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FACULDADE SÃO CAMILO – MG 
INSTITUIÇÃO CHANCELADORA 
 
CURSO DE ESPERCIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E 
PSICANÁLISE APLICADAS À EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS RELACIONADOS COM O SONO: IMPACTO NA ROTINA 
ESCOLAR DE ADOLESCENTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ DONIZETTI DOS SANTOS 
ORIENTADOR: EDSON GOMES TRAVASSOS 
 
 
 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE, 2012 
 
 
 
JOSÉ DONIZETTI DOS SANTOS 
 
CURSO DE ESPERCIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E 
PSICANÁLISE APLICADAS À EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS RELACIONADOS COM O SONO: IMPACTO NA ROTINA 
ESCOLAR DE ADOLESCENTES 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como exigência parcial 
para obtenção do título de 
especialista em Neurociências e 
Psicanálise Aplicadas à Educação. 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE SÃO CAMILO – MG 
BELO HORIZONTE, 2012
 
 
 
PROBLEMAS RELACIONADOS COM O SONO: IMPACTO NA 
ROTINA ESCOLAR DE ADOLESCENTES 
 
 
JOSÉ DONIZETTI DOS SANTOS 
 
 
 
Monografia aprovada pela Faculdade São Camilo – MG, como exigência 
parcial para obtenção do título de Especialista em Neurociências e 
Psicanálise Aplicadas à Educação. 
 
 
Data: _______ de __________ de 2012. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
------------------------------------------------- 
 Prof. Edson Gomes Travassos, Mestre. 
 
 
 
------------------------------------------------- 
Profa. Lucília Panisset Travassos, Dra. 
 
 
 
 
 
------------------------------------------------- 
Prof. Edson Gomes Travassos, Mestre 
 
 
 
 
 
 
DECLARAÇÃO DE AUTORIA 
 
 
 
 
Eu, José Donizetti dos Santos, identidade nº 9580.433, emitida pela SSP/SP, 
declaro para os devidos fins e sob as penas da lei, que o trabalho que versa sobre: 
PROBLEMAS RELACIONADOS COM O SONO: impacto na rotina escolar de 
adolescentes é da minha única e exclusiva autoria, estando a FACULDADE SÃO 
CAMILO-MG autorizada a divulgá-lo, mantendo cópia em biblioteca, sem ônus 
referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação do 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E PSICANÁLISE 
APLICADAS À EDUCAÇÃO. 
 
 
 
 
Belo Horizonte, ____ de _________________ 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
__________________________________ 
Assinatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Percebe-se na atual realidade educacional, que os problemas relacionados ao sono, 
principalmente entre os adolescentes, sobretudo pela escassez ou pela má 
qualidade do mesmo, afetam direta e significativamente tanto o estado de ânimo 
quanto o rendimento escolar e a qualidade das relações interpessoais dos 
estudantes. Esta pesquisa possibilitará uma compreensão de conceitos, funções, 
distúrbios e os principais impactos dos problemas do sono e ainda a importância do 
sono no aprendizado. Apresentará uma pesquisa feita no Colégio Maria Clara 
Machado sobre a rotina do sono dos alunos do Ensino Médio. A metodologia do 
trabalho foi feita através de um levantamento da literatura e consultas a revistas 
especializadas sobre o tema e seus sites. Caracteriza-se uma pesquisa do tipo 
exploratória com caráter qualitativa. O resultado do estudo mostra que a maioria dos 
estudantes dorme entre 22h-23h e 5h-6h, em média 7-8 horas diárias dormidas, e 
ainda evidencia a importância da saúde do sono para o desenvolvimento dos 
adolescentes, do desempenho escolar e nas relações interpessoais. 
 
 
Palavras-chave: Cérebro, Sono, Escola e Adolescência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 
1.2 ESTÁGIOS DO SONO ................................................................................... 9 
1.2.1 Sono REM ................................................................................................ 10 
1.2.2 Sono NREM ............................................................................................. 11 
1.3 PRIVAÇÃO DO SONO E SUAS CONSEQUÊNCIAS .................................. 12 
1.4 PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DO SONO ........................................................ 14 
1.5 A IMPORTÂNCIA DO SONO NO APRENDIZADO ..................................... 18 
1.6 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 20 
1.7 OBJETIVOS ................................................................................................. 20 
1.7.1 Objetivo geral .......................................................................................... 20 
1.7.2 Objetivos específicos ............................................................................. 20 
2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 21 
2.1 PERFIL DA EMPRESA E DOS ESTUDANTES .............................................. 21 
2.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 21 
2.2.1 Metodologia .............................................................................................. 22 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 24 
4 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 30 
APÊNDICE ................................................................................................................ 31 
ANEXOS ................................................................................................................... 32 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O trabalho apresentado tem como tema os problemas relacionados com o 
sono e seu impacto na rotina escolar de adolescentes. Para tanto, serão 
apresentados conceitos relacionados ao sono e sua função; as privações do sono e 
suas consequências; os principais distúrbios do sono; a importância do sono no 
aprendizado e diante dessas informações será apresentado o resultado um estudo 
de caso referente à quantidade e qualidade do sono. 
Este estudo é delimitado da seguinte forma: Os problemas relacionados com 
o sono e seu impacto na rotina escolar de adolescentes no Colégio Maria Clara 
Machado com estudantes em idade entre 16 a 18 anos, matriculados no Ensino 
Médio no ano de 2011. 
O presente trabalho pretende responder à seguinte questão: Como os 
problemas relacionados com o sono podem interferir na rotina escolar de 
adolescentes no Colégio Maria Clara Machado? 
A hipótese do estudo baseia-se na má qualidade, que afeta o rendimento 
escolar e o humor dos adolescentes em fase escolar. 
Sabe-se que o ideal saudável seria que os adolescentes dormissem cerca de 
oito ou nove horas por noite, para que pudessem atuar sempre em melhores 
condições nas diversas atividades diárias, sobretudo, no ambiente escolar já que é 
na escola que os mesmos passam boas horas do seu dia. O trabalho será dividido 
da seguinte forma: 
1. Capítulo I: introdução, conceitos, função, estágios do sono; privação do sono 
e suas consequências, principais distúrbios do sono; a importância do sono 
no aprendizado; 
2. Capítulo II: desenvolvimento, perfil pesquisado, métodos e metodologia; 
3. Capítulo III: apresentação dos resultados obtidos; 
4. Capítulo III: conclusão. 
8 
 
 
1.1 O SONO 
 
Muitas pessoas analisam o cérebro como uma massa cinzenta, misteriosa, do 
qual é utilizado uma pequena parte, cerca de 10% da sua capacidade. Para os 
neurocientistas o cérebro é um órgão muito eficiente, que se adapta de maneira 
excepcional ao longo do tempo, empregando uma de suas capacidades chamada de 
neuroplasticidade. 
A neuroplasticidade ou plasticidade cerebral refere-se à capacidade do 
cérebro em remapear as conexões das células nervosas, possibilitando a 
continuidade da aprendizagem e tem a ver com o modo como o cérebro age e reage 
frente às experiências enriquecedoras vividas pela pessoa em seu cotidiano. As 
característicasneuroplásticas do cérebro influenciam mais de 100 bilhões das 
células nervosas ao longo da vida humana, criando novos caminhos para 
comunicação neural. É a neuroplasticidade que permite a pessoa aprender, 
memorizar e se adaptar às novas experiências e situações inovadoras. 
Para Restak (2010, p. 68) “o aprendizado de algo novo envolve o 
estabelecimento de um caminho dentro do cérebro feito de milhões de células 
cerebrais. Conforme aprendemos mais, esses caminhos aumentam em 
complexidade”. Desta forma, aprender aumenta as interações entre os neurônios, 
mantendo o cérebro vivo e ativo. O autor ainda apresenta outras formas de manter o 
cérebro otimizado e em perfeita harmonia: cuidar da alimentação, reduzindo calorias 
ingeridas, exercitar-se regularmente e ter um sono saudável. 
Estudos mostram a existência de um “relógio biológico” ou oscilador biológico 
associado a hormônios e à luz que controla o ciclo circadiano o qual regula a hora 
de dormir à noite e a hora de acordar pela manhã. Esse aparelho fica numa região 
chamada núcleo supraquiasmático (NSQ) são feixes de neurônios que fazem parte 
do hipotálamo. 
O ciclo circadiano também regula o período em que a temperatura do corpo 
varia, aumentando ou diminuindo, quando a memória mecânica (memorização por 
9 
 
 
meio de repetição) e a coordenação são melhores e ainda os horários que ocorrem 
maior probabilidade de ataques de doenças cardíacas. 
O sono é uma função extremamente importante para restauração do 
metabolismo energético cerebral, auxilia no crescimento, no desenvolvimento e na 
consolidação da memória e do aprendizado no ser humano. 
Sono é definido: 
Como um estado funcional, reversível e cíclico, com algumas manifestações 
comportamentais características, como uma imobilidade relativa e o 
aumento do limiar de resposta aos estímulos externos. Em termos 
orgânicos ocorrem variações dos parâmetros biológicos, acompanhados por 
uma modificação da atividade mental, que correspondem ao 
comportamento de dormir Buela (1990 apud MARTINS; MELLO e TUFIK, 
2011). 
 
Desta forma, a boa qualidade do sono está diretamente ligada a uma vida 
saudável. Mathias; Sanches e Andrade afirmam que o sono: 
é imprescindível para a manutenção de uma vida saudável. A falta e/ou 
hábitos inadequados de sono repercutem nas atividades de aprendizado 
dentro e fora da escola, e podem causar: diminuição da motivação e 
concentração, déficit de memória, sonolência diurna, alterações de humor, 
queda da imunidade, entre outras (MATHIAS; SANCHES E ANDRADE, 
2004). 
 
1.2 ESTÁGIOS DO SONO 
 
Durante o sono, o cérebro continua em constante atividade do sistema 
nervoso, desenvolvendo inúmeras funções e sincronizando entre os tipos do sono; o 
sono de ondas lentas (NREM) e o sono de movimentos rápidos (REM). Eles se 
alternam cerca de 90 minutos a cada ciclo, repetindo em torno de quatro vezes por 
noite. 
A sincronização-dessincronização das ondas do EEG do sono NREM-REM e 
vigília se dão através da: 
 
10 
 
 
Atividade neural nos circuitos tálamo-corticais (núcleos reticulares do tálamo 
e córtex cerebral), decorrentes da interação entre os núcleos 
monoaminérgicos e colinérgicos do tronco encefálico. O sistema 
monoaminérgico reticular ativador ascendente é constituído pelos núcleos 
dorsais da rafe (NDR serotoninérgico), locus ceruleus (LC noradrenérgico) 
do tronco cerebral e núcleo tuberomamilar (NTM histaminérgico) do 
hipotálamo posterior, que se projetam difusamente para o córtex e núcleos 
reticulares do tálamo (ALÓE; AZEVEDO e HASAN, 2005). 
 
1.2.1 Sono REM 
 
Restak (2010, p. 55) conceitua o sono de movimentos rápido dos olhos como 
REM (Rapid Eye Movements), conhecido como a fase do sono com sonhos e “é 
caracterizado por ondas cerebrais que mais se assemelham àquelas encontradas 
durante o estado acordado.” 
Macdonald (2010, p. 61) acrescenta que no sono REM os olhos se 
movimentam rapidamente debaixo das pálpebras, para cima e para baixo. No 
entanto, o resto do corpo fica paralisado, agindo preventivamente para que o 
indivíduo não se machuque ao vivenciar sonhos violentos. Neste estágio, se a 
pessoa acordar, certamente se lembrará do sonho vivido. Sonhar é uma 
necessidade neurofisiológica, quando ocorre o sonho se dá a consolidação da 
memória, do aprendizado e regula as emoções. 
O eletroencefalograma (EEG) de sono REM é caracterizado por ondas 
dessincronizadas e de baixa amplitude. Nesta fase, também chamada de sono 
paradoxal, o cérebro está altamente ativo e seu metabolismo pode ser aumentado 
em torno de 20%. 
Além disto, durante esse ciclo há aumento dos batimentos cardíacos, da 
respiração, da pressão arterial e são liberados hormônios supra-renais na corrente 
sanguínea, auxiliando a redução do estresse, melhorando o metabolismo e 
colaborando na resistência contra infecções. 
11 
 
 
Macdonal (2010, p. 63) informa que “Neurocientistas coletaram algumas 
evidências persuasivas que sugerem que o sono REM ajude a refazer suas 
conexões, integrar novas memórias e treinar-se para importantes tarefas”. 
Estudos mostram que o sono REM parece aumentar a capacidade de 
aprender e melhorar o desempenho de atividades que envolvam a memória 
procedimental (tipo de memória a longo prazo, constituída por tarefas motoras, 
hábitos e respostas simples) como caminhar, jogar tênis, andar de bicicleta, 
adquiridas mediantes a prática. 
Segundo Macdonal (2010, p. 65) o sono REM administra as emoções e ajuda 
a estabilizar o humor. Para ele, “se o sono administra as emoções, ele o faz 
permitindo que os escombros emocionais da vida sejam abordados, reconciliados e 
neutralizados”. 
 
1.2.2 Sono NREM 
 
Durante o sono não-REM (NREM – Non-Rapid Eye Movements) ou sono 
sincronizado com ondas lentas aparecem quatro estágios ou fases em grau 
crescentes de atividades. No sono NREM há profundo repouso físico, a corrente 
sanguínea baixa, os músculos relaxam e o metabolismo basal cai entre 10 a 30%. 
Essa fase corresponde a 75% do período do sono, é quando há liberação de 
hormônios do crescimento (GH) e da leptina, renovando e reparando os tecidos do 
corpo. 
O sono NREM é caracterizado pela presença de ondas sincronizadas no 
eletroencefalograma e pode ser subdividido em quatro fases: estágio 1, 2, 3 e 4 (3 e 
4 equivalem ao sono de ondas lentas ou sono delta). 
Na 1ª fase: a Melatonina é liberada, induzindo o sono (sonolência) com 
semiconsciência, fase em que a pessoa é facilmente despertada. A respiração 
diminui e pode apresentar imagens hipnagógicas (alucinações visuais e auditivas). 
12 
 
 
A 2ª fase dura em média de 5 a 15 minutos e o sono é leve. A atividade 
cerebral diminui, mas há breves picos de atividades chamados de fusos do sono, 
com duração de um a dois segundos; diminuem o ritmo cardíaco e respiratório, 
relaxam-se os músculos e cai a temperatura corporal. 
Já a 3ª fase é um período de transição do sono que se aprofunda, muito 
semelhante a 4ª fase, diferenciada em relação ao nível de profundidade do sono, 
caindo ainda mais o ritmo cerebral. 
Nas últimas fases (3ª e 4ª) ocorre o pico de liberação do GH e da leptina: o 
cortisol começa a ser liberado (sono profundo) até atingir seu pico, no início da 
manhã. Os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea diminuem, as ondas 
cerebrais tornam-se lentas, chamadas de ondas deltas. Nesse estágio, o corpo 
repõe as energias, o organismo libera hormônios do crescimento, de restauração e 
recuperação de células e órgãos. É na 4ª fase do sono que as pessoas falam 
dormindo e apresentam o sonambulismo. 
 
1.3 PRIVAÇÃO DO SONO E SUAS CONSEQUÊNCIAS 
 
As perturbações do sono podem acarretar alterações significativas nas 
funções essenciais do corpo, como no físico, cognitivo e social; consequentemente o 
indivíduo perde a sua qualidade de vida, podendo apresentar transtornos 
psiquiátricos, emocionais, irritabilidade e falta de concentração, diminuindoassim 
seu desempenho na vida profissional e acadêmica. 
Para Müller e Guimarães: 
os distúrbios do sono provocam conseqüências adversas na vida das 
pessoas por diminuir seu funcionamento diário, aumentar a propensão a 
distúrbios psiquiátricos, déficits cognitivos, surgimento e agravamento de 
problemas de saúde, riscos de acidentes de tráfego, absenteísmo no 
trabalho, e por comprometer a qualidade de vida (MÜLLER; GUIMARÃES, 
2006, p. 01). 
Segundo Macdonald (2010, p. 55) pessoas privadas de sono por dez dias 
apresentaram alucinações e confusões mentais, sem efeitos a longo prazo, já 
13 
 
 
aquelas que ficaram sem dormir por muitos dias, apresentaram microssono 
(fenômeno que causa desligamento do cérebro por alguns segundos), deixando o 
indivíduo sem noção do que está acontecendo no momento. O autor ainda completa 
que privação do sono em curto prazo, apresenta os seguintes detalhes: 
a) Falta de atenção e concentração; 
b) Queda no tempo de reação, as pessoas tornam-se mais lentas; 
c) Alteração do humor, irritabilidade, falta de paciência e depressão; 
d) Ganho de peso: devido aos distúrbios na liberação de leptina e grelina 
(hormônios reguladores do apetite), podem também aumentar os 
hormônios do estresse como cortisol e alterar a resistência à insulina, 
contribuindo para o ganho de peso. 
Guerrero, Aguilar e Medina complementam que a privação do sono afeta o 
desempenho das pessoas nas tarefas aritméticas e psicomotoras, retardando o 
desenvolvimento desses processos; a aprendizagem e a memorização sofrem 
déficits significativos. 
Os efeitos da privação do sono também são evidentes no sistema nervoso 
autônomo, onde encontram-se os seguintes distúrbios: diminuição da 
temperatura corporal, pressão arterial, frequência cardíaca, resistência 
elétrica da pele, assim como a diminuição das respostas vegetativas frente 
aos estímulos (GUERRERO, AGUILAR; MEDINA, 2008, p. 69). 
 
Para Louzada & Barreto (2007, p. 83), a sonolência é a consequência mais 
direta da privação do sono, contribuindo, em muitas situações, para a geração de 
conflitos, prejudicando a relação interpessoal e está também associada à tendência 
a breves lapsos mentais, ou seja, microepisódios de sono. 
A sensação de fadiga é outro sintoma da privação de sono e inclui mudanças 
na motivação, na persistência nas atividades em andamento consequentemente 
diminuindo a autoestima e o rendimento nas tarefas diárias. 
Outros efeitos comportamentais citados por Louzada & Barreto (2007) são 
irritabilidade, mau humor e baixa tolerância à frustração, podendo aumentar ainda 
14 
 
 
mais a irritabilidade, a sensação de tristeza, a agressividade, a desatenção e 
dificuldade no controle das respostas emocionais. 
Com o passar do tempo, tantas horas sem dormir podem transformar-se 
numa deficiência do sono. Os distúrbios do sono desencadeiam 
conseqüências adversas à saúde e ao bem-estar dos indivíduos, afetando o 
trabalho, a cognição, os relacionamentos e o funcionamento diário, com 
diferentes desdobramentos a curto, médio e longo prazo (MÜLLER; 
GUIMARÃES, 2006). 
O termo ladrões de sono utilizado pelo pesquisador canadense Stanley 
Coren, segundo Louzada & Barreto (2007, p. 39), identifica as diferentes causas da 
privação de sono na sociedade contemporânea, sendo que tais ladrões afetam mais 
diretamente os adolescentes. 
 
Como sabemos, a entrada na puberdade desencadeia inúmeras mudanças 
no organismo e no comportamento dos adolescentes. Uma das mudanças 
observadas é o atraso nos horários de dormir e acordar. Entretanto, os 
horários escolares não acompanham esse atraso (LOUSADA, BARRETO, 
2007, p. 80). 
 
 
1.4 PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DO SONO 
 
Os distúrbios do sono (DS) são comuns na população geral, podem ocorrem 
em qualquer faixa etária e suas consequências oferecem danos à saúde e à vida 
social. Os distúrbios do sono ou os transtornos do sono (TS) podem aparecer em 
qualquer época da vida humana e em qualquer idade, com suas características 
específicas relacionadas aos períodos etários. 
Evidências clínicas e experimentos mostram que os distúrbios do sono têm 
inúmeras causas fisiológicas, mentais e ambientais, como aspectos emocionais e 
orgânicos, depressão, estresse, obesidade, tabagismo, alcoolismo, doenças renais, 
cardíacas e respiratórias, diabetes, acromegalia, refluxos gastroesofágicos, dentre 
outros. 
Segundo a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD 2ª 
edição, Softbound, 2005), os distúrbios do sono são catalogados baseando-se no 
seu sintoma principal como: 
15 
 
 
a) Insônias. 
Dentro das dissonias, a insônia é o mais frequente transtorno na população 
geral, caracterizada pela dificuldade persistente em iniciar ou manter o sono, 
despertar precoce e a sensação de não ter um sono reparador. O paciente deve ter 
ao menos uma dessas moléstias diurnas para se diagnosticar a insônia: 
irritabilidade, fadiga, déficit de atenção, da memória e do aprendizado, sonolência e 
mal-estar. 
Além disso, o rendimento escolar e/ou laboral se deteriora afetando todas 
as atividades sociais. Ainda, se apresentam alterações no estado de ânimo, 
falta de energia, de motivação e iniciativa. Também podem se apresentar 
sintomas somáticos como dor de cabeça e tensão muscular (GUERRERO, 
AGUILAR, MEDIANA, 2008, p.18). 
 
b) Distúrbios Respiratórios Associados ao Sono: Síndromes de Apneia, 
Hipoventilação e outros transtornos respiratórios relacionados ao sono. 
São distúrbios da respiração ocorridos por obstrução parcial, completa ou 
prolongada das vias aéreas superior durante o sono, originada por uma disfunção 
cardíaca ou do sistema nervoso central. 
Na síndrome de apneia obstrutiva do sono se apresenta uma obstrução na 
via aérea do fluxo do ar, portanto alteração da ventilação, apesar da 
presença de movimentos respiratórios frequentemente intensos, tentando 
evitar a obstrução (GUERRERO; AGUILAR; MEDIANA, 2008, p. 21). 
 
Segundo Mól (2008 apud REIMÃO; VALLE; ROSSINI, 2008, p.90) “a 
síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é classificada como uma dissonia e 
consiste na parada do fluxo aéreo buconasal, por dez segundos ou mais, com 
persistência do esforço ventilatório (diafragmáticos)”. 
 
c) Hipersonias de origem central não causadas por distúrbios de ritmo circadiano do 
sono, nem distúrbios respiratórios relacionados ao sono ou outras causas de 
sono noturno interrompido: Narcolepsias, Hipersonias, Síndrome de sono 
insuficiente induzido condutivamente. 
16 
 
 
As hipersonias são caracterizadas por excesso de sono diurno, que não é 
relacionado com algum transtorno ou dificuldade de sono noturno, nem a trocas no 
ritmo circadiano. Durante o dia, o indivíduo é incapaz de manter-se desperto e 
atento às atividades. 
A narcolepsica (inclusa neste grupo pelo ICSD-2, 2005) é caracterizada por 
excesso de sonolência diurna e cataplexia, paralisia do sono e alucinações 
hipnagógicas e hipnopômpicas. 
Alguns de seus sintomas consistem em tendência para passar 
imediatamente de estado de vigília para a fase de sono REM, sem passar 
por sono NREM como normalmente sucede. Além disso, se apresentam 
dissociados os comportamentos das fases de sono REM (GUERRERO, 
AGUILAR; MEDINA, 2008, p. 24). 
“Cataplexia, caracterizada pela perda súbita e reversível do tônus muscular, é 
considerada o segundo sintoma mais presente nos casos de narcolepsia”, afirmam 
Rovere, Rossini e Reimão (2008, p. 79). 
 
d) Distúrbios do Ritmo Circadiano do sono. 
Esse transtorno do sono se manifesta por descompasso entre o período do 
sono e o ambiente físico e social de 24 h. 
Consistem em atrasos para começar dormir e para acordar comparados aos 
horários socialmente estabelecidos. Em outros casos, há o adiantamento do início 
da sonolência durante a tarde e despertar muito cedo. 
No caso do tipo fase sono-vigília irregular, consiste na ausência de um ritmo 
circadiano definido deste período,apresentando um desequilíbrio total no transcurso 
das 24 horas do dia. 
 
e) Parassonias: Distúrbios do despertar (Aurousal) do sono REM; Parassonias 
usualmente associadas ao sono REM e outras parassonias. 
As parassonias se referem às manifestações e comportamentos fora do 
normal durante o sono, resultando na sua interrupção e que geralmente não 
17 
 
 
apresentam distúrbios como sonolência diurna ou o sono não reparador. Em alguns 
casos são influência genética. 
Classificam-se neste grupo pelo ICSD-2, 2005: despertar 
confusional, sonambulismo, pesadelo, terror noturno, paralisia do sono isolada e 
recorrente, e o distúrbio comportamental do sono REM, entre outras parassonias. 
 
f) Distúrbios dos movimentos relacionados ao sono: síndrome das pernas 
inquietas, Distúrbios dos movimentos periódicos dos membros, câimbras, 
bruxismo. 
Neste grupo podem ser classificadas como distúrbios do movimento 
relacionados ao sono, as manifestações motoras e musculares involuntárias durante 
o sono e alguns deles estão relacionados ao estado emocional do indivíduo. A 
maioria dos pacientes com este transtorno apresenta histórico familiar. 
A presença de movimentos anormais altera o sono, produzindo a sensação 
de fadiga e sonolência diurnas. Nessa seção também se incluem as 
alterações do sono associados a enfermidade dos mecanismos que regula 
o controle motor (GUERRERO, AGUILAR; MEDINA, 2008, p. 32) 
As consequências destes distúrbios são insônia, dificuldade de iniciar e 
manter o sono, parestesias e dores musculares, devidos à tensão e aos movimentos 
repetitivos e sem controle dos músculos. 
 
g) Sintomas isolados, variantes normais aparentemente e de importância não 
resolvida: Dormidor longo e curto, roncos, sonilóquio, mioclonias, tremor e 
ativação dos músculos. 
 
I. Dormidor longo e curto: caracteriza-se pelo tempo que o indivíduo 
necessita do sono, sendo elevada ou baixa em relação à média da 
população. 
18 
 
 
II. Roncos: ruído respiratório devido à alta passagem de ar pela via aérea, 
parcialmente obstruída, podendo resultar em vários distúrbios do sono. 
III. Sonilóquio ou noctilalia: distúrbio sem consequências nocivas, 
caracterizada pela falta de palavras soltas ou frases completas. 
Geralmente, o indivíduo não lembra o ocorrido. 
IV. Mioclonias: presença de contrações simultâneas, curtas, bruscas e 
repentinas de parte ou todo o corpo no início do sono que produz a 
sensação de queda. 
V. Tremor e ativação dos músculos: movimentos de tremor rítmicos dos 
pés e tornozelos durante a transição da vigília para o sono ou durante 
o sono ligeiro. 
 
h) Outros distúrbios do sono: fisiológicos e distúrbios do sono não ambientais. 
Nesse grupo são classificados todos os outros distúrbios não classificados em 
nenhuma das categorias citadas anteriormente pela Classificação Internacional dos 
Distúrbios do Sono (ICSD 2ª edição, Softbound, 2005). 
Os distúrbios do sono mais comuns definidos pela Academia Brasileira de 
Neurologia1 são: insônia, apneia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas, 
sono insuficiente e atraso de fase de sono. 
 
1.5 A IMPORTÂNCIA DO SONO NO APRENDIZADO 
 
O sono regula o estado de saúde e é responsável pelo desempenho físico e 
mental, influencia na coordenação motora, no raciocínio, na memória, no humor e no 
desempenho cognitivo, além de regular os hormônios e recuperar a resistência 
 
1 http://www.cadastro.abneuro.org/site/default.asp 
19 
 
 
física, o crescimento e equilibrar a temperatura corporal, afirmam Moraes, Rossini e 
Reimão (2010, p. 37). 
A consolidação da memória através do sono é explicada por Aamodt e Wang 
(2009, p. 219) quando há “alterações na força das conexões entre os neurônios 
(plasticidade sináptica) sejam estimuladas pela atividade neural”, que pode ocorrer 
com a pessoa adormecida ou desperta. 
Neste sentido Brown, Fenske e Neporent (2010, p. 189) afirmam que “dormir 
parece ser importante para consolidar as lembranças, permitindo ao cérebro 
construir uma interconectividade mais intensa entre o hipocampo e outras áreas 
importantes para o armazenamento da memória”. 
O sono está ativamente envolvido na capacidade do sistema nervoso de 
processar novas situações (plasticidade neural), uma vez que ocorre a partir da 
consolidação da memória, segundo Valle (2008, p. 37). 
 Neste contexto, torna-se fundamental destacar sobre a importância da 
higiene do sono que consiste em seguir recomendações ou assumir pequenos 
gestos que permitam assegurar um sono descansado e reparador, promovendo um 
estado de alerta diurno adequado para a realização das várias atividades. Em 
relação à higiene do sono, Valle (2008) ressalta que pais e educadores precisam ser 
alertados na forma de prevenir distúrbios futuros e valorizar a necessidade de um 
sono satisfatório para o desenvolvimento, para a adaptação e para a aprendizagem 
do estudante adolescente. 
 
É necessário intervir precocemente com uma adequada higiene do sono e 
diagnosticar as situações de crise, responsáveis pelo comprometimento do 
sono, porque são elas que interferem diretamente na qualidade de vida 
desde a infância (REIMÃO, VALLE e ROSSINI, 2008, p. 46). 
 
 
 
 
20 
 
 
1.6 JUSTIFICATIVA 
 
O tema desta pesquisa científica se justifica por ser foco na atual realidade 
educacional, problemas relacionados ao sono, principalmente entre os adolescentes, 
sobretudo pela escassez ou pela má qualidade do mesmo, afetam direta e 
significativamente, tanto o estado de ânimo, quanto o rendimento escolar e também 
a qualidade das relações interpessoais dos estudantes. 
 
1.7 OBJETIVOS 
 
1.7.1 Objetivo geral 
 
A pretensão desse artigo é mostrar a importância do entendimento da 
funcionalidade do sono, como ele auxilia no crescimento e no desenvolvimento do 
indivíduo e ainda como essa função biológica atua no aprendizado, no humor e no 
rendimento escolar. 
 
1.7.2 Objetivos específicos 
 
Para alcançar o objetivo geral foram apresentados objetivos específicos como: 
1. apresentar conceitos relacionados ao sono; 
2. identificar as fases do sono; 
3. listar os principais distúrbios do sono e os problemas 
causados pela sua privação; 
4. demonstrar a importância do sono no aprendizado e os 
impactos da privação do sono na vida acadêmica. 
5. apresentar o resultado de um estudo de caso. 
21 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
 
 Neste capítulo faz-se a descrição e análise dos dados colhidos na empresa, 
como objeto do estudo, através de questionários aplicados aos alunos do Ensino 
Médio em 2011. Os questionários (titulados como Diário do sono) foram baseados 
no livro “O sono na sala de aula: tempo escolar e tempo biológico”, de Fernando 
Louzada & Luiz Menna Barreto, 2007. 
 
 
2.1 PERFIL DA EMPRESA E DOS ESTUDANTES 
 
 
 O Colégio Maria Clara Machado iniciou suas atividades educacionais em 
1971. Hoje o colégio oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio 
(1º ao 3º ano). O colégio se compromete com um processo educacional que, de fato, 
promova a formação de seres humanos que atuem positivamente na construção 
efetiva de uma sociedade onde as pessoas possam viver a plenitude da dignidade 
humana. Em sua prática, prioriza o atendimento mais individualizado de seus 
alunos, organizando as turmas compatíveis para alcançar os objetivos propostos. 
 Os estudantes são, em geral, oriundos das classes A, B e C e residem em 
casas ou apartamentos da zona sul de Belo Horizonte. Muitos deles, ao procurarem 
o colégio esperam encontrar justamente um atendimento mais individualizado para 
que os mesmos possam alcançar sucesso em seus estudos. 
 
 
2.2 MATERIAL E MÉTODOS 
 
 
 As informações para a realização deste estudo de caso foram colhidas 
através de questionários aplicados no Colégio Maria Clara Machado e preenchidos 
por estudantes com idadeentre 16 e 18 anos, matriculados no Ensino Médio no 
turno matutino. 
22 
 
 
 O Diário do sono abordou as seguintes questões: 
a) horário em que os alunos deitaram no dia anterior da pesquisa; 
b) que horas que eles pegaram no sono; 
c) se lembravam de ter acordado e dormindo de novo, se sim, quantas vezes; 
d) como foi a noite de sono; 
e) que horas que eles acordaram; 
f) como acordaram na manhã do questionário; 
g) se os alunos dormiram a sesta ou cochilarm durante o dia anterior do 
questionário, se sim, quantas horas. 
 
2.2.1 Metodologia 
 
 
Pesquisa segundo Rampazzo (2005, p. 49) é “um procedimento reflexivo, 
sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, 
soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento”. 
 Esta pesquisa é do tipo exploratória com caráter qualitativa, pois apresenta 
um levantamento bibliográfico, questionário aplicado aos alunos e análise dos dados 
apurados, visando familiarizar-se com o assunto explorado. 
Estudo exploratório, conforme Rampazzo (2005, p. 54), “trata-se de uma 
observação não estruturada, ou assistemática: consiste em recolher e registrar os 
fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meio técnicos especiais ou precise 
fazer perguntas diretas”. 
O caminho metodológico deste estudo irá se conduzir por uma consulta 
bibliográfica e pela internet, também por consulta a revistas especializadas, pois 
tratam de fontes atualizadas com informações e conhecimentos. 
Para levantamento do estudo de caso seguirão os seguintes passos: 
a) buscar os conceitos relacionados ao sono, as fases do sono; pesquisar os 
principais distúrbios do sono e os problemas causados pela sua privação; 
demonstrar a importância do sono no aprendizado e os impactos da privação 
do sono na vida acadêmica; 
23 
 
 
b) apresentar formulário consentimento dos pais para pesquisar diretamente 
com os estudantes; 
c) colher questionários em campo junto aos alunos do Colégio Maria Clara 
Machado; 
d) apresentar o resultado e análise de um estudo de caso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Fez-se uma análise dos questionários, para verificar o grau de divulgação no 
que tange as questões relacionadas aos problemas do sono, à quantidade de horas 
dormidas e seu impacto na rotina escolar dos adolescentes, tanto de forma 
qualitativa quanto quantitativa. 
Foram avaliados 63 estudantes do Ensino Médio e calculadas as médias dos 
horários que os alunos dormiram e acordaram; a quantidade de horas dormidas e 
como eles se sentiram no dia seguinte. Os resultados são os seguintes: 
 
Tabela 1 - Horário de dormir - 1ª série E.M.
Hora de dormir Média de alunos
21:00 - 21:59 23,8%
22:00 - 22:59 42,9%
23:00 - 23:59 23,8%
a partir de 01:00 9,5%
 
 
 
Tabela 2 - Horário de acordar - 1ª série E.M.
Hora de acordar Média de alunos
5:00 - 5:50 19,0%
06:00 38,1%
6:00 - 6:30 42,9% 
 
Analisando os resultados apresentados nas tabelas acima e os questionários 
aplicados no dia anterior das aulas aos estudantes da 1ª série do E.M. com idade 
média de 16 anos, concluiu-se que a maioria dos adolescentes (42,9%) dormiram 
entre 22h e 23h, com média de 8 horas efetivamente descansadas, cerca de 38% 
deles acordaram às 6 horas, e ainda 57,1% acordaram com despertador, do total 
sete alunos cochilaram durante o dia, entretanto a maioria dos alunos sentiram-se 
muito bem durante o dia, apenas um dele se sentiu mal. 
25 
 
 
As tabelas seguintes mostram os resultados de 22 alunos da 2ª série do E.M. 
com idade média de 17 anos: 
 
Tabela 3 - Horário de dormir - 2ª série E.M.
Hora de dormir Média de alunos
21:00 - 21:59 18,2%
22:00 - 22:59 27,3%
23:00 - 23:59 36,4%
a partir de 01:00 18,2%
 
 
 
Tabela 4 - Horário de acordar - 2ª série E.M.
Hora de acordar Média de alunos
5:00 - 5:50 22,7%
06:00 22,8%
6:00 - 6:30 54,5% 
 
 
Em relação ao horário de dormir, 36,4% dos alunos dormiram entre 23h e 
23h:59min. e a maioria (54,5%) acordou entre 6h e 6h30min., totalizando uma média 
de 7,22 horas dormidas. Nenhum estudante dessa classe acorda espontaneamente, 
68% precisam acordar com despertador, desses alunos cinco deles cochilaram 
durante o dia. No total de alunos, dois sentiram-se mal durante o dia e a maioria 
deles se sentiram bem e muito bem no dia seguinte, 
Já a classe da 3ª série do E.M. com média de 18 anos de idade apresentou 
os resultados abaixo: 
 
Tabela 5 - Horário de dormir - 3ª série E.M.
Hora de dormir Média de alunos
21:00 - 21:59 0,0%
22:00 - 22:59 40,0%
23:00 - 23:59 55,0%
a partir de 01:00 5,0%
 
26 
 
 
Tabela 6 - Horário de acordar - 3ª série E.M.
Hora de acordar Média de alunos
5:00 - 5:50 15,0%
06:00 30,0%
6:00 - 6:30 55,0% 
 
 
Finalizando a pesquisa com a classe da 3ª série do E.M. a média dos 
estudantes que dormiram entre 23h e 23h:59min foi de 55%, nenhum deles dormiu 
antes das 22 horas e apenas um aluno, após às 1h da manhã. A maior parte deles, 
55%, acordam entre 6h e 6:30h, totalizando cerca de 7,26 de horas dormidas. A 
maioria dos alunos (95%) acordou com alguém os chamando ou com despertador e 
apenas um deles acordou espontaneamente, além disso, quatro alunos cochilaram 
durante o dia. Notou-se também que 40% deles acordaram sentindo-se mal ou 
razoavelmente bem. 
Uma questão que se apresenta com muita seriedade é o fato de alunos 
dormirem durante as aulas, pois já se sabe do papel fundamental do sono como 
agente reparador e propiciador de saúde, assim como do seu valor inquestionável 
para se alcançar uma maior qualidade de vida. 
 O que fazer com os mesmos? Deixá-los dormir, simplesmente, já que se 
estão dormindo é porque o organismo está exigindo isto? Acordá-los e pedir para 
que vão lavar o rosto ou espairecer fora da sala? Tratar o assunto como problema 
disciplinar? Dada à seriedade da questão, sugere-se tratar cada caso na sua 
individualidade, envolvendo professores, especialistas educacionais e a família do 
aluno, buscando a orientação que pareça a mais adequada para a realidade daquele 
aluno que apresenta a dificuldade de manter-se desperto durante as aulas. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os dias atuais, com um ritmo altamente estressante, não são propícios a um 
estilo de vida desejável para se ter uma saúde adequada do sono, ocorrendo 
irregularidades do horário e afetando a sua qualidade. Hábitos que influenciam no 
desempenho da vida profissional, acadêmica e interpessoal. 
Estudos mostram que os adolescentes necessitam de cerca de oito ou nove 
horas de sono por noite e não é necessário ser nenhum gênio em cálculo para saber 
que se os mesmos precisam acordar por volta de seis horas da manhã para chegar 
no horário de iniciar as aulas, que em geral, são em torno de sete horas da manhã, 
eles precisariam ir para a cama dormir em torno das dez da noite. Em geral, tal não 
ocorre não porque eles não queiram dormir, mas porque seu cérebro funciona em 
outro ritmo e, portanto, por volta das nove horas ainda não está pronto para o sono. 
"Cada indivíduo tem uma predisposição genética para acordar cedo ou tarde, mas 
durante as mudanças hormonais da adolescência, os jovens começam a dormir 
mais tarde e, se possível, também acordam mais tarde, explica Suzanne Warner, 
coautora do estudo. A causa da mudança é a melatonina, um hormônio que diz ao 
corpo que ele precisa dormir. Na puberdade, este hormônio é secretado cada vez 
mais tarde. Os fatores ambientais também desempenham seu papel, segundo 
Suzanne Warner, que cita a luz artificial, que tende a reduzir a quantidade de 
melatonina secretada, e o uso do computador, que faz o jovem esquecer-se do 
sono". 
Sabe-se que já não é somente a televisão nem os videogames que 
influenciam na saúde dos adolescentes, roubando-lhes horas preciosas de um sono 
reparadornecessário para sua qualidade de vida, mas também, já há algum tempo, 
o uso desordenado da internet, com conexão ilimitada, na maior parte do tempo, às 
redes sociais, provocando-lhes, óbvio, as dificuldades para melhor aprender e 
relacionar-se consigo, com os outros e com a realidade que cerca-lhes. 
É tempestivo salientar as contribuições deste trabalho para todas as pessoas 
envolvidas no processo educacional, a principal contribuição da pesquisa é a 
28 
 
 
conscientização da importância do sono para a saúde e a qualidade de vida, em 
todas as suas dimensões. E ainda: 
a) Para os gestores educacionais em geral (diretores, coordenadores 
pedagógicos, supervisores, orientadores educacionais), a pesquisa contribui 
tanto para despertar a consciência da importância do tema, sobretudo na 
realidade dos dias atuais, assim como para que os mesmos possam orientar 
às famílias e os alunos quanto à importância do sono restaurador para uma 
atuação positiva e de sucesso nas atividades escolares, promovendo o 
aumento da confiança no próprio potencial de realização e, em consequência, 
o desenvolvimento de uma autoestima compatível com a capacidade de 
aprendizagem. 
b) Os professores são os que mais estão próximos dos adolescentes em seu 
cotidiano escolar, aqueles que poderão colaborar diretamente com eles em 
suas maiores dificuldades ou limitações. Assim, a pesquisa poderá contribuir 
para que eles descubram também, por um lado, a importância do sono para a 
saúde e a qualidade de vida das pessoas e, por outro, que os adolescentes, 
de fato, precisam dormir mais tarde. Por consequência, tendo que levantar-se 
muito cedo, acabam sentindo muito sono nas primeiras horas da manhã. 
Conscientes disso poderão atuar e promover atividades diferenciadas e 
situações que promovam o pleno envolvimento dos alunos nas mesmas e a 
consequente aprendizagem dos vários conteúdos: trabalhar sempre com 
novidades, provocar surpresas, estimular a criatividade, inserir a música e a 
expressão teatral nas aulas, aprender a modular e cadenciar o tom de sua 
voz para prender a atenção, entre tantas outras estratégias. 
c) Para as famílias, a pesquisa é importante no sentido tornar os pais 
conscientes do papel fundamental que eles exercem em relação ao 
acompanhamento dos filhos também quanto ao horário de dormir, 
considerando que a privação do sono traz muitas consequências desastrosas 
para a qualidade de atuação dos mesmos em suas atividades cotidianas, 
sobretudo, as escolares, incluindo o baixo aproveitamento acadêmico. 
d) Para os alunos, de maneira especial, a pesquisa contribui para que os 
mesmos descubram o sono como um processo ativo que tem uma clara 
função reparadora, essencial não somente para o seu adequado 
29 
 
 
funcionamento físico e mental, mas, principalmente para sua sobrevivência 
saudável e que eles podem, conscientes de tal significado, rever seus hábitos 
e promover as mudanças necessárias visando seu próprio bem estar. 
e) Para o pesquisador, a pesquisa contribui no sentido de tornar o mesmo 
consciente de que deverá disseminar os conhecimentos adquiridos tanto na 
comunidade educacional em que atua como na comunidade educacional 
como um todo, através de publicações, palestras e promoção de seminários 
ou simpósios com especialistas na área, visando colaborar para que se 
conscientize cada vez mais da importância do sono para a saúde e para uma 
adequada qualidade de vida. Contribui, ainda, para que continue estudando e 
aprofundando sobre o tema, sendo que as pesquisas na área desenvolverão 
muito nos próximos anos. 
O resultado da pesquisa levantada no Colégio Maria Clara Machado, confirma 
os estudos já divulgados que os adolescentes dormem em média entre 7,2 a 8 horas 
diárias e aqueles que dormem menos de 8 horas, levantam-se sentindo mal. A 
maioria desses alunos necessita de alguém ou um despertador para acordá-los. 
 E por fim, destacam-se as sugestões para trabalhos futuros: 
a) Estudo aprofundando, relacionando as horas dormidas, com o resultado do 
desempenho escolar dos estudantes, demonstrando a média de notas obtidas 
durante o ano. 
b) Realização de um projeto educacional nas escolas que desejem, (OFICINAS 
DO SONO) envolvendo os adolescentes, os pais e as equipe de professores, 
para aprofundar o assunto e traçar metas, a curto e médio prazo, visando a 
conscientização para melhoria da qualidade do sono dos adolescentes, tendo 
em vista a busca de uma atuação cotidiana mais positiva dos mesmos, 
sobretudo naquilo que se relaciona às suas atividades escolares. 
c) Pesquisa de campo sobre a possibilidade de que uma das variáveis (já que 
as interferências para esses resultados são em número infinito!) para a média 
de notas ser “alunos com sono”. 
d) Impacto da higiene do sono na vida escolar. 
 
30 
 
 
4 REFERÊNCIAS 
 
 
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<http://www.cadastro.abneuro.org/site/default.asp> Acesso em: 02 de nov. 2011. 
 
ALÓE, Flávio; AZEVEDO, Alexandre; HASAN, Rosa. Mecanismo do ciclo do sono-
vigília. São Paulo, SP. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2005. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-4462005000500007&script=sci_arttext> 
Acesso em: 12 out. 2011. 
 
AAMODT, Sandra; WANG, Sam; tradução Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro. Bem-
vindo ao seu cérebro: por que perdemos as chaves do carro, mas nunca 
esquecemos como se dirige e outros enigmas do comportamento cotidiano. São 
Paulo : Cultrix, 2009. 
 
BROWN, Jeff; FENSKE, Mark; NEPORENT, Liz; tradução: Patrícia Sá. O cérebro 
do vencedor: oito táticas científicas para você alcançar o sucesso. Rio de Janeiro : 
Elsevier, 2010. 
 
LOUZADA, Fernando M.; BARRETO, Luiz M. O sono na sala de aula: tempo 
escolar e tempo biológico. Rio de Janeiro : Vieira & Lente, 2007. 
 
MATHIAS, Augusto; SANCHES, Renata P.; ANDRADE, Miriam M. Incentivar 
hábitos de sono adequados: um desafio para os educadores. UNESP, 2004. 
Disponível em: <http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/artigos/eixo10/ 
incentivarhabitosdosono.pdf> Acesso em: 02 de nov. 2011. 
 
MACDONALD, Matthew; tradução Felipe Vieira e Gabriela MacDonald. Mentes 
Poderosas: desenvolva toda a capacidade do seu cérebro. São Paulo : Universo 
dos Livros, 2010. 
 
MÜLLER, Mônica R.; GUIMARÃES, Suelly S. Impacto dos transtornos do sono 
sobre o funcionamento diário e qualidade de vida. Brasília, DF, 2006. Disponível 
em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0103-166x2007000400011&script=sci_ 
arttext> Acesso em: 03 out. 2011. 
 
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e 
pós-graduação. São Paulo, SP : Edições Loyola, 2005. 
 
REIMÃO, Rubens; et al. Sono & Saúde: interface com a psicologia e a neurologia. 
Ribeirão Preto, SP : Editora Novo Conceito, 2010. 
 
REIMÃO, Rubens; VALLE, Luiza R.; ROSSINI, Sueli. Segredos do sono: sono e 
qualidade do sono. São Paulo : Tecmedd, 2008. 
 
RESTAK, Richard; tradução Tina Jeronymo. Mente saudável: mente brilhante. São 
Paulo : Larousse do Brasil, 2010. 
 
31 
 
 
APÊNDICE 
 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Questionário sobre Sono 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
ANEXOS 
 
 
Anexo I 
 
 
É possível ajustar nosso relógio biológico? Veja o que dizem os especialistas2 
Por Chris Bueno 
Especial para o UOL Ciência e Saúde 
 
O relógio toca às 6h da manhã. Hora de acordar e voltar para o trabalho 
depois de um mês de férias. Você olha no relógio e checa duas, três vezes se a hora 
está certa, não acreditando que já é hora de levantar. Finalmente, se levanta, 
pensando "mas eu ainda estou com tanto sono!". O problema é que o relógio 
mecânico está certo, mas seu relógio biológico não. 
Quem sofre para se adaptar às mudanças de horário, como ter de acordar 
mais cedo, pode ajudar seu relógio interno se ajustar 
• CERTAS PESSOAS "FUNCIONAM"MELHOR À TARDE OU À NOITE 
• MANTER ROTINA NO FIM DE SEMANA É IMPORTANTE, SEGUNDO 
MÉDICO 
• EXERCÍCIO FÍSICO AJUDA A COMBATER INSÔNIA CRÔNICA, DIZ 
ESTUDO 
• ADOLESCENTES PRECISAM DORMIR MAIS, AFIRMA PESQUISA 
• 1/3 DOS ADULTOS RONCAM ALGUMAS NOITES POR SEMANA 
• DORMIR POUCO E MAL É FATOR DE RISCO PARA OBESIDADE 
• QUASE METADE DOS BRASILEIROS SOFRE DE DISTÚRBIOS DO SONO 
O termo relógio biológico é uma metáfora para uma parte do cérebro 
responsável pelo controle dos ritmos biológicos (chamados circadianos, que são 
ritmos com duração de 24 horas). É ele que regula os horários de dormir, acordar, 
comer e também outras atividades do corpo como esvaziar os intestinos e a bexiga 
e produzir hormônios como a melatonina, o cortisol e o hormônio do crescimento. 
É também por causa dele que mudanças bruscas de horário, como voltar ao 
trabalho ou às aulas depois das férias, mudança do horário de verão e viagens com 
 
2http://www.cardioneto.com.br/website/index.php?option=com_content&view=article&id=74:e-
possivel-ajustar-nosso-relogio-biologico-veja-o-que-dizem-os-
especialistas&catid=45:diversos&Itemid=70 
33 
 
 
troca de fuso horário, não são fáceis. Isso acontece porque o corpo se mantém no 
horário anterior, fazendo com que os relógios (o mecânico e o biológico) saiam de 
sincronia. 
Assim, se você estava acostumado a dormir e acordar mais tarde durante as 
férias, na volta ao trabalho, seu organismo vai continuar seguindo o horário antigo, e 
você vai sentir mais dificuldade para acordar cedo, sonolência durante o dia e 
provavelmente não vai ter sono na hora de se deitar (se você for se deitar mais 
cedo). É provável também que não sinta fome na hora do almoço ou do jantar, por 
exemplo, se esses horários foram alterados durante as férias também. Essa falta de 
sincronia do relógio biológico também provoca insônia, alteração de humor e queda 
do rendimento físico e mental. 
 
Luz 
Mas como qualquer relógio, o relógio biológico também pode ser ajustado. 
Naturalmente o corpo se acostuma com as mudanças e o relógio biológico se 
adapta aos novos horários. Mas isso demora cerca de uma semana (algumas 
pessoas podem demorar mais tempo, ou menos) e é preciso manter uma rotina para 
que o organismo se acostume. 
Quem sofre para se adaptar às mudanças de horário, ou mesmo para acordar 
cedo ou dormir mais tarde, pode ajudar seu relógio interno se ajustar. Cientistas 
apontam que a luz é o principal regulador do relógio biológico, e recomendam a 
exposição à luz solar como o melhor modo para ajustá-lo. 
Especialistas do Instituto de Medicina do Sono de Natal recomendam, para 
dormir bem, atitudes como ir para cama apenas quando estiver realmente com sono 
"Sim, é possível ajustar o relógio biológico, e a esperança pra quem sofre para 
acordar cedo não é uma luz no fim do túnel, mas a luz solar", brinca o médico John 
Araújo, professor do Departamento de Fisiologia e pesquisador do Laboratório de 
Cronobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 
"Quando meus pacientes estão com o sono e vigília atrasado, ou seja, dormem e 
acordam tarde, mas estão necessitando acordar cedo, o tratamento é fazer passeios 
matinais (às 5h30) na praia, pois o sol nasce aqui em Natal às 4h50", explica o 
professor. 
Mas como fazer isso em São Paulo, sem praia e com o sol nascendo tarde? 
Nesse caso, Araújo recomenda a exposição à luz artificial intensa - que é um 
34 
 
 
conjunto de luzes fluorescentes frias - por entre 30 ou 60 minutos, o que pode ser 
feito durante o café da manhã ou lendo um jornal. 
 
Atividade física 
A luz, no entanto, não é o único modo de ajustar o relógio biológico. Outros 
fatores também podem atrasar ou adiantar o ritmo do corpo, como atividades físicas. 
"Fazer atividade física entre o meio e o fim da noite faz o relógio atrasar", explica a 
bióloga Carolina Azevedo, professora do Departamento de Fisiologia da UFRN. 
De acordo com a pesquisadora, os horários das refeições e os horários 
sociais - de estudo, trabalho e lazer - também influenciam a estabelecer os horários 
do relógio biológico. "O hábito criado com essa rotina também ajusta o relógio 
interno", aponta. 
Não são só os fatores externos que influenciam o relógio biológico. "O relógio 
biológico é um mecanismo homeostático, ou seja, um processo de autorregulação 
por meio do qual o organismo se ajusta para manter sua estabilidade, adaptando-se 
a diferentes condições para sobreviver", explica o neurologista Flávio Aloé, 
coordenador do Centro Interdepartamental de Estudos do Sono do Hospital das 
Clínicas da USP. 
 O corpo possui vários mecanismos homeostáticos, como o aumento da 
produção de suor em ambientes quentes, o que provoca a diminuição da 
temperatura do corpo. O sono é uma resposta do organismo que acumulou muitas 
horas de vigília (período em que se manteve acordado), assim como a fome é um 
sinal de que o corpo precisa de alimento. É por isso que, mesmo a luz sendo o maior 
regulador do relógio biológico, o corpo ainda possui um ciclo de 24 horas 
independente se está claro ou escuro. "Mesmo se estivermos em uma rotina 
constante, sob a mesma intensidade de luz, ainda temos o ciclo de 24 horas e a 
necessidade de dormir", afirma Aloé. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
Anexo II 
A hora certa de aprender3 
Especialistas recomendam que as escolas revejam os turnos de aula para ajustá-los ao relógio 
biológico da garotada 
Anderson Moço (anderson.moco@abril.com.br) 
 
AGITAÇÃO PARA OS PEQUENOS... Está na hora de começar a aula para Larissa Santana 
Perez, de 9 anos, da EE Francisco Brasiliense Fusco. A escola paulistana inverteu os 
turnos, colocando os pequenos de manhã e os maiores à tarde. A luz do início do dia faz 
com que o cérebro ordene a liberação, pelas glândulas supra-renais, do cortisol, 
hormônio que ajuda a despertar. Mas isso não funciona para os adolescentes. Foto: Emilia 
Brandão 
Em meados de 2006, quando Rosangela Macedo Moura assumiu a direção da EE 
Francisco Brasiliense Fusco, em São Paulo, ficou intrigada com uma reclamação 
dos professores: muitos adolescentes chegavam à escola sonolentos e cochilavam 
nas primeiras aulas. Sem contar os que só apareciam no meio do período e os que 
pediam para voltar para casa para dormir. Nosso índice de faltas era enorme. O 
motivo: os jovens não conseguem acordar cedo, conta ela. Como mãe, a diretora 
também conhece as dificuldades para tirar a moçada da cama. Preocupada em 
resolver o problema, ela pôs-se a investigar os motivos. Foi quando descobriu os 
estudos sobre o relógio biológico e decidiu mudar radicalmente a rotina da escola. 
 
3 http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/hora-certa-aprender-467203.shtml 
36 
 
 
 
...E MOLEZA PARA OS MAIS VELHOS Priscila Razon, de 15 anos, começa a se 
espreguiçar. Ela estuda na mesma escola que Larissa, mas suas aulas são à tarde. Só no 
meio da manhã o cérebro da jovem dá os comandos para o corpo pular da cama. Outros 
hormônios dessa fase do crescimento fazem com que seu relógio biológico se atrase em 
algumas horas. Por isso, o dia está apenas começando para ela. Foto: Emilia Brandão 
O sistema que controla a alternância entre o sono e a vigília é um complexo 
regulador que fica na base do cérebro, chamado pelos especialistas de núcleo 
supraquiasmático. É graças ao funcionamentod essa região que as pessoas sentem 
sono, fome, acordam sempre no mesmo horário e conseguem ter noção sobre se é 
dia ou noite mesmo sem saber que horas são. Mas esse sistema de percepção não 
é ajustado exatamente da mesma maneira para todas as pessoas nem para todas 
as faixas etárias. Sabe-se que mudanças hormonais e estímulos externos modificam 
o mecanismo do relógio biológico muitas vezes durante a vida. 
 
Matutino e vespertino 
 
COM DISPOSIÇÃO DE SOBRA... A tarde é o melhorperíodo para os adolescentes 
aprenderem. Priscila dormiu bem por uma noite inteira e está com pique total. Seu cérebro 
trabalha em atividade máxima, e fica bem mais fácil entrar em contato com as novidades 
da sala de aula. Já Larissa, que entrou de manhã, sente sono. Esse é o pior horário para 
ensinar algo novo a ela ou propor atividades que exijam movimento corporal. Foto: Emilia 
Brandão 
37 
 
 
Bebês e crianças até 8 ou 9 anos tendem a ter o pico de atividade pela manhã, e 
não é estranho um filho pequeno acordar os pais assim que o dia raia. Já na 
adolescência, o quadro se inverte. A explosão de hormônios que começa aos 10 ou 
11 anos faz com que os ritmos biológicos se atrasem. Os jovens sentem sono tarde 
e, por isso, não querem levantar cedo. Alguns conseguem se adaptar melhor a essa 
situação. Outros apresentam grande dificuldade e são tratados como preguiçosos 
pelos professores e pela família. A falta de concentração também pode se 
manifestar em aulas mais longas e ser confundida com indisciplina. Mas o 
desligamento dos estudantes em alguns momentos também é explicado pelo relógio 
biológico. 
 
...E COM VONTADEDE IR PARA A CAMA No início da noite, Larissa começa a bocejar. 
Para relaxar, lê uma história. Sua temperatura cai, e o cérebro ordena que a glândula 
pineal, localizada na base desse órgão, libere a melatonina, o hormônio do sono. Priscila, 
por sua vez, ainda tem energia para enfrentar qualquer parada. Boa hora para estudar para 
a prova, pois ela vai pegar no sono bem mais tarde. Foto: Emilia Brandão 
Pesquisas comprovam que a sonolência dos adolescentes nas primeiras horas da 
manhã não é culpa exclusiva da televisão, do computador ou da teimosia, afirma o 
neurocientista Fernando Louzada, professor da Universidade Federal do Paraná, 
que há mais de dez anos investiga a relação entre sono e aprendizagem. Queremos 
conscientizar os educadores sobre a importância do repouso para o 
desenvolvimento do estudante e quanto o ambiente escolar pode melhorar se o 
horário das aulas e as atividades propostas forem ajustados ao ritmo do corpo, 
explica Louzada. Com essas informações, a diretora Rosangela questionou uma 
prática comum à quase totalidade das escolas brasileiras, na qual os jovens a partir 
do 6º ano (justamente os que sentem mais sono) têm aulas de manhã e os 
pequenos (mais ativos logo cedo), à tarde. Percebi que o planejamento estava na 
contramão das necessidades do aluno, conta ela. Tendo de acordar todo dia de 
madrugada e não conseguindo ir para a cama no início da noite, os adolescentes 
descansam menos do que precisam. E noites maldormidas causam dificuldade em 
38 
 
 
prestar atenção, alterações de humor e problemas para reter o que foi ensinado. A 
redução da quantidade de horas de sono também dificulta o controle das emoções e 
a consolidação de memórias, fundamental no processo de aprendizagem. 
Estudantes que não acompanham o ritmo da turma podem estar com alguma 
dificuldade de adaptar o relógio interno aos horários da escola, acredita Louzada. A 
solução para esse problema é inverter os turnos de aula, sugere. 
Para diminuir o sono nas aulas 
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte fez, no início do ano, uma pesquisa 
no Centro de Educação Integrada, em Natal. Os resultados indicam algumas 
medidas para driblar o relógio biológico dos adolescentes: 
• Exposição à luz solar Deixar as janelas das salas de aula sempre abertas para que 
tenham boa luminosidade ou propor atividades na área externa nos primeiros 
horários do dia faz com que os adolescentes espantem o sono e diminuam o atraso 
do relógio biológico. 
• Atividades físicas logo cedo Programar aulas de Educação Física nos primeiros 
horários, pois o esporte ajuda a reduzir a sonolência. 
• Aulas dinâmicas Ir ao laboratório, discutir em grupo ou participar de atividades que 
saem da rotina ajuda a manter a atenção. 
• Conversa franca Incluir o sono nos debates em sala de aula faz com que o aluno 
dê mais atenção à qualidade do descanso e tente adaptar seu organismo aos 
horários da escola. 
Mudanças radicais 
 
LUZ DA MANHÃ No Centro de Educação Integrada, em Natal, as primeiras aulas são em 
locais bem iluminados. Foto: Caninde Soares 
39 
 
 
Foi o que fez a EE Francisco Brasiliense Fusco ao apostar nessa nova organização 
do tempo. Antes, porém, muitas conversas foram necessárias com professores e 
pais. A princípio, a maioria era contra. Ninguém queria alterar a rotina, lembra 
Rosangela, que por meses divulgou informações científicas para mostrar que a 
medida seria benéfica para os alunos. Até os superiores da diretoria de ensino 
achavam que não ia dar certo, conta ela. Para resolver o impasse, um plebiscito fez 
a proposta ser aprovada, mas com pequena margem de vantagem. 
As mudanças foram implementadas no ano passado. Os alunos de 1ª a 4ª série do 
Ensino Fundamental passaram a freqüentar a escola de manhã e os de 5ª a 8ª e do 
Ensino Médio, depois do almoço. As diferenças de comportamento foram imediatas. 
O número de faltas caiu drasticamente nos primeiros meses, e o rendimento subiu a 
cada avaliação. Gente dormindo na sala de aula virou exceção, assim como as 
brigas entre colegas. O efeito positivo sobre o humor, a atenção e a participação dos 
estudantes animou os professores, que também começaram a faltar menos, ressalta 
Rosangela. Com pouco mais de um ano na nova rotina, a comunidade não tem 
dúvidas de que a decisão foi acertada. Até a procura por vagas na escola cresceu 
cerca de 20%, fazendo com que a direção aumentasse o número de turmas de 40 
para 46. 
 
Planejamento alterado 
Uma guinada como essa da Braziliense Fusco não é nada fácil de ser implantada. 
Em alguns países, como os Estados Unidos e Israel, nos quais são comuns os 
períodos integral e semi-integral nas escolas, optouse por atrasar o início das aulas 
dos mais velhos. Uma hora a mais na cama pode fazer toda a diferença na rotina 
dos adolescentes, destaca Fernando Louzada. Mas no Brasil não é essa a regra. 
Por isso, os pesquisadores também sugerem medidas mais simples . Uma delas é 
discutir abertamente o assunto com os estudantes. Sabendo da relação do sono o 
desenvolvimento do corpo e sua influência sobre a aprendizagem, a garotada dará 
mais atenção à qualidade do descanso, se adaptará melhor aos horários da escola e 
tentará driblar as influências do relógio biológico, recomenda Carolina Azevedo, do 
Laboratório de Cronobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O 
período ideal para ter esse debate é na volta às aulas. Geralmente, durante as férias 
não há rigor em relação aos horários de dormir e de acordar e, sem precisar levantar 
cedo, o mecanismo biológico do adolescente atrasa ainda mais, podendo chegar a 
dez horas de defasagem. Nas primeiras semanas de aula, levantar-se da cama vira 
um martírio e a sonolência é geral, ressalta Carolina, que investiga o que a escola 
pode fazer para ajudar o jovem a voltar ao ritmo normal. 
40 
 
 
Aula simples ou dobrada? 
Manter o aluno concentrado nas explicações por mais de uma hora não é tarefa 
fácil. Nas escolas que adotaram o sistema de dobradinha (com aulas que duram 75 
ou 90 minutos), esse desafio é constante. A explicação para a desatenção com hora 
marcada também está no relógio biológico. Os cientistas descobriram que o cérebro 
passa por um pico e um vale de atenção a cada 90 minutos, ou seja, vai da 
concentração total à distração absoluta. A manutenção da motivação varia de 
acordo com as atividades oferecidas à turma, explica a bióloga Carolina Azevedo, do 
Laboratório de Cronobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em 
aulas de 50 minutos, a troca de professores ou de sala de aula transforma-se em 
estímulo que ajuda a zerar o ciclo de atenção. Com isso, a próxima aula começa 
com mais fluidez. Já nas dobradinhas isso não ocorre. Por isso, quem dá aulas 
nesse esquemadeve fazer propostas mais dinâmicas quando perceber que a 
atenção dos estudantes cai. 
As crianças de até 7 anos também têm um horário do dia em que há aumento da 
sonolência. Ele ocorre entre 13 e 15 horas, quando a temperatura corporal cai e a 
vontade de dormir é quase irresistível. Em creches e pré-escolas, o planejamento 
prevê uma soneca no início da tarde, principalmente para os que ficam em período 
integral, respeitando assim o relógio biológico dos alunos. O problema é quando os 
pequenos passam para o 1º ano do Ensino Fundamental e o período de sono é 
abolido da rotina. No início da escolaridade, as escolas deveriam estar preparadas 
para oferecer um tempo de descanso aos menores e, com isso, garantir mais 
atenção e menos bagunça na sala de aula, recomenda Louzada. Se por motivos 
técnicos e operacionais isso não for possível, uma opção é evitar fazer avaliações 
ou atividades agitadas que exijam muito das crianças, já que o sono prejudica o 
raciocínio e a agilidade corporal. Atividades mais calmas e leitura são ideais para 
esse período, completa. 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
Anexo III 
Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono Prof. R. 
Reimão 
 
 
Identificação 
Recursos 
Humanos 
Linhas de Pesquisa 
Indicadores do 
Grupo 
 
 Identificação 
 Dados básicos 
Nome do grupo: Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono Prof. R. 
Reimão 
Status do grupo: certificado pela instituição 
Ano de formação: 1977 
Data da última atualização: 28/01/2012 10:07 
Líder(es) do grupo: Rubens Nelson Amaral de Assis Reimão - 
 
Área predominante: Ciências da Saúde; Medicina 
Instituição: Universidade de São Paulo - USP 
Órgão: Faculdade de Medicina da 
Universidade de São Paulo 
Unidade: Hospital das Clínicas da 
Faculdade de Medicina da Universidade 
de São Paulo 
 Endereço 
Logradouro: Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 - andar 05 - Dep Neuro 
Bairro: Cerqueira César CEP: 05403001 
Cidade: Sao Paulo UF: SP 
Telefone: 55940134 Fax: 55897422 
 Home page: http:// 
 Repercussões dos trabalhos do grupo 
Este grupo realizou o primeiro Atendimento de Sono no Brasil em 1977 (Prof. R. 
Reimão), no Hospital das Clínicas da FMUSP, e persiste com atividade ininterrupta, 
intensa e produtiva de pesquisa e atendimento de pacientes com distúrbios do sono, 
desde então. Pioneiro, este grupo realizou também a primeira descrição do sono dos 
42 
 
 
indígenas brasileiros em 1998 (Prof. R.Reimão). Este ano comemoramos os 35 Anos 
do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono da USP Prof. R. Reimão 
(1977-2012). As repercussões são múltiplas, contando com 31 livros editados, mais 
de cento e cinquenta artigos completos em periódicos médico-científicos e mais de 
duzentos capítulos de livros. A atividade de ensino abrange formação de mestres e 
doutores, o ensino do sono aos alunos de graduação da FMUSP e de pós-
graduação sensu stricto da FMUSP. A atividade pós-graduação sensu lato é intensa 
com participação em numerosos cursos e palestras por todo o País. O atendimento 
à comunidade é realizado regularmente no Ambulatório do Hospital das Clínicas da 
FMUSP, caracterizado por ser um serviço de saúde terciário, de ponta, recebendo 
um vasto número de pacientes de todo o País. As repercussões internacionais 
abrangem a participação consistente em congressos internacionais e o contacto 
contínuo com outros centros de pesquisa avançada sobre o sono no Exterior. As 
pesquisas têm reconhecimento internacional. Apresenta inserção internacional, sete 
teses/dissertações já foram defendidas em convênios internacionais (EUA, França, 
Inglaterra [Cambridge], Espanha [Barcelona], Cuba e Portugal); duas encontram-se 
em andamento (Inglaterra [Cambridge] e França [Lyon]). 
 Recursos humanos 
 Pesquisadores Total: 10 
Celia Marisa Rizzatti Barbosa Kátia Osternack Pinto 
Célia Regina da Silva Rocha Luiza Elena Leite Ribeiro do Valle 
Eduardina Telles Tenenbojm Nancy Julieta Inocente 
Gema Galgani de Mesquita Duarte Rubens Nelson Amaral de Assis Reimão 
Janine Julieta Inocente Sueli Regina Gottochilich Rossini 
 Estudantes Total: 19 
Ana Tereza Coelho Lívia Stocco Sanches Valentin 
Carina Caires Gazini Sobrino Luana Maria Martins de Aquino 
Carmen Sylvia de Alcântara Oliveira Maisa Soares Gui 
Clara Odilia Inocente Marcele Jardim Pimentel 
Eduardo Leite Ribeiro do Valle Márcia Stella Palmeira Barzaqui 
Fernanda Pamplona de Queiroz Mirleny Lucena de Moraes 
Geisa de Angelis Ozimar Coelho Verly 
Giovina Fosco Turco Patricia Daniele Piaulino de Araujo 
Heloisa Helena Dal Rovere Rosana dos Santos 
Joseane Mendonça Monteiro de Lima 
 Técnicos Total: 0 
43 
 
 
 Linhas de pesquisa Total: 2 
• Fisiologia do sono. 
• Psicologia do sono. 
 
 
 
 Relações com o setor produtivo Total: 0 
 
 
 
 Indicadores de recursos humanos do grupo 
Integrantes do grupo Total 
Pesquisador(es) 10 
Estudante(s) 19 
Técnico(s) 0

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