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NOTÍCIAS SOBRE ALTERAÇÃO DE NOME DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO STF autoriza pessoa trans a mudar nome mesmo sem cirurgia ou decisão judicial ImprimirEnviar280100 1 de março de 2018, 17h24 Por Ana Pompeu Todo cidadão tem direito de escolher a forma como deseja ser chamado. Assim definiu o Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira (1º/3), por unanimidade, ao reconhecer que pessoas trans podem alterar o nome e o sexo no registro civil sem que se submetam a cirurgia. O princípio do respeito à dignidade humana foi o mais invocado pelos ministros para decidir pela autorização. A sessão retomou julgamento desta quarta (28/2), que já havia formado maioria com esse reconhecimento. A controvérsia na corte foi definir se a medida vale inclusive sem decisão judicial — entendimento que acabou prevalecendo, por maioria. Com o resultado, o interessado na troca poderá se dirigir diretamente a um cartório para solicitar a mudança e não precisará comprovar sua identidade psicossocial, que deverá ser atestada por autodeclaração. O STF não definiu a partir de quando a alteração estará disponível nos cartórios. Na avaliação de Lewandowski, caberia a cada juiz analisar requisitos de acordo com o caso concreto. Carlos Humberto/SCO/STF O primeiro a votar nesta quinta foi o ministro Ricardo Lewandowski, citando os princípios da autodeterminação, da autoafirmação e da dignidade da pessoa humana. Ele, no entanto, considerava necessária a etapa judicial para a alteração do nome registrado no nascimento. “Sou contrário ao estabelecimento de requisitos mínimos que permitam a alteração. Cabe ao julgador, à luz do concreto e vedada qualquer forma de abordagem patologizante da questão, verificar se estão preenchidos os requisitos para a mudança. Para isso, poderá se valer de depoimentos de pessoas que conheçam o solicitante ou outros meios de prova, como declarações de médicos e psicólogos”, afirmou. Para Lewandowski, a mudança pode afetar terceiros, como credores, e ter impacto no que diz respeito à Justiça Penal, como antecedentes criminais. Portanto, a decisão judicial reduziria a possibilidade de eventuais fraudes e evitaria uma série de mandados de segurança, caso cartórios se neguem a aceitar mudanças por conta própria. O ministro lembrou também que a alteração de nome ou de grafia só pode se dar por força de lei. Da mesma forma entendeu Gilmar Mendes. Na quarta, o relator do caso, ministro Marco Aurélio, defendeu a “vivência desimpedida do autodescobrimento, condição de plenitude do ser humano” e considerou dever do Poder Público promover a convivência pacífica com o outro. Para o vice-decano do STF, cabe a cada um trilhar a respectiva jornada. Marco Aurélio também defendia a necessidade de decisão judicial prévia, com base em laudo médico e a idade mínima de 21 anos. A maior parte dos ministros, no entanto, acompanhou a divergência aberta por Edson Fachin. O ministro Celso de Mello afirmou ser “imperioso acolher novos valores e consagrar uma nova concepção de direito fundada numa nova visão de mundo, até mesmo, como política de Estado, a instalação de uma ordem jurídica inclusiva”. Defensor de "ordem jurídica inclusiva", Celso de Mello considerou desnecessária autorização judicial para a mudança. Conforme o decano do Supremo, “a prévia autorização judicial é desnecessária e encontra equacionamento na lei dos registros públicos, uma vez que se surgir situação que possa caracterizar fraude caberá ao oficial do registro civil a instauração de procedimento administrativo de dúvida”. Relato cotidiano A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, declarou ter compreendido as diferentes escalas do preconceito a partir de uma conversa com uma transexual, que relatou os constrangimentos cotidianos e a dificuldade de encontrar apoio em casa. “Há escalas de sofrimento diferentes na vida humana e esta continua invisibilizada”, disse Cármen. “Não se respeita a honra de alguém se não se respeita a imagem que tem.” A Ação Direta de Inconstitucionalidade foi apresentada pela Procuradoria- Geral da República, com base no artigo 58 da Lei 6.015/1973. Segundo o dispositivo, qualquer alteração posterior de nome deve ser motivada e aguardar sentença do juízo a que estiver sujeito o registro. Havia também um Recurso Extraordinário com repercussão geral reconhecida, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que manteve decisão de primeiro grau permitindo a mudança de nome no registro civil, mas determinando que a parte passasse por cirurgia de transgenitalização. O Superior Tribunal de Justiça já reconhece o direito. No ano passado, a 4ª Turma concluiu que a identidade psicossocial prevalece em relação à identidade biológica, não sendo a intervenção médica nos órgãos sexuais um requisito para a alteração de gênero em documentos públicos. Ambientes abertos Pessoas trans podem adotar o nome social em identificações não oficiais, como crachás, matrículas escolares e na inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo. A Ordem dos Advogados do Brasil aceita a prática desde 2017. Acesso: https://www.conjur.com.br/2018-mar-01/stf-autoriza-trans-mudar- nome-cirurgia-ou-decisao-judicial MERO DESCONTENTAMENTO Ser conhecido por outro nome não garante mudança em registro civil ImprimirEnviar10300 3 de janeiro de 2018, 9h47 Por Jomar Martins Segundo os artigos 56, 57 e 58 da Lei dos Registros Públicos (6.015/1973), o nome de uma pessoa só pode ser alterado em caso excepcional e de forma motivada. Assim, o mero descontentamento com o prenome não autoriza sua modificação. Com esse entendimento, a 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve sentença que negou a inclusão do nome Mohamad no registro de um morador do estado que se chama Rafael. Na petição, o autor alegou ter adotado o prenome após frequentar a Casa de Cultura Árabe de sua cidade, onde passou a ser chamado de Mohamad, já aos 17 anos, devido aos seus traços físicos. Desde então, afirma, é conhecido na família, em seu círculo social, no comércio e nas redes sociais como Mohamad Rafael. No primeiro grau, o juiz Guilherme Eugênio Mafassioli Corrêa julgou improcedente a ação de retificação de registro civil por entender que a Lei dos Registros Públicos, como regra, não permite a alteração do nome, a não ser em casos excepcionais. E, mesmo assim, quando houver prova de que o atual prenome submete seu titular a situações vexatórias ou o expõe ao ridículo; ou quando a pessoa for notoriamente conhecida por seu apelido. ‘‘No entanto, isso não pode ser confundido com apelido público notório a justificar o acréscimo de Mohamad ao seu nome. Veja-se a referência feita pelo representante do Ministério Público acerca do antigo Presidente da República ‘Lula’, que é assim conhecido mundialmente. Não é o caso do requerente. No mesmo sentido, não se trata de alterar o prenome por exposição ao ridículo ou algo semelhante’’, justificou na sentença. Acesso: https://www.conjur.com.br/2018-jan-03/conhecido-outro-nome- nao-garante-mudanca-registro-civil _____________________________________________________________ Inspirado em trigêmeas e nome bíblico, homem batiza filhas de Chislihilquia, Chelmahilquia e Charahilquia O G1 conversou com Chislihilquia e ela afirma que sempre gostou do nome e nunca sofreu preconceito. O pai, Valdemir Lopes, conta o que motivou a escolha dos nomes das filhas. Por Gabriela Lago , G1 Tocantins 26/04/2018 07h00 Atualizado 26/04/2018 15h57 Charahilquia, Chelmahilquia e Chislihilquia (da esq. para a direita), moram em Arapoema (Foto: Montagem) Charahilquia, Chelmahilquia e Chislihilquia (da esq. para a direita), moram em Arapoema (Foto: Montagem) Charahilquia, Chelmahilquia e Chislihilquia (da esq. para a direita), moram em Arapoema (Foto: Montagem) Três irmãs de Arapoema, a 371 km de Palmas, receberam nomes nada convencionais:Chislihilquia Chelly Ferreira Lopes, 18 anos, Chelmahilquia Chiloma, 27 anos, e Charahilquia Chelma, de 30 anos. Os nomes foram escolhidos pelo pai, o pedreiro Valdemir Lopes, que afirma ter se inspirado em trigêmeas que conheceu na juventude e feito a junção com um nome bíblico. Entenda essa história. "Quando eu era jovem conheci trigêmeas no Piauí. Elas se chamavam Chara, Chelma e Chiloma. Eu gostei e quis colocar nas minhas filhas", conta. De acordo com Lopes, a esposa dele não se opôs a escolha, mas por serem evangélicos, ela quis que os nomes tivessem um significado bíblico. Para resolver a questão, ele decidiu acrescentar "Hilquia" a cada nome. "Eu li na Bíblia que ele [Hilquias] era um profeta de Deus, achei importante." Chislihilquia é a única das três filhas que não recebeu um nome inspirado nas trigêmeas que o pai conheceu. "Como a primeira já tinha recebido Chara e a segunda Chelma, só restava o Chiloma, mas a mãe delas achou que não ia ficar bom 'Chilomahilquia'." Aí a mãe deu a ideia do nome da terceira filha ser inspirado em uma jogadora de vôlei. "Eu não lembro se o nome dela era Shirley ou Chisli, mas minha mulher achava bonito e quis colocar Chislihilquia. Ela também achou que Chelly como segundo nome ia combinar", explica. A caçula garante que nunca quis mudar. "Acho incrível, um máximo", afirma. Chisli, como foi apelidada, diz que não passou por constragimentos por causa do nome. "As pessoas sempre acharam diferente, mas nunca sofri preconceito. O único problema é que elas sempre pediam para soletrar e nunca falavam certo da primeira vez." Moradorar de Arapoema há 38 anos, o pai disse que também não teve dificuldade para registrá-las. "Como a cidade era pequena e naquela época não tinha essa lei que tem hoje, não tive problemas com as duas primeiras. No caso da terceira, houve uma resistência do cartório, mas eu argumentei que se ela quisesse poderia mudar quando crescesse e concordaram." Charahilquia Chelma tem 30 anos e é a irmã mais velha (Foto: Arquivo Pessoal) Charahilquia Chelma tem 30 anos e é a irmã mais velha (Foto: Arquivo Pessoal) Charahilquia Chelma tem 30 anos e é a irmã mais velha (Foto: Arquivo Pessoal) Chelmahilquia Chiloma é a irmã do meio e tem 27 anos (Foto: Arquivo Pessoal) Chelmahilquia Chiloma é a irmã do meio e tem 27 anos (Foto: Arquivo Pessoal) Chelmahilquia Chiloma é a irmã do meio e tem 27 anos (Foto: Arquivo Pessoal) Chislihilquia Chelly é a caçula e tem 18 anos (Foto: Arquivo Pessoal) Chislihilquia Chelly é a caçula e tem 18 anos (Foto: Arquivo Pessoal) Chislihilquia Chelly é a caçula e tem 18 anos (Foto: Arquivo Pessoal) Lei A Lei de Registros Públicos, 6.015/73, em seu parágrafo único do artigo 55, prevê que os oficiais do registro civil não podem registrar nomes que exponham ao ridículo os seus portadores. A alteração do prenome é proibida pelo artigo 58, podendo ser alterado só em circunstâncias excepcionais. Segundo o artigo 56, o interessado, logo após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador, alterar o nome, desde que não prejudique os sobrenomes. De acordo com o artigo 57, qualquer alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa. Acesso: https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/inspirado-em-trigemeas- e-nome-biblico-homem-batiza-filhas-de-chislihilquia-chelmahilquia-e- charahilquia.ghtml Homem é indenizado por ser confundido com homônimo em cobrança de Seguradora RECOMENDARCOMENTAR DPublicado por Direito Vivohá 9 anos8 visualizações Um homem vai ser indenizado por danos morais por ter sido confundido com uma pessoa que tinha exatamente o mesmo nome e sobrenome em uma ação de cobrança. A decisão foi do juiz do 1º Juizado Especial Cível de Planaltina e cabe recurso. O autor alegou que recebeu uma cobrança do Unibanco AIG Seguros S.A. devido a danos causados por acidente automobilístico. Na ocasião, ele esclareceu que se tratava de um engano, pois nunca se envolvera em acidente de carro. Mas, segundo o autor, mesmo assim foi surpreendido com a citação de uma ação judicial de reparação de danos de uma Vara Cível de Santa Maria, DF. Ao comparecer à audiência no Fórum de Santa Maria, uma terceira pessoa que tinha o mesmo nome e sobrenome também estava lá, havendo a constatação de que os dois eram homônimos. Na mesma audiência foi corrigido o equívoco entre as partes. O homem confundido entrou com ação contra o Unibanco Seguros, pedindo indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil. O Unibanco deixou de comparecer à sessão de conciliação, o que, de acordo com a Lei nº 9.099/95, torna verdadeiros os fatos alegados pelo autor. Como o réu também não apresentou contestação, o juiz explicou que a condenação é medida que se impõe de acordo a mesma lei. O magistrado julgou então procedente o pedido e condenou o Unibanco AIG Seguros a indenizar o autor em R$ 1.000,00. De acordo com o juiz, a fixação do valor da indenização deve ser feita mediante o seu prudente arbítrio, e deve ainda evitar o enriquecimento sem causa do autor. Nº do processo: 2009.05.1.011762-8 https://direito-vivo.jusbrasil.com.br/noticias/2050941/homem-e- indenizado-por-ser-confundido-com-homonimo-em-cobranca-de- seguradora PROCESSO FAMILIAR É prerrogativa do cônjuge mudar ou manter o nome de casado após o divórcio ImprimirEnviar29400 4 de fevereiro de 2018, 8h05 Por Mário Luiz Delgado Tanto o casamento como a união estável possibilitam ao cônjuge ou ao companheiro o acréscimo dos patronímicos ou sobrenomes do outro. Em se tratando de casamento, aplica-se diretamente o disposto no parágrafo 1º do artigo 1.565 do Código Civil1. Esse acréscimo, normalmente, é postulado no processo de habilitação, mas pode ocorrer depois do casamento. Já decidiu o STJ que o direito de acrescer o sobrenome “deve-se estender ao período de convivência do casal, enquanto perdurar o vínculo conjugal. Porém, nesta hipótese, o nome deve ser acrescido por intermédio da ação de retificação de registros públicos, nos termos dos arts. 57 e 109 da Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/1973)”2. Na união estável, a Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73) já permitia a averbação do patronímico do companheiro pela companheira, desde que ambos fossem “solteiros, desquitados ou viúvos” e desde que houvesse impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de ambas (artigo 57, parágrafo 2º). Atualmente, aplica-se à união estável, por analogia e construção jurisprudencial3, as mesmas regras do casamento quanto ao acréscimo do sobrenome, ou seja, o parágrafo 1º do artigo 1.565 do Código Civil. O acréscimo do sobrenome, segundo Rodrigo da Cunha Pereira, era tido como um ato simbólico da “fusão de almas” decorrente do casamento. Contudo, o autor considera isso um equívoco, pois “misturar os nomes pode significar mesclar e confundir as identidades. O nome é um dos principais identificadores do sujeito e constitui, por isso mesmo, um dos direitos essenciais da personalidade. Misturá-los significa não preservar a singularidade”4. A adoção do sobrenome do marido pela mulher sempre foi (e continua sendo) uma tradição entre nós. Na vigência do CC/1916 e até o advento do Estatuto da Mulher Casada (Lei 4.121/62), o acréscimo era obrigatório para a mulher. Depois de 1962, tornou-se facultativo, mas ainda prerrogativa exclusiva da mulher. A partir do CC/2002, também o marido (e por extensão o companheiro) adquiriu o direito de acrescer o sobrenome da mulher, muito embora essa situação seja pouco frequente na prática, por razões culturais. Bom que se esclareça que aquilo que a lei permite é o “acréscimo”, ou seja, ao casar, um cônjuge pode somar aos seus os apelidos de família dooutro cônjuge, mas não pode “substituir” os seus pelo do cônjuge. Inexiste autorização legal para a supressão de apelidos de família. Com a dissolução do casamento ou da união estável, tem-se, como um dos primeiros efeitos pessoais do divórcio ou do fim da convivência, a possibilidade de os ex-cônjuges ou ex-companheiros retomarem o uso dos nomes que usavam antes da relação conjugal ou convivencial. Isso pode ocorrer tanto por ocasião da sentença de divórcio ou de dissolução como posteriormente, por iniciativa de quaisquer dos ex-cônjuges ou ex- companheiros5. Antes do CC/2002, a perda do nome de casado era quase obrigatória. É que o parágrafo único do artigo 25 da lei divorcista (Lei 6.515/77) impunha como regra a perda do nome, por ato da conversão em divórcio da separação judicial, excetuadas as hipóteses de conservação por razões de evidente prejuízo. Na separação judicial, a manutenção ou perda do nome estava relacionada à discussão da culpa, e a perda do nome somente teria lugar se vencida a mulher naquela ação. Com o código de 2002, a regra foi invertida. O parágrafo 2º do artigo 1.571 permitiu, expressamente, a manutenção do nome de casado6, pelo cônjuge divorciado, em tutela do seu direito ao nome (direito da personalidade), seja pelo divórcio direto, seja pelo divórcio-conversão, em inexistindo renúncia a esse direito, salvo no caso da perda determinada por sentença judicial em face dessa última espécie de divórcio, regulada na forma do artigo 1.5787. Esse dispositivo estabeleceu a perda condicionada do direito de uso do sobrenome pelo cônjuge declarado culpado mediante critérios objetivamente considerados a contrario sensu, a partir do elemento volitivo do cônjuge inocente que haveria de, expressamente, requerer a não conservação, pelo ex-consorte, daquele direito. Mesmo antes da EC 66/2010, que provocou o afastamento definitivo de qualquer discussão de culpa no bojo da ação de divórcio, já defendíamos a inconstitucionalidade do artigo 1.578 do CC8. A aquisição do patronímico do cônjuge, pelo casamento, como já afirmado, constitui, induvidosamente, direito de personalidade. O nome, como direito da personalidade, constitui o principal "elo de ligação entre o indivíduo e a sociedade em geral"9, pois identifica e diferencia a pessoa dentro do tecido social. A Constituição de 1988 não previu, de maneira explícita, a proteção ao nome da pessoa natural, muito embora o faça de maneira indireta, ao tutelar o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização cabível (artigo 5º, V); bem como ao proteger a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (5º, X, CF). O Código Civil de 2002, por sua vez, trouxe norma expressa de proteção ao direito à identidade10, que abrange o nome, o prenome, o nome dos pais, ou patronímico, o gentílico ou nome de família, o sobrenome adquirido pelo casamento ou por adoção, e ainda quaisquer outros sinais identificadores da pessoa. A perda do nome da mulher casada, consoante anteriormente previsto na Lei do Divórcio, ou mesmo a perda do nome do cônjuge considerado “culpado”, tal como preconizado no defasado artigo 1.578, viola um direito da personalidade. Por essas razões, é inconstitucional (artigo 5º, X, CF) a perda ao direito do uso do nome de casado, estabelecida pelo artigo 1.578, quaisquer que sejam as razões. As ressalvas feitas pelo dispositivo, exceções de mantença já trazidas pela Lei 8.408/1992 (que deu nova redação ao artigo 25 da Lei de Divórcio), atenuando a hipótese da penalidade imposta, não afastam a eiva de inconstitucionalidade. Em suma, adquirido o sobrenome pelo casamento e incorporado este aos caracteres identificadores do cônjuge na sociedade, somente a renúncia pelo que agregou o sobrenome possibilitará a alteração do registro civil e o retorno ao nome de solteiro. Irrelevante a perquirição de culpa. Culpado ou inocente, manterá o seu direito da personalidade. A mudança do nome de casado ou a sua conservação, com a dissolução do casamento, é uma prerrogativa do cônjuge. 1 Parágrafo 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 2 STJ – REsp 910.094-SC, rel. Raul Araújo, julgado em 4/9/2012. 3 "É sabido que as possibilidades de alteração de nome dentro da legislação nacional são escassas, ocorrendo, no mais das vezes, flexibilização jurisprudencial da vetusta Lei 6.015/73, em decorrência do transcurso de quase quatro décadas, entremeado pelo advento do divórcio e por nova constituição que, em muitos aspectos, fixou balizas novas para os relacionamentos interpessoais – como a igualdade entre os sexos dentro da relação familiar – e ainda, reconheceu a existência de novos institutos, v.g. a união estável, na qual se enquadra o relacionamento vivenciado pela recorrente nos últimos trinta anos” (STJ – Recurso Especial 1.206.656-GO). 4 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Divórcio. Teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 86. 5 Como o acréscimo do sobrenome é apenas uma possibilidade, uma opção, mas não um efeito necessário do casamento, a sua supressão pode ser feita independentemente do divórcio. Nesse sentido, já decidiu o TJ-RS: ‘AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIVÓRCIO. MULHER QUE ADOTOU O NOME DO MARIDO. FILHO DE NOVO RELACIONAMENTO POR NASCER. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA VOLTAR AO USO DO NOME DE SOLTEIRA ANTES DO DECRETO JUDICIAL DO DIVÓRCIO. 1. O nome integra o acervo de direitos de personalidade e identifica a pessoa individual e socialmente. Está suficientemente justificada a necessidade de antecipar os efeitos da tutela final, uma vez que se aproxima o nascimento de filho de nova relação familiar e, como é fácil estimar, naturalmente gera dissabores a manutenção do nome da mãe, como se ainda casada, faticamente, estivesse, com o primeiro marido, sendo outro o pai da criança. 2. Não obstante o pedido, na origem, não seja de divórcio consensual, não há possibilidade de a pretensão, no essencial, ser desacolhida, mesmo com eventual contestação do varão’ (Agravo de Instrumento 70047188388, 8ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, relator: Luiz Felipe Brasil Santos, julgado em 25/1/2012). 6 “[...] a possibilidade de manutenção do nome de casada da ex-cônjuge – quando do divórcio ou da separação – não foi instituída pelo novo Código Civil somente para permitir que se preservasse sua identificação social, mas, igualmente, para que o rompimento do vínculo conjugal não acarretasse identificação distinta entre pessoas vinculadas pela relação parental ou familiar (quer biológica, quer afetiva)” (Apelação Cível 70032545204, 7ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, relator: José Conrado Kurtz de Souza, julgado em 8/3/2010). 7 Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: I – evidente prejuízo para a sua identificação; II – manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; III – dano grave reconhecido na decisão judicial.§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. § 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado. 8 DELGADO, Mário Luiz; ALVES, Jones Figueiredo. Código Civil anotado. São Paulo: Método, 2005, v. 1, p. 800-801. 9 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 5. ed. atualizada por Eduardo Carlos Cabianca Bittar. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 124. 10 Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Acesso: https://www.conjur.com.br/2018-fev-04/processo-familiar- prerrogativa-conjuge-mudar-ou-manter-nome-casado Alteração de nome: adoção! Publicado em 03/08/2013 por Fernanda Passini Em post anteriores, já foi abordadoalgumas das exceções da regra geral de que o nome não pode ser alterado. Foi tratado: erro de grafia e alteração do nome pela alteração do estado civil. E neste post, é a vez de falar sobre a adoção, que é outro meio em que ocorre a alteração do nome, sendo mais uma das exceções. Esta possibilidade já era prevista pelo Código Civil, nos termos do art. 1627 do Código Civil, o qual foi posteriormente substituído por previsão idêntica no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Pelos dispositivos referidos, com a decisão favorável à adoção, o adotado pode assumir o sobrenome do adotante. Pode ainda, a pedido do adotante ou do adotado, modificar seu prenome, se for menor de idade. Confira a redação atual do dispositivo legal aplicável: adoção “Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. “ Nos casos de adoção, após concluído o processo e transferindo-se a guarda definitiva e respectivo poder familiar do menor, o registro inicial será “cancelado”, somente podendo ser fornecida por ordem judicial. Será realizado um novo registro do adotado, no qual a criança passará a usar o sobrenome dos adotantes como pais, bem como a ascendência (avós) destes. Nestes casos, pode ser modificado prenome (mais conhecido como nome) da criança, não sendo a alteração restrita somente a alteração do sobrenome. Porém, a mudança deve ser solicitada juntamente com o pedido de adoção. Em situação semelhante: – há a possibilidade de modificação do nome em casos de reconhecimento de paternidade, podendo, nestes casos, incluir o sobrenome do pai. – há também julgados que preveem a modificação em casos de filiação socioafetiva, prevalecendo este sobre o vínculo biológico. Acesso: https://fernandapassini.wordpress.com/2013/08/03/alteracao-de- nome-adocao/
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