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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto Multidisciplinar Economia Política III Aluno: Bruno Souza Duarte Lima Matrícula: 201569003-2 FICHAMENTO CAPÍTULO 1-4 DO CAPITAL, LIVRO 2 MARX, Karl. O capital. Livro 2, O processo de circulação do capital. Editora Boitempo, 2014 Capítulo 1-4. CAPÍTULO 1 O ciclo do capital monetário “Partimos aqui do pressuposto não apenas de que as mercadorias são vendidas por seus valores, mas também de que isso ocorre em circunstâncias invariáveis. Não levando em conta, portanto, as alterações de valor que podem ocorrer durante o processo cíclico”. (p.107) “Na fase do ciclo que ora analisamos, o dinheiro aparece, portanto, como o primeiro suporte do valor de capital e, por conseguinte, o capital monetário como a forma em que o capital é adiantado”. (p.110) “Como capital monetário, ele está numa condição em que pode cumprir funções próprias do dinheiro, como, no caso presente, as funções de meio universal de compra e meio universal de pagamento”. (p.110) “O que transforma estas [as funções do dinheiro] em funções do capital é seu papel determinado no movimento do capital e também, portanto, o nexo entre a fase em que elas aparecem e as outras fases de seu ciclo. ” (p.110) “Uma parte do dinheiro que em D-M<T;Mp exerce a função de capital monetário passa, por meio da própria consumação dessa circulação, a uma função em que seu caráter de capital desaparece e seu caráter de dinheiro permanece constante”. (p.110) “A circulação do capital monetário D se decompõe em D-Mp e D-T, compra de meios de produção e compra da força de trabalho. Consideremos o último processo em si mesmo. D-T é compra de força de trabalho da parte do capitalista e venda de força de trabalho da parte do trabalhador”. (p.110) “D-T é o momento característico da transformação de capital monetário em capital produtivo, pois é a condição essencial para que o valor adiantado em forma-dinheiro se realize em capital, ou seja, transforme-se em valor que produz mais-valor”. (p.111) “Se D-T é considerado o elemento característico [...] é porque aqui o trabalho aparece como mercadoria de seu proprietário, e o dinheiro, como comprador. Mas o dinheiro já aparece desde muito cedo como comprador dos assim chamados serviços, sem que D tenha se convertido em capital monetário”. (p.111) “Para o dinheiro, é absolutamente indiferente em que tipos de mercadoria ele é convertido. [...] Portanto, quando a força de trabalho aparece no mercado como uma mercadoria de seu possuidor [...] sua compra e venda não se distingue em nada da compra e venda de qualquer outra mercadoria”. (p.112) “Por meio de D-M<Mp, a conversão de capital monetário em capital produtivo, o capitalista opera a conexão dos fatores objetivos e pessoais da produção, na medida em que esses fatores consistem em mercadorias”. (p.112) “Do lado do trabalhador, a aplicação produtiva de sua força de trabalho só se torna possível a partir do momento em que, em consequência de sua venda, ela é posta em contato com os meios de produção”. (p.112) “Para que o capital possa se formar e se apoderar da produção, pressupõe-se certo grau de desenvolvimento do comércio e, portanto, também da circulação e da produção de mercadorias”. (p.115) “É evidente, pois, que a fórmula que expressa o ciclo do capital monetário (D-M...P...M’-D’) só vale como forma do ciclo do capital quando se baseia na produção capitalista já desenvolvida, pois pressupõe a existência da classe assalariada em escala social”. (p.116) Segundo estágio. Função do capital produtivo “O movimento se apresenta como D-M<T;Mp...P,[...] seu processo cíclico avança ao sair da esfera da circulação de mercadorias para entrar na esfera da produção. Assim, o primeiro estágio, a transformação do capital monetário em capital produtivo, aparece apenas como precursor e fase introdutória do segundo estágio, da função do capital produtivo”. (p.116,117) “Os meios de produção não são capital por natureza, e tampouco o é a força de trabalho humana. Eles só assumem tal caráter social específico sob condições determinadas, historicamente desenvolvidas. (p.119) “Em seu funcionamento, o capital produtivo consome suas próprias partes constitutivas, a fim de convertê-las numa massa de produtos de valor maior”. (p.119) Terceiro estágio. M’-D’ “A mercadoria se torna capital-mercadoria como forma de existência funcional do valor de capital já valorizado e surgida diretamente do próprio processo de produção”. (p.120) “A função de M’ é, agora, a função de todo produto-mercadoria: converter-se em dinheiro, ser vendida, percorrer a fase de circulação M-D. Enquanto o capital já valorizado conserva-se em sua forma do capital-mercadoria, permanecendo imóvel no mercado, o processo de produção fica paralisado”. (p.122) “A massa de mercadoria M’, como portadora do capital valorizado, tem além disso, de passar pela metamorfose M’-D’ em toda sua extensão”. (p.122) “Ao completar-se o ato de M’-D’, realiza-se tanto o valor de capital adiantado quanto o mais-valor. A realização de ambos se dá na sequência de vendas ou na venda, de um só golpe, da massa inteira de mercadorias expressa por M’-D’”. (p.123) “O mesmo ato de circulação M’-D’, a segunda e conclusiva metamorfose do valor de capital adiantado em dinheiro, seu retorno à forma-dinheiro, é, para o mais-valor também contido no capital monetário e realizado mediante sua transformação em forma-dinheiro, a primeira metamorfose, a conversão de sua forma-mercadoria em forma-dinheiro, M-D, a primeira fase de circulação”. (p.124,125) “No fim do processo o valor de capital encontra-se novamente na mesma forma na qual entrou, e pode, então, voltar a atuar e a circular como capital monetário. Justamente porque a forma inicial e final do processo é a do capital monetário (D), chamamos de ciclo do capital monetário a essa forma do processo cíclico”. (p.125) O ciclo em seu conjunto “O capital aparece aqui como um valor que percorre uma sequência de transformações coerentes e condicionadas umas pelas outras, uma série de metamorfoses, que constituem tantas outras fases ou estágios de um processo total. Duas dessas fases pertencem à esfera da circulação e uma, à da produção. Em cada uma dessas fases encontra-se o valor de capital sob uma forma diferente, que corresponde a uma função distinta, especial. No interior desse movimento, o valor adiantado não apenas se conserva, mas cresce, aumenta sua grandeza”. (p.130,131) “As duas formas que o valor de capital assume no interior de seus estágios de circulação são a de capital monetário e capital-mercadoria; sua forma própria ao estágio da produção é a de capital produtivo. O capital, que no percurso de seu ciclo total assume e abandona de novo essas formas, cumprindo em cada uma delas sua função correspondente, é o capital industrial – industrial, aqui, no sentido de que ele abrange todo ramo de produção explorado de modo capitalista”. (p.131) “Capital monetário, capital-mercadoria e capital produtivo [...] designam, nesse caso, apenas formas funcionais específicas do capital industrial, formas que este assume um após a outra”. (p.131) “O ciclo do capital só se desenrola normalmente enquanto suas distintas fases se sucedem sem interrupção. Se o capital estaciona na segunda fase D-M, o capital monetário se enrijece como tesouro; se estaciona na fase da produção, tem-se, de um lado, que os meios de produção restam desprovidos de qualquer função e, de outro, que a força de trabalho permanece ociosa; se estaciona na última fase M’-D’, as mercadorias não vendidas e acumuladas bloqueiam o fluxo da circulação”. (p.131) “Por outro lado, é natural que o próprio ciclo se encarregue de imobilizar o capital, por certo tempo, nas fases singulares do processo. Em cada uma de suas fases o capitalindustrial está vinculado a uma determinada forma, como capital monetário, capital produtivo, capital-mercadoria. É apenas depois de ter cumprido a função correspondente a cada uma dessas formas que ele assume aquela em que pode iniciar uma nova fase de transformação”. (p.131) “Surge como ciclo do capital monetário, pois o capital industrial, em sua forma-dinheiro, como capital monetário, constitui tanto o ponto de partida como o ponto de retorno de seu processo total”. (p.135) “É justamente porque a forma-dinheiro do valor constitui sua forma de manifestação independente e palpável que a forma de circulação D…D’, cujo ponto de partida e de chegada é o dinheiro efetivo, o ato de fazer dinheiro, expressa do modo mais palpável a mola propulsora da produção capitalista. O processo de produção aparece apenas como inevitável elo intermediário, um mal necessário ao ato de fazer dinheiro”. (p.135) “O ciclo do capital monetário é, assim, a forma de manifestação mais unilateral e, por isso, a mais palpável e mais característica do ciclo do capital industrial, cuja finalidade e motivo propulsor – a valorização do valor, o ato de fazer dinheiro e a acumulação – apresentam-se aqui numa forma evidente (comprar para vender mais caro) ”. (p.137,138) “O ciclo do capital monetário permanece sendo a expressão geral do capital industrial enquanto inclui a valorização do valor adiantado”. (p.138) “Como forma sempre implícita em todos os ciclos, o capital monetário percorre esse ciclo justamente para a parte do capital que gera o mais-valor: o capital variável”. (p.138) “O processo capitalista de produção é, assim, pressuposto como uma premissa, seja dentro do primeiro ciclo do capital monetário de um capital industrial investido pela primeira vez, seja fora dele; a existência constante desse processo de produção pressupõe o ciclo constantemente renovado de P…P”. (p.140) CAPÍTULO 2 O ciclo do capital produtivo “Enquanto na primeira forma D…D’ o processo de produção, a função de P, interrompe a circulação do capital monetário e aparece apenas como elemento mediador entre as fases D-M e M’-D’, aqui o processo inteiro de circulação do capital industrial, seu movimento total no interior da fase da circulação, é somente uma interrupção e, portanto, uma mediação entre o capital produtivo que inicia o ciclo como primeiro extremo e aquele que o encerra como último extremo e sob a mesma forma, isto é, a forma que ele assume ao recomeçar”. (p.143) Reprodução simples “O mais-valor inteiro entra, com base nessas premissas, no consumo pessoal do capitalista. Assim que se opera a transformação do capital-mercadoria M’ em dinheiro, a parte da soma de dinheiro representada pelo valor de capital continua a circular no ciclo do capital industrial; a outra, que é mais-valor realizado, entra na circulação geral de mercadorias, é circulação de dinheiro que parte do capitalista, porém ocorre fora da circulação de seu capital individual”. (p.144,145) “d-m é uma série de compras efetuadas por meio do dinheiro que o capitalista gasta, seja em mercadorias propriamente ditas, seja em serviços para sua respeitável pessoa ou família. Tais compras são fragmentadas, ocorrem em datas diferentes. Portanto, esse dinheiro existe temporariamente na forma de determinada reserva monetária ou tesouro destinado ao consumo corrente, uma vez que o dinheiro interrompido em sua circulação se encontra na forma de tesouro. Sua função como meio de circulação, que inclui também sua forma transitória como tesouro, não entra na circulação do capital em sua forma-dinheiro D. O dinheiro não é adiantado, mas gasto”. (p.145) “Vimos que m-d-m, como circulação da renda do capitalista, só entra na circulação do capital na medida em que m é parte do valor de M’, do capital em sua forma funcional de capital-mercadoria: mas tão logo é autonomizada por meio de d-m, ela deixa de integrar o movimento do capital adiantado pelo capitalista, embora seja derivada desse mesmo movimento. Ela se vincula a ele na medida em que a existência do capital pressupõe a existência do capitalista, que por sua vez é condicionada pelo seu consumo de mais-valor”. (p. 148) “Se a segunda metamorfose D-M se choca com obstáculos (por exemplo, se faltam no mercado os meios de produção), o ciclo, o fluxo do processo de reprodução é interrompido, do mesmo modo como ocorreria se o capital fosse imobilizado na forma do capital-mercadoria. Mas a diferença, em primeiro lugar, é que na forma-dinheiro ele pode se fixar por mais tempo do que em sua perecível forma-mercadoria anterior”. (p.153) Acumulação e reprodução em escala ampliada “O aumento constante de seu capital passa a ser uma condição para a conservação desse mesmo capital”. (p.158) “Em P…P’, P’ expressa não o mais-valor produzido, mas o fato de que o mais-valor produzido se capitaliza, ou seja, que foi acumulado capital e que, portanto, P’, diferentemente de P, consiste no valor de capital original mais o valor do capital acumulado por meio de seu movimento”. (p.159) Acumulação de dinheiro “A forma do tesouro não é mais do que a forma do dinheiro que não se encontra em circulação, do dinheiro que teve sua circulação interrompida e, por isso, é guardado em sua forma-dinheiro”. (p.162) “O entesouramento, o estado de tesouro do mais-valor existente em forma-dinheiro, é um estágio preparatório – funcionalmente determinado e externo ao ciclo do capital – para a transformação do mais-valor em capital efetivamente operante”. (p.163) “Enquanto permanece em estado de tesouro, contudo, ele não funciona como capital monetário, mas é ainda capital monetário imóvel; não capital monetário interrompido em sua função, como antes, mas capital monetário ainda não apto ao exercício de sua função”. (p.163) Fundo de Reserva “Na forma de que acabamos de tratar, o tesouro, modo de existência do mais-valor, é fundo de acumulação de dinheiro, a forma-dinheiro que a acumulação do capital assume temporariamente e, nesse sentido, também condição desta última”. (p.164) “O fundo de acumulação de dinheiro é já a existência de capital monetário latente; portanto, a transformação de dinheiro em capital monetário”. (p.164) CAPÍTULO 3 O ciclo do capital-mercadoria “Se a reprodução se dá em escala ampliada, a M’ final é maior do que a M’ inicial e deve, por isso, ser designada como M’’ ”. (p.167) “M’, em sua qualidade de M, aparece no ciclo de um capital industrial individual não como forma desse capital, mas como forma de outro capital industrial, na medida em que os meios de produção constituem seus produtos. O ato D-M (isto é, D-Mp) do primeiro capital é, para esse segundo capital, M’-D’ “. (p.168) “Na forma M’…M’, o consumo do produto-mercadoria inteiro é pressuposto como condição do curso normal do próprio processo do capital. O consumo individual do trabalhador e o consumo individual da parte não acumulada do mais-produto abarca o consumo individual inteiro. O consumo entra, portanto, em sua totalidade – como consumo individual e consumo produtivo –, como precondição, no ciclo M’ “. (p.174) “Mas, precisamente porque o ciclo M’…M’ pressupõe, dentro de seu percurso, outro capital industrial em forma de M (= T + Mp), ele exige que o consideremos não apenas como forma geral do ciclo, isto é, como uma forma social sob a qual pode ser considerado todo capital industrial individual (fora de seu primeiro desembolso) – portanto, não apenas como uma forma de movimento comum a todos os capitais industriais individuais –, mas, ao mesmo tempo, como forma de movimento da soma dos capitais individuais e, portanto, do capital total da classe capitalista, um movimento em que cada capital industrial individual aparece apenas como um movimento parcial, entrelaçado com os demais e por eles condicionado. Se tomarmos, por exemplo, o produto anualtotal de uma terra e analisarmos o movimento pelo qual uma parte disso repõe o capital produtivo em todos os negócios individuais, enquanto outra parte entra no consumo individual das diferentes classes, consideraremos M’…M’ como forma do movimento tanto do capital social como do mais-valor ou mais-produto por ele gerado”. (p.177) CAPÍTULO 4 As três figuras do processo cíclico “Todos os pressupostos do processo aparecem como seu resultado, como um pressuposto produzido pelo próprio processo. Cada momento aparece como ponto de partida, ponto de transição e ponto de retorno. O processo inteiro apresenta-se como unidade do processo de produção e do processo de circulação; o processo de produção torna-se mediador do processo de circulação, e vice-versa”. (p.181) “Num círculo em constante rotação, cada ponto é simultaneamente ponto de partida e ponto de retorno. [...] A reprodução do capital em cada uma de suas formas e cada um de seus estágios é tão contínua quanto a metamorfose dessas formas e a passagem sucessiva pelos três estágios. Aqui, portanto, o ciclo inteiro é a unidade efetiva de suas três formas”. (p.182) “O verdadeiro ciclo do capital industrial, em sua continuidade, não é apenas a unidade dos processos de circulação e produção, mas a unidade de todos os seus três ciclos. Mas ele só pode ser tal unidade na medida em que cada uma das distintas partes do capital possa percorrer sucessivamente as distintas fases do ciclo, passando de uma fase, de uma forma funcional a outra, e que o capital industrial, como a totalidade dessas partes, encontre-se simultaneamente nas diferentes fases e funções, percorrendo, assim, todos os três ciclos ao mesmo tempo”. (p.184) “A grandeza do capital existente condiciona o volume do processo de produção e este, por sua vez, o volume do capital-mercadoria e do capital monetário, na medida em que ambos funcionam ao lado do processo de produção. Mas a justaposição, que condiciona a continuidade da produção, só existe por conta do movimento das partes do capital, no qual elas percorrem sucessivamente os diferentes estágios. A justaposição é, ela mesma, apenas o resultado da sucessão. Se, por exemplo, o movimento M’-D’ se estanca numa de suas partes e não se consegue vender a mercadoria, o ciclo dessa parte é interrompido e a reposição pelo seu meio de produção não é realizada; as sucessivas partes que resultam do processo de produção como M’ têm sua mudança de função bloqueada pelas partes anteriores. [...] Cada estancamento da sucessão provoca uma desorganização da justaposição; cada estancamento num estágio causa um estancamento maior ou menor em todo o ciclo, não apenas da parte do capital imobilizado, mas também do capital individual em sua totalidade”. (p.184) “Como totalidade, o capital se encontra, então, simultaneamente e em justaposição espacial em suas diferentes fases. Mas cada parte passa constantemente, por turnos, de uma forma funcional a outra, e assim funciona sucessivamente em todas as formas. [...] Cada forma segue a outra e a antecede, de modo que o retorno de uma parte do capital a uma forma é condicionado pelo retorno de outra parte a outra forma. [...] Esses percursos especiais formam apenas momentos simultâneos e sucessivos do percurso total”. (p.185) “É apenas na unidade dos três ciclos que se realiza a continuidade do processo total, e não na interrupção exposta anteriormente. O capital social total possui sempre essa continuidade e seu processo possui sempre a unidade dos três ciclos”. (p.185) “O capital, como valor que valoriza a si mesmo, não encerra apenas relações de classes, um caráter social determinado e que repousa sobre a existência do trabalho como trabalho assalariado. Ele é um movimento, um processo cíclico que percorre diferentes estágios e, por sua vez, encerra três formas distintas do processo cíclico. Por isso, ele só pode ser compreendido como movimento, e não como coisa imóvel”. (p.186) “É claro que, apesar de todas as revoluções do valor, a produção capitalista só pode existir e continuar a existir enquanto o valor de capital se valoriza, isto é, enquanto percorre seu processo cíclico como valor autonomizado e, portanto, enquanto as revoluções do valor são de algum modo dominadas e niveladas”. (p.186) “Se o valor de capital experimenta uma revolução de valor, pode ocorrer que seu capital individual seja afetado por ela e pereça, por não poder satisfazer as condições desse movimento de valor. Quanto mais agudas e frequentes se tornam as revoluções do valor, mais se impõe o movimento automático do valor autonomizado, com a força de um processo natural elementar, diante das previsões e dos cálculos do capitalista individual, e mais o curso da produção normal é submetido à especulação anormal, maior é o perigo para a existência dos capitais individuais. Essas revoluções periódicas do valor confirmam, portanto, o que supostamente deveriam contradizer: a autonomização que o valor experimenta como capital e que ele conserva e intensifica por meio de seu movimento”. (p.186,187) “O processo só transcorre de modo inteiramente normal quando as relações de valor permanecem constantes; ele transcorre, de fato, enquanto as perturbações se nivelam na repetição do ciclo; quanto maiores as perturbações, maior é a quantidade de capital monetário que o capitalista industrial precisa possuir para poder aguardar até que a nivelação se produza; e como na continuidade da produção capitalista se amplia a escala de todo processo individual de produção e, com ela, a grandeza mínima do capital a ser desembolsado, essa circunstância se acrescenta a outras, que, cada vez mais, transformam a função do capitalista industrial num monopólio de grandes capitalistas monetários, isolados ou associados”. (p.188) “Dentro de seu processo de circulação, em que o capital industrial funciona como dinheiro ou como mercadoria, o ciclo do capital industrial, seja como capital monetário ou como capital-mercadoria, entrecruza-se com a circulação de mercadorias dos mais diferentes modos sociais de produção”. (p.190) “O caráter do processo de produção de onde elas surgem é indiferente; funcionam como mercadorias no mercado e entram como mercadorias tanto no ciclo do capital industrial como na circulação do mais-valor nele contido. É, portanto, o caráter multifacetado de sua origem, a existência do mercado como mercado mundial, que caracteriza o processo de circulação do capital industrial”. (p.191) “As mercadorias que entram no processo de circulação do capital [...], seja qual for sua origem, [...] confrontam-se diretamente com o capital industrial na forma de capital-mercadoria, como capital comercial ou capital mercantil, que, porém, abrange, por sua natureza, mercadorias de todos os modos de produção”. (p.191) “O capitalista põe em circulação, na forma-dinheiro, menos valor do que dela retira, porque faz circular mais valor em forma de mercadoria do que retirou da circulação nessa mesma forma. Quando atua meramente como personificação do capital, como capitalista industrial, sua oferta de valor-mercadoria é sempre maior do que sua demanda. A coincidência de oferta e demanda significaria, nesse caso, a não valorização de seu capital; este não funcionaria como capital produtivo [...]. A taxa na qual o capitalista valoriza seu capital é tanto maior quanto maior é a diferença entre sua oferta e sua demanda, isto é, quanto maior é o excedente do valor-mercadoria que ele põe à venda em relação ao valor-mercadoria que procura comprar. Seu objetivo é não a coincidência de oferta e demanda, mas o maior desnivelamento possível entre elas, a superioridade da oferta sobre a demanda”. (p.197,198)
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