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Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana HEMATOLOGIA CASO CLÍNICO 2 Feira de Santana 2019 JÉSSICA BASTOS LEAL ANDRESSA OLIVEIRA BEZERRA Jéssica Bastos Leal Andressa Oliveira Bezerra HEMATOLOGIA CASO CLÍNICO 2 Feira de Santana 2019 Trabalho solicitado como avaliação parcial da disciplina de Hematologia Geral do 6º semestre, do curso de Bacharelado em Farmácia da Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana-Ba. Ministrado pela Docente Ana Carolina Sena. CASO CLÍNICO 02: Paciente R.C.S., com 17 anos de idade, natural da cidade de Alagoinhas, foi atendida em Feira de Santana-BA. Deu entrada pela primeira vez no serviço de hematologia do hospital em dezembro de 2003, com sintomas de taquicardia, anorexia, febre baixa, tontura, cansaço a pequenos esforços, cefaleia e um mal-estar geral. Relata como histórico o uso de cefalosporina para tratamento de infecção bacteriana há um mês. Após avaliação clínica, foram solicitados os exames: Hemograma completo e exame parasitológico de fezes (EPF). Os resultados foram: hematócrito 11%; hemoglobina 3,8g/dL; reticulócitos 1,7%; volume corpuscular médio de 114 fL; hemoglobina corpuscular média de 40,3; leucograma 8.000 leucócitos/μL, com 76,5% de neutrófilos segmentados, 18,2% de linfócitos, 1% basófilos, eosinófilos 1%, monócitos 3%, 80.000 plaquetas/μL; EPF positivo para Ascaris lumbricoides. Diante dos resultados apresentados, a suspeita clínica agora é em outra direção. Foram então realizados dois exames imunohematológicos, cujos resultados foram positivos. A paciente então foi diagnosticada com a doença X. A conduta médica adotada foi a de interná-la, iniciando-se o tratamento com transfusão de duas unidades de concentrado de hemácias lavadas por via intravenosa, com metilprednisolona durante três dias. Evoluiu com melhora do quadro, tendo recebido alta com a prescrição de prednisona, sendo acompanhada ambulatorialmente até dezembro de 2004. Baseado no caso clínico descrito acima, responda: 01) Qual a doença X que foi diagnosticada na paciente? Explique em detalhes como chegou a essa conclusão, usando informações do próprio caso clínico. Ao analisar o hemograma da paciente conclui-se que o que acomete a mesma é AHI (Anemia hemolítica imune), que provavelmente foi desencadeada pelo fármaco Cefalosporina. O eritrograma indica valores diminutos do hematócrito e hemoglobina indicando assim uma oligocitemia severa, possivelmente provocada pela destruição das hemácias devido a produção de anticorpos para destruir o fármaco ligado a membrana das hemácias, observa-se também uma plaquetopenia, elevação sistêmica de reticulócitos, neutrofilia e linfopenia o que indica que o sistema imune da paciente está sendo diretamente afetado. Essa patologia é comprovada com a realização dos dois exames imunohematologicos que deram positivos confirmando que trata-se de uma patologia hematológica associada ao sistema imune. A mesma foi tratada com transfusão de duas bolsas de concentrado de hemácias com metilpredinisona, tratamento indicado para pacientes que apresentam um quadro de anemia hemolítica crítica, sendo prescrito prednisona um glicocorticoide que é o mais indicado para tratamento de AHI com finalidade de suprimir a resposta imune, cessando a hemólise, desta forma a análise conjunta desses fatores confirma definitivamente o diagnóstico de AHI. 02) Explique os resultados encontrados no hemograma. Descreva as alterações encontradas e o que elas significam. Hemograma Resultados Referências Alterações encontradas Hematócrito 11% 36–47% Redução considerável do número de hemácias na corrente sanguínea, indicativo de Oligocitemia. Hemoglobina 3,8 g/dL 120-160 g/dL Indicativo de anemia. Reticulocitos 1,7% 0,5-1,5% Reticulócitos, provável aumento da hematose, liberando precursores dos eritrócitos na corrente sanguínea. VCM 114 fL 80–100 fL Indicativo de macrocitose. HCM 40,3 pg 28–32 pg Indicativo de hipercromia. Plaquetas 80.000 150.000- 350.000 Plaquetopenia. Neutrofilos 76,5% 40-70% Neutrofilia. Linfocitos 18,2% 20-50% Linfocitopenia. 03) Por que a suspeita clínica inicial relativa ao parasita Ascaris foi descartada? Porque as alterações encontradas no hemograma da paciente, como a redução acentuada do hematócrito e hemoglobina indica que a mesma cursa um quadro clínico de anemia hemolítica, o que não poderia estar relacionado com uma infecção parasitaria por Áscaris lumbricoide, pois, o parasita não causa destruição de hemácias. 4)Quais os exames imunohematológicos realizados na paciente? Qual o provável resultado? Explique. Foram realizados os testes de Combs direto e o teste de Combs indireto, possivelmente os resultados para ambos foram positivos, visto que a finalidade do teste de Combs direto é atestar a presença ou ausência de anticorpos IgG e complemento nas membranas das hemácias, como o medicamento cefalosporina ocasiona a produção de IgG que resulta na destruição das hemácias, o provável resultado do teste é positivo. O teste de Combs indireto indica a presença de anticorpos inesperados no soro, servindo para a confirmação do diagnóstico do teste de Combs direto. 05)Qual fator desencadeou a doença na paciente? Por quê? O provável fator que desencadeou a anemia hemolítica imune na paciente foi o fármaco da classe das Cefalosporinas, que pode desencadear a patologia por três mecanismos diferentes sendo eles: Adsorção da droga, provocando uma ligação forte entre o fármaco (Cefalosporina) e as proteínas da membrana das hemácias, essa ligação resulta na destruição extravascular das hemácias; Formação de imunocomplexos, a Cefalosporina ao se ligar as proteínas das superfícies das hemácias induz a produção de anticorpo IgG formando um complexo medicamento/anticorpo, provocando a ativação da cascata de complemento resultando em hemólise intravascular aguda; Adsorção não imunológica de proteínas, as membranas das hemácias sofrem modificações devido a adsorção não- imunologica provocada pelo medicamento. Essa modificação resulta em hemólise devido a ligação de proteínas plasmáticas IgG,IgM, IgA e complemento que se ligam a membrana dos eritrócitos e os destroem. Seja qual for o mecanismo que originou a patologia na paciente, todos tem como finalidade a hemólise devido uma RAM (Reação Adversa ao Medicamento) Referências HAMERSCHLAK Nelson, CAMPÊLO C.H. Dirceu. ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTO- IMUNES (AHAI). Disponível em: https://www.einstein.br/Documentos%20Compartilhados/Anemias%20Hemol%C3%A Dticas.pdf. Acesso em: 26/11/2019. OLIVEIRA, V.S Keila. Anemias Induzidas por Fármacos. Academia de Ciências e Tecnologias. Disponível em:http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/Artigos_cientificos/2- anemia_induzida.pdf.Acesso em: 26/11/2019 PADILHA Osvaldo, MANUAL MSD Tabela de Valores Laboratoriais normais: sangue, plasma e soro. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/ap%C3%AAndices/valores-laboratoriais-normais/exames-de-sangue- valores-normais#v8508814_pt. Acesso em: 25/11/2019. .
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