhecidos como “bate-papo”, um recurso que se popularizou rapidamente, e atraiam pessoas de idades aleatórias, em busca de fazer novas amizades e comunicações a distancia, e facilitar relacionamentos, comunicações, negociações e até aquisição de vínculos afetivos.
 Apesar das vantagens trazidas por tal tecnologia, ao mesmo tempo surgiu algo negativo, que levou a atual situação trágica dos dias de hoje. No principio as comunicações ainda eram somente por escrito, e as identificações eram através de fotos e nomes, porém o usuário poderia colocar uma foto falsa, e seguidamente um nome falso, podendo enganar outra pessoa que estivesse interagindo, assim logo começou a ocorrer a incidência de pessoas de má fé, buscando satisfazer objetivos pessoais através desse método, como por exemplo: homem se passando por mulher e interagindo com outrohomem buscando favores financeiros e outros. 
A situação se tornou mais grave quando se tomou conhecimento de pessoas de forma “ingênua” sendo enganadas por farsantes que poderiam marcar encontrou em redes sociais com o objetivo de fazer algum mau para a pessoa. Diante desses perigos, logo se tomou ciência de que os menores de idade precisariam de uma limitação para utilizar-se desses meios eletrônicos, pois são mais vulneráveis e podem ser enganadas com mais facilidade. (OLIVEIRA, 2019)
 No entanto não houve fiscalização suficiente para impedir tais acessos, assim causou incidências de um problema ainda mais grave, através das redes sociais, criminosos começarão a fazer vitimas menores de idade, aproveitando-se da ingenuidade dos mesmos, problema que se estende até os dias de hoje e o poder judiciário ainda não chegou a uma solução absoluta, para inibir tais crimes.
De acordo com a evolução trazida pelo tempo, os meios de comunicações virtuais, evoluíram e chegaram em um ponto, no qual, se compartilha fotos, filmagens, vídeos, gravações, e até mesmo transmissões ao vivo, enquanto isso, o controle das regras para usuários não melhoraram, assim as crianças e adolescentes continuam tendo acesso a esses meio tecnológicos, cada vez mais precoce, sem nenhuma vigilância absoluta. Dessa forma os crimes foram agravados, e aumentados cada vez mais, de acordo com a evolução.
 No atual cenário da internet, esses crimes acontecem das diversas formas, enquanto no principio a tecnologia de redes sociais causavam um encontro físico que poderia levar ao crime, agora com acesso a fotos, filmagens, etc, os crimes acontecem mesmo sem consumar o encontro físico, as vitimas podem ser coagidas a compartilhar fotos ou filmagens intimas, que podem indevidamente utilizadas pelos criminosos, levando a problemas graves a integridade, e imagens das vitimas e seus familiares.
 Apesar do poder judiciário punir rigorosamente tais atos, ainda não houve a solução pois os usuários de internet são quase toda a população mundial, e a fiscalização se torna difícil pois não há meios suficientes para acompanhar todos os atos realizados virtualmente. (ROVER, 2017)
Nesse diapasão, verifica-se que a cada dia que passa, a internet atrai novos usuários de diferentes idades, nacionalidades, classes sociais e culturas. Ademais, ela possibilita alcançar todas as informações referentes ao passado, futuro e presente.
Contudo esse relevante avanço tecnológico juntamente com seus benefícios tem trazido grandes problemas a sociedade como um todo e facilitando os mais diversos crimes, em especial atividades atentatórias a dignidade intima e moral do ser humano como, por exemplo, o abuso sexual contra vulnerável, estudo do presente trabalho. Isso porque são diversos alcances que permeiam o agir virtual através das redes sociais. Conforme entendimento de Santos (2011, p.133).
A verdade é que a internet tem sido amplamente usada para a prática de diversos tipos de delitos sexuais, em muitos casos, facilitados pela intermediação do computador. As salas de bate-papo, os sistemas de mensagens instantâneas, os sites de relacionamento, as redes ponto a ponto, os desenhos, os vídeos, as webcams e os programas de manipulação de imagens têm sido palco de todo tipo de delito sexual, incluindo ameaça contra a integridade física, atentado violento ao pudor, coação sexual, abuso sexual, assédio sexual, ato obsceno, exibicionismo, proxenetismo, sedução, corrupção de menores, fraude e até sequestro de crianças e adolescentes que deram seus dados pessoais e vão ao encontro de autores de violência sexual que conheceram pela internet.
Com esses fatos e com a ciência de que os adolescentes e as crianças estão aptos a todo instante a ter acesso a internet, nasce a necessidade de dar um enfoque especial para este estudo, tendo em vista que qualquer lugar, seja em casa ou na escola poderá ser fonte da prática do crime pela própria iniciativa da vítima.
Esse fato é objeto de grande preocupação para a sociedade e necessita bastante da atuação social, principalmente dos pais para inibir essa prática. Para isso eles precisam limitar e supervisionar os filhos para não ter esse acesso.
No teor dessa discussão, é imprescindível falar da figura da pedofilia, tendo em vista que mesmo não sendo considerado um delito, é um distúrbio mental capaz de alavancar crimes como o de abuso ou exploração sexual por meio da internet (SUZANA; ARAÚJO, 2017).
Dessa forma, é dever do ordenamento jurídico brasileiro estabelecer normas acerca dos crimes ocorridos via internet, de forma a regulamentar e impor condições para o uso adequado desse instrumento que é tão importante para o crescimento e evolução do mundo e das pessoas que convivem nele. 
Em razão dessa fonte de informação e contato com o mundo as crianças e os adolescentes estão sujeitos a qualquer forma de perigo, pois os criminosos com o intuito de praticar o abuso contra esses vulneráveis se infiltram facilmente neste sistema. 
Tendo em vista que muitas escolas para aprimorar a educação abraçaram a evolução tecnológica, o que significa que essa inovação faz parte dos aspectos históricos relativos a internet. Nesse diapasão, torna-se necessário pontuar que muitos alunos por motivos de baixa renda financeira só conseguem ter o acesso à internet na escola, o que não exclui o fato de que a internet tem ganhado cada vez mais espaço no mundo. Portanto, os menores de idade estão suscetíveis em qualquer lugar quando a sofrer abuso sexual através da internet. (NONDOLI, 2017)
Nesse sentido, as escolas, como ferramenta essencial de educação, possuem o poder de contribuir com o combate a pedofilia virtual, visto que é um local que os alunos passam uma boa parte do tempo.
	Verifica-se que são diversos os desafios para lhe dar com este fator que tanto prejudica a sociedade, pois além de ser um crime que viola o direito a honra e a imagem de uma pessoa vulnerável pode resultar em sequestro, lesão corporal e até a morte, pois muitos desses criminosos que praticam tais atos não se contentam apenas com o abuso sexual ou então utiliza da pior forma ocultar o crime.
Neste capitulo foi apresentado o contexto histórico, como o crime surgiu, e como ele se agravou de acordo com o tempo e as novas condições da era digital. Entendendo a base do problema, podemos entender melhor e buscar de forma produtiva, uma possível contribuição ideológica com o objetivo de chegarmos a uma solução para esse problema grave.
No capitulo seguinte, será apresentado os meios utilizados pelos direitos humanos, buscando a solução do problema, e cuidados em relação a orientações necessárias para as vitimas se tornarem menos vulneráveis, e fazer o que for possível para não facilitar a atuação dos criminosos.
1.1 ESTUPRO VIRTUAL
A palavra ‘’estupro virtual’’ ao ser lida, de imediato pode surgir uma compreensão um pouco restrita de que o estupro falado é apenas aquele a distancia, por meio das redes sociais, em que podem ser feitas ameaças e pressões psicológicas pelo agente para conseguir ter o acesso a imagens da vítima despida. Contudo, há um amplo entendimento que vai muito além do que se acessa nas redes sociais. 
O que por enquanto pode ser apenas uma ação virtual com fotos e vídeos das vítimas poderá se tornar um estupro com atos libidinosos e conjunção carnal ou até mesmo as levar a morte.
A definição de estupro virtual alcança tanto homens como mulheres, é um crime hediondo não passível de fiança com reclusão de 6 a 10 anos. O artigo 213 do Código Penal trás a definição de estupro em diversos sentidos.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009). (BRASIL, 1940)
Neste artigo fala-se que o ato libidinoso também é considerado um estupro, não necessitando, dessa forma, de uma conjunção carnal para configura-lo. Atos libidinosos sãogestos que visa atender a lascívia e o desejo sexual de outrem. Assim, o estupro virtual transmite a ideia de que não há necessidade do contato físico para configurar um estupro, basta a mera ação voltada a atender o desejo sexual do agente (DUARTE, 2020).
1.2 CONSEQUÊNCIAS DO USO INDEVIDO DA INTERNET
No estupro físico geralmente é utilizada a força para conter a vítima e dela se apoderar como o agente quiser. Já no estupro virtual, o agente utiliza-se de formas emocionais para conseguir o domínio da vítima como ameaças, chantagem e constrangimento. Essa é uma forma de constrangimento pois não é consentida.
Por falta de conhecimento, muitas vítimas se abstêm da denuncia por achar que não é crime, ou que não vai adiantar ou porque estão sendo ameaçadas. Motivo que levam os agressores a ficarem livres para suas praticas e impunes. Muitos não sabem que a tecnologia viabiliza melhor a investigação do crime, visto que ficam os registro nos endereços de IP dos computadores e celulares de quem pratica.
As consequências geradas por tal conduta são aquelas emocionais, ligadas ao psicológico e parecidos com a de um estupro carnal. São sentimentos de angústia, humilhação, raiva do agressor e de si, dignidade ferida, medo, desespero e doenças como depressão, transtorno de estresse pós-traumático e síndrome do pânico.
2. A ATUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS PARA COM OS VULNERÁVEIS NA INTERNET
 O governo Federal juntamente com a secretaria de direitos humanos preocupados com a exposição das crianças e adolescentes na internet elaboraram alguns métodos para a prevenção do crime de abuso sexual contra esses vulneráveis. A princípio convém falar de um dos desses métodos que foi crucial, qual seja a elaboração de uma cartilha contendo todas as informações devidas para o combate ao crime de abuso. Nela, contém a exposição do marco normativo como a Convenção dos Direitos da Criança (Direito de expressar seu ponto de vista e ser escutado (art.12), Liberdade de expressão e de buscar informação (art.13), Direito à informação (art.17), Direito de estar protegido contra a violência (art.19)), da Constituição Federal, art. 277, Estatuto da criança e do adolescente, entre outras leis. 
Uma estatística trazida pelos direitos humanos, mostra que nos dias atuais, devido a pandemia existente no mundo, o isolamento das pessoas em suas casas, aumentaram em ate trinta por cento os casos de pedofilia, e exploração sexual, relacionados a internet, essa situação ocorreu, pelo fato das famílias ficarem mais tempo em casa, consequentemente o acesso a internet por parte das crianças e adolescentes aumentaram significativamente, assim consequentemente aumentando os casos de crimes por meios virtuais, contra crianças e adolescentes. Situação preocupante, uma vez que não se pode evitar o isolamento, por motivos maiores, a fiscalização dos pais dentro de casa deve ser redobrada, para prevenir tal situação problemática. E a justiça deve se atentar em relação a isso, para punir os criminosos envolvidos. (WILLIAM BILCHES, 2020)
2.1 ASPECTOS QUE INFLUENCIAM DIVERSOS COMPORTAMENTOS DA VÍTIMA NA INTERNET
O desejo insaciável que os jovens possuem pela internet, os fazem cada dia estarem mais conectados através das redes sociais. Oque pode levar a ocorrências de diversos problemas relacionados a exposições e situações criadas por criminosos utilizando-se desse meio.
É muito importante que as crianças e os adolescentes estejam sendo supervisionados por seus pais ou algum adulto responsável, para prevenir que a criança, guiada pela sua inocência, venha acessar algum conteúdo improprio ou dar espaço e confiança para pessoas farsantes, que podem oferecer riscos para a integridade da criança. (KAROLINA IGLESIAS, 2017)
Algumas plataformas como por exemplo, o youtube, criaram um espaço restrito para o acesso de crianças, onde os conteúdos são supervisionados por profissionais da área pedagógica, assim facilitando o trabalho dos pais, uma vez que limitando a criança a ter acesso a conteúdos impróprios, da mesma forma alguns aplicativos são criados especificadamente para crianças, com jogos e entretenimento totalmente fiscalizado voltado a apresentar conteúdo educativo. (ESTADÃO, 2018)
Porém ainda não é suficiente, pois as redes sociais são facilmente acessadas por pessoas de qualquer idade, principalmente na fase da pré-adolescência fica mais difícil a família controlar todo acesso realizado pelo menor, e uma vez que estando em uma rede social, se torna inevitável a comunicação com pessoas aleatórias de diferentes locais e identificações. Assim o acesso em geral em redes sociais, necessitam de uma nova determinação mais rigorosa na apuração da idade dos seus integrantes. Já existem limites de idade, para o uso, porém não são devidamente controlados de forma real. Pois na criação de um perfil em uma rede social, o menor pode alegar ter qualquer idade, não há nada que comprove tal informação. (PAULA MINOZZO, 2018).
Nos casos das famílias que já sofreram com esse tipo de crime, a criança ou adolescente que sofreu o abuso, deve receber uma atenção especial, para não sofrerem de traumas permanentes e depressão, sintomas que são comuns em pessoas que passaram por situações de abusos. A família deve procurar auxilio com psicólogos, e profissionais da área pedagógica, para o tratamento eficaz da vitima, buscando recuperação a sua qualidade de vida, e restaurar seu estado emocional (INTNET, 2020).
3. A PROTEÇÃO LEGAL DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Conforme o Estatuto da criança e do adolescente que cuida das medidas de proteção dos menores no artigo 100, aduz que toda medida deverá ser aplicada pensando nas necessidades pedagógicas e principalmente as que reforçam os laços familiares e comunitários. Dessa forma, as medidas de proteção virtual precisam ser aplicadas pelos pais, estão relacionadas à forma de mediação ativa, pois diz respeito educação e o diálogo dos pais com os filhos sobre os perigos da internet, como tomar cuidado e o as medidas a serem tomadas caso algo venha a acontecer. O Papel do estado, exercido pelas suas leis vigentes, se refere a punição aplicada aos criminosos, e também a orientação das crianças e dos pais, nos métodos de prevenção, assim inclui a obrigação dos pais de estarem ativos na fiscalização e prevenção de tais situações. (CABETTE, 2015).
3.1 AVANÇOS DA LEI BRASILEIRA PARA TRATAR DOS CRIMES VIRTUAIS DE CUNHO SEXUAL
Foram identificados diversos avanços que viabilizaram uma proteção maior aos vulneráveis em risco na internet. Para tanto, torna-se imprescindível explanar acerca de todos esses avanços. Em 2008 foi promulgada a Lei 11.829/2008 para abarcar crimes cometidos via internet, fato que inclui inclusive os crimes de teor sexual contra os vulneráveis.
Em busca de melhorar a repressão contra tais crimes, o estado trouxe inovações na lei, para reprimir ainda mais tais delitos, em 2008 houve a edição da lei 11.829, buscando suprir a suposta omissão do estado, em relação ao assunto, por ser algo delicado, a cobrança pode ser alta para as autoridades responsáveis, assim a criação, alteração, e execução da lei, é sempre voltada a combater cada vez mais de forma eficaz, tais condutas criminosas. (EDUARDO LUIZ SANTOS CABETTE, 2015)
 Os arts. 240 e 241 da Lei n. 8.069 trazem normas que se referem a tais condutas criminosas, como apresentado a seguir:
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I - no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II.- prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou  
III - prevalecendo-sede relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. � (NR)
�Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. � (NR)
�Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
II - assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I - agente público no exercício de suas funções;
II - membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III - representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, pública ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I - facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II - pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
Artigo 241. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão �cena de sexo explícito ou pornográfica� compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
Essas leis foram alteradas, trazendo mais rigor na punição, podendo assim supostamente, amedrontar mais os criminosos, que diante do rigor maior na punição, podem se sentir “intimidados” mediante a possibilidade de uma punição mais grave. 
Além de aumentar o rigor da lei, para que haja menos incidência desses crimes, também é necessário uma maior apuração, a fim de prevenir, e identificar as pessoas que oferecem tais riscos, e evitar a consumação do ato, antes mesmo de sua realização, pois a punição após o crime, não apaga os resultados negativos causados, e os traumas ainda permanecem, sendo uma realidade na vida da vítima. (FERREIRA, 2002)
3.2 A EFICÁCIA DA LEI NA PROTEÇÃO DO ABUSO SEXUAL CONTRA VULNERÁVEL NA INTERNET E AS POLÍTICAS PÚBLICAS EXISTENTES
É sabido que ainda que a Constituição Federal protege a dignidade moral de todo e qualquer ser humano, o Estatuto da Criança e do adolescente e o código penal reforça esse conceito assegurando a devida proteção legal aos vulneráveis. Portanto a letra da lei em si, já garante todas as proibições relacionadas a evitar os crimes. Mas a eficácia não é total, pela mesma razão que os outros crimes diferentes não deixam de acontecer, ainda não existe tecnologia para acompanhar todos os atos realizados virtualmente, assim nem sempre os crimes são descobertos.
Existem politicas publicas voltadas para a busca do resolução de tal situação, as conclusões são sempre as mesmas, em relação a evitar tais situações, o melhor remédio é a prevenção, orientação para as crianças e adolescentes, e orientação para os pais que são encarregados do acompanhamento de seus filhos em seus acessos a redes, lembrando que o mundo virtual pode levar a problemas graves sem que a criança saia de sua casa, então todo acesso a internet e similares deve ser rigorosamente monitorados pelos responsáveis. Principalmente no que se refere a conteúdos sexuais, e comunicação com outras pessoas (ALESSANDRA, 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram apresentados no decorrer do trabalho, fatos sobre o toda a situação decorrente da lei, e das instituições que buscam combater a pedofilia virtual, diante dos fatos expostos no trabalho, podemos concluir que essa modalidade de crime ainda e frequente, e não foi combatida como se esperava. 
As pesquisas realizadas mostram a realidade atual, tendo em vista os métodos existentes de combate a esse crime, não foram de total resultado esperado, e quando realizado um trabalho em torno de um tema que se mostra algo extremamente ruim, sempre se busca uma forma de contribuir para a solução do problema, porém como inúmeros trabalhos sociais não trouxeram uma solução, assim as pesquisas não trazem solução, mas sim uma forma de distribuir informações em torno disso, para mais pessoas estarem atentos sobre tal situação, e de forma coletiva talvez possamos alcançar uma melhora.
Restou claro que a sociedade está diante de um grande desafio que não pode ser observado com um olhar pequeno diante deste problema que tanto causa afronta. O intuito deste trabalho não foi tão somente apresentar os conceitos necessário, consequências do crime tanto para a vítima como para o provocador, aspectos históricos, aplicabilidade e mudanças da lei acerca do abuso como também visou permear vários horizontes para que em conjunto seja possível combater a Pedofilia. 
Ressalta-se que é preciso que as polícias possam se unificar para esse propósito e acima de tudo cooperação, para que todos trabalhem em equipe e as investigações não devem cessar por conflitos já ultrapassados.
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Código Penal, 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm> Acesso em 13 mai. 2020.
DEMÓCRITO, Reinaldo Filho. O crime de divulgação de pornografia infantil pela Internet. Breves comentários à Lei nº 10.764/03. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 174, 27 dez. 2003. Disponível em: < http://jus.com.br/revista/texto/4680>. Acesso em: 29 abr. 2020.
SANTOS, Benedito Rodrigues dos. Guia escola: identificação de sinais de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes / Benedito Rodriguesdos Santos, Rita Ippolito. Seropédica, RJ: EDUR, 2011.
SUZANA, Maria de Jesus Mesquita Alves; ARAÚJO, Karla Melo de. Pedofilia virtual: um problema social na realidade de alunos do 6.º ano da escola municipal Elias feres Gorayeb, município de Tracuateua/PA. Disponível em <http://bdta.ufra.edu.br/jspui/bitstream/123456789/156/1/TCC%20-%20PEDOFILIA%20VIRTUAL.pdf>Acesso em 29 abr. 2020.
DUARTE, Marcella. Abuso pela internet, estupro virtual entra na mira da polícia pelo Brasil. Disponível em <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/01/25/abuso-pela-internet-estupro-virtual-entra-na-mira-da-policia-no-brasil.htm> Acesso em: 13 mai. 2020.
SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS. Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes na Internet. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/parlamentar-de-inquerito/55a-legislatura/cpi-crimes-ciberneticos/documentos/audiencias-publicas/audiencia-publica-08-09.15/apresentacao-heloiza-de-almeida-prado-botelho-egas> Acesso em: 14 mai. 2020.
MARTINS, Murilo. A proteção integral da criança e do adolescente no marco civil da internet: a tutela nos espaços virtuais. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/6/art20150602-07.pdf> Acesso em: 15 mai. 2020.
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