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Aula 05 Administração Geral p/ AFRFB - 2016 (com videoaulas) Professores: Rodrigo Rennó, Tulio Gomes Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 70 Aula 5: Gestão por Competências e Liderança Olá pessoal, tudo bem? Na aula de hoje iremos cobrir os seguintes itens do edital: Gestão de pessoas: estilos de liderança; liderança situacional; gestão por competências. Espero que gostem da aula! 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 70 Sumário Gestão por competências .......................................................................... 3 Conceito de Competências ..................................................................... 3 Competências Humanas e Organizacionais ................................................... 7 Fatores Chaves de Sucesso ................................................................... 10 Modelo de Gestão ............................................................................. 11 Etapas da Gestão por Competências ......................................................... 13 Gestão de Competências versus Gestão por Competências ................................. 16 Reflexos dos Modelos de Gestão por Competências nos Processos de Gestão de Pessoas 17 Liderança ......................................................................................... 19 Liderança X Chefia ........................................................................... 21 Tipos e Fontes de Poder ...................................................................... 22 Abordagens de Liderança ..................................................................... 23 Teoria dos Traços de Liderança. ............................................................. 24 Teoria Comportamental – Os Estilos de Liderança. ......................................... 25 Os Estilos de Liderança de Likert. ........................................................... 27 Grid Gerencial de Blake e Mouton. .......................................................... 29 Liderança Contingencial ou Situacional ..................................................... 31 Teoria da Contingência de Fiedler. .......................................................... 32 Teoria Caminho-Meta ........................................................................ 33 Teoria Situacional ............................................................................. 35 Liderança Transacional x Transformacional. ................................................ 37 Liderança Carismática ........................................................................ 39 Liderança Visionária .......................................................................... 42 Questões Comentadas. ........................................................................... 43 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 59 Gabarito .......................................................................................... 69 Bibliografia ...................................................................................... 69 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 70 Gestão por competências A gestão por competências é um modelo alternativo na gestão de pessoas. Tradicionalmente, a gestão de pessoas focava nos conhecimentos e habilidades para a execução de uma atividade ou tarefa, com uma supervisão rígida do desempenho por um superior. Ou seja, o foco era em contratar a pessoa certa para o lugar certo1. Não existia uma preocupação em selecionar este trabalhador de acordo com a estratégia de longo prazo da empresa e seus desafios futuros. Assim, o foco seria o de resolver um problema atual da empresa, não atrair membros que fossem “construir” a empresa no longo prazo. Mas o cenário mudou. Este modelo tradicional não mais é desejado pelas organizações. Os tempos de maior concorrência e a constante demanda por bens serviços com alto valor agregado exige um novo tipo de profissional: com capacidade de autogerenciamento, de iniciativa e maior criatividade. Por conta desta mudança, as empresas começaram a mudar o modo como selecionavam e gerenciavam seus funcionários. Para construir organizações modernas, como as organizações em rede e as organizações virtuais, devemos contratar as pessoas com os conhecimentos, habilidades e atitudes corretas, que entreguem os resultados desejados. Conceito de Competências O conceito de competências é razoavelmente recente na literatura da área de Gestão de Pessoas. Estamos ainda consolidando os significados de competência. Para concursos, temos duas principais correntes: a americana e a francesa/inglesa. A corrente americana é a mais cobrada em concursos, por larga margem. Por isso, vamos vê-la primeiro. Ela apresenta o conceito de competências como o somatório dos seguintes elementos: os conhecimentos, habilidades e atitudes. (CHA para não esquecer depois!) de cada indivíduo. Vamos ver cada um? 1 (Taylor, 1982) apud (Dutra, 2010) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 70 Vamos ver uma situação onde estes conceitos são aplicados? Todos vocês já encontraram professores na escola e na faculdade, não é mesmo? Muitos deles têm muito conhecimento, ou seja, dominam todo o conteúdo de suas matérias. Eu conheci um professor que sabia cada passagem do livro que utilizava nas aulas. Era só eu citar um trecho do livro e ele logo emendava: - ”está na página 232, no capítulo 5”. Mas nem sempre este conhecimento é bem aplicado, não é mesmo? Muitos professores não sabem utilizar este conhecimento acumulado para gerar o interesse dos alunos em sala de aula. Assim, falam sempre com o mesmo tom de voz, não sabem como mostrar a aplicação prática da teoria, não utilizam exemplos interessantes nem fazem dinâmicas entre os alunos. Ou seja, a aula fica chata e desinteressante! O resultado é que os alunos não aprendem o desejado. O que falta para estes professores? Falta habilidade. Eles têm conhecimento, mas não sabem como utilizá-lo na sala de aula. Finalmente, também é importante a atitude. O profissional pode dominar todo o conhecimento possível, ter habilidade para utilizar na prática, mas não ter mais motivação para fazer o que deve ser feito, por exemplo. Conhecimentos ひSomatório de todas as informações, os dados e os conceitos que a pessoa acumulou e que podem ser usados por ele em seu trabalho. ひÉ o saber do indivíduo. Habilidades ひA capacidade que a pessoa tem de utilizar os conhecimentos na prática. Uma classificação muito conhecida de habilidades é a de Katz, que menciona as habilidades técnicas, humanas e conceituais. ひÉ o saber fazer! Atitudes ひModo como o funcionário lida com seus sentimentos e maneiras de pensar e como estes afetam seu comportamento em relação ao trabalho e seus colegas. ひÉ o querer fazer! 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 70 Sem um equilíbrio emocional, uma motivação para o trabalho, provavelmente o resultadodo empregado será decepcionante. Seria o caso de um professor que não deseja mais atuar na área, para citar o exemplo acima. Deste modo, pela abordagem americana a competência se faz presente quando juntamos os conhecimentos, as habilidades e as atitudes de maneira a alcançar os resultados desejados para a empresa ou instituição. As competências seriam, assim, o conjunto destes fatores: Figura 1 - Elementos das Competências Já a abordagem francesa, trazida por autores como Le Boterf e Zarifian, rejeitava o conceito americano e dizia que não podíamos limitar a noção de competências às qualificações dos indivíduos. Para Zarifian2, teríamos três propostas de definição de competências: a) Capacidade do indivíduo de tomar iniciativa e assumir responsabilidades diante de situações profissionais com as quais se depara; b) Entendimento prático das situações que se apoia em conhecimentos adquiridos e os transforma; c) Faculdade de mobilizar diversos atores em torno de uma mesma situação e fazê-los assumir áreas de corresponsabilidade. 2 (Zarifian, 2001) apud (Ferreira, 2009) Competências Habilidades Atitudes Conhecimentos 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 70 Já de acordo com Le Boterf,3 “O conceito de competência está associado à ideia de valor e entrega a determinado contexto de forma independente do cargo, isto é, a partir da própria pessoa”. Teríamos aliados ao conceito de competência o de “entrega”4, pois devemos saber o quanto cada pessoa agrega de valor na organização. Deste modo, podemos comparar as duas abordagens abaixo: Abordagem Descrição Americana Agrupamento sinérgico dos conhecimentos, habilidades e atitudes. Francesa Capacidade de assumir responsabilidades frente a situações de trabalho complexas. Relacionado ao conceito de entrega de resultados. Finalmente, temos uma corrente “integradora” que busca integrar essas duas abordagens em uma só. Assim, o conceito de competências englobaria a aplicação desses conhecimentos, atitudes e habilidades no contexto do trabalho, gerando resultados e a “entrega” de valor à instituição. De acordo com Dutra5, “Competência, dessa forma, não é um estado ou conhecimento que se tem, nem é resultado de treinamento; é colocar em prática o que se sabe em determinado âmbito, marcada geralmente pelas relações de trabalho, cultura da organização, pelas contingências e diversas limitações. Sob esta abordagem, pode-se falar de competência apenas quando há competência em ação, traduzindo-se em saber ser e saber mobilizar o repertório individual em diferentes panoramas” 3 (Le Boterf, 1994) apud (Dutra, 2010) 4 (Rennó, 2013) 5 (Dutra, 2008) apud (Ferreira, 2009) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 70 Vamos praticar agora? (CESPE – TJ-RO – ANALISTA - ADAPTADA) Competência é, de acordo com a corrente integradora, a combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressa pelo desempenho profissional, diante de um contexto ou estratégia organizacional. O conceito de competência tem duas vertentes principais: a americana (somatório dos conhecimentos, habilidades e atitudes) e a francesa/inglesa (relacionado a entrega do funcionário em um contexto ou situação de trabalho complexa). Já a corrente “integradora” busca associar os dois conceitos em um só. Dessa forma, a questão está certa. Competências Humanas e Organizacionais As competências que vimos até aqui são as competências individuais, também chamadas de competências humanas. Além destas, temos também as competências dos grupos de pessoas, que também são chamadas de competências organizacionais (relacionadas à capacidade da instituição como um todo)6. A gestão por competências abrange tanto as competências individuais quanto as competências organizacionais. De acordo com Carvalho7, “Podemos definir a gestão por competências como um modelo de gestão empresarial que enfatiza dependência entre competências organizacionais e individuais, uma vez que “são as pessoas que, ao colocarem em prática o patrimônio de conhecimentos da organização, concretizam as competências organizacionais e fazem sua adequação ao contexto””. 6 (Brandão & Guimarães, Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto, 2001) 7 (Carvalho, Passos, & Saraiva, 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 70 Portanto, as competências individuais e as organizacionais influenciam umas às outras. As competências individuais podem ser classificadas de acordo com o papel que o indivíduo ocupa na empresa. Estas seriam então técnicas ou gerenciais. As primeiras seriam ligadas às posições operacionais ou de assessoria, ou seja, sem exercerem posições de liderança. Já as gerenciais seriam relacionadas com as competências necessárias para a ocupação dos cargos de chefia e liderança. Outra classificação que existe destas competências individuais seria a divisão entre as competências gerais (que seriam executadas por todos os membros da empresa) e as competências específicas (que seriam relacionadas com algumas tarefas e atividades específicas de certos cargos dentro da organização). Figura 2 - Competências Individuais E como funcionam as competências organizacionais? Basicamente são aquelas competências que possibilitam à instituição alcançar seus objetivos estratégicos. De acordo com muitos autores, a competência organizacional seria dividida entre as básicas (ligadas ao funcionamento normal da organização) e as essenciais (core competences), que geraria uma diferenciação da organização e seus competidores. De acordo com Prahalad e Hamel, para que uma competência seja essencial deve atender a três condições8: 8 (Hamel e Prahalad, 1995) apud (Carvalho, Passos, & Saraiva, 2008) Competências Técnicas - ligadas às posições operacionais ou de assessoria, ou seja, sem exercerem posições de liderança Gerenciais - seriam relacionadas com as competências necessárias para a ocupação dos cargos de chefia e liderança. Competências Gerais - são desempenhadas por todos na organização Específicas - são ligadas às tarefas e cargos dentro da empresa 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 70 “Gerar diferenciação entre concorrentes, gerar valor que possa ser percebido pelo cliente e possibilitar capacidade de expansão”. Esta seria a capacidade que as empresas teriam das empresas de agregar valor que é percebido pelos clientes, de modo difícil de ser imitado por seus concorrentes, gerando assim vantagem competitiva9. Outra classificação comum das competências organizacionais é em relação à importância de cada uma com o passar do tempo. Elas seriam classificadas como emergentes (que tendem a ser mais importantes no futuro), declinantes (que perderão importância com o tempo), estáveis (manteriam sua relevância atual) e transitórias (que seriam relevantes somente em um período, como em uma crise)10. Competência quanto à relevância Descrição Emergente Tendem a ser mais importantes no futuro. DeclinantesPerderão importância com o tempo. Estáveis Manterão sua importância. Transitórias Serão relevantes em alguns períodos somente. Outros conceitos de competências organizacionais são descritos por Mills11: 9 (Prahalad e Hamel) apud (Brandão & Bahry, Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências, 2005) 10 (Rennó, 2013) 11 (Mills et al.,2002) apud (Dutra, 2010) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 70 Figura 3 - Classificação de Mills Vejam que o mesmo conceito utilizado para as competências distintivas por Mills é o utilizado por Hamel e Prahalad para definir as competências essenciais! Fiquem atentos, pois isso é usado nas provas para confundir o candidato. Fatores Chaves de Sucesso Um conceito importante para a Gestão por Competências é a dos Fatores Chaves de Sucesso – FCS. Cada organização precisa dominar certos fatores para poder operar em um mercado ou setor, para que seus clientes ou usuários continuem utilizando seus serviços e não os de seus concorrentes. De acordo com Fernandes12, “Fatores-chave de sucesso (FCS) são atributos específicos aos quais, em cada setor, os players têm de atender para permanecer no negócio. Por 12 (Fernandes, 2013) ひfundamentais para a sobrevivência da organização e centrais em sua estratégiaEssenciais ひreconhecidas pelos clientes como diferenciais em relação aos competidores; conferem à organização vantagens competitivas Distintivas ひpequeno número de atividades-chave (entre três e seis) esperadas pela organização das unidades de negócio; De unidades de negócio ひservem de alicerce para outras atividades da organização. De suporte ひcondição da organização de adaptar continuamente suas competências às exigências do ambienteDinâmica 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 70 exemplo, na produção de aço, baixo custo é uma necessidade básica e, quanto maior a capacidade da empresa de produzir a custos baixos, provavelmente maior o seu sucesso”. Desse modo, os Fatores Chaves de Sucesso são atributos que são importantes para que a instituição seja competitiva no seu setor, para que ela consiga entregar produtos e serviços na qualidade, preço e no tempo esperado por seus clientes. Naturalmente, esses FCS não são os mesmos para todos os setores e empresas. Para uma empresa que fabrique móveis, o design pode ser um dos fatores chaves de sucesso, bem como a distribuição. Já para uma empresa de telefonia, o relacionamento com os clientes pode ser um FCS, bem como a área de tecnologia e inovação. O importante é que esses fatores sejam percebidos pelos clientes, que impactem diretamente na visão que o cliente/usuário tem da instituição. E qual a importância dos FCS para a gestão por competências? Ora, quando identificamos quais são os Fatores Chaves de Sucesso de uma organização, podemos identificar quais são as competências organizacionais que devem ser desenvolvidas para que a instituição consiga alcançar seus objetivos estratégicos. Se a distribuição, por exemplo, é identificada como um FCS de um fabricante de sabonetes, devemos descrever quais seriam as competências que fariam com que a distribuição da empresa seja aprimorada. Modelo de Gestão A gestão por competências deve estar inserida dentro da gestão estratégica da instituição. Após a formulação da estratégia da organização, em conjunto com a definição de sua missão, visão e objetivos estratégicos, deverá ocorrer um diagnóstico de quais seriam as competências essenciais para aquela organização. Abaixo, temos um diagrama que nos auxilia a ver como isto funciona: 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 70 Figura 4 - Modelo de Gestão por Competências. Fonte: (Guimarães et al., 2001) apud (Carbone, Bradão, Leite, & Vilhena, 2009) Com as competências “mapeadas”, a empresa deverá então desenvolver e captar as competências internas e externas, de modo que a empresa consiga atingir seus resultados. Basicamente a gestão por competências é um modelo de gestão que, considerando a estratégia da organização como uma “bússola”, busca identificar e desenvolver as competências necessárias para que a mesma possa atingir seus objetivos estratégicos13. De acordo com Carbone,14 as empresas têm adotado a gestão por competências como modelo de gestão, visando orientar seus esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização (individual, grupal e organizacional), as competências necessárias à consecução de seus objetivos. Assim sendo, a gestão por competências deve alinhar as diversas competências individuais dos membros da empresa com a estratégia organizacional. 13 (Rennó, 2013) 14 (Carbone, Bradão, Leite, & Vilhena, 2009) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 70 Etapas da Gestão por Competências De acordo com Carbone15, a gestão por competências tem quatro fases ou etapas: a formulação da estratégia, o mapeamento das competências, o desenvolvimento e captação das mesmas e a avaliação. Este seria um processo contínuo de gestão. Figura 5 - Etapas da Gestão por Competências A etapa inicial seria, assim, a formulação da estratégia da organização. Após a definição da missão, da visão e dos objetivos estratégicos, teríamos como identificar quais seriam as competências necessárias para que a organização tenha sucesso. Infelizmente, este tema não é consenso entre os autores. Algumas bancas acabam considerando que a etapa inicial seria o mapeamento de competências, ou até a identificação destas competências. Este assunto tem sido alvo de diversos recursos dos candidatos em provas. A segunda etapa, do mapeamento de competências, é a etapa que identificará quais são as competências que já existem na organização. Além disso, ela irá subsidiar as diversas ações de captação e desenvolvimento de competências, bem como as etapas de avaliação. Este mapeamento deverá identificar as lacunas (ou “gaps”) de competências na organização, ou seja, o que estaria “faltando”. 15 (Carbone, Bradão, Leite, & Vilhena, 2009) Formulação da estratégia da organização Mapeamento de competências Desenvolvimento e captação dessas competências Avaliação 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 70 Comparando as competências necessárias com as existentes, teríamos de reduzir ou eliminar esta “diferença” 16. Este mapeamento tem também suas fases ou etapas: Figura 6 - Etapas do Mapeamento de Competências Os instrumentos ou ferramentas que podem ser utilizadas para mapear as competências de uma empresa são as seguintes: Ferramentas Descrição Questionários Série de perguntas formatadas de modo sequencial. Análise documental Análise dos documentos que compõem o planejamento estratégico da instituição, como a visão e a missão. Entrevista Técnica muito utilizada. São entrevistados pessoas chave na organização em busca deidentificar as competências individuais e organizacionais. Grupo Focal Uma espécie de entrevista coletiva, em que diversas pessoas participam de uma dinâmica em que o entrevistador funciona como moderador. 16 (Brandão & Bahry, Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências, 2005) Identificação das competências necessárias Inventário das competências já existentes Planejamento do desenvolvimento e da captação das competências 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 70 Observação visual Observação dos funcionários em seu ambiente de trabalho, buscando identificar as competências. Vamos praticar agora? (CESPE – TCU - AUDITOR) Entre as estratégias que podem ser utilizadas para identificar as competências organizacionais e humanas, incluem-se a pesquisa documental, a coleta de dados com pessoas-chave da organização, as entrevistas, a observação, os grupos focais e o questionário estruturado. A frase está correta, sendo basicamente uma lista das ferramentas normalmente utilizadas no mapeamento. Com a lacuna de competências mapeada, poderíamos começar o planejamento do desenvolvimento e da captação das competências que estão faltando17. Como o ambiente externo das empresas está sempre mudando, estas competências necessárias estarão também sendo alteradas com o tempo. Por isso, a gestão por competências deve ser um processo contínuo. E como iremos eliminar a lacuna de competências? Podemos captar ou desenvolver as competências. A captação das competências ocorre quando a empresa busca competências no meio externo e tenta atrai-las para o ambiente dela. Isto pode acontecer de duas formas: através do recrutamento e seleção de pessoal (individualmente) e através de parcerias e joint ventures com outras organizações (no nível grupal ou organizacional). Já o desenvolvimento de competências ocorre por meio da aprendizagem individual ou grupal e através dos investimentos em 17 (Brandão & Bahry, Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências, 2005) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 70 pesquisa18. Ou seja, o desenvolvimento ocorre dentro da organização, com os membros atuais da empresa. Finalmente, temos a fase da avaliação dos resultados. Sempre devemos monitorar os resultados da empresa de modo a reavaliar os instrumentos utilizados. Vamos praticar agora? (CESPE – SERPRO – ANALISTA) A gestão por competência visa suprir lacunas de competências existentes na organização. Como já comentamos, essa é a função principal da gestão por competências, desenvolver as competências que a organização está necessitando para atingir seus objetivos estratégicos. Questão tranquila. O gabarito é mesmo questão certa. Gestão de Competências versus Gestão por Competências Alguns autores fazem uma distinção entre o que seria a Gestão de Pessoas e o que seria a Gestão por Competências. Para Fernandes19, “Gestão de competências pode ser entendida como uma atividade informal, que pode ser executada por qualquer gestor no exercício do seu trabalho. Quando esse gestor ou essa empresa oferecem treinamento às suas equipes, atribuem desafios, estimulam leituras, mantêm conversas e dão feedback, sempre visando promover o crescimento profissional de suas equipes, realizam gestão de competências”. Assim, a gestão de competências seria relacionada com qualquer atividade que buscasse desenvolver as competências individuais dos funcionários, mesmo quando não existem competências descritas e formalizadas. 18 (Brandão & Guimarães, Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto, 2001) 19 (Fernandes, 2013) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 70 Já a gestão por competências, de acordo com Fernandes, refere- se a empresas que definem e formalizam um conjunto de competências que esperam de seus colaboradores e as utilizam sistematicamente como parâmetro para trabalhar suas pessoas20. Dessa forma, se a empresa não utiliza as competências como baliza, como um “norte” para suas ações, ela apenas pratica a gestão de competências, sem atrelar essas ações de desenvolvimento à um rol de competências definidas como importantes e necessárias. A gestão por competências envolve a definição de certas competências necessárias e estratégicas para que a organização tenha sucesso, de forma a subsidiar todas as atividades de gestão de pessoas. Reflexos dos Modelos de Gestão por Competências nos Processos de Gestão de Pessoas Um modelo de gestão de pessoas por competências deve funcionar integrado a todos os processos de Gestão de Pessoas da instituição. Ou seja, a organização deve ter como foco as competências, e não a descrição de cargos, atividades e funções. Assim, um modelo de gestão por competências integrado irá gerar os seguintes impactos nos processos de GP21: Processo Descrição dos Impactos Recrutamento e seleção Estabelece perfis de pessoas a serem buscadas no mercado ou promovidas internamente. Avaliação Define expectativas para as pessoas e instrumentos para avaliação que captam a diferença entre o que a pessoa faz e o que dela se espera (gaps). Treinamento e desenvolvimento Fornece à empresa subsídios para estruturar programas de treinamento formais ou informais, a fim de desenvolver nas pessoas as competências necessárias. 20 (Fernandes, 2013) 21 (Fernandes, 2013) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 70 Carreira O modelo estabelece as competências necessárias a cada carreira (por exemplo, comercial, técnica, administrativa etc.) e os critérios para mudança. Remuneração As competências e os níveis de maturidade profissional necessários para “entregá-las” são uma base consistente para se construírem faixas e regras de remuneração. Sucessão O modelo ajuda a compor e preparar as pessoas para a sucessão em posições críticas ao negócio. Como você pode ver acima, a gestão por competências muda o “foco” das práticas de Gestão de Pessoas. Saem os cargos e entram as competências como “alvo” das ações. O recrutamento e a seleção, por exemplo, são muito impactados no modelo de gestão por competências. Não buscamos mais pessoas que tenham uma “formação” definida, mas sim pessoas que tenham as competências identificadas como importantes e necessárias. Deste modo, devemos selecionar as pessoas com base em técnicas de competências, que nos auxiliem na identificação de pessoas que possam trazer as competências desejadas pela instituição. Outro processo muito importante que é alterado profundamente na gestão por competências é o da remuneração. A remuneração deixa de estar atrelada aos cargos e níveis hierárquicos, como no modelo tradicional. Na remuneração por competências, definidas as competências necessárias para a organização, devemos descrever cada competência nos seus níveis de complexidade e de responsabilidade, gerando faixas ou níveis22. Para cada uma dessas faixas ou níveis de complexidade, existirá umafaixa salarial. Dessa forma, a complexidade da atuação do profissional no conjunto de competências é que definirá, portanto, a faixa salarial que ele será colocado23. Outra grande mudança nesse modelo, em comparação com o modelo de remuneração tradicional, é a transparência. O modelo de remuneração por competências deve ter seus critérios definidos e divulgados amplamente, de forma a servir de base para a tomada de decisão dos indivíduos, ou seja, para que cada pessoa possa saber quais são as 22 (França, 2010) apud (Ribas & Salim, 2013) 23 (Hipólito, 2002) apud (Ribas & Salim, 2013) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 70 competências consideradas estratégicas e como deve se capacitar para entregar os resultados esperados pela instituição. Portanto, a entrega dos resultados esperados é um fator importante para que a empresa possa definir em qual faixa de salário e benefícios o profissional será colocado. Finalmente, outro aspecto que deve ser ressaltado é que as organizações que têm um foco na gestão por competências costumam rejeitar o modelo burocrático ou tradicional de gestão. Essas instituições têm escolhido modelos mais flexíveis de gestão, com estruturas mais achatadas ou matriciais, bem como um foco na estratégia e em seus clientes que não existe no modelo burocrático. Vamos praticar agora? (CESPE – TCU - ANALISTA) Entre as características das organizações com foco na gestão por competências incluem-se a utilização de abordagens organizacionais flexíveis, o foco nos clientes, o desmembramento da estrutura organizacional tradicional — redução de níveis hierárquicos — e as equipes matriciais. Exato. Para que a gestão por competências seja implementada é necessário que se repense o modelo burocrático de gestão em busca de uma organização mais flexível e orgânica. O gabarito é questão certa. Liderança Um líder ideal deve saber conduzir sua equipe de modo a que todos atinjam seus resultados esperados. Para isso, deve se utilizar do conhecimento sobre sua equipe e de uma comunicação eficaz para guiá-los ao encontro dos objetivos da organização. Naturalmente, o processo de liderança é um dos mais importantes no trabalho de um administrador. Além disso, é um dos mais difíceis. Milhares de livros são lançados anualmente em todo mundo, tentando ensinar os gestores a serem melhores líderes. 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 70 Basicamente, a liderança envolve a habilidade para influenciar pessoas para que sejam alcançados determinados objetivos. É mostrar o caminho a ser seguido. É vender uma visão de futuro sobre a organização. É incentivar os membros da empresa em torno dos objetivos que são almejados. Algumas definições de Liderança podem ser vistas abaixo: “O conceito de liderança é relacionado com a utilização do poder para influenciar o comportamento de outras pessoas24.” “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas em direção ao alcance das metas organizacionais25.” “É um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais e nas organizações. A liderança é exercida como uma influência interpessoal em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos26.” Ao buscar liderar nossos subordinados e colegas, estamos lidando com seres humanos, pessoas. E cada indivíduo responde de maneira diferente a cada estímulo. Alguns colegas provavelmente precisarão de um contato mais constante, uma atenção maior do líder. Já outros, provavelmente, têm maior maturidade e não demandam muita supervisão e atenção de seus superiores, pois tem maior iniciativa e capacidade de autogerenciamento. Com isso, o líder deve ter uma percepção de como cada indivíduo deve ser “envolvido” para que cada membro possa contribuir o seu máximo. Desta forma, O exercício da liderança é algo dinâmico e que envolve diversos fatores das relações pessoais, como a influência pessoal, o poder, a comunicação, para que os objetivos organizacionais da instituição sejam alcançados. As teorias de liderança são muitas, mas iremos ver aqui as que são recorrentemente citadas em provas. Basicamente, são as seguintes: dos traços, 24 (Zaleznik, 1992) 25 (Daft, 2005) 26 (Chiavenato, Administração Geral e Pública, 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 70 Abaixo, podemos ver as principais: Figura 7 - Teorias da Liderança Liderança X Chefia A liderança não é um papel executado exclusivamente pelos chefes ou gerentes. Isto muitas vezes acontece assim, mas não sempre. Naturalmente, a capacidade de liderar uma equipe é um dos aspectos que leva alguém a ser promovido a um cargo de chefia. Muitos indivíduos que chegam nestas posições, como vocês devem imaginar, não têm o perfil e as capacidades necessárias para liderar pessoas. Alguns não gostam de falar em público, outros têm dificuldades nas negociações e no envolvimento dos seus subordinados. Não é incomum, por exemplo, que o líder de um grupo seja um colega, alguém mais experiente ou envolvente, que consegue com seu comportamento guiar os membros em direção dos objetivos. Assim sendo, não é absolutamente necessário que o chefe de uma equipe seja o seu líder, na prática. Muitos chefes não querem fazer esse papel. O líder pode ser uma pessoa sem poder hierárquico ou de comando, sem problema. Prestem atenção nesse ponto: O líder não é, necessariamente, o superior hierárquico, o chefe. Isto é muito cobrado em provas de concurso, pois é o “senso comum”, apesar de estar errado. ひ Ideia é que os líderes nascem com características inatas e o objetivo deve ser a identificação dos traços individuais dos líderes para identificar potenciais líderes Baseada nos Traços ひ analisavam o efeito de diversos estilos dos líderes no desempenho das organizações e na satisfação das pessoas Comportamentais / Estilos de Liderança ひ levam em conta diversos fatores ambientais para determinar qual seria o melhor estilo de liderança em cada situação Contingenciais / Situacionais 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 70 Figura 8 - Relação entre chefia e liderança. Adaptado de: (Rennó, 2013) Vamos praticar agora? (CESPE – TRT-17 - PSICOLOGIA) Liderança é definida como a influência exercida por aqueles que possuem autoridade formal na organização. Pegadinha na área! Como já vimos, não é sempre que o chefe (quem tem autoridade formal) será o líder de um grupo. A liderança não é necessariamente realizada por este chefe, pois ele pode não ter perfil para isto, por não dar atenção a este fator, dentre outros motivos. O gabarito é mesmo questão errada. Tipos e Fontes de Poder A autoridade não é a única fonte do poder dentro de uma organização. Segundo Sobral e Alketa27, o conceito de poder é mais abrangente que o conceito de autoridade, visto que pessoas sem nenhuma autoridade têm, às vezes, muito poder na organização. Quem tem autoridade tem poder, porém, nem todo poder deriva da autoridade. 27 (Sobral & Peci, 2008) Chefia Liderança 71716880203Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 70 O poder pode ser conceituado como a possibilidade de influenciar pessoas ou um grupo de pessoas e modificar seu comportamento. Entre os principais tipos de poder estão28: Tipos de Poder Descrição Poder coercitivo Quem detém este poder pode punir através de sanções, de penas, de castigos. O medo da punição altera assim o comportamento das pessoas; Poder de recompensa Neste tipo o poder se exprime pela capacidade do detentor do poder de incentivar através de salários, de bônus, de prêmios as outras pessoas. Desta forma ele pode alterar o comportamento das pessoas de maneira positiva; Poder legítimo Este tipo é derivado da posição hierárquica na organização, da estrutura formal da empresa. É o tipo de poder que os superiores hierárquicos detêm; Poder referente Também chamado de carismático, é decorrente de uma percepção positiva das pessoas sobre alguém, geralmente um herói, um líder. Como muitos admiram sua personalidade, suas ideias, são influenciadas por esta pessoa; Poder de competência Este tipo se origina do reconhecimento de que uma pessoa detém um know-how, um conhecimento especial que o diferencia dos demais em algum tema. Esta competência em uma área específica gera uma “obediência” por parte dos outros, quando o assunto for ligado a esta área. Abordagens de Liderança Como falamos acima, existem teorias distintas que tentam “explicar” o funcionamento do processo de liderança nos grupos humanos. A primeira teoria é a dos traços de liderança. 28 (Sobral & Peci, 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 70 Esta teoria não é mais aceita pelos principais teóricos da área, mas ainda é cobrada em provas, ok? Por isso, vamos conhecê-la um pouquinho. Mas vocês verão que este tema é bem gostoso! Teoria dos Traços de Liderança. A teoria dos traços ou das características é uma das mais antigas no estudo da administração. Ela se baseia em uma noção antiga de que os líderes teriam certos “traços” de personalidade que os definiriam, que seriam característicos destas pessoas. Ou seja, a teoria dizia que será possível de certa forma “mapear” quais seriam estas características e, após isso, poderíamos buscar pessoas semelhantes na população, para que fossem alçadas ao papel de liderança29. E quais seriam estes traços, professor? Basicamente, seriam características pessoais como a inteligência, a capacidade de oratória, a confiança, os valores, dentre outros aspectos vistos como positivos para que um líder possa desempenhar este papel. De acordo com Krumm30, “Os primeiros teóricos dos traços achavam que os bons líderes já nascem com esses traços e que esses traços são uma parte constituinte da personalidade do administrador. Essa posição foi, posteriormente, modificada para indicar que os traços podem ser desenvolvidos pela experiência; mas os traços eram considerados como aspectos centrais da personalidade do líder”. Ou seja, os traços seriam a princípio características natas, ou de nascença. Com o desenvolvimento da teoria, alguns autores consideravam que os traços poderiam ser adquiridos ou aprendidos com a experiência. E como funcionaria, na prática? Vamos imaginar que você conhecesse um líder, ou pelo menos sua descrição, como Júlio Cesar, Alexandre o Grande, ou Felipão (sei...peguei pesado!). Tentaríamos “mapear” depois quais seriam as suas principais qualidades. Com estas qualidades definidas, tentaríamos achar alguém com as mesmas características e “voilá”, teríamos um líder em potencial nas mãos! 29 (Chiavenato, Administração nos novos tempos, 2010) 30 (Krumm, 2005) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 70 Como você pode imaginar, as coisas não foram tão simples. Fazer esse mapeamento já era algo complicado. Muitas destas características são mensuradas pela percepção de outras pessoas. Comparar aspectos como inteligência, flexibilidade e valores é algo muito difícil. Além disso, muitas vezes uma característica que tinha sido muito positiva em um caso, poderia ser desastrosa em outra situação. Um líder muito “firme” com sua equipe poderia ser a “solução” em um caso de um general na segunda guerra mundial, mas seria um fracasso em um líder de governo no Senado, por exemplo. Isto acontece porque estas situações diferentes “pediriam” líderes diferentes. A teoria não estava considerando o ambiente externo, o contexto, dentro de sua análise. Não existiria um líder perfeito para todas as situações. Desta maneira, o modelo aos poucos foi sendo desacreditado e superado por novas teorias que buscaram analisar a influência do meio externo no papel do líder. Teoria Comportamental – Os Estilos de Liderança. A teoria dos estilos de liderança (ou comportamental) buscou analisar a liderança não pelas características dos líderes, mas pelo seu comportamento em relação aos seus subordinados. A teoria ficou conhecida através dos estudos de Lewin, Lipitt e White, autores americanos, com suas pesquisas na Ohio State University31. Eles estudaram o comportamento de grupos de pessoas, principalmente em relação ao controle de seus subordinados, e “mapearam” três estilos diferentes: autocrático, democrático e liberal. O líder autocrático seria aquele que controla mais rigidamente seus empregados. Ele toma todas as decisões e não delega autoridade nenhuma para seus funcionários. Na empresa dele, até compra de caneta Bic tem que ser autorizada por ele antes! Ele define em detalhes como será a atuação de cada pessoa em seu departamento. A participação dos funcionários nos “rumos” e decisões é quase nula. Já o líder democrático seria aquele que contaria com a participação de sua equipe na tomada de decisões. Seria um controle compartilhado, feito em conjunto. Existiria um nível de delegação de autoridades e responsabilidades pelo líder. 31 (Lewin, Lippitt e White, 1939) apud (Krumm, 2005) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 70 Alguns autores dividem esse estilo de liderança em dois: o modo consultivo e o participativo. Figura 9 - Tipos de Liderança Democrática A diferença básica entre os dois tipos é sobre quem toma a decisão final. No caso do tipo consultivo, como o nome já indica, a decisão cabe ao líder depois que ele “consulta” sua equipe. No caso do tipo participativo, a equipe participa da decisão. A tomada de decisão é feita pelo grupo, em conjunto com o líder. Finalmente, a liderança liberal (também chamada de “laissez- faire”, algo como “deixar fazer” em francês) é o estilo em que existe pouco ou nenhum controle do líder sobre seus empregados. A equipe tem liberdade quase total de “tocar” o trabalho como melhor escolher. A liderança teria somente um papel consultivo, de um esclarecedor de dúvidas e de fornecedor dos recursos para as tarefas. Os autores buscavam determinar qual seria o melhor estilo de liderança. As descobertas foram um pouco decepcionantes. Os empregados se mostraram mais satisfeitos em trabalhar para os líderes democráticos (nenhuma surpresa, não é mesmo?). Mas os resultados objetivos do trabalho pareciam indicarque para muitas situações os líderes autocráticos eram os que conseguiam “entregar” os melhores resultados. Já o estilo liberal não trazia nem satisfação aos empregados nem resultados práticos. Assim sendo, uma das críticas à esta teoria foi a de que não existiria uma liderança “superior”, mas que o melhor estilo dependeria da situação em que o líder estivesse envolvido. Abaixo, podemos ver um resumo dos estilos: Democrático Consultivo Líder toma a decisão depois de ouvir Democrático Participativo Decisão é feita em conjunto 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 70 Figura 10 - Teoria comportamental ou dos estilos de liderança. Vamos praticar agora? (CESPE – BASA - ADMINISTRAÇÃO) Na atualidade, inexiste situação que comporte a aplicação da liderança autocrática no âmbito de uma organização, pois essa é uma teoria sem aplicabilidade prática. A liderança autocrática tem sim aplicabilidade prática. Existem diversas situações em que a liderança democrática ou a liderança liberal não funcionam, como casos em que não temos tempo para tomar uma decisão, por exemplo. Quem já serviu ao Exército, por exemplo, sabe que o estilo de liderança nas forças armadas não é o democrático, não é mesmo? O gabarito é questão errada. Os Estilos de Liderança de Likert. Outra teoria comportamental ligada aos estilos de liderança é a criada por Likert, que se baseou no estilo de autoridade do líder. Para ele, os quatro estilos de liderança são os seguintes: autoritário-coercitivo, autoritário-benevolente, consultivo e participativo. Abaixo, podemos ver uma descrição de cada estilo: Autocrático ひ O líder controla rígidamente seus funcionários e centraliza as decisões. Democrático ひ Líder envolve seus funcionários, delegando autoridades e responsabilidades. Tem dois tipos: consultivo (lider decide) e participativo (grupo decide). LキHWヴ;ノ ラ┌ さノ;キゲゲW┣- a;キヴWざ ひ Líder praticamente "ausente". Equipe liberdade quase total. Lider apenas responder dúvidas e fornecer os recursos necessários. 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 70 Estilo de Liderança Descrição Autoritário- Coercivo O líder é autocrático, centralizando a tomada de decisões, tendo um controle rígido sobre o funcionamento da instituição. Se comunica raramente com seus subordinados e utiliza ameaças e punições frequentemente. Costuma gerar uma submissão dos subordinados, uma dependência deles perante o chefe, além da inibição e uma desmotivação. Como ponto positivo, temos uma rapidez na tomada de decisão. É comum em empresas de setores com mão de obra intensiva. Autoritário- Benevolente Seria um caso mais "brando" do estilo autoritário-coercitivo. O líder continua autocrático, mas seria menos rígido e faria algumas consultas eventuais a equipe e delegaria algumas tarefas e decisões. Neste estilo, as ameaças seriam utilizadas também com prêmios e recompensas. As consequências desse estilo seriam semelhantes ao do estilo autoritário-coercitivo, mas em menor escala. Ocorre com mais frequência em empresas industriais com profissionais ou pouco mais especializados. Consultivo É um estilo em que o líder envolve mais seus funcionários e discute os objetivos e metas com eles. A comunicação com os subordinados é melhor e existe um clima mais propenso ao trabalho colaborativo e em equipe. A motivação dos liderados costuma ser maior e o clima organizacional é mais ameno. Entretanto, o trabalho se torna um pouco mais moroso. Costuma ser utilizado em organizações do setor de serviços. Participativo O líder tem uma postura mais democrática e cria um ambiente em que todos participam na tomada de decisões. A comunicação entre a equipe é boa e as pessoas sentem real responsabilidade pelo seu trabalho. A motivação é claramente superior. Costuma ser utilizada em empresas de setores de tecnologia e com profissionais altamente capacitados que atuam em atividades complexas. 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 70 Grid Gerencial de Blake e Mouton. Esta é uma das teorias comportamentais da liderança mais conhecidas. A grade gerencial de Blake e Mouton foi uma evolução da teoria de Tannenbaum e Schmidt, que postulava que a liderança era um “continuum” entre a liderança orientada para pessoas e a orientada para tarefas, pois questionou esta visão antagônica (ou era focada em pessoas ou tarefas, e não nas duas!)32. Para Blake e Mouton, tanto a preocupação com as pessoas e com a produção são fundamentais para se alcançar um bom resultado33. Eles montaram a grade gerencial baseada nas duas dimensões comportamentais: preocupação com as pessoas e preocupação com a produção (por isso é chamada visão bidimensional do estilo de liderança)34. A ideia por trás da teoria é a de que o líder não deveria ser totalmente focado nas pessoas, pois provavelmente tenderia a não atingir os resultados da empresa (oferecendo benefícios em excesso e cobrando pouco os resultados). Por outro lado, também não poderia ser totalmente voltado para os resultados (ou para a produção), pois poderia alienar as pessoas e criar um ambiente desmotivador e afastar os melhores empregados35. Abaixo podemos ver mais facilmente o grid gerencial: 32 (Daft, 2005) 33 (Robbins & Coulter, Administração, 1998) 34 (Blake e Mouton, 1985) apud (Clegg, Kornberger, & Pitsis, 2008) 35 (Clegg, Kornberger, & Pitsis, 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 70 Figura 11 - Grade gerencial. Adaptado de (Sobral & Peci, 2008) Cada uma das dimensões é avaliada por meio de uma escala de 1 a 9, contendo 81 posições possíveis para o estilo de liderança. As cinco posições chaves que Blake e Mouton identificaram foram36: Líder negligente ou liderança empobrecida (1.1) O líder se esforça minimamente para fazer o trabalho e justificar sua permanência na posição. O líder é basicamente ausente. Líder-tarefa (9.1) O líder se preocupa com a eficiência na produção, mas pouca preocupação com a motivação e o desenvolvimento dos funcionários. Todo o foco se concentra nos resultados. É a liderança na base do “chicote”! Líder-pessoa ou clube de campo (1.9) Toda a preocupação está focada nas necessidades dos funcionários e em proporcionar um ambiente agradável, sem preocupar-se muito com a eficiência e eficácia da produção. Neste tipo de liderança, existe pouca pressão por resultado! 36 (Chiavenato, Introdução à teoria geral da administração, 2011) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 70 Líder meio-termo (5.5) O líder mantém uma eficiência da produção razoável e um moral satisfatório. Busca equilibrar sua preocupação com as pessoas e com a produção, sem maximizar nenhum dos fatores. Líder-equipe (9.9) Segundo Blake e Mouton, esse é o estilo mais eficaz para uma organização! O líder se esforçaria tanto para obter eficiência na produção, como em manter seus funcionários motivados e em constante desenvolvimento. A teoriade Blake e Mouton foi muito importante por sintetizar as teorias comportamentais de liderança, mas os estudos posteriores não confirmaram que o estilo líder-equipe seja realmente o mais eficaz em todos os casos. A falha de não levar em consideração os fatores situacionais acabou levando ao desenvolvimento posterior das teorias contingenciais ou situacionais de liderança. Liderança Contingencial ou Situacional Depois das falhas encontradas na teoria comportamental (ou dos estilos de liderança), a preocupação voltou-se para a influência do ambiente ou do contexto no processo de liderança. Não existiria, assim, um líder “perfeito” para todas as situações. A liderança deveria incluir também a percepção do líder para que ele tivesse como se “moldar” a cada situação específica. Além do aspecto do ambiente que envolve a situação, as teorias contingenciais também consideram como importantes tanto o comportamento dos líderes, bem como a maturidade dos liderados37. 37 (Cavalcanti, Carpilovsky, Lund, & Lago, 2009) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 70 Teoria da Contingência de Fiedler. De acordo com o autor, as características das personalidades são desenvolvidas durante diversas experiências vividas durante a vida e dificilmente são alteradas38. Para Fiedler, existem dois tipos de líderes: líderes orientados para tarefas e líderes orientados para pessoas. Os primeiros seriam mais focados nos resultados e nos objetivos organizacionais. Já os segundos, naturalmente, estariam mais voltados para o bem-estar de sua equipe. A teoria engloba três aspectos principais: o relacionamento entre o líder e seus empregados, o poder de autoridade que este líder detém e a estrutura da tarefa/atividade. Os fatores combinados formam oito dimensões, desde a mais desfavorável a mais favorável para o líder. O conceito principal da teoria é que o gestor deve analisar qual é o perfil do líder para que possa posteriormente inseri-lo dentro do contexto que mais se adapte ao seu comportamento39. Figura 12 - Teoria da Contingência de Fiedler. Fonte: (Rennó, 2013) A conclusão do trabalho foi interessante. O autor percebeu que a liderança orientada para tarefas era mais eficaz na maioria das situações (ver gráfico acima). Tanto em situações altamente favoráveis quanto nas altamente desfavoráveis, o líder focado na tarefa se saía melhor. Somente em situações intermediárias era que a liderança orientada para pessoas era a mais adequada. 38 (Krumm, 2005) 39 (Sobral & Peci, 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 70 Teoria Caminho-Meta Esta teoria da contingência afirma que os líderes devem ser flexíveis e, portanto, devem moldar o tipo de liderança à situação, envolvendo fatores contingenciais ambientais e fatores contingenciais do subordinado. Seus autores postulam que o líder tem a responsabilidade de aumentar a motivação dos funcionários mostrando os comportamentos necessários para o alcance das metas e as recompensas disponíveis no caso de sucesso. Uma das principais ideias da teoria Caminho-Meta é de que o líder será aceito pelos liderados quando estes o virem como fonte de satisfação, imediata ou futura. Fonte: Bass, Bernard. Leadership: good, better, Best. Organizational Dynamics, Winter 1985. O trabalho do líder é o de esclarecer quais são os comportamentos adequados para que os objetivos sejam atingidos e mostrar quais são as recompensas disponíveis, além de equalizar as recompensas com as reais necessidades dos empregados (eles querem recompensas materiais ou buscam recompensas intrínsecas, como melhor ambiente de trabalho, trabalho mais gratificante e maior realização?). O desafio, para o líder, seria o de usar o estilo de liderança que seria o mais adequado às necessidades motivacionais dos seus liderados. Os autores classificam os estilos de liderança em quatro: Estilo Descrição 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 70 Compreensivo (apoiador) O líder mostra preocupação com as necessidades dos empregados e seu comportamento é aberto e amistoso, tratando-os como iguais e criando um clima favorável. Diretivo O líder diz em detalhes como os empregados devem fazer seu trabalho, definindo as metas, normas e as recompensas específicas. É semelhante ao estilo focado em tarefas que já vimos anteriormente. Participativo Líder é aberto às ideias dos empregados e encoraja a participação na tomada de decisões. Realizador O líder define metas arrojadas e busca com os empregados atingir um alto desempenho e o constante aprimoramento. O líder incentiva o aprendizado contínuo e a busca por melhorias em vez de resultados momentâneos. A teoria do caminho-meta foca no relacionamento entre o estilo do líder, as características dos subordinados e o conjunto do trabalho. Fonte: Yukl, Gary. Leadership in Organizations. Ed Prentice Hall. 1981. 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 70 Teoria Situacional A teoria da liderança situacional de Hersey e Blanchard pôs o foco da liderança nos subordinados, e não nos líderes40. Para eles, a “chave do sucesso” da liderança está na escolha correta de um estilo de liderança que esteja adequado ao nível de maturidade dos funcionários. Para os autores, os líderes devem analisar o nível de maturidade para saber como devem se comportar em relação a eles. Um conceito muito importante nesta teoria é o de adaptabilidade. Um líder é adaptável (ou adaptativo) quando consegue variar o estilo de liderança de acordo com o contexto41. Ao contrário, um líder rígido só consegue ser eficaz quando seu estilo de liderança é adequado ao ambiente que o cerca. Naturalmente, os líderes adaptáveis são mais adequados aos nossos tempos. Isto acontece porque os funcionários não são todos iguais. De acordo com Hersey e Blanchard, eles têm um nível de maturidade variável. Aqui estamos definindo maturidade não só de acordo com o aspecto psicológico do trabalhador, mas também em relação à sua capacidade de realizar o trabalho. 40 (Cavalcanti, Carpilovsky, Lund, & Lago, 2009) 41 (Cavalcanti, Carpilovsky, Lund, & Lago, 2009) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 70 Figura 13 - Estágios de Maturidade. Fonte: (Cavalcanti, Carpilovsky, Lund, & Lago, 2009) Assim, um funcionário com alta maturidade seria capaz de fazer suas tarefas de forma independente, de se autogerenciar e de buscar as metas necessárias. Já um funcionário com baixa maturidade demandaria uma maior atenção do líder, de modo a compensar sua baixa capacidade de realizar as atividades, somado com sua pouca disposição de assumir responsabilidades. Os autores montaram um quadrante com dois fatores: comportamento focado nas tarefas e comportamento focado nos relacionamentos. Os líderes teriam quatro “estilos” ou comportamentos possíveis, de acordo com a combinação destes fatores (tarefa e relacionamento): direção, delegação,persuasão e participação. De acordo com Schermerhorn42, os estilos seriam os seguintes: 42 (Schemerhorn Jr., 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 70 Direção (ou Determinação) – determinar o que cada subordinado fará em detalhes, com rígida supervisão. Um estilo com alta preocupação com a tarefa e baixa preocupação com o relacionamento; Persuasão – explicar a necessidade de cada tarefa de forma persuasiva e dar um suporte ao empregado sempre que possível. Um estilo com alta preocupação com a tarefa e também alta preocupação com o relacionamento; Participação (ou compartilhamento) – enfatizar o compartilhamento de ideias e a participação dos funcionários na tomada de decisões em relação ao trabalho que será desenvolvido. Seria um estilo com baixa preocupação com a tarefa e alta preocupação com o relacionamento; Delegação – deixar o funcionário ou o grupo tomar suas próprias decisões em relação ao trabalho e assumir suas responsabilidades. Seria um estilo com baixa preocupação com a tarefa e baixa preocupação com o relacionamento. O conceito da teoria é bem simples: o líder deve perceber em que situação está seu empregado e aplicar o estilo adequado. Para funcionários que tenham sido recentemente contratados, com pouca experiência prática, o líder deve adotar um comportamento mais focado no que deve ser feito, sem dar muita autonomia, supervisionando de perto. Já com funcionários com muito tempo de casa e com experiência prática nas tarefas, o líder deve dar autonomia e delegar autoridade e responsabilidade. Estes empregados têm capacidade para se autogerenciar. Liderança Transacional x Transformacional. Grande parte das teorias de liderança se baseia no relacionamento entre líderes e subordinados. Existem, porém, estudos que abordam o tipo de recompensa que o líder oferece, ao invés de analisar o comportamento do líder em relação aos liderados. Estes estudos apontam dois tipos de líderes: líderes transacionais e transformacionais. Liderança transacional é aquela onde existe uma relação de troca entre líder e subordinado. Seu nome vem exatamente desta troca, de transação! O líder define as metas que devem ser alcançadas e promete os “prêmios” caso os objetivos sejam atingidos. O líder transacional deve então esclarecer quais serão as tarefas e os objetivos, motivar seus funcionários para que eles atinjam suas metas, e 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 70 fornecer apoio aos liderados no trabalho, buscando suprir suas necessidades. De acordo com muitos autores, a liderança transacional funciona bem quando a organização está em um ambiente estável. Para que ela seja eficaz, ambos os lados (líder e liderado) devem estar “satisfeitos com o negócio”, ou seja, deve existir um equilíbrio entre as recompensas e os esforços. Lembre-se! O líder transacional é o líder tradicional, que busca motivar através de incentivos materiais Já na liderança transformacional, o papel do líder é de inspirador de seus subordinados. Esse líder busca que seus liderados transcendam seus objetivos pessoais em benefício da organização! Ele não se apoia somente nas recompensas materiais para motivar os seus liderados, mas usa também outros aspectos, como a visão, os valores compartilhados e as ideias para que seus subordinados se superem. Existe uma via de mão dupla neste tipo de liderança. Há um estímulo mútuo, em que ambas as partes se incentivam para que façam um esforço extra, para que o mais alto nível de motivação seja atingido. Figura 14 - Liderança Transacional e Transformacional O líder transformacional é um agente de mudanças e inovações na organização. Este líder tem características do líder carismático, mas vai além deste! O líder carismático pode querer que os liderados sigam seu modo de pensar, e nada além disso. ひ É aquela onde existe uma relação de troca entre líder e subordinado. O líder define as metas que devem ser alcançadas e promete ラゲ さヮヴZマキラゲざ I;ゲラ ラゲ ラHテWデキ┗ラゲ ゲWテ;マ atingidos. Transacional ひ O líder é um inspirador de seus subordinados. Não se apóia somente nas recompensas materiais para motivar os seus liderados. Transformacional 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 70 No caso do líder transformacional, ele quer que os seus seguidores sejam questionadores e empreendedores, que busquem o novo, que sejam criativos! Assim sendo, a liderança transformacional seria construída em cima das bases da liderança transacional. Ela geraria esforços e resultados acima dos que a liderança transacional poderia atingir! Abaixo, podemos ver um quadro comparativo entre os líderes transacionais e transformacionais43: Líderes Transacionais Líderes Transformacionais Recompensa Contingente: negocia os esforços em troca de recompensas, promete recompensas por bom desempenho, reconhece os bons resultados. Carisma: Fornece uma visão e um sentido de missão, introduz o orgulho, ganha o respeito e a confiança. Gerenciamento pela exceção (ativa): observa e procura por desvios das regras e padrões, toma as ações corretivas. Inspiração: comunica altas expectativas, utilizando símbolos para focar os esforços e expressa os objetivos mais importantes de forma simples. Gerenciamento pela exceção (passiva): Intervém somente quando os padrões não são alcançados. Estímulo intelectual: promove a inteligência, racionalidade e a solução de problemas de forma cuidadosa. Laissez-faire: Abdica das suas responsabilidades, evita tomar decisões. Consideração Individualizada: fornece atenção personalizada, trata cada funcionário de forma individual, treina e aconselha. Tabela 1 - Quadro comparativo entre líderes transacionais e transformacionais. Adaptado de: (Robbins, Organizational Behavior, 2004) Liderança Carismática A teoria da liderança carismática está centrada na noção de que certos líderes podem, pelo poder de seu carisma, motivar as pessoas a atingir seus objetivos. Eles formariam grupos coesos e voltados para esses objetivos, com um alto grau de confiança no líder.44 De acordo com Clegg et al,45 43 (Robbins, Organizational Behavior, 2004) 44 (Clegg, Kornberger e Pitsis 2008) 45 (Clegg, Kornberger e Pitsis 2008) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 70 “A liderança carismática é o tipo de liderança que faz uma ênfase na articulação de uma visão e de uma missão que promete uma vida melhor. “ De certa forma, a teoria da liderança carismática aponta o carisma como uma característica que fariam os subordinados dedicarem-se mais e a seguirem fielmente o líder em torno de uma meta idealizada por ele. Mas como um líder torna-se um líder carismático? Ou melhor, como desenvolvemos um carisma? Segundo uma análise de Conger e Kanengo, as principais características de um líder carismático seriam:46 Características Descrição Autoconfiança Possuem confiança plena no próprio julgamento e habilidade; Visão Apresentam uma meta idealizada que propõe um futuro melhor que o status quo. Quanto maior a disparidade entre essa meta idealizada e o status quo, mais os seguidores tenderão a atribuir ao líder uma visão extraordinária; Habilidadede articulação Eles podem esclarecer e formular sua visão de maneira compreensível para os demais, demonstrando uma compreensão das necessidades dos seguidores e, consequentemente, atuando como força motivadora; Forte convicção Os líderes carismáticos são tidos como fortemente comprometidos, dispostos a assumir elevados riscos pessoais, arcar com custos altos e dedicar-se ao autossacrifício para realizar o que pretendem; Comportamento fora do habitual Os que têm carisma adotam atitudes vistas como modernas, não convencionais e contrárias as normas. Quando bem-sucedidos, esse tipo de comportamento desperta surpresa e admiração nos seguidores; Agentes de mudança Os líderes carismáticos são percebidos como agentes de mudança radical, em lugar de mantenedores do status quo; 46 (Conger e Kanengo) apud (Robbins, 2002) apud (Cavalcanti, et al. 2009) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 70 Sensibilidade ao ambiente Fazem avaliações realistas das imposições ambientais e dos recursos necessários para provocar a mudança. Deste modo, os líderes carismáticos são vistos pelos seus subordinados como obstinados, autoconfiantes e agentes de mudança em sua organização. Não se comportam como chefes conservadores e buscam o risco, o novo, a mudança. De acordo com Robbins,47 existem três passos principais para que um líder possa desenvolver carisma: Naturalmente, existem adeptos e críticos deste tipo de liderança. Pesquisas mostram que pessoas que trabalham com líderes carismáticos são mais motivadas e dedicam-se mais. Além disso, como gostam de seus chefes, são mais felizes no ambiente de trabalho.48 Entretanto, alguns apontam que este estilo pode criar problemas. A autoconfiança e busca obstinada por um objetivo pode “cegar” o líder, fazendo com que ele não escute críticas e sugestões de pessoas com outras 47 (Robbins, Organizational Behavior 2004) 48 (Robbins, Organizational Behavior 2004) Deve desenvolver uma aura de carisma, sendo otimista em relação aos desafios e utilizando uma comunicação não só de palavras, mas do corpo inteiro. Um indivíduo atrai outras pessoas criando um compromisso qua as inspire a segui-lo. O líder extrai o máximo do potencial dos outros reconhecendo e explorando suas emoções, através de incentivos e encorajamento. 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 70 visões.49 Assim, esse tipo de líder seria mais adequado a empresas emergentes ou que necessitem de uma grande mudança. Liderança Visionária Da mesma forma que a liderança carismática, o próprio nome da liderança visionária indica qual é o seu enfoque. Os autores que criaram esse termo, Bennis e Nanus, apontaram que a capacidade de criar e compartilhar uma visão de futuro seria fundamental na atuação de um líder.50 Mas afinal, o que seria uma visão? Esse conceito está relacionado com o destino desejado – um “macro objetivo”. Seria, basicamente, responder a pergunta: “como queremos estar daqui a cinco ou dez anos? ”. Para Albrecht,51 para chegar à visão, uma empresa deve perguntar: como queremos ser vistos pelas pessoas e pelo mercado? Mas uma visão não pode ficar somente na “cabeça” do líder. Um líder visionário “vende” a visão aos membros da organização. Ele utiliza esse “alvo”, esse macro objetivo, como um fator motivador e que cria uma coesão no grupo. Essa visão serve para que todos tenham uma noção clara de quais são os objetivos buscados e auxilia na priorização de esforços e de recursos. De acordo com Bennis e Nanus,52 “É, portanto, um elemento motivador, além de atuar como critério de seleção para a alocação de esforços, filtrar as informações a serem analisadas, e disciplinar as ações, de modo a canalizar todos os esforços para um único fim. ” Assim sendo, um líder visionário não só escolhe uma visão correta para a empresa, mas também comunica essa visão a todos os membros e consegue que estes “comprem” essa visão e se dediquem ao máximo para que a mesma vire realidade. 49 (Cavalcanti, et al. 2009) 50 (Bennis e Nanus, 1988) apud (Cavalcanti, et al. 2009) 51 (Albrecht) apud (Boyett e Boyett, 1999) apud (Cavalcanti, et al. 2009) 52 (Bennis e Nanus, 1988) apud (Cavalcanti, et al. 2009) 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 70 Questões Comentadas. 1. (ESAF – ANAC – ESPECIALISTA – 2016) A respeito da Teoria Estruturalista das Organizações, analise as afirmativas abaixo, classificando-as em verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. I. O poder é a habilidade de induzir outras pessoas a conduzir o objetivo de alguém. II. Os indivíduos que respondem ao poder tendem a se comportar de forma refutável. III. As organizações muitas vezes têm muitos objetivos contraditórios. (A) V, F, V. (B) V, V, V. (C) F, F, V. (D) F, V, F. (E) V, V, F. A primeira frase está certa. O poder pode ser definido como a capacidade ou a habilidade de fazer os outros realizarem tarefas, atividades ou realizar certos objetivos. Já a segunda frase está errada, pois a frase não faz sentido como está escrita. Algo que é refutável é algo que pode ser negado. Assim, a banca trocou o termo no final da frase. O trecho correto seria: " Os indivíduos que respondem ao poder tendem a se comportar de forma irrefutável". Finalmente, a última frase está certa. Muitas vezes, as organizações buscam objetivos que são contraditórios. O gabarito é mesmo a letra A. 2. (ESAF – RFB – AUDITOR – 2014) Analise os itens a seguir e assinale a opção correta. I. A liderança, a direção e a gerência são um mesmo papel que necessariamente deve ser desempenhado pelo administrador. II. Uma das características da liderança autocrática é o comportamento do líder que assume o papel de membro do grupo e atua somente quando é solicitado. III. A motivação está relacionada a três aspectos diretamente vinculados ao comportamento: a liderança, os objetivos organizacionais e a tomada de decisão. 71716880203 Administração Geral p/ Auditor da RFB - 2016 Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 70 a) Somente I e II estão corretas. b) Somente II e III estão corretas. c) Somente I e III estão corretas. d) Nenhuma das afirmativas está correta. e) Todas as afirmativas estão corretas. A primeira frase está errada, pois nem sempre o ocupante de um cargo de gerência é também o líder em uma organização. Ou seja, podemos ter líderes que não são chefes e chefes que não são líderes. A segunda frase também está errada. É a liderança liberal a qual o líder se porta desta forma, não a liderança autocrática. Finalmente, a motivação não está relacionada diretamente com os objetivos organizacionais, mas sim os objetivos pessoais de cada um. Assim, o gabarito é mesmo letra D. 3. (ESAF – DNIT / TÉCNICO – 2013) A capacidade de liderar é importante não apenas em estadistas, dirigentes de religiões, mas também em treinadores, comandantes militares, professores e administradores em geral. Assinale a opção correta sobre a liderança nas organizações. a) Liderança é o mesmo que autoridade formal, que é uma das bases das organizações e um atributo