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i UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA ANÁLISE INTEGRADA DOS MÉTODOS GPR E ELETRORRESISTIVIDADE EM TERRENOS CARBONÁTICOS NA MICRORREGIÃO DE IRECÊ - UIBAÍ, BAHIA Caroline Alves Vieira Salvador 2016 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA ANÁLISE INTEGRADA DOS MÉTODOS GPR E ELETRORRESISTIVIDADE EM TERRENOS CARBONÁTICOS NA MICRORREGIÂO DE IRECÊ - UIBAÍ, BAHIA Caroline Alves Vieira Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos à obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA. Orientador: Dr. Marco Antônio B. Botelho Co-orientador: Dr. Sandro Machado Lemos Agência Financiadora: CAPES - Perído Parcial Salvador 2016 iii iv DEDICATÓRIA Dedico a conclusão dessa dissertação à toda minha família, em especial à minha avó, Iracema Balbino Alves que, antes de sua partida, deixou-me o legado de nunca desistir, seguindo sempre em frente. (Em memoria). v FORMAÇÃO DO CANDIDATO Geóloga formada pela Universidade Federal da Bahia, UFBA (2007). “Vou mostrando como sou E vou sendo como posso, Jogando meu corpo no mundo, Andando por todos os cantos E pela lei natural dos encontros Eu deixo e recebo um tanto E passo aos olhos nus Ou vestidos de lunetas, Passado, presente, Participo sendo o mistério do planeta O tríplice mistério do “Stop” Que passo por e sendo ele No que fica em cada um, No que sigo o meu caminho E no ar que fez e assistiu ....” Luiz Galvão e Moraes Moreira vi MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE ____________________CAROLINE ALVES VIEIRA_____________________ APRESENTADA AO MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, EM 26 DE AGOSTO DE 2016. BANCA EXAMINADORA Dr. Marco Antônio B. Botelho Doutorado em Geofísica pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Pós-doutorado na University of Texas System, UT System, Estados Unidos. Dr. Sandro Machado Lemos Doutorado em Geotecnia pela Universidade de São Paulo - USP. Pós-doutorado na Université Joseph Fourrier, UFJ, França. Dr. Michael Heimer Doutorado em Geofísica pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Dr. João Carlos Dourado Doutorado em Geociência e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita-UNESP. vii AGRADECIMENTOS Essa foi mais uma das etapas da minha vida. Mais um ciclo se fecha marcado por encontros, aprendizado constante, boas amizades e muita determinação. Nessa etapa, tive a sorte de ter a orientação dos Professores Doutores Sandro Lemos Machado e Marco Antônio B. Botelho, principais responsáveis pelo combustível que deu vida a essa dissertação e também responsáveis pelo meu crescimento como aluna e como pessoa. Se Deus existe com certeza se manifesta através da forma humana. Nas relações constantes de erro e de acerto e na mão rígida e doce que ao mesmo tempo em que cobra e exige é suave ao mostrar o caminho. Sou muito grata à orientação que tive ao longo desses dois anos. Grata por acreditarem em mim e por estarem ao meu lado nos momentos difíceis em que parecia ser impossível estar aqui agora, com o trabalho concluído e agradecendo. Além da sorte do convívio com os meus Orientadores, creio ter feito amigos. Imaginar o pedregoso e difícil caminho de se escrever uma dissertação e, ao final dele, perceber que também se conseguiu estabelecer sólidas amizades parece-me algo surpreendente, mas as fiz, e vou levá-las para sempre em minha memória. Devo confessar que só me foi possível conciliar o trabalho com a vida acadêmica graças à compreensão e o apoio dos meus supervisores José Walter Cardoso (Gerente do EMI- Petrobras) e do Consultor Luiz Fernando Couto Alves (EMI- Petrobras), pois sem a ajuda deles seria de todo impossível concluir esse hercúleo trabalho. “Não se assustem pessoas, se eu lhe disser que a vida é boa, que deixo e recebo um tanto, e, sigo meu caminho”. Sou grata por viver este agora, e poder agradecer a todo o mistério do planeta. viii RESUMO Os métodos geofísicos ocupam, hoje, lugar de destaque nas áreas de Engenharia Civil, de Geotecnia Ambiental e Geologia, auxiliando na detecção das condições físico-mecânicas do subsolo e proporcionando parâmetros importantes na avaliação do ambiente. Testes de geofísica rasa possibilitam avaliar grandes áreas em curto período de tempo, ademais, eles não são destrutivos e, economicamente, tem um custo-benefício favorável e devem ser usados para aumentar a segurança e a qualidade das investigações. Entre os métodos geofísicos, o Ground Penetrating Radar (GPR), em especial, tem sido aplicado na caracterização de Bacias hidrográficas, na detecção de cavernas, vazios e estruturas de dissoluções, enquanto a Eletrorresistividade é o método mais utilizado para a detecção de aquíferos. Porém, o uso combinado dessas técnicas para detecção de aquíferos carbonáticos ainda é pouco testado. A microrregião de Irecê compõe-se de rochas da Era Neoproterozoíca (600 milhões de anos), do Grupo Una, constituído, principalmente, por rochas carbonáticas da Formação Salitre. Este trabalho tem como principal objetivo detectar estruturas cárstiscas, fraturas e falhas através de perfis geofísicos, com o método GPR e comparar o resultado desses perfis com os perfis de Eletrorresistividade (ER) originários de estudos anteriormente realizados nessa área. A metodologia consistiu em realizar perfis de GPR, com antenas de 200 e 25 MHz. Além dos perfis levantados, foram agregadas, como complemento, as informações obtidas do levantamento geológico e as informações decorrentes dos processos de abertura de poços realizados no entorno da área de estudo. Os perfis ER obtiveram um melhor desempenho do que os perfis GPR em toda área, indepentende da espessura do solo e da condutividade da subsuperfície. Eles tiveram um alcance de profundidade entre 80m e 160m, enquanto que o GPR alcançou entre 15m a 50m. O GPR agregou aos perfis ER, o detalhamento lito-estrutural além de confirmar as principais direções de fraturamento da área, NE-SW, N-S, NW-SE observadas no levantamento geológico. O uso combinado das duas técnicas complementa as informações, além detalhar e confirmar a presença de estruturas favoráveis à presença de aquíferos. Palavras-Chave: Eletrorresistividade; GPR; Hidrologia cárstica. ix ANALYSIS INTEGRATED OF METHODS GPR AND ELECTRICAL RESISTIVITY IN CARBONATE LANDS IN MICROREGION OF IRECÊ - UIBAÍ, BAHIA ABSTRACT The geophysical methods currently occupy a highlighted place in the Civil Engineering, Environmental Geotechnics and Geology. Assisting in the detection of mechanical and physical conditions of the subsoil and providing important parameters in the evaluation of environment. Plain Geophysical tests enable the evaluation of big areas in a short period of time, besides they aren’t destructive and economically they have a favourable cost-benefit and must be used to maximize safety and the quality of investigations. Among the geophysical methods, especially the Ground Penetrating Radar (GPR), have been applied in watersheds characterization, detection of caverns, empties and dissolutions structures while the electrical resistivity is the most widely used method to detect aquifers. Although, the combined use of these techniques to detect carbonate aquifers has not been tested. The micro-region of Irecê is composed of Neoproterozoic Era rocks, fromUna Group, constituted essentially by carbonate rocks of Salitre Formation. The following paper aims to detect karst structures, fractures, and shifts through geophysical profiles with the GPR method and compare the results of these profiles with the electrical resistivity profiles (ER) from previous studies in this area. The methodology consists in realize GPR profiles with 200 and 25 MHz antennas. Beyond the raised profiles, geological and structural mapping informations and informations about the opening processes of wells realized at the surrounding area of study were aggregated. The results of GPR presented a litho structural detailing more effective than the electrical resistivity profiles. However, the loamy soils with 10 m to 15 m had the GPR signal absorbed beyond the limitation of profundity reach. The profiles ER obtained a better performance in all area independent of soil thickness and the subsurface conductivity, they obtained the profunditivity reach between 80 m and 160 m, while the GPR reach was between 15 m and 50 m. The GPR was effective in the identification of structural discontinuities, besides affirm the main directions of fracturing of areas, NE-SW, N-S, NW-SE, observed on geological mapping. The conbined use of two techniques complement the informations, besides detail and confirm the presence of favourable structures to the presence of aquifers. Keywords: Electrical Resistivity; GPR; Karst Hidrology. x SUMÁRIO Pág. DEDICATÓRIA .................................................................................................. iv BANCA EXAMINADORA .................................................................................. vi RESUMO ......................................................................................................... viii ABSTRACT ....................................................................................................... ix SUMÁRIO ........................................................................................................... x ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................... xiii LISTA DE QUADROS ..................................................................................... xiii ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... xiv SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ..................................................................... xix 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1 1.1 Objetivos ................................................................................................. 4 Objetivo geral................................................................................ 4 1.1.1 Objetivos específicos .................................................................... 4 1.1.2 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 5 2.1 Propriedades do meio que interferem na performance do GPR ........ 5 Condutividade elétrica .................................................................. 5 2.1.1 Permissividade dielétrica .............................................................. 6 2.1.2 Permeabilidade Magnética ........................................................... 7 2.1.3 Propagação de ondas eletromagnéticas ...................................... 8 2.1.4 Profundidade de penetração x resolução ................................... 11 2.1.5 Coeficiente de reflexão ............................................................... 13 2.1.6 2.2 Aplicação do GPR em rochas Carbonáticas na Bacia de Irecê ........ 14 2.3 Princípios do funcionamento da Eletrorresistividade ....................... 16 Princípios do funcionamento do Método de Eletrorresistividade – 2.3.1 ER 16 2.4 Técnicas de investigação dos métodos geoelétricos ....................... 25 2.5 Geologia da área de estudo ................................................................. 26 xi Geologia local ............................................................................. 26 2.5.1 Formação Salitre ........................................................................ 26 2.5.2 2.6 Processo de carstificação e os aquíferos cársticos ......................... 30 2.7 Influência das estruturas geológicas no processo de carstificação32 2.8 Aquíferos cársticos da Bacia de Irecê ................................................ 34 2.9 Solos da área de estudo ...................................................................... 36 Cambissolos ............................................................................... 37 2.9.1 Cambissolo Háplico Ta Eutrófico ................................................ 37 2.9.2 3 METODOLOGIA .......................................................................................... 38 Localização e caracterização da área de estudo ........................ 38 3.1.1 3.2 Trabalhos Anteriores ........................................................................... 40 Ensaios de Eletrorresistividade (ER) realizados na área de 3.2.1 estudo. 40 Execução de Poços Tabulares no entorno da área de estudo ... 43 3.2.2 3.3 Trabalho de Campo .............................................................................. 47 Instrumentação utilizada ............................................................. 48 3.3.1 Técnica de aquisição de dados com GPR empregada ............... 49 3.3.2 3.4 Processamento dos dados GPR ......................................................... 49 3.5 Interpretação ......................................................................................... 54 4 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE ....................................................... 55 4.1 Levantamento Geológico ..................................................................... 55 4.2 Análise e Interpretação dos Perfils GPR ............................................ 60 Setor A: Região Sumidouro ........................................................ 62 4.2.1 Setor B: Região do Poço 3 ......................................................... 65 4.2.2 Setor C: Domínio Estrutural ........................................................ 69 4.2.3 Setor D: Região do Perfil ER1 .................................................... 73 4.2.4 Setor E: Região do Perfil ER2 .................................................... 81 4.2.5 xii 4.3 Integração dos perfis GPR e ER ......................................................... 93 Área ER1 .................................................................................... 93 4.3.1 Área ER2 .................................................................................... 96 4.3.2 5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 98 6 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ........................................ 100 7 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 101 xiii ÍNDICE DE TABELAS Pág. Tabela 1. Constante dielétrica (K) e condutividade (𝜎), observada nos materiais, comuns para as frequências utilizadas no GPR. ............................. 10 Tabela 2. Frequência central das antenas x profundidade média de penetração. ......................................................................................................................... 11 Tabela 3. Frequência central x resolução vertical. ........................................... 12 Tabela 4. Coeficientes de Reflexão ................................................................. 14 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Classificação dos tipos de Condutividade ...................................... 21 xiv ÍNDICE DE FIGURAS Pág. Figura 1. Ilustração conceitual da movimentação de cargas associadas comas correntes de deslocamento, adaptado de ANNAN (1992). ......................... 6 Figura 2. Classificação de brechas e sedimentos de preenchimento de cavernas. .................................................................................................. 15 Figura 3. Relação resistividade e resistência (Braga, 2007) ............................ 17 Figura 4. Potencial no semiespaço (Braga, 2007). .......................................... 18 Figura 5. Diferença de potencial de campo (Braga, 2007). .............................. 18 Figura 6. Configuração Tetraeletródica usual de campo (Braga, 2007). .......... 19 Figura 7. Resistividade em meios homogêneos (a) e heterogêneos (b) .......... 20 Figura 8. Faixas de Resistividade/Litologia (Braga, 2007). .............................. 23 Figura 9. Técnicas de Investigação (Braga, 2007) ........................................... 25 Figura 10. Mapa geológico da área em estudo ................................................ 29 Figura 11. Perfis mostrando os diferentes estágios evolutivos do aquífero cárstico da região de Irecê (Nossa et al, 2011). ........................................ 35 Figura 12. Mapa de distribuição dos solos na área de estudo (Silva, 2005). ... 36 Figura 13. Localização do povoado de Alto Branco no município de Uibaí – Bahia. ........................................................................................................ 39 Figura 14. Perfis geofísicos de eletroresistividade (ER) no povoado de Alto Branco, município de Uibaí – Bahia. ......................................................... 40 Figura 15. Ilustração dos Perfis geofísicos de eletroresistividade (ER) no povoado de Alto Branco, município de Uibaí- Bahia. ................................ 41 Figura 16.Perfil de Eletroresistividade (ER1) ................................................... 42 Figura 17. Perfil Geofísico de Eletroresistividade 2 (ER2) ............................... 42 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233552 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233552 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233553 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233553 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233554 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233555 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233556 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233557 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233558 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233559 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233560 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233561 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233562 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233562 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233563 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233564 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233564 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233565 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233565 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233567 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233568 xv Figura 18. Poços Subterrâneos e Geologia do Município de Uibaí - Bahia ..... 44 Figura 19. Ficha de poço do perfil geológico ER1............................................ 45 Figura 20. Ficha de poço do perfil geológico ER2............................................ 46 Figura 21. Localização dos poços com perfil ER1 e ER2 em imagem de satélite .................................................................................................................. 47 Figura 22. Equipamento mala, com antenas de 25 e 200 mhz utilizadas em campo. Fonte: trabalho de campo, 2015................................................... 48 Figura 23. Técnicas de Aquisição Common Offset. ......................................... 49 Figura 24. Radargrama sem processamento ................................................... 51 Figura 25. Radargrama com aplicação do Stactic Corretion / Mutting ............. 51 Figura 26. Radargrama após a redução ao tempo zero ................................... 52 Figura 27. Radar após o ganho........................................................................ 52 Figura 28. Radagrama após o filtro Passa Banda............................................ 53 Figura 29. Radargrama após a aplicação do filtro Remoção do Background .. 53 Figura 30. Radargrama após ganho programado ............................................ 53 Figura 31. Dobra fechada com direção do plano axial ns ............................... 55 Figura 32. Plano de fraturamento com mergulho vertical ................................. 56 Figura 33. Fraturas NE/SW - Falhas conjugadas ............................................. 56 Figura 34. Zona de transposição de dobras ..................................................... 57 Figura 35. Padrão das direções das fraturas ................................................... 57 Figura 36. Estrutura cárstica do tipo lapiaz em clima semiárido. ..................... 58 Figura 37. Estrutura de dissolução "tipo dolina rasa" ....................................... 58 Figura 38. Sumidouros em solo da área de estudo .......................................... 59 Figura 39. Solo avermelhado textura argilosa .................................................. 59 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233569 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233570 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233571 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233572 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233572 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233573 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233573 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233574 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233575 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233576 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233577 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233578 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233579 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233580 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233581 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233582 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233585 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233586 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233587 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233588 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233589 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233590 xvi Figura 40. Solo marrom avermelhado com textura argilosa ............................. 60 Figura 41. Setores Analisados ......................................................................... 61 Figura 43. Radargrama 9 ................................................................................. 62 Figura 42. Radargrama 9 Processado ............................................................. 62 Figura 44. Radargrama 27 ...............................................................................63 Figura 45. Radargrama 27 Processado ........................................................... 63 Figura 46. Radargrama 8 ................................................................................. 64 Figura 47. Radargrama 8 Processado ............................................................. 65 Figura 48. Radargrama 6 ................................................................................. 66 Figura 49. Radargrama 6 Processado ............................................................. 66 Figura 50. Radargrama 7 ................................................................................. 67 Figura 51. Radargrama 7 Processado. ............................................................ 67 Figura 52. Radargrama 26 ............................................................................... 68 Figura 53. Radargrama 26 Processado ........................................................... 68 Figura 54. Radargrama 30 ............................................................................... 69 Figura 55. Radargrama 30 Processado ........................................................... 69 Figura 56. Radargrama 31 ............................................................................... 70 Figura 57. Radargrama 31 Processado ........................................................... 70 Figura 58. Radargrama 17 ............................................................................... 71 Figura 59. Radargrama 17 Processado ........................................................... 71 Figura 60. Radargrama 18 ............................................................................... 72 Figura 61. Radargrama 18 Processado ........................................................... 72 Figura 62. Radrgrama 1 ................................................................................... 73 Figura 63. Radrgrama 1 Processado ............................................................... 73 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233592 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233594 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233595 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233596 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233597 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233599 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233600 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233601 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233602 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233603 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233604 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233607 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233608 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233609 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233610 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233611 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233612 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233613 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233614 xvii Figura 64. Radargrama 2 ................................................................................. 74 Figura 65. Radargrama 2 Processado. ............................................................ 75 Figura 66. Radargrama 3 ................................................................................. 76 Figura 67. Radargrama 3 Processado ............................................................. 76 Figura 68. Radargrama 4 ................................................................................. 77 Figura 69. Radargrama 4 Processado ............................................................. 77 Figura 70. Radargrama 5 ................................................................................. 78 Figura 71. Radargrama 5 Processado ............................................................. 78 Figura 72. Radargrama 25 ............................................................................... 79 Figura 73. Radargrama 25 Processado ........................................................... 79 Figura 74. Radargrama 29 ............................................................................... 80 Figura 75. Radargrama 29 Processado ........................................................... 80 Figura 76. Radargrama 33 ............................................................................... 81 Figura 77. Radargrama 33 Processado ........................................................... 81 Figura 78. Radargrama 12 ............................................................................... 82 Figura 79. Radargrama 12 Processado ........................................................... 82 Figura 80. Radargrama 13 ............................................................................... 83 Figura 81. Radargrama 13 Processado ........................................................... 83 Figura 82. Radargrama 14 ............................................................................... 84 Figura 83. Radargrama 14 Processado ........................................................... 84 Figura 84. Radargrama 15 ............................................................................... 85 Figura 85. Radargrama 15 Processado ........................................................... 85 Figura 86. Radargrama 19 ............................................................................... 86 Figura 87. Radargrama 19 Processado ........................................................... 87 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233615 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233616 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233617 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233618 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233619 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233620 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233621 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233622 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233623 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233624 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233625 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233626 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233627 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233628 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233629 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233630 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233631 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233632 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233633 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233634 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233635 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233636 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233637 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233638 xviii Figura 88. Radargrama 20 ............................................................................... 88 Figura 89. Radargrama 20 Processado ...........................................................88 Figura 90. Radargrama 21 ............................................................................... 89 Figura 91. Radargrama 21 Processado ........................................................... 89 Figura 92. Radargrama 22 ............................................................................... 90 Figura 93. Radargrama 22 Processado ........................................................... 90 Figura 94. Radargrama 23 ............................................................................... 91 Figura 95. Radargrama 23 Processado ........................................................... 91 Figura 96. Setores Interpretados ...................................................................... 92 Figura 97. Integração GPR e Eletrorresistividade (ER1) .................................. 95 Figura 98. Integração do perfil GPR com ER2 ................................................. 97 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233639 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233640 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233641 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233642 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233643 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233644 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233645 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233646 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233647 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233648 file:///C:/Users/Aluno/Downloads/dissertação%2017_08_16.docx%23_Toc459233649 xix SÍMBOLOS E ABREVIATURAS AGC - Automactic Gain Control CaCO3 - Calcita CBPM - Companhia de Recurso Minerais da Bahia CE - Caminhamento Elétrico CO2 – Gás Carbônico ENE - Este-Nordeste EPUFBA - Escola Politécnia da Universidade Federal da Bahia ER - Eletrorresistividade E-W Leste-Oeste GEOAMB - Geotecnia Ambiental GHz - Gigahertz GPR - Ground Penetrating Radar H2CO3- Ácido Carbônico i.e.,- Isto é MHz - Megahertz NaCl - Cloreto de Sódio NE – Nordeste NNW - Nor-Noroeste N-S – Norte-Sul PERF- Perfilagem Elétrica SE - Sondagem Elétrica SED - Sondagens Elétricas Dipolares SEV - Sondagens Elétricas Verticais SSE - Sul-Sudeste 1 1 INTRODUÇÃO A região ora em estudo, situa-se no semiárido baiano na microrregião de Irecê, a qual é caracterizada pela irregularidade do regime de chuvas e carência de grandes mananciais de água superficial, sendo o abastecimento para o uso humano, agrícola e industrial feito pela exploração das águas dos aquíferos cársticos da região. Segundo SILVA (2005), as regiões cársticas, como exemplo, a microrregião de Irecê, normalmente são áreas de grande interesse econômico e hidrogeológico porque, na maioria das vezes, apesar de apresentarem uma baixa densidade de drenagem superficial, possuem valiosas reservas de água no subsolo. A hidrogeologia cárstica caracteriza-se por apresentar pouca drenagem superficial, sendo que a circulação dá-se internamente, no maciço rochoso, através de condutos que seguem as linhas de fraqueza da rocha até atingir canais mais desenvolvidos. Em pontos diferentes, independentemente dos percursos das águas superficiais, as águas ressurgem ou afloram na forma de fontes ou surgências. A caracterização do sistema hidráulico dos aquíferos cársticos torna-se muito difícil em vista de suas características próprias, onde o armazenamento e a circulação das águas subterrâneas estão condicionados à dissolução ou ao fraturamento das rochas carbonáticas (Christofoletti, 1980). Embora existam muitas pesquisas e trabalhos em diversas regiões cársticas do mundo, os seus resultados não podem ser extrapolados ou aplicados para todos os carstes conhecidos, uma vez que as suas características geomorfológicas e hidrogeológicas variam de um lugar para outro. Assim, em cada caso estudado, as técnicas de prospecção devem ser adaptadas às condições locais de clima, geomorfologia, hidrografia, geologia e hidrogeologia (Silva, 2005). Um dos grandes problemas na exploração de água subterrânea em sistemas cársticos é a definição das zonas preferenciais de circulação e a delimitação das principais zonas de recarga e descarga. O uso da geofísica aplicada pode ajudar a otimizar áreas favoráveis para a prospecção de águas subterrâneas, detectando estruturas cársticas, além de fraturas e falhas, uma 2 vez que os aquíferos cársticos estão condicionados à presença dessas estruturas (Nossa et al, 2008) e (Fragoso et al, 2011). A aplicabilidade de métodos geofísicos depende das propriedades físicas dos materiais geológicos encontrados, como, por exemplo, a densidade, o potencial natural, a permeabilidade, a porosidade, o potencial redox, a condutividade térmica e, dependendo da condição física e local do estudo morfológico, podem ser aplicados um ou vários dos metódos geofísicos existentes para resolver o problema. A principal limitação na aplicação de qualquer um dos métodos escolhido é a falta de um contraste físico determinante nos materiais geológicos encontrados. É importante salientar que o levantamento geofísico não dispensa a necessidade de perfurações, mas, corretamente aplicado, pode aperfeiçoar ao máximo os programas de exploração, pela maximização da taxa de cobertura da área e pela minimização das perfurações requeridas (Souza et al, 2012). Uma profunda compreensão da capacidade e limitação de cada método é necessária para a seleção de estratégias adequadas para o local específico da aplicação de engenharia (Foti, 2013). No corrente projeto, foi aplicado o método Ground Penetrating Radar (GPR) ou Radar de Penetração no Solo, na região do semiárido baiano, especificamente, no município de Uibaí, inserido na microrregião de Irecê. Essa região constitui-se num subdomínio tectônico, originário de uma sequência sedimentar de cobertura plataformal, predominantemente carbonática, dobrada, de baixo grau de metamorfismo, pertencente ao Grupo Una, correlacionável ao Grupo Bambuí, de idade neoproterozoíca. A conjugação de componentes deposicionais e tectônicos (tal como o intenso dobramento regional E-W e intenso fraturamento) vem favorecer o desenvolvimento das estruturas cárstiscas existentes na área estudada (Nossa et al, 2008) e (Fragoso et al, 2011). O intenso fraturamento e a variação litológica favorecem contrastes físicos que possibilitam o uso do método GPR, na área estudada. Segundo BOTELHO e ARAÚJO (1996), o emprego desse método tem tido exitos em zonas cársticas para detecção de cavernas, zonas de subsidência e estruturas 3 de dissolução. SANTOS (2013) e HEIMER (2010) aplicaram o uso do GPR com sucesso na determinação de fraturas e estruturas de dissolução nas rochas carbonáticas da Bacia de Irecê. O GPR baseia-se na emissão e recepção de ondas eletromagnéticas de alta frequência. Essas ondas sofrem reflexão, refração e difração quando em contato com interfaces entre materiais ou objetos com diferentes propriedades eletromagnéticas. Com a aquisição de dados de superfície esse método pode fornecer informações detalhadas sobre a composição das estruturas em estudo. Há também evidências de que alguns fatores limitam o uso do radar como a grande profundidade, a presença de argila e, também, a rugosidade da superfície de aquisição. A existência de um desses fatores afeta os resultados de uma forma indesejada (Aranha et al., 1999). Outro método já aplicado em estudos anteriores, na área ora estudada, é o de Eletrorresistividade (ER). Este, normalmente, é usado nos estudos de descontinuidade vertical e horizontal das propriedades elétricas do solo. Utilizando-se dastécnicas de investigação em superfície – sondagem elétrica e caminhamento – é, seguramente, o método que encontra maior abrangência nas aplicações voltadas à Geologia (hidrologia, mapeamento, mineração), Engenharia Civil e estudos ambientais em geral (Gandolfo, 2007). Essa ferramenta tem sido muito popular e aplicada com sucesso por quase um século (Aceves, 2003). Muito frequentemente, métodos diferentes são aplicados no mesmo local para diminuir a ambiguidade dos resultados. O uso combinado de diferentes métodos geofísicos, somado às características geológicas da área de estudo, permite uma melhor interpretação da sua subsuperfície (Foti, 2013). O presente trabalho desenvolve-se, a partir dessa introdução, conforme a seguinte organização: descrições do seu objetivo, da metodologia utilizada, do levantamento de dados de campo, do tratamento e interpretação dos dados encontrados e, finalmente, das suas consequentes recomendações futuras. 4 1.1 Objetivos Objetivo geral 1.1.1 Comparação dos perfis de GPR e Eletrorresistividade, avaliando o desempenho das vantagens e das limitações de cada técnica e, principalmente, o que o uso combinado das duas técnicas agrega de informação em terrenos carbonáticos. Objetivos específicos 1.1.2 Comparar as respostas dos radargramas do GPR aos perfis de Eletrorresistividade obtidos na mesma área. Detectar estruturas cársticas, fraturas e falhas em perfis de GPR e comparar esses resultados aos dados do levantamento geológico; Fornecer novas informações para os futuros estudos sobre a existência de aquíferos na região. 5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os fundamentos do método GPR estão embasados na teoria da propagação de ondas eletromagnéticas, ou seja, nas Equações de Maxwell (Borges, 2007). Essas equações são utilizadas para estudar a estrutura interna da Terra, a partir de suas propriedades elétricas e magnéticas, descrevendo o comportamento do campo eletromagnético em qualquer meio. Na maioria dos ambientes geológicos, as respostas do GPR são controladas pela variação das propriedades elétricas. Embora as variações magnéticas sejam fracas, materiais com fortes propriedades deste tipo podem dar respostas apreciáveis (Pestana & Botelho, 1997). O método GPR utiliza os campos eletromagnéticos que penetram no solo, para imagear estruturas em subsuperfície. O campo eletromagnético gerado varia no tempo, consistindo no acoplamento entre os campos elétrico (E⃗⃗ ) e magnético (H⃗⃗ ). O modo de propagação desses campos no meio e a forma em que são atenuados dependem da interação da onda eletromagnética com os materiais do meio (Davis & Annan, 1989). Além disso, a variação das propriedades elétricas irá originar as respostas geradas pela reflexão na subsuperfície. 2.1 Propriedades do meio que interferem na performance do GPR Condutividade elétrica 2.1.1 A primeira relação constitutiva do meio, conhecida como Lei de Ohm, relaciona a densidade de corrente de condução (𝐽 ) ao campo elétrico (�⃗� ) e é escrita como a seguinte equação (1): 𝐽 = 𝜎. �⃗� (1) Nos materiais geológicos simples, essa relação é aproximadamente linear e a constante de proporcionalidade é a condutividade elétrica (σ). A condutividade elétrica de um material é uma medida de sua habilidade em conduzir corrente elétrica (Gandolfo, 1999). Entretanto, pode-se ter uma não 6 linearidade e uma dependência da condutividade com a frequência em alguns materiais. O principal mecanismo das correntes de condução nas aplicações geológicas é dado pela movimentação de íons através de soluções aquosas. Quando um campo elétrico é aplicado num material terrestre, as cargas elétricas livres se movem até atingirem, instantaneamente, uma velocidade final, constante, induzida pelo campo elétrico. Quando o campo elétrico é removido, as cargas elétricas param de se mover (Annan, 1992). Esse fenômeno é ilustrado na Figura 1. Segundo DAVIS & ANNAN (1989), os principais fatores que afetam a condutividade elétrica nos materiais geológicos próximos à superfície são: o teor de umidade, a porosidade, a salinidade, a proporção de argila e a presença de minerais condutivos. Permissividade dielétrica 2.1.2 A segunda relação constitutiva do meio relaciona, diretamente, o campo elétrico (E⃗⃗ ) à corrente de deslocamento ou à polarização (D⃗⃗ ) e a constante de proporcionalidade é a permissividade dielétrica do material (ε). Segundo equação 2: �⃗⃗� = 𝜀 �⃗� (2) Onde ε é a permissividade dielétrica, definida pela equação 3: Figura 1. Ilustração conceitual da movimentação de cargas associadas com as correntes de condução, adaptado de ANNAN (1992). 7 𝜀 = Κ ε𝜊 (3) Sendo K a constante dielétrica do meio e εο a permissividade dielétrica no vácuo. De acordo com ANNAN (1992), tanto a condutividade elétrica, quanto a permissividade dielétrica são importantes, posto que afetam, diretamente, a atenuação e a propagação das ondas de radar. A condutividade é dominante para ondas EM de baixas frequências (< 1 MHz), enquanto que, para as altas frequências (>1MHz), a permissividade dielétrica é dominante (Ward & Hohmann, 1997 apud Gandolfo, 1999). Usualmente, utiliza-se a permissividade dielétrica relativa (𝜀𝑟) ou constante dielétrica dos materiais (k), definida pela equação 4: K= 𝜀𝑟= 𝜀 ε𝜊 (4) Onde: 𝜀 = permissividade dielétrica do material (F/m); ε𝜊 = 8,854 x 10−12 F/m, é a permissividade dielétrica no vácuo. Permeabilidade Magnética 2.1.3 A terceira relação constitutiva do meio relaciona diretamente o campo magnético (H⃗⃗ ) com o campo de indução magnética (Β⃗⃗ ) e a constante de proporcionalidade é a permeabilidade magnética do material (μ). A permeabilidade magnética é obtida de acordo com a seguinte relação (5): Β⃗⃗ = 𝜇 H⃗⃗ (5) Em muitas situações geológicas, os fatores mais importantes que controlam as respostas do GPR são as propriedades elétricas. Para a propagação de ondas EM nas frequências do radar, supõe-se que a permeabilidade magnética da maioria dos materiais geológicos seja, essencialmente, independente da frequência e não varia significativamente em relação à permeabilidade magnética do vácuo (Olhoeft, 1981 e Keller, 1987 apud Borges, 2007). Assim, o efeito da variação na permeabilidade não tem 8 sido considerado quando são feitas medidas eletromagnéticas na terra. Entretanto, os efeitos de uma forte permeabilidade magnética podem não ser totalmente ignorados nas seções GPR. Propagação de ondas eletromagnéticas 2.1.4 As equações de Maxwell fundamentam a teoria eletromagnética. As relações constitutivas relacionam o campo elétrico externo aplicado ao campo interno pelas propriedades elétricas e magnéticas dos materiais (Gandolfo, 1999). No método GPR, utiliza-se um dipolo elétrico horizontal como fonte do campo de ondas eletromagnéticas. As frentes de onda básicas para uma fonte dipolar sobre a superfície da Terra são ondas esféricas. Qualquer onda esférica pode ser descrita por uma superposição de ondas planas. Substituindo-se as relações constitutivas do meio nas equações de Maxwell, obtêm-se a equações da onda plana, com campo elétrico nulo nas direções Y e Z, o que é dado pela equação 6: 𝐸𝑥 (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 +𝑒−𝑘𝑧+𝑖𝑤𝑡 + 𝐸0 −𝑒−𝑘𝑧+𝑖𝑤𝑡 (6) Onde: E x é o campo elétricona direção x, E 0 é o campo elétrico na superfície, E 0 + é o campo elétrico propagando-se para baixo no sentido (Z+), E 0 - é o campo elétrico propagando-se para cima no sentido (Z-), Κ é o número de onda (K = 𝛼 + 𝑖𝛽) Onde 𝛼 corresponde à constante de atenuação (7): 𝛼 = 𝜔√ 𝜇𝜀 2 ⌈√1 + ( 𝜎 𝜔𝜀 ) 2 − 1 ⌉ (7) Onde 𝛽 corresponde à constante de propagação (8): 𝛽 = 𝜔√ 𝜇𝜀 2 ⌈√1 + ( 𝜎 𝜔𝜀 ) 2 + 1 ⌉ (8) 9 Para as frequências de radar ANNAN (1992), α e β podem ser expandidos em séries de potência, reduzindo-se para (9 e 10): 𝛼 = 𝜎 2 √ 𝜇 𝜀 (9) 𝛽 = 𝜔 √𝜇𝜀 (10) 𝑣 = 𝑐 √𝐾 (11) Onde: c = velocidade da luz = 2,997 X 108 m/s ≅ 0,3 𝑚/𝑛𝑠 K = permissividade dielétrica ou constante dielétrica dos materiais. Os valores da constante dielétrica e condutividade elétrica para vários materiais estão listados na Tabela 1. 10 Tabela 1. Constante dielétrica (K) e condutividade (𝝈), observada nos materiais, comuns para as frequências utilizadas no GPR. Materiais Constante Dielétrica (K) Condutividade Elétrica (σ) mS/m Ar 1 0 Água destilada 81 0,01 Água fresca 81 0,5 Água do mar 81 3000 Areia seca e cascalho 2 -6- 0,01 Areia saturada 20 -30 0,1-1 Argila seca 5 2 Argila saturada 40 1000 Calcáreo seco 4 0.5 Calcáreo saturado 8 2 Folhelho e Siltito seco 5 1 Folhelho saturado 7 100 Siltito saturado 30 100 Silte saturado 10 01-10- Arenito saturado 20 - 30 100 Solo arenoso seco 2,6 0.14 Solo arenoso saturado 25 6.9 Solo argiloso seco 2.4 0.27 Solo argiloso saturado 15 50 Basalto seco 6 1 Basalto saturado 8 10 Granito seco 5 0,01 Granito saturado 7 1 Fonte: Modificado de ANNAN (1992). Além de a constante dielétrica ser influenciada pelo conteúdo de água no meio, ela também reflete algumas interações entre a porosidade, as características do fluido intersticial, a superfície específica, a mineralogia, a estrutura e a temperatura, segundo BORGES (2002) e AMPARO (2006). 11 Profundidade de penetração x resolução 2.1.5 O sistema GPR é especificado pela sua frequência central (fc) e, normalmente, suas antenas transmissoras e receptoras são projetadas para atuar numa faixa situada entre 0,5 vezes a frequência central (frequência mínima) até 1,5 vezes a frequência central (frequência máxima), (Annan, 1992). A frequência central tem um importante papel para a profundidade de penetração da onda EM, em subsuperfície, sendo esta a principal limitação do GPR. Aumentando-se a frequência da onda transmitida resulta em maior resolução do radargrama e em menor profundidade de penetração. Por outro lado, diminuindo-se a frequência, aumenta-se a profundidade de penetração e, por conseguinte, obtém-se uma menor resolução. Além da frequência central, a profundidade de penetração da onda também é altamente dependente das propriedades elétricas dos materiais geológicos, i.e., condutividade elétrica e constante dielétrica. Tabela 2. Frequência central das antenas x profundidade média de penetração. Frequência Central (MHz) Profundidade Máxima de Penetração (m) 1000 1 400 2 200 4 100 25 50 30 25 40 10 50 Fonte: Modificado de ANNAN (1992). De acordo com ANNAN (1992), a profundidade de penetração nos materiais é controlada, principalmente, por quatro tipos de atenuação: condução elétrica, polarização, espalhamento geométrico e perdas por dispersão. 12 As perdas por condução elétrica são dominantes nos materiais condutivos para baixas frequências e são proporcionais à condutividade elétrica do meio. As perdas por polarização, dominantes para as altas frequências, ocorrem quando a molécula de água não consegue mais se polarizar na presença de um campo aplicado a partir de uma determinada frequência de polarização. Essas também são conhecidas como freqüências de relaxação e ocorrem em torno de 20GHz. Esse fenômeno é conhecido como relaxação dielétrica da água. As perdas por espalhamento geométrico são independentes do meio e correspondem à atenuação da amplitude do sinal decorrente da frente de onda que se espalha esfericamente. Finalmente, as perdas por difusão são causadas pela heterogeneidade dos materiais quando estas têm tamanhos comparáveis ao comprimento de onda. As heterogeneidades mais comuns são: os contatos litológicos e buracos. A resolução vertical corresponde à habilidade de distinguir as reflexões provenientes do topo e da base de camadas de pequena espessura. A tabela 3 apresenta alguns valores estimados de resolução vertical, obtidos em ANNAN (1992), para as frequências centrais do GPR Tabela 3. Frequência central x resolução vertical. Frequência Central (MHz) Resolução Vertical (m) 200 0,25 100 0,50 50 1,00 25 2,00 Fonte: Modificado de ANNAN (1992). A resolução horizontal é determinada pelo padrão de radiação de antena, o que pode ser comparado a um feixe de luz de uma antena cuja área de iluminação se expande com a distância do alvo. O padrão de radiação da antena é complexo, mas pode ser aproximado por um cone vertical, com um ângulo de abertura de 30° w com o vértice localizado na antena transmissora. 13 Dessa forma, a informação refletida é uma média sobre a superfície refletora “iluminada” por esse feixe de ondas eletromagnéticas (Annan, 1992). Coeficiente de reflexão 2.1.6 Quando a onda do radar se propaga em um meio, ela se depara com variações nas propriedades dielétricas oriundas da existência de diversas camadas. Entretanto, essas variações nas propriedades podem causar uma forte impedância elétrica na interface que separa essas camadas, determinando a quantidade do sinal que deverá ser refletido. Isso é normalmente expresso pelo coeficiente de reflexão. As ondas de radar são refletidas e refratadas nas interfaces que separam meios com características elétricas diferentes. A reflexão e refração de ondas planas são governadas pela lei de Snell e pelas equações de Fresnel. A lei de Snell especifica uma relação angular entre a onda EM incidente, a onda refletida e a onda refratada. As equações de Fresnel relacionam as amplitudes dos campos elétricos e magnéticos. Em estudos de GPR, normalmente supõe-se que as ondas EM se propagam com uma incidência normal às interfaces das camadas (Davis & Annan, 1989). Nessa situação, a amplitude do coeficiente de transmissão (𝑟𝐺𝑃𝑅) (12), definida como a razão do campo elétrico transmitido pelo incidente, pode ser reduzida para: 𝑟 𝐺𝑃𝑅= √𝑘1−√𝑘2 √𝑘1+ √𝑘2 (12) Onde 𝐾1 e 𝐾2 correspondem às constantes dielétricas acima e abaixo da superfície refletora, respectivamente. Maiores detalhes sobre as deduções matemáticas desta equação podem ser encontrados em ANNAN (1992). A tabela 4 mostra os valores do coeficiente de reflexão típicos. 14 Tabela 4. Coeficientes de Reflexão De Para Coeficientes de Reflexão (%) Ar Solo seco Solo seco Solo seco Solo saturado Solo K=1 K=5 K=5 K=5 K=25 K=3,5 Solo seco Água Solo saturado Rocha Rocha Metal K=5 K=81 K=25 K=8 K=8 K=∞ 38 80 38 12 28 100 Fonte: ANNAN (1992). A interface ar/solo seco produz uma forte reflexão com 38% de energia incidente. Para evitar essa reflexão indesejada nos levantamentos GPR, ou pelo menos para minimizar tal reflexão, as antenas devem ser colocadas o mais próximo possível do solo. Observa-se que a interface solo seco/água também constitui um excelente refletor, apresentando80% da energia incidente. Portanto, o GPR pode ser perfeitamente utilizado para a localização do nível do lençol freático. 2.2 Aplicação do GPR em rochas Carbonáticas na Bacia de Irecê As rochas carbonáticas têm valores de constante dielétrica entre 4 e 8, condutividade elétrica entre 0,5 e 2 ms/m e velocidade aproximada de 0,12 m/ns. Esses valores poderiam mudar significativamente dependendo da presença de ruídos ou de material argiloso (Annan 1992), além da presença de água que reflete tanto o valor da constante dielétrica como da condutividade elétrica. Outra característica das rochas carbonáticas que pode influenciar na resposta do GPR é a sua susceptibilidade à formação de vazios devido à dissolução, ou seja, formação de estruturas cársticas como cavernas ou dolinas SANTOS (2013), BOTELHO e ARAÚJO (1996). 15 As cavernas, ou vazios normalmente estão preenchidos com material de origem distinta e podem ter várias fontes, como fragmentos de rochas que colapsaram do seu teto e da parede, material precipitado em cachoeiras ou represas, outros tipos de carbonatos ou também, o que é mais comum, uma mistura de diferentes tipos de carbonatos. A maneira como esses materiais se distribuem também influencia na resposta do GPR. Loucks (1999) propôs uma classificação que englobasse os tipos mais frequentes de preenchimento de caverna, a partir de um diagrama triangular, (Figura 2). Os trabalhos de BOTELHO E ARAÚJO (1996); BOTELHO E MUFTI (1998); HEIMER (2010); FREIRE E BOTELHO (2011) e SANTOS (2013) são exemplos da eficácia do uso do GPR em rochas Carbonáticas da Bacia de Irecê. Os trabalhos realizados com o GPR foram utilizados com o objetivo de estudar a estrutura interna do maciço, identificando fraturas, canais de Figura 2. Classificação de brechas e sedimentos de preenchimento de cavernas. Brecha em mosaico rica em matriz Brecha em mosaico Brecha caótica Caverna com sendimentos de preenchimento Sendimentos de caverna com clastos Brecha caótica suportada por matriz Brecha caótica suportada por clastos com matriz Dominado Dominado por clasto Dominado Por sedimento Aumento de Matriz Cascalho Areia Argila Brechas quebradas 16 dissolução e presença de vazios com aplicabilidade no estudo de risco geotécnico, identificando zonas favoráveis ao desabamento em rodovias e cidades. Os estudos realizados com ênfase em jazidas de rochas carbonáticas também se mostrou eficaz na identificação de zonas fraturas, otimizando a qualidade do material para à exploração mineral. 2.3 Princípios teóricos do funcionamento da Eletrorresistividade O método eletrorresistivo caracteriza-se pela medida da diferença de potencial entre dois pontos, devido à excitação de um substrato rochoso por campos elétricos artificiais criados pela injeção no solo de uma corrente elétrica contínua ou de frequência muito baixa. O primeiro a introduzir correntes elétricas na terra, para que, através da distribuição de potencial medida na superfície, fosse possível estudar a subsuperfície, foi Conrad Schlumberger. Sua ideia consistia em comparar a distribuição de potencial conseguida por uma corrente aplicada à terra real, com a distribuição que existiria se a terra fosse homogênea (Martins, 2000). Com base nestes estudos, surgiu o método de eletrorresistividade que foi aplicado pela primeira vez em 1920 para a prospecção de ferro na Normandia. Portanto, mapeando-se a distribuição do potencial elétrico por meio de dois eletrodos, obtém-se a resistividade elétrica das rochas, que depende de fatores como: seu conteúdo em fluido, a constituição mineralógica, a textura e a estrutura do material. Princípios do funcionamento do Método de Eletrorresistividade – ER 2.3.1 A ER é um método geofísico, cujo princípio está baseado na determinação da resistividade elétrica dos materiais que, juntamente com a constante dielétrica e a permeabilidade magnética, expressam, fundamentalmente, as propriedades eletromagnéticas dos solos e rochas. Os diferentes tipos de materiais existentes nos ambientes geológicos apresentam, como uma de suas propriedades fundamentais, o parâmetro físico de 17 resistividade elétrica, o qual reflete algumas de suas características, servindo para caracterizar seus estados, em termos de alteração, fraturamento, saturação, etc., e até identificá-los litologicamente, sem necessidade de escavações físicas (Braga, 2007). Da lei de Ohm, define-se que a relação entre a resistividade (ρ) e a resistência (R) de um condutor homogêneo, de forma cilíndrica ou prismática (Figura 3), é dada pela equação 13 abaixo: 𝜌 = 𝑅 𝑆 𝐿 (𝑜ℎ𝑚.𝑚) (13) Onde L é o comprimento e S a seção transversal do condutor. Deste modo, pode-se definir a resistência elétrica deste corpo como sendo dada pela equação 14 abaixo: 𝑅 = 𝜌 𝐿/𝑆 (ohm.m) (14) Na Terra, ou qualquer corpo tridimensional, a corrente elétrica não flui por um único caminho, como no caso do condutor da Figura 4. Considerando uma bateria conectada ao solo (Figura 5), através de cabos e eletrodos, por dois pontos distantes um do outro, a Terra, que não é um isolante perfeito, conduz a corrente elétrica gerada pela bateria. Figura 3. Relação resistividade e resistência (Braga, 2007) 18 Aplicando a equação 13 no semiespaço, tem-se a equação 15: 𝑅 = 𝜌. 𝑟 2𝜋.𝑟2 = 𝜌 2𝜋.𝑟 , substituindo em V = R.I (lei de ohm), resulta em : 𝑉 = 𝜌𝐼 2𝜋𝑟 (15) Portanto, considerando o subsolo com uma resistividade constante, pode-se determinar a resistividade, conforme equação 16: 𝜌 = 2𝜋𝑟 𝑉 𝐼 (16) Onde: V= potencial, I= corrente, 𝜌 = resistividade e r = distância entre o eletrodo de corrente e o ponto no qual o potencial é medido. Ao se conectar um cabo condutor de uma bateria em um eletrodo de corrente, pode-se medir o valor da intensidade da corrente e, conectando um Figura 4. Potencial no semiespaço (Braga, 2007). Figura 5. Diferença de potencial de campo (Braga, 2007). 19 voltímetro a dois eletrodos, um localizado próximo ao de corrente e outro mais afasta do (distância r), pode-se medir a diferença de potencial (∆𝑉), entre estes dois locais. Ocorre que, na prática, este procedimento não é usual, devido à grande distância entre os dois eletrodos de corrente. Portanto, devem-se reduzir as distâncias entre os quatros eletrodos. Então, a configuração usual, consiste em se utilizar quatro eletrodos (AMNB), conforme figura 6. Em geral, os arranjos de desenvolvimento dos métodos geoelétricos principais constam de quatro eletrodos cravados na superfície do terreno. Um par de eletrodos serve para introduzir a corrente elétrica no subsolo (AB), enquanto que o outro par é utilizado para medir a diferença de potencial que se estabelece entre eles (MN), como resultante da passagem desta corrente. A determinação do potencial resultante deste campo elétrico criado pode ser demonstrada da seguinte maneira: a corrente elétrica de intensidade ι é introduzida no subsolo por meio dos eletrodos A e B e o potencial V gerado é medido por meio dos eletrodos denominados de M e N. Ao supor que o meio investigado é homogêneo e isotrópico e tomar a Equação 15, tem-se que o potencial nos eletrodos M e N, respectivamente,será dado pelas seguintes equações 17 e 18: Figura 6. Configuração Tetraeletródica usual de campo (Braga, 2007). 20 𝑉 𝑀= 𝐼𝜌 2𝜋 [ 1 𝐴𝑀 − 1 𝐵𝑀 ] (17) 𝑉 𝑁= 𝐼𝜌 2𝜋 = [ 1 𝐴𝑁 − 1 𝐵𝑁 ] (18) A diferença de potencial medida no equipamento para determinada posição dos eletrodos MN, será: ∆𝑉𝑀𝑁 = 𝑉𝑀 − 𝑉𝑁 , assim (19): ∆𝑉𝑀𝑁 = 𝐼𝜌 2𝜋 ( 1 𝐴𝑀 − 1 𝐵𝑀 − 1 𝐴𝑁 − 1 𝐵𝑁 ) (19) Pode-se, então, calcular o valor da resistividade 𝜌 do meio investigado, mediante as equações 20 e 21: 𝜌 = 𝐾. ∆𝑉 𝐼 (20) Onde, 𝑘 = 2𝜋. ( 1 𝐴𝑀 − 1 𝐵𝑀 − 1 𝐴𝑁 − 1 𝐵𝑁 ) −1 (21) Portanto, o uso do método da eletrorresistividade, no campo, é baseado na capacidade do equipamento em introduzir uma corrente elétrica no subsolo a diferentes profundidades de investigação e calcular as resistividades dos materiais geológicos e estas várias profundidades. Ao utilizar o mesmo arranjo de eletrodos para efetuar medições sobre um meio homogêneo (Figura 7a), a diferença de potencial observada ∆𝑉 será diferente da registrada sobre um meio heterogêneo (Figura 7b), pois o campo elétrico deverá sofrer modificações em função desta heterogeneidade dos materiais geológicos. Figura 7. Resistividade em meios homogêneos (a) e heterogêneos (b) 21 Como, na prática, o subsolo não pode ser considerado um meio homogêneo, a quantia medida representa uma média ponderada de todas as resistividades verdadeiras em um volume de material em subsuperfície relativamente grande. Portanto, ao efetuar as medições pertinentes, obtém-se uma resistividade aparente (𝜌𝑎), a qual é uma variável que expressa os resultados das medições de alguns dos métodos geoelétricos e é a que se toma como base para a interpretação final. As dimensões da resistividade aparente, em virtude de sua definição, são as mesmas da resistividade e sua unidade será também ohm.m. Em solos e rochas, os mecanismos pelos quais a corrente elétrica se propaga são caracterizados pela sua condutividade σ, que numericamente pode ser expressa como o inverso da resistividade (equação 22), portanto: 𝜎 = 1 𝜌 (Siemens/ m) (22) Esses mecanismos de propagação das correntes elétricas podem ser do tipo condutividade eletrônica ou iônica. A classificação destes tipos de condutividade e pode ser sintetizada da seguinte maneira: Quadro 1. Classificação dos tipos de Condutividade Condutividade eletrônica Deve-se ao transporte de elétrons na matriz da rocha, sendo a sua resistividade governada pelo modo de agregação dos minerais e o grau de impurezas. Condutividade iônica Deve-se ao deslocamento dos íons existentes nas águas contidas nos poros de uma massa de solo, sedimentos inconsolidados ou fissuras das rochas. Praticamente, todas as rochas possuem poros em proporção maior ou menor, os quais podem estar ocupados, total ou parcialmente, por eletrólitos, sendo que, em conjunto, elas se comportam como condutores iônicos, de resistividades muito variáveis. 22 Uma rocha condutora de corrente elétrica pode ser considerada como sendo um agregado com estrutura de minerais sólidos, líquidos e gases, na qual sua resistividade é influenciada pelos seguintes fatores: 1) resistividade dos minerais que formam a parte sólida da rocha; 2) resistividade dos líquidos e gases que preenchem seus poros; 3) umidade e porosidade da rocha; 4) textura da rocha e a forma e distribuição de seus poros; 5) processos que ocorrem no contato dos líquidos contidos nos poros e a estrutura mineral, tais como: processo de adsorção de íons na superfície do esqueleto mineral, diminuindo a resistividade total destas rochas. Portanto, a resistividade das rochas, depende de vários fatores para que se possa atribuir um só valor para um determinado tipo litológico. Um mesmo tipo litológico pode apresentar, então, uma ampla gama de variação nos valores de resistividade. Como relata SUMNER (1976) apud BRAGA (2007), individualmente, os minerais são razoavelmente consistentes em suas características elétricas, mas num agregado, como ocorre na natureza, a variação total de suas resistividades é muito maior. A Figura 8, apresenta as variações típicas nos valores de resistividade para sedimentos inconsolidados saturados e rochas. 23 Segundo BRAGA (2007), para efetuar uma correlação adequada com a geologia, em uma determinada área de estudo, é fundamental a localização geográfica e o entendimento da geologia local em termos estratigráficos. Na maioria dos casos, as soluções aquosas contêm diversos sais minerais dissolvidos, sendo um dos principais o Cloreto de Sódio (NaCl). A resistividade das águas é inversamente proporcional à concentração destes sais dissolvidos. A quantidade e a classe desses sais minerais dependem da natureza das rochas nas quais as águas tenham percolado em seu fluxo superficial ou subterrâneo. Como a maioria das rochas existentes na natureza é constituída por minerais, tais como, o quartzo, os silicatos, a calcita, etc., os quais são considerados praticamente isolantes em termos de propagação da 100000 50000 30000 20000 10000 5000 3000 2000 1000 500 300 200 100 50 30 20 10 Argiloso | Argilo- | Areno – | Arenoso | Argilito | Arenito | Marga | Calcário | Anidrita | Basalto | Meta- | Ígnea Arenoso Argiloso R e s is ti v id a d e ( o h m .m ) Saturados Sedimento Rochas mórfica e/ou Diabásio Figura 8. Faixas de Resistividade/Litologia (Braga, 2007). 24 corrente elétrica, estas rochas seriam mal condutoras de eletricidade, sendo consideradas, portanto, no seu todo, praticamente isolantes. Em alguns casos, as rochas com quantidade apreciável de alguns minerais semicondutores, tais como, pirita, pirrotita, magnetita, etc., poderiam ser consideradas condutoras. Entretanto, praticamente todas as rochas possuem poros em quantidades variáveis, os quais podem estar preenchidos por eletrólitos. Estas rochas comportam-se como condutoras iônicas, pois a corrente elétrica flui praticamente através do eletrólito de saturação, pois a estrutura mineral, como dito anteriormente, conduz mal a corrente elétrica. A relação entre a resistividade global das rochas e a do eletrólito que preenche seus poros pode ser determinada através do coeficiente (F) Fator de Formação, através de: F = ρr/ ρa, onde, ρr é a resistividade média da rocha (matriz e poros incluídos) e ρa é a resistividade da solução de saturação dos poros. O fator de formação é um coeficiente importante nos estudos da resistividade do subsolo, podendo determinar, a partir de levantamentos geofísicos por eletrorresistividade, uma estimativa bastante próxima do real, das porosidades de diferentes formações geológicas. Portanto, na interpretação dos dados de resistividades dos materiaisno subsolo, obtidos a partir da superfície do terreno, é fundamental, tanto a experiência do intérprete como o conhecimento geológico da área estudada, não se podendo realizar esta associação (parâmetro físico-geológico) de forma puramente automática. As resistividades dos solos, quando saturados, seguem os padrões descritos anteriormente, identificando e caracterizando os diferentes tipos de materiais geológicos localizados em subsuperfície. Entretanto, quando os solos se encontram secos, na porção localizada acima do nível d'água, seus valores são considerados atípicos, apresentando uma ampla faixa de variação (por exemplo, 100 a 10.000 ohm.m), não identificando os materiais em subsuperfície em termos litológicos. As variações das resistividades, neste caso, refletem apenas as pequenas variações de saturação existentes. 25 2.4 Técnicas de investigação dos métodos geoelétricos As técnicas de ensaios geofísicos dos métodos geoelétricos podem ser de três tipos principais: caminhamentos, perfilagens e sondagens. A diferença básica entre essas técnicas está no procedimento de campo para se obter o parâmetro físico a ser estudado, ou seja, na disposição dos eletrodos na superfície do terreno ou interior de furos de sondagens e a maneira de desenvolvimento dos trabalhos para se obter os dados de campo, ligada aos objetivos da pesquisa e geologia da área. A Sondagem Elétrica – SE (Figura 9a) é empregada em situações cujos objetivos sejam investigar, em profundidade, os diferentes tipos e situações geológicas, determinando suas espessuras e resistividades e /ou cargabilidades, a partir de um ponto fixo na superfície de terreno. A técnica do Caminhamento Elétrico - CE (Figura 9b) aplica-se principalmente, em situações cujos objetivos das pesquisas visam determinar descontinuidades laterais nos materiais geológicos, tais como: diques e “sills”, contatos geológicos, fraturamentos e /ou falhamentos, corpos mineralizados, mapear plumas de contaminação no subsolo, etc. A Perfilagem Elétrica – PERF (Figura 9c) é uma técnica utilizada e desenvolvida no interior de furos de sondagens mecânicas. Seus objetivos principais são os de estudar as variações de parâmetros físicos in situ. Figura 9. Técnicas de Investigação (Braga, 2007) 26 Para se obter uma maior performance da SE, as investigações devem ser efetuadas, preferencialmente, em terrenos compostos por camadas lateralmente homogêneas em relação ao parâmetro físico estudado e limitadas por planos paralelos à superfície do terreno- meio estratificado. As sondagens elétricas podem ser simétricas ou dipolares. As simétricas são denominadas de Sondagens Elétricas Verticais – SEV, enquanto que as dipolares são denominadas de Sondagens Elétricas Dipolares – SED. 2.5 Geologia da área de estudo Geologia Regional 2.5.1 As litologias que compõem o substrato rochoso da Bacia de Irecê são atribuídas a um intervalo de idade que se estende desde o Neoproterozoíco até o Quaternário recente. Na região estudada afloram apenas a Formação Salitre, representante do Grupo Una. Formação Salitre 2.5.2 Ocupa toda a porção central da área da bacia, estando subdividida, da base para o topo, nas unidades: Nova América, Jussara e Irecê. Estas unidades foram distribuídas, por SOUZA et al. (1993), em quatro ciclos de sedimentação, sendo o primeiro e o terceiro regressivos e o segundo e o quarto transgressivos. É constituída por um conjunto dominantemente carbonático, com pelitos subordinados e composta de uma sequência de calcários cinzas estratificados, com níveis dolomíticos e ardósia intercalada. - Unidade Nova América: relacionados ao primeiro ciclo regressivo, os representantes desta unidade ocorrem nas porções leste, sul e sudoeste da bacia hidrogeológica estudada, enquanto que, nas porções central e noroeste, ocorrem os representantes do terceiro ciclo regressivo. É subdividida, da base para o topo, nas subunidades Nova América Inferior, Nova América Superior e Sarandi. a) Subunidade Nova América Inferior – com largura variável, aflora como uma faixa contínua, ocupando as porções extremo leste, sudoeste e oeste da área, estando parcialmente recoberta por sedimentos detríticos nas porções 27 sul, sudoeste e norte. No extremo leste, apresenta-se sobreposta à Formação Bebedouro, com a qual se interdigita e sobre representantes da Formação Morro do Chapéu. O seu contato, muitas vezes, não pode ser observado, devido ao recobrimento por coberturas tércio-quaternárias. É representada litologicamente por calcissiltitos com laminação plano-paralela e laminitos algais fracamente ondulados. b) Subunidade Nova América Superior – na área de estudo, esta subunidade ocorre desde o Nordeste até o extremo sul, apresentando os seguintes litotipos, da base para o topo: dolarenitos cinza-claro, dolarenitos e dolorruditos oolítico-oncolíticos, calcissiltitos, calcilutitos pretos e, raramente, silexitos. c) Subunidade Sarandi – esta subunidade apresenta-se em contato interdigitado com dolomitos da Subunidade Nova América Superior, com laminitos algais da Subunidade Nova América Inferior e com calcarenitos da Subunidade Jussara Superior. Na sua composição litológica principal, destaca- se a presença de calcissiltitos e calcarenitos peloidais cinza-escuros, por vezes, contendo oncolitos e intraclastos. Unidade Jussara: litologias ocorrendo nas porções centro-norte e noroeste, relacionadas ao ciclo transgressivo IV, enquanto que, no centro e centro-sul da área de estudo, estão relacionadas ao ciclo transgressivo II. Está subdividida, da base para o topo, nas subunidades Jussara Inferior e Jussara Superior. a) Subunidade Jussara Inferior - ocorre irregularmente, com orientações E-W, a ENE da cidade de São Gabriel e a oeste e norte da cidade de Jussara. Ocorre, também, embora em pequena quantidade, na porção centro-oeste da área, a NE da cidade de Uibaí. Possui contato inferior com rochas da Subunidade Nova América Inferior, enquanto que, no topo, faz contato gradacional com feições geológicas da Subunidade Jussara Superior. Litologicamente, é representada na área por calcarenitos oolíticos e/ou oncolíticos, calcissiltitos e calcarenitos, calcarenitos com concreções. b) Subunidade Jussara Superior – com ocorrência extensiva a toda a área, apresenta-se como faixas de formas e dimensões diversas. Formando 28 cristas e serrotes orientados a E-W, aparece no Norte e no Sul da área, parcialmente recoberta por sedimentos do ciclo Velhas. A base da sequência se encontra em contato, na maioria das vezes, com litotipos da Subunidade Nova América Inferior e, por vezes, com a Subunidade Nova América Superior. Eventualmente se interdigita com a Unidade Irecê. Dentre os litotipos presentes, destacam-se os calcarenitos finos, calcarenitos médios e calcarenitos grossos oolíticos e/ou oncolíticos. Unidade Irecê: ocorre interdigitado dentro das demais unidades da formação Salitre, em todos os quatro ciclos de sedimentação, embora sempre associada com fácies de água mais profunda (Unidade Jussara e Subunidade Nova América Superior). Encontrada em toda a área como faixas irregulares, existe uma concentração nas porções centro ocidental e centro-sul. Sua orientação principal se dá a E-W. As litologias típicas desta unidade são representadas por uma alternância de níveis de calcarenitos finos a calcilutitos, cor cinza-escuro a preta, com níveis de margas, siltitos, arenitos imaturos e sílex. A figura 10 espacializa as unidades presentes na região estudada, tendo como base o mapeamento geológico do Estado da Bahia (Inda & Barbosa, 1996). 29 Figura 10. Mapa geológico da área em estudo 30 2.6 Processo de carstificação
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