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Mecanismos Básicos de Agressão e Defesa Unidade 4

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MECANISMOS BÁSICOS DE AGRESSÃO E 
DEFESA
UNIDADE 4 - HIPERSENSIBILIDADE
Mauricio Peixoto e Vinicius Canato Santana
- -2
Introdução
Nesta unidade, você irá conhecer aspectos relacionados às reações de hipersensibilidade, às doenças parasitárias
humanas e à resposta imunológica frente aos parasitas. As reações alérgicas são muito conhecidas por todos,
mas você sabia que elas são classificadas em diferentes grupos e possuem diferentes origens imunológicas?
Já quando escutamos a palavra “parasita”, não imaginamos quantos deles (protozoários e helmintos) podem
causar danos à nossa saúde, não é mesmo? Você verá, contudo, que existe uma variedade de parasitas que
podem ser classificados quanto à sua relação com o hospedeiro e seu ciclo biológico.
Em relação às inúmeras doenças parasitárias de que temos conhecimento, veremos, também, que existem vários
meios de transmissão. Os insetos são os vetores bem “adaptados”, que transmitem, por meio da picada, o
protozoário causador de uma doença. Assim, é possível citar alguns exemplos de doenças transmitidas por
insetos, como a malária, a leishmaniose e a doença de Chagas. Mas como podemos evitar essa transmissão? Você
descobrirá isso ao longo desta unidade.
Além disso, você sabia que muitos desses causadores de doenças, como os vermes, são bem maiores que nossos
macrófagos? Mas se eles são tão grandes, a ponto de o macrófago não conseguir fagocitá-los, como o sistema
imunológico atua? Para isso, você verá que nossa resposta imunológica utiliza de outra célula de defesa para
combatê-los.
E o que tudo isso tem a ver com as alergias? Você consegue imaginar qual a relação que uma infecção por
helmintos possui com as alergias? Para responder a essas e outras perguntas, acompanhe esta unidade com
atenção! Vem com a gente e bons estudos!
4.1 Reações de hipersensibilidade: alergias e 
autoimunidades
No decorrer da resposta imune, ocorre a liberação de mediadores inflamatórios que aumentam a
permeabilidade vascular e o recrutamento de leucócitos, causando o infiltrado leucocitário (inflamação no tecido
local). A hipersensibilidade causa um dano no tecido, em partes devido à resposta inflamatória exagerada. A
hipersensibilidade se refere, então, às reações exageradas e indesejáveis que o sistema imune produz.
As reações de hipersensibilidade podem ser classificadas em quatro tipos. São eles: tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV
(ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2017).
VOCÊ O CONHECE?
Robin Coombs (1921-2006) foi um imunologista britânico responsável por classificar,
juntamente com o imunologista Philip Gell, as reações de hipersensibilidade em quatro tipos (I,
II, III e IV), em 1963. Os pesquisadores se basearam nos mecanismos efetores responsáveis
pela lesão e no tipo de resposta imunológica. A classificação proposta por eles ainda na década
de 1960 é utilizada até os dias atuais.
- -3
4.1.1 Tipos de reações de hipersensibilidade
Para produzir uma reação alérgica a um antígeno, o indivíduo necessita primeiro ser exposto ao antígeno e se
tornar sensibilizado a ele. É importante lembrar, contudo, que nem todos os encontros com potenciais alérgenos
leva à sensibilização e nem todas as sensibilizações levam a uma resposta alérgica sintomática. Isso quer dizer
que uma pessoa pode ser sensibilizada a um antígeno, sem perceber, e num segundo contato com ele
desenvolver uma reação de hipersensibilidade com potenciais riscos à sua saúde.
A seguir, você conhecerá os quatro tipos de reações de hipersensibilidade, compreendendo como eles ocorrem e
conhecendo os seus mecanismos efetores:
• tipo I (imediata): trata-se de uma reação de hipersensibilidade mediada pela Imunoglobulina do tipo 
IgE, na qual as células que possuem maior participação são os mastócitos. Essas células possuem grânulos 
ricos em histamina, com potente ação vasodilatadora. Sua participação tem início com a sensibilização, 
que ocorre quando há a ligação dos receptores de FcεRI expressos na sua superfície aos anticorpos IgE. 
Esses receptores se ligam a porção constante da IgE (fração Fc), deixando a fração variável livre para se 
ligar ao antígeno, formando um complexo entre antígeno-IgE-receptor. A produção de anticorpos IgE 
acontece em resposta imunológica de padrão TH2 (necessária participação dos linfócitos T CD4 do tipo 
TH2) contra antígenos que, teoricamente, não oferecem risco ao hospedeiro. Um exemplo são as pessoas 
que possuem alergia à proteína do leite de vaca: para os indivíduos que não possuem essa alergia, essa 
proteína não causa nenhum problema. As reações alérgicas com ação de IgE e mastócitos são, portanto, 
chamadas de reações de hipersensibilidade do tipo I.
Figura 1 - Mecanismo de indução de hipersensibilidade do tipo I, ou IgE mediada.
Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em MURPHY, 2014. p. 574.
• tipo II (citotóxico): conhecida como hipersensibilidade citotóxica, pode atingir vários órgãos e tecidos. 
A reação do tipo II pode ser “disparada”, na maioria das vezes, pelos antígenos endógenos, porém, alguns 
agentes químicos exógenos (haptenos) podem se ligar à membrana celular e iniciar a reação de 
hipersensibilidade. Essa reação inicialmente é mediada pelos anticorpos IgG e IgM. As células fagocíticas 
e as NK também participam desse tipo de reação.
• tipo III (imunocomplexos): é também chamada de hipersensibilidade mediada por imunocomplexo. 
Nesse tipo de reação, os anticorpos IgG e IgM podem formar imunocomplexos que se depositam nos 
tecidos e, assim, ativam o sistema complemento. Os imunocomplexos possuem concentrações 
•
•
•
- -4
tecidos e, assim, ativam o sistema complemento. Os imunocomplexos possuem concentrações 
semelhantes de alérgenos e anticorpos, o que ocasiona uma reação inflamatória cutânea e subcutânea 
(reação de arthus).
• tipo IV (tardia): conhecida como reação de hipersensibilidade tardia mediada por células T. As reações 
de hipersensibilidade tipo IV surgem através de reações estimuladas por antígenos específicos de 
linfócitos T. Estas reações podem levar mais de 12 horas para ocorrer sendo conhecidas como reações de 
hipersensibilidade tardias. Geralmente estas reações ocorrem após o contato repetido de um antígeno 
sensibilizante com a pele. O antígeno é pego no local por células da resposta inata, como macrófagos, que 
então agem como apresentadoras de antígenos e ativam células T CD4+ específicas para os antígenos. As 
células T ativadas desta forma tendem a adotar um perfil de Th1 e migrar para a área com alta 
concentração de antígenos, onde liberam citocinas inflamatórias. Os efeitos são visualizados como 
dermatite de contato, sendo que o alérgeno causa uma reação inflamatória na derme por contato direto.
No quadro abaixo é possível verificar exemplos de reações de sensibilização para cada tipo de reação de
hipersensibilidade.
Quadro 1 - As reações de hipersensibilidade são geradas por respostas imunológicas contra antígenos não 
associados a patógenos, causando uma reação/doença séria. Essas reações são mediadas por mecanismos do 
sistema imune que causam lesão ao tecido.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em ABBAS, LICHTMAN, PILAI, 2015; ABBAS, LICHTMAN, PILAI, 2017; 
MURPHY, 2014.
As reações alérgicas, todavia, são passíveis de tratamento. A dessensibilização é o tratamento para as reações de
hipersensibilidade. Nessa terapia, o indivíduo recebe repetidamente injeções do agente alérgeno, começando o
tratamento com doses pequenas, e aumentando com o passar do tempo.
•
- -5
tratamento com doses pequenas, e aumentando com o passar do tempo.
Esse tratamento de dessensibilização altera o isotipo do anticorpo de IgE para IgG. Sem a presença de IgE, não
ocorre a sensibilização dos mastócitos e, como resultado, não ocorrem os efeitos prejudiciais que são observados
com a ativação exagerada dos mastócitos.
4.2 Parasitas: ciclo biológico e formas de prevenção
Por definição, o parasitismo é qualquer relação ecológica que ocorre entre indivíduos de espécies diferentes, em
que se observa uma dependência metabólicade grau variável, além de uma associação íntima e duradoura entre
eles (REY, 2009). Eles são seres muito diversos, sendo algumas espécies, microscópicas, capazes de infectar uma
hemácia humana, e outras muito grandes, podendo atingir metros de comprimento como a Lombriga. Como já
visto, dois grandes grupos de parasitas são relevantes para os humanos: os helmintos, vermes multicelulares
macroscópicos, e protozoários, seres microscópicos. Ainda se enquadram na categoria de parasitas humanos,
alguns ectoparasitas (piolho, pulga, carrapato, etc). 
Os parasitas podem ser transmitidos diretamente aos seres humanos e para outros animais através do contato
, várias doenças parasitárias, como a malária, sãodireto ou ingestão de amostras contaminadas. Entretanto
transmitidas por vetores. Os vetores são organismos que podem transmitir doenças infecciosas entre os seres
humanos ou de animais para humanos. Os mosquitos são os vetores de doença mais conhecidos. Outros vetores
incluem carrapatos, triatomíneos e alguns caracóis aquáticos de água doce. Como os vetores são capazes de se
disseminar por grandes áreas, os parasitas por eles transmitidos atingem várias regiões, podendo infectar os
humanos.
Há muitos tipos de doenças parasitárias distintas, e os seus sintomas estão relacionados com o local do corpo
que é acometido, por exemplo, intestino, sangue, fígado, coração, etc. Vamos conhecer um pouco sobre o ciclo
biológico dos parasitas!
4.2.1 Ciclo biológico
Existe uma variedade muito grande de parasitas que podem desenvolver seu ciclo biológico de duas maneiras
possíveis. Assim, quanto ao seu ciclo biológico, os parasitas podem ser monóxenos ou heteróxenos (REY, 2009).
VOCÊ SABIA?
Você sabia que nem todas as reações de caráter inflamatório que ocorrem na pele são iguais?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, dermatite de contato é uma reação
inflamatória na pele decorrente da exposição a um agente capaz de causar irritação ou alergia.
Elas podem ser classificadas como irritativas ou alérgicas. Há substâncias em certos
cosméticos que podem ser irritativas por si mesmas, como ácidos, ou então, desencadear
reações alérgicas por serem consideradas antígenos.
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Figura 2 - O parasita Ascaris lumbricoides, um exemplo de parasita monóxeno, causa a ascaridíase, uma doença 
que é transmitida aos seres humanos pela ingestão de ovos. O Ascaris cresce e se reproduz no corpo humano, e a 
produção de ovos ou larvas é passada pelas fezes para o meio ambiente.
Fonte: Designua, Shutterstock, 2019.
Os parasitas monóxenos necessitam somente de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida. São exemplos
de parasitas monóxenos os (Lombriga), os (Oxiúros) e os todosAscaris lumbricoides Enterobius Strongyloides, 
causadores de doenças intestinais.
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Figura 3 - O Plasmodium (parasita heteróxeno) é o causador da malária, doença parasitária que é transmitida 
aos seres humanos pela picada de um mosquito Anopheles infectado.
Fonte: Solar22, Shutterstock, 2019.
Diferentemente dos parasitas monóxenos, os heteróxenos necessitam de dois ou mais hospedeiros para
completar seu ciclo de vida. Dentre os representantes desse grupo, temos a (Solitária), o Taenia Plasmodium
(Malária), o (Doença de Chagas) e a (Leishmaniose). Trypanosoma Leishmania 
4.2.2 Formas de prevenção
Muitas doenças parasitárias são transmitidas por insetos, que chamamos de vetores. Temos como exemplo
dessas doenças a malária, que é causada pelo protozoário ., transmitido pelo inseto .Plasmodium spp Anopheles
Podemos citar também a leishmaniose, doença causada por protozoários do gênero , que sãoLeishmania
transmitidos pelo inseto da subfamília dos flebotomíneos.
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A doença de Chagas, causada pelo protozoário , tem como via de transmissão principal oTrypanosoma cruzi
inseto triatomíneo, popularmente conhecido como Barbeiro. Porém, sabe-se que esse protozoário também pode
ser transmitido por via oral, como observado em vários casos no Norte do país, por meio do consumo de açaí e
caldo de cana de açúcar. Nesses dois últimos casos, o inseto é processado junto com os alimentos, e as fezes
ingeridas, contendo o parasita, causam a infecção.
Figura 4 - Várias doenças parasitárias têm como vetor os insetos. Na figura, podemos ver um triatomíneo, 
popularmente conhecido como barbeiro, transmissor da doença de Chagas.
Fonte: Shutterstock, 2019.
Para as doenças em que o modo de transmissão é a picada de um inseto, as medidas de prevenção são: utilização
VAMOS PRATICAR?
Como vimos, o , um parasita eurixeno, pode parasitar uma enorme Toxoplasma gondii
variedade de hospedeiros, ocasionando, por exemplo, a toxoplasmose. Essa doença pode ser
transmitida de diversas formas, dentre elas, pela ingestão de água ou alimentos contaminados.
A fase aguda da doença tem cura, porém, o parasita pode ficar sem manifestar nenhum
sintoma por vários anos.
Nesta atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma situação relacionada
aos efeitos dessa doença em uma gestante.
Situação-problema
Quando uma gestante descobre que está grávida, dentre os inúmeros exames que são
solicitados, está o exame de toxoplasmose. A toxoplasmose pode ser transmitida pela ingestão
de água e alimentos contaminados, mas também pelas fezes de gatos e outros felinos. Qual a
atitude que você, na posição de um profissional de saúde que aconselha uma gestante que
possui gatos em casa, mas que teve resultado negativo em seu exame para os anticorpos da
toxoplasmose, tomaria para evitar a contaminação pelo ?Toxoplasma gondii
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Para as doenças em que o modo de transmissão é a picada de um inseto, as medidas de prevenção são: utilização
de mosquiteiros e telas de proteção em portas e janelas; uso de repelentes; medidas que interrompam o ciclo de
reprodução e desenvolvimento do inseto (REY, 2009).
Contudo, existem mais vias de infecção pelos protozoários, como aquelas que são causadas pela falta de
saneamento básico e pela ingestão de água contaminada. Temos como exemplo disso a giardíase, causada pela 
, e a ascaridíase, ou Lombriga, transmitida pelo lumbricoides, que são transmitidas pelaGiardia lamblia Ascaris 
ingestão de água contaminada com os ovos dos parasitas.
Figura 5 - Uma das causas que contribuem para o aumento das doenças parasitárias no Brasil e no mundo é a 
falta de saneamento básico.
Fonte: Phatranist Kerddaeng, Shutterstock, 2020.
Assim como a giardíase e ascaridíase, outras parasitoses podem ser transmitidas pela ingestão de água
contaminada. Para esses casos, a prevenção se dá por meio de medidas como:
Acesso à água potável e ao saneamento básico.
Lavar bem os alimentos antes de consumi-los.
Beber somente água filtrada ou fervida.
Ter hábitos de higiene pessoal.
VOCÊ O CONHECE?
O biólogo, médico sanitarista e cientista Carlos Chagas descobriu e descreveu pela primeira
vez, em 1909, um ciclo completo de uma doença infecciosa. Sua descoberta passou pelo
patógeno ( ), seu inseto vetor (barbeiro), os hospedeiros, epidemiologia eTrypanossoma cruzi
as manifestações clínicas até a doença, que recebeu seu nome: doença de Chagas.
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4.3 Doenças parasitárias e resposta imunológica frente a 
parasitas
As doenças parasitárias são iniciadas quando um helminto, um protozoário ou ectoparasita consegue ultrapassar
as barreiras imunológicas do nosso corpo. Esses parasitas podem causar diversos danos, diretos ou indiretos,
aos tecidos do hospedeiro. Os danos causados nos tecidos de forma direta são aqueles cujos mecanismos são
mediados pela produção de exotoxinas ou endotoxinas que causam danos diretos às células hospedeiras
(citopáticos). Já os danos causados de forma indireta ocorrem com a formação de imunocomplexos, imunidade
celular e a produção de anticorpos contra o próprio hospedeiro.
Em virtude das diferentes características dos parasitas, as infecções podem se desenvolver no espaço
extracelular (no caso de protozoários, fungos, algumas bactérias e helmintos) ou intracelular (no caso de vírus,
alguns protozoários e algumasbactérias).
4.3.1 Infecções no espaço extracelular e intracelular
Os parasitas que têm preferência pelo espaço extracelular precisam inicialmente vencer as barreiras
imunológicas. A primeira barreira a ser vencida é o epitélio, que por meio físico impede a entrada e por meio
químico elimina os parasitas por meio de peptídeos antimicrobianos, um importante mecanismo do sistema
inato.
Os anticorpos IgA também podem neutralizar os parasitas que conseguem passar pelo epitélio. Caso o parasita
tenha ultrapassado a barreira imunológica, os fagócitos residentes, neutrófilos, proteínas do complemento e
várias classes de anticorpos entram em ação para eliminar o patógeno e, assim, proteger o interstício, o sangue e
a linfa (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).
Alguns exemplos de parasitas que têm preferência pelo espaço extracelular são:
Parasitas intestinais – Ancylostoma, Necator, Giardia.
Parasitas na linfa – Filária.
Parasitas no sangue – Schistosoma.
Parasitas gênito-urinários – Trichomonas.
VOCÊ QUER LER?
Flávio Chame Barreto apresenta em seu livro “Os parasitas mais importantes do Brasil: das
amebas aos governantes”, as principais parasitoses de interesse médico no país. Para isso, ele
faz uso de várias ilustrações, mostrando, de forma didática e bem-humorada, como se
desenvolvem essas parasitoses, e apresenta, ainda, de modo crítico, como a população e os
governantes devem agir para controlar e prevenir tais doenças (BARRETO, 2017).
VOCÊ QUER VER?
O documentário , produzido pela Fundação Oswaldo CruzEsquistossomose: quebrando o ciclo
- -11
Diferentemente dos parasitas que vivem no meio extracelular, há os que necessitam sobreviver no espaço
intracelular, seja no citoplasma (como os vírus) ou dentro de vesículas no interior das células (por exemplo, 
.). Caso o patógeno desenvolva a infecção no citoplasma, a eliminação se dá via atividadeLeishmania spp
citotóxica, por exemplo pelos linfócitos T CD8+. Agora, se o parasita causa a infecção no interior de vesículas, das
células fagocíticas, a eliminação ocorre via ativação dos macrófagos com a ajuda das células T e NK.
Figura 6 - Invasão e disseminação do Toxoplasma gondii na célula do hospedeiro. O Toxoplasma gondii é um 
O documentário , produzido pela Fundação Oswaldo CruzEsquistossomose: quebrando o ciclo
em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), mostra
a situação da esquistossomose no Brasil. Essa doença é predominante em regiões onde não
existe saneamento básico disponível para a população. Diante disso, o documentário mostra a
importância de se conhecer o ciclo, o agente etiológico e as formas de transmissão da doença
para que, assim, possamos tomar as medidas preventivas cabíveis para o seu combate.
- -12
Figura 6 - Invasão e disseminação do Toxoplasma gondii na célula do hospedeiro. O Toxoplasma gondii é um 
protozoário parasita intracelular obrigatório que causa a toxoplasmose.
Fonte: Designua, Shutterstock, 2019.
São exemplos de parasitas que têm preferência pelo espaço intracelular:
Toxoplasma gondii (toxoplasmose).
Plasmodium sp. (malária).
Trypanosoma cruzi (doença de Chagas).
Leishmania sp. (leishmanioses).
4.3.2 Infecções causadas por helmintos
Popularmente chamados de vermes, os helmintos são organismos multicelulares e maiores que os macrófagos
(célula fagocítica importante na ação do sistema imune). Eles podem parasitar o corpo humano e, assim,
desenvolver uma doença.
Por terem um tamanho bem grande, impossibilitando os macrófagos de realizarem a fagocitose, o sistema imune
utiliza outra estratégia para eliminar esses parasitas. A principal célula que combate os helmintos são os
eosinófilos, que ao serem recrutados para os locais de infecção. Inúmeras moléculas tóxicas para o parasita,
presentes em seus grânulos, são liberadas, dentre elas enzimas, proteínas toxicas, citocinas, mediadores
lipídicos, quimiocinas e a MBP (proteína básica principal). A MBP é altamente tóxica para os helmintos, e sua
ação estimula a degranulação dos basófilos e mastócitos (que cooperam ainda mais com essa ação toxica direta
contra o parasita e estimulara a reação inflamatória). Além das células já mencionadas, os linfócitos T CD4+ e B
também combatem a infecção causada pelo helminto (COURA, 2013).
O linfócito T CD4+, ao se diferenciar em linfócito TH2, aumenta a resposta de combate ao parasita. Os linfócitos
TH2 liberam as citocinas IL-4 e IL-5. A IL-4 é responsável pela troca da classe do anticorpo por células B
ativadas, induzindo à secreção de IgE, que é responsável, por sua vez, por intermediar o processo de ativação dos
eosinófilos. Já a IL-5, juntamente com o GM-CSF (fator de estimulação de macrófagos e granulócitos), estimula a
produção de eosinófilos na medula óssea. O aumento de eosinófilos circulantes leva ao quadro de eosinofilia
(ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).
VOCÊ QUER LER?
O livro “Medicina no Brasil Imperial: clima, parasitas e patologia tropical”, de Flávio Coelho
Edler, mostra a origem dos estudos na área de medicina tropical enfocando, em especial, as
doenças causadas por helmintos e toda a trajetória do pensamento médico do século XIX
(EDLER, 2011).
- -13
Figura 7 - A degranulação (ou desgranulação) é um processo inflamatório nos mastócitos. A interação antigênica 
com moléculas de IgE na membrana celular faz com que as células liberem os grânulos.
Fonte: Soleil Nordic, Shutterstock, 2019.
Os anticorpos IgE vão se ligar à superfície do helminto e estimular a ativação de mastócitos, basófilos e
eosinófilos, que possuem expressos na sua superfície o receptor FcεRI. No momento que os parasitas estiverem
cobertos com os anticorpos à sua superfície viram alvo das células que tenham receptores da porção Fc dos
anticorpos em questão. Com a ligação, ocorre a liberação do conteúdo de seus grânulos diretamente no local da
ligação com o parasita, induzindo sua morte (FERREIRA, 2012).
Os linfócitos TH2 também impedem que os helmintos se infiltrem nos tecidos dos hospedeiros. Isso porque as
citocinas liberadas têm a capacidade de elevar a produção de muco, aumentar as contrações das células
musculares lisas e estimular a renovação das células epiteliais, maneiras de o epitélio expulsar o invasor
(ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).
CASO
Como vimos, os linfócitos TH2 liberam várias citocinas que são responsáveis pela troca da
classe do anticorpo para a IgE. Os anticorpos IgE secretados podem ter dois destinos: ligar-se à
superfície do parasita que deve ser combatido ou, em vez de se ligar ao helminto, o anticorpo
IgE pode também se ligar ao receptor FcεRI expresso na superfície dos mastócitos. Aqui,
vemos uma ligação entre as alergias e as respostas contra os helmintos. Isso mesmo que você
leu! Nas alergias, os mastócitos ficam sensibilizados por meio da ligação dos FcεRI que estão
presentes na superfície dos mastócitos com a porção Fc da IgE. A IgE mantém o sítio de ligação
dos antígenos livre, enquanto estão ligados ao receptor do mastócito. Nas pessoas alérgicas, os
sintomas comuns no quadro alérgico se dão quando ocorre a ligação de moléculas de IgE que
estão ancoradas no receptor FcεRI, disparando a desgranulação dos mastócitos.
- -14
4.3.3 Infecções causadas por protozoários
Para combater as infecções causadas pelos protozoários, o sistema imunológico inicia sua ação via linfócitos T
CD4+, em especial pela resposta padrão TH1, visando aumentar a ação dos macrófagos. Os macrófagos e as
células T podem produzir uma quantidade muito grande de citocinas IFN-γ e TNF-α em resposta às infecções
causadas por esses protozoários, e essa produção exagerada pode agravar os sintomas dessas enfermidades
(COURA, 2013). Sabe-se, ainda, que o anticorpo IgG também auxilia no combate às infecções causadas por
protozoários, porém, os mecanismos envolvidos nesse combate ainda não são conhecidos (FERREIRA, 2012).
Dentre as doenças causadas por protozoários que causam inúmeras mortes no mundo, estão: a malária, a doença
de Chagas e a Leishmaniose.
Todas consideradas doenças negligenciadas. Asdoenças negligenciadas são aquelas que atingem, especialmente,
as populações que vivem na pobreza e, por isso, não despertam tanto interesse do poder público, recebem pouco
investimento em pesquisa para novos medicamentos e para atividades de prevenção.
As formas dos protozoários que se encontram no meio extracelular, viram alvos dos macrófagos. A ação
citotóxica das células T CD8+ é especialmente importante no ataque às células infectadas, atingindo as formas
intracelulares destes parasitas. Pode ocorrer também a ativação das células B em plasmócitos e,
consequentemente, produção e secreção de anticorpos contra os antígenos dos protozoários. De maneira geral,
as formas graves das doenças causadas por protozoários são decorrentes da resposta exagerada dos
mecanismos efetores do sistema imune.
Conclusão
Chegamos ao final de nossos estudos, que abordou as reações de hipersensibilidade, doenças parasitárias e a
resposta imunológica frente aos parasitas.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• identificar os diferentes tipos de hipersensibilidade;
• conhecer os mecanismos de danos mediados pelo sistema imune;
• compreender o conceito de parasitismo;
• explorar os principais tipos de parasitas e seus diferentes tipos de ciclos biológicos;
• conhecer as formas de prevenção aos parasitas;
• inteirar-se sobre as infecções no espaço extracelular e intracelular;
• aprender sobre as infecções causadas por helmintos e protozoários.
Bibliografia
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILAI, S. . 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.Imunologia celular e molecular
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILAI, S. : funções e distúrbios do sistema imunológico. 5. ed.Imunologia básica
Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
BARRETO, C. F. : das amebas aos governantes. 1. ed. São Paulo: FCB,Os parasitas mais importantes do Brasil
2017.
COURA, J. . 2. ed. Campo Grande: Guanabara Koogan, 2013.Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias
EDLER, C. F. : clima, parasitas e patologia tropical. 1. ed. Rio de Janeiro: EditoraMedicina no Brasil Imperial
Fiocruz, 2011.
FERREIRA, M. U. Campo Grande: Guanabara Koogan, 2012.Parasitologia contemporânea.
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FERREIRA, M. U. Campo Grande: Guanabara Koogan, 2012.Parasitologia contemporânea.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Esquistossomose: quebrando o ciclo. Canal VideoSaúde Distribuidora da
, YouTube, 13 maio 2016. Disponível em: < >. AcessoFiocruz https://www.youtube.com/watch?v=w7RXt8d1u6g
em: 24 ago. 2019.
MURPHY, K. . Imunobiologia de Janeway 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
REY, L. 3. ed. Campo Grande: Guanabara Koogan, 2009.Bases da parasitologia médica. 
TORTORA, J. G.; FUNKE, R.; CASE, L. C. . 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.Microbiologia

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