Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
[Digite aqui] 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ....................................... 3 3 O MISTÉRIO DO BRINCAR ....................................................................... 9 4 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM .......................................................... 11 5 NECESSIDADES DE APRENDIZAGEM E O PAPEL DO PROFESSOR . 13 6 A CRIATIVIDADE ..................................................................................... 15 7 A BRINCADEIRA, OS BRINQUEDOS E A REALIDADE .......................... 16 8 O JOGO: PROPRIEDADES FORMATIVAS ............................................. 18 9 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 20 10 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 22 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL O lúdico, pela sua relevância, tem sido abordado pelo viés da História, da Filosofia, da Psicologia, da Psicanálise e da Psicomotricidade Relacional, entre outras áreas de conhecimento. Muitos autores o consideram como impulsionador do desenvolvimento da criança. Contudo, a partir da Psicanálise, o brincar é abordado como objeto de estudo e contribui para compreensão da importância do lúdico no desenvolvimento infantil. Freud, com base no caso de uma criança, já especulara sobre a psicologia infantil e o significado psicológico do lúdico. Freud observou que essa criança, na época com 18 meses, brincava com um carretel de madeira. Utilizando um barbante atado a ele, jogava-o várias vezes, em um movimento que o fazia desaparecer para, em seguida, puxá-lo, fazendo-o reaparecer. Toda vez que o menino puxava o fio e o carretel aparecia, ele ficava contente. Ao contrário, quando desaparecia, ficava triste. Assim, este psicanalista -se da angústia provocada pela ausência temporária de sua mãe. Freud reconheceu nesse comportamento uma função da brincadeira infantil. Graças à compreendeu que o jogo representava a maneira pela qual essa criança buscava consolar brincadeira, a criança consegue transformar as experiências que vivenciou passivamente em um desempenho ativo, convertendo a dor em prazer, ao dar às experiências originalmente dolorosas um desfecho feliz. Dessa forma, a teoria freudiana mudou a concepção da infância. Todavia, até então, a Psicanálise parecia inadequada à criança, pois a análise de adultos realizava-se por meio da comunicação verbal, de associações livres. No caso da criança pequena, a fala é limitada, sendo quase impossível exigir que façam associações livres. Posteriormente, Melanie Klein, discípula de Freud, lançou as bases da análise de crianças e desenvolveu as técnicas. Na década de 1920, ela iniciou um trabalho com crianças e bebês. Isso lhe possibilitou criar a técnica lúdica para análise de crianças desde tenra idade, que lhe forneceu instrumentos para desvendar segredos mais profundos da mente humana desde os primórdios de sua formação (MELLO). Klein parte da constatação de que, no psiquismo da criança, o inconsciente está próximo do consciente e que as manifestações da fantasia inconsciente aparecem na conduta e no brincar de forma quase indisfarçada. Com base em suas observações para captar o inconsciente, propôs-se a usar brinquedos como instrumentos 4 intermediários de comunicação, objetivando obter associações da criança. Segundo o pensamento Kleiniano, o brincar da criança pode representar, simbolicamente, suas ansiedades e fantasias. E, já que não se pode exigir da criança que faça associações livres, o brincar corresponderia a expressões verbais, ou seja, à expressão simbólica de seus conflitos inconscientes. Ao brincar, as crianças expressam o conteúdo inconsciente de seu psiquismo, assim como os adultos o fazem nas associações livres. Klein postulou que o brincar equivale ao sonhar do adulto, restando ao analista desvendar o sentido do brinquedo. Ao brincar, a criança encontra um intenso prazer, visto que, por meio dos jogos e brincadeiras, realiza seus desejos, como também busca minimizar os desprazeres, uma vez que o brincar possibilita o domínio da angústia. As atividades lúdicas da criança permitem uma transposição do real para a fantasia, possibilitando à criança lidar com o medo dos perigos internos e externos (MELLO). Em outros termos, é a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação. Toda atividade lúdica funda-se no prazer. Neste sentido, o prazer sensório motor é um aspecto fundamental para a Psicomotricidade Relacional, sendo a expressão mais evidente da unidade da personalidade da criança. Geralmente, associa-se o prazer sensório-motor às atividades motrizes, como caminhar, saltar, correr e girar. Contudo, autores como Lapierre e Auconturier (1998) atribuem uma relação entre as sensações corporais e os estados tônico-emocionais do indivíduo. Colocado de outra forma, no plano psíquico, as modulações tônicas que acompanham o gesto dão-lhe sua tonalidade afetiva, revelando sentimentos, conscientes ou inconscientes. Grosso modo, diríamos que o “corpo não mente”, por ser mais “instintivo”, mais espontâneo, pois, como já vimos antes, a consciência não controla todas as sensações. Assim, a pessoa pode se deparar com situações em que seu corpo revela seu estado emocional, como tristeza, raiva, timidez, e outras emoções, mesmo que conscientemente não os queira revelar. O lúdico é importante na educação infantil é através dele que a criança vem a desenvolver habilidades para a aprendizagem acontecer. O educador deve direcionar toda a atividade fazendo a brincadeira perder o caráter livre promovendo um caráter pedagógico, promovendo interação social e o desenvolvimento de habilidades 5 intelectivas. A forma mais apropriada para conduzir a criança à atividade, a auto expressão e à socialização é através dos jogos, são como fatores decisivos na educação infantil. A educação lúdica sempre esteve presente em todas as épocas entre os povos e estudiosos, sendo de grande importância no desenvolvimento do ser humano na educação infantil e na sociedade. Os jogos e brinquedos sempre estiveram presentes no ser humano desde a antiguidade, mas nos dias de hoje a visão sobre o lúdico é diferente. Implicam-se o seu uso e em diferentes estratégias em torno da pratica no cotidiano. É por isso que a proposta de incluir as atividades lúdicas na educação infantil vem sendo discutida por muitos pensadores e educadores, que a formação do educador seja de totalresponsabilidade pela permanência do aluno na escola, para adquirir valores, melhorar os relacionamentos entre os colegas na sociedade que é um direito de todos. O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantindo se o educador estiver preparado para realizá-lo. Nada será feito se ele não tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso adiante (ALMEIDA, 2000, p.63). Encontra-se nos dias de hoje, lugares que ainda não colocaram em seu cotidiano, atividades lúdicas para enriquecer as ferramentas para o processo de ensino e aprendizagem. A educação lúdica sempre esteve presente em todas as épocas, é ainda desvalorizado em algumas instituições defasando o processo de construção de conhecimento. É no jogo que a criança começa a desenvolver fatores intelectuais. O lúdico tem uma tarefa difícil, pois o educador tem que ter uma fundamentação teórica bem estruturada e ter a consciência de que está lidando com uma criança modernizada, e que o repertorio de atividades precisa ser adaptado a estas situações. Com cinco anos de idade a criança está na fase da imitação, em uma fase de construção continua e o seu pensamento se torna mais sólido a cada novo conhecimento. Trabalha-se com regras, a criança se interessa por jogos de caráter simbólicos permitindo a ela, aprender a resolver conflitos organização e os educadores vão influenciando o compreender o mundo adulto de forma objetiva. 6 O jogo com regras a terceira categoria lúdica proposta por Piaget, sucede, no desenvolvimento, ao jogo simbólico. É próprio da criança que egressa no período das operações concretas e vai ser um tipo de jogo que prevalece entre os adultos. (CARVALHO, 2005, p.39) As crianças têm a necessidade de frequentar uma pré-escola, onde professores desenvolveram através de atividades lúdicas que auxilia no desenvolvimento intelectual. As atividades lúdicas auxiliam as crianças através dos jogos a criança aprende a construir uma série de informações e ter novos conhecimentos, principalmente na aprendizagem. O lúdico é tão importante na vida da criança possibilita a desenvolver habilidades, a imaginação, comparar o real com o faz de conta. O educador tem que ter preparo para trabalhar atividades lúdicas com crianças. O que os jogos têm de importante para o desenvolvimento dessas crianças, o que pode ser estimulado através do brincar. A educação infantil tem que estar preparada para receber essas crianças, é uma fase que a criança aprende muito rápido, é através dos brinquedos, dos jogos, das brincadeiras é o momento para trabalhar a criança e ajudar no seu desenvolvimento. Fonte: www.sempretops.com A maioria das escolas tem didatizado a atividade lúdica das crianças restringindo-as a exercícios repetidos de discriminação viso- motora e auditiva, http://www.sempretops.com/ 7 através do uso de brinquedos, desenhos coloridos, músicas ritmadas. Ao fazer isso, ao mesmo tempo em que bloqueia a organização independente das crianças para a brincadeira, essas práticas pré- escolares, através do trabalho lúdico didatizado, enfatizam os alunos, como se sua ação simbólica servisse apenas para exercitar e facilitar para o professor, a transmissão de determinada visão do mundo, definida a priori pela escola. “É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora brincadeira de roda...” (MARCELINO, NELSON.C.,1996.p.38) É papel da educação formar pessoas críticas e criativas, que criem, inventem, descubra, que sejam capazes de construir conhecimento. Não devendo aceitar simplesmente o que os outros já fizeram, aceitando tudo o que lhe é oferecido. Daí a importância de se ter alunos que sejam ativos, que cedo aprendem a descobrir, adotando assim uma atitude mais de iniciativa do que de expectativa. Considera-se função da educação infantil promover o desenvolvimento global da criança; para tanto é preciso considerar os conhecimentos que ela já possui, proporcionar a criança vivenciar seu mundo, explorando, respeitando e reconstruindo. Nesse sentido a educação infantil deve trabalhar a criança, tomando como ponto de partida que está é um ser com características individuais e que precisa de estímulos, para crescer criativa, inventiva e acima de tudo crítica.Quando o aluno chega a escola traz consigo uma gama de conhecimento oriundo da própria atividade lúdica. A escola, porém, não aproveita esses conhecimentos, criando uma separação entre a realidade vivida por ela na escola e seus conhecimentos. A escola agindo desta forma estará comprometendo a própria espontaneidade da criança, que não se sentirá tão à vontade em sala de aula a ponto de deixar fluir naturalmente sua imaginação e emoção.A ação de brincar, segundo Almeida (1994) é algo natural na criança e por não ser uma atividade sistematizada e estruturada, acaba sendo a própria expressão de vida da criança. RIZZI e HAYDT convergem para a mesma perspectiva quando afirmam: “O brincar corresponde a um impulso da criança, e este sentido, satisfaz uma necessidade interior, pois, o ser humano apresenta uma tendência lúdica” (1987 p. 14). 8 O lúdico aplicado à prática pedagógica não apenas contribui para a aprendizagem da criança, como possibilita ao educador tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas. Cunha (1994), ressalta que a brincadeira oferece uma “situação de aprendizagem delicada”, isto é, o educador precisa ser capaz de respeitar e nutrir o interesse da criança, dando-lhe possibilidades para que envolva em seu processo, ou do contrário perde-se a riqueza que o lúdico representa. Neste sentido é responsabilidade do educador, na educação infantil, ajudar a criança a ampliar de fato, as suas possibilidades de ação. Proporcionando à criança brincadeiras que possam contribuir para o seu desenvolvimento psicossocial e consequentemente para a sua educação. O lúdico enquanto recurso pedagógico deve ser encarado de forma séria e usado de maneira correta, pois como afirma ALMEIDA (1994), o sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantida, se o educador estiver preparado para realizá-lo. Sendo que o papel do educador é, intervir de forma adequada, deixando que o aluno adquira conhecimentos e habilidade; suas atividades visam sempre um resultado, e uma ação dirigida para a busca d finalidades pedagógicas. A educadora Ferreiro (1989), já apontava para a importância de se oferecer a criança ambientes agradáveis onde se sinta bem e a vontade, pois a criança deverá se sentir como integrante do meio em que está inserida. Conceber o lúdico como atividade apenas de prazer e diversão, negando seu caráter educativo é uma concepção ingênua e sem fundamento. A educação lúdica é uma ação inerente na criança e no adulto aparece sempre, como uma forma transacional em direção a algum conhecimento. A criança aprende através da atividade lúdica ao encontrar na própria vida, nas pessoas reais, a complementação para as suas necessidades. O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos e os animais exploram uma variedade de experiências em diferentes situações, para diversos propósitos. Considerem, por exemplo, quando uma pessoa adquire um novo equipamento, tal como uma máquina de lavar a maioria dos adultos vai dispensar a formalidade de ler o manual de ponta a ponta e preferir brincar com os controles e funções. Através deste meio, os indivíduos chegam a um acordo sobre as inovações e se familiarizam com objetos e materiais: nas descrições do brincar infantilisso é 9 frequentemente classificado como um brincar funcional. Esta experiência prática de uma situação real com um propósito real para o suposto brincador, normalmente é seguida pela imediata aprendizagem das facetas da nova máquina, reforçada subsequentemente por uma consulta ao manual e consolidada pela prática. A semelhança deste processo com uma forma idealizada de aprendizagem para as crianças pequenas é inevitável. Mas será que o brincar é verdadeiramente valorizado por aqueles envolvidos na educação e na criação das crianças pequenas? Com que frequência o brincar e a escolha dos materiais lúdicos são reservados como uma atividade para depois de as crianças terminarem o trabalho, reduzindo assim tanto seu impacto quanto seu efeito sobre o desenvolvimento da criança. Quantas crianças chegam à escola maternal incapazes de envolver-se no brincar, em virtude de uma educação passiva que via o brincar como uma atividade barulhenta, desorganizada e desnecessária? O brincar em situações educacionais, proporciona não só um meio real de aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes aprendam sobre as crianças e suas necessidades. No contexto escolar isso significa professores capazes de compreender onde as crianças estão em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, o que, por sua vez, dá aos educadores o ponto de partida para promover novas aprendizagens nos domínios cognitivos e afetivos. 3 O MISTÉRIO DO BRINCAR Por mais louvável que seja tentar definir o brincar, isso pode sugerir uma abordagem quantificável que, raramente acontece. Embora aceitando quase instintivamente o valor do brincar, é difícil para os professores envolvidos na organização cotidiana da aprendizagem infantil extrair algo com substância pragmática e teórica suficiente sobre o qual basear seus julgamentos e oferecimento de aprendizagem. Existem amplas evidências desta dificuldade nas escolas de educação infantil e de ensino fundamental onde o brincar é frequentemente relegado a atividades, brinquedos e jogos que as crianças podem escolher depois de terminarem seu trabalho. 10 A dicotomia para os professores é muito real: por um lado, a implicação é de que as crianças aprendem muito pouco sem a direção dos professores, e, por outro, o brincar auto iniciado pela criança é defendido como proporcionador de um melhor contexto de aprendizagem. Isso serve para salientar as muitas complexidades do papel do educador infantil. O tempo gasto brincando com as crianças é menor do que, por exemplo, ouvindo a leitura de cada uma, e vice-versa. Também existe a dificuldade, salientada de que os próprios adultos na verdade acham muito insatisfatório e até frustrante brincar com as crianças. A criança pequena que assume o papel da bailarina está experimentando como é adotar o papel de outra pessoa. Ela imita movimentos, maneirismos, gestos, expressões: ela realmente sente como é estar vestida com um tecido armado como o tule, as texturas contrastantes, as propriedades que elas oferecem e as diferentes qualidades e posturas físicas que inspiram. Através do espelho, ela se examina em uma outra aparência, provavelmente estimulada também por vários fatores como a brilhante cor cereja do tecido e o contraste branco-creme do tule, a forma diferente de seu corpo com esta roupa especial, e como ela se ajusta ao quadro apresentando pela imagem no espelho. Ao fazer piruetas está explorando suas próprias capacidades físicas, hesitantes e desajeitadamente, a princípio, mas com uma pose e agilidade que aumentam rapidamente. Ela não está tentando ser aquela bailarina e ainda está firmemente posicionada no mundo da infância, o que fica evidente pela melodia infantil que está cantarolando. Sobre este tipo de brincar, Kami afirma: Algumas encenações de papéis são esquemáticas, representando apenas eventos salientes em uma sequência de ações. A maioria das encenações é claramente criada a partir de conceitos de comportamentos apropriados e muito provavelmente não é uma imitação direta de pessoas. O adulto que rabisca está explorando o meio disponível de maneiras previamente não-descobertas, como uma repetição consciente ou inconsciente de um desenho previamente encontrado ou variações sobre um tema. Isso pode ou não ter um propósito, dependendo do adulto específico e do papel ao qual ele normalmente está associado, tal como o de artista gráfico, pintor amador ou calígrafo. Um aspecto importante é que este tipo de brincar exploratório, que segundo Kishimoto (1994) é 11 uma preliminar do brincar real, só será uma preliminar do brincar se a pessoa fizer caligrafia ou pintar apenas como passatempo. Poucos negariam que o brincar, em todas as suas formas, tem a vantagem de proporcionar alegria e divertimento. Almeida (2004) chega ao ponto de dizer que o brincar desenvolve a criatividade, a competência intelectual, a força e a estabilidade emocionais, e sentimentos de alegria e prazer: o hábito de ser feliz. Inversamente, parece que o brincar pode e ocorre no contexto de resolver conflitos e ansiedades, o que é aparentemente contraditório. Entretanto, considere esta afirmação de Kami (1991), uma nova experiência, se não for assustadora, provavelmente atrairá primeiro a atenção for investigado é que ele poderá ser tratado mais levemente e ser divertido. A estimulação, a variedade, o interesse, a concentração e a motivação são igualmente proporcionados pela situação lúdica. Se acrescentarmos a isso a oportunidade de ser parte de uma experiência que, embora possivelmente exigente, não é ameaçadora, é isenta de constrangimento e permite ao participante uma interação significativa com o meio ambiente, as vantagens do brincar ficam mais aparentes. Mas o brincar também pode proporcionar uma fuga, às vezes das pressões da realidade, ocasionalmente para aliviar o aborrecimento, e às vezes simplesmente como relaxamento ou como uma oportunidade de solidão muitas vezes negada aos adultos e às crianças no ambiente atarefado do cotidiano. Pois embora as qualidades sociais do brincar sejam as que recebem supremacia quando pensamos sobre o conceito, ele é e deve ser aceito como algo privado e interno para o indivíduo quando esta for a sua escolha. Isso se aplica igualmente às crianças no turbilhão de atividades na escola e em casa. 4 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM O principal problema quando tentamos discutir o brincar e a aprendizagem é que a primeira tarefa difícil, conforme sugerido por Wajskop (1995) é a de distinguir entre o brincar e os comportamentos de brincar. O brincar é, portanto, o processo quanto modo: como as crianças e os adultos consideram certos objetos ou eventos indica se eles estão ou não agindo de maneira lúdica. 12 Qualquer coisa pode ser realizada de maneira lúdica, seja qual for a categoria ou o nível de atividade envolvida, e é possível que adultos e crianças mudem dentro de uma mesma situação, de lúdico para sério, e vice-versa. O mais importante é que isso pode, ou não, ficar óbvio para um observador. Especialmente na escola, segundo Oliveira (2000), é improvável que as crianças consigam se expressar, devido a constrangimentos temporais e interpessoais, de forma tão competente, consistente e aberta como fazem em casa. Os professores encontram outros problemas quando tentam avaliar o que a criança realmente está aprendendo a partir do comportamento de brincar exibido. Para Oliveira (2000) dizem também que as crianças ocupadas com uma atividade raramente conseguem participar de conversas intelectualmente desafiadoras, porque sua atenção está dirigida para a tarefa. Os professores precisam inferir, a partir de suas atitudes externas, concentração, expressões faciais, motivação aparente, e assim por diante, qual está sendo sua provável aprendizagem; de outra maneira, comoeles podem saber que ensino e aprendizagem são necessários. Kishimoto (1994), diz sobre a análise do nosso próprio brincar: As escolhas de oportunidade lúdicas que fazemos habitualmente, sem refletir, podem, se refletirmos a respeito, ser psicologicamente informativas sobre nós mesmos e podem sugerir uma série de questões muito interessantes sobre o significado psicológico dessas escolhas. No contexto do presente modelo, precisamos reservar tempo para explorar as necessidades explicitadas pelo brincar, assim como tempo para conversar sobre ele, ampliando a aprendizagem por meio do brincar dirigido. A oportunidade para avaliar as respostas, compreensões e incompreensões da criança se apresenta nos momentos mais relaxados do brincar livre. A maior aprendizagem está na oportunidade oferecida à criança de aplicar algo da atividade lúdica dirigida a alguma outra situação. Cunha (1994) explica claramente suas ideias em relação a este aspecto quando diz que o brincar, como uma atividade, está constantemente gerando novas situações. Não se brinca apenas com e dentro de situações antigas. No caso das crianças pequenas, as incidências de aprendizagem podem ser muito pequenas, mas são elas que fazem a criança avançar um estágio ou mais na aprendizagem. E são essas aprendizagens que, livres do constrangimento do ensino 13 ou da aprendizagem explícita, podem ser verdadeiramente consideradas como brincar, pois como dizem Pourtois & Desmet (1999, p. 52), a exploração tende a preceder o domínio, que tende a preceder o brincar, e nem sempre é fácil distingui- los. Por meio do brincar livre, exploratório, as crianças aprendem alguma coisa sobre situações, pessoas, atitudes e respostas, materiais, propriedades, texturas, estruturas, atributos visuais, auditivos e sinestésicos. Por meio do brincar dirigido, elas têm uma outra dimensão e uma nova variedade de possibilidades estendendo-se a um relativo domínio dentro daquela área ou atividade. Por meio do brincar livre subsequente e ampliado, as crianças provavelmente serão capazes de aumentar, enriquecer e manifestar sua aprendizagem. Quanto mais jovem a criança, mais provável que seja necessário o brincar mais exploratório, mas isso depende do contexto geral e exploratório em suas experiências pré-escolar, em casa ou com companheiros de brincadeiras. Elas então chegam à escola possivelmente com expectativas muito diferentes em relação ao brincar. Qualquer pessoa que já tenha observado ou participado do brincar infantil por certo período de tempo perceberá imediatamente que as crianças nem sempre utilizam uma variedade toa grande de materiais e atividades como frequentemente se sugere. Às vezes elas restringem bastante os recursos, manipulando-os dentro de um estreito intervalo de possibilidades potenciais, e precisam ser estimuladas a usá-los de outras maneiras e para outros propósitos. 5 NECESSIDADES DE APRENDIZAGEM E O PAPEL DO PROFESSOR As crianças pequenas geralmente apresentam todas estas características e outras, em seu brincar. O brincar, como um processo e modo, proporciona uma ética da aprendizagem em que as necessidades básicas das crianças podem ser satisfeitas. Essas necessidades incluem as oportunidades: De praticar, escolher, preservar, imitar, imaginar, dominar, adquirir competência e confiança; De adquirir novos conhecimentos, habilidades pensamentos e entendimentos coerentes e lógicos; 14 De criar, observar, experimentar, movimentar-se, cooperar, sentir, pensar, memorizar e lembrar; De comunicar, questionar, interagir com os outros e ser parte de uma experiência social mais ampla em que a flexibilidade, a tolerância e a autodisciplina são vitais; De conhecer e valorizar a si mesmo e as próprias forças, e entender as limitações pessoais; De ser ativo dentro de um ambiente seguro que encoraje e consolide o desenvolvimento de normas e valores socais. O brincar aberto, aquele que poderíamos chamar de a verdadeira situação de brincar, apresentar uma esfera de possibilidades para a criança, satisfazendo suas necessidades de aprendizagem e tornando mais clara a sua aprendizagem explícita. Parte da tarefa do professor é proporcionar situações de brincar livre e dirigido que tentem atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o professor poderia ser chamado de um iniciador e mediador da aprendizagem. Entretanto, o papel mais importante do professor é de longe aquele assumido na terceira parte do ciclo do brincar, quando ele deve tentar diagnosticar o que a criança aprendeu, o papel de observador e avaliador. Ele mantém e intensifica esta aprendizagem e estimula o desenvolvimento de um novo ciclo. Este procedimento aparentemente muito complexo é realizado em muitas salas de aula, atendendo às necessidades das crianças mais jovens em todo o país, em um ou outro nível. O treinamento inicial e prático dos professores precisa assegurar que eles adquiram mais competência nesta área a fim de acompanhar as tendências nacionais e manter o papel vital do brincar no desenvolvimento das crianças. O que sempre deve ser lembrado, todavia, é que as crianças podem e aprendem de outras maneiras além da lúdica, e frequentemente tem prazer com isso. Um exemplo seria ouvir uma história ou trabalhar ao lado de um adulto que está fazendo alguma coisa. Kishimoto (1990) acha que esse elemento do brincar e aprender mais dirigido para um objetivo é muitas vezes esquecido e inclusive desprezado por muitos professores de educação infantil, mas é assim que as crianças vêm aprendendo há muitos séculos. Ela diz que por mais detestável que seja a ideia para estes professores, há poucas evidências de que brincar livre com blocos ensine mais à criança do que copiar um modelo dos mesmos. 15 6 A CRIATIVIDADE A correlação entre criatividade e resolução de problemas já foi estabelecida quando se considerou a criança como um pensador divergente e lógico. Oliveira (2000, p. 35) afirma: É no pensamento divergente que encontramos as indicações mais óbvias de criatividade. Os vínculos existem de várias maneiras e estão bastante inter-relacionados, mas há algumas diferenças. A criatividade também está situada no domínio cognitivo, mas exerce uma influência mais forte sobre o domínio afetivo, e tem relação com a expressão pessoal e a interpretação de emoções, pensamentos e ideias: é um processo mais importante do que qualquer produto específico para a criança pequena, como poderemos constatar. Segundo Oliveira (2000, p. 36) a criatividade é a capacidade de responder emocional e intelectualmente a experiências sensoriais. Ela também está estreitamente relacionada ao ser artístico no sentido mais amplo da palavra. Esta pode ser considerada uma definição bastante arbitrária, mas é uma definição vital para tentarmos examinar um outro aspecto do brincar e da aprendizagem infantil, uma vez que a criatividade tem fortes laços com a educação estética. A criatividade, então, está extremamente ligada às artes, à linguagem e ao desenvolvimento da representação e do simbolismo. O brincar simbólico também tem relação com a ordem e favorece o desenvolvimento das habilidades de planejamento. Ele eventualmente leva ao início do brincar e dos jogos baseados em regras (PIAGET, 1950, p. 62). As escolas experimentam e simbolizam o mundo real, físico, por meio do seu brincar e da arte. Em ambos canais de expressão, as experiências passadas são repetidas e revividas. Desta maneira, podemos relacionar o nosso mundo externo ao nosso mundo interno de experiências passadas e conhecimento, organização mental e poder interpretativo. Podemos vincular experiências antigas e desta maneira as nossas mentes absorvem novas informações e se expandem. A palavra criativa é usada na escola de modo muito amplo e quase como uma terminologia geral. Redação criativae dança criativa são de uso geral, mas têm uma interpretação tão ampla que possuem pouco significado real. A redação criativa, por exemplo, abrange uma multiplicidade de estilos de redação, da redação funcional 16 sobre ir tomar chá na vovó, passando pela redação transacional sobre fazer um experimento simples, à redação poética sobre a enorme aranha negra que Joanne encontrou a caminho da escola. A dança criativa, igualmente, inclui programas de rádio que dirigem fortemente os movimentos das crianças pequenas, através de danças populares e folclóricas, para citar apenas algumas. Contudo, devemos lembrar que a arte, em si mesma, é uma forma de comunicação sem palavras, como pode confirmar qualquer pessoa que já viu um mínimo em ação ou contemplou um quadro esplêndido. As crianças e os adultos que, por alguma razão, têm dificuldade para se comunicar por meio da linguagem, muitas vezes podem expressar vividamente em outros meios, e obter satisfação e autoestima ao ser capaz de fazer isso. Aqueles que acham que não sabem pintar, muitas vezes têm uma grande capacidade expressiva de movimento corporal; os que são desajeitados em atividades motoras amplas podem ter na música e no ritmo uma fonte de inspiração, e a encenação do papel de outra pessoa no teatro ou através de marionetes podem inspirar a comunicação não-verbal em outros. Assim, tanto nas formas de arte, como em diferentes formas do brincar, existe uma riqueza de oportunidades criativas para que adultos e crianças expressem seu pensamento e apreciem o talento de outros. Todos nós recebemos a arte, assim como a criamos, e a maioria de nós sabe do que gosta por causa da nossa personalidade, nossas experiências, nosso conhecimento e nossas capacidades pessoais, ou sabe se expressar de formas comunicáveis aos outros. As crianças apresentam o mundo como o veem e como podem representá-lo em um determinado momento de seu desenvolvimento: a beleza está lá se estivermos preparados para vê-la, pois uma das dificuldades da arte é ela estar crivada de valores que adquirimos através de nossa cultura e educação. 7 A BRINCADEIRA, OS BRINQUEDOS E A REALIDADE No jogo simbólico as crianças constroem uma ponte entre a fantasia e a realidade. Freud observou uma criança que sofria a ansiedade da separação da mãe. A criança brincava com uma colher presa a um barbante. Ela atirava a colher e puxava-a de volta repetidamente. No jogo, a criança foi capaz de controlar ambos os 17 fenômenos; Perda e recuperação. Quando se está aberto para tais simbolismos, pode-se reconhecer e apreciar o brincar das crianças. Elas não podem evitar que os adultos se envolvam em conflitos armados, nem que membros de uma gangue espanquem suas mães. Mas quando brincam, elas podem ter o controle que lhes falta da realidade. As crianças são capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas através do brincar. Elas procuram integrar experiências de dor, medo e perda. Lutam com conceitos de bom e mal. O triunfo do bem sobre o mal dos heróis protegendo vítimas inocentes é um tema comum na brincadeira das crianças (BETTELHEIM, 1988). Crianças que vivem em ambientes perigosos repetem suas experiências de perigo em suas brincadeiras. Por exemplo: no Brasil, crianças que vivem nas favelas onde predomina a luta entre policiais e bandidos têm como tema preferido de suas brincadeiras esses conflitos. Quando a criança assume o papel de alguém que teme, a personificação é determinada por ansiedade ou frustração. Vários dos exemplos clássicos de Freud seguem esta linha: uma criança brinca de médico depois de ter tomado uma injeção ou de ter sido submetida a uma pequena cirurgia. Ana Freud relata o caso da criança que vence o medo de atravessar o corredor escuro fingindo ser o fantasma que teme encontrar. Escolhendo o papel do médico ou do fantasma, a criança pode passar do papel passivo para o ativo e aplicar a uma outra pessoa, a uma criança ou uma boneca o que foi feito com ela. O brinquedo aparece como um pedaço de cultura colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e à representação, a agir e a imaginar. Assim, o brincar da criança não está somente ancorado no presente, mas também tente resolver problemas do passado, ao mesmo tempo em que se projeta para o futuro. A menina que brinca com bonecas antecipa sua possível maternidade e tenta enfrentar as pressões emocionais do presente. Brincar de boneca permite-lhe representar seus sentimentos ambivalentes, como o amor pela mãe e os ciúmes do irmãozinho que recebe os cuidados maternos. Brincar com bonecas numa infinidade de formas está intimamente ligado à relação da menina com a mãe (BETTELHEIM, 1988). 18 Bomtempo (1996), em uma pesquisa com a boneca Ganha-Nenê, verificaram que as crianças pequenas (3 a 5 anos) parecem usar a boneca não só como instrumento de ação, mas também como faz-de-conta e, à medida que aumenta a idade, a boneca passa a fazer parte de um contexto onde o faz-de-conta está presente de forma mais intensa. Nas crianças de 6 a 8 anos há enriquecimento na representação de papéis que se tornam mais definidos, embora a gravidez e o nascimento ainda façam parte de um mundo mágico. É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde ela restabelece seu controle interior, sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outro. No sonho, na fantasia, na brincadeira de faz-de-conta desejos que pareciam irrealizáveis podem ser realizados. 8 O JOGO: PROPRIEDADES FORMATIVAS Na vida de criança, para além do entretenimento, o jogo ganha espaço através da focalização de suas propriedades formativas, consideradas sob perspectivas educacionais progressistas, que valorizam a participação ativa do educando no seu processo de formação. Na vida do adulto, o jogo destaca-se no campo do lazer sendo modesta e relativamente recente a sua presença não campo da formação específica. O jogo realiza-se através de uma atuação dos participantes que concretizam as regras possibilitando a imersão na ação lúdica, na brincadeira. Com Kishimoto (1994) entendermos que a brincadeira é o lúdico em ação. Enquanto tal tem a propriedade de liberar a espontaneidade dos jogadores, o que significa colocá-los em condição de lidar de maneira peculiar e, portanto, criativa, com as possibilidades definidas pelas regras, chegando eventualmente até a criação de outras regras e ordenações. Nesta perspectiva, a brincadeira deixa de ser coisa de criança e passa a se constituir em coisa séria, digna de estar presente entre recursos didáticos capazes de compor uma ação docente comprometida com os alvos do processo de ensino- aprendizagem que se pretende atingir. 19 Dialeticamente, a seriedade do jogo utilizado em situações formativas consiste na brincadeira que ele implica. Só é possível viver na brincadeira um papel em toda a sua profundidade e complexidade, quando o ator se identifica plenamente com ele, emergindo, portanto, simultaneamente, como seu autor. Nisto é que reside à propriedade liberadora da espontaneidade, condição do ato criador. Entendido o ato criador nesses termos, nada que se confunda com roteiros de atuação previamente definidos, configurado papéis, tem espaço no uso do jogo em situações formativas. No caso da relação professor/alunos, vivida hoje em grande parte da realidade escolar brasileira sob a forma de uma relação burocrática através de contato categórico, o problema que se enfrenta, na capacitação de docentes, é a liberação da espontaneidade e, portanto, da capacidade criadora para um encontro vigoroso do educando com o conhecimento, mediado por ações significativas do professor.Isso implica um exercício de alteridade, em que o profissional coloca-se no lugar do outro. Para este exercício, o jogo de papéis, os jogos de simulação ou de representação, os jogos dramáticos constituem recursos excelentes, se não únicos. 20 9 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Paulo Nunes de. “Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos”. 5ª ed.São Paulo:Loyola, 1994. BOMTEMPO, E. Brincar, fantasiar, criar e aprender. In: OLIVEIRA, V. B. de (Org.). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 127-149. BORBA, A. M. A brincadeira como experiência de cultura na educação infantil. Revista Criança do Professor de Educação Infantil, n. 44, p. 12-14, nov. 2007. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAMPOS, M. M.; CRUZ, S. H. V. Consulta sobre qualidade na educação infantil: o que pensam e querem os sujeitos deste direito. São Paulo: Cortez, 2006. COSTA, E. A. A. et al. Faz-de-conta, por quê? In: ROSSETTI-FERREIRA, M. C. et al. (Org.). Os fazeres na Educação Infantil. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2007, p. 100-102. CUNHA, Nylse Helena. “Brinquedoteca: um mergulho no brincar”. São Paulo: Matese, 1994. DORNELLES, L.V. Na escola infantil todo mundo brinca se você brinca. In: CRAIDY, C. M.; KAERCHER, G. E. P. S. (Org.). Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 101-108. FERREIRO,Emilia.”Processo de alfabetização”. Rio de Janeiro: Palmeiras,1998. KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas infantis. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 229-245, jul./dez. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v27n2/a03v27n2.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2009. MARCELINO, Nelson Carvalho. “Estudos do lazer: uma introdução”. Campinas. São Paulo: Autores Associados, 1996. 21 MARÍN, I.; PENÓN, S. Que brinquedo escolher? Revista Pátio Educação Infantil, ano I, n. 3, p. 29-31, dez. 2003/mar. 2004. MOYLES, J. A pedagogia do brincar. Revista Pátio Educação Infantil, ano VII, n. 21, nov. – dez. 2009, p. 18-21. RIZZI, Leonor & HAYDT, Regina Célia. “Atividades Lúdicas na educação da criança”. São Paulo: Atica, 1987. SILVA, A. H. A. O poder de um avental. In: ROSSETTI-FERREIRA, M. C. et al. (Org.). Os fazeres na Educação Infantil. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2007, p. 102-105. 22 10 LEITURA COMPLEMENTAR Nome do autor: Adriana Gentilin Cavalaro e Verônica Regina Muller Disponível em: www.scielo.br Data de acesso: 14.06.2016 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA REALIDADE ALMEJADA RESUMO O objetivo deste estudo foi verificar a possibilidade de inserção do professor(a) de educação física na educação infantil. Para isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa bibliográfica e documental. A partir das categorias: movimento, afetividade e interação ressaltamos a importância deste profissional no processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Buscou-se, ainda, compreender sua relevância para a primeira infância bem como o papel desta disciplina traduzida em cultura corporal neste âmbito escolar. Palavras-chave: Educação física; Pedagogia; Educação infantil. Introdução A ideia de infância como um período peculiar de nossas vidas não é um sentimento natural ou inerente à condição humana. A partir do Século XVI, com a mudança no modo de produção no Século XVII, a criança passou a ser entendida como fator importante para a aquisição e manutenção dos bens familiares, ou, se não fosse de família de posses, deveria ser educada para o trabalho. Neste sentido, surgiu junto um outro sentimento para com a infância: a moralização. A criança da modernidade passa a ser vista como um ser imperfeito e incompleto, necessitando ser moralizada através da educação feita pelo adulto (KRAMER, 1995). A criação de escolas para a educação infantil começou no século XVIII, com a Revolução Industrial. A inserção da mulher no mercado de trabalho fez surgir os primeiros estabelecimentos de Educação Infantil no país, no final do século XIX. Eles eram filantrópicos até a década de 1920, quando se iniciou um movimento pela http://www.scielo.br/ 23 democratização do ensino. Aos poucos o poder público começou a assumir a responsabilidade pela escola dos pequenos. As creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação, higiene e segurança física. Na história recente do Brasil, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) em 1996, a educação até seis anos ficou definida como primeira etapa da Educação Básica. Essa divisão só foi alterada em maio de 2005, com a sansão presidencial à lei Federal n.º 11.114, que define que crianças com seis anos completos devem ser matriculadas no primeiro ano do Ensino Fundamental. Dessa forma, a educação infantil passou a atender crianças até cinco anos de idade. No mundo contemporâneo, com as novas configurações da família e do trabalho, a frequência dos pequenos à educação infantil tornou-se uma necessidade do grupo familiar e da criança. Se, por um lado, esta etapa de ensino não pode ser entendida como a solução para os problemas da primeira infância, por outro, não é possível desprezar os importantes papéis que ocupa na vida da criança: social, educacional e cultural (CORSINO, 2003). Sem dúvida, a educação infantil foi uma conquista muito importante para crianças de zero a seis anos e nesse contexto foi necessária a criação de leis específicas da infância e do ensino para regulamentar e organizar essa etapa educacional. ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Criado em 1998, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) foi desenvolvido para servir de guia de reflexão sobre conteúdos, objetivos e orientações didáticas escolares. Este documento visa a melhoria da qualidade, do cuidado e educação para as crianças de 0 a 6 anos de idade e ainda contribuir para o aperfeiçoamento e qualificação de seus educadores. Dentre os objetivos gerais que o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil estabelece, não há uma referência explícita à educação física, mas sim, que dizem respeito ao “corpo” e ao “movimento”, tais como: - Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar; - Brincar, expressando emoções, sentimento, pensamentos, desejos e necessidades; - Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às deferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, 24 necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva (VOLUME 1, p. 63). Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), regulamentado no Artigo 277 da constituição de 1988 e na Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, “[...] traz em si uma concepção da criança cidadã, o que significa entender que todas são sujeitos de direitos, merecem proteção integral, porque se encontram em condições especiais de desenvolvimento” (MULLER, 2002, p. 6). A mesma autora (2005) pergunta: Qual a relação do professor de Educação Física com o Estatuto da Criança e do Adolescente? E depois esclarece: Para relacionarmos os artigos diretamente à área, além do artigo 4 do Estatuto que é a reprodução escrita do já citado artigo 227 da constituição federal, em especial, ressaltamos que a Educação Física está citada no capítulo II, do Direito à liberdade, ao Respeito e à Dignidade: Art. 16. O Direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: IV –brincar, praticar esportes e divertir-se; [...] Quanto à responsabilidade do professor como pessoa, podemos trazer o artigo 18 que preconiza como “dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor” (MULLER, 2005, p. 18). Ainda dentro desse aspecto, temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que tem por objetivo possibilitar aos sistemas de ensino a aplicação dos princípios educacionais constantes na Constituição Federal. A LDB é, portanto, uma Lei que rege os sistemas de ensino. No Capítulo 2 deste documento está presente o parágrafo 3.º onde encontramos: “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente obrigatório na Educação Básica, [...]” (BRASIL, 1996). Como podemos observar, a educação física está legalmente inserida na educação infantil, pois esta é a primeira etapa da Educação Básica. Assim, observa-se que a Educação Infantil não só pode, como deve, unir-se às diversas áreas de conhecimento em seu plano pedagógico, para que a criança possa realmente ser vista como um ser indivisível e para que haja a interação que contribua com sua formação integral. A Educação Física é reconhecidamente uma dessas áreas em que urge unir-se à educação infantil, principalmente quando os currículos dos cursos de Pedagogia não oferecem tal disciplina para os(as) profissionais que ingressam este curso. FORMAÇÃO PROFISSIONAL 25 O Currículo e Plano Pedagógico dos cursos de Pedagogia e Educação Física da Universidade Estadual de Maringá apresentam objetivos e conhecimentos distintos para a formação dos profissionais que ingressam nesta instituição e que atuarão na educação básica. Os dois cursos têm o intuito de formar professores aptos ao que se destina cada licenciatura. Contudo, os objetivos do curso de educação física vão um pouco além, pois nos tópicos: “Possibilitar a aplicação de conhecimento nas diversas áreas relativas à educação física;”, e “Oportunizar uma maior integração curricular entre as disciplinas oferecidas pelos departamentos de diferentes centros;” nota-se que este curso quer ampliar seus conhecimentos e busca integrar se às demais áreas, articulando, assim, saberes e práticas que não devem fica reduzidos a uma única disciplina ou a uma única área de conhecimento. Na verificação ainda de tais documentos, constata-se que os futuros profissionais de pedagogia não têm disciplinas que contemplem a educação física na sua grade curricular. Nessa formação não consta um estudo específico sobre Linguagem Corporal ou Cultura de Movimento ou ainda Ludicidade, conteúdos que necessitam como base o “Movimento”, o mesmo explícito no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e cujo conteúdo não é tratado no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) (material original se encontra disponível para consulta). Quanto à educação física, esta estuda o “movimento” nos seus aspectos: fisiológico, psicológico, cultural, social, biológico, educacional, desenvolvimentista, dentre outros. Como entender então, que um fator tão importante para a formação e desenvolvimento da criança seja trabalhado de forma generalizada? A intenção aqui não é comparar quantitativa e sequer qualitativamente os dois cursos em questão. O que se pretende é simplesmente investigar se o conhecimento do pedagogo(a), formado(a) para atuar na educação infantil, a cerca do “movimento”, quesito esse colocado em destaque no Referencial Curricular Nacional para a educação infantil, é equivalente ao do professor de educação física. Uma das únicas disciplinas que trabalham o conhecimento sobre “movimento” é a Psicologia da Educação I que vê esse saber através da abordagem Psicomotricista. Faz-se necessário, então, compreender um pouco melhor os sentidos 26 e significados que esta área/disciplina vem empreendendo na escola e também na Educação Infantil. Sayão (1999, p. 49) ressalta que: Na década de 70, a psicomotricidade surgiu no Brasil como uma possibilidade de “renovar” a concepção esportivizante da Educação Física escolar [...]. Fortemente arraigada à psicologia do desenvolvimento, a psicomotricidade, construiu suas teorias tendo como base os aspectos evolutivos (cognitivos, afetivos, emocionais, psicomotores, sociais, etc.) da infância e da adolescência com o objetivo de observar e constatar as mudanças no comportamento dos indivíduos ao longo de sua existência [...]. E assim, [...] as habilidades psicomotoras – conhecimento do esquema corporal, lateralidade, percepção espaço-temporal, equilíbrio... tornaram-se conteúdos da Educação Física ou do “domínio psicomotor” na Educação Infantil [...] criando uma subárea que agregaria Psicologia à Motricidade, ou melhor, “domínio cognitivo e domínio psicomotor” (SAYÃO, 1999, p. 50). Dessa forma, a Educação Física confundida em alguns casos com a Psicomotricidade, passa a ser uma auxiliar das demais áreas que compõem o currículo escolar onde sua função é preparar ou colaborar com aprendizagens de cunho cognitivo, esquecendo-se de que esta possui conhecimentos próprios. Não se descarta os saberes produzidos por esse campo do conhecimento, o que se questiona é seu papel na educação infantil (SAYÃO, 1999). EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Refletir sobre educação física na educação infantil é desafiador, sobretudo quando pensamos em possíveis tensões existentes na presença do profissional de educação física inserido no ensino de zero a seis anos. Estamos falando da relação entre professor especialista atuando junto com o unidocente (pedagogo). A grande preocupação em torno desse assunto é de assumirmos já na educação infantil um modelo “escolarizante”, organizado em disciplinas e com uma abordagem fragmentária de conhecimento (AYOUB, 2005). Os estudos de Sayão (2002, p. 59) esclarecem que: Numa perspectiva de Educação Infantil que considera a criança como sujeito social que possui múltiplas dimensões, as quais precisam ser evidenciadas nos espaços educativos voltados para a infância, as atividades ou os objetos de trabalho não deveriam ser compartimentados em funções e/ou especializações profissionais. Entretanto, a questão não está no fato de vários profissionais atuarem no currículo da 27 Educação Infantil. O problema está nas concepções de trabalho pedagógico desses profissionais que, geralmente fragmentam as funções de uns e de outros se isolando em seus próprios campos. “[...] Portanto, não se trata de atribuir ‘funções específicas’ para um ou outro profissional e designar ‘hora para a brincadeira’, ‘hora para a interação’ e ‘hora para linguagens’”. O professor de Educação Física deve ser mais um adulto com quem as crianças estabelecem interações na escola. No entanto, só se justifica a necessidade de um profissional dessa área na Educação Infantil se as propostas educativas que dizem respeito ao corpo e ao movimento estiverem plenamente integradas ao projeto da instituição, de forma que o trabalho dos adultos envolvidos se complete e se amplie visando possibilitar cada vez mais experiências inovadoras que desafiem as crianças. E a autora complementa: Diferentes profissionais podem atuar num mesmo currículo com as crianças pequenas, desde que assumam a ideia de formação solidária. Ou seja, uns e outros compartilham experiências que têm como fim a qualidade do trabalho desenvolvido. A troca constante dos saberes deve prevalecer sobre as atitudes corporativas que colocam a disputa pelo campo de trabalho acima das necessidades e interesses das crianças (SAYÃO, 2002, p. 60). Na realização desta pesquisa, não houve conhecimento da existência de projetos na cidade de Maringá (Paraná, Br), em que professores especialistas e unidocentes, no caso, professores de educação físicae pedagogos, desenvolvam trabalho em conjunto. Entretanto, podemos citar dois exemplos onde isso já acontece, e o resultado é considerado bastante positivo. O primeiro, acontece na cidade de Campinas – SP, onde a Rede Municipal de Ensino não possui especialista em educação física na esfera da educação infantil. Sob a coordenação da Professora Doutora Eliana Ayoub, da Faculdade de Educação – Unicamp – os alunos estagiários traçam propostas de trabalho inspiradas, sobretudo, na abordagem Crítico- Superadora da educação física, aplicam estas propostas na Rede Municipal de Ensino e posteriormente registram nos relatórios de estágio, da Prática de Ensino de Educação Física e Estágio Supervisionado, as experiências desta área, na educação infantil. Vem de Santa Catarina o segundo exemplo onde este trabalho em conjunto pode dar certo. A temática educação física na educação infantil toma como ponto de análise e experiência um trabalho que vem se desenvolvendo na Rede Municipal de 28 Ensino de Florianópolis – SC (RME), na qual desde 1982 encontramos professores de educação física atuando em creches e Núcleos de Educação Infantil que atendem crianças, geralmente na faixa de quatro a seis anos de idade em meio período. Essa experiência da RME tem levado alguns pesquisadores ao aprofundamento dos estudos acerca da infância e da educação física no currículo das instituições voltadas para as crianças pequenas. Trata-se, portando, de compreender melhor esse fenômeno ainda bastante desconhecido e que carece substancialmente de investigação. É, então, a partir dessa política da Rede Municipal de Ensino que esses estudiosos repensam o currículo de formação de professores do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, pois muitos profissionais, já graduados ou não, se deparam com a possibilidade de atuarem pedagogicamente com crianças pequenas. Esta experiência está circunscrita ao Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) da Universidade Federal de Santa Catarina, aos cuidados do coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea Professor Doutor Alexandre Fernandez Vaz (SAYÃO, 2002). Então, como será possível articular diferentes profissionais em uma proposta pedagógica que amplie esse contexto? A resposta pode vir do exemplo sugerido pelo grupo de estudos que, como citado anteriormente, é realizado pela UFSC em conjunto com a Rede Municipal de Ensino de Florianópolis: Tanto o planejamento das atividades quanto sua ministração foram elaborados conjuntamente pelo professor (especialista) e pelas Professoras (unidocentes). Elas, as Professoras elencavam temas que poderiam ser trabalhados pelo professor de Educação Física e participavam ativamente de todos os momentos. Aquela prática, por nós conhecida, que “entrega” as crianças para o professor/a de Educação Física e as retorna ao final do tempo estabelecido para a aula não acontecia. O tempo de uma atividade poderia ser de 15 minutos ou até de uma manhã ou tarde inteira, conforme os/as profissionais fossem sentindo a necessidade de as crianças permanecerem envolvidas no trabalho. Observamos um momento de construção de alguns brinquedos pelas crianças, no qual o envolvimento de todas se estendeu por, aproximadamente, três horas (SAYÃO, 2002, p. 52). A possibilidade da formação permanente desses profissionais, a troca constante de experiências e o relato das práticas favorecem um clima de companheirismo e solidariedade entre os professores e os outros profissionais que 29 atuam nas instituições infantis, viabilizando a reflexão constante da docência (SAYÃO, 2002). CONCLUSÃO Dado o exposto, torna-se cada vez mais evidente e necessária a articulação entre educação física e educação infantil. As bases teóricas utilizadas acerca do conceito de infância mostraram-nos que esta fase da vida necessita hoje ser compreendida como categoria social e cultural, pois a criança é criadora de cultura, é capaz de transformar-se e transformar o que a cerca. Os exemplos citados na fase final da pesquisa deixam claro que é possível o trabalho entre o professor de educação física e de outras áreas. Entretanto, sabemos que existem alguns empecilhos que tornam o processo um pouco mais demorado do que gostaríamos. Sabemos das dificuldades financeiras por que passam as prefeituras municipais, que contam, muitas vezes, somente com o que arrecadam para arcar com os custos com a educação e com cursos para atualização de professores. Mas, para termos educação de qualidade, o investimento financeiro, quer seja Estadual ou Federal, é fundamental. A falta de conhecimento sobre o tema é outro problema que enfrentamos. Grupos de estudo, pesquisas, palestras, seminários, são algumas respostas que podemos apresentar para tentar amenizá-lo. Os exemplos das Universidades Federal de Santa Catarina e de Campinas – SP mostram que o berço para novas pesquisas são as Academias e que estas são levadas às escolas em forma de projetos, pelos acadêmicos, transformando pequenas ideias em pensamentos que podem mudar o processo pedagógico escolar no futuro. Somente podemos defender o que conhecemos bem. O tema “movimento” faz parte da área de estudos da educação física e sabemos da sua importância, em todos os aspectos, para o ser em desenvolvimento. Todavia, torna-se necessário que se tenha conhecimento sobre o assunto para lutar em prol de que este professor (de educação física) atue nesta área e seja valorizado. Assim, defendemos que, sobretudo com a criança, a temática do “movimento” ou da educação física seja trabalhada de forma integrada entre o professor de educação física e o professor da sala de aula (pedagogo). 30 Nossos apontamentos não se esgotam aqui, é preciso retomá-los e articulá- lós às práticas daqueles(as) que atuam com as crianças pequenas nas instituições de educação infantil com a crescente produção de pesquisa. Há ainda várias questões para serem aprofundadas que favorecerão um avanço na produção na área educacional. 31 BIBLIOGRAFIA ______. A Disciplinarização do Corpo na Infância: Educação Física, Psicomotricidade e o Trabalho Pedagógico. In: SAYÃO, D. T.; MOTA, M. R. A.; MIRANDA, O. (Org.). Educação Infantil em Debate: ideias, invenções e achados. Rio Grande: Fundação Universidade Federal do Rio Grande, 1999. ______. Infância, Prática de ensino de Educação Física e Educação Infantil. Educação do Corpo e Formação de Professores: Reflexões Sobre a Prática de Ensino de Educação Física. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002. ÁRIÈS, P. História Social da Infância e da Família. Tradução de: D. Flaksman. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981. AYOUB, E. Narrando Experiências com a Educação Física na Educação Infantil, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 6, n. 3, p. 143-158, maio 2005. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental, Coordenação Geral de Educação Infantil, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, Conhecimento de Mundo, v. 3, Brasília-DF, 1998. CORSINO, P. Infância, Linguagem e Letramento: Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado) - Departamento de Educação, PUC, Rio de Janeiro, 2003. KRAMER, S. A Política do Pré-Escolar no Brasil: A Arte do Disfarce. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1995. MULLER, V. R. et al. Crianças e Adolescentes: a arte de sobreviver. Maringá: Eduem, 2002. MULLER, V. R.; MARTINELI, T. A. P.. O Estatuto da Criança e do Adolescente: um Instrumento Legal do Professor de Educação Física, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 26, n. 3, p. 9-24, maio 2005. SAYÃO, D. T. Corpo e Movimento: Notas para problematizar algumas questões relacionadas à Educação Infantile à Educação Física, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, v. 23, n. 2, p. 55- 67, jan. 2002. 32
Compartilhar