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Análise do Livro Didático

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ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO – PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO: DIÁLOGOS, 
REFLEXÃO E USO 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho consiste em uma análise crítica sobre a abordagem metodológica de um 
capítulo do livro didático Português Contemporâneo: diálogos, reflexão e uso, dos autores 
William Cereja, Carolina Dias Vianna e Christiane Damien, destinado a alunos de primeiro ano 
do ensino médio, o qual faz parte de uma coleção de três volumes. Neste sentido, objetivamos 
constatar se a abordagem empregada no manual de ensino atende as exigências da Base Nacional 
Comum Curricular, documento normativo para a educação escolar e as orientações para o ensino 
de língua portuguesa segundo Antunes (2007), Kleiman (2002) e Menegassi & Ohuschi (2007). 
Segundo informações da editora Saraiva, para esta coleção, os autores pensaram em uma 
abordagem contemporânea no tratamento dos conteúdos da área, de forma atualizada com os 
estudos literários, a teoria dos gêneros e com as novas concepções de língua e linguagem, além 
de propor a integração dos conteúdos de literatura, gramática e produção textual em cada capítulo 
como veremos no segundo capítulo da primeira unidade, sobre o qual realizaremos esta análise. 
 
1. A DISPOSIÇÃO DOS CONTEÚDOS 
 
Como já mencionado, os capítulos buscam a sincronia entre literatura, gramática e 
produção textual com o objetivo de diminuir a distância entre essas áreas como se observa 
atualmente no ensino de língua portuguesa. Dessa forma, o capítulo que nos deteremos aqui 
trabalha a literatura da baixa idade média, mais especificamente, o Trovadorismo, Variedades 
Linguísticas e o poema (produção), respectivamente, compreendendo as páginas 38 a 62. 
No primeiro momento, o da literatura, os autores trabalham da seguinte maneira: 
contextualização a partir de ilustrações e perguntas que incentivam a discussão quanto a 
expressão pela arte arquitetônica e pinturas produzidas na Idade Média, momento que emergiu o 
Trovadorismo; em seguida o aluno passa a conhecer o contexto de produção e recepção deste 
período literário, por fim; é trabalhada a leitura de poemas (cantigas) de modo a explorar os 
recursos sonoros, sintáticos e lexicais das cantigas. 
Antes de passar ao próximo conteúdo (de gramática), os autores criam um boxe 
denominado de “Entre saberes”, no qual, por meio de textos, realizam a aproximação entre a 
história e a arte, no que se refere às cantigas trovadorescas. 
Feito isso, inicia-se a sessão “Língua e linguagem” com o conteúdo “Variedades 
Linguística” por meio da canção “Vozes da seca” (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) seguida por 
algumas perguntas que chamam atenção para a ortografia e significados de palavras presentes na 
canção bem como questões sobre o seu contexto de produção. Posteriormente, em “Reflexões 
sobre a língua”, os autores esclarecem o que são variações, quais os tipos que existem e as 
mudanças na ortografia com o passar dos tempos, além de abordar a variedade padrão da língua, 
utilizando em alguns destes tópicos cantigas vistas na sessão de literatura. Em “Aplique o que 
aprendeu”, os autores aplicam questões de revisão do conteúdo, com interpretação de textos e 
imagens. 
Chegada à “Produção de texto”, a proposta para a escrita neste capítulo será de um 
poema. Antes de inicia-la os autores trazem as particularidades deste gênero textual, como verso, 
estrofe, métrica, ritmo, rima e outros recursos sonoros, com aplicação de exemplos e atividades 
de fixação. Finalmente, em "Hora de escrever", com base em exemplos de poemas os alunos são 
levados a produzirem pequenos poemas como forma de exercitar antes da produção final que será 
definido pelo aluno, como o tipo de verso, rima, o tema, etc. Ao final do capítulo é sugerido ao 
aluno que planeje seu texto antes de iniciar sua escrita e, por fim, realize uma análise de seu texto 
antes da reescrita. 
A escolha deste capítulo se deu levando em consideração a prioridade colocada pela 
BNCC de que a área de linguagem e suas tecnologias deve possibilitar aos alunos do ensino 
médio a vivência de experiências que propiciem práticas de linguagem em diferentes mídias, 
situadas em campos de atuação social diversos. Assim, tendo em vista nossa prioridade em 
analisar a sessão de língua e linguagem, consideramos necessário o bom tratamento do assunto 
"Variedades Linguísticas" para alcançar estas finalidades, ou seja, que seja trabalhado de uma 
maneira que leve os alunos a conhecerem e respeitarem as diversas formas da língua, para assim 
saber permear por diversos níveis linguísticos. 
 
2. ANÁLISE 
Seguindo a ordem da disponibilidade dos conteúdos do livro didático Português 
Contemporâneo: diálogo, reflexão e uso, realizaremos a análise, no primeiro momento, sobre a 
sessão "Literatura", posteriormente, "Língua e linguagem" e, por último, "Produção de texto". 
 
2.1. Literatura 
 
Quanto à literatura, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) chama atenção para o 
fato de ter sido atribuído ao texto literário um papel secundário em metodologias de ensino, 
cedendo lugar à biografia do autor, características da época, resumos e outros gêneros artisticos. 
Ela enfatiza que é necessário que o texto literário seja o centro do trabalho no ensino médio, 
assim como deve ter sido no ensino fundamental. 
No que diz respeito a esta observação, colocada pela BNCC, relacionada à proposta 
metodológica da sessão "Literatura" do livro didático, concluímos que este material atende, em 
parte, essa exigência do documento normativo para a educação escolar, uma vez que, no geral, 
parte do texto literário para abordar as questões sobre o contexto histórico, de produção e 
recursos estilísticos da literatura trovadoresca, um dos temas abordados pelo capítulo. 
De acordo com a BNCC a exploração desses recursos estilísticos no texto torna-se 
optativa, "ficando a critério local estabelecer ou não a abordagem do conjunto de movimentos 
estéticos, obras e autores, de forma linear, crescente ou decrescente, desde que a leitura efetiva de 
obras selecionadas não seja prejudicada." (BRASIL, s.d., p.524). Neste sentido, foi observado 
que, em grande parte das atividades de interpretação textual, há questões que não suprem as 
necessidades de interpretação e reflexão crítica dos conteúdos ministrados pelo professor, uma 
vez que, o livro aborda de forma superficial os temas trabalhados. Assim sendo, consideramos 
que este recurso didático não deve determinar o modo de ensino e ser seguido na íntegra, mas 
sim, torna-se necessário a intervenção e tomada de decisão do docente quanto ao que deve ser 
prioridade para seus alunos. 
Outro ponto a ser destacado nesta análise na sessão de literatura do manual de ensino, diz 
respeito à combinação de diversas obras literárias, pinturas e arquitetura como forma de levar o 
aluno a perceber todos os aspectos mais relevantes do período que está sendo trabalhado, a idade 
média, bem como o seu contexto de produção. Neste sentido, os autores do livro didático fazem o 
uso constante de diversas ilustrações de obras de arte, características arquitetônicas bem como 
diversos exemplos de textos literários que, juntos, contribuem para a contextualização histórico-
social e cultural do período estudado, fato este que vai ao encontro de uma das habilidades do 
campo artístico literário de Linguagem e suas tecnologias - Língua Portuguesa: 
 
(EM13LP50) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de 
diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de 
momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes 
em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam. (BRASIL, s.d., p.525) 
 
Neste sentido, nota-se o diálogo existente entre as diversas formas de produção artística 
acaba por se tornar um fator determinante no processo de ensino, uma vez que oportuniza a 
imersão do aluno aos mais diversos contextos histórico-sociais como formade facilitar o seu 
entendimento além de contribuir para o enriquecimento cultural do mesmo. 
Durante toda a disposição do conteúdo de literatura, observa-se que os autores atendem a 
esta habilidade requerida pela BNCC, contudo, na página 40 do livro didático, no boxe "Fique 
conectado" (Figura 1), fica ainda mais claro a tentativa de fazer o aluno tomar conhecimento da 
arte na Idade média por meio de sugestões de filmes, livros, músicas, sites e lugares que podem 
ser visitados, os quais se dialogam entre si, cabendo, principalmente, ao professor buscar por 
essas formas de arte e exibi-los na íntegra. 
 
Imagem 1 – Boxe “FIQUE CONECTADO” 
 
Fonte: CEREJA, VIANNA e DAMIEN, 2016, p.40. 
 
É importante salientar que esta habilidade mantém afinidade com a "Competência 
específica 6" que propõe: 
 
Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, 
considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus 
conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir 
produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira 
crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. 
(BRASIL, s.d., p.496) 
 
Os diálogos que são estabelecidos entre as mais diversas formas de expressões artísticas e 
culturais, somadas aos diversos meios de produção, sejam literárias, artísticas bem como por 
meio das mídias sociais, tornam-se fatores fundamentais para o trabalho com a literatura, trabalho 
este voltado exclusivamente para o estudo do texto, cabendo ao professor adequá-las às 
necessidades e especificidades dos seus alunos para que estes exerçam de forma crítica, reflexiva 
e criativa o protagonismo no processo de ensino. 
Neste sentido, observamos que é atribuída uma grande importância ao conhecimento e 
respeito às mais diversas formas de expressão literária, artística e cultural, com o intuito de 
contribuir para uma boa formação pessoal e social do aluno, o que já aponta para o trabalho com 
próximo assunto do capitulo analisado, "Variedades Linguísticas", sobre o qual faremos análise a 
seguir. 
 
2.2. Língua e Linguagem 
 
Para iniciar a seção Língua e linguagem os autores apresentam a música intitulada Vozes 
da seca como proposta de ensino de Variedades Linguísticas. Percebemos em sua composição, 
elementos de uso da oralidade da língua de uma determinada região do país, além de uma 
imagem no plano de fundo da letra da canção, pelo qual podemos remeter ao contexto da época e 
cenário da seca na região do sertão nordestino. Entretanto, estes elementos são deixados de lado 
nas atividades, pois não há nenhuma questão que provoque a reflexão semiótica da imagem com 
o texto. Além disso, poderia ser utilizada também, a audição da música com a turma, o que já 
vem sendo sugerido na BNCC na “competência especifica 7’’ e que propõe 
 
(EM13LP16) Utilizar softwares de edição de textos, fotos, vídeos e áudio, além 
de ferramentas e ambientes colaborativos para criar textos e produções 
multissemióticas com finalidades diversas, explorando os recursos e efeitos 
disponíveis e apropriando-se de práticas colaborativas de escrita, de construção 
coletiva do conhecimento e de desenvolvimento de projetos. (BRASIL, s/d, 
pág.500) 
 
Já nas páginas 49 a 50 são propostas atividades baseadas na norma-padrão como: o uso 
adequadamente do pronome seu em substituição do pronome de tratamento senhor; a evolução 
histórica da expressão vossa mercê que gerou o você; além de questões já definidas como 
respostas, são alguns dos exemplos sugeridos como exercícios , com isso não possibilitando a 
reflexão do uso da língua em determinado contexto regional e interacionista provocando assim 
“[...] uma visão superficial do ensino do ensino da língua, além de ter tirado a oportunidade de 
que outras questões - aquelas concernentes à ampliação do léxico e à composição de textos 
coesos, relevantes e coerentes - sejam devidamente exploradas” (ANTUNES, 2007, p.125). 
Apesar do livro apresentar alguns pontos que estão em desacordo com as novas propostas 
de ensino, convém destacar outros itens que consideramos importante, como a presença de um 
boxe que traz informações adicionais sobre o ex-presidente Getúlio Vargas e a quem é 
direcionado a música, esclarecendo e ampliando o entendimento dos alunos. 
Em Reflexões sobre a língua os autores apresentam os conceitos teóricos sobre as 
variedades linguísticas enfatizando o caráter heterogêneo da língua e classificando os tipos de 
variações: diacrônica, diatópica, diastrática e diamésica, com o intuito de que os alunos 
percebam, a partir de exemplos, os processos de variações linguísticas do português, descrevendo 
que tais variações ocorrem por diversos fatores: geográficos, históricos, sociais, escolarização e 
outros. Com isso acreditamos que, pelas escolhas lexicais com que os autores abordaram o 
assunto, buscaram amenizar o preconceito linguístico para fazer com que os alunos percebam que 
as escolhas de usos de determinada variedade linguística dependerá do contexto em que o falante 
se encontrar. 
Neste sentido, a “competência específica 4” da BNCC aponta que os alunos devem 
 
Compreender as línguas como fenômeno (geo) político, histórico, cultural, 
social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas 
variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e 
coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer 
natureza. (BRASIL, S/D, p.494) 
 
A BNCC apresenta habilidades que o aluno deve desenvolver, com base nessa 
competência, como: 
(EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e 
caracterizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, 
variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. 
(EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de 
língua adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do 
discurso, respeitando os usos das línguas por esse(s) interlocutor(es) e sem 
preconceito linguístico. [...] (BRASIL, s/d, p. 494) 
 
Dessa forma, constatamos que na abordagem dessa temática, os autores seguiram de certa 
forma essa proposta curricular prevista no documento, uma vez que apresentaram os conceitos 
das variedades faladas, da norma padrão e da convenção ortográfica, utilizando exemplos dos 
poemas vistos em outras seções. Consideramos relevante essa parte conceitual, no entanto, 
percebemos a necessidade de uma reflexão mais aprofundada na subseção Aplique o que 
aprendeu, devido ao uso de questões objetivas de relacionar os textos aos itens de respostas 
prontas nas alternativas, bem como da análise, da interpretação subjetiva dos alunos para 
construção de sentidos no texto, e uma vez que: 
 
Para se poder explorar aspectos do vocabulário, do léxico, da língua, das suas 
inter-relações no texto; de sua vinculação com as visões que se tem da realidade 
e de como o entendimento de qualquer texto só é possível porque mobilizamos, 
junto com o conhecimento linguístico, nosso conhecimento de mundo.[...] 
(ANTUNES, 2007, p. 130) 
 
Na segunda subseção Aplique o que aprendeu (pág. 54), percebemos que no tratamento 
das questões os autores compartilham, em parte, da visão de Antunes, quando permitem que, ao 
lerem o poema, os alunos mobilizem seus conhecimentos de mundo, permitindo a interação com 
o professor e demais colegas. 
Na terceira subseção Texto e enunciação (pág. 54) os autores trazem dois textos 
publicitários propondo que os alunos analisem os textos do ponto de vista discursivo. Percebemos 
que as questões, em sua maioria, exigem que os alunos recorram ao seu conhecimento de mundo, 
além dos conhecimentos linguísticos, para responderem os questionamentos, no entanto, os 
autores não exploram as questões de vocabulário no que diz respeito à finalidade dogênero 
anúncio publicitário, que segundo Antunes (2007) é um ótimo recurso de análise para aumentar a 
competência linguística do aluno. 
Portanto, percebemos que de modo geral os autores conseguem fazer esse elo entre os 
assuntos de maneira que não isole os conteúdos por área de conhecimento. Entretanto, embora 
essa seja a proposta do livro, alguns professores que utilizam este recurso pedagógico não fazem 
essa relação entre os conteúdos, tendo em vista a própria segregação dos profissionais entre os 
eixos de ensino. Em relação à proposta do livro, percebemos que contribui parcialmente para que 
o discente desenvolva as habilidades que a BNCC propõe, uma vez que o livro foi desenvolvido 
antes da proposta curricular do documento. Além disso, salientamos que o livro didático é apenas 
uma das variadas ferramentas que o docente pode utilizar e se faz necessário ancorar o ensino em 
outras fontes de pesquisas e metodologias sobre esse assunto. 
 
2.3. Produção textual 
 
A última seção do capítulo denominada de “Produção de texto” trabalha com o gênero 
poema. No primeiro momento faz uma abordagem sobre o conceito do referido gênero textual, 
dialogando sobre a utilização desse gênero literário na Idade Média, uma vez que se encontrava 
nas cantigas trovadorescas. Em seguida, os autores do livro didático topicalizam a estrutura 
textual do poema, apresentando o verso, a estrofe, a métrica, o ritmo e a rima. Além de outros 
recursos de linguagem, como: aliteração e assonância. 
Após apresentarem aos alunos as características estruturais do poema, os autores trazem 
um exercício de aplicação sobre o que já foi estudado. Nesta atividade, são produzidas três 
questões, a primeira contendo a interpretação de um poema, analisando as figuras de linguagem 
presentes, a segunda questão propõe a identificação do eu lírico no poema, e a terceira se tratando 
da estrutura do gênero. Aspectos estes que o professor precisa mostrar aos alunos como 
principais, para a produção textual em sala. 
Chamamos atenção para a segunda e terceira questões, uma vez que apresentam 
abordagens diferentes (Imagem 02). A segunda propõe uma análise interpretativa do texto, 
levando o aluno a compreender o sentimento expresso pelo autor (a voz do eu-lírico). Kleiman 
(2002, p.66), salienta que 
 
(...) quando obscuridades e inconsistências aparecem, o leitor deverá tentar 
resolvê-las, apelando aos seus conhecimentos prévios de mundo, linguístico, 
textual, devido a essa convicção de que deve fazer parte da atividade de leitura 
que é o conjunto de palavras discretas forma um texto coerente, isto é, tem uma 
unidade que faz com que as partes se encaixem umas nas outras para fazer um 
todo. Isso implica atender as pistas textuais, ao invés de ignorá-las, porque não 
correspondem a nossas pré-concepções. 
 
Assim sendo, a abordagem desta questão abre caminho para que aluno explore todos os 
recursos possíveis, como o que tem aprendido sobre as estratégias de leitura, além de aplicar seu 
próprio conhecimento de mundo, quando for necessário, para compreender o texto. 
Em contrapartida, a terceira questão se detém apenas a aspectos estruturais do texto, 
aplicando os conceitos vistos anteriormente. Contudo, consideramos positiva essa aplicação de 
duas formas de apreender um texto, tendo em vista a sequência adotada pelos autores no capítulo. 
 
Imagem 2 – Segunda e terceira questão da atividade 
 
Fonte: CEREJA, VIANNA e DAMIEN, 2016, p.60. 
 
Outro ponto que nos chamou a atenção no livro didático foi a junção da literatura com a 
dança (Imagem 03), um box que mostra a apresentação de balé contendo em sua trilha sonora 
cantigas de amor e amigo, fazendo assim relação entre a literatura do trovadorismo com uma 
expressão artística, mostrando aos alunos o quanto a literatura ainda é atual, nas composições 
musicais, danças, cinema, teatro, e ainda as cantigas trovadorescas são parte de grandes 
apresentações de balé. O que. segundo a BNCC na habilidade (EM13LP50) já comentada 
anteriormente nesse trabalho quando em outro momento os autores do livro realizam esta mesma 
abordagem, deve ser uma prática constante em sala de aula, fazer relações com diferentes gêneros 
literários, proporcionando a interdisciplinaridade. 
 
Imagem 3 – A relação entre a literatura e a dança 
 
 
Fonte: CEREJA, VIANNA e DAMIEN, 2016, p.60. 
 
Após a apresentação dessas propostas de produções textuais livres de poemas, chega o 
momento que os autores pontuam no livro que o texto final deve ser produzido a partir das 
escolhas do próprio aluno, como o tema e a estrutura de seu poema, o que deve ser feito antes de 
começar a escrever, ou seja, será uma produção individual, sem as possíveis sugestões do livro 
didático ou do professor. 
Geraldi (1993, apud Menegassi & Ohuschi, 2007, p. 238) “[...] com base na perspectiva 
bakhtiniana, declara que, por meio do discurso, o aluno pode expressar seu ponto de vista sobre o 
mundo e, por meio do texto, aprender a língua materna.” Assim, compreende-se que os autores, 
possivelmente, ancoraram-se nessa concepção de Geraldi, uma vez que a proposta de produção 
aponta para que aluno tenha a liberdade de expressão, promovendo a sua autonomia. 
Destacamos também que para a BNCC (2017, p.504) “o desenvolvimento de textos 
construídos esteticamente – no âmbito dos mais diferentes gêneros – pode propiciar a exploração 
de emoções, sentimentos e ideias que não encontram lugar em outros gêneros não literários (e 
que, por isso, devem ser explorados)”. Assim, torna-se importante que o professor consiga 
desenvolver a subjetividade e as relações interpessoais de seus alunos. 
 
CONCLUSÃO 
 
 Quanto às competências propostas pela BNCC o livro consegue apresentar as 
possibilidades para que o professor, em sala de aula, realize as atividades segundo o currículo de 
campo artístico e literário, integrando as artes como: arquitetura, danças, músicas, cinema, artes 
plásticas etc., bem como outras áreas do conhecimento como: história e arte, possibilitando um 
aprendizado significativo e, portanto, um trabalho interdisciplinar. 
Fica claramente marcado que o capítulo inicia com um poema, na primeira seção, e 
termina com uma proposta de análise e produção deste mesmo gênero, na terceira seção. Isso 
corrobora o que Menegassi & Ohuschi (2007, p.238) observa: 
 
É pelo texto do aluno que iniciamos e findamos o processo de 
ensino/aprendizagem da língua, pois, partimos dele, passamos por várias etapas, 
a partir da mediação que leva o produtor a refletir sobre a própria escrita, do 
diálogo instaurado nesta e das reescritas que efetuam mudanças significativas e 
originam novos textos, aos quais retornamos e podemos reiniciar o processo. 
 
Evidenciamos que o livro, mesmo não seguindo a BNCC, propõe, em especial no capítulo 
analisado, uma abordagem sobre três eixos: literatura, língua e linguagem e produção de texto. 
Isso faz com que se crie uma dinâmica interacional entre esses campos que são inseparáveis, 
mesmo sabendo que o sistema educacional, de algumas regiões, pense na literatura e no ensino de 
língua materna como campos de conhecimentos que estão distanciados, começando com a 
diferença em carga horária, em que para a literatura é sempre menor. 
Neste sentido, concordamos que o livro didático analisado é um bom instrumento de 
apoio, uma vez que ele possibilita a integração entre diversas áreas do conhecimento, atribui ao 
texto papel central no processo de ensino e proporciona, em vários momentos, a interpretação e 
reflexão crítica dos conteúdos trabalhados em sala, possibilitando o diálogo entre professor e 
aluno bem com um melhor aproveitamento em sala. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ANTUNES, Irandé. A urgência de explorar a gramática sem equívoco. In: ANTUNES, Irandé. 
Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: 
Parábola editorial, 2007. Cap.3. 
 
BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, DF: 
Ministério da Educação, 2017. 
 
CEREJA, William Cereja. VIANA, Carolina Dias. DAMIEN, Christiane. Literatura na baixa 
idade média: o trovadorismo – variedades linguísticas – o poema. In: CEREJA, William Cereja. 
VIANA, Carolina Dias. DAMIEN, Christiane. Português Contemporâneo: diálogo, reflexão e 
uso. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
KLEIMAN, Angela B. O estatuto disciplinar da linguística aplicada: o traçado de um percurso. 
Um rumo para o debate. In: SIGNORINI, I. & CAVALCANTI, M. C. (orgs.). Linguística 
aplicada e transdisciplinaridade. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 1998. 
 
MENEGASSI, Renilson José. OHUSCHI, Márcia Cristina Greco. O aprender a ensinar a escrita 
no curso de letras. ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO. v. 2, nº 2, p. 230-256, maio/ago. 
2007 
 
POSSENTI, Sírio. Introdução. In: POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na 
escola. Campinas: ALB: Mercado de Letras, 1998, p. 15–56. 
 
ZANINI, Marilurdes. Uma visão panorâmica da teoria e da prática do ensino de língua materna. 
Acta Scientiarum, [S. l.], ano 21, n. 1, p. 79-88, 1999.

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