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@DeltaCaveira10 LEGISLAÇÃO BIZURADA CÓDIGO DE PROCESSO PENAL DECRETO-LEI 3.689/41 2ª Edição 2020.2 2 LIVRO I DO PROCESSO EM GERAL TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES SISTEMAS PROCESSUAIS INQUISITIVO ACUSATÓRIO Funções Reunidas nas mãos do Juiz (acusar, defender e julgar) Há separação de funções (acusar, defender e julgar) Réu Objeto da investigação Sujeito de direitos Atos Sigilosos Públicos, salvo exceções legais Gestão da Prova Juiz é gestor da prova, podendo atuar de ofício, seja na investigação, seja no processo criminal. Partes são gestoras da prova. O juiz só atua quando provocado e excepcionalmente de ofício nos casos previstos em lei. Sistema da Prova Sistema da Prova Tarifada (confissão como rainha das provas) Sistema do Livre Convencimento Motivado ou da Persuasão Racional Presunção De Culpabilidade, podendo utilizar-se de tortura e meios cruéis para obter a confissão. Da Não Culpabilidade ou Inocência Julgador Parcial Imparcial e Equidistante Garantias Processuais Não há contraditório, ampla defesa ou devido processo legal. Todas as garantias constitucionais inerentes ao julgamento. Art. 1o O processo penal REGER-SE-Á, em todo o território brasileiro, por este Código, RESSALVADOS: (PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE, “LEX FORI” OU “LOCUS REGIT ACTUS”) I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); - inciso sem aplicabilidade, tendo em vista que o Tribunal Especial estava previsto na Constituição de 1937 (Tribunal de Segurança Nacional) e já foi extinto. V - os processos por crimes de imprensa. - inciso sem aplicabilidade, tendo em vista que a Lei de imprensa (Lei nº 5.250/67) não foi recepcionada pelo STF (ADPF 130/DF). Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. - Em relação à aplicação da lei no espaço, vigora o princípio da absoluta territorialidade da lei processual penal. Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (CP, art. 5º) e da extraterritorialidade incondicionada e condicionada (CP, art. 7º), o CPP adota o princípio da territorialidade ou da lex fori, que significa “A lei do local é aplicada no país”. Portanto, o CPP adota o princípio da territorialidade ou da lex fori, uma vez que a atividade jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo Estado. Na visão da doutrina, todavia, há situações excepcionais em que a lei processual penal de um Estado pode ser aplicada fora de seus limites territoriais, a saber: a) aplicação da lei processual penal de um Estado em território nullius (ex.: Antártida); b) quando houver autorização do Estado onde deva ser praticado o ato processual (Brasil já negou cooperação com a Argentina que pediu para ouvir testemunhas no Brasil segundo as leis argentinas. No caso, não houve autorização do Brasil); c) em caso de guerra, em território ocupado (ex.: ocupação militar no Haiti). 3 Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. (PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE OU “TEMPUS REGIT ACTUS”) - Consagra-se a adoção, entre nós, do princípio da aplicação imediata (ou princípio do efeito imediato) da lei processual. Portanto, no processo penal, vigora a regra do tempus regit actum, de onde podemos extrair duas consequências: a) a lei processual penal aplica-se imediatamente; b) os atos processuais já realizados são considerados válidos. Assim, se, por exemplo, a lei processual estabelece novas regras para a citação do acusado, as citações já efetuadas são válidas e a nova regra deverá ser aplicada às citações ulteriormente realizadas. - O direito processual brasileiro adota o sistema do isolamento dos atos processuais, de maneira que, se uma lei processual penal passa a vigorar estando o processo em curso, ela será imediatamente aplicada, sem prejuízo dos atos já realizados sob a vigência da lei anterior. - Se o ato processual for complexo e iniciar-se sob a vigência de uma lei de natureza processual penal e, antes de se completar, outra for promulgada, modificando-o, devem ser obedecidas as normas da lei antiga. - As normas previstas no CPP de natureza híbrida, ou seja, com conteúdo de direito processual e de direito material, devem respeitar o princípio que veda a aplicação retroativa da lei penal, quando seu conteúdo for prejudicial ao réu. - Alterada a lei processual, a nova deve ser aplicada, sem prejuízo do que já ocorreu no processo. No entanto, a doutrina vem entendendo que, no que tange às normas a respeito de medidas cautelares pessoais privativas ou restritivas de liberdade, por possuírem conteúdo misto, ou seja, penal e processual, deve-se seguir a regra do art. 5º, LV, da CF/88, que proíbe a retroação de norma penal, salvo para beneficiar o réu. SISTEMAS SOBRE A APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Sistema da unidade processual O processo só pode ser regulado por uma única lei, razão pela qual a lei nova não se aplica ao rito já iniciado, evitando-se efeito retroativo da lei nova e conferindo efeito ultrativo à lei anterior; Sistema das fases processuais As fases processuais de um mesmo processo podem ser reguladas por lei distintas promulgadas sucessivamente no tempo. Foi o sistema adotado, excepcionalmente, pela Lei de Introdução ao Código de Processo Penal, na norma de transição do seu art. 6º, que rezava que “as ações penais, em que já se tenha iniciado a produção de prova testemunhal, prosseguirão, até a sentença de primeira instância, com o rito estabelecido na lei anterior”; Sistema do isolamento dos atos processuais Adotado expressamente pelo sistema processual penal brasileiro (art. 2º, do CPP), consubstancia o princípio do tempus regit actum, razão pela qual, de um lado, os atos praticados sob a vigência da lei anterior são perfeitos, enquanto os atos ainda não praticados devem ser editados consoante a lei nova, de forma integral. Lei Processual no TEMPO Lei Processual no ESPAÇO A lei processual penal, de regra, tem aplicação imediata, atingindo inclusive os processos que já estão em curso (tempus regit actum). A lei processual penal é informada pelo princípio da territorialidade absoluta. Tem aplicação a todos os processos em trâmite no território nacional (locus regit actum). LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO Regra: lei estritamente processual Exceção: lei mista/híbrida/material Noção É a lei que contém apenas preceitos de direito processual. É a lei que traz preceitos de direito processual e de direito penal. Como se aplica Aplicação imediata com preservação dos atos anteriores. Princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata. Não pode haver cisão. Prevalece o aspecto penal: se este for benéfico, a lei retroage por completo, se for maléfico, a lei não retroage. 4 #NÃOCONFUNDA: NORMAS HETEROTÓPICAS NORMAS MISTAS/HÍBRIDAS/MATERIAIS São normas que possuem uma determinada natureza (material ou processual), em que pesem estar incorporadas em diploma de caráter diverso. São normas que possuem dupla natureza, ou seja, material em determinada parte e processual em outra. - Única natureza; - Incorporada em diploma diverso. - Dupla natureza; - Não há incorporação emdiploma diverso. Aplicação: - Se de direito penal em diploma processual: retroage; Se de direito processual em diploma penal: aplicação imediata. Aplicação: Não pode haver cisão. Prevalece o aspecto material: - se for benéfico: a lei retroage por completo; - se for maléfico: a lei não retroage. Ex.: norma de direito material incorporada no CPP, e vice-versa. Ex.: norma que apresenta metade direito material e metade direito processual. Ex. prático1: direito ao silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório, o qual, apesar de previsto no CPP (art. 186), possui caráter nitidamente assecuratório de direitos (material); Ex. prático2: normas gerais que trataram da competência da Justiça Federal, que, conquanto previstas no art. 109 da Carta Magna, que é um diploma material, são dotadas de natureza evidentemente processual. Ex. prático: art. 366 do CPP: "Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312." Sua composição é híbrida, pois o dispositivo contempla regras de direito processual (suspensão do processo) e de direito material (suspensão da prescrição). Depois de muita discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a possibilidade de retraogir do dispositivo, firmou-se entendimento de ser mais grave a norma que manda suspender a prescrição (novatio legis in pejus), não poderia retroagir, e, por isso, o artigo não poderia incidir sobre fatos anteriores. Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. A lei processual penal admitirá Interpretação extensiva; Analogia; Princípios gerais de direito. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) ATENÇÃO: DISPOSITIVO SUSPENSO PELO STF Juiz das Garantias Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura ACUSATÓRIA, VEDADAS a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. Obs.: Com o pacote anticrime, o CPP passou a adotar expressamente o sistema ACUSATÓRIO. Art. 3º-B. O JUIZ DAS GARANTIAS é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, COMPETINDO-LHE ESPECIALMENTE: I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; 5 V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; XI - decidir sobre os requerimentos de: a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; c) busca e apreensão domiciliar; d) acesso a informações sigilosas; e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação; XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, PRORROGAR, uma única vez, a DURAÇÃO DO INQUÉRITO por ATÉ 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. Art. 3º-C. A COMPETÊNCIA do juiz das garantias ABRANGE todas as infrações penais, EXCETO as de menor potencial ofensivo, e CESSA com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. § 2º As DECISÕES proferidas pelo juiz das garantias NÃO VINCULAM o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo MÁXIMO de 10 (dez) dias. § 3º Os AUTOS que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e NÃO SERÃO apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, RESSALVADOS os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. 6 Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direitoà informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. JUIZ DAS GARANTIAS (características gerais) Responsável pelo (a) * controle da LEGALIDADE da investigação criminal; e * salvaguarda dos DIREITOS INDIVIDUAIS cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário. Competência * ABRANGE todas as infrações penais. EXCETO as de menor potencial ofensivo; * CESSA com o recebimento da denúncia ou queixa. Decisões * NÃO VINCULAM o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo MÁXIMO de 10 (dez) dias. Impedimento *O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º FICARÁ IMPEDIDO de funcionar no processo. TÍTULO II DO INQUÉRITO POLICIAL Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. Art. 144º, § 4º, CF - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. A presidência de investigação de natureza criminal não é privativa da polícia judiciária. Outras autoridades administrativas podem presidir investigação, como ocorre nos seguintes exemplos: a) inquéritos parlamentares presididos pelas CPI's (art. 58, § 3°, da CF). Tais investigações serão remetidas ao Ministério Público; b) atuação das polícias legislativas, cuja possibilidade de instituição foi consagrada pelos arts. 27, § 3°, 51, inc. IV e art. 52, inc. XIII, da CF. - Súmula n° 397, STF: "o poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o Regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito"; c) inquéritos militares, presididos por oficiais de carreira, e que terão por objeto as infrações militares (art. 9°, do CPPM); d) investigação dos crimes praticados por membros do Ministério Público, que será conduzida por um membro do próprio MP (art. 18, p. único, da LC n° 75/93 e art. 41, p. único, da Lei nº 8.625/93); e) investigação dos crimes praticados por magistrados, que será conduzida pelo próprio Poder Judiciário (art. 33, p. único, da LC nº 35/79); f) investigação de delitos praticados nas dependências do Tribunal. A investigação dos delitos ocorridos na sede do Tribunal ficará a cargo do seu Presidente ou de um membro designado (art. 43, caput e § 1°, do Regimento Interno do STF); g) investigações presididas pelo Ministério Público (inquérito ministerial ou PIC – procedimento investigativo criminal). A matéria já gerou bastante polêmica, mas o STF já pacificou o tema: 7 #INFO - Investigação criminal pelo ministério público. O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785). - Legitimidade do MP para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal. O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado. STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787). - Súmula nº 234, STJ: “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.” Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. - A requisição do Magistrado ou do Ministério Público obriga a instauração do inquérito; - Não há vínculo hierárquico do delegado e o cumprimento é devido por imposição da lei; - Ressalva-se a hipótese da ordem ser manifestamente ilegal, onde a recusa é legítima. § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá SEMPRE QUE POSSÍVEL: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2o Do despacho que INDEFERIR o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. (delatio criminis simples) #INFO JURISPRUDÊNCIA SOBRE DENÚNCIA ANÔNIMA - Denúncias anônimas. As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. 8 STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). - É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em denúncia anônima. É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade prisional recebeu uma ligação anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu marido João, tentaria entrar no presídio com droga. Diante disso, a diretora ordenou que a agente penitenciária fizesse uma revista minuciosa em Rafaela. Na revista íntima efetuada, a agente penitenciária encontrou droga escondida na vagina da visitante. Rafaela confessou que estava levando a droga para seu marido. A prova colhida é ilícita. STJ. 6ª Turma. REsp 1.695.349-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,julgado em 08/10/2019 (Info 659). - Não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima”. A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). - Não é possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em "denúncia anônima". A Lei nº 9.296/96 exige, para que seja proferida decisão judicial autorizando interceptação telefônica, que haja indícios razoáveis de autoria criminosa. Singela delação não pode gerar, só por si, a quebra do sigilo das comunicações. STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP. Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/10/2012. - Ingresso em domicílio sem autorização. Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia. A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623). § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. (delatio criminis postulatória – condição de procedibilidade) Obs.: A representação em comento não exige formalidade específica, bastando que expresse a vontade do legitimado na apuração do fato criminoso (STJ, RHC 26049). § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial SOMENTE poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. INÍCIO DO INQUÉRITO Ação Penal Pública Incondicionada (Art. 5º, caput) - de ofício, pela autoridade policial, que elabora portaria inaugural; - por requisição do juiz; - por requisição do MP; - por requerimento do ofendido ou seu representante legal; ou - por auto de prisão em flagrante - APF. Ação Penal Pública Condicionada a Representação (Art. 5º, § 4o) - por representação do ofendido ou seu procurador; ou - por requisição do Ministro da Justiça, quando cabível. Ação Penal Privada (Art. 5º, § 5º) - por requerimento do ofendido. 9 Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial DEVERÁ: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, SE POSSÍVEL, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. (reconstituição do crime) Obs.: O investigado poderá́ ser conduzido coercitivamente à reprodução, mas não poderá ser obrigado a participar. A participação do indiciado é facultada à sua vontade, afinal não está obrigado a se autoincriminar (princípio do nemo tenetur se detegere). Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II (Da prisão em flagrante) do Título IX deste Livro. Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. (IP É ESCRITO) Art. 10. O inquérito DEVERÁ TERMINAR no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. #NÃOCONFUNDA: PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL Previsão Legal Preso Solto CPP (Regra Geral) 10 dias, prorrogáveis por até 15 #PACOTEANTICRIME Obs.: Suspenso pelo STF 30 dias, prorrogáveis Polícia Federal 15 dias + (15) 30 dias Crimes contra a Economia Popular 10 dias 10 dias Lei de Drogas 30 dias + (30) 90 dias + (90) Inquérito Militar 20 dias 40 dias + (20) § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2o No relatório PODERÁ a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 10 Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 13. INCUMBIRÁ ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva. (citar na peça-prática p/ DELEGADO) Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da VÍTIMA ou de SUSPEITOS. Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: I - o nome da autoridade requisitante; II - o número do inquérito policial; e III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. Art. 13-A do CPP Visa a obtenção de dados e informações cadastrais de vítimas ou de suspeitos sobre determinados crimes, SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, de quaisquer órgãos do poder público ou empresa de iniciativa privada. Crimes Cabíveis CP ECA Sequestro (art. 148); Redução a Condição Análoga à de Escravo (art. 149); Tráfico de Pessoas (art. 149-A); Sequestro Relâmpago (art. 158, § 3º); e Extorsão Mediante Sequestro (art. 159). Tráfico de Criança ou Adolescente para o Exterior (art. 239). Legitimados Ministério Público ou Delegado de Polícia Autorização Judicial Não Pra quem? Quaisquer órgãos do poder público ou Empresa de iniciativa privada O que? Dados e informações cadastraisDe quem? Vítimas ou Suspeitos Prazo p/ atendimento da Requisição 24 horas Requisição conterá a) nome da autoridade requisitante; b) número do IP; c) Identificação da Unidade de Polícia Judiciaria responsável pela Investigação. Art. 13-B. Se necessário à PREVENÇÃO e à REPRESSÃO dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem IMEDIATAMENTE os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da VÍTIMA ou dos SUSPEITOS do delito em curso. § 1o Para os efeitos deste artigo, SINAL significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. § 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei (Lei nº 9.292/96); II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período NÃO SUPERIOR a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art148 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art149 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art149a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art158§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art159 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art159 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art239 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art239 11 III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. § 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial DEVERÁ ser instaurado no PRAZO MÁXIMO de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. § 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem IMEDIATAMENTE os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (cláusula de reserva de jurisdição temporária) Art. 13-B do CPP Quando necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, visa a obtenção de meios técnicos adequados - sinais, informações e outros - que permitem a localização da vítima ou de suspeitos do delito em curso, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, das empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemáticas. Crimes Cabíveis Necessário a prevenção ou repressão dos crimes relacionados ao Tráfico de Pessoas. Legitimados Ministério Público ou Delegado de Polícia Autorização Judicial Sim (Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade competente requisitará imediatamente às Empresas de Telecomunicações, com imediata comunicação ao juiz – cláusula de reserva de jurisdição temporária). Pra quem? Empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou Telemáticas, que disponibilizem imediatamente os.. O que? Meios técnicos adequados - sinais, informações e outros - que permitem a localização da.. De quem? Vítima ou Suspeitos do delito em curso. Significado de Sinal Posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. Prazo p/ fornecimento do Sinal Período não superior a 30 dias, renovável por uma única vez, por igual período. (Para períodos superiores, será necessária a apresentação de ordem judicial). Prazo p/ início do IP 72 horas (prazo máximo) Contado do registro da respectiva ocorrência. Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. (IP É DISCRICIONÁRIO) Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. Obs.: Para a doutrina, o dispositivo foi tacitamente revogado pelo CC. #PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal (PF, PRF, PFF, PC, PM e BM) figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado PODERÁ constituir defensor. § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de ATÉ 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação DEVERÁ intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. § 6º As disposições constantes deste artigo se APLICAM aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal (Exército, Marinha e Aeronáutica), DESDE QUE os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art23 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 12 Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Art. 17. A autoridade policial NÃO PODERÁ mandar arquivar autos de inquérito. (IP É INDISPONÍVEL) Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial PODERÁ proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. - Súmula nº 524, STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL E COISA JULGADA Motivo do Arquivamento É Possível Desarquivar? Coisa Julgada Insuficiência de provas SIM (Súmula nº 524, STF) Formal Ausência de pressuposto processual ou de condições da ação SIM Formal Falta de justa causa para a ação (não há indícios de autoria ou prova da materialidade) SIM Formal Fato Atípico NÃO Material Excludente de Ilicitude STJ: NÃO Material STF: SIM Formal Excludente da Culpabilidade NÃO Material Causa Extintiva da Punibilidade NÃO Exceção: Certidão de óbito falsa Material Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. (IP É SIGILOSO) - Súmula Vinculante nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercíciodo direito de defesa.” Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial NÃO PODERÁ mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) Obs.: Para a maioria da doutrina, tal dispositivo não foi recepcionado pela CF, tendo em vista que esta não admite a incomunicabilidade nem mesmo durante o estado de defesa. Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas PODERÁ, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 13 INQUÉRITO POLICIAL Conceito e Finalidade O inquérito policial é um procedimento administrativo preliminar, presidido pela autoridade policial, que tem por objetivo a apuração da autoria, da materialidade (existência) e das circunstâncias da infração (art. 2°, § 1° da Lei nº 12.830/13), e a sua finalidade é contribuir na formação do convencimento (opinião delitiva) do titular da ação penal, que em regra é o Ministério Público, e excepcionalmente, a vítima (querelante). Natureza Jurídica O inquérito policial é um procedimento de índole eminentemente administrativa, de caráter informativo, preparatório da ação penal. Rege-se pelas regras do ato administrativo em geral. Caracteristicas Sigiloso O inquérito não comporta publicidade, sendo procedimento essencialmente sigiloso. O advogado do indiciado pode consultar os autos do inquérito policial (art. 7°, XIII a XV e XXI, e §§ 1°, 10, 11 e 12, da Lei n° 8.906/1994 - Estatuto da OAB e Súmula Vinculante nº 14, STF). Dispensável O inquérito não é imprescindível para a propositura da ação penal. Contudo, se o inquérito policial for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a inicial acusatória apresentada (art. 12, do CPP). Escrito O inquérito, por exigência legal, deve ser escrito (art. 9° do CPP). Os atos produzidos oralmente serão reduzidos a termo. Outras formas podem ser usadas complementarmente para imprimir maior fidelidade ao ato. Inquisitorial As atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade e não há oportunidade para o exercício do contraditório ou da ampla defesa. Excepcionalmente, existem inquéritos extrapoliciais onde a defesa é de rigor (inquérito para a decretação da expulsão de estrangeiro). Tem-se que assegurar ao indiciado a realização efetiva da defesa necessária no próprio inquérito, além da produção de elementos que terão força probatória ao longo da persecução penal. Oficial O delegado de polícia de carreira, autoridade que preside o inquérito policial, constitui-se em órgão oficial do Estado (art. 144, § 4°, da CF). Oficioso Na ação penal pública incondicionada, a autoridade policial deve atuar de ofício. Na ação penal pública condicionada e ação penal privada (inclusive em casos de delação anônima), a autoridade policial depende da permissão da vítima para poder atuar. Indisponível A persecução criminal é de ordem pública, e uma vez iniciado o inquérito, não pode o delegado de polícia dispor do mesmo. Discricionário O delegado de polícia conduz as investigações da forma que melhor lhe aprouver. Só não poderá indeferir a realização do exame de corpo de delito, quando a infração praticada deixar vestígios. Tem que atender às requisições do Juiz e do MP. Prazos CPP (Regra Geral Preso: 10 dias, prorrogáveis por até 15 #PACOTEANTICRIME Obs.: Suspenso pelo STF Solto: 30 dias, prorrogáveis Polícia Federal Preso: 15 dias + (15) Solto: 30 dias Crimes contra a Economia Popupar Preso: 10 dias Solto: 10 dias Lei de Drogas Preso: 30 dias + (30) Solto: 90 dias + (90) 14 CPPM Preso: 20 dias Solto: 40 dias + (20) Início do IP AP Pública Incondicionada (Art. 5º, caput) - de ofício, pela autoridade policial, que elabora portaria inaugural; - por requisição do juiz; - por requisição do MP; - por requerimento do ofendido ou seu representante legal; ou - por auto de prisão em flagrante - APF. AP Pública Condicionada a Representação (Art. 5º, § 4o) - por representação do ofendido ou seu procurador; ou - por requisição do Ministro da Justiça, quando cabível. AP Privada (Art. 5º, § 5º) - por requerimento do ofendido. Notitia Criminis Espontâneo ou de Cognição Imediata ou Direta Ocorre quando a própria autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso de forma direta, por meio de suas atividades rotineiras. Ex.: quando se toma ciência da infração penal pela imprensa, pela vítima, pelos comparsas do criminoso, pela ronda policial, pela denúncia anônima (notitia criminis inqualificada) ou pela delatio criminis (comunicação feita por qualquer pessoa do povo, e não pela vítima ou seu representante legal). Provocada ou de Cognição Mediata ou Indireta Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso de forma indireta, por meio de algum ato jurídico de comunicação formal. Ex.: requerimento ou representação da vítima ou seu representante legal, requisição do MP ou da autoridade judiciária. Coercitiva Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de uma prisão em flagrante. Pode representar hipótese de notícia crime espontânea, quando quem realizada a prisão é a própria autoridade policial ou seus agentes, ou provocada, quando quem realiza a prisão é um particular (art. 301 do CPP). Inqualificada, Delação Apócrifa ou Denúncia Anônima Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso através de uma denúncia anônima. STF e STJ têm admitido a denúncia anônima apenas quando precedida de diligências preliminares que atestem a verossimilhança dos fatos noticiados. Delatio Criminis Simples É a comunicação do crime feita por terceira/qualquer pessoa. Está prevista do art. 5°, § 3°, do CPP. Postulatória É a comunicação do crime feita pela vítima ou por seu representante legal, nos crimes de ação penal pública condicionada a representação, funcionando como verdadeira condição de procedibilidade. Está prevista no art. 5°, § 4°, do CPP. Indiciamento Conceito É o ato privativo do Delegado de Polícia, consistente em atribuir a provável autoria ou a participação de uma infração penal à alguém, ou seja, é apontar como provável autor ou partícipe de um delito. Com o indiciamento, passa-se de um juízo de possibilidade para probabilidade de autoria. Momento Pode ocorrer já no auto de prisão em flagrante ou até mesmo no relatório final da autoridade de polícia judiciária, mas deve ser durante o inquérito. Não pode ocorrer o indiciamento quando o processo já está em andamento. Legitimidade É ato privativo do Delegado de Polícia. 15 Não pode o Juiz ou Promotor obrigar o delegado a indiciaralguém. Espécies Direto: Ocorre quando o indiciado está presente; Indireto: Ocorre quando o indiciado está ausente (foragido). Desindiciamento Nada impede que a autoridade policial, ao entender, no transcurso das investigações, que a pessoa indiciada não está vinculada ao fato, promova o desindiciamento, seja na evolução do inquérito, ou no relatório de encerramento do procedimento. De qualquer sorte, tudo deve ser descrito no relatório, de forma a permitir a pronta análise pelo titular da ação penal. #SELIGANOCONCEITO: Desindiciamento Coacto: é o desindiciamento determinado judicialmente em habeas corpus impetrado contra indiciamento menifestamente ilegal. Não podem ser indiciados 1) Magistrados (art. 33, p. único, LC nº 35/79); 2) Membros do MP (art. 18, p. único, LC nº 75/93; art. 41, p. único, Lei n° 8.625/93) SÚMULAS SOBRE INQUÉRITO STF STJ - Súmula Vinculante nº 11: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” - Súmula Vinculante nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” - Súmula nº 524: “Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.” Súmula n° 397: "o poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o Regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito." - Súmula nº 234: “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.” - Súmula nº 444: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena- base.” - Súmula nº 522: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.” #ATENÇÃONOVASÚMULA - Súmula nº 636, STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência.” #NÃOCONFUNDA: Inquéritos policiais e/ou ações penais em cursos podem ser utilizados no processo penal? Para agravar a pena-base (1ª fase da dosimetria) NÃO (Súmula nº 444, STJ) Para decretação da prisão preventiva como garantia da ordem pública SIM (RHC 70.698, STJ) Para afastar a causa de diminuição de pena do art. 33, § 4º (tráfico privilegiado), da Lei de Drogas STJ SIM (Info 596) STF NÃO (Info 967) 16 #INFO JURISPRUDÊNCIA SOBRE INQUÉRITO - Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos em inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002. Caso concreto: a Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério Público estadual e do Juízo de Direito, conduziu inquérito policial destinado a apurar crimes de competência da Justiça Estadual. Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para apurar tais delitos considerando que não se enquadravam nas hipóteses do art. 144, § 1º da CF/88 e do art. 1º da Lei nº 10.446/2002. A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na ação penal instaurada com base nos elementos informativos colhidos. O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e por membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a causa). O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e não obrigatório à regular instauração do processo-crime, cuja finalidade consiste em subsidiar eventual denúncia a ser apresentada pelo Ministério Público, razão pela qual irregularidades ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo- crime. O art. 5º, LIII, da Constituição Federal, afirma que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Esse dispositivo contempla o chamado “princípio do juiz natural”, princípio esse que não se estende para autoridades policiais, considerando que estas não possuem competência para julgar. Logo, não é possível anular provas ou processos em tramitação com base no argumento de que a Polícia Federal não teria atribuição para investigar os crimes apurados. A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 10.446/2002 e eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam implicar responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem gerar a nulidade do inquérito ou do processo penal. STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (Info 964). - Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados com o seu direito de defesa. Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante 14. Isso porque é excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de diversas pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele. STF. 1ª Turma. Rcl 25872 AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/12/2019 (Info 964). - É possível o compartilhamento, sem autorização judicial, dos relatórios de inteligência financeira da UIF e do procedimento fiscalizatório da Receita Federal com a Polícia e o Ministério Público. 1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional. 2. O compartilhamento pela UIF e pela RFB, referente ao item anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios. STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990) (Info 962). 17 - Não há violação da SV 14 se os elementos de prova estão disponíveis nos autos para as partes. Não há violação da súmula vinculante 14 no caso em que, ao contrário do que alega a defesa, os áudios interceptados foram juntados ao inquérito policial e sempre estiveram disponíveis para as partes, inclusive na forma digitalizada depois de deflagrada a investigação. Súmula vinculante 14-STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado porórgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Caso concreto: defesa ingressou com reclamação no STF alegando que o magistrado não permitiu que ela tivesse acesso ao procedimento de interceptação telefônica que serviu de base ao oferecimento da denúncia. Ficou provado, no entanto, que o procedimento estava disponível para a defesa, de forma que não houve violação à SV 14. STF. 1ª Turma. Rcl 27919 AgR/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (Info 949). - É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. STJ. 6ª Turma. RHC 98.056-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019 (Info 652). - É nulo o interrogatório travestido de entrevista realizado pela autoridade policial com o investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem assistência de advogado e sem a comunicação de seus direitos. É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia consulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. Trata-se de um “interrogatório travestido de entrevista”, havendo violação do direito ao silêncio e à não autoincriminação. STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2019 (Info 944). - Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933). - STF, ao receber pedido da PGR para remessa de investigação contra Senador para a 1ª instância, determinou o retorno dos autos ao MP a fim de que apresente os indícios contra o investigado. Em 2016, foi instaurado inquérito no STF para apurar crimes de corrupção passiva (art. 317 do CP) e de lavagem de dinheiro (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98) que teriam sido praticados por Aécio Neves. O Delegado de Polícia Federal concluiu as investigações, opinando, no relatório policial, pelo arquivamento do inquérito sob a alegação de que não foram reunidos indícios contra o investigado. A Procuradoria-Geral da República afirmou que, após a manifestação do Delegado, surgiram novos indícios e que, portanto, as investigações deveriam continuar. Afirmou, contudo, que o STF deveria remeter os autos à 1ª instância para que as investigações continuassem lá, tendo em vista que os delitos praticados por Aécio Neves teriam sido praticados fora do cargo de parlamentar federal, não havendo competência do STF. O STF determinou o retorno dos autos à PGR para que ela conclua as diligências ainda pendentes de execução, no prazo de 60 dias, e que depois apresente manifestação conclusiva nos autos, apontando concretamente os novos elementos de prova a serem considerados. 18 De posse de manifestação mais objetiva da PGR, com provas suficientes para eventual continuidade das investigações, o STF poderá avaliar se é mesmo o caso de arquivamento ou se a investigação deve prosseguir e em que condições. STF. 2ª Turma. Inq 4244/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/11/2018 (Info 924). - O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade. O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF). A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das investigações. Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o fim do foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o inevitável. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912). STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018. - É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial. A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824). - Tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o MPF. Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. STJ. 5ª Turma. RMS 46.165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015 (Info 574). - Tramitação direta do IP entre Polícia e MP. É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério Público. É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto. STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014 (Info 741). - O MP, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso às OMPs. O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso a ordens de missão policial (OMP). Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas em face de atuação como polícia investigativa, decorrente de cooperação internacional exclusiva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordode sigilo, o acesso do Ministério Público não será vedado, mas realizado a posteriori. STJ. 2ª Turma. REsp 1.365.910-RS, Rel. Min. Humberto Martins. Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques. julgado em 05/04/2016 (lnfo 590). 19 - MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal. O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal. O controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à atividade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou seja, relacionados com a atividade de investigação criminal. O poder fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a "todos os relatórios de inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, incluindo aqueles não destinados a aparelhar procedimentos investigatórios criminais formalizados. STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587). - Indiciamento é atribuição exclusiva da autoridade policial, não podendo ser determinado por magistrado. O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. É por meio do indiciamento que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a autora do ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual o delegado de polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela prática criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio. Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC 47.984-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014 (Info 552). TF. 2ª Turma. HC 115015/SP. Rel. Min Teari Zavascki. julgado em 27/8/2013 (lnfo 717). - Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função. Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade. Ex.: em um inquérito criminal que tramita no STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ autorização para realizar o indiciamento do referido Governador. Chama-se atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825). - Investigação criminal envolvendo autoridades com foro privativo no STF. As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser iniciadas após autorização formal do STF. De igual modo, as diligências investigatórias envolvendo autoridades com foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e autorizadas pelo STF. Diante disso, indaga-se: depois de o PGR requerer alguma diligência investigatória, antes de o Ministro-Relator decidir, é necessário que a defesa do investigado seja ouvida e se manifeste sobre o pedido? NÃO. As diligências requeridas pelo Ministério Público Federal e deferidas pelo Ministro-Relator são meramente informativas, não suscetíveis ao princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à defesa controlar, “ex ante”, a investigação, o que acabaria por restringir os poderes instrutórios do Relator. 20 Assim, o Ministro poderá deferir, mesmo sem ouvir a defesa, as diligências requeridas pelo MP que entender pertinentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. STF. 2ª Turma. Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015 (Info 812). - É necessário que o Ministério Público requeira ao TJ autorização para investigar a autoridade com foro privativo naquele Tribunal? NÃO. Não há necessidade de prévia autorização do Judiciário para a instauração de inquérito ou procedimento investigatório criminal contra investigado com foro por prerrogativa de função. Isso porque não existe norma exigindo essa autorização, seja na Constituição Federal, seja na legislação infraconstitucional. Logo, não há razão jurídica para condicionar a investigação de autoridade com foro por prerrogativa de função a prévia autorização judicial. STJ. 5ª Turma. REsp 1563962/RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/11/2016. Em Resumo: - Investigação envolvendo autoridades com foro privativo no STF: é necessária prévia autorização judicial (STF Inq 2411 QO). - Investigação envolvendo autoridades com foro privativo em outros tribunais: não é necessária prévia autorização judicial (REsp 1563962/RN). TÍTULO III DA AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRINCÍPIOS COMUNS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E AÇÃO PENAL PRIVADA Ne procedat iudex ex officio (princípio da inércia da jurisdição) Ao juiz não é permitido instaurar de ofício um processo penal condenatório. Caso atue de ofício, o juiz, estará violando o sistema acusatório e o princípio da garantia imparcialidade. - Exceção: Salienta-se que se o processo não for condenatório o juiz poderá instaurar de ofício. Ex.: habeas corpus (art. 664, § 2º do CPP) e a execução penal. CPP, art. 654: “O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. (...) § 2º: Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.” Obs.: O processo judicialiforme (ação penal de ofício) era um processo que se iniciava por meio de portaria do juiz, quando se tratava de contravenção penal, nos termos do art. 26 do CPP. Obviamente, o art. 26 do CPP não foi recepcionado pela CF. Ne bis in idem processual Trata-se da inadmissibilidade da persecução penal múltipla. Para o Direito Penal, o ne bis in idem traz a ideia de que uma mesma circunstância não pode ser sopesada duas vezes. Por exemplo, homicídio qualificado por motivo fútil não pode ser utilizado a agravante do motivo fútil na dosimetria da pena, já que este qualifica o crime. No Processo Penal significa que ninguém poderá ser processado duas ou mais vezes pela mesma imputação. Perceba que está diretamente relacionado com a ideia de segurança jurídica. - Previsão: art. 8º, 4 da CADH (possui status normativo supralegal): 21 CADH, art. 8º: “Garantias judiciais. (...) 4. O acusadoabsolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.” Obs.: Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade, mesmo que com vício de incompetência absoluta, é capaz de transitar em julgado e produzir seus efeitos, dentre eles, o de impedir que o agente seja novamente processado pela mesma imputação. Não existe revisão criminal em favor da sociedade (STF HC 86.606, HC 92.912). Intranscedência Também chamado de Princípio da Personalidade ou Pessoalidade da Pena. - Previsão: art. 5º, XLV da CF: CF, art. 5º, XLV: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” A ação penal só pode ser proposta contra o provável autor ou partícipe do delito penal. AÇÃO PENAL PÚBLICA Obrigatoriedade Também chamado de Princípio da Legalidade Processual. - Previsão: art. 24 do CPP: CPP, art. 24: “Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.” Significa que presentes as condições da ação penal e havendo justa causa, o MP está obrigado a oferecer denúncia. Desta forma, não se reserva ao MP qualquer juízo de discricionariedade quando constatada a presença de conduta delituosa e das condições da ação penal. - Exceções: * Transação Penal - conhecido como obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade regrada (art. 76, da Lei nº 9.099/95); * Acordo de Leniência - acordo de brandura ou acordo de doçura (arts. 86 e 87, da Lei nº 12.259/11) * Parcelamento do crédito tributário (art. 83, § 2º, da Lei nº 9.430/96); * Termo de ajustamento de conduta em crimes ambientais - TAC; * Colaboração premiada na Lei de Organizações Criminosa - se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador for o primeiro a colaborar, e não for o líder da organização criminosa (art. art. 4º, § 1º, da Lei nº 12.850/13); - Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A, CP). #PAC Indisponibilidade Também chamado de Princípio da Indesistibilidade. - Previsão: art.s 42 e 576 do CPP. CPP, art. 42. “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” CPP, art. 576. “O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.” 22 O MP não pode desistir da ação penal proposta (art. 42 CPP) e nem do recurso que haja interposto (art. 576 CPP). - Exceções: * Suspensão condicional do processo (art. 89, da Lei nº 9.099/95) que cabe em crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano (não só nos juizados); * Transação penal mesmo após o oferecimento da denúncia, no caso de IMPO (art. 79, da Lei nº 9.099/95). Divisibilidade (majoritária) Há controvérsia sobre o caráter (in)divisível da ação penal pública: - 1ª Corrente (minoritária): entende que, na ação penal pública, vigora o princípio da indivisibilidade. Havendo elementos de informação o MP é obrigado a oferecer denúncia contra todos os acusados. Se precisar aprofundar investigações, não existem elementos suficientes para oferecer denúncia, portanto esta não deve ser oferecida ainda; - 2ª Corrente (majoritária): na ação penal pública vige o princípio da divisibilidade, podendo o MP oferecer denúncia contra alguns suspeitos, sem prejuízo do aprofundamento das investigações em relação aos demais. A doutrina ainda diverge, mas prevalece a divisibilidade nos Tribunais Superiores. Isto é, havendo dois supostos autores, nada impede que o MP ofereça denúncia em face de um autor e não ofereça em relação a outros, pois estaria ele angariando mais informações para tanto. Oficialidade Quem dá início à ação penal pública é o MP, que é órgão oficial do Estado. AÇÃO PENAL PRIVADA Conveniência ou Oportunidade Significa que, mediante critérios próprios de oportunidade e conveniência, cabe ao ofendido deliberar se irá ou não exercer seu direito de queixa ou seu direito de representação. Caso o ofendido não tenha interesse em exercer o seu direito de queixa, há duas opções: * DECADÊNCIA pelo decurso do prazo (6 meses, em regra); ou * RENÚNCIA ao direito de queixa. Disponibilidade Trata-se de desdobramento do princípio da oportunidade. Fala-se em oportunidade e conveniência antes do exercício do direito de queixa. A partir do momento em que o direito de queixa foi exercido, fala-se em disponibilidade. Assim, ainda que o ofendido tenha oferecido queixa-crime, poderá dispor do processo. O querelante pode dispor da ação penal privada mediante: * PERDÃO do ofendido, que depende de aceitação; * PEREMPÇÃO, que é a desídia processual, com consequente extinção da punibilidade; * DESISTÊNCIA da ação, que depende de concordância do acusado. Indivisibilidade - Previsão: art. 48 do CPP: CPP, art. 48. “A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.” O processo de um obriga ao processo de todos. Ou seja, ou processa-se todos ou não se processa ninguém. A renúncia e o perdão concedidos a um dos coautores estendem-se ao demais (no perdão, caso um dos coautores não aceite, continuará correndo contra ele o processo). A indivisibilidade se refere aos envolvidos na prática delituosa e não nos crimes que tenham sido praticados. Ou seja, pode o querelante, se assim 23 quiser, ajuizar o processo contra o querelado no que diz respeito a um único crime, mesmo tendo este cometido outros contra aquele. Obs.: O que acontece se a ação penal privada não for proposta contra todos? O que ocorre se um dos autores ou partícipes, podendo ser processado pelo querelante, ficar de fora? Qual é a consequência do desrespeito ao princípio da indivisibilidade? Em se tratando de omissão voluntária (deliberada) do querelante, ou seja, se o querelante deixou de incluir algum corréu, subentende-se que houve renúncia tácita, estendendo-se aos demais réus. Em se tratando de omissão involuntária do querelante, ou seja, não tendo consciência do envolvimento de outras pessoas, deverá ser instado pelo MP a fazer o aditamento, sob pena de, não o fazendo, subentender-se que houve renúncia tácita. STJ. 5ª Turma. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562). CLASSIFICAÇÕES Ação de PREVENÇÃO PENAL É aquela iniciada com o objetivo de obter a absolvição imprópria, aplicando medida de segurança aos absolutamente inimputáveis. Ação penal POPULAR Seria aquela exercitável por qualquer do povo. A Lei nº 1.079/50 permite que qualquer do povo ofereça "denúncia" nos crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República, Ministros de Estado, Ministros do STF, Procurador Geral da República, Governadores de Estado e seus secretários. Todavia, o ato deve ser encarado como mera notícia crime, e não como efetivo direito de ação, já que a ação pública é privativa do MP. A legitimidade popular subsiste na ação de habeas corpus, que é uma ação penal popular de natureza não condenatória. Ação penal PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Prevê o Decreto-lei nº 201/67, em seu art. 2°, § 2°, que nos crimes praticados por prefeitos, a inércia do Ministério Público estadual (atuação do Procurador Geral de Justiça) em promover a persecução levaria à provocação do Ministério Público Federal (na figura do Procurador Geral da República), suprindo-se a omissão, numa verdadeira ação pública subsidiária da pública. O instituto não foi recepcionado pela Constituição Federal, sendo cabível, na espécie, ação privada subsidiária
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