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LEIDIANE DE MESQUITA ESPAÇO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, VISANDO À ANÁLISE GLOBAL E CRÍTICA DA REALIDADE EDUCACIONAL. SÃO PAULO- SP 2020 LEIDIANE DE MESQUITA ESPAÇO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, VISANDO À ANÁLISE GLOBAL E CRÍTICA DA REALIDADE EDUCACIONAL. SÃO PAULO- SP 2020 Trabalho final apresentado à disciplina de Prática de formação pedagógica, como exigência parcial para a obtenção do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica R2 – Turma ----, sob a supervisão do(a) Professor(a) ------. SUMÁRIO 1. Introdução........................................................................................................ 03 2. Desenvolvimento............................................................................................. 04 3. Conclusão........................................................................................................ 14 4. Referências Bibliográficas............................................................................... 15 3 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho procura condensar as ideias que o autor Maurice Tardif revela na obra “Saberes docentes e formação profissional”, publicada inicialmente em 2002. A elaboração da síntese, após atenta leitura reflexiva, permite uma demonstração de entendimento do todo e, ao mesmo tempo, do particular no que se refere às considerações feitas pelo autor. Neste sentido, há probabilidade de adesão ao pensamento manifesto, mesmo que seja com ressalvas. Pretendo manter a mesma seqüência de enfoques adotada no livro como forma de usar o mesmo fio condutor das idéias do escritor, o que certamente facilitará a compreensão e posterior organização da redação do trabalho de pesquisa teórica aqui realizado. Ele trata das condições do trabalho docente como profissão. O texto introdutório do autor e a coletânea de artigos (oito ao todo) serão sintetizados, com destaque para as idéias centrais e algumas secundárias em torno do grande eixo. 4 2. DESENVOLVIMENTO Fundamentalmente, a obra trata de questões pertinentes à capacitação de profissionais para o exercício da docência. Na introdução, o autor apresenta vários questionamentos referentes ao universo que circunda o ofício do professor: conhecimentos, saber-fazer, competências e habilidades e suas conseqüentes implicações. Nelas se incluem a natureza dos saberes e habilidades, as formas de aquisição e outras possibilidades que envolvem a atividade educativa, o mundo escolar e a formação profissional dos professores. Todas as perguntas formuladas direcionam os oito ensaios que compõem o estudo, fornecendo respostas às dúvidas e argumentações de pesquisadores sobre o ensino e a problemática do ofício de professor em vários países, sobretudo a partir de 1980. Com esta publicação, o autor expõe sua própria perspectiva teoria sobre o assunto, complementando assim o rol e pesquisas contemporâneas. Em suas palavras, o trabalho dos “professores de profissão” abrange, além de seus saberes, outras dimensões do ensino e suas especificidades na escola e na sociedade. Ainda na introdução, Tardif destaca sete tópicos que devem ser considerados neste livro. Primeiro: escapar de dois perigos: o “mentalismo” e o “sociologismo”. Ele declara seu desempenho na abordagem da ligação entre os aspectos sociais e individuais do saber dos professores, ao denunciar as citadas falhas perigosas. O mentalismo reduz o saber a processos mentais baseados na atividade cognitiva dos indivíduos e isso seria uma forma de subjetivismo, atividade do pensamento individual determinado pela atividade cerebral, numa concepção behaviorista. Entretanto, para o autor, o saber dos professores é um saber social já que é partilhado por todo um grupo de agentes, numa situação coletiva de trabalho. Ele 5 destaca outro motivo: a posse e a utilização desse saber pertencem a todo um sistema, sejam escolas, sindicatos, associações, órgãos públicos, grupos científicos com os quais o professor deve se relacionar, nunca agindo sozinho. Além disso, o saber é social, porém se constitui em práticas sociais no decorrer do tempo, reforçando o caráter social do saber o qual depende da história e da cultura de uma sociedade. Considera ainda o fato de o saber ser “adquirido no contexto de uma socialização profissional”, num processo de construção. No entanto, Tardif salienta o perigo de se cair no sociologismo, eliminando “totalmente a contribuição dos atores na construção concreta do saber”, sem levar em conta os contextos de trabalho, sem levar em conta os contextos de trabalho, as forças sociais exteriores à escola (ideologias pedagógicas, lutas profissionais, cultura dominante...). Lembra ainda que “social não quer dizer supraindividual. O saber dos professores é a interação entre ele e os outros e também entre seu ego e seu alter ego, sempre ligados à situação de trabalho na tarefa de ensinar, fundada numa instituição e numa sociedade. Nesse caso, os saberes do professor são “uma realidade social materializada através de uma formação” que inclui, além de outros quesitos, os seus próprios saberes. Nessa perspectiva, o saber do professor situa-se na interface entre o individual e o social, arremata o autor. Em segundo lugar, o autor fala do SABER E TRABALHO, esse relacionado com a atuação dos mestres na escola e na sala de aula no qual a utilização de seus saberes se dá em razão de seu trabalho; não são estritamente cognitivas, mas são relações que fornecem “princípios para enfrentar e solucionar situações cotidianas”. Há nelas duas funções conceituais: relacionar “o saber à pessoa do trabalhador e ao seu trabalho, àquilo que ele é e faz, mas também ao que foi e fez. A segunda função é indicar “que o saber do professor traz em si mesmo as marcas do seu trabalho”. Nesse labor multidimensional são incorporados elementos da identidade pessoal e profissional do professor. Nem sempre no processo dinâmico de trabalho distinguem-se saber do trabalho; na verdade, segundo Tardif, o saber está a serviço do trabalho. Em terceiro lugar, o tópico “Diversidade do saber” aborda o pluralismo necessário ao saber docente: é heterogêneo, envolvendo um saber-fazer bastante 6 diversificado, oriundo de variadas fontes durante a experiência do professor em sua formação profissional. O autor ressalta que nos diversos capítulos do livro são interpretados os problemas da diversidade do saber e aponta “um modelo de análise baseado na origem social dos saberes dos professores”. Acredita-se que esse modelo, formulado em 1991, considerado válido até hoje, é mais pertinente de que outras tipologias propostas, citando oito estudiosos importantes (de 1977 a 1997). Preferindo um modelo calcado nos saberes dos docentes utilizados efetivamente em sua prática profissional cotidiana, tendo como fio condutor a diversidade desses saberes, constata a natureza social deles. Alguns provêm da sua família, das escolas em que se formaram, das instituições nas quais atuaram, dos seus colegas de trabalho e da reciclagem que tenham realizado. São saberes advindos da sociedade: organizações escolares, instituições diversas (de ensino ou pesquisa) e instâncias oficiais de poder. É de se deduzir que, nessas circunstâncias, os professores usam, além de seu conhecimento, os saberes adicionais emanados da relação social estabelecida e os incorpora à sua prática docente. Quer dizer, ao lado dos juízos cognitivos caminham os juízos sociais que trazem na sua bagagem cultural. O quarto tópico da introdução feita pelo autor diz respeitoà temporalidade do saber. Ao construir uma carreira profissional e uma história de vida, o professor vai desenvolvendo sua formação para o trabalho; nesse caso, pode-se dizer que o seu saber como docente é temporal: ele vai aprendendo a ensinar. Antes disso, porém, passou muitos anos nos bancos escolares como aprendiz justamente no ambiente onde no futuro iria trabalhar. As experiências vivenciadas nas escolas como aluno e na própria família são presença forte no exercício profissional, assim como as mudanças físicas, intelectuais e psicológicas que acontecem na história de vida de cada um. Como quinto tópico temos “A experiência de trabalho enquanto fundamento do saber”. Foi visto que várias fontes e diferentes momentos da história de vida e da carreira profissional contribuem para o saber dos professores. Ao praticar suas atividades como docentes, será preciso unir e recompor a diversidade de informações, práticas e vivências obtidas ao longo dos anos. Como podem ser 7 manipuladas tais realidades? Há dilemas, fusões, contradições, conflitos cognitivos, tensões que devem ser resolvidos e uma hierarquização se faz necessária, priorizando certos problemas; alguns saberes são então privilegiados e outros serão considerados periféricos, secundários ou acessórios. Em suas pesquisas, o autor revela um princípio que é comumente empregado na hierarquização dos saberes pelos docentes: sua utilidade no ensino, ou seja, um saber constante em seu trabalho profissional é mais valorizado. Reflexibilidade é a retomada, reprodução ou reiteração/repetição do que mostrou ser eficaz e aplicável na prática profissional. “Saberes humanos a respeito de seres humanos” é o sexto tópico elencado por Tardif em suas considerações introdutórias do livro. De início, ele já mencionou a idéia de trabalho interativo como orientadora de suas pesquisas nos últimos anos. E complete: trabalho interativo é uma ação em que “o trabalhador se relaciona com seu objeto de trabalho fundamentalmente através da interação humana”. Ele cita a questão central: em que e como a atividade laboral entre seres humanos influencia na experiência profissional do trabalhador? Levanta a hipótese de que os saberes ativadas pelos trabalhadores da interação não podem partir de modelos dominantes e tradicionais. Essa é a idéia que norteia os capítulos do livro, principalmente o de número seis, ele observa. Por fim, “Saberes e formação de professores”, é o sétimo fio condutor das idéias expostas nos oito artigos inicialmente citados. Este item decorre dos anteriores e é uma reflexão sobre “a necessidade de repensar, agora, a formação do magistério”. Tardif considera os saberes dos professores e as realidades específicas de seu trabalho cotidiano, idéia que embasa reformas na formação dos docentes na última década, em vários países. Procura-se equilibrar os conhecimentos universitários sobre ensino e os saberes de professores atuantes, todos os dias, nas escolas. Muitas vezes, os conhecimentos acadêmicos oferecidos e disseminados não têm conexão com a ação profissional, apenas são aplicados em estágios ou outras atividades similares. O autor argumenta: no ensino e em outros setores profissionais essa visão disciplinar não faz sentidos atualmente. É a idéia que se 8 defende nos três últimos capítulos de sua obra, quer dizer, há que se enfatizar os saberes cotidianos dos professores, ensejando renovação nas concepções de formação, identidade e contribuição profissional. A seguir, o autor conclui a introdução reiterando que estas são “as principais idéias que norteiam e alimentam os capítulos deste livro”. Dividido em duas partes, na primeira, composta de cinco capítulos, ele trata do saber dos professores relacionado com seu trabalho e com suas atividades profissionais. Na segunda parte (três capítulos), ele aborda “as relações entre a formação profissional dos professores e seus saberes”. Sobre a explanação de cada capítulo, dos mencionados nesta introdução, comentaremos na sequência desta síntese. Após as considerações inicias do autor, começa a discussão do tema, que se dá em duas partes. Nos oito capítulos, em forma de artigos, são tratadas as questões específicas do saber dos professores relacionado com seu trabalho e suas atividades e a formação profissional dos professores e seus saberes. O capítulo um, “Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do saber docente”, focaliza a situação social do professorado, com base em pesquisa sociológica. Conclui-se que a experiência de trabalho é fator primordial na competência dos professores de profissão como a base do saberensinar. É o que Tardif chama de “saberes sociais”e adianta: o saber docente é um saber variado, estratégico e pouco valorizado. A função docente não se resuma apenas em transmitir conhecimentos já constituídos e sim ela integra diferentes saberes com os quais o professor mantém diferentes relações; é um saber plural formado pelo aprendizado nos cursos freqüentados e pelas experiências adquiridas na vida. O autor afirma que “a prática docente não é apenas um objeto de saber das ciências da educação, mas que ela inclui também saberes pedagógicos tão úteis na atividade educativa. São saberes disciplinares, curriculares e experienciais. Dando prosseguimento, ele fala da situação do docente diante de seus saberes, certezas e importância crítica da experiência. Como conclusão do artigo, tem-se que considerar 9 o saber docente e a condição de um novo profissionalismo, aprendendo como ensinar e o que é o ensino, diz o autor. O capítulo dois, “Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério”, artigo publicado em 2000 (com algumas variações) na Revista Educação e Sociedade, começa citando Marx quando afirmava que o trabalho é uma prática social que desencadeia uma transformação no trabalhador. O autor do artigo aproveita para completar: a identidade de um professor traz marcas de sua atividade; nessa reciprocidade, com o passar do tempo, ele vai se tornando alguém “com sua cultura, suas idéias, suas funções, seu interesses, etc”. Assim, é de se deduzir que o trabalho modifica também o saber trabalhar do trabalhador, diz o autor, ressaltando o valor do tempo e seu desenrolar. No magistério, como em toda profissão, “trabalhar remete a aprender a trabalhar”. Portanto, há forte relação entre tempo, trabalho e aprendizagem. Na página 63, Tardif apresenta um quadro sobre os saberes dos professores, as fontes de aquisição de cada tipo de saber e os modos de integração dos saberes na atividade docente, isto é, como eles são incorporados no decorrer do tempo. Em seguida, fala das fontes pré-profissionais do saberensinar como uma história pessoal e social: experiências familiares e escolares (socialização). O capítulo três “O trabalho docente, a pedagogia e o ensino” fala das interações humanas, tecnológicas e dilemas do trabalho do professor. O autor observa que o “trabalho dos professores é profundamente diferente do trabalho com a matéria inerte”, atividade industrial ou tecnológica, por exemplo. O trabalho docente em particular tem sido objeto de estudo dos pesquisadores com o objetivo de repensar a natureza da pedagogia, ou seja, do ensino no ambiente escolar em seus diversos componentes, tensões e dilemas. Estruturado em sete itens, este capítulo trata das seguintes questões: a pedagogia do ponto de vista do trabalho dos professores; a pedagogia e o processo de trabalho docente; o objeto humano do trabalho docente; os resultados do trabalho ou o produto do ensino; as técnicas e os saberes no trabalho docente; o professor 10 enquanto trabalhador; e a conclusão. Nela, cumpre seu objetivo: como o estudo do trabalho docente esclarece a natureza da pedagogia, quer dizer, “a tecnologia do trabalho dos professores concretizaatravés do ensino”. O capítulo quatro “Elementos para uma teoria da prática educativa” leva a discussão sobre o valor dos professores para um plano mais teórico. Trata dos modelos de ação presentes na prática educativa, formalizados e sistematizados teoricamente. Tardif propõe um quadro teórico divididos em duas partes: na primeira, três concepções da prática educativa que dominam nossa cultura; na segunda, o saber-educar e o saber-ensinar são saberes plurais. Ele discute as três concepções: a prática educativa é uma arte; é uma técnica guiada por valores; é uma interação. Após ampla análise e discussão do tema, o autor conclui que a cultura profissional é baseada na ética profissional do ofício de professor o qual mobiliza diversos saberes de ação. Esse pluralismo da ação e do saber subordina- se a finalidades porque dizem respeito a seres humanos em formação. O capítulo cinco “O professor enquanto ator racional” tem como subtítulo: Que racionalidade? Quer Saber? Que juízo? O autor propõe um enfoque heurístico e crítico para obter resposta às indagações e faz comentários sobre os problemas e a diversidade de correntes nas pesquisas. Considera ainda os “jogos de poder e jogos do saber na pesquisa”, destacando a necessidade de um enfoque crítico. Fala também das concepções do saber e seu interesse para a pesquisa já que considera o professor um pesquisador, além de ser um gestor das interações com os alunos e um transmissor de conhecimentos. À guisa de conclusão, Tardif ressalta que, longe das “visões cognitivistas, representacionais e subjetivistas do saber”, orienta suas pesquisas na proximidade com áreas da sociocognição e da psicologia social. Os três últimos capítulos compõem a segunda parte do livro, de caráter mais prático, conforme observa o autor. Nela são discutidos os problemas concretos levantados pela formação de professores, propondo uma reavaliação crítica das 11 relações entre pesquisadores universitários e professores. Esta parte recebeu o título de “O saber dos professores em sua formação”. O capítulo seis “Os professores enquanto sujeitos do conhecimento” foi apresentado em mesa-redonda em 2000. Ele trata dos saberes, do saber-fazer, das competências e das habilidades que servem de base ao trabalho dos professores no ambiente escolar. São evocados temas como a subjetividade do professor (ator competente e sujeito do conhecimento) e seu posicionamento no centro das pesquisas. A questão do conhecimento dos professores, segundo o autor, pode ajudar a repensar temas como a subjetividade deles, estabelecendo relações com a questão dos saberes e da prática docentes. Considera-se que o professor ocupa na escola, uma posição fundamental em seu trabalho cotidiano com os alunos; é sobre seus ombros que repousa a missão educativa, daí o interesse em conhecer seus saberes e sua subjetividade. Como conseqüência é preciso recolocar esses fatores no centro das pesquisas sobre o ensino. É importante também das repensar as relações entre a teoria e a prática e sobre algumas conseqüências práticas e políticas. Finalizando, o autor defende a unidade da profissão docente do pré-escolar à universidade para que os professores sejam reconhecidos socialmente como sujeitos do conhecimento e atores sociais. O capítulo sete “Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários” tem o título complementado com “Elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências para a formação docente”. O artigo foi publicado em 2000 na Revista Brasileira de Educação (nº. 13). Neste capítulo, o autor aborda três questões que têm estado no centro de estudos da profissionalização do ensino e da formação de professores. Partindo das indagações: Quais são os saberes utilizados no trabalho diário dos professores? Em que e como esses saberes se distinguem dos conhecimentos universitários elaborados pelos pesquisadores da área de ciências da educação? Que relações deveriam existir entre os saberes profissionais e os conhecimentos 12 universitários? O autor proporciona elementos que permitam respondê-las. Com isso, ele lança as bases de uma verdadeira epistemologia da prática profissional dos professores e especifica as conseqüências dessa epistemologia para as concepções e práticas de formação no magistério. O capítulo oito “Ambiguidade do saber docente” apresenta um balanço das reformas realizadas nos dez últimos anos em matéria de formação de professores. Nesse balanço crítico, Tardif propõe uma reflexão dividida em três momentos: os grandes objetivos das reformas; o modelo de formação profissional proposto pelas reformas; o lugar ocupado pelo saber dos professores nesse modelo e nas próprias reformas. Trata ainda na diversidade e da ambigüidade dos saberes profissionais. O autor atribui aos atores do trabalho docente, como produtores de saberes forjados nos próprios espaços cotidianos das situações de trabalho, uma importância tal que exige reflexões e pesquisas. Comenta a formação por mestres universitários, em razão dos saberes ensinados: eles produziam saberes e os professores os aplicavam. As coisas mudaram, diz, a partir das reformas, quando foram incluídos nos estudos o saber experiencial daqueles que ministram aulas (saber pedagógico). Todavia, são levantadas três questões difíceis, conforme ele cita: a natureza desse saber, como ele é incorporado aos programas de formação e o fato de a atividade ser uma fonte espontânea de aprendizagem. E Tardif conclui: não se pode concentrar a reforma no saber profissional dos professores, refletindo ainda sobre o lugar e o significado das pesquisas de natureza fundamental e crítica e das lógicas de organização. Então anota que “as reformas deixam em aberto a questão do saber dos professores vinculada à sua identidade profissional e ao papel que desempenham”. O autor anexo no livro um extenso rol de referências bibliográficas, cuja maioria das obras, obviamente, são estrangeiras. Dado o caráter agregador de textos anteriormente publicados, na composição do livro, houve inúmeras repetições que podem ter tornado o trabalho maçante; 13 eram textos resultados de pesquisas apresentados nem sempre de forma didática. No entanto, valeu por nossa inserção na área de novos conhecimentos. 14 3. CONCLUSÃO A atividade de leitura, análise e síntese de uma obra que trata da formação, habilidades, competências e atuação de professores nas escolas brasileiras tem sua importância na medida em que coloca a educação na seara das profissões que merecem valorização. No caso de pessoas que, como nós, desejam transitar no mundo do ensino-aprendizagem, a elaboração do presente trabalho contribui bastante para a compreensão das complexas questões referentes aos saberes (sim, são plurais) docentes e a formação dos profissionais envolvidos, e de quem pretende atuar nessa área. Foi prazeroso apreciar o lado técnico e o lado humano desta que é chamada de “digna profissão”. Maurice Tardif esmiuçou o cotidiano em sala de aula e a história de vida no âmbito do ensino fundamental e ensino médio. Levando em conta a sociedade na qual a profissão está inserida, os saberes que envolvem o assunto foram relacionados ao tempo-espaço do próprio desenvolvimento humano e didático do principal ator, o professor. A civilização em mudança exige mudança de ações e atitudes e de pensamento em todos os aspectos. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TARDIF,Maurice - Saberes docentes e formação profissional/ Maurice Tardif. - Petrópolis, Rj: Vozes, 2014.
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