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Hora dos Informativos - Direito Processual Penal pdf

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Hora do Informativo 
 DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 |Infos. 2020 – 2014| 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Hora do Informativo traz a compilação dos 
informativos resumidos com a síntese das decisões. 
Trata-se de um material imprescindível para os que 
estudam para concursos públicos, considerando que 
inúmeras questões de prova têm exigido dos 
candidatos conhecimento acerca da Jurisprudência, 
sendo inclusive item expresso nos editais: 
“Entendimento dos tribunais superiores acerca dos 
institutos de direito processual penal”. 
 
 
 
 
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Atualizado em 23/02/2020 
 
Até o Info 964, STF 
Info 662, STJ 
SUMÁRIO 
 
1. Investigação Criminal .......................................................................................... 3 
2. Ação Penal ......................................................................................................... 11 
3. Competência Criminal ....................................................................................... 18 
4. Provas ................................................................................................................. 48 
5. Prisão/ Liberdade/Medida Cautelar ................................................................... 65 
6. Procedimentos .................................................................................................... 80 
7. Tribunal do Júri .................................................................................................. 88 
8. Nulidades ......................................................................................................... 102 
9. Sentença e Outras Decisões ............................................................................. 113 
10. Recursos Criminais ........................................................................................ 119 
11. Habeas Corpus e Revisão Criminal ............................................................... 129 
12. Temas Diversos .............................................................................................. 143 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Investigação Criminal 
 
2020 
 
Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos 
colhidos em inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia 
Federal considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002 
 
Caso concreto: a Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério Público estadual e do 
Juízo de Direito, conduziu inquérito policial destinado a apurar crimes de competência da 
Justiça Estadual. Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para apurar tais 
delitos considerando que não se enquadravam nas hipóteses do art. 144, § 1º da CF/88 e 
do art. 1º da Lei nº 10.446/2002. 
A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na ação penal instaurada com 
base nos elementos informativos colhidos. 
O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela 
Polícia Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, 
presidido por autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo 
competente) e por membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a 
causa). 
O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter meramente 
informativo e não obrigatório à regular instauração do processo-crime, cuja finalidade 
consiste em subsidiar eventual denúncia a ser apresentada pelo Ministério Público, razão 
pela qual irregularidades ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo-crime. 
O art. 5º, LIII, da Constituição Federal, afirma que “ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente”. Esse dispositivo contempla o chamado 
“princípio do juiz natural”, princípio esse que não se estende para autoridades policiais, 
considerando que estas não possuem competência para julgar. 
Logo, não é possível anular provas ou processos em tramitação com base no argumento 
de que a Polícia Federal não teria atribuição para investigar os crimes apurados. 
A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 
10.446/2002 e eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam 
implicar responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem 
gerar a nulidade do inquérito ou do processo penal. 
STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (Info 
964). 
 
2019 
 
Se o PGJ decidir arquivar um PIC instaurado no exercício de sua competência 
originária, ele não precisará submeter esse arquivamento ao Poder Judiciário, não 
se aplicando o art. 28 do CPP 
 
O Procurador-Geral de Justiça, se entender que é caso de arquivamento do Procedimento 
de Investigação Criminal (PIC) por ausência de provas, não precisa submeter essa decisão 
de arquivamento à apreciação do Tribunal de Justiça, não se aplicando, nesta hipótese, o 
art. 28 do CPP. O arquivamento do PIC, promovido pelo PGJ, nos casos de sua 
competência originária, não reclama prévia submissão ao Poder Judiciário, pois este 
 
 
 
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arquivamento, que é por ausência de provas, não acarreta coisa julgada material. O chefe 
do Ministério Público estadual é a autoridade própria para aferir a legitimidade do 
arquivamento do PIC. Logo, descabe a submissão da decisão de arquivamento ao Poder 
Judiciário. STF. 1ª Turma. MS 34730/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/12/2019 
(Info 963). 
 
É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística 
 
É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. 
STJ. 6ª Turma. RHC 98.056-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado EM 
04/06/2019 (Info 652). 
 
 
É desnecessária a remessa de cópias dos autos ao Órgão Ministerial prevista no art. 
40 do CPP, que, atuando como custos legis, já tenha acesso aos autos 
 
No caso em que o Ministério Público tem vista dos autos, a remessa de cópias e 
documentos ao Órgão Ministerial não se mostra necessária. O Parquet, na oportunidade 
em que recebe os autos, pode tirar cópia dos documentos que bem entender, sendo 
completamente esvaziado o sentido de remeter-se cópias e documentos. Art. 40. Quando, 
em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de 
crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos 
necessários ao oferecimento da denúncia. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.338.699-RS, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 22/05/2019 (Info 649). 
 
 Existe julgado em sentido contrário: STJ. 2ª Turma. REsp 1.360.534-RS, Rel. Min. 
Humberto Martins, julgado em 7/3/2013 (Info 519) 
 
Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa 
técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito 
policial 
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de 
depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais 
caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de 
natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão 
acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e 
da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os elementosde informação 
colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. 
A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, 
contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do 
calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 
7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933). 
 
2018 
 
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para 
a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou 
materialidade 
 
 
 
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Importante!!! 
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido 
feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução 
do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, 
§ 4º, “e”, do RISTF). 
A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, 
ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a 
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). 
Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por 
Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas 
diligências investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das 
investigações. 
Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o 
fim do foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a remessa 
dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, 
alegando que já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem 
êxito. Logo, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam 
continuadas as investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas 
protelar o inevitável. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
21/8/2018 (Info 912). No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. 
Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018. 
 
2017 
 
(Im)possibilidade de reabertura de inquérito policial arquivado por excludente de 
ilicitude 
 
É possível a reabertura da investigação e o oferecimento de denúncia se o inquérito 
policial havia sido arquivado com base em excludente de ilicitude? 
• STJ: NÃO. Para o STJ, o arquivamento do inquérito policial com base na existência de 
causa excludente da ilicitude faz coisa julgada material e impede a rediscussão do caso 
penal. O mencionado art. 18 do CPP e a Súmula 524 do STF realmente permitem o 
desarquivamento do inquérito caso surjam provas novas. No entanto, essa possibilidade 
só existe na hipótese em que o arquivamento ocorreu por falta de provas, ou seja, por falta 
de suporte probatório mínimo (inexistência de indícios de autoria e certeza de 
materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ , Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
25/11/2014 (Info 554). 
• STF: SIM. Para o STF, o arquivamento de inquérito policial em razão do 
reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material. Logo, surgindo 
novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, com base no art. 18 do CPP e na 
Súmula 524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
10/03/2009. STF. 2ª Turma. HC 125101/SP , rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o 
acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 25/8/2015 (Info 796). 
 
 
 
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O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base 
em provas fraudadas não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info 858). 
 
2016 
 
O MP, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso às 
OMPs 
O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, PODE 
TER ACESSO A ORDENS DE MISSÃO POLICIAL (OMP). Ressalva: no que se refere 
às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa, decorrente de 
cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de 
sigilo, o acesso do Ministério Público não será vedado, mas realizado a posteriori. STJ. 
1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 
587). 
 
MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela 
Diretoria de Inteligência da Polícia Federal 
O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe 
garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela 
Diretoria de Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de 
natureza persecutório-penal. O controle externo da atividade policial exercido pelo 
Parquet deve circunscrever-se à atividade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 
9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência 
policial de natureza persecutório-penal, ou seja, relacionados com a atividade de 
investigação criminal. O poder fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe 
confere o acesso irrestrito a "todos os relatórios de inteligência" produzidos pelo 
Departamento de Polícia Federal, incluindo aqueles não destinados a aparelhar 
procedimentos investigatórios criminais formalizados. STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-
RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587). 
 
Conflito de atribuições envolvendo MPE e MPF deve ser dirimido pelo PGR 
Compete ao PGR, na condição de órgão nacional do Ministério Público, dirimir 
conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. 
STF. Plenário. ACO 924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/5/2016 (Info 826). 
 
Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função 
 
Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. 
Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: 
a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); 
b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, 
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente 
possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, 
 
 
 
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para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal 
competente para julgar esta autoridade. Ex: em um inquérito criminal que tramita no STJ 
para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata 
que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante 
disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ 
autorização para realizar o indiciamento do referido Governador. Chamo atenção para o 
fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é 
privativo da autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o 
Delegado realize o indiciamento. STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. 
Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825). 
 
É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade 
verificada em inquérito policial 
 
A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o 
inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da 
ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no 
inquérito, pois, segundo jurisprudênciafirmada no STF, as nulidades processuais estão 
relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos 
praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824). 
 
Não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em 
“denúncia anônima 
 
A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, 
para ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia 
anônima. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 
(Info 819). 
 
Denúncia anônima 
 
As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura 
de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos 
invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. 
Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser 
simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado 
pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações 
preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a 
“denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito 
policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de 
prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios 
concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para 
provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª 
Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). 
 
2015 
 
 
 
 
 
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Investigação criminal envolvendo autoridades com foro privativo no STF 
 
As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser 
iniciadas após autorização formal do STF. De igual modo, as diligências 
investigatórias envolvendo autoridades com foro privativo no STF precisam ser 
previamente requeridas e autorizadas pelo STF. Diante disso, indaga-se: depois de o PGR 
requerer alguma diligência investigatória, antes de o Ministro-Relator decidir, é 
necessário que a defesa do investigado seja ouvida e se manifeste sobre o pedido? NÃO. 
As diligências requeridas pelo Ministério Público Federal e deferidas pelo Ministro-
Relator são meramente informativas, não suscetíveis ao princípio do contraditório. Desse 
modo, não cabe à defesa controlar, “ex ante”, a investigação, o que acabaria por restringir 
os poderes instrutórios do Relator. Assim, o Ministro poderá deferir, mesmo sem ouvir a 
defesa, as diligências requeridas pelo MP que entender pertinentes e relevantes para o 
esclarecimento dos fatos. STF. 2ª Turma. Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 15/12/2015 (Info 812). 
 
Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes 
 
O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade 
própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá 
respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados: 1) Devem ser respeitados os 
direitos e garantias fundamentais dos investigados; 2) Os atos investigatórios devem ser 
necessariamente documentados e praticados por membros do MP; 3) Devem ser 
observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas 
diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a 
CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc.); 4) 
Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados; 
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito 
do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, 
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência 
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 6) A investigação 
deve ser realizada dentro de prazo razoável; 7) Os atos de investigação conduzidos pelo 
MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. A tese fixada em 
repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para 
promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, 
desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a 
qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as 
hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais 
de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, 
notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade — 
sempre presente no Estado democrático de Direito — do permanente controle 
jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula 
Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, 
red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787). STF. Plenário. 
RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785). 
 
Inviabilidade de MS impetrado pela vítima para evitar o arquivamento de IP 
 
 
 
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Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar o 
arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de segurança com o 
objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de crime de ação penal pública 
não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito ou das peças 
de informação. Considerando que o processo penal rege-se pelo princípio da 
obrigatoriedade, a propositura da ação penal pública constitui um dever, e não uma 
faculdade, não sendo reservado ao Parquet um juízo discricionário sobre a conveniência 
e oportunidade de seu ajuizamento. Por outro lado, não verificando o Ministério Público 
que haja justa causa para a propositura da ação penal, ele deverá requerer o arquivamento 
do IP. Esse pedido de arquivamento passará pelo controle do Poder Judiciário, que poderá 
discordar, remetendo o caso para o PGJ (no caso do MPE) ou para a CCR (se for MPF). 
Existe, desse modo, um sistema de controle de legalidade muito técnico e rigoroso em 
relação ao arquivamento de inquérito policial, inerente ao próprio sistema acusatório. 
Nesse sistema, contudo, a vítima não tem o poder de, por si só, impedir o arquivamento. 
Cumpre salientar, por oportuno, que, se a vítima ou qualquer outra pessoa trouxer novas 
informações que justifiquem a reabertura do inquérito, pode a autoridade policial 
proceder a novas investigações, nos termos do citado art. 18 do CPP. STJ. Corte Especial. 
MS 21.081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565). 
 
Inaplicabilidade do art. 28 do CPP nos procedimentos que tramitem no STJ 
Imagine que um Subprocurador-Geral da República, após autorização do STJ, instaurou 
procedimento de investigação contra um Governador do Estado (art. 105, I, “a”, da 
CF/88). Ao final das diligências, o membro do MPF concluiu que não havia elementos 
para oferecer a denúncia e requereu ao STJ o arquivamento do procedimento. O STJ 
poderá discordar do pedido? NÃO. Se o membro do MPF que atua no STJ requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação que tramitem 
originariamente perante o STJ, este, mesmo que não concorde com as razões invocadas 
pelo MP, deverá determinar o arquivamento solicitado. Como o pedido foi feito por um 
Subprocurador-Geralda República, se o STJ discordar, ele não poderá remeter os autos 
para análise do Procurador-Geral da República, aplicando, por analogia, o art. 28 do CPP? 
NÃO. Não existe esta possibilidade de remessa para o PGR. Não se aplica o art. 28 do 
CPP neste caso. Isso porque os membros do MPF que funcionam no STJ atuam por 
delegação do Procurador-Geral da República. Assim, em decorrência do sistema 
acusatório, nos casos em que o titular da ação penal se manifesta pelo arquivamento de 
inquérito policial ou de peças de informação, não há alternativa, senão acolher o pedido 
e determinar o arquivamento. Em suma, não há que se falar em aplicação do art. 28 do 
CPP nos procedimentos de competência originária do STJ. O MPF pediu o arquivamento, 
este terá que ser homologado pela Corte. STJ. Corte Especial. Inq 967-DF, Rel. Min. 
Humberto Martins, julgado em 18/3/2015 (Info 558). 
 
2013 
 
Juiz deve remeter cópia dos autos ao MP quando verificar indícios de crime 
 
A abertura de vista ao Ministério Público para eventual instauração de procedimento 
criminal, após a verificação nos autos, pelo magistrado, da existência de indícios de crime 
de ação penal pública, não é suficiente ao cumprimento do disposto no art. 40 do CPP. 
Isso porque o referido artigo impõe ao magistrado, nessa hipótese, o dever de remeter ao 
 
 
 
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Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia, 
não podendo o Estado-juiz se eximir da obrigação por se tratar de ato de ofício a ele 
imposto pela lei. STJ. 2ª Turma. REsp 1.360.534-RS, Rel. Min. Humberto Martins, 
julgado em 7/3/2013 (Info 519). 
 
Indiciamento é atribuição exclusiva da autoridade policial 
 
O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso 
porque o indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. É por meio 
do indiciamento que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a autora do 
ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual 
o delegado de polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, 
não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento 
obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o 
responsável pela prática criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo 
ordenamento jurídico pátrio. Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 
12.830/2013, que afirma que o indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da 
polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC 47.984-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
4/11/2014 (Info 552). STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado 
em 27/8/2013 (Info 717). 
 
2012 
 
Não é possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia 
anônima” 
 
A Lei nº 9.296/96 exige, para que seja proferida decisão judicial autorizando 
interceptação telefônica, que haja indícios razoáveis de autoria criminosa. Singela delação 
não pode gerar, só por si, a quebra do sigilo das comunicações. STJ. 6ª Turma. HC 
204.778/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/10/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Ação Penal 
 
2019 
 
A pendência de julgamento de litígio no exterior não impede, por si só, o 
processamento da ação penal no Brasil, não configurando bis in idem 
 
A pendência de julgamento de litígio no exterior não impede, por si só, o processamento 
da ação penal no Brasil, não configurando bis in idem. STJ. 6ª Turma. RHC 104.123-SP, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/09/2019 (Info 656). 
 
Apesar de o § 1º do art. 24 do CPP falar apenas em “cônjuge”, a companheira 
(hetero ou homoafetiva) também possui legitimidade para ajuizar ação penal 
privada. 
 
A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de 
cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal privada. 
STJ. Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019 (Info 
654). 
 
2018 
 
Princípio do in dubio pro societate 
No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª Turma. 
Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
17/04/2018 (Info 898). 
Considerações: O princípio do in dubio pro societates significa que, na dúvida, havendo 
indícios mínimos da autoria, deve-se dar prosseguimento à ação penal, ainda que não se 
tenha certeza de que o réu foi o autor do suposto delito. Em uma tradução literal, seria 
algo como “na dúvida, em favor da sociedade”. O princípio do in dubio pro societate 
contrapõe-se ao princípio do in dubio pro reo (“na dúvida, em favor do réu”). 
 
Promotor de Justiça que passa a atuar no processo decorrente de desmembramento 
oriundo do TJ está livre para alterar a denúncia anteriormente oferecida pelo PGJ 
A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal 
desmembrou o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ, 
declinando da competência para que o TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) 
ratificou a denúncia. 
Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar o feito e ficou com o processo apenas da 
autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o juízo de 1ª instância 
julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro privativo, foi 
remetido para a 1ª instância. 
O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância decidiu não ratificar a peça acusatória, 
oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, novos réus. 
 
 
 
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A defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF entendeu que 
o membro do MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste caso. 
É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos 
o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente quando a inicial 
ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como 
ocorreu no caso concreto. 
O membro do MP possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio 
delicti). Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões 
jurídicas que o outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância 
superior. Em outras palavras, o Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar 
no caso não está vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava 
anteriormente funcionando no processo. 
Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para 
atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, 
anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, 
conforme ficou reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo 
criminal era da 1ª instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de 
Justiça que atua na 1ª instância. 
Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância 
— não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico 
diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da peça 
acusatória oferecida contra o réu Paulo. 
STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018 (Info 893). 
 
“Denúncia anônima”, quebra de sigilo e renovação das interceptações 
Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em iniciar investigações 
preliminares com base em "denúncia anônima" a fim de se verificar a plausibilidade dasalegações contidas no documento apócrifo. 
A Polícia, com base em diligências preliminares para atestar a veracidade dessas 
“denúncias” e também lastreada em informações recebidas pelo Ministério da Justiça e 
pela CGU, requereu ao juízo a decretação da interceptação telefônica do investigado. 
O STF entendeu que a decisão do magistrado foi correta considerando que a decretação 
da interceptação telefônica não foi feita com base unicamente na "denúncia anônima" e 
sim após a realização de diligências investigativas e também com base nas informações 
recebidas dos órgãos públicos de fiscalização. 
Renovação das interceptações 
A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de 
quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do 
meio de prova." (art. 5º). 
A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por 
igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se 
 
 
 
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comprovada a sua necessidade.STF. 2ª Turma. RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, 
julgado em 6/2/2018 (Info 890). 
 
Empate no julgamento de ação penal 
Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais 
favorável ao réu. Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no 
julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação penal. 
Terminando o julgamento dos embargos empatado, aplica-se a decisão mais favorável ao 
réu. STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 14/12/2017 (Info 888). 
 
2017 
 
O proprietário da rádio não pode ser processado criminalmente por ofensas 
proferidas por radialista pelo simples fato de ser o titular da empresa e inimigo 
político do ofendido 
 
Em um programa de maior audiência da rádio, o apresentador proferiu uma série de 
acusações contra determinado político, afirmando que ele desviou dinheiro público na 
construção da escola, que se trata de um corrupto, de um ladrão etc. O ofendido ajuizou 
queixa-crime contra o radialista e contra o proprietário da rádio afirmando que todos 
sabem que o dono deste meio de comunicação é seu inimigo político, de forma que é 
intuitivo crer que foi o sócio-proprietário da rádio quem orientou e ordenou que o 
apresentador proferisse as agressões verbais contra o querelante. Em uma situação 
semelhante a esta, o STF rejeitou a queixa-crime afirmando que o querelante não 
individualizou, minimamente, a conduta do querelado detentor de prerrogativa de foro e 
lhe imputou fatos criminosos em razão da mera condição de sócio-proprietário do veículo 
de comunicação social, o que não é admitido. A mera posição hierárquica do querelado 
como titular da empresa de comunicação não é suficiente para o recebimento da queixa-
crime. Seria necessário que o querelante tivesse descrito e apontado elementos indiciários 
que evidenciassem a vontade e consciência do querelado de praticar os crimes imputados. 
Não tendo isso sido feito, a queixa-crime deve ser rejeitada por manifesta ausência de 
justa causa. STF. 1ª Turma. Pet 5660/PA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/3/2017 (Info 
857). 
 
A denúncia contra Prefeito por crime em licitação municipal deve indicar sua 
participação ou conhecimento acerca dos fatos 
 
A denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitação municipal deve indicar, ao 
menos minimamente, que o acusado tenha tido participação ou conhecimento dos 
fatos supostamente ilícitos. O Prefeito não pode ser incluído entre os acusados 
unicamente em razão da função pública que ocupa, sob pena de violação à 
responsabilidade penal subjetiva, na qual não se admite a responsabilidade presumida. 
STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856). 
 
2016 
 
 
 
 
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Inépcia caso a denúncia se baseie apenas no fato de que o réu era Diretor-Presidente 
da empresa 
 
O Ministério Público ofereceu denúncia contra alguns sócios da empresa, dentre eles o 
Diretor-Presidente, afirmando, quanto a este, que praticou o crime de evasão de divisas 
porque detinha o domínio do fato e que não seria crível que a empresa movimentasse 
altos valores para o exterior sem que ele soubesse. O STF entendeu que esta denúncia é 
inepta. Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar 
suporte à imputação penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela aponte 
indícios convergentes no sentido de que o Presidente da empresa não só teve 
conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu finalisticamente a atuação 
dos demais acusados. Assim, não basta que o acusado se encontre em posição 
hierarquicamente superior. Isso porque o próprio estatuto da empresa prevê que haja 
divisão de responsabilidades e, em grandes corporações, empresas ou bancos há controles 
e auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber tudo o que se passa. 
STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 (Info 850). 
 
Princípio da indivisibilidade da ação penal privada 
 
Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da prática 
delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar 
renúncia tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a 
todos quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da infração penal. STF. 1ª 
Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 2/2/2016 (Info 813). 
 
Ilegitimidade do MP e necessidade de prévia intimação da Defensoria Pública 
 
O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, na qualidade de 
substituto processual de menores carentes, propor ação civil pública ex delicto, sem a 
anterior intimação da Defensoria Pública para tomar ciência da ação e, sendo o caso, 
assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP. Antes de o 
magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor ação civil 
ex delicto, é indispensável que a Defensoria Pública seja intimada para tomar ciência da 
demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. STJ. 4ª Turma. REsp 888.081-
MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info 592). 
 
Honorários advocatícios sucumbenciais em ação penal privada extinta sem 
julgamento de mérito 
 
É possível condenar o querelante em honorários advocatícios sucumbenciais na hipótese 
de rejeição de queixa-crime por ausência de justa causa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.218.726-
RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2016 (Info 586). 
 
2015 
 
 
 
 
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Em caso de norma penal em branco, a denúncia deverá explicitar qual é o 
complemento, sob pena de ser considerada inepta 
 
A denúncia que deixa de mencionar a legislação complementar a que se refere o tipo 
penal não atende o disposto no art. 41 do CPP porque não descreve por completo a 
conduta delitiva, dificultando a compreensão da acusação e, por conseguinte, o exercício 
do direito de defesa. STJ. 5ª Turma. RHC 64.430/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado 
em 19/11/2015. 
Rejeição de queixa-crime desacompanhada de documentos hábeis a demonstrar, 
ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime 
 
Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento prévio, 
impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas na versão do 
autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo Circunstanciado 
ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que de modo indiciário,a 
autoria e a materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. RHC 61.822-DF, Rel. Min. Felix 
Fischer, julgado em 17/12/2015 (Info 577). 
 
Princípio da indivisibilidade da ação penal privada: omissão voluntária e 
involuntária 
 
O princípio da indivisibilidade significa que a ação penal deve ser proposta contra todos 
os autores e partícipes do delito. Segundo a posição da jurisprudência, o princípio da 
indivisibilidade só se aplica para a ação pena privada (art. 48 do CPP). O que acontece 
se a ação penal privada não for proposta contra todos? O que ocorre se um dos autores ou 
partícipes, podendo ser processado pelo querelante, ficar de fora? Qual é a consequência 
do desrespeito ao princípio da indivisibilidade? 
• Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, 
deliberadamente, de oferecer queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá 
rejeitar a queixa e declarar a extinção da punibilidade para todos (arts. 104 e 107, V, do 
CP). Todos ficarão livres do processo. 
• Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante 
para que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes 
que ficaram de fora. Assim, conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na 
queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao direito de queixa. Para o 
reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstração de que 
a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma 
deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 12/5/2015 (Info 562). 
 
2014 
 
 
Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito contra 
índios 
 
Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios que 
teria invadido uma fazenda em certa região. O Ministério Público não ofereceu denúncia 
nem instaurou qualquer procedimento. Em virtude disso, o Conselho dos Povos Indígenas 
(organização não-governamental indígena) ajuizou uma queixa-crime subsidiária (art. 5º, 
 
 
 
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LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática dos crimes de racismo (art. 
20 da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra os povos indígenas (arts. 286 e 
287 do CP). Essa queixa-crime deverá ser rejeitada, porque os conselhos indigenistas não 
possuem legitimidade ativa em matéria penal. Na ação penal privada (mesmo sendo a 
subsidiária da pública), a queixa-crime somente pode ser promovida pelo ofendido ou por 
quem tenha qualidade para representá-lo (art. 100, § 2º do CP e art. 30 do CPP). A suposta 
vítima dos crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios índios que 
participaram da invasão. STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 18/11/2014 (Info 768). 
 
MP deve descrever conduta do acusado de sonegação (não basta ser 
sócio/administrador) 
 
É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem tributária 
previstos nos incisos do art. 1º da Lei 8.137/1990, limita-se a transcrever trechos dos 
tipos penais em questão e a mencionar a condição do denunciado de administrador 
da sociedade empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem descrever qual 
conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria contribuído para a 
consecução do resultado danoso. O simples fato de o acusado ser sócio e administrador 
da empresa constante da denúncia não pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse 
participação nos fatos delituosos, a ponto de se ter dispensado ao menos uma sinalização 
de sua conduta, ainda que breve, sob pena de restar configurada a repudiada 
responsabilidade criminal objetiva. STJ. 6ª Turma. HC 224.728-PE, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 10/6/2014 (Info 543). 
 
Queixa-crime deverá demonstrar o elemento subjetivo do agente 
 
Deve ser rejeitada a queixa-crime que impute ao querelado a prática de crime contra a 
honra, mas que se limite a transcrever algumas frases, escritas pelo querelado em sua rede 
social, segundo as quais o querelante seria um litigante habitual do Poder Judiciário (fato 
notório, publicado em inúmeros órgãos de imprensa), sem esclarecimentos que 
possibilitem uma análise do elemento subjetivo da conduta do querelado consistente no 
intento positivo e deliberado de lesar a honra do ofendido. STJ. Corte Especial. AP 724-
DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/8/2014 (Info 547). 
 
Poderes especiais para advogado propor queixa-crime 
 
Para que o advogado proponha queixa-crime em nome do seu cliente, ele precisa ter 
recebido procuração com poderes especiais para praticar esse ato. Se o cliente 
outorga procuração sem conferir poderes ao advogado para ajuizar queixa-crime, este 
advogado não pode oferecer substabelecimento a outro advogado mencionando que este 
terá poderes para propor queixa-crime. Ora, se o advogado originário não recebeu poderes 
para ajuizar queixa-crime, ele não poderá substabelecer para outro advogado poderes para 
propor queixa-crime. Em palavras mais simples, o advogado não pode substabelecer 
poderes que não recebeu. Apenas os poderes originariamente outorgados podem ser 
transferidos. Assim, deve ser tida por inexistente a inclusão, ao substabelecer, de poderes 
especiais para a propositura de ação penal privada, se eles não constavam do mandato 
originário. Portanto, cabe reconhecer a nulidade da queixa-crime, por vício de 
representação, tendo em vista que a procuração outorgada para a sua propositura não 
atende às exigências do art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma. RHC 33.790-SP, Rel. originário 
 
 
 
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Min. Maria Thereza De Assis Moura, Rel. para Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 27/6/2014 (Info 544). 
 
O princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública 
 
Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não 
está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo 
falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o 
Parquet é livre para formar sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele 
entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de indícios de autoria e 
materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
julgado em 6/5/2014 (Info 540). 
 
2013 
 
Denúncia formulada com base em inquérito civil 
 
É possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no 
âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público. STF. Plenário. 
AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013 (Info 714). 
 
2012 
 
Procuração para queixa-crime 
 
Para que seja protocolizada queixa-crime é necessária capacidade postulatória. A 
procuração outorgada pelo querelante ao seu advogado para o ajuizamento de queixa-
crime é uma procuração com poderes especiais. Nesta procuração deve constar o “nome 
do querelado” e a “menção ao fato criminoso”. Para o STJ, “menção ao fato criminoso” 
significa que, na procuração, basta que seja mencionado o tipo penal ou o nomen iuris do 
crime, não precisando identificar a conduta. Para o STF, “menção ao fato criminoso” 
significa que, na procuração, deve ser individualizado o evento delituoso, não bastando 
que apenas se mencione o nomen iuris do crime. Caso houvesse algum vício na 
procuração para a queixa-crime, o STF entendia que este vício poderia ser sanado a 
qualquer tempo. Neste julgado, contudo, a 2ª Turma do STF afirmou que o vício deve ser 
corrigido antes do fim do prazo decadencial de 6 meses, sob pena de decadência e 
extinção da punibilidade. Este também é o entendimentodo STJ. STF. 2ª Turma. RHC 
105920/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 8/5/2012 (Info 665). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. Competência Criminal 
 
2019 
 
Compete à Justiça Estadual julgar homicídio praticado por Policial Rodoviário 
Federal após desavença no trânsito ocorrida no seu deslocamento de casa para o 
trabalho 
 
Policial Rodoviário Federal, durante o trajeto de sua casa para o trabalho, envolveu-se em 
uma desavença no trânsito com o condutor de um veículo que dirigia sem respeitar a 
sinalização e em alta velocidade. O Policial efetuou disparos que resultaram na morte do 
condutor. A competência para julgar essa acusação de homicídio é da Justiça Estadual. A 
competência da Justiça Federal pressupõe a demonstração concreta das situações 
veiculadas no art. 109 da CF/88. A mera condição de servidor público não basta para 
atraí-la, na medida em que o interesse da União há de sobressair das funções 
institucionais, não da pessoa do agente. A infração penal cometida pelo réu no 
deslocamento até o local de trabalho não guarda qualquer vinculação com o exercício das 
funções de Policial Rodoviário Federal. STF. 1ª Turma. HC 157012/MS, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 10/12/2019 (Info 963). 
 
Senador que pratica corrupção passiva que não está relacionada com seu cargo e 
que não ofende bens, serviços ou interesse da União, deverá ser julgado em 1ª 
instância pela Justiça comum estadual 
 
O crime de corrupção passiva praticado por Senador da República, se não estiver 
relacionado com as suas funções, deve ser julgado em 1ª instância (e não pelo STF). Não 
há foro por prerrogativa de função neste caso. O fato de o agente ocupar cargo público 
não gera, por si só, a competência da Justiça Federal de 1ª instância. Esta é definida pela 
prática delitiva. Assim, se o crime não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (inciso IV do 
art. 109 da CF/88) e não estava presente nenhuma outra hipótese do art. 109, a 
competência para julgar o delito será da Justiça comum estadual. STF. 1ª Turma. Inq 4624 
AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019 (Info 955). 
 
Compete ao STF julgar a apelação criminal interposta contra sentença de 1ª 
instância caso mais da metade dos membros do Tribunal de Justiça estejam 
impedidos ou sejam interessados 
 
Compete ao STF julgar a apelação criminal interposta contra sentença de 1ª instância caso 
mais da metade dos membros do Tribunal de Justiça estejam impedidos ou sejam 
interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88). STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
 
Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais 
militares, consumado ou tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado 
contra órgãos, autarquias ou empresas públicas da União 
 
Compete à Justiça Estadual julgar o crime de homicídio praticado contra policiais 
militares estaduais, ainda que no contexto do delito federal de contrabando (STJ. 3ª Seção. 
 
 
 
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CC 153.306/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
22/11/2017). Ex: o sujeito ativo trazia cigarros importados em seu veículo e, para fugir 
de uma blitz, atirou e matou um dos policiais militares. Haverá desmembramento: a 
Justiça Federal julgará o contrabando e a Justiça Estadual julgará o homicídio. Situação 
diversa, entretanto, é aquela em que o crime contra a vida em desfavor de agentes estatais, 
consumado ou tentado, é praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, 
autarquias ou empresas públicas da União. Isso porque, nesta hipótese, a íntima relação 
entre a violência, elementar do crime de roubo, e o crime federal (roubo armado) atrai a 
conexão. Ex: o sujeito ativo cometeu roubo contra os Correios; depois de consumado, 
passou a ser perseguido por policiais militares e atirou contra eles, matando um e ferindo 
o outro. O roubo e os delitos de homicídio serão julgados conjuntamente pela Justiça 
Federal. STJ. 3ª Seção. CC 165.117-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
23/10/2019 (Info 659). 
 
 
STJ não é competente para julgar crime praticado por Governador no exercício do 
mandato se o agente deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força 
de uma nova eleição 
 
O STJ é incompetente para julgar crime praticado durante mandato anterior de 
Governador, ainda que atualmente ocupe referido cargo por força de nova eleição. Ex: 
José praticou o crime em 2009, quando era Governador; em 2011, foi eleito Senador; em 
2019, assumiu novamente como Governador; esse crime praticado em 2009 será julgado 
em 1ª instância (e não pelo STJ). Como o foro por prerrogativa de função exige 
contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em apuração e o exercício da 
função pública, o término de um determinado mandato acarreta, por si só, a cessação do 
foro por prerrogativa de função em relação ao ato praticado nesse intervalo. STJ. Corte 
Especial. QO na APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2019 (Info 
649). 
 
Compete à Justiça Estadual julgar crime cometido a bordo de balão 
 
Compete à Justiça Estadual o julgamento de crimes ocorridos a bordo de balões de ar 
quente tripulados. 
Os balões de ar quente tripulados não se enquadram no conceito de “aeronave” (art. 106 
da Lei nº 7.565/86), razão pela qual não se aplica a competência da Justiça Federal 
prevista no art. 109, IX, da CF/88). STJ. 3ª Seção. CC 143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, julgado em 24/04/2019 (Info 648) 
 
A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não 
se aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem 
ocupar função pública 
 
Prefeito cometeu o crime durante o exercício do mandato e o delito está relacionado com 
as suas funções: a competência para julgá-lo será, em regra, do Tribunal de Justiça. Se 
esse Prefeito, antes de o processo terminar, for reeleito para um segundo mandato 
(consecutivo e ininterrupto), neste caso, o Tribunal de Justiça continuará sendo 
competente para julgá-lo. 
Por outro lado, se o agente deixar o cargo de Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito 
novamente Prefeito do mesmo Município, nesta situação a competência para julgar o 
 
 
 
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crime será do juízo de 1ª instância. A prorrogação do foro por prerrogativa de função só 
ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso de eleição para um novo mandato 
após o agente ter ficado sem ocupar função pública. Ex: em 2011, Pedro, Prefeito, em seu 
primeiro mandato, cometeu o crime de corrupção passiva. Pedro foi denunciado e passou 
a responder um processo penal no TJ. Em 2012, Pedro disputou a campanha eleitoral 
buscando a reeleição. Contudo, ele perdeu. Com isso, Pedro ficou sem mandato eletivo. 
Vale esclarecer que o processo continuou tramitando normalmente no TJ. Em 2016, Pedro 
concorreu novamente ao cargo de Prefeito do mesmo Município, tendo sido eleito. Em 
01/01/2017, João assumiu como Prefeito por força dessa nova eleição. O processo de 
Pedro não será julgado pelo TJ, mas sim pelo juízo de 1ª instância. STF. 1ª Turma. RE 
1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940). 
 
É inconstitucional foro por prerrogativa de função para Procuradores do Estado, 
Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia 
 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa 
de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, 
Defensores Públicos e Delegadosde Polícia. 
A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades 
federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam, 
livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 
2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
15/5/2019 (Info 940). 
 
Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição 
tenha sido negada? 
 
Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição tenha 
sido negada? 
• STF: Justiça Estadual 
• STJ: Justiça Federal 
 
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a 
competência da Justiça Federal. Assim, em regra, compete à Justiça Estadual julgar o 
crime praticado por brasileiro no exterior e que lá não foi julgado em razão de o agente 
ter fugido para o Brasil, tendo o nosso país negado a extradição para o Estado estrangeiro. 
Somente será de competência da Justiça Federal caso se enquadre em alguma das 
hipóteses do art. 109 da CF/88. STF. 1ª Turma. RE 1.175.638 AgR/PR, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 2/4/2019 (Info 936). 
 
Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre 
crime praticado no exterior que tenha sido transferida para a jurisdição brasileira, por 
negativa de extradição. STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
julgado em 25/04/2018 (Info 625). 
 
Em caso de conexão entre crime de competência da Justiça comum (federal ou 
estadual) e crime eleitoral, os delitos serão julgados conjuntamente pela Justiça 
Eleitoral 
 
 
 
 
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Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem 
conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos 
comuns aos delitos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente. 
STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 
14/3/2019 (Info 933). 
 
STF é competente para julgar crime eleitoral praticado por Deputado Federal 
durante a sua campanha à reeleição caso ele tenha sido reeleito 
 
Pedro, Deputado Federal, recebeu doação ilegal de uma empresa com o objetivo de 
financiar a sua campanha para reeleição. Esta doação não foi contabilizada na prestação 
de contas, configurando o chamado “caixa 2” (art. 350 do Código Eleitoral). Pedro foi 
reeleito para um novo mandato de 2019 até 2022. 
O STF será competente para julgar este crime eleitoral? SIM. O foro por prerrogativa de 
função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados 
às funções desempenhadas. 
O STF entende que o recebimento de doação ilegal destinado à campanha de reeleição ao 
cargo de Deputado Federal é um crime relacionado com o mandato parlamentar. Logo, a 
competência é do STF. 
Além disso, mostra-se desimportante a circunstância de este delito ter sido praticado 
durante o mandato anterior, bastando que a atual diplomação decorra de sucessiva e 
ininterrupta reeleição. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, 
julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933). 
 
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado 
Federal não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los 
não é do STF 
 
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal 
não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF, 
mas sim do juízo de 1ª instância. Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se 
apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções 
desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
03/05/2018). A apropriação indébita se consuma no ato da inversão da propriedade do 
bem. Se a inversão da propriedade ocorreu com a transferência dos recursos da conta 
bancária da empresa vítima, com sede em Brasília/DF, efetuada pelo Diretor da entidade, 
tem-se que a competência para apurar este delito é do juiz de direito de 1ª instância do 
TJDFT. STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 
19/2/2019 (Info 931). 
 
Compete à 3ª Seção do STJ julgar HC alegando problemas estruturais das 
Delegacias e do sistema prisional do Estado e pedindo a liberdade dos presos ou 
medida cautelar diversa 
 
Compete à Terceira Seção do STJ processar e julgar habeas corpus impetrado com 
fundamento em problemas estruturais das delegacias e do sistema prisional do Estado. 
STJ. Corte Especial. CC 150.965-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/02/2019 
(Info 644). 
 
 
 
 
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Compete à 1ª Seção do STJ (e não à 3ª Seção) julgar MS impetrado contra Portaria 
do Ministro da Justiça que regulamenta o direito dos presos à visita íntima nas 
penitenciárias federais 
 
Compete à Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça o processamento e o 
julgamento de Mandado de Segurança impetrado contra ato do Ministro de Estado da 
Justiça e Segurança com o objetivo de anular a Portaria nº 718/2017. STJ. Corte Especial. 
CC 154.670-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 19/12/2018. 
 
Crime cometido por Desembargador 
 
O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses 
em que, não fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado 
houvesse de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo 
tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido pelo Desembargador não esteja 
relacionado com as suas funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª instância 
significar que o réu seria julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo 
tribunal que o Desembargador. A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo 
preservar a isenção (imparcialidade e independência) do órgão julgador. STJ. Corte 
Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018 
(Info 639). 
 
2018 
 
Regras para a aplicação da decisão do STF na AP 937 QO/RJ aos processos em curso 
no Supremo 
Com a decisão proferida pelo STF, em 03/05/2018, na AP 937 QO/RJ, todos os inquéritos 
e processos criminais que estavam tramitando no Supremo envolvendo crimes não 
relacionados com o cargo ou com a função desempenhada pela autoridade, foram 
remetidos para serem julgados em 1ª instância. Isso porque o STF definiu, como 1ª tese, 
que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o 
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”. O entendimento acima 
não se aplica caso a instrução já tenha se encerrado. Em outras palavras, se a instrução 
processual já havia terminado, mantém-se a competência do STF para o julgamento de 
detentores de foro por prerrogativa de função, ainda que o processo apure um crime que 
não está relacionado com o cargo ou com a função desempenhada. Isso porque o STF 
definiu, como 2ª tese, que “após o final da instrução processual, com a publicação do 
despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para 
processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a 
ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.” STF. 1ª 
Turma. AP 962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 16/10/2018 (Info 920). 
 
Justiça Federal é competente para julgar venda de cigarro importado, permitido 
pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento do 
imposto de importação 
 
Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimentodo delito 
 
 
 
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previsto no art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria 
estrangeira, permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação 
de pagamento de imposto de importação. STJ. Plenário. CC 159.680-MG, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/08/2018 (Info 631). 
 
Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, 
ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta. STJ. 3ª Seção. CC 
160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (Info 635). 
 
CONTRABANDO / DESCAMINHO: Competência da Justiça Federal 
 
Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito 
previsto no art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria 
estrangeira, permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação 
de pagamento de imposto de importação. 
STJ. Plenário. CC 159.680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
08/08/2018 (Info 631). 
 
Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, 
ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta. STJ. 3ª Seção. CC 
160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (Info 635). 
 
As autoridades listadas no art. 105, I, “a”, da CF/88 somente terão foro por 
prerrogativa de função no STJ para os crimes cometidos durante o exercício do 
cargo e relacionados às funções desempenhadas 
 
As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em 
que o crime for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função. STJ. Corte 
Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 
(Info 630). 
 
Iminência da ocorrência da prescrição fez com que o STJ permanecesse competente 
para julgar Desembargador que praticou crime fora do exercício de suas funções 
 
A iminente prescrição do crime praticado por Desembargador excepciona o entendimento 
consolidado na APn 937 - o foro por prerrogativa de função é restrito a crimes cometidos 
ao tempo do exercício do cargo e que tenham relação com o cargo - e prorroga a 
competência do Superior Tribunal de Justiça. STJ. Corte Especial. QO na APn 703-GO, 
Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 01/08/2018 (Info 630). 
 
A prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a 
possível participação deste em conduta criminosa é comunicada com celeridade ao 
PGJ 
 
Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por decisão do juiz de 
1ª instância e ela liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação 
desta conversa não é ilícita. Isso porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro 
fortuito de crimes), também chamado de serendipidade ou crime achado. 
 
 
 
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Se após essa ligação, o Delegado ainda demora três dias para comunicar o fato às 
autoridades competentes para apurara a conduta do Promotor, este tempo não é 
considerado excessivo, tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações 
telefônicas. 
Assim, o STF decidiu que a prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é 
preservada quando a possível participação deste em conduta criminosa é comunicada com 
celeridade ao Procurador-Geral de Justiça. 
Tais gravações, por serem lícitas, podem servir como fundamento para que o CNMP 
aplique sanção de aposentadoria compulsória a este Promotor. STF. 1ª Turma. MS 
34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018 (Info 911). 
 
Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a militar 
licenciado 
 
Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a militar 
licenciado. STJ. 3ª Seção. CC 149.442-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
09/05/2018 (Info 626). 
 
Crime cometido no exterior e cuja extradição tenha sido negada: competência da 
Justiça Federal 
 
Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre 
crime praticado no exterior, o qual tenha sido transferido para a jurisdição brasileira, por 
negativa de extradição, aplicável o art. 109, IV, da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 154.656-
MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/04/2018 (Info 625). 
 
Obs.: O entendimento do STF é de que é da Competência da J. Estadual (vide Info 936, 
STF). 
 
Restrição ao foro por prerrogativa de função 
Marco para o fim do foro: término da instrução 
 
Restrição ao foro por prerrogativa de função 
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa 
de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que 
tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por 
exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado 
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância 
mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha 
sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta 
com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a 
seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
 
Marco para o fim do foro: término da instrução 
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para 
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não 
será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo 
 
 
 
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que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900). 
 
Competência para julgar caixa 2 conexo com corrupção passiva e lavagem de 
dinheiro 
 
A doação eleitoral por meio de “caixa 2” é uma conduta que configura crime eleitoral de 
falsidade ideológica (art. 350 do Código Eleitoral). 
A competência para processar e julgar este delito é da Justiça Eleitoral. 
A existência de crimes conexos de competência da Justiça Comum, como corrupção 
passiva e lavagem de capitais, não afasta a competência da Justiça Eleitoral, por força do 
art. 35, II, do CE e do art. 78, IV, do CPP. STF. 2ª Turma. PET 7319/DF, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 27/3/2018 (Info 895). 
 
Civil que furta arma de soldado da Aeronáutica dentro de estabelecimento militar: 
crime militar 
 
Compete à Justiça Militar processar e julgar o crime de furto, praticado por civil, de 
patrimônio que, sob administração militar, encontra-se nas dependências desta. 
Caso concreto: civil furtou, dentro de estabelecimento militar, pistola que estava na posse 
de soldado da Aeronáutica. 
Fundamento: art. 9º, III, “a”, do Código Penal Militar. STJ. 3ª Seção. CC 145.721-SP, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/02/2018 (Info 621). 
 
Compete à Justiça Federal julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a 
lei de software relacionados com o card sharing 
 
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e 
contra a lei de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por 
assinatura, via satélite ou cabo, por meio de serviços de card sharing. STJ. 3ª Seção. CC 
150.629-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 22/02/2018 (Info 620). 
 
Haverá mudança de competência para julgar o recurso se, após a interposição, 
houve a diplomação do réu como Deputado Federal 
 
Se, após a interposiçãode recurso especial contra a condenação criminal, o réu foi 
diplomado Deputado Federal, a competência para julgar este recurso passa a ser do STF. 
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 6/2/2018 (Info 890). 
 
Não compete à JF julgar crime ambiental ocorrido em programa Minha Casa 
Minha Vida pelo simples fato de a CEF ter atuado como agente financiador da obra 
 
Compete à Justiça estadual o julgamento de crime ambiental decorrente de construção 
de moradias de programa habitacional popular, nas hipóteses em que a Caixa Econômica 
Federal atue, tão somente, na qualidade de agente financiador da obra. 
O fato de a CEF atuar como financiadora da obra não tem o condão de atrair, por 
si só, a competência da Justiça Federal. Isto porque para sua responsabilização não 
basta que a entidade figure como financeira. É necessário que ela tenha atuado na 
 
 
 
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elaboração do projeto ou na fiscalização da segurança e da higidez da obra. STJ. 3ª Seção. 
CC 139.197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 25/10/2017 (Info 615). 
 
2017 
 
Excepcionalmente, o STF mantém no Tribunal a apuração dos fatos envolvendo 
pessoas sem foro por prerrogativa de função caso o desmembramento cause prejuízo 
às investigações 
 
Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando 
houver corréus sem prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a 
apuração do investigado com foro por prerrogativa de função e os demais são julgados 
em 1ª instância. 
No entanto, no caso envolvendo o Senador Aécio Neves, sua irmã, seu primo e mais um 
investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não deveria haver o desmembramento e 
a apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os envolvidos. Isso 
porque entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às 
investigações. 
STF. 1ª Turma. Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885). 
 
Militar que inseriu declaração falsa em documento liberando indevidamente 
embarcação sem as vistorias necessárias 
 
Compete à Justiça Militar julgar militar acusado de autorizar a navegação de uma balsa 
sem a realização de vistorias necessárias. Essa conduta caracteriza-se como sendo 
falsidade ideológica (art. 312 do CPM), sendo crime militar, nos termos do art. 9º, II, “e”, 
do CPM. STF. 1ª Turma. HC 110233/AM, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 10/10/2017 (Info 881). 
 
 
Competência para julgar Procurador da República 
 
Compete ao TRF julgar os crimes praticados por Procurador da República, salvo em caso 
de crimes eleitorais, hipótese na qual a competência é do TRE. 
 
Vale ressaltar que o Procurador da República é julgado pelo TRF em cuja área exerce 
suas atribuições, sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural. Ex: o Procurador da 
República lotado em Recife (PE) pratica um crime em Brasília. Ele será julgado pelo TRF 
da 5ª Região (Tribunal que abrange o Município onde ele atua) e não pelo TRF da 1ª 
Região (que abrange Brasília). 
Imagine agora que João, Procurador da República, é lotado na Procuradoria de Guarulhos 
(SP), área de jurisdição do TRF-3. Ocorre que este Procurador estava no exercício 
transitório de função no MPF em Brasília. O Procurador pratica um crime neste período. 
 
De quem será a competência para julgar João: do TRF3 ou do TRF1? 
Do TRF1. A 2ª Turma, ao apreciar uma situação semelhante a essa, decidiu que a 
competência seria do TRF1, Tribunal ao qual o Procurador da República está vinculado 
no momento da prática do crime, ainda que esse vínculo seja temporário. 
STF. 2ª Turma. Pet 7063/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 1º/8/2017 (Info 871). 
 
 
 
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Obs: houve empate na votação (2x2) e a conclusão acima exposta prevaleceu em virtude 
de a decisão ter sido tomada em habeas corpus no qual, em caso de empate, prevalece o 
pedido formulado em favor do paciente. 
 
 
 
Conduta de um dos pedófilos conexa com um grupo maior localizado em outro juízo 
 
Se o crime do art. 241-A do ECA for praticado por meio do computador da residência do 
agente localizada em São Paulo (SP), mesmo assim ele poderá ser julgado pelo juízo de 
Curitiba (PR) se ficar demonstrado que a conduta do agente ocorreu com investigações 
que tiveram início em Curitiba, onde um grupo de pedófilos ligados ao agente foi preso 
e, a partir daí, foram obtidas todas as provas. Neste caso, a competência do juízo de 
Curitiba ocorrerá por conexão, não havendo ofensa ao princípio do juiz natural. STF. 1ª 
Turma. HC 135883/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 6/6/2017 (Info 868). 
 
 
Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA praticado por meio de 
Whatsapp ou chat do Facebook: Justiça Estadual 
 
O STF fixou a seguinte tese: 
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou 
adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 
241-B do ECA), quando praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). 
STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. 
Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805). 
O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por 
meio da rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a 
postagem de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual 
propício ao livre acesso. Por outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre 
destinatários certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e, portanto, a 
competência é da Justiça Estadual. 
Assim, o STJ afirmou que a definição da competência para julgar o delito do art. 241-A 
do ECA passa pela seguinte análise: 
• Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação 
do material feita em sites que possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer 
parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. 
• Nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como 
nas conversas via Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça 
ESTADUAL. 
Isso porque tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede 
social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo emissor da 
mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está acessível a qualquer 
pessoa. 
Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi disponibilizado em 
um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. 
STJ. 3ª Seção. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
26/4/2017 (Info 603). 
 
 
 
A investigação criminal contra Prefeito deverá ser feita com o controle jurisdicional 
do TJ 
 
 
 
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O prefeito detém prerrogativa de foro, constitucionalmente estabelecida. Desse modo, os 
procedimentos de natureza criminal contra ele instaurados devem tramitar perante o 
Tribunal de Justiça (art. 29, X, da CF/88). Isso significa dizer que as investigações 
criminais contra o Prefeito devem ser feitas com o controle (supervisão) jurisdicional da 
autoridade competente (no caso, o TJ). STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 7/3/2017 (Info 856). 
 
A simples menção por um dos investigados do nome de autoridade com foro por 
prerrogativa de

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