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FACULDADE PEDRO LEOPOLDO A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA A APAE DE ALPINÓPOLIS – MG Charlene Marillac Moreira Alves Pedro Leopoldo – MG Dezembro/2013 Charlene Marillac Moreira Alves A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA A APAE DE ALPINÍPOLIS – MG Relatório de Estágio Apresentado ao Curso de Administração da Fundação Pedro Leopoldo, como requisito para obtenção de título de Bacharel em Administração. Orientador: Wilken Geraldo Moreira Pedro Leopoldo – MG Dezembro/2013 Dedico esse trabalho, aos meus pais e em especial, ao meu marido que acompanharam esta minha conquista com o apoio e presença em todos os momentos. E a todos os amigos e educadores que me incentivaram e contribuíram para a minha formação. Agradecimentos Ao terminar este trabalho não posso deixar de agradecer a todos os que contribuíram para a sua realização, e cujo contributo foi essencial, dentro e fora do âmbito académico. - Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, por possibilitar a mim evoluir e buscar livremente aquilo em que acredito, ao meu marido Ruan Carlos por ter enriquecido minha vida de amor e ternura, por ter me incentivado a sorrir e a continuar, por ter feito de um sonho realidade, por ter sido acima de tudo meu amigo e companheiro. - Aos meus pais e principalmente a minha mãe pelo exemplo de mulher, mãe, amiga e companheira. Por todo o incentivo e todas as palavras carinhosas que sempre disponibilizou aos filhos e por ter nos ensinado que o conhecimento é a única coisa que ninguém nunca poderá nos tirar e que o estudo tem o poder de transformar vidas. - Ao meu orientador, Wilken Geraldo Moreira, pela paciência, empenho e interesse dedicados a meu trabalho. - Ao meu supervisor de estágio Gerson Carlos pela paciência, dedicação e conselhos. - As minhas amigas especiais Cristiane Aparecida e Naiara Cardoso que me mostraram que a faculdade pode trazer muito mais do que um diploma. - Aos meus parentes e amigos, que de alguma forma estiveram presentes nesta fase da minha vida. - A todas as pessoas que fazem parte da APAE de Alpinópolis – MG e acreditam que um mundo melhor é possível e deve começar pelo respeito aos direitos das crianças. Em especial ao Presidente da APAE de Alpinópolis Gerson Carlos, exemplo de pessoa e profissional. "Parece-me que o prêmio mais alto possível para qualquer trabalho humano não é o que se recebe por ele, mas o que se torna através dele." Brock Bell SUMÁRIO Página 1. Introdução -------------------------------------------------------------------------------- 07 2. Diagnóstico-------------------------------------------------------------------------------- 09 2.1 Introdução------------------------------------------------------------------------------ ---09 2.1.1 Dados Gerais da Empresa-------------------------------------------------- 10 2.1.1 Histórico da Empresa--------------------------------------------------------- 10 2.1.1.1 Áreas Analisadas ----------------------------------------------------------- 19 3. Estudo temático-------------------------------------------------------------------------- 25 3.1 Conclusão------------------------------------------------------------------------------- 66 4. Considerações Finais-------------------------------------------------------------------67 5. Referências Bibliográficas------------------------------------------------------------ 71 7 1. Introdução A crescente estruturação das organizações da sociedade civil em busca de alternativas para sua manutenção nos atuais contextos econômicos e sociais, com vistas a buscar recursos para a sobrevivência e disputar visibilidade diante da sociedade cada vez mais competitiva. Este trabalho tem relevância, visto que, o Terceiro Setor é um objeto de estudo eminente no Brasil, já que este tem crescido de maneira rápida e articulada. As entidades aparecem como forma de auxílio ao Estado, estas não pretendem preencher todos os vazios deixados pelo Estado, mas sim colaborar para o bem estar social de todos. Visto que as cidades estão em processo de inchaço e cada vez fica mais difícil para o governo manter a sustentabilidade de todos. O fortalecimento do Terceiro Setor e sua profissionalização tem como plano de fundo a persistente situação de desigualdade social presente na maioria dos países. Em âmbito mundial, é crescente a tomada de consciência de que é necessário um esforço das nações no sentido de melhorar as condições de vida das populações menos assistidas. O presente trabalho tem por finalidade diagnosticar e analisar a importância da Comunicação na Captação de Recursos em Organizações não Governamentais. A metodologia utilizada nesse trabalho é o estudo, e pesquisa na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Alpinópolis-MG, que contribui com a sociedade na validação dos direitos de crianças, jovens e adultos portadores de necessidades especiais, ao proporcionar-lhes assistência médica, odontológica, educacional e a inclusão dos mesmos no mercado de trabalho. A escolha desta organização se deu a um estágio realizado durante 04 meses na área de Administração e Marketing da instituição. Durante esse período foi possível conhecer um pouco sobre a realidade das organizações pertencentes ao Terceiro Setor, a luta diária e o envolvimento das pessoas que trabalham em prol de uma causa e a incansável busca por recursos financeiros, materiais e humanos que essas organizações enfrentam para dar continuidade ao trabalho desenvolvido. Neste período foi possível constatar a importância da Comunicação e das ações desenvolvidas pela instituição com o objetivo de promover a causa e captar recursos. 8 As análises realizadas durante a construção deste trabalho buscam elucidar algumas questões levantadas no início do estudo, dentre elas: analisar a importância das práticas administrativas, a tipologia das ferramentas de marketing utilizadas, identificar os diversos tipos de doadores e voluntariados e das atividades de comunicação dentro de organizações não governamentais e a relevância destas ações na construção e divulgação da imagem organizacional desta instituição. O trabalho aborda o Terceiro Setor, o tamanho do Terceiro Setor no Brasil, as práticas administrativas das organizações, a Comunicação na Captação de Recursos. A abordagem do Terceiro Setor e o tamanho do Terceiro Setor no Brasil vem dissertando sobre sua origem características e definições Para um melhor entendimento foi feito um paralelo entre os três setores, o Primeiro caracterizado pelo Estado, o Segundo pelo mercado e o Terceiro do qual fazem parte as organizações não governamentais, associações profissionais, entidades de caridade, entre outras instituições sem fins lucrativos. Foram analisadas as pesquisas realizadas para se compreender o tamanho do Terceiro Setor no País. Foram apresentadas a importância da comunicação para a captação de recursos em organizações sem fins lucrativos. Para isso é apresentada uma visão sobre a comunicação e a construção da imagem organizacional. A captação de recursos é definida segundo a visão de alguns autores especializados no assunto como Célia M Cruz, Marcelo Estraviz, AntônioCarlos C Albuquerque e Maria Cecilia M Kother. Para melhor compreensão do assunto é apresentada a origem desta atividade, os conceitos e as principais fontes de financiamento disponíveis para as organizações não governamentais. Por fim são discutidos os benefícios que a comunicação pode trazer quando desenvolvida estrategicamente dentro dessas instituições. Com este estudo espera-se levantar questões importantes para a sociedade e para os profissionais atentando para a necessidade da profissionalização das organizações sem fins lucrativos na hora de propagar suas causas e assim obter recursos. Neste ponto o comunicador tem papel fundamental, 9 pois, ele tem capacidade de planejar e desenvolver ações estrategicamente visando legitimar e buscar espaço para estas organizações junto à sociedade. 2. DIAGNÓSTICO 2.1. Introdução Segundo a Federação Nacional das APAE’s, nos meados dos anos 50 houve o início das mobilizações assistenciais em defesa dos direitos dos portadores de deficiências físicas e mentais, dando assim origem a Associação de Pais e amigos dos Excepcionais (APAE). Nascida no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1954, na ocasião da chegada ao Brasil de Beatrice Bemis, procedente dos Estados Unidos, membro do corpo diplomático norte americano e mãe de uma portadora de Síndrome de Down. No seu país, já havia participado da fundação de mais de duzentas e cinquenta associações de pais e amigos; e admirava- se por não existir no Brasil, algo assim. Beatrice Bemis foi quem incentivou e promoveu discussões com pais, amigos, professores a até mesmo médicos dos excepcionais a darem início a primeira Associação de Pais e Amigos Excepcionais – APAE do Brasil. As APAE’s são associações respeitas em todo o Brasil, pelo trabalho que realiza inclusão social e na qualidade de vida dos portadores de necessidades especiais, entretanto é necessário não somente a ajuda de familiares de pessoas excepcionais, mas sim de todas as esferas da sociedade. Em Alpinópolis, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), contribui com a sociedade na validação dos direitos de crianças, jovens e adultos portadores de necessidades especiais, ao proporcionar-lhes assistência médica, educacional e a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho. Assim este trabalho tem a finalidade de conhecer o sistema de gestão da APAE. Para tanto tem como objetivo especifico identificar e apontar as possíveis dificuldades no processo de gestão adotada pela associação. 10 2.1.1. Dados Gerais da Empresa Razão Social: ASSOCIACAO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONASIS ALPINOPOLIS Sigla: APAE Endereço: Rua Professor Telles,525 – Bairro São Benedito, Alpinópolis/MG – CEP 37940-000 Telefone / Fax: 35 - 35231188 E-mail: Website: Não Possui CNPJ: 20939567000135 Inscrição Estadual: Isento Natureza jurídica: ENTIDADE BENEFICENTE SEM FINS LUCRATIVOS Tema: Captação de Recursos Financeiros de pessoas físicas e ou jurídicas. 2.1.1.1 Organização Geral da Empresa 2.1.1.2 Histórico da Empresa A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais ou abreviadamente, APAE fundada em Assembleia realizada em 26 de fevereiro de 1987 na cidade de Alpinópolis é uma sociedade civil, filantrópica, de caráter educacional, cultural, assistencial, de saúde, de estudo e pesquisa, desportivo sem fins lucrativos, com duração indeterminada. Missão Promover a inclusão social, na sua globalidade e articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientações, prestação de serviços, apoio à família, direcionados à melhoria da qualidade de vida da Pessoa com Necessidades Especiais e à construção de uma sociedade justa e solidária. Objetivo 11 A prestação e manutenção de serviços necessários e de relevância, com visão educativa, assistencial, cultural e desportiva com apoio nas referidas Secretarias incluindo a Saúde, por se trata de crianças, adolescentes e adultos com Deficiências Intelectuais e Múltiplas, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Transtornos Desintegrativo da Infância com Diagnóstico sem Fechamento ou Diagnóstico Desconhecido e ainda buscar meios específicos para que possamos desenvolver a inclusão dos mesmos em nossa comunidade na medida do possível. Essa clientela tem um difícil e complexo atendimento, por vezes individual, exigindo preparação especial do material envolvendo todo trabalho antecipado da Diretora Escolar, Professores e Equipe do Centro de Atendimento Especializado. Objetivo Especifico Assegurar o cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência, instrumentalizando estas e sua família; Aprimorar os mecanismos didáticos para facilitar o processo de ensino aprendizagem e encaminhamento ás escolas comuns de ensino; Criar condições favoráveis á práticas de leitura reflexiva, para a construção de estórias coletivas e individuais; Inserir nossos alunos em todos os eventos tanto esportivo como cultural; Desenvolver técnicas e procedimentos de modo a ajustar o ensino a capacidade e potencialidades do aluno; Oportunizar a integração da família no processo ensino aprendizagem e social; Trabalhar o aluno quanto ao questionamento de problemas e soluções utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade e a capacidade de análise crítica; Proporcionar ao educando condições para que esse se sinta parte integrante na sociedade, sujeito independente, agente ativo e transformador; Desenvolver o pensamento e a criatividade do aluno especial, estimulando e elevando a sua autoestima; Aprimorar os mecanismos didáticos para facilitar o processo de ensino e aprendizagem e encaminhamento ás escolas comuns de ensino; 12 Repensar atividades adequadas para facilitar o ensino aprendizagem a inclusão. Filosofia Inclusiva / Transformadora em busca da igualdade que reconheça as diferenças, e uma diferença que não produza desigualdade. Valores A Pessoa com deficiência é a razão de ser da instituição, sendo prioridade nas decisões. Inovação, pioneirismo, motivação, planejamento e educação continuada da equipe são indispensáveis para o processo contínuo de desenvolvimento e crescimento da APAE. Empoderamento de usuários e famílias. Inclusão social. Busca de auto sustentação. Trabalho em parceria. Finalidades Estatutárias a) promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, preferencialmente intelectual, em todos os seus ciclos de vida (crianças, adolescentes, adultos e idosos), buscando assegurar-lhes o pleno exercício da cidadania; b) coordenar e executar, na sua área de jurisdição, os objetivos, programas e a política da Federação das APAEs do Estado e da Federação Nacional das APAEs, promovendo, assegurando e defendendo o progresso, o prestígio, a credibilidade e a unidade orgânica e filosófica do Movimento Apaeano; c) atuar na definição da política municipal de atendimento à Pessoa com deficiência, em consonância com a política adotada pela Federação Nacional e da Federação das APAEs do Estado, coordenando e fiscalizando sua execução; 13 d) articular, junto aos poderes públicos municipais e entidades privadas, políticas que assegurem o pleno exercício dos direitos da pessoa com deficiência e com outras entidades do município, que defendam a causa da pessoa com deficiência, em quaisquer de seus aspectos; e) encarregar-se, em âmbito municipal, da divulgação de informações sobre assuntos referentes à pessoa com deficiência, incentivando a publicação de trabalhos e de obras especializadas; f) exigir de seus associados o permanente exercício da conduta ética, de forma a preservar e ampliar o conceito do Movimento Apaeano; g) compilar e/ou divulgar as normas legais e regulamentares federais, estaduais e municipais, relativas à Pessoa com deficiência,provocando a ação dos órgãos municipais competentes, no sentido do cumprimento e aperfeiçoamento da legislação; h) promover e/ou estimular a realização de estatísticas, estudos e pesquisas em relação à causa da Pessoa com deficiência, propiciando o avanço científico e a permanente formação e capacitação dos profissionais e voluntários que atuam na APAE; i) promover e/ou estimular o desenvolvimento de programas de prevenção da deficiência, de promoção, de proteção, de inclusão, de defesa de direitos da Pessoa com deficiência e de apoio e orientação à sua família e à comunidade; j) estimular, apoiar e defender o desenvolvimento permanente dos serviços prestados pela APAE, impondo-se a observância dos mais rígidos padrões de ética e de eficiência, de acordo com o conceito do Movimento Apaeano; k) divulgar a experiência apaeana em órgãos públicos e privados, no âmbito municipal; l) prestar serviços gratuitos, permanentes e sem qualquer discriminação de clientela na área específica de atendimento, àqueles que deles necessitarem; m) prestar serviços gratuitos, permanentes e sem qualquer discriminação de clientela na área específica de atendimento, àqueles que deles necessitarem; A APAE de Alpinópolis conta com profissionais e atendem atualmente 100 alunos nos seguinte programas: 14 Inclusão social: Articulação e promoção da Inclusão das pessoas com deficiência em âmbitos sociais e educacionais. Estimulação Essencial: destinado a crianças de 0 a 3 anos e tem como finalidade reduzir a possibilidade da criança especial desenvolver reações inadequadas e é um importante apoio para as famílias. Alfabetização / Reabilitação: Para atingir as metas da Alfabetização e Reabilitação a APAE de Alpinópolis desenvolve programas educacionais e reabilitativos adaptados às necessidades e potencialidades dos alunos. Ao organizar os programas – Equipe multidisciplinar, pedagogos e professores têm como objetivo assistência global aos alunos especiais, atingirem e maximizarem os seus potenciais em habilidades e cognação. Para se atingir as metas da alfabetização e reabilitação os alunos ao subdivididos em turmas com no máximo 15 alunos com programas específico e formas diferenciadas de atendimentos especializados. Profissionalização: os programas de preparação para o trabalho são desenvolvidos nas Oficinas Profissionalizantes, atendendo a portadores de necessidades especiais que não apresentam condições de aprendizagem para a alfabetização mas que possuem habilidades para execução de outras atividade nas seguintes oficinas: Oficina Profissionalizante de Trabalhos Manuais Oficina Profissionalizante de Horticultura. A estrutura física da APAE conta com: Salas equipadas com materiais escolares; Sala de informática; Brinquedoteca; Sala de fisioterapia; Biblioteca; Sala de terapia Ocupacional; Sala para atendimento psicológica; Sala para fonoaudiologia; Playground; Refeitório; Oficina de arte. 15 A APAE de Alpinópolis, conta com a Escola de Educação Especial e com uma Equipe de apoio interdisciplinar. Também com equipe da área de saúde: Médico, Dentista, Enfermeira e Auxiliar de Enfermagem. Terapeuta Ocupacional: A função do Terapeuta Ocupacional junto a uma equipe multidisciplinar na área de desenvolvimento infantil é intervir de forma holística, considerando os aspectos motor, sensorial, perceptivo, cognitivo, afetivo e social. Para tanto, usa o brinquedo como recurso terapêutico priorizando a realização de atividades funcionais, tendo como meta a função da criança em diferentes atividades da vida diária, tais como, comer, vestir, brincar, pegar, soltar, escrever, dentre outras, levando em consideração a qualidade do movimento dentro de uma postura antigravitacional. Levar a criança a fazer escolhas e a desenvolver a resolução de problemas é fundamental no processo de aprendizagem global e consequentemente para independência. Este vem a ser outro aspecto importante e inerente ao terapeuta ocupacional. Assistência Social: É realizada triagens das pessoas portadoras de deficiências para a Avaliação Técnica no Tratamento da Reabilitação, atende famílias, atua no controle de retornos médicos, aquisição de medicamentos e frequência dos alunos. A partir da avaliação do Serviço Social o usuário passa a receber o acompanhamento de forma planejada visando a efetiva inclusão social. Fonoaudiologia: Além da Avaliação do aluno ao ingressar na escola, a fonoaudiologia atua tanto na orientação da pais e professores/monitores, quanto no atendimento individual da criança visando desenvolver e/ou adequar as habilidades cognitivas. Psicologia: Atua na prevenção, consultoria, atendimento individual ou grupal, orientação psicológica, avaliação psicológica, orientação a pais ou cuidadores, propondo operar em diversos níveis não apenas direcionando exclusivamente ao aluno. 16 Fisioterapia: Prevenção, manutenção e reabilitação física e psicosocial dos pacientes. Permite liberdade e facilidades dos movimentos tornando a terapia rica e prazerosa, restaurando a flexibilidade e os movimentos dos alunos. Odontologia: O profissional tem por finalidade examinar e detectar se existem alterações no meio bucal como: cárie, placa bacteriana, doença periodontal, anomalias dos tecidos moles, bem como realizará tratamento preventivo, restaurador e adequar o meio bucal do paciente. Saúde: Área de atendimento às pessoas com deficiências que fazem parte da APAE de Alpinópolis. Estimulação e CSA: Atendimento de estimulação precoce, sensorial, sensório-motora e Comunicação Suplementar Alternativa realizada com as pessoas atendidas na APAE. Socialização: Serviço de atendimento as pessoas com deficiências que precisam de atividades e aprendizagens básicas relacionadas aos conhecimentos elementares e de socialização. Educação infantil: Nível da Educação Básica ministrada na Escola de Ensino Especial da APAE de Alpinópolis. Ensino Fundamenta: Nível da Educação Básica ministrada na Escola de Ensino Especial da APAE de Alpinópolis. Educação de Jovens e Adultos: Modalidade de Ensino ministrada na Escola de Ensino Especial da APAE de Alpinópolis para alunos em idade para participar desta modalidade de ensino. 2.1.1.3 Estrutura Organizacional A estrutura organizacional da APAE de Alpinópolis/MG é composta da seguinte forma: 17 Organograma Assembleia Geral Conselho Fiscal Diretoria Executiva Secretaria Executiva AUTO DEFENSORES Diretoria da APAE Conselho de Administração Direção Escolar Secretaria Escolar Coordenação Pedagógica Técnicos da Saúde Corpo Docente Funcionários 18 A Diretoria Executiva organiza, planeja e direciona o trabalho interno na unidade da APAE e na Escola de Ensino Especial da qual esta entidade é mantenedora. O cargo da Diretoria e sua acessória é voluntária, o período de gestão apresentada é de 2011 à 2014. 2.1.2 Pontos Fortes e Fracos da Organização Pontos Fortes Atendimento de qualidade aos portadores de necessidades especiais pela equipe clínica e pedagógica; Dedicação dos profissionais; Credibilidade da Instituição; Transparência na prestação de contas. Pontos Fracos Atraso nos repasses de recursos; Baixo controle da atualização de contribuição de sócio ou inexistência; Déficit de pessoas especializadas; Recursos humanos rotativos e ou insuficientes; Estrutura física inadequada; Falta de espaço físico para o desempenho das atividades propostas; Ausência de verbas públicas; Falta de sede própria; Reuniões com os Conselhos são esporádicas. 2.2 Áreas AnalisadasDando continuidade ao 2º ano da atual Diretoria Executiva, a área Administrativo/Financeiro conta com um forte e eficiente alicerce. Oferecendo a base para o efetivo e pleno funcionamento da APAE de Alpinópolis, a Área Administração/Financeiro é dividida em 4 áreas técnicas (Administrativa, 19 Desenvolvimento Institucional, Financeira e o Operacional), visando facilitar a logística da estrutura organizacional da Instituição. Abaixo serão apresentadas as principais atividades, responsabilidades juntamente com seus pontos fortes e fracos incorridas a cada área. Organograma Funcional Área Administrativa Responsável por ações relativas à pessoal, além dos convênios, contratos e projetos que auxiliam na manutenção e sobrevivência da Instituição. A APAE conta no seu quadro de dezesseis (16) funcionários remunerados e custeados pela APAE, todos regidos pela CLT e não possuem benefícios como vale refeição, plano de saúde ou odontológico, é oferecido somente o auxílio transporte e refeição no local de trabalho. A APAE conta também com dezessete (17) funcionários cedidos pelo Estado e prefeitura (funcionários efetivos da educação, saúde e operacional). A avaliação dos currículos, processos de entrevista, seleção e a contratação dos colaboradores fica a cago da Coordenadora e do Presidente da APAE. Todas as equipes, inclusive as que atuarão na limpeza, transporte, portaria, 20 cantina e demais serviços participam de uma palestra sobre a deficiência múltipla e a importância da inclusão social e de estar preparados para lidar com as pessoas portadoras de deficiências e suas famílias A APAE conta com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas, assistente social, psicólogos, professores, coordenadora pedagógica, Diretor escolar, auxiliar administrativo, cozinheiras, auxiliar de cozinha, nutricionistas e enfermeiros que são dispostos da seguinte forma: Quadro de Funcionários custeados pela APAE de Alpinópolis Nº de Funcionários Função/ Cargo 01 Fisioterapeuta 01 Médico 01 Fonoaudiólogo 01 Terapeuta Ocupacional 01 Psicólogo 01 Assistente Social 01 Coordenadora Pedagógica 01 Diretora 01 Auxiliar Administrativa 01 Nutricionista 01 Dentista 02 Enfermeiros 01 Professor 01 Cozinheira 01 Auxiliar de Cozinha A diretora é responsável pela coordenação da escola/ entidade, ele designa as cargas horárias escolar, distribuição de aulas entre outras funções, enquanto a auxiliar administrativa, atende telefone e organiza a documentação de professores e alunos. 21 Quadro de Funcionários custeados pelo Estado e Prefeitura de Alpinópolis Nº de Funcionários Função/ Cargo Órgão Responsável 02 Professores Prefeitura 13 Professores Estado 01 Terapeuta Ocupacional Prefeitura 01 Nutricionista Prefeitura Pontos Fortes: Comprometimento dos colaboradores; Profissionais Capacitados; Baixa Rotatividade. Pontos Fracos: Alta rotatividade dos colaboradores; Poucos funcionários; Reuniões com Conselho são esporádicas. Área do Desenvolvimento Institucional O Desenvolvimento Institucional da APAE de Alpinópolis atua em ações voltadas para a imagem institucional, comunicação e marketing, mobilização e desenvolvimento de recursos, voluntariado e eventos internos e externos, buscando facilitar a atuação com as outras áreas da Instituição e, principalmente mobilizar recursos para a sustentabilidade da instituição que utiliza apenas a promoção de eventos como uma forma divulgar e captar recursos, os eventos são vistos como formas eficientes de divulgação e ao mesmo tempo de captação de recursos. Essa área conta apenas com uma recepcionista e um serviço de voluntariado em comunicação. 22 A APAE mantém - se através de doações e alguns benefícios assistenciais, que não suprem uma lacuna deixada pelos órgãos públicos na educação de pessoas portadoras de necessidades especiais. Foi possível verificar que a instituição depende integralmente dos recursos captados, no entanto, não possuem ações planejadas de captação de recursos, isto se reflete também na ausência de estratégias de comunicação para a captação ou manutenção de parceiros. Captar recursos não é uma tarefa simples, ela exige conhecimento, habilidade, tempo e principalmente planejamento As Receitas da Entidade, para custeio e investimentos, são auferidas exclusivamente por Convênios, Subvenções, Doações voluntárias e anônimas e Contribuições de pais, sendo contabilizadas mensalmente através dos comprovantes de recebimentos. A entidade recebe os seguintes auxílios e subvenções do Poder Público: Programa Dinheiro Direto Na Escola (PDDE); Plano De Assistência Básico (PAB); Sistema Único De Saúde (SUS); Fundo Nacional De Assistência Social (FNEAS). No entanto, sabe-se que os recursos financeiros repassados nas diversas esferas, não são suficientes para manter a sustentabilidade da Entidade, passando muitas vezes por dificuldades financeiras pois fica cada vez mais difícil conseguir doações e captar recursos para custear as despesas, tanto para compra de materiais, quanto para pagamento de funcionários. O que arrecadam com doações e subvenções não são suficientes para suprir as despesas que são 75% maiores do que a APAE arrecada. Para completar as dificuldades a verba embora aprovada na câmara no orçamento da prefeitura o um subsidio de até 30 mil reais que deveriam ser repassados mensalmente a APAE de Alpinópolis esse subsidio não está sendo repassado há dois anos, o que compromete muito o orçamento. Desta forma uma das alternativas da área Institucional, que tem o intuito de buscar meios para captar e gerar recursos, que sejam investidos nos serviços de assistência social, educação e saúde, que são oferecidos sem qualquer ônus para as Pessoas com deficiências é uma festa organizada anualmente pelo Presidente Gerson Carlos Alves, onde a maior arrecadação vem da venda de rifas e do leilão de gado, todo os valores captados contribuem para a manutenção das instalações, 23 pagamentos de despesas administrativas, recursos humanos, ou seja, quaisquer despesas que sejam necessárias ao desenvolvimento dos programas e para a sustentabilidade da Instituição, nas áreas: assistência social, saúde e educação, além de despesas não cobertas pelos convênios nas esferas: municipal, estadual e federal. Pontos Fortes: Fidelização dos doadores já existentes; Credibilidade e Transparência nos serviços prestados; Realização de eventos de onde vem a maior parte da verba para a sustentabilidade da APAE; Pontos Fracos: Dificuldades na capitação de voluntários; Equipe reduzida; Não possui um site para Divulgação e conhecimento da instituição; Não há padronização na forma de comunicação; Baixa comunicação das ações desenvolvidas a nível Estadual e Nacional das APAES; Reduzida iniciativa das famílias na mobilização de eventos; Reduzido alcance de mídia de ampla circulação; Comunicação falha; Centralização de atividades. Área Financeira A área financeira atua no controle de receita e despesas, além dos serviços de tesouraria, contábil, contas a pagar/receber. Folhas de pagamentos, admissão, rescisão contratual, e atividades afins, assim como os relatórios contábeis e outros tipos de controles contábeis são realizados por um escritório de Contabilidade Terceirizado, a Coordenadora e Presidente da APAE ficam responsáveis por fornecerem os dados e revisá-los após passarem pela contabilidade. 24 O Presidente Gerson Carlos Alves, responsável por supervisionar e responder pelas finanças da instituição é também responsável pela parte burocrática (folha de pagamentos, controle de férias, admissão, rescisão de contrato. É realizado um controle diário das receitas e despesasda Instituição através de planilhas e relatórios gerenciais mensais, dessa forma as despesas são apuradas através de Notas Fiscais e Recibos em conformidade com as exigências legais – fiscais e a realização de pagamentos dentro dos prazos também são supervisionados para que não haja existência de dívidas. Pontos fortes Respeito e comprometimento do colaborador; Baixa rotatividade; Contabilidade terceirizada. Pontos Fracos Verbas Estaduais e Federais não cobrem mais que 25% total das despesas; Corte de verba por parte dos órgãos Estaduais e Federais. Ineficiência dos controles utilizados (Fluxo Caixa, Estoque, Doações), pois não permitem acompanhamento em tempo real. Área Operacional A área Operacional da APAE de Alpinópolis tem seu foco voltado na manutenção, conservação e limpeza da Instituição dando suporte também nas áreas elétrica, pluvial e predial, pintura em geral, transporte, além do serviço de marcenaria. O quadro disposto a seguir são de funcionários efetivos da área operacional sendo que o cargo de motorista é custeado pela prefeitura de Alpinópolis. 25 Quadro de Funcionários Nº de Funcionários Função/ Cargo 01 Motorista 02 Faxineiras 01 Pintor 01 Eletricista 01 Marceneiro 01 Ajudante Geral Pontos Fortes: Profissionais com capacitação adequada para à função; Profissionais cedidos e remunerados pela prefeitura Pontos Fracos: Baixo recurso para reposição de materiais; Instalações prediais antigas. 2.3 Conclusão O trabalho de diagnóstico foi desenvolvido a partir de entrevista, reunião e visita a APAE de Alpinópolis, com isso pode-se constatar que diversas são as dificuldades enfrentadas pela instituição, uma delas refere-se à necessidade da APAE de reformular suas ações de captação de recursos no sentido de ampliar o leque de estratégias passíveis de serem utilizadas outro ponto a ser observado é à necessidade de modificar seu modo de se comunicar e se relacionar tanto com parceiros quanto com outros atores da sociedade. A captação de recursos não é uma tarefa simples, ela exige tempo, conhecimento, habilidades e principalmente um bom planejamento. 3. Estudo Temático 3.1 Introdução Levando-se em conta o referencial teórico pretende-se demonstrar importância da Captação de recursos e da Comunicação em Organizações Sem Fins Lucrativos. Este presente trabalho apresenta noções sobre o Terceiro Setor, 26 como ele está inserido no país e suas características. Para exemplificar a importância desse processo, o estudo visa esclarecer e orientar trazendo definições de diversos autores especializados na área. Serão apresentados também alguns conceitos relativos ao Terceiro Setor contextualizando-o, nesse mesmo contexto fez- se uma descrição do Setor no Brasil, e as práticas administrativas nas Organizações Sem Fins Lucrativos. Por fim faz-se um estudo abordando as questões ligadas a captação de recursos, enfatizando seus mecanismos, dificuldades e opções. 3.2 Contexto Pesquisando e analisando como se organiza a sociedade, vê-se que existe uma infinidade de organizações diferentes, com diferentes objetivos e diferentes pessoas. São organizações tão diversas quanto um órgão público, uma empresa transnacional e uma pequena empresa. Apesar desta grande diversidade, podemos classificar as organizações segundo a natureza de suas atividades, em um modelo de três setores. Coelho (2000, p. 39-40) descreve os três setores da seguinte forma: Governo, ou primeiro setor – As atividades têm por objetivo o atendimento universal das necessidades sociais. Ao contrário do mercado, o governo tem sua ação legitimada por poderes coercitivos, possuindo todo um arcabouço legal que limita, orienta e regula sua atuação. Mercado, ou segundo setor – As atividades envolvem a troca de bens e serviços, com o objetivo de produzir lucro. O mercado atua sob o princípio da não-coerção legal, ou seja, nenhuma pessoa é obrigada a comprar, nem a vender. Os mecanismos do mercado estão ligados a preços e demanda. Terceiro Setor – Seria formado por instituições cujas atividades não são coercitivas, ou seja, possuem toda liberdade de atuação, porém seu objetivo não está ligado ao lucro, mas sim, ao atendimento das necessidades coletivas. Coelho (2000, p. 40) torna claro neste ponto, a diferença entre interesse público e coletivo. Os interesses coletivos referem-se a um determinado grupo, 27 enquanto os 22 interesses públicos necessariamente dizem respeito a toda sociedade. Esses conceitos são importantes para a compreensão da diferença de escopo entre o Governo e o Terceiro Setor. Enquanto o primeiro representa os interesses de toda a sociedade, uma organização do Terceiro Setor pode buscar atender às necessidades de um pequeno grupo, dentro de uma região restrita. O Terceiro Setor aparece pela primeira vez, na história brasileira, vinculado à Igreja Católica. Na época da Proclamação da República, a Igreja ainda estava muito ligada ao Estado, porém as Confrarias, formadas por pessoas religiosas e reconhecidas pela Igreja, realizavam um importante papel filantrópico e de assistência social. Eram organizações voluntárias, que ofereciam serviços como assistência médica e financeira, organizava funerais e oferecia refúgio para mendigos. Essas organizações tinham estatutos que deveriam ser aprovadas pelo governo e pela lei eclesiástica, mantendo, no entanto, a independência de atuação. Exemplos dessas organizações são as Irmandades de Misericórdia, que estabeleceram no Brasil os primeiros hospitais, hospedarias e asilos. Essas organizações eram financiadas, em sua maior parte, por doações de pessoas ricas da sociedade. (Landim 1997). Recentemente, o Terceiro Setor vem ganhando cada vez mais importância na sociedade, a partir da atuação das chamadas Organizações Não-Governamentais (ONG`s). Trata-se de um conceito pouco preciso, porém, amplamente usado na sociedade. A ONG situa-se justamente num ponto do caminho que vai da caridade pessoalizada à ação pública governamental, não se confundindo com nenhuma das duas. As origens das ONG`s remontam à década de 70, quando surgem como uma forma de congregar os esforços de um grupo de pessoas com ideais comuns, notadamente movimentos sociais ou grupos buscando a transformação social. 3.3 Conceituação e origem do Terceiro Setor A expressão Terceiro Setor é utilizada para indicar grupos organizados da sociedade civil por meio de demandas e interesses comuns. São iniciativas privadas, mas com fins públicos e sem fins lucrativos. Neste meio, encontra-se além do Estado e do Mercado, as iniciativas privadas e sem fins lucrativos, que buscam a expansão do mercado. Fazem parte do setor organizações não-governamentais, 28 associações, fundações, entidades filantrópicas, culturais, educativas e de classe etc. nesse sentido, é importante antes de qualquer estudo, analisar o setor por categorias, pois tratado de maneira geral ele reúne organização as mais divergentes como fundações filantrópicas e as vinculadas a empresas do mercado, movimentos sociais, sindicatos e até mesmo fundos de pensão. O surgimento deste setor rompe com a dicotomia entre público e privado, pois oferece serviços públicos baseando-se em iniciativas privadas. De acordo com Gohn (1995), o que caracteriza este setor é um tipo de investimento social, e mais além, é a expressão da participação e da cidadania representada pelo envolvimento das pessoas em torno das discussões e soluções de suas demandas. O setor teve uma origem marcada pela filantropia, sobretudo proporcionada pela Igreja Católica, porém com a globalização e as mudanças ocorridas no mundo, ele tem modificado sua essência, tornando-se cada dia mais pluralizado e com funções e fins os mais diversificados.Mas uma nação pode ser dividida em setores para uma melhor organização, estruturação e compreensão. [...] temos de considerar que as organizações do Terceiro Setor são compostas pela sociedade civil e que por isso suas características distinguem-se do Estado (1º Setor) e do mercado (2º Setor), e que a ideia de sociedade civil serve para destacarmos um espaço de participação nas causas coletivas. (DOMENEGHETTI, 2001, p. 20) Neste caso, o Primeiro Setor compreende o poder público, responsável pelas questões coletivas, o Segundo Setor é a iniciativa privada (empresas), tendo interesses mercantis e, por fim, o Terceiro Setor, que compreende as organizações representadas pela sociedade civil, com características privadas, porém sem fins lucrativos, muitas vezes com finalidade puramente social. Quanto à sua origem há que se mencionar que: Neste caso, o Primeiro Setor compreende o poder público, responsável pelas questões coletivas, o Segundo Setor é a iniciativa privada (empresas), tendo interesses mercantis e, por fim, o Terceiro Setor, que compreende as organizações representadas pela sociedade civil, com características privadas, porém sem fins lucrativos, muitas vezes com finalidade puramente social. Quanto à sua origem há que se mencionar que: 29 É impreciso o momento do aparecimento da sociedade civil. Também é questionável quando surgiram as organizações representativas da sociedade civil. Apenas nos séculos XV a XIX foram formadas as instituições de beneficência, caridade e filantropia, quando no Brasil surgiram as Santas Casas de Misericórdias e a Cruz Vermelha. (VIOLIN, 2006, p. 120). Qualificam-se como entidades do Terceiro Setor as Organizações Não Governamentais (ONGs), que por sua vez compreendem as Associações, Fundações, Entidades Assistenciais, Institutos, clubes e qualquer outra união de pessoas que buscam um bem comum não visando lucro, entre outras. Para Domeneghetti (2001, p. 19) [...] “o termo Terceiro Setor foi introduzido no vocabulário econômico para designar aquelas organizações que, em escala cada vez maior, cuidam dos desafios sociais de cada sociedade moderna”. Dentre as razões que levaram ao crescimento mundial do Terceiro Setor, encontra-se a pouca representatividade, limitação na execução de tarefas sociais, dificuldade na manutenção de programas já implementados e uma morosidade no repasse de recursos que torna certas ações do Governo inviáveis. Vale mencionar que a Constituição Federal confere imunidade às entidades beneficentes de assistência social referente às contribuições sociais (artigo 195 § 7)1. Porém, a imunidade somente será reconhecida a entidades mediante a obtenção do título de Utilidade Pública Federal e/ou Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos emitido pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Todavia as entidades na esfera do Terceiro Setor não estão totalmente imunes de certos tributos, entretanto cabe ao ente tributante decidir sobre a isenção cada vez que o Estado pode concedê-la a determinado tributo em razão de algum fato ou ato específico. 3.3.1 O Tamanho do Terceiro Setor no Brasil De acordo com uma pesquisa divulgada no final de 2004 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004), realizada em parceria com o IPEA 1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Artigo 195 – § 7: São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 30 (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ABONG (Associação Brasileira de ONGs) e GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), realizaram o estudo “As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil 2002”, primeiro grande esforço no âmbito do Estado, para se compreender o tamanho do Terceiro Setor no País. Na introdução do relatório (IBGE, 2004 p.10) a equipe de pesquisa expõem seus desejos quanto à utilidade que esperam que o trabalho possa ter para o governo e para as instituições civis. Quanto ao governo: “Espera-se que os resultados deste estudo sejam úteis ao governo e ás instituições da sociedade civil. Ao governo, porque passará a dispor de informações que contribuam para ampliar o conhecimento sobre este universo; melhorar o sistema classificatório dos registros administrativos; aprimorar a qualidade das estatísticas nacionais; e aperfeiçoar a formulação de políticas que envolvem parcerias com o setor privado, tanto na sua execução como no monitoramento e no controle social das mesmas”. Quanto as organizações da sociedade civil: “Para as organizações da sociedade civil, vislumbra-se os vários interesses, tais como: o seu autoconhecimento na medida em que passam a saber quantas são, onde atuam, quantas pessoas ocupam, dentre outras informações que poderão ser aprofundadas em pesquisas e análises posteriores; a identificação da pluralidade de perfis e de diferentes perspectivas e áreas d atuação dessas organizações; e a possibilidade de identificar caminhos para o seu fortalecimento. No que se refere à sociedade, a ampla divulgação das informações estimula o debate público sobre as características do setor provado não lucrativo, permitindo uma maior compreensão desse universo”. Os resultados dos estudo do IBGE (2008) mostraram que o Brasil contava com 338 mil organizações, contando com 12 milhões de pessoas, entre eles se encontram gestores, doadores, voluntários e beneficiados de entidades beneficentes. Em relação a distribuição dessas organizações, na região sudeste se encontram 42% do total, seguindo da Região Sul com 23% das organizações. Em terceiro lugar, encontramos a região Norte com apenas 5%. Percebe-se que o segmento das organizações que compõem o Terceiro Setor cresce a cada ano. Com isso, as necessidades e oportunidades para parceiros e adeptos ficam mais evidentes e abertas para a sociedade e empresas. 31 3.4 As práticas Administrativas As organizações do Terceiro Setor são definidas como “sem fins lucrativos”, seu objetivo está no resultado social ou na promoção das ações sociais no sentido da maior inclusão. Sua sobrevivência seria garantida por elas. Drucker (1994) é enfático no seu livro sobre Administração das Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL): “a organização sem fins lucrativo existe para provocar mudanças nos indivíduos e na sociedade”. [...]...não tem ‘lucros’ (DRUCKER, 1994, p. 3-8). Elas tem a tendência de considerar tudo o que faz como justo, oral e a serviço de uma causa. Só promover a inclusão social e a mudança são seus objetivos, a administração do Terceiro Setor deve estar ajustada à sua concretização. Por isto, os autores que prescrevem o uso das práticas administravas das empresas para a gestão das Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL), como Teodósio (2002, p.257), recomendam cuidados neste processo de transmigração: “A transposição de técnicas gerenciais oriundas da esfera privada não se dá de maneira linear e absoluta, esbarrando nas especificidades da gestão social, características das organizações do Terceiro Setor”. Se essa recomendação é correta é um dos desafios dos administradores das Organizações Sem Fins Lucrativos estará em sua habilidade de conjugar os objetivos sociais com a sobrevivência financeira, eficiência e busca de resultados sem que o uso de técnicas gerencial privada comprometa a especificidade do Terceiro Setor. Nas organizações privada, as aplicação dos recursos para a sobrevivência cabe ao gerente ou ao conselho diretor. O processo decisório é de responsabilidade do principal executivo ou das lideranças principais situados na estrutura organizacional. Ao administrador privado são delegados, por seus acionistas, o poder e a responsabilidade de decidir sobre o futuro da organização.Os parâmetros da decisão envolvem objetivos, recursos, estratégias, aplicação, busca de resultados, ect. Que são estabelecidos pelos acionistas ou pelo “board”. São consideradas várias variáveis, tais como: dinâmica do mercado, fornecedores, competidores e o cliente, a quem a empresa deve atender ou prestar serviços. O cliente para a empresa privada, segundo Whiteley (1999), é o delimitador da ação 32 decisória do administrador e o atendimento de suas necessidades é o fator de sucesso administrativo: Conheça os seus clientes como sua própria família, satisfaça-os completamente, e você terá sucesso. Parece impossível? Não acredite. Qualquer um pode saturar a companhia com a voz do cliente. A chave é que todas as organizações, a começar pelo líder, precisam calibrar suas ações conforme as necessidades, as expectativas e os desejos dos clientes. Se uma ação não está indo ao encontro à necessidade do cliente, simplesmente a elimine. (WHITELY, 1999, p.21) Esse parece ser um parâmetro ideal ao máximo de toda organização privada. Quando a um distanciamento ou insatisfação do cliente em relação aos produtos e serviços da empresa, inicia-se o ciclo de perda de recursos, Ao final, são os clientes que possuem os recursos financeiros que serão trocados por bens e/ou serviços prestados pelas empresas. Caso essa troca não aconteça continuamente, a ameaça à perenidade organizacional pode ocorrer. Na gestão das organizações do Terceiro Setor, a lógica da sobrevivência é a mesma da iniciativa privada, mas a forma de obtê-la é diferente. Nelas, o princípio, as decisões são ou deveriam ser mais coletivas e participativas do que na iniciativa privada. Na fundação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), por exemplo, deve-se obrigatoriamente prever as instâncias decisórias que atuarão no cotidiano da organização: O Conselho Fiscal e o Conselho Administrativo. Isto indica que nela o processo decisório deve ser coletivo. A diferença maior parece estar no papel do gestor. Se a empresa privada espera-se dele a condução e o estabelecimento de estratégias de conquista e dominação do mercado, na Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) o gestor é um “servidor” do bem comum e sua prioridade é atender as necessidades de transformação social. Neste sentido, o gestor do Terceiro Setor pode ser visto, frequentemente, como um missionário que potencializaria os desejos comunitários por mudança. Essa visão se ataca pela visão da Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL) pode embaçar o papel administrativo do gestor porque mistura a objetividade necessária, que o administrador precisa ter, com a missão do missionário: a expectativa de atender a todos. Na administração das organizações do Terceiro Setor, o gestor 33 deve articular a opção estratégica de mudança social com a ação operacional objetiva do gerenciamento, eficiente, eficaz e que produza resultados. Segundo Maximiano, 2002 toda administração envolvem quatro processo – planejamento, organização, execução e controle (MAXIMIANO, 2002,p 26). Essas seriam práticas comuns às organizações privadas às instituições estatais e várias delas podem sê-lo, também, às organizações sem fim lucrativo. No estudo realizado entre as OSFL, foram examinadas seis práticas administrativas – Institucionalização, Planejamento, Gerenciamento de Recursos Humanos, Avaliação de desempenho, Sustentabilidade Financeira e Comunicação – por serem procedimentos mais usados, embora em graus diferenciados, pela gestão privada ou pública. Nesse estudo levou-se em consideração a experiências de autores, no setor privado e nas fundação e gestão de organização do Terceiro Setor. A análise de cada processo seguirá a ordem anunciada. A institucionalização é a forma legal de constituição de uma organização. Nas Organizações do Terceiro Setor, o Estatuto é o documento definidor de sua razão de ser e definir seu formato legal: sua constituição em Associação ou Fundação com o título de Utilidade Pública ou não, seu CNPJ e sua estrutura administrativa - Conselho Fiscal, Executivo, Administrativo, Diretoria Executiva. A institucionalização é a identidade da organização, sua forma de ser reconhecida e de tornar-se visível junto as demais setores: o Estado, o Mercado e as congêneres. No estudo, o existir institucional constitui o primeiro indicador do grau de profissionalização das organizações do Terceiro Setor. Ele será medido pela presença ou não de outros noves requisitos: Possuir estatuto; Ser registrada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; Ser registrada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; Ser registrada como de Utilidade Pública – (municipal, estadual ou federal); Possuir Conselho Fiscal constituído; Possuir uma diretoria Executiva; Possuir Departamentos definidos; Realizar parcerias com entidades públicas ou privadas; Possuir escrita Contábil. 34 A segunda prática, a ser vista, é o Planejamento. Dada a natureza das organizações, seus membros precisam saber e compreender aquilo que se pretende realizar para que possam envolver nesta ou naquela tarefa. O Planejamento “pode e deve ser entendido como um processo através do qual as pessoas que atuam em uma organização acordam a essência do que pretendem realizar e com que meios” QUEIROZ, 2004, p.35). Ele pode ser defini do também, de uma forma mais pragmática, como um “processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa” (OLIVEIRA, 2003, p35). Sem a pratica do planejamento, não somente os membros da organização ficam sem horizonte, mas também os parceiros, apoiadores e financiadores, podem sentir-se inseguros por não saberem em que direção caminhar e que trabalho desenvolver. Para as Organizações do Terceiro Setor, a adoção de Planejamento é importante também porque significa demonstrar coerência com objetivos, metas e projetos e ter comprometimento com a sua perenidade. O planejamento é o segundo fator a ser usado para avaliar o grau de profissionalização das organizações do Terceiro Setor. Ele será mensurado pelo registro ou não de sete quesitos: Possuir planejamento Estratégico; Possuir Plano de Marketing; Possuir metas de desempenho estabelecidas; Possuir plano Orçamentário; Possuir sistemas informatizados; Possuir relatórios de acompanhamento orçamentário; Possuir sistemática de avaliação de projetos. O terceiro procedimento administrativo é o Gerenciamento do Recursos Humanos que pode ser considerada a principal atividade do Administrador. Na gestão de pessoas supõe-se a realização de várias tarefas: Recrutamento – Como encontrar o profissional com profissional com perfil adequado à função; a seleção – como será feira a escolha do profissional desejado; Remuneração – como remunerar o profissional pelo trabalho que fará; 35 Descrição de função ou do trabalho que o profissional deverá realizar; Capacitação – como melhor formar o profissional pra executar sua função; Plano de Carreira – definição de critérios de evolução profissional dentro da organização; Avaliação de Desempenho – parâmetros de avaliação do resultado do trabalho executado. Um outro aspecto relevante para a administração de RH nas organizações sem fins lucrativos é a gestão de trabalho voluntário, um componente essencial para este tipo de organização. As pessoas que se dedicam ao trabalho voluntário possuem, geralmente, características e motivação específicas que comportamentos e técnicas gerencias de RH diferenciadas das que são usadas para gerir os funcionários remunerados de empresas privadas ou dos terceirizados ou do Terceiro Setor. Como assinala Falconer: Gestão de voluntáriosé um caso de diferenças mais marcadas entre aplicação da administração de recursos humanos em empresas e em organizações sem fins lucrativos. Embora soe paradoxal, a “profissionalização” do voluntariado está em curso no terceiro setor. Isto significa, entre outras coisas, desenvolver a capacidade de recrutar e capacitar pessoas para a atuar como voluntárias, compartilhar com estas os valores da organização, definir cuidadosos planos de trabalho e acompanhar a sua atuação para que o trabalho seja efetivamente cumprido, sem deixar espaço para o amadorismo, muitas vezes, caracteriza o voluntariado. (FALCONER,1999. P 129) A gestão de RH é terceiro fator adotado para avaliar o grau de profissionalização das Organizações Sem Fins Lucrativos, ele será pela presença ou não de outras dez práticas: Possuir funcionários remunerados; Possuir critérios de seleção para funcionários remunerados; Possuir trabalhadores voluntários; Possuir critérios de seleção para voluntários; Realizar treinamento de voluntários; Possuir regras para o trabalho voluntário; Possuir equipe de gerenciamento de Recursos Humanos; Possuir Plano de Carreira; Possuir descrição e função. 36 A quarta prática administrativa a ser examinada são as Avaliações de Desempenho. Supõe o estabelecimento de parâmetros para medir e avaliar resultados de ação social ou empresarial. Se empresariais, os resultados podem ser: financeiro/contábeis (lucratividade, rentabilidade), operacionais (metas de produção realizada), mercadológica (participação no mercado). A avaliação dos resultados é geralmente tornada pública interna e externamente em relatórios periódicos, semestrais ou anuais. Os indicadores de desempenho do Terceiro Setor são semelhantes àquelas utilizadas pela iniciativa privada, com exceção do fator mercadológico, especifico à iniciativa privada. A diferença maior entre ele é o olhar social que embasa a avaliação do Terceiro Setor. Essa, no entanto, é outra matéria controvérsia no interior das organizações do Terceiro Setor. Quando a avaliação se faz com os indicadores quantitativos não são grandes os problemas. A polemica é maior quando ela é qualitativa, porque sempre comporta avaliação pessoal e subjetiva de questões de ordem intangível, como bem exposto por Ehlers; Calil: Em geral, não existe muita dificuldade de entendimento em relação aos indicadores quantitativos. As dificuldades são maiores quando se monitora indicadores qualitativos, justamente porque se referem a mudanças de estado ou de situação que, em sua essência, caracterizam fenômenos de natureza intangível”. (EHLERS; CALIL, 2004, p. 115) Este estudo procurou verificar na avaliação de desempenho das OSFL os sete procedimentos mais utilizados. Possuir indicadores de resultado para trabalho comunitário; Realizar pesquisa de satisfação com a comunidade; Realizar reuniões de avaliação com funcionários; Possuir critério técnico de qualidade do trabalho; Possuir relatórios de acompanhamento do trabalho executado; Realizar Balanço social; Possuir indicadores de avaliação da qualidade do trabalho dos funcionários. O quinto critério usado é a Sustentabilidade Financeira nas OSFL. Avaliam –se aqui as diversas formas de captação de recursos financeiro, utilizadas 37 pelas organizações do Terceiro Setor. Nas organizações provada, a geração de recursos advém da comercialização de seus produtos ou serviços. Nas OSFL pode acontecer o mesmo, mas o mais comum é a busca de patrocínio para seus projetos de ação social. Os patrocinadores podem ser: a iniciativa privada, o Estado ou outras organizações do Terceiro Setor, como as entidades nacionais ou internacionais de fomento ao desenvolvimento social ou de preservação ecológica. Na avaliação de Voltolini (2004), um expert na área de disponibilidade de recursos, saber articular seu financiamento é vital para tornar as ações as OSFLs efetivas e sustentáveis: elas Precisam de recursos tanto para ser efetivas quanto para ser sustentáveis. A existência ou não desses recursos expressa o enraizamento dessas organizações na sociedade, manifesta no grau de articulação que elas mantêm com se entorno. [...] O financiamento constitui um elemento crítico da gestão das organizações. Mais ainda, seria impensável organizações com um bom nível de gerenciamento sem planos claros e estratégias de financiamento”. (VOLTOLINI, 2004, p.208-209) A sustentabilidade financeira será aferida pelo uso ou não de uma ou várias das sete práticas seguintes: Possuir fonte de renda própria; Receber recursos de fontes governamentais; Receber recursos de organizações privadas; Receber recursos de organizações do terceiro setor; Receber recursos de organizações internacionais; Realizar gestão de custos. Segundo os estudos realizados pelas Organizações Sem Fins Lucrativos a comunicação neste não se deve quesito avaliam-se os contatos e meios usados pelas organizações para se comunicar com seus diversos públicos. De acordo com Para Figueiredo (2007) por Comunicação, entende-se [...] “um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas na exposição e divulgação dos produtos de uma organização”. Nas empresas privadas é comum a existência de planos de comunicação, englobado no Plano de Marketing. Nas organizações do Terceiro Setor nem sempre o Marketing é visto positivamente. Ele pode ser considerado por muitos como uma ferramenta mercadológica eminentemente comercial e, portanto, 38 estranha ao meio ou incompatível com a gestão das entidades sem fins lucrativos. Embora as organizações do Terceiro Setor possam variar seu perfil e de público, os meios de comunicação a serem usados podem ser fundamentalmente das empresas privadas desde que utilizados com adaptações para respeitar a diferença organizacional existente entre elas. Mesmo com esta precaução, deve-se, no entanto, registrar a controvérsia sobre o uso desta ferramenta pelas OSFLs, existente na literatura. Uma década de debate (sobre o Marketing no Terceiro Setor) não foi tempo suficiente nem para formas massa crítica a respeito do marketing na área social nem para retirá-lo de uma redoma de preconceito e desinformação. E embora cada vez mais organizações de Terceiro Setor venham recorrendo ao seu uso, premidas quase sempre pelo imperativo da sustentabilidade financeira, a grande maioria delas está longe de compreender o marketing em toda a sua amplitude conceitual e na integral extensão de suas possibilidades como instância de planejamento e matéria- prima para desenvolvimento de estratégias. (VOLTOLINI,2004, p. 141) De acordo com Figueiredo (2007), tendo como foco a Comunicação, fator fundamental que as organizações do Terceiro Setor possuam: Estratégia de comunicação definida, material publicitário de divulgação, marca gráfica definida, utilizar assessoria de comunicação, site na internet, relatório anual de atividades e informativo periódico para o seu sucesso. (FIGUEIREDO 2007) Por fim, os Fatores de Sucesso, que engloba aqueles que são tidos como imprescindíveis ao alcance dos seus objetivos das Organizações Sem Fins Lucrativos. Vale ressaltar que os fatores de sucesso não são sempre os mesmos e podem variar de acordo com a visão individual de gestores, pelas condições históricas, econômicas, políticas e sociais que envolve o desenvolvimento do negócio. Ainda os Fatores de Sucesso podem ainda variar segundo a cultura de cada pais ou região onde atua, pela problemática social, solidária oi comunitária. Há ainda, a expectativa de que no Terceiro Setor não pode existir competitividade, estratégia de concorrência e outra práticas do setor privado. 3.5 Marketing e Terceiro Setor 39 Segundo Carvalho; Felizola (2009, p. 1), “o marketing e a forma de captação de recursos no TerceiroSetor diferem da forma em que são praticados em empresas”, pois o beneficiário dessas entidades quase certamente não é aquele que financiou o bem o serviço prestado, e mesmo quando os serviços são cobrados do usuário, dificilmente estes são os únicos responsáveis pelo seu custeio. Os mesmos autores afirmam que: Uma ação de marketing que tem como alvo o financiador difere profundamente de uma campanha de arrecadação de fundos junto a cidadãos. Estas ações, por sua vez, diferem de uma atuação de marketing que tem como objetivo promover uma causa social, como a erradicação do trabalho infantil, ou de proteção ao meio ambiente. Em suma, o chamado marketing social é mais complexo do que a relação comercial cliente- fornecedor que, tipicamente, caracteriza os mercados onde atuam empresas e apesar do parentesco com o marketing de empresas, envolve um conjunto de técnicas e metodologias distintas (CARVALHO; FELIZOLA, 2009, p. 1-2). Dessa forma, o marketing social se distingue do marketing comercial por beneficiar em primeira instância o indivíduo ou a sociedade. O objetivo do marketing social é modificar atitudes ou comportamentos atendendo interesses do mercado ou sociedade, que se dá pela concretização de ideias e serviços. Esta afirmação pode ser reforçada com os conceitos de dois autores a seguir: a) Marketing social é um modelo de gestão voltada para as transformações sociais com base na mudança de comportamentos e atitudes, individuais e coletivas. (KOTLER, 1978) b) “Marketing social é o uso das técnicas e ferramentas do marketing tradicional, para promover a adoção de comportamento que desenvolverá a saúde e o bem-estar de um público-alvo específico ou da sociedade como um todo” (SINA; SOUZA, 1999, p.27). Em resumo pode-se afirmar que o marketing para o Terceiro Setor ou marketing social é a gestão estratégica do processo de mudança social, a partir da aquisição de novos comportamentos, atitudes e práticas, nos âmbitos individual e coletivo, orientados por determinações éticas, fundamentadas nos direitos humanos e na equidade social. 40 O marketing nesse tipo de entidade pode ser classificado em filantrópico, campanhas sociais, de patrocínio, de relacionamento e de promoção social, conforme o objetivo específico traçado por ela (CARVALHO; FELIZOLA, 2009). Os mesmos autores descrevem em seu estudo as características de cada tipo: O marketing da filantropia promove a imagem da empresa como benfeitora e sensível às causas sociais, sendo normalmente utilizado por empresas e corporações em benefício das causas de algumas instituições. O marketing das campanhas sociais tem características muito peculiares. Possuem um forte apelo emocional, contribui para um movimento sério, que rapidamente obtém a adesão de empresas, governo e sociedade civil, geralmente conta com apoio da mídia, valoriza o produto e constrói uma imagem positiva da empresa para o consumidor. São campanhas neste sentido as contra a fome, contra violência, a favor do desarmamento e valorização da cidadania. O marketing de patrocínio de projetos sociais as empresas buscam retorno de imagem, promoção da marca e/ou do produto, bem como a fidelização e captação de clientes. É dividido em dois tipos: o patrocínio de projetos de terceiros e de patrocínios de projetos próprios. No primeiro caso as empresas ou instituições atuam em parceria com o governo no financiamento de suas ações sociais. Alguns exemplos: Petrobrás, Fundação Boticário, etc. No segundo caso, as empresas, por meio de seus institutos e fundações sociais, criam seus próprios projetos e os implementam com recursos próprios, como exemplo a Fundação Roberto Marinho, das Organizações Globo. Como ressaltam Melo Neto e Froes (1999), nos projetos de patrocínio a empresa busca alavancar e desenvolver o seu negócio, fazendo uso das potencialidades do marketing social. O marketing de relacionamento com base em ações sociais é utilizado por empresas e instituições que utilizam o uso da força de vendas ou de representantes como prestadores de serviços sociais para orientar seus clientes como usuários de serviços sociais, estreitando o seu relacionamento com clientes e parceiros, visando a fidelização dos clientes, a promoção da marca e/ou produto. E por fim, o marketing de promoção social de produtos e marcas, também chamado de marketing de causa, é o licenciamento do nome ou da logomarca de uma entidade ou de uma campanha social do governo à empresa, em troca de uma porcentagem de faturamento. Ao utilizar o nome da entidade ou sua logo na campanha, a empresa agrega valor social ao negócio e aumenta as vendas de seu produto. (CARVALHO; FELIZOLA, 2009, p.7) Mais importante do que definir a tipologia da ferramenta de marketing utilizada, é a entidade desenvolver um trabalho profissional que, mediante a adequação das ferramentas disponíveis, transmita à sociedade corretamente seus 41 ideais, ações e resultados, de forma que possa encontrar sempre parceiros dispostos a se envolver com a sua causa. 3.6 Personagens do Terceiro Setor As principais organizações, relacionadas através da pesquisa realizada por Kanitz ; Lorenzi (2006), que podem ser consideradas personagens do terceiro setor, são: Fundações, Entidades Beneficentes, Fundos Comunitários, Entidades Sem Fins Lucrativos, Organizações Não-Governamentais (ONG), Empresas com Responsabilidade Social, Empresas Doadoras, Elite Filantrópica e Pessoas Físicas. (KANITZ ; LORENZI, 2006). 3.6.1 Organizações Não Governamentais As Organizações Não Governamentais (ONGs) são as entidades de direito civil, com autonomia, de caráter privado, porém com finalidade pública, que atuam no Terceiro Setor e, em seus objetivos, não visam o lucro. As ONGs caracterizam-se por serem organizações sem fins lucrativos, autônomas, isto é, sem vínculos com o governo, voltadas para o atendimento das necessidades de organizações de base popular, complementando a ação do Estado. Têm suas ações financiadas por agências de cooperação internacional, em função de projetos a serem desenvolvidos, e contam com trabalho voluntário. Atual através da promoção social, visando a contribuir para um processo de desenvolvimento que supõe transformações estruturais da sociedade. (TENÓRIO, 2006, p. 11) O Termo ONG, tradução inglesa de Non-Governmental Organizations (NGOs), surgiu na Reunião do Conselho Econômico Social, idealizada pela Organizações das Nações Unidas (ONU) em 1950. (VIOLIN; 2006). Segundo Tenório (2006, loc. cit.) “num espaço de tempo muito curto, o mundo se viu diante de problemas globais, cujas soluções agora dependem da capacidade de articulação de um espectro mais amplo de agentes sociais”. Este cenário contribuiu para que pessoas preocupadas com determinadas situação se reunissem em torno de um ideal em comum, a fim de defender interesses próprios e coletivos. De acordo com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais 42 (ABONG), no Brasil, as primeiras ONGs surgiram: [...] nas décadas de 70 e 80, apoiando organizações populares, com objetivo de promoção da cidadania, defesa de direitos e luta pela democracia social. As primeiras ONGs nasceram em sintonia com as demandas e dinâmicas dos movimentos sociais, com ênfase nos trabalhos de educação popular e de atuação na elaboração e controle social das políticas públicas. (ABONG, 2009). Uma ONG nasce da vontade ou necessidade de um grupo de pessoas, que buscam com a criação da mesma uma personalidade própria e maior representatividade perante a sociedade e ao governo. Atuam em diversas áreas, como: educação, meio ambiente, saúde, esporte, cultura, entre outros. Seus recursos são provenientes de apoios financeiros do governo, empresa privadas, doações da população que se identificam com a causa e vendas de produtos. Salienta-se que umaONG precisa ter bem claro e definido seus objetivos, pois somente desta maneira conseguirá atrair maior número de voluntários, tornando-se um organismo de utilidade pública reconhecida e respeitada. (ABONG, 2009). 3.6.2 Associações Uma associação se dá pela união de duas ou mais pessoas. Pode ser declarada de utilidade pública, quando tem por objetivo fins humanitários, beneficentes, culturais literários, entre outros, visando exclusivamente ao bem estar da coletividade, sem nenhum fim lucrativo, podendo a finalidade ser alterada pelos sócios. Essa formação é considerada uma pessoa jurídica, fato indispensável para a formalização legal da associação. (DOMENEGHETTI;2001). As associações tem seus modelos no associativismo, e tem como foco principal a união, de forma ordenada, de pessoas preocupadas com alguns problemas da sociedade, que juntas buscam superar dificuldades e gerar benefícios econômicos sociais ou políticos. Tantos as associações quanto as fundações necessitam de uma reunião de pessoas e de um acervo de bens, mas nas associações predominam a pluralidade de pessoas que buscam o fim comum, enquanto que as 43 fundações o que prevalece é a existência de um patrimônio afetado a um determinado fim. (VIOLIM,2006,p.188). A criação de uma associação remete à obrigatoriedade de agir legalmente para obtenção de recursos através de convênios junto à administração pública, que levará em consideração a sua formalização. O Novo Código Civil (Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002), define as Associações enquanto Pessoa Jurídica de Direito Privado em seu artigo 44, já os artigos 53 ao 61, do mesmo diploma legal, regulamente as Associações. Existem diversas formas de associações como: associações de consumidores, de produtores, de classe, filantrópicas, entre outras. Para Domeneghetti (2001) para que se possa constituir e registrar uma associação é necessário: 1. Discussão e elaboração de um projeto; 2. Preparação do Estatuto Social; 3. Formação e convocação da Assembleia Geral para a constituição da Associação; 4. Registro do Estatuto e da Ata da Assembleia de constituição no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas; 5. Obtenção da inscrição na Receita Federal – CHPJ; 6. Obtenção da inscrição na Secretaria Estadual da Fazenda – Inscrição Estadual - se a Associação exercer algum tipo de comércio; 7. Obtenção de registro no INSS; 8. Registro na Prefeitura Municipal (prestação de serviços); 9. A contratação de funcionários implicará nos necessários trâmites burocráticos junto ao Ministério do Trabalho: abertura de livros de registro de empregados e inspeção por parte da Secretaria do Trabalho, abertura de contas do FGTS, registro no INSS etc. (DOMENEGHETTI 2001, P. 32) A razão pela qual se cria uma associação é a solução mais eficaz encontrada com a união de pessoas que, somando forças, buscam a melhoria de determinadas situações. 3.6.3 Fundações No dizer de Szazi (2003, p.37), fundação é “um patrimônio destinado a servir, sem intuito de lucro, a uma causa de interesse público determinada, que adquire personificação jurídica por seus instituidor”. Em outra palavras, é possível dizer que uma fundação pode ser criada pelo desejo de apenas um indivíduo, não 44 necessitando que haja a reunião de pessoas para que ela exista, como se dá nas demais pessoas jurídicas existentes no ordenamento jurídico brasileiro. Posto isto, pode-se dizer que, para a criação de uma fundação, basta que uma pessoa assim o deseje e destine um patrimônio para esse fim, o que pode se dar até por meio de vontade contida em testamento. Contudo, há que se verificar uma importante situação no tocante à criação de fundações colocada pelo art. 62, parágrafo único, do Código civil brasileiro, o qual reza que as fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistenciais. Fugindo desses fins específicos, a fundação não será constituída, ou, se já em funcionamento, deverá ser extinta e o patrimônio remanescente será incorporado ao de outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha afim igual ou semelhante ao da fundação em extinção. 3.6.4 Voluntariado O texto "O Voluntariado" (2005) desenvolvido pela Rits - Rede de Informações para o Terceiro Setor - mostra uma nova visão da realidade do trabalho voluntário e de sua importância para a comunidade como um todo: os voluntários e os que são favorecidos com o trabalho. Voluntário "é a pessoa que doa o seu trabalho, suas potencialidades e talentos em uma função que a desafia e gratifica em prol da realização de uma ação de natureza social" (DOHME, 2001, p.17). O voluntariado parte do princípio da união da solidariedade com a cidadania, não substituindo o Estado, nem entrando em confronto com o trabalho remunerado, define a capacidade da sociedade de assumir responsabilidades e de agir por si mesma. Porém voluntariado não é só trabalho assistencial de apoio a população mais desestruturada, mas uma atividade que inclui diversas iniciativas de cidadãos em áreas como educação, saúde, cultura, direitos, meio ambiente, esporte e lazer. (RITS, 2005). Drucker (2002) enfatiza uma ideia importante em se tratando de terceiro setor, lembrando que a instituição sem fins lucrativos não está meramente prestando um serviço, ela não quer que o usuário final seja um usuário, mas sim um executor, um voluntário, provocar esta mudança no ser humano é um foco oportunizador. 45 O texto de Rits, (2005) indica que o trabalho voluntário é uma via de mão dupla: não existindo somente a generosidade e doação, mas também abertura para novas experiências, oportunidade de aprendizado, sentimento de utilidade, criação de novos vínculos de pertencimento, afirmando o sentido comunitário de quem participa. Uma organização com fins sociais se beneficiará com o trabalho de voluntários, não somente pela não-remuneração, mas possuirá indivíduos que exercerão trabalho com total adesão aos fins propostos, desenvolvendo algo que gosta e que escolheu, realizando a atividade a que se propõe com sentimento de caridade, amor ao próximo e sentimento comunitário. (DOHME, 2001). O voluntariado ainda é uma realidade pouco visível e valorizada, é preciso conhecer a riqueza e diversidade das experiências existentes, além de criar condições para utilizar o potencial de solidariedade existente na sociedade. Analisando esta categoria de trabalho, Rits (2005) analisa a existência de Centro de voluntários, que tem por missão básica envolver voluntários, mobilizando pessoas e recursos para encontrar soluções criativas para problemas comunitários, transformando necessidades sociais em oportunidades de ação voluntária. Estes centros se definem pelas ações de promoção e fortalecimento do trabalho que realizam, sendo tão diversas quanto ás necessidades a que desejam sanar e a criatividade de quem as organizam. O objetivo mais amplo de um centro comunitário é contribuir para que haja sempre mais e melhor trabalho voluntário em atuação. Também capacita voluntários e instituições, identificando e divulgando experiências de trabalhos voluntários e incentivando a desenvolverem estas ações por iniciativa própria. Assim articula a oferta e a demanda de trabalho voluntário, oferecendo oportunidades de ação voluntária, e estabelecendo um elo entre quem quer ajudar e quem precisa de ajuda. (RITS, 2005). 3.7 Captação de Recursos A captação de recursos no Brasil é ainda uma atividade vista como um grande obstáculo para a realização dos objetivos geral do Terceiro Setor. Mas ela observa a captação de recursos baseada nas ferramentas de marketing, o que exige do gestor muito profissionalismo Isto significa que é preciso organização, 46 responsabilidade, otimismo, seriedade e foco. Não há um manual pronto, pois quem dita
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