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AUDITORIA DE CUSTOS BELO HORIZONTE Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 CONCEITOS INICIAIS http://auditoriaoperacional.com.br/wcontent/themes/arthemia/scripts/timthumb.php?src=/wpcontet/uploads/s alario-contador.jpg&w=150&h=150&zc=1&q=100 A auditoria é uma atividade relativamente nova no Brasil, onde em termos de técnicas, as legislações especificas brasileiras vêm abordando superficialmente o assunto, sem definir de forma clara e precisa os procedimentos que os profissionais da área deveriam adotar por ocasião das auditorias das demonstrações financeiras e auditorias realizadas nas empresas públicas. De forma bastante simples, pode se definir auditoria como levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, e demonstrações de uma entidade. A auditoria compreende o exame de documentos, livros e registros, com o propósito para obtenção de informações e confirmações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, mensurando a exatidão desses registros e das demonstrações contábeis. O objetivo do exame das demonstrações financeiras é expressar uma opinião sobre a propriedade da mesma, assegurando que elas representem adequadamente a posição patrimonial e financeira. Onde deve ser efetuado de Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 acordo com as normas usuais de auditoria, inclusive quanto às provas nos registros contábeis e aos procedimentos de auditoria julgados necessários. Dessa forma pode ser descrito resumidamente como processo pelo qual o auditor se certificar da veracidade das demonstrações financeiras preparadas pela companhia auditada. http://www.hcassessoria.cnt.br/wp-content/uploads/2014/02/auditoria.png O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do patrimônio administrado, que compreende registros contábeis, papeis documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem legitimidade dos atos da administração. Pode a auditoria basear-se em informações obtidas fora da empresa, tais como relativas à confirmação de contas de terceiros e de saldos bancários, por exemplo, sendo elas fontes externas que geralmente oferecem melhores características de credibilidade do que aquelas obtidas dentro da própria entidade auditada. Ao examinar um conjunto de demonstrações contábeis, o primeiro problema que o auditor enfrenta é o de determinar exatamente o que o conjunto de demonstrações contábeis pode representar, o auditor deve ser contador bastante competente, a fim de poder ler as demonstrações contábeis com suficiente compreensão e habilidade. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A responsabilidade deste trabalho é de total independência, inclusive a possibilidade de o auditor responder com seus bens pessoais, caso seja acionado por causar prejuízos a terceiros em razão da não correspondência dos números certificados da sociedade auditada com a realidade, outro aspecto a ser ressaltado é o código de ética que rege seus trabalhos, onde é prevista a confidencialidade sobre informações obtidas durante seu trabalho. AUDITORIA DE CUSTOS: DISCUTINDO SOBRE O TEMA http://caravellecontabil.com.br/images/s5.jpg A origem do termo auditoria, conforme Franco e Marra (2009), vem do latino auditor, que quer dizer aquele que ouve, ou seja, o ouvinte, segundo os autores a auditoria teve seu surgimento na Inglaterra, pois este país possuía o predomínio dos mares e era controladora do comércio mundial. Boynton, Johnson e Kell (2002) comentam que a auditoria e tão antiga quanto à contabilidade. A auditoria surgiu a partir da necessidade de confirmação dos registros contábeis em consequência do aparecimento das grandes empresas, conforme Attie (2010, p. 7): Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O surgimento da auditoria está ancorado na necessidade de confirmação por parte dos investidores e proprietários quanto á realidade econômico- financeira espelhada no patrimônio das empresas investidas e, principalmente, em virtude do aparecimento de grandes empresas multigeograficamente distribuídas e simultâneo ao desenvolvimento econômico que propiciou participação acionária na formação do capital de muitas empresas. Fatos relevantes contribuíram para a evolução da auditoria no Brasil, partindo das instalações de empresas internacionais de auditoria independente, e de investimentos internacionais realizados. De acordo com Attie (2010, p. 8), para desenvolvimento da auditoria as principias influências foram: • Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras; • Financiamento de empresas brasileiras através de entidades internacionais; • Crescimento das empresas brasileiras e necessidades de descentralização e de diversificação de suas atividades econômicas; • Evolução do mercado de capitais; • Criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do Brasil em 1972; e • Criação da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei das Sociedades por Ações em 1976. Nesse contexto, a auditoria busca verificar a eficácia e eficiência do controle patrimonial, realizando análises e testes que permitem expressar opinião sobre a veracidade das demonstrações contábeis, identificando erros, fraudes, distorções que tenham ocorrido, ou situações que sejam suscetíveis a risco. As opiniões são embasadas nos dados verificados, no entanto para exercer seu papel a Auditoria Externa e Interna apresentam diferenças no foco e objetivos, mas se complementam. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A auditoria externa de acordo com Attie (2010, p. 5), é “uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado.” A auditoria gera vantagens e benefícios para a organização, segundo Oliveira et al. (2008, p. 8), os benefícios são inegáveis, os gastos com auditorias devem ser vistos como investimento de grande retorno para a organização, pois é de caráter preventivo contra possíveis atos lesivos ao patrimônio e imagem da empresa, e compreende-se que as empresas que são submetidas a auditoria externa contábil, é de valia a atividade de auditoria interna, pois esta contempla o acompanhamento e auxílio. A auditoria interna, com esta denominação específica é uma atividade relativamente nova. Elucida Crepaldi (2010), que a partir de 1941 é que a auditoria interna começou a difundir-se, principalmente, entre empresas americanas. Neste período, foi criado por 24 auditores internos em Nova York o The Institute of Internal Auditors (THE IIA), que escolheram como lema progress through sharing, em tradução livre, significa: progresso pelo intercâmbio5. No Brasil, este lema foi adotado em 1967 pelo Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Com o desenvolvimento do mercado, identificou-se a relevância dos procedimentos e normas internas para verificação periódica e com maior extensão. No entanto, como o administrador não poderia pessoalmente supervisionar, notou-se que o auditor interno tinha essas funções mais amplas, que além da conferência de documentos e valores, poderiam analisar as contas, e colaborar com um melhor desempenho em geral da empresa, atuando como se fosse o próprio administrador (CREPALDI, 2010). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 https://www.intelectacursos.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/02/saber-contabilidade- cursosonline.jpg Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 932) expõem que conforme o The Institute of Internal Auditors (THE IIA) a: Auditoriainterna é uma atividade independente, de fornecimento de segurança objetiva e de consultoria que visa acrescentar valor a uma organização e melhorar suas operações. Trazendo para a organização uma abordagem sistemática e disciplinada par a avaliação e melhora da eficácia de seus processos de gerenciamento de risco, controle e governança, ajuda-a a atingir seus objetivos. Sendo assim, a função de auditoria tem um papel de relevância nas empresas, pois suas atividades cercam-se de vários procedimentos que dão confiabilidade às informações. À medida que ocorrem mudanças, são consequentemente necessários novos controles. Com estes fatores surge a necessidade de se ter um auditor interno capacitado para executar suas atividades dentro da empresa. Corrobora Crepaldi (2010, p. 29), ao exigido do auditor interno: As responsabilidades da auditoria interna, na organização, devem ser claramente determinadas pelas políticas da empresa. A autoridade correspondente deve propiciar ao auditor interno livre acesso a todos os registros, propriedades e pessoal da empresa que possam vir a ter importância para o assunto em exame. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O auditor interno deve sentir-se à vontade para revisar e avaliar diretrizes, planos procedimentos e registros. De acordo com Macedo (2009), o auditor interno em seu perfil deve possuir uma visão sistêmica, seja ela do negócio ou do cenário o qual está inserida, capacidade de síntese, ser objetivo, inspirar confiança, proativo, imparcial, persistente, liderança, e acima de tudo ser ético e íntegro. Sua presença remete a imagem de que são os olhos da administração auditando controle e processos, tornando-se uma ferramenta importante para o controle administrativo, pois propícia uma auditoria contínua, e maior segurança ao funcionamento correto das transações de uma empresa. Conceitua Crepaldi (2010, p. 29) que a auditoria interna “[...] presta ajuda à administração, com vistas à possibilidade de eliminar inconvenientes ao desempenho da gestão.” http://www.farmaceuticas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/auto-inspecao- auditoriafarmaceuticas.jpg Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A auditoria interna utiliza-se dos controles internos da empresa, revisa e examina em maior profundidade e extensão, dando maior confiabilidade nas informações. Retrata Almeida (2010), que não adianta a empresa implantar um sistema de controle interno sem que haja a verificação periódica do cumprimento do determinado, sendo atividade da auditoria interna verificar se os mesmos são seguidos, avaliar a necessidade de melhorias ou implantação de novos controles e processos. A estrutura física e de colaboradores é conforme porte da organização, já sua estrutura organizacional se define de acordo com a característica de cada organização, sendo ideal que o reporte seja diretamente ligado à alta gestão, como ferramenta de apoio à governança coorporativa (ALMEIDA, 2010). A abordagem da auditoria deve observar a relevância, conter exames, testes de observância, procedimentos de amostragem. Para o processo sistemático existem critérios, técnicas e metodologias próprias destas atividades essenciais para o desenvolvimento dos trabalhos, conforme Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 31) um “processo sistemático dá uma conotação de uma série de passos ou procedimentos lógicos, estruturados e organizados”, compreende-se dessa forma a sistemática de trabalho que o auditor interno deve exercer, para obter subsídios que fundamentam as suas conclusões. Desta forma, constituem-se os papéis de trabalho de auditoria, que evidenciam o trabalho efetuado pelo auditor, fatos e informações obtidos, bem como suas conclusões sobre os exames. Franco e Marra (2009, p. 322) dispõem que: A finalidade principal dos papéis de trabalho do auditor é a de servir como base e sustentação da opinião do auditor. Eles constituem o testemunho do trabalho que o auditor efetuou, a forma como foi realizado esse trabalho e registram e documentam as conclusões a que o auditor chegou. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Os papéis de trabalho da auditoria registram e comprovam o planejamento da auditoria e as amostras analisadas, através dele o auditor relata suas recomendações e apresenta suas conclusões, tornando-se a evidência do trabalho desempenhado. É importante ressaltar, que em empresas que se faz necessária auditoria externa é de valia o trabalho da auditoria interna, pois as atividades da interna podem complementar, esclarecer os controles internos, ocorrências e situações duvidosas. Caracterizam-se por serem os principais órgãos que tratam a respeito dos auditores, de acordo com Almeida (2010), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC), Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil). Sendo assim, as normas e legislações estabelecidas para a Auditoria Interna, estão amparadas pela resolução do CFC n.º 986/03 que trata da NBC TI 01 - Da Auditoria Interna, e a resolução do CFC n.º 781/95 trata da NBC PI 01 - Normas Profissionais do Auditor Interno. Além das resoluções do CFC, há as normas expedidas pelo IIA Brasil que também definem e sugerem procedimentos específicos de auditoria interna. Se os trabalhos executados pela auditoria interna estiverem de acordo com as normas já citadas, a auditoria independente pode se valer dos trabalhos já executados pela interna. No que se trata dos controles internos, os responsáveis são os gestores de cada setor, cabe ao auditor interno avaliar se os processos estão funcionando como o estabelecido, propondo melhorias ou a implantação de controles. Neste contexto, nota-se cada vez mais a preocupação em minimizar os riscos do negócio na organização. De acordo com este preceito, Sá (2009, p. 127) conceitua que “a preocupação do auditor com os controles liga-se, diretamente, às potencialidades de riscos, ou seja, erros que podem ocorrer e que escapam a um tradicional exame de controles porque não se ligam a eles.” Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Define Dias (2010, p. 30) que “risco é a probabilidade de perda ou incerteza associada ao cumprimento de um objetivo.” Os riscos podem ser classificados de acordo com sua área de impacto, para melhor compreensão fundamenta-se em três classes de riscos conforme descrito: • Risco operacional, que decorre da opção por uma determinada estrutura de ativos, que, por sua vez, conduz a uma estrutura de custos (proporção de custos fixos e variáveis); • Risco financeiro. Que decorre da opção por uma determinada estrutura de passivos, que conduz a um nível de endividamento financeiro e à necessidade de absorção dos custos fixos financeiros; • Risco da empresa, que é a combinação do risco operacional com o risco financeiro. (PADOVEZE, 2011, p. 53). Com um controle interno adequado e riscos detectados, os objetivos da organização serão alcançados com melhor desempenho, portanto, se torna cada vez mais importante o mapeamento dos riscos diante da velocidade das mudanças que ocorrem no ambiente externo e que refletem diretamente no ambiente interno. A implantação de um controle interno por si só não garante a inexistência de erros ou fraudes, no entanto um bom controle interno mitiga e previne esses riscos conforme menciona (FRANCO; MARRA, 2009). De acordo com Franco e Marra (2009, p. 76), define-se como erro e fraude o disposto a seguir: O termo fraude refere-se a ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração dedocumentos, registros e demonstrações contábeis. A fraude pode ser caracterizada por: a) manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a modificar os registros de ativos, passivos e resultados; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 b) apropriação indébita de ativos; c) supressão ou omissão de transações nos registros contábeis; d) registro de transações sem comprovação; e e) aplicação de práticas contábeis indevidas. O termo erro refere-se a ato não intencional na elaboração de registros e demonstrações contábeis, que resulte em incorreções deles, consistente em: a) erros aritméticos na escrituração contábil ou nas demonstrações contábeis; b) aplicação incorreta das normas contábeis; c) interpretação errada das variações patrimoniais. Nota-se que as fraudes cometidas apresentam característica de enfraquecimento dos valores profissionais e controles internos fracos, estes aspectos denotam a relevância de atuação da auditoria interna, com o intuito de minimizar os riscos, verificando a eficácia e eficiência dos controles. Internamente todas as decisões tomadas pela organização estão associadas a riscos, independente de seu tamanho, natureza ou estrutura, sendo determinado pela organização o nível de risco aceito, que podem-se caracterizar em alto, médio ou baixo, não existindo forma prática de reduzi-lo a zero como ensina (AVALOS, 2009). A busca das organizações governamentais por profissionalização, eficiência e efetividade vêm, cada vez mais, se configurando como uma prioridade. Através da implantação de instrumentos de mensuração que permitam um monitoramento sistemático de seu desempenho econômico e financeiro, estas entidades podem dar um grande salto de qualidade no que vem se denominando de “Nova Gestão Pública” e Governança. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Com um sistema de custos, o processo de avaliação de desempenho da gestão pública poderia ser melhorado através da monitoração de informações e indicadores, dos vetores ligados a efetividade em relação ao alcance das metas planejadas, qualidade dos serviços, processos e economicidade, que corresponde ao padrão de custos no alcance destas metas. Segundo Martins (2003), a escolha do Sistema depende do objetivo que com ele se pretende atingir; o seu nível de detalhes também depende disso e do quanto se gastará para sua obtenção. As informações são caras e sua utilidade não é igual em todos os níveis de detalhes. Sua adoção como “pacote” é temerária. http://insights.la/wp-content/uploads/2015/04/content.jpg A dinâmica do processo decisório impõe ao gestor que sejam utilizados na gestão do dia-a-dia mais dados presentes e futuros do que dados passados e a combinar dados físicos com dados monetários. Esses aspectos tornam os sistemas de gestão de custos muito úteis, porquanto não dependem, necessariamente, da contabilidade “fechar” seu movimento para se saber qual foi o custo das operações do período. Essa peculiaridade gerencial propicia que um sistema de custos possa perfeitamente trabalhar com dados estimados e pré- estabelecidos. Para tanto, faz-se necessário a utilização de técnicas auxiliares e, Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 sobretudo, lógica, racionalidade, relevância e bom senso. (ROEHL-ANDERSON; BRAGG, 2009). Para fundamentar as características que um sistema de gestão de custos (SGC) deve possuir no setor público, foram sintetizados alguns de seus objetivos em contraste com óticas de cultura organizacional pública (SLOMSKI, 2009): Para a implantação bem sucedida de um sistema de gestão de custos no setor público, é necessário observar alguns elementos importantes que podem servir de guia (MACHADO, HOLANDA, 2010; PIGATTO et al.,2010): Os sistemas de custeio devem estar integrados às realidades operacionais, organizacionais e físicas da entidade; • Os diversos sistemas de informação existentes servirão de alimentação de dados primários para a gestão de custos; • Deve-se iniciar o processo de gestão de custos com sistemas mais simples, mesmo com limitações, pois o setor público não possui ainda o padrão de aprendizagem necessária para a utilização de sistemas de custeio mais complexos e de alto custo de implantação. • A implantação de sistemas de custos no setor público requer uma abordagem inter e multidisciplinar, abrangendo questões relativas à teoria mais Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 atual sobre administração pública, ciência política, teoria de sistemas e organizações; • As especificidades do setor público requerem a observância de fatores políticos, institucionais e culturais. Entre os inúmeros benefícios que a implantação e o uso contínuo de sistemas de custos propiciariam para o setor público, poderiam ser destacados (SILVA, 1997; ALONSO, 1998; MACHADO, 2005; HOLANDA, LATTMANNWELTMAN, GUIMARÃES, 2010): a) O aperfeiçoamento da apreensão (captura) e delimitação dos valores que contribuirão para o desenvolvimento dos diversos processos e atividades, resultando nos custos dos vários serviços públicos disponibilizados; b) O controle da economicidade das operações. O uso de um adequado planejamento e acompanhamento das atividades, avaliando a eficácia das operações, propiciará subsídio ao processo de tomada de decisões, com um efetivo controle de custos, redução de desperdícios, entre outros; c) A melhoria do processo de planejamento. Com o detalhamento dos custos por centro de custos e a determinação dos custos totais de cada serviço disponibilizado, o orçamento seria muito melhor utilizado; d) O dimensionamento e redução da capacidade ociosa, através da identificação da capacidade total e do grau de utilização desta pelo órgão ou unidade analisado; e) A consequente racionalização dos custos, otimizando a aplicação dos recursos públicos; f) A avaliação, simulação e análise de alternativas, visando otimizar os processos e atividades de elaboração dos serviços públicos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Na atualidade, para manterem-se no mercado competitivo, as instituições têm que aprender a associar baixos custos com excelência de qualidade para os seus clientes. Consequentemente, as instituições de cuidados de saúde têm sido compelidas a se organizarem como empresa desenvolvendo visão de negócio para sobreviverem a estas mudanças no mercado. Esta tendência mundial tem exigido dos profissionais envolvidos habilidade na análise de custos para a prestação de serviços de saúde (BICHANGA, 2000). A auditoria tem surgido como uma ferramenta importante para mensuração da qualidade (Auditoria de cuidados) e custos (Auditoria de custos) das instituições de saúde (GOTO, 2001). A auditoria pode ser desenvolvida em vários setores da saúde e por diferentes profissionais; destacam-se entre eles, a auditoria médica e auditoria de enfermagem. Ambas, dispõem de áreas específicas de atuação, sendo que a característica do serviço em saúde definirá o papel do auditor, e lembrando que seus objetivos são sempre os mesmos, ou seja, garantir a qualidade no atendimento ao cliente, evitar desperdícios e auxiliar no controle dos custos (PAIM e CICONELLI 2010). Segundo Rodrigues, Perroca, Jerico (2004), anotação de enfermagem é um dos principais instrumentos de apoio para a análise das contas hospitalares na Auditoria. As anotações de enfermagem devem: “registrar as condições do paciente” e sua atividade; transmitir informações acerca do paciente; prover uma base de integração e continuidade do plano total de cuidados; mostrar que as prescrições médicasforam cumpridas com relação à medicação e ao tratamento. As anotações efetuadas pela enfermagem consistem no mais importante instrumento de prova de qualidade da atuação da enfermagem e mediante o fato enunciado de que 50% das informações inerentes ao cuidado do cliente são fornecidas pela enfermagem, é indiscutível a necessidade de anotação Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 (registros) adequados e frequentes no prontuário do cliente (CIANCIARULLO, GUALDA, MELLEIRO, ANABUKI, 2008). A anotação de enfermagem deve relatar o estado geral do paciente, bem como os cuidados e as intercorrências que venham acontecer no período (CIANCIARULLO, GUALDA, MELLEIRO, ANABUKI, 2008). Para a ANVISA (2000) o fundamental é manter registrados todos os atendimentos realizados aos pacientes no prontuário. Segundo Motta (2003), boa parte das glosas é justificada por ausência de anotações; principalmente ações de enfermagem. As ações de Enfermagem são melhores delineadas quando sistematizadas. O processo de sistematização da assistência da enfermagem facilita a mensuração das ações e ele é um instrumento para a auditoria de contas hospitalar cenário atual identifica-se que dentro do processo de auditoria de contas hospitalares a auditoria hospitalar deve ser preventiva, ou seja, pela orientação numa linguagem única realizada pelo serviço de auditoria os profissionais assistirão o paciente com qualidade, com economia e redução de custos. As ausências de informações nas anotações efetuadas no prontuário são frequentes; quando não se tem problemas de compreensão da letra, com isso o índice de glosas tem sido significativo, aumentando assim as glosas efetuadas, levando a um valor considerável a instituição (RODRIGUES, PERROCA e JERICÓ, 2004). Os registros do prontuário do cliente são também utilizados para fins de faturamento/cobrança, para auditoria interna ou externa, para obtenção de dados estatísticos sobre as atividades realizadas e para análise institucional (TANJI, DAHMER, OLIVEIRA e SILVA, 2004). É de interesse de todos os envolvidos nos processos de análises de faturamento, tanto do Hospital como do plano de saúde, que sejam anotadas, com qualidades e exatidão, as informações no prontuário, pois através dela que Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 serão avaliados os procedimentos realizados entre outros itens, como materiais e medicamentos. Repercutindo assim a estabilidade financeira nas instituições (FRANCISCO, 1993). É indispensável neste processo o pleno conhecimento da equipe, a padronização do processo de trabalho com protocolos, a capacitação contínua e sistematizada, reflexão sobre o conteúdo das informações e dos impressos para anotação (FRANCISCO, 1993). Diante deste contexto e da incipiente produção científica existente referente à temática glosa e seu impacto econômico sobre as instituições de saúde justifica-se a presente investigação a qual objetiva caracterizar os recursos de glosas com relação a: prevalência ou pequena ocorrência, tipos de materiais glosados, justificativas, local de ocorrência e custos. A auditoria hospitalar deve ser preventiva, ou seja, pela orientação numa linguagem única realizada pelo serviço de auditoria os profissionais assistirão o paciente com qualidade, com economia e redução de custos (MOTTA, 2003). A auditoria de contas hospitalares é um processo que vem sendo estabelecido nas instituições de saúde como um todo, pois trata-se de um ferramenta controladora de custos e os profissionais da enfermagem, tem entendido essa questão e trabalhado para contribuir, de forma que o fluxo e documentos utilizados, sejam adequados, sendo um deles a anotação de enfermagem (MOTTA, 2003). Em retrospectiva histórica sobre auditoria encontra-se que os primeiros registros hospitalares foram encontrados no Antigo Egito, isso comprova que os prontuários existem há cerca de dois mil anos (RIOLINO e KLIUKAS, 2003). Na Grécia Antiga encontraram-se traços de prontuários de hoje, mas foi Hipócrates quem fez os primeiros registros sobre as doenças de seus pacientes no ano de 460 antes de Cristo. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Efetivamente só em 1137, no Hospital São Bartolomeu de Londres encontraram-se documentações de pacientes (MEZZOMO, 1977). A auditoria de custos tem como finalidade conferir e controlar o faturamento enviado para os planos de saúde, verificar exames e procedimentos realizados, efetuar visitas de rotina a pacientes internados cruzando as informações recebidas com as que constam no prontuário do paciente. Visa, também, investigar a propriedade dos gastos e processos de pagamentos, analisarem as estatísticas, indicadores hospitalares e específicos da organização, conferir os sistemas de faturamento das contas médicas e, ainda, elaborar processos de glosas contratuais e administrativas (KURCGANT, CUNHA, MASSAROLLO, EIAMPONE, SILVA e CASTILHO, 1991). Trazendo um pouco dos conceitos que permeiam a auditoria de custos, entende-se por contabilidade o método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, a fim de permitir decisões e julgamentos adequados por parte dos usuários da informação (IUDÍCIBUS, CITADO EM NAKAGAWA, 1995). Custo é utilização normal de bens ou serviços no processo de produção de outros bens ou serviços. Há que satisfazer a dois requisitos: a) Ocorrência de utilização de um recurso econômico; b) Objetivo de produzir bens ou serviços. Para ser considerado custo a utilização do recurso tem que ser normal e previsível dentro do processo produtivo. Se a utilização ocorrer de maneira anormal, em decorrência de um incêndio, por exemplo, a literatura contábil o classifica como perda, pois não é necessário à produção. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 http://mrpauditoria.com.br/imagens/imagens/auditoria.jpg Os custos ocorrem tanto em indústrias de manufatura como em empresas de prestação de serviços. Na prestação de serviços a produção e o consumo ocorrem simultaneamente, pois os serviços não são estocáveis (MARTINS, 2010). O conceito de custo operacional, que é adotado no demonstrativo de Apuração de Resultado da empresa. Envolve os custos incorridos nas atividades produtivas da empresa em seu processo de produção ou de serviços finais. No Demonstrativo de Resultados, aos custos operacionais serão acrescentadas as despesas administrativas, financeiras e tributárias que existirem no período. Logo, entende-se que a auditoria de contas hospitalares analisa o pagamento dos serviços realizados, sendo que dentre os seus processos está a análise de não pagamentos que chamamos de produtos glosados. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Glosa significa cancelamento ou recusa parcial ou total, de orçamento, conta, verba por serem considerados ilegais ou indevidos, ou seja, refere-se aos itens que o auditor da operadora (plano de saúde) não considera cabível para pagamento (GOTO, 2001). As glosas podem ser classificadas em administrativas e técnicas. As glosas administrativas são decorrentes de falhas operacionais no momento da cobrança, falta de interação entre o plano de saúde e o prestador de serviço (instituição hospitalar), ou ainda, falha no momento da análise da conta do prestador. As glosas técnicas estão vinculadas à apresentação dos valores de serviços e medicamentos utilizados e não aos procedimentos médicos adotados (PELLEGRINI, 2004). AUDITORIA DE ENFERMAGEM https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G-cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ Quando o assunto tratado é a qualidade da assistência em saúde,é comum o comentário por meio da mídia e no nosso próprio dia a dia como cidadão, que grande parte de clientes, usuários de serviços de saúde estão insatisfeitos. A cada dia que passa, estes clientes estão mais convictos dos seus Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 direitos e exigindo o grau máximo de excelência no seu atendimento. A necessidade de garantir resultados positivos e clientes satisfeitos, num mercado competitivo, requer qualidade na forma de atuar. Dessa forma, quando falamos em qualidade na área de saúde devemos nos atentar ao nível de satisfação de nossos clientes e as variáveis presentes no ambiente da saúde e seus prováveis impactos na credibilidade da instituição. Diante destes problemas, alguns serviços de saúde preocupados com a qualidade da assistência prestada, estão utilizando a auditoria. A auditoria de enfermagem, por sua vez, é um processo pelo qual as atividades de enfermagem são avaliadas. E em uma concepção mais abrangente, trata-se de avaliação da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao cliente pela análise dos prontuários, e verificação da compatibilidade entre o procedimento realizado e os itens que compõem a conta hospitalar cobrados. A equipe de auditoria geralmente é composta por diferentes profissionais, que realizam a análise qualitativa e quantitativa do prontuário previamente ao faturamento e posterior a ele verificando as glosas efetuadas e redigindo relatórios finais para a tomada de decisão. A auditoria de enfermagem apresenta crescente inserção no mercado de trabalho, tanto às atividades voltadas à área de contábil como as voltadas à qualidade, sejam de serviços, documentos ou processos. No momento, ela cumpre uma finalidade institucional que está pautada em um enfoque empresarial e mercadológico. Porém há uma tendência do enfoque do mercado voltado para o cliente, portanto, pautado na qualidade do produto ou serviço, havendo adequações das ações da auditoria de enfermagem nesse sentido. Hoje a auditoria é importante para subsidiar o planejamento das ações de saúde, sua execução, gerenciamento e avaliação qualitativa dos resultados. O que se busca atualmente é a auditoria da qualidade da assistência com redução de custos, agregando os valores financeiros aos valores qualitativos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Melhorar a assistência de enfermagem deve ser o foco de atenção da equipe de enfermagem, para que possam estar em consonância com as expectativas do cliente. A auditoria pode ser considerada um elemento essencial para mensurar a qualidade da assistência de enfermagem, oferecendo subsídios aos profissionais para (re)orientar suas atividades. O método de auditoria de enfermagem deve ser um guia com objetivos claros, que identifique pontos fracos do serviço. A auditoria de enfermagem vem tomando novas dimensões ao longo dos anos e mostrando sua importância dentro das instituições hospitalares e operadoras de planos de saúde. Dessa forma, a aplicação do método de auditoria de enfermagem beneficia os clientes que terão uma assistência de melhor qualidade através dos serviços oferecidos com mais eficácia. Os benefícios atingem também a equipe de enfermagem que revendo as atividades desempenhadas e os resultados que se deseja alcançar obtém subsídios que estimulam a reflexão profissional, possibilitando uma enfermagem cientifica. E a instituição recebe uma contribuição significativa pelo fato de verificar o alcance dos seus objetivos, constituindo base para prováveis mudanças internas. TIPOS DE AUDITORIA Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G-cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ Quanto aos tipos de Auditoria cita-se a Pré-Auditoria ou Auditoria Prospectiva, trata-se da avaliação dos procedimentos antes de sua realização; Auditoria Concorrente ou Pró-Ativa, análise pericial ligada ao evento no qual o cliente está envolvido; Auditoria Retrospectiva trata-se da análise pericial dos procedimentos realizados, após a alta do paciente. Cerqueira (1977) descreve três tipos de auditoria aplicáveis ao serviço de enfermagem: Auditoria Retrospectiva, administração da qualidade dos serviços prestados após a alta do paciente; Auditoria Operacional corresponde o método concomitante ou concorrente (durante o ato do atendimento); Auditoria de Plano de Cuidados avalia o planejamento e a execução das ações assistenciais de enfermagem. Quanto às formas de intervenção a Auditoria é classificada em Interna ou Externa. A Auditoria Interna é realizada pelo enfermeiro dentro da instituição hospitalar com ações alocadas como enfermeira Auditora da Educação Continuada ou Enfermeira Auditora no serviço de faturamento. Quanto ao tempo a auditoria classifica-se em: contínua ou periódica. A Auditoria Contínua avalia em períodos determinados sendo que a revisão seguinte sempre se inicia a partir da última. A Auditoria Periódica examina também em tempos estabelecidos, porém não se prende à continuidade. Quanto a natureza a Auditoria classifica-se em: normal ou específica. A Auditoria Normal se realiza em períodos determinados com objetivos regulares de comprovação. A Auditoria Específica atende a uma necessidade do momento. Quanto ao limite a auditoria classifica-se em total ou parcial. A Auditoria Total abrange todos os setores da instituição. A Auditoria Parcial é limitada a alguns serviços. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Na realização da Auditoria de Enfermagem são propostas algumas etapas e princípios por diferentes autores, as quais permitem um desenvolvimento da função de maneira a manter a prioridade da essência da qualidade e identificação de atos falhos que necessitam reformulação dentro da instituição em que a técnica estiver sendo desenvolvida. Sá (1977) aponta alguns princípios a serem utilizados na realização da Auditoria de Enfermagem que são: exame de instrução de Serviços expedidos pela administração, exame de Instrução expedida pelo serviço especializado e Exame dos Registros. Kurcgant (1991) propõe a realização da auditoria de enfermagem em três etapas, segundo o método Phaney. A primeira etapa avalia os dados referentes a identificação do paciente e da instituição, a segunda é realizada ao exame do prontuário, com o preenchimento de formulários específicos pelo enfermeiro e na terceira os resultados são analisados e o auditor define a qualidade do serviço. Cerqueira (1977) prescreve para o desenvolvimento da auditoria de enfermagem as seguintes etapas: Definição de padrões, Verificações de prontuários (registros/anotações), Entrevista com pacientes e Avaliação e Julgamento Final. Ribeiro (1972) especifica alguns requisitos para implantação da Auditoria de Enfermagem em Instituições de Saúde, entre outros: •Serviço de Enfermagem organizado com objetivos claros; •Programas de trabalhos coerentes com os objetivos estabelecidos; •Interpretação da assistência ao paciente como um trabalho de responsabilidade multiprofissional; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 •Estrutura organizacional que favoreça o serviço de enfermagem a desenvolver suas atividades de planejamento, implantação, coordenação e controle, visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados; •Definições de medidas ou critérios de avaliação, seguidos de guia que permita a identificação de diferenciação para sua correção; •O prontuário deve exibir todas as anotações referentes à assistência de enfermagem, observando a técnica de registros. São imprescindíveis em qualquer forma de auditoriaadotada as anotações dos cuidados prestados ao paciente no prontuário pela equipe de enfermagem. Essas anotações caracterizam a assistência realizada bem como os horários e servem acima de tudo como uma comunicação entre todos os membros da equipe multiprofissional envolvida no tratamento do paciente. Conforme Cianciarullo (1997) a comunicação é um dos temas mais pesquisados em enfermagem devido a sua complexidade, a importância que tem na qualidade da assistência prestada e por se relacionar direta ou indiretamente com todas as ações cuidativas do enfermeiro. https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G-cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Silva & Dias (1999) afirmam que o registro da prática da enfermagem garante a individualidade do cuidado ou qualidade da assistência, dependendo de como esse registro é realizado, isto é, sempre que a realidade não for captada e houver dúvida sobre a mensagem, o cuidado fica no plano da invisibilidade, ou conforme nosso foco, no plano das perdas. Os registros de enfermagem no prontuário do paciente servem para realização das cobranças dos procedimentos realizados durante a permanência do cliente em âmbito hospitalar e como documento legal judicialmente aceito para comprovação da realização dos cuidados, dos horários em que foram realizados e o profissional que realizou. Uma das formas utilizadas para estruturar as anotações de enfermagem fornecendo subsídios sobre os cuidados prestados as pacientes é a utilização do Processo de Enfermagem, atividade privativa do profissional enfermeiro, mas que envolve toda equipe de enfermagem no momento da execução da prescrição de enfermagem. Segundo Brunner & Suddarth (1998) o processo de enfermagem é considerado a essência da enfermagem, trata-se de um sistema deliberado para identificação e resolução dos problemas de saúde no sentido de atender aos problemas de saúde da pessoa e às necessidades da enfermagem. As etapas para o desenvolvimento do Processo de Enfermagem diferenciam-se conforme a delimitação dos autores, alguns estão envolvidos diretamente com as teorias de enfermagem, todavia a componentes comuns citados: •Histórico de enfermagem: coleta sistemática de dados para determinar o estado de saúde do paciente e identificar quaisquer problemas de saúde atuais ou potenciais; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 •Diagnóstico: identificação dos dois tipos de problemas do paciente. Diagnóstico de enfermagem, problemas de saúde atuais ou potenciais que podem ser manuseados pelas intervenções de enfermagem independentes.Problemas Interdependentes, certas complicações fisiológicas que as enfermeiras monitorizam para detectar o início ou a evolução da condição; •Planejamento: desenvolvimento de metas e um plano de cuidados designado para assistir o paciente na resolução dos problemas diagnosticados; •Implementação: atualização do plano de cuidados através da prescrição de enfermagem; •Evolução: determinação das respostas do paciente às prescrições de enfermagem e da extensão do alcance das metas estabelecidas. Em quaisquer umas das etapas citadas são necessárias as anotações e/ou registros dos dados encontrados, o que permite uma facilitação e clareza na comunicação entre os membros da equipe. A utilização do Processo de Enfermagem permite sistematizar a assistência de enfermagem norteando a caracterização dos recursos humanos e materiais, facilitando a avaliação da assistência prestada e oferecendo contribuição aos indicadores de custos e rendimentos, indicando também áreas que requeiram aprimoramento. Para Kurcgant (1991) a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é importante, como: •Agente de comunicação, pois o seu registro serve de intercomunicação para toda equipe prestar o atendimento individualizado; • Agente na educação contínua, pois na reunião de informações junto à equipe o enfermeiro identifica as dúvidas e acrescenta conhecimento não somente para equipe como para si próprio; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 •Catalisadora de Atividades, pois com o planejamento seguro de suas atividades a equipe terá mais tempo para executar a assistência, se todas as ações de enfermagem estão registradas, isto é, prescritas para cada paciente, isso dispensará outros registros; •Indicadora de Controle e Avaliação, pois além de retratar a qualidade do atendimento que é dado ao paciente, reflete o grau de preparo da equipe, fornece elementos para a pesquisa, sendo também um instrumento de supervisão. https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G-cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ A operacionalização da SAE em âmbito hospitalar é limitada, muitas vezes, pela falta de estrutura organizada seja no número de profissionais enfermeiros, conhecimento dos enfermeiros quanto ao planejamento da assistência, complexidade do atendimento, rotatividade dos pacientes ou falta de interesse da esfera administrativa em discutir o tema. Com isso, em algumas instituições, não há utilização do Processo de Enfermagem em todas as suas etapas e para todos os seus pacientes (ou pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 menos não há registros); mas sim, a realização da Prescrição de Enfermagem – Fase Implementação – geralmente realizada em Unidades de Cuidada dos Intensivos e Cuidados Prolongados e/ou demais clínicas com especialidades restritas. As consequências são exigências de anotações pela equipe de enfermagem diante de todos os procedimentos realizados no momento em que é executado, o que ainda é uma das grandes dificuldades da maioria das instituições. Os problemas organizacionais acabam por prejudicar a própria instituição, pois além de não haver subsídios para avaliar a qualidade do serviço prestado (anotações de enfermagem) também concorre a perda econômica da instituição que não pode realizar a cobrança de alguns procedimentos pela falta de registros de enfermagem. https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G-cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ ARTIGO PARA REFLEXÃO COMO RESOLVER A CRISE DE CUSTOS NA SAÚDE Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Artigo de Robert S. Kaplan e Michael E. Porter Nos Estados Unidos, o gasto com saúde hoje ultrapassa 17% do PIB. E não para de subir. Outros países gastam menos do PIB com saúde, mas também ali a tendência é de alta. Não é difícil achar explicações. O envelhecimento da população e o surgimento de novos tratamentos respondem por parte do aumento. Incentivos perversos também contribuem: terceiros pagadores (companhias de seguros e governos) pagam por procedimentos realizados e não por resultados obtidos; já o doente assume pouca responsabilidade pelo custo dos serviços de saúde que requer. Poucos, no entanto, reconhecem uma fonte mais fundamental da escalada dos custos: o sistema pelo qual esses custos são medidos. Para ir direto ao ponto, há quase total ignorância sobre o custo da prestação da assistência ao doente — que dirá da relação entre esses custos e os resultados obtidos. Em vez de fechar o foco no custo de tratar um paciente com uma determinada patologia ao longo do ciclo inteiro de assistência, prestadores agregam e analisam custos no âmbito de especialidades ou de departamentos de serviços. Para piorar, sequer há um consenso entre participantes do sistema de saúde sobre o significado de custos. Quando políticos e autoridades públicas falam de reduzir custos, em geral estão se referindo à quantia que o Estado ou seguradoraspagam a prestadores da assistência — não ao custo, para o prestador, de oferecer os serviços de assistência à saúde. Reduzir a quantia desembolsada pelo pagador diminui, sim, a conta paga por seguradoras e a receita de prestadores, mas não derruba em nada o custo real da prestação da assistência. Prestadores pactuam com essa confusão. É comum alocarem seus custos a procedimentos, departamentos e serviços com base não nos verdadeiros recursos utilizados para prestar a assistência, mas no valor da Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 remuneração recebida. Só que esse valor em si é fundado em suposições arbitrárias e imprecisas sobre a intensidade da assistência. Um sistema ruim de custeio tem consequências desastrosas. É famosa a máxima da gestão segundo a qual o que não é medido não pode ser administrado ou aprimorado. Por entenderem mal os próprios custos, prestadores são incapazes de vincular custos a melhoras em processos ou resultados, o que impede que promovam reduções sistêmicas e sustentáveis de custos. Em vez disso, prestadores (e pagadores) recorrem a medidas simples como cortes gerais em serviços caros, remuneração de trabalhadores e quadro de pessoal. Só que impor limites de gastos arbitrários a componentes isolados da assistência, ou a categorias específicas de despesa, produz apenas economias marginais — que muitas vezes levam a custos totais maiores para o sistema e a resultados piores. Um exemplo: se um pagador impõe ao doente um desembolso maior para limitar o uso de medicamentos caros, o custo pode disparar em outra parte do sistema, já que o usuário pode ver seu estado geral de saúde piorar e exigir mais serviços. http://www.monroycopa.com/wp-content/uploads/2012/12/auditoria- cubierta-300x193.jpg O cálculo inadequado de custos também é causa de enormes subsídios cruzados entre serviços. Prestadores são generosamente remunerados por certos serviços e levam prejuízo em outros. Essa subvenção cruzada provoca Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 grandes distorções na oferta e na eficiência do atendimento. A incapacidade de medir devidamente o custo e de comparar custos com resultados está na raiz do problema de incentivos na saúde e retardou seriamente a adoção de abordagens mais eficazes de remuneração. Por último, a mensuração incorreta de custos e resultados significa, ainda, que o prestador eficaz e eficiente não é premiado por isso. Já o ineficiente tem pouco incentivo para melhorar. Aliás, uma instituição pode ser penalizada quando avanços que promove em tratamentos e processos reduzem a necessidade de serviços altamente remunerados. Sem uma mensuração adequada, a saudável dinâmica da competição — na qual provedores de maior valor crescem e prosperam — entra em coma. Em vez disso, temos uma competição de soma zero, na qual prestadores de assistência à saúde destroem valor ao se concentrar em serviços altamente remunerados, transferindo custos para outros atores ou buscando a redução isolada e ineficaz de custos item por item. Iniciativas presentes de reforma da saúde vão agravar a situação ao aumentar o acesso a um sistema ineficiente sem abordar o problema fundamental do valor: garantir resultados melhores a um custo total menor. Por sorte, podemos mudar esse estado de coisas. E a solução não requer grandes saltos na ciência médica ou na regulamentação imposta pelo poder público. Requer, simplesmente, uma nova forma de calcular corretamente os custos e de compará-los com resultados. Nossa abordagem converte o doente e seu problema de saúde — e não departamentos de hospitais, procedimentos ou serviços — na unidade básica de análise para medir custos e resultados. A experiência de várias instituições importantes que hoje instituem essa nova abordagem — o Head and. Neck Center do MD Anderson Cancer Center em Houston, nos EUA, o Cleft Lip and. Palate Program do Children’s Hospital em Boston e unidades de cirurgia de prótese de joelho na Schön Klinik, na Alemanha, e no Brigham & Women’s Hospital, nos EUA — confirma nossa tese de que práticas precisas de cálculo de custo e valor na prestação de serviços médicos podem ter um impacto transformador. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O que é valor na saúde? A meta certa para qualquer sistema de prestação de assistência à saúde é melhorar o valor, ou a relação custo-benefício, para o usuário. Na saúde, o valor é função do resultado produzido para o usuário por unidade monetária gasta. Não é o número de serviços distintos oferecidos ou o volume de serviços prestados que importa, mas o valor. Mais assistência e assistência mais cara não significam, necessariamente, assistência melhor. Para administrar corretamente o valor, é no nível do usuário que se devem medir resultados e custos. Resultados e custos aferidos devem englobar todo o ciclo de assistência ao problema de saúde específico do doente, o que muitas vezes envolve uma equipe com várias especialidades efetuando várias intervenções — do diagnóstico ao tratamento à gestão posterior do problema. Esse quadro patológico é uma série interligada de circunstâncias do doente mais bem abordadas de forma coordenada e cuja definição, em sentido amplo, deveria incluir complicações e comorbidades comuns. O custo de tratar um portador de diabetes, por exemplo, deve incluir não só a despesa associada à assistência endocrinológica, mas também o custo de administrar e tratar problemas correlatos como doenças vasculares, doenças da retina e doenças renais. No caso de cuidados primários e preventivos, a unidade de medida do valor é uma população determinada de pacientes — ou seja, um grupo com necessidades similares de cuidados primários, como crianças saudáveis ou indivíduos frágeis e idosos com vários problemas crônicos. Peguemos o primeiro componente da equação de valor da saúde: o resultado da assistência. Para qualquer patologia ou população de pacientes, o resultado deveria ser medido ao longo de várias dimensões, incluindo sobrevivência, preservação da autonomia, duração do tratamento, desconforto e complicações e sustentabilidade da recuperação. Uma melhor mensuração dos resultados irá, por si só, levar a avanços consideráveis no valor da assistência proporcionada, à medida que incentivos de prestadores migrarem da prestação de serviços altamente remunerados para a melhoria do estado de saúde do Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 usuário. Abordagens à medição de resultados na assistência à saúde foram descritas anteriormente, incluindo no artigo de Michael Porter “What Is Value in Health Care?”, publicado em 2010 no New England Journal of Medicine. Embora a aferição de resultados clínicos venha atraindo crescente interesse, medir os custos necessários para propiciar esses resultados, o segundo componente da equação de valor, recebe bem menos atenção. No marco do valor, o custo relevante é o custo total de todos os recursos — pessoal clínico e administrativo, medicamentos e outros suprimentos, dispositivos, espaço e equipamentos — utilizados durante o ciclo completo de assistência a alguém com um problema de saúde específico, incluindo o tratamento de complicações correlatas e comorbidades comuns. Aumentamos o valor da assistência prestada ao paciente ao melhorar os resultados a custo similar ou ao reduzir o custo total da assistência ao doente sem derrubar a qualidade dos resultados. Um forte motor do valor na saúde é que resultados melhores costumam andar de mãos dadas com custos menores no ciclo completo de assistência. Gastar mais com detecção precoce e um diagnóstico melhor de doenças, por exemplo, reduz o sofrimento do doente e, nãoraro, leva a intervenções menos complexas e menos caras mais tarde. Reduzir a espera por diagnóstico e tratamento limita a deterioração da saúde e também derruba custos ao reduzir os recursos necessários para a assistência. Com efeito, o potencial de melhorar resultados com a redução de custos é maior na saúde do que em qualquer outra arena por nós examinada. O segredo para liberar tal potencial é combinar um sistema de medição precisa de custos com a medição sistemática de resultados. Munidos dessas possantes ferramentas, prestadores de assistência à saúde podem empregar a equipe médica, equipamentos, instalações e recursos administrativos com muito mais eficiência, otimizar a trajetória do doente pelo sistema e escolher abordagens de tratamento que melhorem resultados — eliminando serviços que não o façam. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Desafios do cálculo de custos na saúde Medir custos com precisão na saúde é difícil. Primeiro, devido à complexidade da prestação da assistência propriamente dita. O tratamento de um doente envolve uma série de recursos distintos — pessoal, equipamentos, espaço, suprimentos —, cada qual com capacidades e custos distintos. Esses recursos são usados em processos que começam com o primeiro contato do paciente com a organização e prosseguem por uma série de consultas clínicas, tratamentos e processos administrativos, até que a assistência ao paciente seja concluída. A trajetória percorrida pelo doente no sistema depende de seu problema de saúde. http://agexauditores.com.br/uploads/2e6a6bf937b3c1d78ac0651adf867f5c.jpg A rota já complexa da assistência é complicada ainda mais pela forma altamente fragmentada pela qual a assistência hoje é prestada. O tratamento do problema de saúde de um paciente hoje envolve um sem-fim de unidades organizacionais distintas e, em grande medida, independentes. Além disso, a assistência é idiossincrática; gente com um mesmo quadro muitas vezes percorre trajetórias distintas pelo sistema. A falta de padronização resulta, em Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 certa medida, da natureza artesanal da prática médica — médicos de uma mesma unidade organizacional realizando o mesmo processo clínico (colocação de uma prótese de joelho, digamos) não raro usam procedimentos, medicamentos, aparelhos, testes e equipamentos distintos. Em termos operacionais, daria para descrever a assistência à saúde hoje como uma oficina de produção altamente customizada. Sistemas atuais de custeio, que medem o custo de departamentos, serviços ou atividades de apoio isoladamente, costumam incentivar a transferência de custos de um tipo de serviço ou provedor para outro, ou para o pagador ou o usuário. A microgestão de custos no âmbito de cada unidade organizacional de pouco serve para derrubar o custo total ou aumentar o valor — e pode, na verdade, destruir valor ao reduzir a eficácia da assistência e elevar custos administrativos (para detalhes sobre o problema com sistemas atuais de custeio, veja os três quadros “Mito”). Qualquer sistema correto de custeio deve, antes de tudo, computar o custo total de todos os recursos utilizados por um paciente em sua trajetória pelo sistema. Isso significa monitorar a sequência e duração de processos clínicos e administrativos utilizados por um paciente — algo que a maioria dos sistemas de informação hospitalar de hoje são incapazes de fazer. Essa deficiência pode ser eliminada; avanços na tecnologia em breve aumentarão muito a capacidade de provedores de monitorar o tipo e a quantidade de recursos utilizados por um paciente. Até lá, é possível determinar as principais rotas seguidas pelo usuário com uma patologia específica, algo feito em nossos projetos-piloto. Com boas estimativas do caminho típico percorrido por um paciente com um certo quadro clínico, provedores podem usar o sistema de custeio baseado em atividade e tempo (TDABC, ou “time-driven activity-based costing”) para atribuir custos com precisão e relativa facilidade a cada etapa do processo ao longo desse caminho. Essa versão aprimorada do custeio baseado em atividades exige de prestadores a estimativa de apenas dois parâmetros a cada etapa do processo: o custo de cada recurso usado no processo e a quantidade Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de tempo que o paciente passa com cada recurso (veja “ABC: uma abordagem regida pelo tempo”, de Robert S. Kaplan e Steven R. Anderson, HBR Novembro 2004). Na implementação inicial, um sistema de custeio desses pode parecer complexo. Mas a complexidade não decorre da metodologia; é fruto, antes, do idiossincrático sistema de assistência atual, com processos mal documentados para o tratamento de pacientes com um quadro específico e a incapacidade de sobrepor categorias de ativos e gastos a processos do paciente. À medida que prestadores de assistência à saúde forem se reorganizando em unidades focadas em problemas de saúde, padronizando protocolos e processos de tratamento e melhorando seus sistemas de informação, o uso do sistema TDABC passará a ser muito mais simples. Para ver como o TDABC se aplica no contexto da saúde, vejamos primeiro um exemplo simplificado. Cálculo do custo do paciente: um exemplo simples Vejamos o caso de Jones, que vai a uma clínica consultar um médico. Para estimar o custo total do atendimento ao paciente, é preciso primeiro identificar os processos a que se submete e os recursos utilizados em cada processo. Digamos que Jones use um processo administrativo para entrada na clínica, cadastro e preparo da papelada para o pagamento por um terceiro; e um processo clínico para o tratamento. Apenas três recursos clínicos são necessários: um administrador (Allen), uma enfermeira (White) e um médico (Green). Partimos estimando o primeiro dos dois parâmetros: a quantidade de tempo (capacidade) que o paciente consome de cada recurso em cada processo. A partir de informações fornecidas pelos três funcionários, descobrimos que Jones passou 18 minutos (0,3 hora) com o administrador Allen, 24 minutos (0,4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 hora) com a enfermeira White para um exame preliminar e 9 minutos (0,15 hora) com o médico Green para um exame direto e consulta. http://qualieng.com/files/foto_pagina/0907171928402.jpg Agora calculamos, para cada recurso, o custo unitário da capacidade — quanto custa, por hora ou minuto, disponibilizar um recurso para atividades ligadas ao paciente. Usamos a seguinte equação: O numerador agrega todos os custos associados ao fornecimento de um recurso de atenção à saúde, como Allen, White ou Green. Começa com a remuneração integral de cada pessoa, incluindo salários, impostos sobre folha e benefícios como segurosaúde e pensão. A isso somamos o custo de todo recurso correlato que permita a Allen, White e Green estarem disponíveis para o atendimento ao paciente. Em geral, isso inclui a parcela de custos associados a supervisão do pessoal, espaço (salas que cada funcionário usa) e equipamentos, tecnologia da informação e telecomunicações que cada um utiliza no desempenho normal de suas funções. Com isso, o custo de muitos dos recursos compartilhados ou de apoio da organização pode ser atribuído aos recursos em interação direta com o paciente. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O custo de supervisão, por exemplo, pode ser calculado a partir do total de pessoas que um gerente supervisiona. Custos de espaço são uma função da área ocupada e de custos de aluguel; custos de TI são baseados no uso de computadores e de equipamentos e serviços de comunicaçãopor um indivíduo. Digamos que o custo total da enfermeira White seja o seguinte: Remuneração anual (Incluindo benefícios) US$ 65.000 Custo de supervisão (10% do custo total do Supervisor da enfermeira) US$ 9.000 Espaço ocupado (9 m2 de espaço a taxa de US$ 1.200/m2/ano) US$ 10.800 Tecnologia e apoio US$ 2.560 Custo anual total da Enfermeira White US$ 87.360 ----------------------------------------------------------------- Custo mensal total da Enfermeira White US$ 7.280 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A seguir, calculamos a disponibilidade da enfermeira White para a assistência ao paciente — o denominador da equação do custo unitário da capacidade. Esse cálculo parte com 365 dias por ano; disso se subtrai todo o tempo que o funcionário não está disponível para o trabalho. No caso da enfermeira White, a operação é a seguinte: Comece com 365 dias por ano menos fins de semana 104 menos dias de férias 20 menos feriados 12 menos faltas por doença 5 224 dias disponíveis por ano ----------------------------------------- 18,7 dias por mês Comece com 7,5 horas disponíveis por dia menos intervalos programados (horas) 0,5 menos reuniões, orientação, educação 1,0 ------------------------------------------------------------ Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Horas clínicas disponíveis 6 horas por dia A enfermeira White está, portanto, disponível para o trabalho com pacientes 112 horas por mês (6 horas por dia por 18,7 dias). A divisão do custo mensal do recurso (US$ 7.280) pela capacidade mensal (112 horas) resulta no custo unitário da capacidade da enfermeira White: US$ 65 por hora. Digamos que cálculos similares resultem em custo unitário de capacidade de US$ 45 por hora para o administrador Allen e de US$ 300 por hora para o médico Green. Para calcularmos o custo total da visita de Jones ao local bastou multiplicar o custo unitário da capacidade de cada recurso pelo tempo (em horas) que Jones passou usando o recurso e, em seguida, somar os componentes: Como demonstra esse exemplo, calcular corretamente o custo da prestação de assistência à saúde é bastante simples no sistema TDABC. Embora seja professamente simplificado, o exemplo inclui quase todo conceito fundamental que qualquer prestador na área da saúde precisa aplicar para estimar o custo de tratar um paciente durante o ciclo completo da assistência. Ao registrar todos os custos no ciclo completo de tratamento do problema de saúde de um usuário do sistema, permitimos que prestadores da assistência e pagadores abordem praticamente qualquer questão de custeio. Um prestador pode agregar e analisar o custo da assistência a pacientes por idade, sexo e comorbidades, ou por instalação de tratamento, médico, empregador e pagador. Pode calcular o custo total e médio para qualquer categoria ou subcategoria de pacientes e, ainda assim, registrar dados detalhados sobre cada paciente necessários para entender fontes de variação do custo em cada categoria. Processo de mensuração do custo Deixando um pouco o exemplo simplificado, vejamos agora sete passos sendo usados por nossos projetos-piloto para calcular o custo total do tratamento de sua população de pacientes. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1. Definir a patologia. Começamos por definir o problema de saúde (ou população de pacientes) cujo custo será calculado, incluindo complicações cor- relatas e comorbidades que afetam processos e recursos utilizados durante a assistência ao paciente. Para cada patologia, determinamos o início e o fim do ciclo de assistência ao paciente. No caso de problemas crônicos, usamos o ciclo de assistência por um período de tempo, como um ano. 2. Definir a cadeia de valor da prestação da assistência. O passo seguinte é determinar a cadeia de valor da prestação da assistência (CVPA), que traça as principais atividades envolvidas na atenção a um paciente com um certo problema de saúde, juntamente com o local em que se dão. A CVPA põe a atenção do prestador no ciclo completo de assistência — e não em processos isolados, unidade típica de análise da maioria das iniciativas de aprimoramento de processos e corte de gorduras na saúde (o quadro “Cadeia de valor da prestação da assistência” mostra a CVPA elaborada pelo projetopiloto no americano Brigham & Women’s Hospital para pacientes com severa osteoartrite de joelho). Essa visão geral do ciclo de atenção ao paciente ajuda a identificar quesitos relevantes nos quais aferir resultados e também é o ponto de partida para o mapeamento dos processos que compõem cada atividade. 3. Criar mapas de processo de cada atividade na prestação da assistência ao paciente. Fomos preparar, em seguida, mapas de processos detalhados para cada atividade na cadeia de valor da prestação da assistência. Um mapa do processo retrata a trajetória que o doente pode seguir ao avançar no ciclo de atendimento. Inclui todo recurso supridor de capacidade (pessoal, instalações e equipamentos) envolvido em cada processo nessa trajetória, tanto os usados diretamente pelo paciente como os exigidos para tornar disponíveis os recursos primários (o quadro “Mapa de processo de um novo paciente” mostra o mapa de um trecho do ciclo de assistência ao paciente no MD Anderson Head and. Neck Center). Além de identificar recursos supridores de capacidade usados em cada processo, identificamos suprimentos consumíveis (como Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 medicamentos, seringas, cateteres e curativos) usados diretamente no processo — e que não precisam aparecer em mapas de processos. Em instalações de nossos projetos-piloto, foram usadas várias abordagens para a criação de mapas de processos. A equipe de certos projetos ouviu médicos separadamente para saber como era o fluxo do paciente; já outras fizeram reuniões em que gente de várias disciplinas e níveis de gestão discutiu o processo em conjunto. Mesmo nessa fase tão inicial do projeto, uma sessão às vezes rendia oportunidades imediatas de melhoria de processos e custos. 4. Obter estimativas de tempo para cada processo. Também estimamos quanto tempo cada prestador ou outro recurso dedica ao paciente em cada etapa do processo. Se um processo utiliza vários recursos, estimamos o tempo exigido por cada um. Para processos baratos e de curta duração que pouco variam de paciente para paciente, recomendamos o uso de tempos médios (em vez de investir recursos para saber quanto realmente duram). No caso de processos demorados e menos previsíveis é preciso calcular a verdadeira duração, sobretudo se reúnem vários médicos e enfermeiros em atividades complexas de assistência, como grandes cirurgias ou o exame de pacientes com casos clínicos complexos. O TDABC também ajuda o gestor a entender o efeito, no custo, de variações no processo. Se o paciente exigir uma laringoscopia como parte do atendimento ambulatorial, por exemplo, o processo terá uma etapa a mais. A estimativa de tempo e recursos correlatos necessários podem ser facilmente acrescentados ao cálculo do tempo total para tal paciente (veja, de novo, o quadro do mapa de processos). Para estimar tempos-padrão e equações de tempo, nossos projetospiloto acharam útil reunir todos os envolvidos em um conjunto de processos para uma conversa focada. No futuro, esperamos que prestadores usem dispositivos eletrônicos portáteis, código de barras e RFID para registrar o tempo realmente Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 gasto, sobretudo se o TDABC virar a norma para a aferição do custo de assistência ao paciente.5. Estimar o custo de fornecer recursos de assistência ao paciente. Nessa etapa, é feita uma estimativa dos custos diretos de cada recurso envolvido na atenção ao doente. Custos diretos incluem remuneração de funcionários, depreciação ou leasing de equipamentos, suprimentos ou outras despesas operacionais. Esses dados, colhidos em livros contábeis, no sistema de orçamentação e em outros sistemas de TI, passam a ser o numerador para o cálculo do custo unitário da capacidade de cada recurso. Também é preciso computar o tempo que muitos médicos, especialmente em centros médicos acadêmicos, dedicam ao ensino e à pesquisa — fora suas responsabilidades clínicas. Sugerimos estimar a parcela de tempo que um médico passa em atividades clínicas e, em seguida, multiplicar sua remuneração por essa porcentagem para chegar ao montante da remuneração advinda da atividade clínica do médico. O restante da remuneração deve ser atribuído a atividades de ensino e pesquisa. O passo seguinte é identificar recursos de apoio necessários para a disponibilização dos recursos primários envolvidos na assistência ao doente. No caso de recursos humanos, como mostrado no exemplo do paciente Jones, isso inclui pessoal de supervisão, espaço e mobiliário (áreas administrativas e de tratamento do paciente) e departamentos de apoio a funcionários em contato direto com o paciente. No cálculo do custo de suprimentos, incluímos o custo de recursos utilizados para adquiri-los e disponibilizá-los para uso com o paciente durante o processo de tratamento (compra, recebimento, armazenagem, esterilização e entrega, por exemplo). Por último, é preciso alocar custos de departamentos e atividades de apoio ao trabalho de contato com o paciente. Mapeamos esses processos, como fizemos no passo 3 e, em seguida, calculamos e atribuímos custos a recursos voltados ao paciente com base na demanda dos serviços desses departamentos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Essa abordagem à alocação de custos de apoio é uma grande mudança em relação à prática atual. A título de ilustração, comparemos a alocação de recursos exigidos num departamento centralizado para esterilizar dois jogos de instrumental cirúrgico distintos — um para artroplastia total de joelho e outro para revascularização do miocárdio. Sistemas atuais de custeio tendem a atribuir custos de esterilização mais elevados à cirurgia de ponte de safena do que à de prótese de joelho, pois os gastos (ou custos diretos) são maiores com a ponte de safena do que com a cirurgia do joelho. Já pelo TDABC, descobrimos que é preciso mais tempo e dinheiro para esterilizar o instrumental em geral mais complexo da artroplastia de joelho; logo, custos relativamente maiores de esterilização deveriam ser alocados à cirurgia do joelho. No cômputo do custo de atividades de apoio, uma boa diretriz é a “regra de 1”. Departamentos de apoio que tenham apenas um funcionário podem ser tratados como custo fixo; ou não são alocados, ou são alocados com um método simplista, como é feito atualmente. Já departamentos com mais de um funcionário ou mais de uma unidade de qualquer recurso representam custos variáveis. A carga de trabalho desses departamentos aumentou devido à maior demanda de serviços e insumos que fornecem. Seu custo pode e deve ser alocado com base em processos do paciente que gerem demanda por seus serviços. http://asfeto.com.br/up/2014/04/auditor-eletronico-copia.jpg Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Equipes de projeto encarregadas de estimar o custo do fornecimento de recursos — o numerador do custo unitário da capacidade — devem ter knowhow em finanças, recursos humanos e sistemas de informação. Podem fazer esse trabalho paralelamente ao mapeamento de processos e à estimativa de tempo (passos 3 e 4) efetuados por médicos e membros da equipe com experiência em gestão da qualidade e melhoria de processos. 6. Estimar a capacidade de cada recurso e calcular custo unitário da capacidade. Para determinar a capacidade prática para funcionários — o denominador na equação do custo unitário da capacidade — é preciso três estimativas de tempo, obtidas em registros do RH e outras fontes: a. Total de dias que cada funcionário trabalha efetivamente a cada ano. b. Total de horas por dia que funcionário está disponível para o trabalho. c. Total médio de horas por dia de trabalho dedicado a atividades sem ligação com paciente, como intervalos, treinamento, cursos e reuniões administrativas. No caso do médico que divide o tempo entre atividades clínicas, de pesquisa e de ensino, subtraímos o tempo gasto em atividades de pesquisa e ensino para chegar ao número de horas por mês em que está disponível para o trabalho clínico. Se o recurso é um equipamento, medimos a capacidade estimando o número de dias por mês e o número de horas por dia que cada equipamento pode ser usado. Isso representa o limite máximo da capacidade do equipamento. O uso efetivo de muitos equipamentos na saúde às vezes é menor, pois a capacidade do equipamento é suprida em grandes blocos. Suponhamos, por exemplo, que um aparelho possa fazer 10 mil exames de sangue por mês e que Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 um hospital decida comprar o equipamento mesmo sabendo que só precisa processar 6 mil exames por mês. Nesse caso, é feito um ajuste: o sistema de custeio deve usar o tempo exigido para realizar 6 mil testes como a capacidade do recurso. Caso contrário, os exames efetivamente processados no equipamento vão, quando muito, cobrir apenas 60% de seu custo. Se acabar usando o equipamento para um número maior de exames, o hospital pode efetuar os ajustes devidos no custo da capacidade. Esse tratamento da capacidade segue a regra de 1 e deve ser aplicado quando a organização tem apenas uma unidade do equipamento. Suponhamos, agora, que a instituição tenha 12 instalações que empregam, cada uma, equipamentos capazes de realizar 10 mil exames de sangue por mês — mas que cada instalação faça apenas 6 mil exames por mês. Nesse caso, a capacidade de cada unidade do recurso deve ser definida no máximo (10 mil exames por mês) e não no total esperado. Queremos que o sistema indique o custo da capacidade ociosa quando um prestador decide fornecer capacidade em vários locais ou instalações em vez de consolidar o uso de equipamentos caros. Além da aquisição da capacidade em blocos, é preciso considerar fatores como demanda de pico, aumento da capacidade em emergências e capacidade adquirida para crescimento futuro. Isso vale para equipamento e pessoal (esses fatores podem ser incorporados, mas o método foge ao escopo do presente artigo). Na prática, descobrimos que a subutilização da capacidade de equipamentos caros não costuma ser uma decisão consciente, mas fruto da incapacidade do sistema de custeio de dar uma visão da utilização de recursos. O problema é corrigido pela abordagem TDABC. Mais à frente, descrevemos oportunidades para melhorar a utilização da capacidade de recursos. Para calcular o custo unitário da capacidade de recursos, simplesmente dividimos o custo total do recurso (passo 5) pela capacidade prática (passo 6) Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 para chegar a uma cifra em dólares ou euros por unidade de tempo, em geral uma hora ou um minuto. 7. Calcular o custo total da assistência ao paciente. Os passos 3 a 6 estabelecem a estrutura e os componentes de dados do sistema TDABC. No último passo, a equipe do projeto calcula o custo total de tratar um paciente com a simples multiplicação dos custos unitários de capacidade (incluindo custos de apoio correlatos) de cada recurso
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