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Modelo - Agravo de Instrumento Regimental

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA;
processo de origem nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileira, divorciada, professora, portadora do RG nº XXXXXXXXXX, e do CPF nº XXXXXXXX residente e domiciliada na Rua Arariboia, no 250, Bairro Planaltino, Capim Grosso/BA, CEP: 44.695-000, inconformada com a respeitável decisão interlocutória proferida pelo MM. Juízo a quo, nos autos do processo em epígrafe, em que contende contra o Agravado, o MUNICÍPIO DE CAPIM GROSSO/BA, pessoa jurídica de Direito Público, inscrita no CNPJ nº 13.230.982/0001-50, com sede na Praça 09 de Maio, Nova Morada, Capim Grosso – BA, CEP: 44695-000, com fundamento no art. 1.015 e seguintes do CPC/15, interpõe:
AGRAVO DE INSTRUMENTO C/C PEDIDO LIMINAR
(MEDIDA CAUTELAR ANTECEDENTE)
a fim de ver reformada a decisão interlocutória de ID 53967976 pelas anexas razões, requerendo a V. Exa. se digne em recebê-lo e processá-lo, distribuindo o presente a uma das Colendas Câmaras deste Egrégio Tribunal.
Outrossim, de acordo com o que dispõe o art. 1.017 do CPC, segue, adiante, relação de documentos para a devida formação do instrumento:
· Peças obrigatórias (art. 1.017, I, CPC):
a) Cópia da petição inicial;
b) Cópia da decisão agravada;
c) Cópia da certidão da intimação da decisão;
d) Cópia das procurações e/ou substabelecimentos outorgados aos advogados do agravante;
Neste sentido, declara o advogado abaixo assinado, sob sua inteira responsabilidade pessoal, que os documentos acostados a este Agravo são cópias fiéis do processo original, porquanto o mesmo tramita em sua forma eletrônica.
Em tempo, adverte esse Douto Juízo acerca da tempestividade do presente apelo, em razão do disposto no art. 1.003, §5º do NCPC, bem como informar que seguem anexos as guias de recolhimento referente as custas e despesas processuais, preenchendo, portanto todos os requisitos extrínsecos para admissão do presente recurso.
Nesta oportunidade, esclarece, ainda, que o presente agravo possui como objeto a reforma da decisão que negou o pedido liminar para reintegrar a Impetrante.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Capim Grosso – Bahia, 05 de maio de 2020.
NOILDO GOMES DO NASCIMENTO 
OAB/BA 37.150 
AGRAVANTE: ANGELA MARIA DA SILVA BATISTA
AGRAVADO: MUNICÍPIO DE CAPIM GROSSO/BAHIA
 Juízo de Origem: VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAPIM GROSSO/bahia.
RAZÕES DO AGRAVO 
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Eminente Julgador,
I – requisitos
I.1 - LEGITIMIDADE/TEMPESTIVIDADE/PREPARO.
Inicialmente informa a Agravante que é parte legítima no presente recurso eis que Requerente da medida indeferida.
Tempestiva a apresentação do presente do recurso, nos termos do art. 1.003, §5º do NCPC, visto que fora intimada em 29/04/2020 e que os prazos voltaram a fluir em 04/05/2020 em razão da suspensão em decorrência da pandemia do COVID 19.
Quanto ao preparo, informa que apresenta as guias de recolhimento de preparo ora anexas.
I.2 - NOMES E ENDERÇOS DOS PROCURADORES DAS PARTES
Quanto à apresentação dos nomes e endereços dos advogados constituídos no processo de origem, tem-se que:
Quanto aos patronos do Agravante tem-se que são NOILDO GOMES DO NASCIMENTO, inscrito na OAB/BA 37.150 e seus associados, todos com escritório profissional estabelecido na Rua Professor Leonídio Rocha, nº 221, Centro, Feira de Santana – BA.
Quanto aos patronos do Agravado tem-se que ainda não foram constituídos haja vista que não foi apresentada contestação ou manifestação pela parte Ré.
I.3 - PEÇAS PROCESSUAIS TRANSLADADAS PARA A FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AGRAVO
A Agravante aparelha o presente recurso, com fotocópias autênticas e legíveis de todo o processo de nº 8003514-90.2019.8.05.0049 em trâmite perante a ínclita Vara de jurisdição plena da Comarca de São Felipe - Bahia.
II – SINOPSE FÁTICA
A Agravante faz parte do quadro de servidores públicos do Município de Capim Grosso desde 01/03/2000, exercendo a função de professora nível I, como comprovam os documentos em anexo, ocorre que ao ter deferida a sua aposentadoria perante o INSS o Município de Capim Grosso, ora Agravado, através da Portaria 361/2019, instaurou o Processo Administrativo (PA) 01/2019 para apuração de fato administrativo relacionado a cumulação do cargo público com a sua aposentadoria, haja vista que a lei local prevê como hipótese de vacância do cargo a aposentadoria.
Assim, tendo em vista o risco imediato de exoneração a Impetrante ajuizou um mandado de segurança preventivo o qual foi posteriormente convertido em ação ordinária na medida em que o processo administrativo foi julgado procedente para decretar a exoneração da servidora. 
Ocorre que em que pese toda a fundamentação e documentos apresentados o pedido liminar foi julgado improcedente negando o direito à Impetrante a ser reintegrada enquanto se aguarda o provimento final da ação ordinária. 
Logo, diante da negativa do pedido liminar não resta alternativa a Autora senão o ajuizamento do presente agravo de instrumento para ver reformada referida decisão interlocutória. 
Iii - DO MÉRITO
Compulsando na integra da decisão proferida e rechaçada por meio do presente recurso, observa-se que a MM. Magistrada modificou seu entendimento asseverando que não havia probabilidade do direito invocado, em razão da previsão legal na legislação municipal de vacância do cargo na hipótese aposentadoria. 
Neste sentido, cumpre destacar que não há qualquer irregularidade na situação funcional da servidora pública, eis que ilegal a exoneração compulsória em razão de concessão de aposentadoria por não haver regime próprio de previdência social pelo ente público municipal. 
Frise-se, inclusive, que ainda que tivesse sido implantado o regime próprio de previdência social não haveria vedação a cumulação da aposentadoria com o cargo público, nos termos do art. 37, §10, da CF/88.
A opção da servidora de se aposentar de maneira voluntária pelo regime do INSS não gera, de forma automática, a vacância do cargo, tendo em vista não se tratar de aposentadoria concedida pelo Município, nem de complementação de proventos, não existindo, portanto, causa legal ou jurídica para a exoneração efetuada.
Ainda, cabe ressaltar que a aposentadoria voluntária pelo regime do INSS não provoca a automática vacância do cargo ocupado pela servidora pública, em razão de que não se trata de inativação concedida pelo Município, e que, pois, não lhe pagará qualquer aposentadoria ou pensão.
Nesta senda, tem-se, que a Constituição Federal ao versar sobre a administração pública determina em seu artigo 37, §10º que:
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:  
 
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
 
Numa primeira análise do referido dispositivo legal observamos que não há qualquer proibição do recebimento cumulado da aposentadoria concedida pelo INSS e da remuneração decorrente do cargo do servidor.
Ainda, segundo a Lei 8.213/91 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, a única proibição com relação a aposentadoria é aquela prevista também na Constituição Federal, vejamos:
 
Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social:
II - mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
 
A jurisprudência pátria por sua vez comunga de mesmo entendimento. Vejamos:
 
RECURSOINOMINADO. REINTEGRAÇÃO AO SERVIÇO PÚBLICO. MUNICÍPIO DE CAPÃO DO LEÃO. APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA PELO INSS. VACÂNCIA DO CARGO. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. A parte recorrida, servidor efetivo do Município de Capão do Leão, é regida pela Lei Municipal nº 537/95 - Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Capão do Leão, mas contribuinte do Regime Geral da Previdência Social. Em virtude de aposentadoria junto ao INSS, o Município exonerou a recorrida, sob o argumento de que a concessão de aposentadoria ao servidor é causa de vacância do cargo efetivo, com base no previsto no artigo 35, V, da Lei Municipal nº 537/95, verbis: Art. 35 - A vacância decorrerá de: (...) V - aposentadoria. A opção do servidor se aposentar de maneira voluntária pelo regime do INSS não gera, de forma automática, a vacância do cargo, tendo em vista não se tratar de aposentadoria concedida pelo Município, nem de complementação de proventos, não existindo, portanto, causa legal ou jurídica para a exoneração efetuada, a qual, segundo a prova constante destes autos, não foi precedida de contraditório e de ampla defesa. A lei local não prevê expressamente sobre a possibilidade de exoneração automática de servidores do quadro efetivo que se aposentam pelo Regime Geral de Previdência.... Trata-se, em verdade, de uma prática ilegal reiteradamente adotada por vários municípios do Estado, lastreada, no caso do município em questão, em interpretação ampliativa do art. 35, V, da Lei Municipal 537/95, porém lesivas à Constituição Federal. Assim, a solução jurídica que se impõe ao caso é a declaração parcial de inconstitucionalidade, sem redução de texto, com base na interpretação das normas municipais conforme a Constituição. A manutenção do servidor aposentado junto ao INSS, no cargo público municipal, não causa qualquer lesão ao disposto no artigo 37, § 10, da Constituição Federal, que veda apenas a percepção simultânea de vencimentos com os proventos decorrentes dos artigos 40 ou 42 e 142, também da CF. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. ((TJ-RS - Recurso Cível: 71006855761 RS, Relator: Mauro Caum Gonçalves, Data de Julgamento: 26/07/2017, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 08/08/2017; grifo nosso)
 
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA PELO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. EXONERAÇÃO AUTOMÁTICA DO CARGO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Servidores públicos efetivos atrelados ao Regime Geral de Previdência, por ausência de regime próprio; 2. A aposentadoria voluntária pelo regime do INSS não provoca a automática vacância do cargo ocupado pelo servidor público, pois a inativação não foi concedida, nem será custeada pelo Município; 3. Desligamento efetuado sem oportunidade de contraditório e ampla defesa. Impossibilidade; 4. Incabível o uso de mandado de segurança como ação de cobrança. Súmula 269/STF; 5. Reexame necessário e recurso voluntário conhecidos. Apelação desprovida e, em reexame, sentença alterada em parte. (TJ-PA - APL: 00063774620138140040 BELÉM, Relator: CELIA REGINA DE LIMA PINHEIRO, Data de Julgamento: 11/09/2017, 1ª TURMA DE DIREITO PÚBLICO, Data de Publicação: 29/09/2017; grifo nosso).
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORA PÚBLICA. APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA PELO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. PERMANÊNCIA NO CARGO. POSSIBILIDADADE. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a aposentadoria voluntária do servidor junto ao INSS não rompe, por si só, o vínculo funcional estatutário com o Município, razão pela qual, inexiste vedação à permanência no cargo público. NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70074159666, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira, Julgado em 09/08/2017;grifo nosso).
 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. SERVIDORA PÚBLICA MUNICIPAL. EXONERAÇÃO. POSSIBILIDADE DE PERMANÊNCIA NO CARGO PÚBLICO APÓS A APOSENTADORIA PELO RGPS. FONTES DE CUSTEIO DISTINTAS. DIREITO À REINTEGRAÇÃO E À REMUNERAÇÃO DEVIDA NO PERÍODO DE AFASTAMENTO. A aposentadoria pelo RGPS não acarreta a extinção do vínculo estatutário com a Administração Pública, uma vez que a remuneração e os proventos de inatividade têm fontes de custeio diferentes, não gerando cumulação indevida. A nulidade do ato de exoneração impõe a reintegração ao serviço público, garantidos os vencimentos, direitos e vantagens inerentes ao cargo, desde o desligamento indevido. Apelo improvido. Sentença confirmada em reexame necessário. (Classe: Apelação, Número do Processo: 0001395-16.2014.8.05.0133, Relator (a): Rosita Falcão de Almeida Maia, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 22/02/2018; grifo nosso).
 
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS DECORRENTES DE APOSENTADORIA NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL COM REMUNERAÇÃO DE CARGO PÚBLICO: POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO E RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDOS. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário interposto com base na al. a do inc. III do art. 102 da Constituição da República contra o seguinte julgado da Segunda Turma Cível e Criminal do Colégio Recursal de Amparo/SP: “Trata-se de demanda na qual a recorrida, na qualidade de professora – servidora pública municipal, pretende a restituição ao cargo, a percepção dos vencimentos no período de afastamento, indenização moral, ao fundamento de que fora ilegalmente destituída do quadro funcional, pela Portaria n. 327/2013, após aposentar-se voluntariamente pelo Regime Geral da Previdência Social. (…) Resta incontroverso nos autos a aposentadoria voluntária da recorrida por tempo de contribuição, pelo RGPS, valendo-se, para tanto – e ao que tudo indica -, do tempo de trabalho como servidora pública no cargo de professora, ao qual almeja a reintegração pela presente. Ora, a percepção de aposentadoria simultaneamente a da remuneração de cargo, emprego ou função pública se mostra proscrita, porquanto não versa a hipótese, in casu, sobre qualquer dos casos constitucionalmente previstos (cargos acumuláveis, eletivos e os em comissão), consoante disposto no artigo 37, § 10, da Constituição Federal. (…) Tem-se, portanto, que a aposentação implica rompimento do vínculo jurídico-funcional mantido pelo servidor com a Administração Municipal, surgindo para o inativo um direito vitalício de natureza previdenciária, por meio do qual passa a usufruir de prestações periódicas e proventos de aposentadoria enquanto viver. Com efeito, dentre as causas legais previstas no Estatuto dos Funcionários Públicos Municipais do Município de Pedreira (Lei Municipal n. 1.745/94), há expressa previsão da aposentadoria como hipótese de declaração de vacância. (…) Destarte, em razão da vacância do cargo público com a aposentação do servidor que anteriormente o ocupava, a Administração fica livre para prover o posto vago por meio de promoção ou mesmo nomeação, permitindo-se que outros servidores sejam investidos no cargo vazio e preencham aquele lugar da estrutura administrativa. (…) Bem por isso, não há que se falar em ofensa ao devido processo legal pela ausência de procedimento ou processo administrativo prévios, dado que, acarretando automaticamente a aposentadoria a vacância do cargo, configura-se ato vinculado da administração o desligamento da recorrida de suas funções. Logo, prescindível a instauração do aludido processo, pois, ao contrário do argumentado, não se trata de ‘demissão’. (…) Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso e julgar improcedentes os pedidos formulados” (fls. 316-321). 2. A Agravante alega contrariados os arts. 5º, inc. LIV, 37 e 41 da Constituição da República, asseverando que “talvez o v. Acórdão tenha entendido, embora muito bem explicitado na inicial e nas contrarrazões, que se trata de aposentadoria por sistema próprio de previdência, mas, convém repetir com todas as letras, que a aposentadoria ocorreu pelo INSS e por isso não teve necessidade de pedira destituição do cargo de professora concursada” (fls. 324- 331). 3. O recurso extraordinário foi inadmitido sob os fundamentos de insuficiência da preliminar de repercussão geral e de ausência de ofensa constitucional direta. Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 4. No art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei n. 12.322/2010, estabeleceu-se que o agravo contra inadmissão de recurso extraordinário processa-se nos autos do recurso, ou seja, sem a necessidade da formação de instrumento, sendo este o caso. Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja decisão se terá, na sequência, se for o caso, exame do recurso extraordinário. 5. Afastam-se os fundamentos da decisão agravada, pois a Agravante cumpriu a exigência prevista no art. 543-A, § 2º, do Código de Processo Civil e a matéria tratada na espécie tem natureza constitucional. Superados esses óbices, de se concluir assistir razão jurídica à Agravante. 6. Consta da sentença reformada pela Turma Recursal: “Extrai-se dos autos que a Autora é servidora pública do Município de Pedreira desde 06.02.2001, nomeada no cargo de Professora de Educação Básica I, Anexo VIII, Tabela I, Faixa I, Nível IV (fls. 38), aposentou-se pelo INSS em 29.10.2012, mas continuou no exercício de suas funções do cargo efetivo até 16.04.2013. Todavia, foi destituída do cargo em 16.04.2013, por força da portaria n. 327/2013, que fundamentou o ato no art. 62, inciso V, da Lei n. 1.745/94 (fls. 39). (…) Assim, primeiramente, nos termos da doutrina e da lei municipal n. 1.745/1994 a autora não podia ser destituída do cargo público. Não há previsão legal para a figura da destituição. A autora somente poderia ser exonerada ou demitida, pois não foi admitida pela CLT, mas pelo Regime Jurídico dos Funcionários Públicos do Município de Pedreira. (…) Não é ilícita a acumulação dos proventos de aposentadoria pelo RGPS e a remuneração do cargo efetivo. O art. 37, § 10, da Constituição Federal preceitua: ‘Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (…) § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração’. O referido comando constitucional se refere à cumulação de proventos e remuneração de servidores públicos, militares e membros das Forças armadas cujo regime de previdência é de caráter contributivo e solidário, e não da cumulação de aposentadoria do regime geral com a remuneração de cargo público. O art. 40, § 6º, da Constituição Federal também destaca que ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo, ou seja, a vedação se dá quanto à acumulação de aposentadorias oriundas do regime de previdência dos servidores de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. Sobre a possibilidade de acumulação da aposentadoria pelo regime geral com exercício de cargo público, o Supremo Tribunal já decidiu: ‘O Município confere à norma apontada como infringida, ou seja, ao § 10 do artigo 37 da Constituição Federal, alcance que o dispositivo não tem. (…) A recorrida aposentou-se pelo regime geral de previdência social, não havendo, assim, a impossibilidade de assumir o novo cargo. (...)’ (RE 387.269/SP, Relator Ministro Marco Aurélio, j. 17.12.2004). Assim, é lícita a cumulação de aposentadoria pelo regime geral da previdência e o exercício de cargo público, uma vez que ausente a vedação constitucional para tanto, razão pela qual é ilegal, materialmente, a Portaria n. 327/2013, que exonerou a autora do cargo, devendo a mesma ser reintegrada. Ao exame do caderno processual, todavia, não há como reconhecer que a exoneração da servidora foi apta a ensejar dano moral, pois, para que seja caracterizado tal dano e o dever de indenizar é necessário que ocorram requisitos exigidos à responsabilidade civil. Pelo alegado nos autos, a conduta levada a termo pela Portaria n. 327/2013 caracterizou não mais que constrangimento, tendo em vista que a exoneração, por si só, não constitui situação vexatória que resulte em dano moral indenizável. Quanto à alegação de assédio moral para obrigar a autora a gozar a licença prêmio (fls. 228), tal questão não pode ser objeto de análise nestes autos, sob pena de ferir o princípio do devido processo legal, da ampla defesa e da congruência, segundo o qual a sentença está limitada ao pedido feito na inicial, que não pode ser alterado pelo autor após a citação. DIANTE DO EXPOSTO, julgo parcialmente procedente o pedido para: A) reconhecer a nulidade da Portaria n. 327/2013; B) determinar a reintegração da autora no cargo de Professora de Educação Básica I, Anexo V, Tabela I, Faixa I, Nível XII, com efeitos ex tunc; C) condenar o Município réu a pagar o valor dos vencimentos e vantagens pelo período em que foi afastada, acrescidos de juros de mora de um por cento ao mês e correção monetária pelos índices da Corregedoria de Justiça do TJSP. Sem condenação em honorários advocatícios e custas nesta fase” (fls. 257-260). A sentença harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal, que assentou ser possível a acumulação de proventos decorrentes de aposentadoria no Regime Geral de Previdenciária Social com remuneração de cargo público, pois, nesse caso, não há acumulação vedada pela Constituição Federal: “RECLAMAÇÃO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO PROFERIDA NO JULGAMENTO DAS AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE 1.721/DF E 1.770/DF. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. I – O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da ADI 1.770/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, e da ADI 1.721/DF, Rel. Min. Ayres Britto, declarou inconstitucionais o § 1º e o § 2º do art. 453 da CLT, sob o fundamento de que a mera concessão da aposentadoria voluntária ao trabalhador não tem por efeito extinguir, instantânea e automaticamente, o seu vínculo de emprego. II – A contrario sensu, pode-se afirmar, então, que é permitido ao empregado público requerer a aposentadoria voluntária no Regime Geral de Previdenciária Social e continuar trabalhando e, consequentemente, recebendo a respectiva remuneração. Isso porque em tais situações não há acumulação vedada pela Constituição Federal. III – Agravo regimental a que se nega provimento” (Rcl n. 9762-AgR, Plenário, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 31.5.2013). “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS DECORRENTES DE APOSENTADORIA NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL COM REMUNERAÇÃO DE CARGO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (ARE n. 796.044-AgR, de minha relatoria, Segunda Turma, DJe 13.6.2014)
 
Observa-se, portanto, que não há vedação legal a cumulação da aposentadoria com o cargo público já desenvolvido pela servidora, restando comprovada a regularidade de sua situação funcional e, por conseguinte a probabilidade do direito invocado.
Por outro lado, cumpre destacar ainda que no Município de Capim Grosso é alarmante o número de servidores contratados temporariamente por interesse meramente político, ou seja, as vagas provenientes da exoneração compulsória das servidoras(es) aposentadas (os) refletem mais uma manobra municipal para abrir vagas que serão ocupadas por contratos precários.
O perigo da demora, por sua vez, resta comprovado na medida em que se trata de verba de natureza alimentar e que a ausência de pagamento certamente importará em prejuízo ao seusustento, inclusive porque a aposentadoria da servidora é em valor bem aquém daquele recebido referente à aposentadoria.
IV – DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA 
A medida liminar de urgência é admitida quando evidenciada a probabilidade do direito e havendo justificado perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, consoante arts. 294 e 300 do NCPC. 
A antecipação de tutela inaudita altera pars constitui providência de urgência que visa resguardar ao Suplicante dos efeitos nocivos do tempo até que se decida em definitivo o direito reclamado, tendo em vista a utilidade do decisum, visando a salvaguardar o direito ao pronunciamento judicial que será dado ao final.
Como afirma Othon Sidou, “A liminar é medida administrativa de juízo e só em Medidas Liminares é tomada no exclusivo intuito de garantir a inteireza da sentença.”, na Doutrina e Jurisprudência. Reis Friede: ed. Del Rey, Belo Horizonte, 1999, p. 37.
Com efeito, presente a grave lesão ao direito da Agravante a medida liminar atua como remédio jurídico para resguardar, de forma urgente e imediata, o provimento jurisdicional a ser concedido ao final.
Nesses termos, a pretensão aqui discutida encontra-se perfeitamente protegida pelo ordenamento jurídico, pois presentes o fumus boni juris e o periculum in mora, para reformar o pedido liminar deferido.
O fumus boni juris resta comprovado diante de todo o exposto no presente recurso, na inicial e nos documentos carreados aos autos, os quais logram comprovar que não há qualquer justificativa plausível para o indeferimento do pedido de reintegração. 
O periculum in mora, por sua vez, resta comprovado na medida em que caso seja a Agravante efetivamente exonerada e/ou não seja reintegrada certamente seu sustento restará prejudicado haja vista o imenso prejuízo financeiro suportado.
Outrossim, não restam dúvidas quanto a necessidade de reforma da decisão interlocutória uma vez que preenchidos os requisitos autorizadores da concessão da liminar quais sejam fumus boni iuris e periculum in mora. 
V – Do Pedido
Ante o exposto, o Agravante requer:
a) Seja deferido o pedido liminar para determinar que seja reformada a decisão que negou o pedido de tutela de urgência para determinar a reintegração da servidora;
b) Seja conhecido e provido o presente recurso com o fito de REFORMAR em definitivo a decisão ora Agravada, concedendo o pedido de tutela de urgência para determinar que o Município reintegre a servidora, mantendo suas atividades e vencimentos enquanto se aguarda o provimento final da presente ação.
c) seja intimado o Agravado, na pessoa de seu patrono, para, querendo, responder ao presente Agravo, consoante o disposto no art. 1.019, II, do CPC/15.
Dar-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais)
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Capim Grosso – Bahia, 05 de maio de 2020.
XXXXXXXXXXXXXX
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