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AULA 3 - DAS RELAÇÕES COM OS CLIENTES

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DAS RELAÇÕES COM OS CLIENTES 
- dever de informação ao cliente 
 Art. 9º CED O advogado deve informar o cliente, de modo claro e 
inequívoco, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão 
advir da demanda. Deve, igualmente, denunciar, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou 
patrocínio, qualquer circunstância que possa influir na resolução de submeter-lhe a consulta 
ou confiar-lhe a causa. 
 
- quebra de confiança mútua implica em fim da relação 
- advogado (renúncia) X cliente (revogação do mandato) 
 Art. 10 CED. As relações entre advogado e cliente baseiam-se na confiança 
recíproca. Sentindo o advogado que essa confiança lhe falta, é recomendável que externe ao 
cliente sua impressão e, não se dissipando as dúvidas existentes, promova, em seguida, o 
substabelecimento do mandato ou a ele renuncie. 
 
- renúncia do advogado – deverá comunicar o cliente, sem dizer o motivo da renúncia, por 
carta AR ou telegrama com recibo de entrega, devendo permanecer no cuidado da causa nos 
10 dias seguintes (15/ 16 CED, 5º § 3º EAOAB, 6º RG e 112, § 1º CPC)1. 
 
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 Art. 15. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo as causas sob seu patrocínio, sendo recomendável que, 
em face de dificuldades insuperáveis ou inércia do cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas, renuncie ao 
mandato. 
§ 1º A renúncia ao mandato não exclui responsabilidade por danos eventualmente causados ao cliente ou a terceiros. 
§ 2º O advogado não será responsabilizado por omissão do cliente quanto a documento ou informação que lhe devesse fornecer 
para a prática oportuna de ato processual do seu interesse. 
 
Art. 16. A renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do motivo que a determinou, fazendo cessar a responsabilidade 
profissional pelo acompanhamento da causa, uma vez decorrido o prazo previsto em lei (EAOAB, art. 5º, § 3º). 
 
Art. 5º EAOAB O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. 
§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o 
mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo. 
 
Art. 6º RG O advogado deve notificar o cliente da renúncia ao mandato (art. 5º, § 3º, do Estatuto), preferencialmente mediante 
carta com aviso de recepção, comunicando, após, o Juízo. 
 
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 O abandono antes do prazo sem justo motivo é passível de censura: 
 
Art. 34, XI EAOAB - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da 
comunicação da renúncia; 
 
 
 
**** Substabelecimento com e sem reservas (este equivale à renúncia) 
 
 Art. 26 CED. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é 
ato pessoal do advogado da causa. 
§ 1º O substabelecimento do mandato sem reserva de poderes exige o prévio e inequívoco 
conhecimento do cliente. 
§ 2º O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus 
honorários com o substabelecente. 
 
 
 
- Cliente revoga o mandato, o advogado pode deixar a causa imediatamente. 
 
 – o cliente tem que pagar os honorários, inclusive tendo direito à sucumbência 
(proporcional). Mesmo em caso de renúncia do advogado os honorários são devidos, e 
sempre de forma proporcional. 
 Art. 17 CED. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o 
desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, assim como não retira o 
direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de 
sucumbência, calculada proporcionalmente em face do serviço efetivamente prestado. 
 
 
Art. 112 CPC. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma prevista neste Código, que 
comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor. 
§ 1
o
 Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar 
prejuízo 
§ 2
o
 Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte 
continuar representada por outro, apesar da renúncia. 
 
 
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- liberdade de escolha da técnica aplicada e como agir, mas com dever de esclarecimento ao 
cliente da proposta a ser empregada. 
 Art. 11 CED. O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da 
parte, cumprindo-lhe, por isso, imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, 
sem se subordinar a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo 
quanto à estratégia traçada. 
 Art. 24 CED. O advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda 
ver com ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de 
outro profissional para com ele trabalhar no processo. 
 
 
- finalizada a causa, implica em devolução de tudo que está em posse do advogado que 
pertença ao cliente e a prestação de contas, sob pena de sofrer suspensão (art. 34, XXI e XXII 
EAOAB e 356 CP).2 
 Art. 12. A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, ou não, extinção 
do mandato, obriga o advogado a devolver ao cliente bens, valores e documentos que lhe 
hajam sido confiados e ainda estejam em seu poder, bem como a prestar-lhe contas, 
pormenorizadamente, sem prejuízo de esclarecimentos complementares que se mostrem 
pertinentes e necessários. 
Parágrafo único. A parcela dos honorários paga pelos serviços até então prestados 
não se inclui entre os valores a ser devolvidos. 
 
 
 
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 Art. 34 EAOAB 
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele; 
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança; 
 
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório 
 Art. 356 CP - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que 
recebeu na qualidade de advogado ou procurador: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
 
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- é proibido advogar para clientes com interesses em conflito, além da pena de censura3, 
além da sanção penal cabível (art. 355 CP – patrocínio infiel) 
 Art. 19. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou 
reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem representar, em 
juízo ou fora dele, clientes com interesses opostos. 
 Art. 20. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes e não 
conseguindo o advogado harmonizá-los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por 
um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado sempre o sigilo profissional. 
Patrocínio infiel - trair a confiança do cliente - gera prejuízo 
 Art. 355 CP - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, 
prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
Patrocínio simultâneo (ao mesmo tempo) 
 
Patrocínio por tergiversação (tratar do interesse da parte contrária depois de abandonar ou 
ser dispensado pela primitiva) 
* é a representação de interesses clientes com interesses opostos 
 Art. 355, § ú CP- Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que 
defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. 
 
**** ATENÇÃO: 
 Art. 21 CED. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-
cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o sigilo 
profissional4 (cabe censura) 
 
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 Ex.: Art. 34 EAOAB – gera punição disciplinar: 
VIII - estabelecerentendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário; 
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio; 
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione; 
 
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 ART. 34, EAOAB – cabe Censura - VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional; 
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 Art. 13 CED. Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se 
cumprido e extinto o mandato. 
 
 Art. 14 CED. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha 
patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo plenamente 
justificável ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis. 
 
 Art. 18 CED. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso 
de tempo, salvo se o contrário for consignado no respectivo instrumento. 
 
 Art. 22 CED. Ao advogado cumpre abster-se de patrocinar causa contrária à 
validade ou legitimidade de ato jurídico em cuja formação haja colaborado ou intervindo de 
qualquer maneira; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ou o da sociedade que 
integre quando houver conflito de interesses motivado por intervenção anterior no trato de 
assunto que se prenda ao patrocínio solicitado. 
 
 Art. 23 CED. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem 
considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado. 
Parágrafo único. Não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado 
agir, como defensor, no sentido de que a todos seja concedido tratamento condizente com a 
dignidade da pessoa humana, sob a égide das garantias constitucionais. 
 
 Art. 25 CED. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, 
simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente.

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