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PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR (PCC) UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE TEOLOGIA DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS TEOLÓGICOS (CEL1004) / TURMA: 9001 TUTOR: ERNANI JOSÉ ANTUNES ENTRE O SAGRADO E O HUMANO: A HIEROFANIA NOSSA DE CADA DIA XXXXXXXXXXXXXX MATRÍCULA: XXXXXXXXX XXXXXXXXXXX- XX 2020 1. INTRODUÇÃO A presente atividade Prática como Componente Curricular (PCC) da disciplina Introdução aos Estudos Teológicos tem o objetivo de compreender como a teologia cristã se mostra com base em seus padrões culturais, apontando a percepção do fazer teológico introduzido na realidade cotidiana do ser humano. Relacionar as situações do dia a dia com o sagrado, com a fé, com o divino traz conceitos, explicações e importantes informações que permitem conhece e entender como a manifestação da fé através da adoração a divindades, o respeito, a obediência a rituais, a elementos e objetos sagrados podem influenciar na vida humana, em seu convívio social, na forma de pensar e de ver o meio ao qual faz parte, dando sentindo a vida. 2. O QUE É O SAGRADO? A definição do sagrado, ou seja, do que é sagrado atribui aquilo que é de âmbito superior a realidade humana. Sendo o inexplicável que pode ser explicado através da fé professada, conectando o ser humano ao ser divino que é transcendental. Araújo e Horn (2014) afirmam “[...] entendendo que o Sagrado está relacionado ao que é transcendente, sendo esse seu principal caráter: ligar o homem a um ser divino que o transcende e a esse mundo transcendental.” O sagrado refere se a algo que é digno de adoração, de respeito e obediência religiosa, pois está relacionado com uma divindade, com o divino, e em rituais onde objetos e elementos são considerados sagrados, divinos ou santificados sendo utilizados para fins espirituais e para cultuar e adorar deuses. O sagrado é tudo aquilo que seja abstrato ou concreto que atribuímos uma força maior, um poder sobrenatural que o ser humano seria incapaz de realizar, de interferir. O Sagrado pode ser um templo, como também um local ao ar livre como uma montanha, rio, ser um objeto como uma cruz, ou um texto, um livro como a bíblia. O sagrado faz uma força sobrenatural resplandecer sobre o ser humano. O sagrado pode também ser atribuído a uma pessoa, um “homem santo” ou “santo profeta” que é adorado e respeitado por seus seguidores, ou a objetos e elementos sagrados, lugares como lugar sagrado, datas e tempos sagrados como feriados santos, a sexta-feira Santa, a Páscoa. O sagrado está no mundo e, ao mesmo tempo, se opõe ao mundo. Uma pedra é e sempre será uma pedra, mas quanto ao significado hierofânico ou dimensão simbólica será uma pedra especial, pois nela se manifesta, de alguma maneira, o Sagrado. Nesta perspectiva, a noção de sagrado não depende apenas de uma “experiência subjetiva”(sensações), mas também de um “elemento objetivo”(pedra) que funciona como “sinal” na manifestação do Sagrado (Númeno) (MUTZ, 2006). 2.1 A RELIGIÃO E A MANIFESTAÇÃO DO SAGRADO A religião auxilia na formação do caráter do ser humano, os tornando pessoas melhores, seguindo aos mandamentos e ensinamentos de cada crença. No entanto, não pode obrigar, repreender nem dominar aos seus seguidores. Diante de uma sociedade com variadas formações e influências culturais é fundamental o entendimento e respeito as diversas formas de manifestações religiosas, visto que é na religião através da prática de rituais que o sagrado se manifesta. Mircea Eliade em seu livro “O Sagrado e o Profano” propõe o termo hierofania como sendo a definição da manifestação do sagrado (Hierofania (do grego hieros (ἱερός) = sagrado e faneia (φαίνειν) = manifesto). Eliade (2010) afirma que dentro da história das religiões desde as mais remotas até as mais sofisticadas são compostas por uma quantidade significativa de hierofanias pelas realidades sagradas demostradas. Desde os primórdios o homem busca refúgio e apoio espiritual naquilo que considera sagrado, seja manifestado através de um objeto ou ritual religioso, e poder demostrar sua fé é um ato de comunhão, adoração e respeito com o sagrado, com o que é divino. Inúmeros rituais são praticados em diversas crenças e religiões para a demonstração da fé e da religiosidade. Um desses rituais utiliza-se simbolicamente o vinho simbolizando o sangue e o pão como o corpo de Jesus Cristo durante a santa ceia, no qual Jesus testificou o sacrifício na cruz e perdão dos pecados da humanidade e estabeleceu esse ritual até seu regresso no fim dos tempos para buscar aqueles que entregaram suas vidas a seguir os mandamentos de Deus e para o julgamento dos ímpios. Na Igreja Cristã Evangélica esse ritual pode acontecer até duas vezes dentro do mesmo mês, e principalmente na páscoa. Em observação a esse mesmo ritual, porém em uma denominação diferente da que sigo, nesse caso descrevendo como acontece durante uma missa da Igreja Católica, durante a Eucaristia, sendo esse um dos sete sacramentos, esse ritual acontece quando o fiel ao comungar recebe a sagrada hóstia juntamente com o vinho que se transforma no próprio Corpo e Sangue de Jesus Cristo durante a primeira eucaristia ou crisma. A Igreja Católica confessa a presença real de Cristo, em seu corpo, sangue, alma e Divindade após a transubstanciação do pão e do vinho, ou seja, a aparência permanece de pão e vinho, porém a substância se modifica, passa a ser o próprio Corpo e Sangue de Cristo. O pão se TRANSFORMA em carne e o vinho se TRANSFORMA em sangue (BOSCO, 2010). Outro ritual sagrado a ser destacado é o batismo. Com a chegada de Jesus Cristo e a elaboração do Novo Testamento se faz a referência de um novo estabelecimento de aliança com sua Divindade. O batismo está diretamente vinculado a João Batista que a ele se deve as primeiras modalidades desse ritual por imersão em água e o batismo de Jesus Cristo. O elemento água se configura em símbolo de purificação e regeneração espiritual para os cristãos através do ritual do batismo, ou seja, o batismo formaliza a “morte” do antigo ser para o “nascimento” do novo ser em Cristo Jesus como seu único Salvador. A emersão repete o gesto cosmogônico da manifestação formal; a imersão equivale a uma dissolução das formas. É por isso que o simbolismo das Águas implica tanto a morte como o renascimento. O contato com a água comporta sempre uma regeneração: por um lado, porque a dissolução é seguida de um “novo nascimento”; por outro lado, porque a imersão fertiliza e multiplica o potencial da vida (ELIADE,2010, p.65). No Catolicismo o batismo é realizado quando ainda criança e por aspersão, como simbolismo da iniciação daquele ser humano na religião católica. Outro ritual sagrado utilizado dentro do cristianismo é o uso do azeite para ungir as pessoas como símbolo do Espírito Santo. O azeite de oliva já era utilizado nas civilizações antigas antes de Cristo. Com propriedades medicinais, o azeite era aplicado para limpar e ajudar na cicatrização de feridas, em receitas culinárias e para ascender candieiros. Na Bíblia, o azeite é certificado como um elemento importante e simboliza a presença de Deus, e o Antigo Testamento descreve sua utilização para ungir reis e sacerdotes. Em seu ministério, Jesus Cristo curava as pessoas enfermas e utilizava do azeite para ungi-las com um toque humano e com o símbolo da presença de Deus. Em (BÍBLIA, Marcos, 6,13) “Expulsavam muitos demônios e ungiam muitos doentes com óleo e os curavam”. Aquele que é ungido com azeite recebe a unção, está consagrado recebendo a proteção do Espírito Santo. Na religião Cristã protestante, o pastor ou o obreiro unge o fiel durante os cultos para consagrar e como símbolo de proteção. 2.2 O SAGRADO E SUA INFLUÊNCIA NA VIDA HUMANA No decorrer da história da humanidade, o homem sempre buscou estar em comunhão com o divino, e reservar um espaço diferenciado do dito “mundano” para adorar e estar próximo de seu Deus, onde nesse local o fiel sente-se à vontade para adorar e manifestar sua fé e a presença do Deus sefaz única e forte. A igreja ou templo torna se um local de adoração, um local sagrado, onde se manifesta a fé com respeito, admiração, veneração, louvor onde o divino se faz presente, trazendo paz, esperança e a busca pela transformação seja ela interior ou exterior. Para o ser humano, fazer parte de alguma religião o faz sentir parte de um grupo no qual buscam o mesmo objetivo, que é adorar e seguir os mandamentos através da fé, o faz sentir mais humanos, livres, aumentando a autoestima e buscando ajudar as pessoas. 3. CONCLUSÃO Desde os primórdios da humanidade o Sagrado está presente. Mesmo atualmente a veneração ao sagrado continua e se faz presente e essencial para o desenvolvimento da vida do ser humano como um todo. Com isso o ser humano está em comunhão com o divino, e a utilização de elementos, objetos em rituais sagrados fazem com que o ser humano aumente e manifeste sua fé. 4. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Carlos Nunes; HORN, Geraldo Balduino. A Função Social e Religiosa do Sagrado no Contexto Cultural da Escola. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE:V.1, Curitiba, 2014. (Cadernos PDE). Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_ufpr_hist_artigo_carlos_nunes_de_araujo.pdf. Acesso em: 24 maio 2020. BÍBLIA. N. T. Marcos. In: BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada: contendo o antigo e o novo testamento. Revista e atualizada no Brasil. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri- SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011. 1664p. BOSCO, João. Santa Ceia - Símbolo e rito nas pinturas. Ensino Religioso, 2010. Disponível:http://ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=245. Acesso em: 24 maio 2020. ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano: a essência das religiões. Trad. Rogério Fernandes. 3 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. MUTZ, Alvano. Hierofania. Cultura Religiosa, 2006. Disponível em: http://alvanomutz.blogspot.com/2006/08/hierofania.html. Acesso em: 24 maio 2020.