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A PUNIBILIDADE DOS AUTORES DE CRIMES DE TRÂNSITO - BRUNA VIGETTA BATISTA

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0 
 
Bruna Vigetta Batista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PUNIBILIDADE DOS AUTORES DE CRIMES DE TRÂNSITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Toledo 
Araçatuba 
2016 
 
 
1 
 
Bruna Vigetta Batista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PUNIBILIDADE DOS AUTORES DE CRIMES DE TRÂNSITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Toledo 
Araçatuba 
Monografia apresentada como exigência parcial para a 
obtenção do grau de bacharel em Direito à Banca 
Examinadora do Centro Universitário Toledo sob 
orientação do Prof. Dr. Carlos Paschoalik Antunes. 
2 
 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_________________________________ 
Prof. 
 
 
 
 
_________________________________ 
Prof. 
 
 
 
_________________________________ 
Prof. 
 
 
 
 
Araçatuba, ____ de ______ de 2016. 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho... 
 
A minha família, em especial, minha mãe, 
Marcia Vigetta Batista, meu pai, Paulo 
Henrique Batista e meu irmão Gabriel Vigetta 
Batista por me proporcionarem a realização 
desse sonho e contribuírem para a formação de 
meu caráter. Aos demais, mas não menos 
importantes em minha vida, muito obrigada 
por me apoiarem sempre. 
4 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, por me conceder o dom da vida e ser o meu sustento para a caminhada. 
 
A minha família, meus pais, meu irmão, meus avós, pela compreensão, apoio e 
incentivo para a realização do meu sonho. 
 
Aos supervisores de estágio, aos funcionários dos lugares em que passei e aos amigos 
que encontrei durante esse processo formativo, e que espero tê-los comigo por toda vida. 
 
Aos colegas de sala, pela receptividade e companheirismo durante a graduação. 
 
A todos os professores pela transmissão do saber e conhecimento jurídico 
 
Agradecimento especial ao meu orientador, professor Carlos Paschoalik Antunes, pela 
colaboração e paciência despendidas. 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O Senhor é o Pastor que me conduz não me falta 
coisa alguma”. (Sl. 23/24) 
 
 
6 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho acadêmico trata da punibilidade dos autores de crime de 
trânsito, em referência às sanções indicadas para cada uma das infrações contidas no código 
de trânsito brasileiro. Com a essa pesquisa, aponta-se que a necessidade de normatizar as 
condutas de trânsito surgiu há tempos atrás; o desenvolvimento urbano, econômico e 
industrial possibilitou que cada vez mais pessoas tivessem condições de comprar um carro; 
assim houve um aumento na produção automobilística e também a construção de estradas e 
rodovias. A partir dos princípios constitucionais que regem o direito penal foram criadas 
leis pelo Sistema Nacional de Trânsito para proporcionar segurança no trânsito, condutas 
tipificadas que se praticadas configuram crime. Porém ainda na atualidade o número de 
acidentes que acontecem no Brasil é elevado, frustrando assim a intenção do legislador. 
Com isso fica caracterizado que o problema não está na falta de regras e punições para os 
motoristas que desrespeitam o código, e sim na falta de mão de obra estatal para uma maior 
fiscalização; e na conscientização da população de que a direção defensiva deve ser uma 
prática constante e que as regras de trânsito não podem ser banalizadas. 
 
 
Palavras-chaves: crime, trânsito, punibilidade, dirigir, motorista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
 
 
This academic work deals with the punibilaidade of traffic crime authors, referring to 
the sanctions set out for each of the offenses contained in the Brazilian traffic code. With our 
research shows that the need to regulate traffic behavior came to the times ago, the urban, 
economic and industrial development made it possible for more and more people were able to 
buy a car; so there was an increase in automobile production and also the construction of 
roads and highways. From the constitucionas principles governing criminal law laws were 
created by the National Traffic System to provide traffic safety, typified conduct which if 
practiced confuguram crime. But even today the number of accidents that happen in Brazil is 
high, thus frustrating the intention of the legislator. It is determined that the problem is not the 
lack of rules and punctures for drivers who break the code, but in the absence of hand state 
work for greater oversight and public awareness of the defensive driving should be a practical 
constant and that traffic rules can not be trivialized. 
 
Key Words: crime, traffic, criminal liability, driving, driver 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
SUMÁRIO 
 
 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 09 
I – HISTÓRIAE EVOLUÇÃO DO TRÂNSITO ................................................................... 10 
1.1. Análise da Legislação de Trânsito Brasileira ...................................................................... 11 
1.2. Considerações históricas acerca da legislação de trânsito brasileira ................................... 13 
1.3. Sanções previstas no Código de Trânsito Brasileiro ........................................................... 14 
1.4. Objetividade Jurídica ........................................................................................................... 15 
1.5. Aplicação da Lei 9099/95 nos crimes de trânsito ................................................................ 15 
1.6. Responsabilização do infrator de trânsito ............................................................................ 16 
II – A PUNIBILIDADE DEFINIDA PELOS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ....... 19 
2.1. Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal ..................................................................... 20 
2.2. Princípio da anterioridade .................................................................................................... 22 
2.3. Princípio da tipicidade ......................................................................................................... 23 
2.4. Princípio da especialidade: Código Penal versus Código de Trânsito Brasileiro................ 23 
2.5. Princípio da voluntariedade ................................................................................................. 24 
2.6. Princípio da proporcionalidade ............................................................................................ 24 
2.7. Princípio do devido processo legal ...................................................................................... 25 
2.8. Princípio da motivação ........................................................................................................ 25 
III – DOS CRIMES DE TRÂNSITO ...................................................................................... 27 
3.1. Conceito de Crime de Trânsito ............................................................................................ 27 
3.2. Competência Legislativa ..................................................................................................... 27 
3.3. Homicídio culposo de trânsito ............................................................................................. 28 
3.4. Lesão Corporal Culposa na Direção de Veículo Automotor ............................................... 31 
3.5. Omissão de socorro ............................................................................................................. 32 
3.6. Fuga do local ....................................................................................................................... 33 
3.7. Embriaguezao volante ........................................................................................................ 34 
3.8. Violação da suspensão ou proibição .................................................................................... 38 
3.9. "Racha” ............................................................................................................................... 39 
3.10. Direção sem habilitação..................................................................................................... 40 
3.11. Entrega da direção a determinadas pessoas ....................................................................... 42 
3.12. Excesso de velocidade em determinados locais ................................................................ 43 
3.13. Fraude processual .............................................................................................................. 44 
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 45 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 47 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
A convivência em sociedade exige do homem uma adequação às regras instituídas 
pelas próprias pessoas que convivem entre si. Essas regras se fazem necessárias; e para que 
sejam cumpridas é importante à fiscalização pelos órgãos competentes, bem como a 
imposição de punições àqueles que as descumprirem. É assim em todas as esferas do direito, e 
para organizar o trânsito, não seria diferente. 
O tema tratado neste trabalho foi escolhido em razão do interesse que nasceu através 
de contato com alguns casos práticos e pela leitura de artigos jurídicos que descrevem o 
tratamento penal dado ao condutor de veículo que pratica crime de trânsito, situações vividas 
com certa frequência por aqueles que diariamente utilizam veículo automotor para se 
locomoverem pelas cidades de nosso país, sejam em grandes ou pequenos centros urbanos. 
A análise da punição aos infratores da lei de trânsito é importante para o estudo e 
desenvolvimento do direito, pois revela se efetivamente está sendo justa a aplicação da pena 
para aqueles que praticam crimes no trânsito e se o tratamento dado causa impactos que 
geram uma diminuição das práticas delitivas, elemento extremamente importante e 
necessário, pois o descumprimento das leis de trânsito em nosso país é grande e um dos 
fatores que justificam esse quadro é a impunidade. 
Nosso ordenamento jurídico prevê crimes e sanções aos condutores de veículo 
automotor, e o objetivo do presente trabalho acadêmico é analisar se essas sanções cumprem a 
sua função social: prevenção e punição. 
Abordaremos as causa e consequências dos delitos de trânsito, tanto do ponto de 
vista do infrator, como das vítimas, e também da sociedade que indiretamente é vítima da 
violência no trânsito; sendo que para a construção do trabalho foi usado o método de 
compilação, por meio de pesquisas em livros, artigos e internet. 
No primeiro capítulo será tratado o processo evolutivo do trânsito - desde o seu 
surgimento até os tempos atuais, tendo em vista que o veículo automotor é a principal forma 
de locomoção da sociedade brasileira - e o surgimento da necessidade de sua normatização. 
A análise do segundo capítulo será sobre os princípios constitucionais inerentes ao 
direito penal e a sua relação com a lei de trânsito e a punibilidade de seus infratores. 
No terceiro capítulo serão estudados os crimes de trânsito presentes no Código de 
Trânsito Brasileiro e tratamento que deve ser adotado pelo judiciário aos motoristas que 
violam as leis. 
 
 
10 
 
I- A HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO TRÂNSITO 
 
O trânsito existe desde os tempos primórdios, pois sempre o homem se locomoveu, 
mas apenas com a evolução da sociedade é que surgiu a necessidade da criação de regras para 
o uso das ruas e avenidas. 
Os primeiros veículos tinham como função principal o carregamento de objetos; em 
seguida passaram a transportar o homem e seus bens, e, já em épocas um pouco mais recentes 
se desenvolviam veículos de transporte específicos para a população. Desde que se criaram os 
elementos principais do sistema viário – os meios de transportes e as estradas - nasceu então o 
trânsito e suas dificuldades. 
Na época do Império Romano, onde já começava a acontecer congestionamentos, 
foram elaborados símbolos, indicadores de sentido e as primeiras normas de tráfego. Mais que 
normas legais, as autoridades de trânsito do mesmo modo passaram a empregar muitas 
maneiras para sinalizar e regular o uso da via, tais como: placas indicativas, placas proibindo 
manobras perigosas, e no final do século XIX (1868), surge na Inglaterra um dispositivo de 
comando da circulação de veículos mediante luzes coloridas – semáforo. 
O Brasil, em 1891 recebeu o seu primeiro veículo automotor que veio da França. E o 
primeiro acidente de trânsito em nosso país, ocorreu em 1987, o proprietário do automóvel era 
Jose do Patrocínio, que uma vez cedeu seu carro para o escritor de poemas Olavo Bilac, 
porém Olavo Bilac não sabia dirigir e chocou com uma árvore. 
Então, os Órgãos Administrativos e o Automóvel Clube do Brasil iniciaram um 
esforço para mudar as circunstâncias do fluxo de carros e deixá-lo mais seguro, passando a 
 
11 
 
falar em normas de trânsito para preservar a integridade dos transeuntes e condutores de 
veículos. Os prefeitos de São Paulo e Rio de Janeiro com o objetivo de regular a circulação de 
carros e pessoas, elaboraram em 1903 as primeiras autorizações para guiar, bem como “em 
1906, adotou-se no país o exame obrigatório para habilitar motoristas”. (PONTES, 2009 apud 
OLIVEIRA, 1986, p. 29). 
 No ano 1954 Juscelino Kubitscheck tornou-se Presidente do Brasil depois da 
morte de Getúlio Vargas com a promessa de “fazer 50 anos em 5”, assim dois acontecimentos 
transformaram a composição nacional: a edificação de Brasília e a fundação da indústria 
automobilística brasileira. Seu projeto de gestão continha objetivos inovadores no âmbito da 
infraestrutura, compreendendo a construção de rodovias para acompanhar a produção dos 
veículos. 
O carro que antigamente só quem possuía era a alta sociedade, fez-se objeto de 
compra da classe média. O progresso e o aumento da condição econômica fizeram surgir mais 
ruas, rodovias e lugares para guardar uma quantidade cada vez superior de veículos. Por causa 
do aumento do número de carros em circulação nas ruas foram criadas leis para ordenar o 
trânsito, pois haviam muitos indivíduos usando o trânsito, o que o fez paulatinamente 
inseguro. Os deslocamentos apresentavam-se mais velozes e desse modo crescia a quantidade 
de acidentes e suas consequências. 
 
1.1 - Análise da Legislação de Trânsito Brasileira 
 
O Código de Trânsito Brasileiro foi criado para regulamentar o comportamento de 
motoristas e pedestres ao circularem pelas ruas do Brasil, e após muitas análises e debates que 
foram realizados seu surgimento se deu por um ato do poder público e contém em si 
princípios administrativos fundamentais para o exercício do direito no trânsito. 
Conforme demonstraremos o CTB contemplou o direito à segurança no trânsito, 
assunto de extrema relevância, buscando garantir a defesa desse direito. 
Pensando em todos aqueles que circulam pelas vias diariamente, o legislador ao criar 
a norma quis melhorar o fluxo do tráfego nas metrópoles do país, também dispôs sobre a 
 
12 
 
importância de preparar as futuras gerações que farão parte do trânsito, diminuir a poluição 
causada pelos veículos e assim proteger o meio ambiente. 
Lima (2001, p.15) afirma que: 
Fator positivo foi a imposição de penas mais graves para o homicídio e lesões 
corporais culposas praticadas no trânsito, punindo-se com mais rigor delitos 
culposos com consequências graves, cuja culpa stricto sensu, não rara, é a 
consciente,quase na divisória com o dolo eventual, o que gerava por vezes 
inconformismo social com a pena aplicada (prevista para o crime culposo do código 
penal) e provocando tentativas, na maior parte das vezes infrutíferas, de se tipificar 
os fatos mais graves como homicídios dolosos por dolo eventual. 
 O elevado número de acidentes de trânsito é um sério problema de saúde pública e 
atarefam o setor, em decorrência dos números de internações elevados e dos altos custos 
hospitalares, além de produzirem problemas para a sociedade, tais como prejuízos materiais, 
custos com auxílios previdenciários e enorme tristeza para as vítimas e seus familiares. 
Essas estatísticas referentes aos fatores de risco relacionados à segurança no trânsito 
reveladas pela PeNSE são relevantes visto que os acidentes e violências representam 
as causas mais importantes de morbimortalidade entre jovens e adolescentes. Na 
faixa de 10 a 14 anos de idade, os acidentes de transporte correspondem a 43,5% das 
mortes (SAÚDE..., 2008). Fonte: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/comentarios.pdf 
 
A legislação de trânsito trata o tema educação com a maior relevância, o aponta 
como sendo fundamental para transformar a situação do trânsito brasileiro, e é tratado sob 
diversos entendimentos. Primeiramente, é interpretada como um direito das pessoas e um 
dever do Estado (Artigo 74) e é obrigatória para os níveis de ensino de 1o, 2o e 3o graus 
(Artigo 76), com limite definido para que o currículo mínimo seja disponibilizado no início da 
vigência do Código (Artigo 315). 
Da mesma forma define que a habilitação de motoristas ocorra em dois momentos. 
Depois de o candidato ser aprovado nos exames, ele passa a ter uma “Permissão para Dirigir”, 
com validade de um ano, período em que não pode cometer nenhuma infração de natureza 
grave ou gravíssima, nem reincidir em infração leve. E ao final poderá receber a habilitação 
definitiva (Artigo 148 §3°). Simultaneamente impõe que no processo de habilitação sejam 
incorporados os temas pertinentes aos primeiros socorros e à direção defensiva (Artigos 147 e 
148). 
 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/comentarios.pdf
 
13 
 
1.2- Considerações históricas acerca da legislação de trânsito brasileira 
 
As primeiras normas escritas regulamentando o trânsito no Brasil surgiram em razão 
da enorme quantidade de veículos que circulavam na cidade e da necessidade de adoção de 
medidas que diminuíssem os elevados índices de acidentes de trânsito e datam de 25 de 
setembro de 1941, quando foi publicado o Decreto nº 3.651 que criou o Código de Trânsito 
Nacional com marca unicamente administrativa. Depois surgiu a Lei nº 5.108/65 que instituiu 
um novo código, a qual foi integralizada pelo Decreto nº 62.127/68 e também só 
convencionou sobre normas administrativas. 
 Lima afirma: “Frequentemente surgiam novas leis federais e estaduais, resoluções 
do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) e centenas de normas de cunho 
administrativo dos DETRANs Estaduais”. (2015, p.02) 
O Decreto nº 86.714/81 - Convenção sobre Trânsito Viário - publicado em 1981, 
teve origem na Convenção Internacional de Trânsito de Viena que havia sido aprovada em 
1980 pelo poder legislativo no Decreto nº 33. O problema é que a Convenção aconteceu antes 
da validação do Código Nacional de Trânsito de 1965, mas ela somente entrou em vigor em 
1981, com isso, a maioria de suas normas, principalmente as referentes à circulação 
internacional, acharam-se em discordância com o Código Nacional de Trânsito. 
A Regulamentação Unificada de Trânsito de 2 de setembro de 1992, foi um acordo 
feito entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, e, em 3 de agosto de 
1993, se tornaram públicas as normas de trânsito válidas aos países do bloco econômico sul-
americano (Diário Oficial da União, nº 147). 
 Mesmo depois da vinda do automóvel, não despontaram em nosso país, 
efetivamente, lei relativas a crimes de trânsito, sequer alterações no antigo Código de 1890, 
nem na Consolidação das Leis Penais (Decreto no 22.213, de 14 de dezembro de 1932). 
Desse modo, um acidente de trânsito com vítima fatal ou lesões corporais só 
conseguiria se regular ao homicídio culposo e lesão corporal culposa que estavam 
determinados nos arts. 297 e 306 do Código de 1890 e da Consolidação das Leis Penais. Nem 
ao menos se achavam contravenções penais referentes a veículos. 
 
14 
 
Somente em 1998 foi promulgado o Código de Trânsito Brasileiro através da Lei nº 
9.503 que entrou em vigor em 23 de Janeiro de 1998, trazendo em seu bojo alterações 
significativas no que diz respeito à imposição de pena mais graves ao crime de homicídio 
praticado no trânsito e o crime de lesão corporal, que é de grande incidência nas estradas do 
país. 
A fim de gerenciar o tráfego nas vias públicas, o Estado promulgou a Lei nº 
9.503/97, criando assim o Sistema Nacional de Trânsito. No artigo 5º da referida lei, consta 
declarado que integra o sistema nacional de trânsito; a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os municípios, que tem o propósito de realizar ações de organização e administração do 
sistema viário, e o controle e punição dos autores de crimes de trânsito. 
 
 
1.3- Sanções previstas no Código de Trânsito Brasileiro 
 
As sanções previstas no Código de Trânsito Brasileiro podem ser classificadas em 
penalidades, impostas pela autoridade competente ao condutor infrator; e compreendem a 
advertência por escrito, a multa, a suspensão do direito de dirigir, a apreensão do veículo, a 
cassação da CNH, a cassação da permissão para dirigir e a frequência obrigatória em cursos 
de reciclagem, conforme dispõe o artigo 256 do CTB. E as medidas administrativas, que são 
aplicadas visando manter a proteção e a segurança daqueles que estão no trânsito como, por 
exemplo, a retenção do veículo, ou sua remoção do local, recolhimento do documento de 
habilitação, recolhimento do certificado de registro e do CRLV, transbordo do excesso de 
carga, realização de teste de dosagem alcoólica, realização de perícia de substância 
entorpecente e o recolhimento de animais soltos na via, medidas que estão dispostas no artigo 
269 do referido código. 
As penas máximas impostas para os crimes de trânsito previstos no CTB, sem 
exceção, são superiores 01 (um) ano, sendo assim, não são crimes de menor potencial 
ofensivo. Para esses crimes é cabível a prisão em flagrante. 
A natureza jurídica da pena para o crime de trânsito pode ser punitiva ou reparatória, 
ou também punitiva e reparatória, como é o caso da multa. 
 
15 
 
1.4 – Objetividade Jurídica 
 
Conforme se verifica no artigo 5º, caput da CF e nos artigos 1º §2º e art. 28 do CTB, 
a segurança no trânsito é direito de todos e tem grande valor que é protegida pela lei. 
A segurança, em sentido amplo, é direito de todos e esta prevista constitucionalmente 
no capítulo reservado aos direitos fundamentais, art.5º CF. No plano infraconstitucional, em 
sentido estrito – a segurança no trânsito está prevista no art. 1º §2º da Lei 9.503/97 - que 
preceitua: 
Art. 1º 
[...] 
“§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e 
entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito 
das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse 
direito”. 
[...] 
Art. 28 “O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-
o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito”. 
A fim de assegurar esse direito, foi promulgada em 1998 a Lei 9.503, que 
regulamentou o trânsito de pessoas, veículos e animais no território nacional, e atribuiu aos 
Órgãos e Entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito a competência para 
orientar, disciplinar e punir àqueles que põem em risco a integridade das pessoas e do meio 
ambiente. 
Damásio (1998, p.19),assim diz: “o objeto jurídico na maior parte dos delitos 
tradicionais, pertence ao homem, à pessoa jurídica ou ao estado. Nos delitos de trânsito, a 
objetividade jurídica principal pertence à coletividade (segurança no trânsito) sendo esse o seu 
traço marcante”. Ou seja, a norma tem o objetivo de proporcionar segurança para todos 
aqueles que estão no trânsito, e é dever do Estado garantir essa proteção. Cabe ao condutor e 
aos transeuntes cumprir as regras de trânsito para que essa segurança aconteça de fato. 
 
 
 
 
16 
 
1.5- Aplicação da Lei 9099/95 nos crimes de trânsito 
 
Examinamos certas informações importantes dessa seção criminal do Código de 
Trânsito Brasileiro. Inicialmente com relação a finalidade da Lei nº 9.099/95 - Lei dos 
Juizados Especiais Cíveis e Criminais - para os crimes de trânsito, o CTB determinou que 
para alguns crimes nele previstos fosse aplicada a Lei dos Juizados Especiais Criminais, 
sendo que os artigos 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099/95 serão utilizados para o crime de lesão 
corporal culposa, participação em competição não autorizada e embriaguez ao volante. 
Em resumo, é possível afirmar que a Lei nº 9.099/95 cuida das infrações de menor 
potencial ofensivo, que são aquelas contravenções e crimes com sanção de aprisionamento 
por período não superior a dois anos. São onze os delitos de trânsito conhecidos no Código de 
Trânsito, e desse total, oito não contam com punição máxima maior do que dois anos, e com 
isso são teoricamente contravenções pouco prejudiciais, utilizando-se para elas estritamente a 
Lei nº 9.099/95. 
Diversos posicionamentos surgem na doutrina, e Rodrigues assim afirma: 
 A necessidade de representação da vítima só ocorre no crime de lesão corporal 
culposa na direção de veículo automotor (artigo 303do Código de Trânsito 
Brasileiro), pois somente neste “delitum” é que há vítima certa e individual, aquela 
que sofreu a lesão corporal (2007, p.61). 
E este raciocínio é acertado, pois não se pode exigir a representação, se não existe 
vítima específica. 
 
1.6 – Responsabilização do infrator de trânsito 
 
A composição civil dos danos será reduzida a termo e, homologada pelo Juiz através 
de decisão irrecorrível, e sua aplicabilidade será de título a ser executado no juízo civil 
competente. Na legislação de trânsito brasileira um novo instituto é o da reparação do dano, 
na figura da multa reparatória, que pode ser paga pessoalmente à vítima. A Lei visava 
assegurar o reembolso dos danos sem a necessidade de após ter de recorrer ao juiz cível. 
É resultado da sentença penal condenatória a obrigação de indenizar o dano causado 
pelo crime (Código Penal, art. 91, I). 
O Código de Trânsito, em seu artigo 297 deu origem à chamada multa reparatória, e 
surge questão divergente logo de inicio em sua análise: ainda que tenha recebido o nome de 
 
17 
 
pena, doutrinadores a refutam, pelo fato dela apresentar claro e indiscutível efeito civil, que 
tem por objetivo a reparação do dano material resultante de crimes de trânsito. 
Algumas cortes recursais ainda examinam delitos de trânsito como tragédias 
provocadas pelo acaso e, não, por culpa daquele que dirigia no momento. As sanções são 
leves, e o rito processual longo. Proferida a decisão, é dada ao réu a oportunidade para 
recorrer. 
Fuga (2015, p.21) explica que: 
Nesse contexto, de grande relevância é a concausa no evento danoso. O estudo não 
apresenta grandes dificuldades quando há somente uma atitude e um dano 
decorrente, sem dano preexistente e apenas uma ação ou omissão que proporcione o 
dano, todavia as complicações são inerentes ao mundo moderno e complexo em que 
se vive. 
 A situação apresenta grande complexidade quando, por exemplo, em decorrência do 
acidente, a vítima vem a falecer pelas sequelas do evento e também por doença 
preexistente – saúde debilitada, hemofílico, diabético, entre outros. Esses fatos, com 
concausas preexistentes, concomitantes ou supervenientes alteram a estrutura do 
nexo causal da relação. 
Embora seja notória certa inclinação à isenção da punição, aos poucos surgem certos 
progressos. Na legislação atual, subir na calçada e colidir contra uma criança enquanto se 
pratica um “racha”, é declarado como um delito de dolo eventual (que tem o mesmo valor ao 
da pessoa que atira inadvertidamente entre a multidão, tirando a vida de um transeunte). 
Diferente de anteriormente em que esse crime era classificado por homicídio culposo (que 
corresponde a disparar uma arma acidentalmente, ao limpar o cano). 
O raciocínio é de que o condutor não deixou sua residência preparado para praticar 
um assassinato, mas comportou-se de modo tão imprudente que assumiu os riscos de provocar 
uma tragédia. E por isso, é digno de receber uma pena mais elevada. 
Além disso, dizimar um indivíduo no trânsito, no resultado de um acidente, que tem 
como causa a embriaguez do motorista, aliada à disputa de corrida de automóvel não 
permitida em ruas e avenidas - embriaguez e "racha" em grande parte dos casos se 
acompanham -, não se condiz com o simples desfazimento da obrigação de precaução 
objetiva - nessa situação, as regras legais referentes ao trânsito -, porém apresenta-se como 
sendo alguma coisa infinitamente superior a tudo isso: aparenta a intenção de transgredir tais 
 
18 
 
regras. O autor presume a consequência e concorda com a sua incidência (Fórmula de 
FRANK – seja o que for dê no que der, não deixo de agir). 
A justificativa para atribuir a espécie dolosa dos crimes de homicídio e lesões 
corporais graves aos delitos ocorridos em virtude do trânsito, não é um modo de o Estado 
revidar-se do agente que as praticou, e sim adequar a lei e examiná-la conforme a verdadeira 
evolução temporal condizente do país. Isso não significa uma descaracterização da lei, e sim 
um entendimento de que certas ocorrências de dolo eventual são desconsideradas pelos 
magistrados e demais órgãos julgadores brasileiros. É imprescindível reprimir de maneira 
devida os infratores, para mais satisfatoriamente proteger a intangibilidade dos objetos do 
direito garantidos pelo Estado, de maneira especial, o direito à vida. 
 
 
19 
 
II A PUNIBILIDADE DEFINIDA PELOS PRINCÍPIOS DO DIREITO 
PENAL 
Avançando na exposição de dessa dissertação, ao parto agora para uma apreciação 
constitucional, faz-se indispensável considerar certos princípios basilares que constroem e 
caracterizam de modo específico o conglomerado de regras jurídicas existentes em nosso país. 
Ou seja, são as bases que orientam a classificação das normas aplicáveis na atualidade, por 
meio de deliberações importantes que se difundem ao longo de todo o ordenamento jurídico e 
suas leis, integrando-lhes o entendimento e sendo utilizado como parâmetro para a sua 
perfeita assimilação e raciocínio, justamente por determinar o sentido e o senso de uma série 
de normas, no que lhe concede o argumento e lhe dá nexo simétrico. 
Isto posto, as premissas genéricas do direito são instrumentos básicos e de relevância 
essencial para a formação, o emprego e a análise das regras legais. 
Dessa maneira, para a apropriada utilização da legislação, o advogado e demais 
profissionais e o teórico da sabedoria do direito não podem escusar-se de um olhar para a 
massa dos axiomas normativos, estabelecida, sobretudo na carta-magna. 
Os ramos da ciência jurídica que versam sobre as infrações e as sanções penais, o 
poder que o estado possui para definir as regras das demandas criminais e também sobre a 
atuação que o poder público desenvolve para proteger tudo aquilo que é importante para a 
coletividade são formados por normas predominantes em nosso sistema, essas que guiam a 
sua concepção e a sua duração, tendo assim que serem rigorosamente cumpridas. Então, as 
leis de direito penal, as regras para as ações judicias, e as determinações da administração 
pública precisarão estar de acordo com os princípios constitucionais.Conforme ESPÍNDULA (2003, p.24) nos esclarece, princípio: 
Designa a estruturação de um sistema de ideias, pensamentos ou normas por uma 
ideia-mestra, por um pensamento-chave, por uma baliza normativa, donde todas as 
demais ideias, pensamentos ou normas derivam, se reconduzem e/ou se 
subordinam.
 
 
Significado semelhante é dado por SARMENTO (2002, p.42): 
Os princípios representam as traves-mestras do sistema jurídico, irradiando seus 
efeitos sobre diferentes normas e servindo de balizamento para a interpretação e 
integração de todo o setor do ordenamento em que radicam. 
 
20 
 
Nessas circunstâncias, referindo-se a análise exposta de uma produção técnica 
concernente ao âmbito jurídico, faz-se de enorme relevância a compreensão e a delimitação 
de certas premissas que balizam a legislação administrativa, processual penal e penal a elas 
correspondentes. 
Nessa sequência, apresentarei a pesquisa e a verificação daqueles requisitos de maior 
importância e profundamente associados à ao conteúdo que estamos examinando. 
 
2.1- Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal 
 
Recepcionado nos artigos 5º, inciso II, 37 caput e 84, inciso IV da Constituição da 
República Federativa do Brasil, este se refere ao principal esteio dos governos que 
democraticamente atuam e exercitam-se em conformidade com a lei, recebendo um novo 
sentido com a pujança regimental do maior número das cartas magnas dos povos do ocidente 
que já antes de quinhentos anos atrás se transformaram daquelas que eram interpretadas 
como um simples diploma de recomendações aos entes do congresso nacional, em um 
conjunto de normas que verdadeiramente funcionam como transmissor a estruturação, 
análise e a execução de diversas leis, assim como pela declaração de sua expressa e concreta 
utilidade. 
Desse modo a legalidade estabelece o rigoroso cumprimento e a conformidade ao 
código - em sua definição mais abrangente - bem como a lei maior, das quais os seres 
humanos, e o próprio governo que as elaborou, não podem esquecer-se, vejam que, 
inegavelmente, são os princípios nos quais o direito se revela que regularmente instituem 
garantias e lhes atribui obrigações, não se tratando de ressalva a ponderação licitamente 
realizada para que procedimentos regulamentares que estão em posições menos elevadas 
ajustem apreciações e oportunidades viáveis específicas que propõem alterações inesperadas 
por causa dos desenvolvimentos técnicos, evoluções na ciência jurídica e diversas 
circunstâncias simplesmente práticas que passam por modificações devido acontecerem em 
momento e lugar definidos, necessitando presteza e cuidado nos detalhes no momento de 
suas devidas elaborações a fim de que a teoria tenha recursos próprios para se manter no 
decorrer do tempo, para não se transformar em uma lei ineficiente. 
 Na prática, limitações à prerrogativa da atuação jurisdicional conforme as regras 
pré-estabelecidas são somente as realizadas pela lei maior em seus artigos 62 (medidas 
 
21 
 
provisórias), 136 (estado de defesa) e 137 (estado de sítio). Se a obediência à norma é 
importante no que se diz respeito à concepção e à reforma do direito, não é um erro afirmar 
que fica cada vez mais evidente a sua indispensabilidade, para valer-se de proteção para o 
governado à vista das determinações abusivas do poder constituinte em relação às punições 
resultantes dos encargos teoricamente descumpridos. Nesse relacionamento litigioso é que se 
declara como sendo de fundamental relevância para todas as pessoas o preceito da 
conformidade da lei, já que retira o ressalto de todo tipo legal decorrente de um resquício 
mínimo de um ato formalmente ou materialmente ilegal, anulando o feito que se 
desenvolveu irregular pela ilegalidade que copiosamente lhe sustentou. 
 Desse modo a defesa da validade dos atos jurídicos restringe a autoridade 
jurisdicional do governo diminuindo os riscos de arbitrariedades. Falta mencionar o registro 
feito pelos teóricos do direito a respeito da distinção que existe entre o princípio da 
legalidade e o da reserva legal, significando o princípio da legalidade as possibilidades de 
interpretação da constituição em que é designada unicamente a lei sendo que não comporta 
extensão à norma de assuntos particulares, enquanto princípio da reserva legal tem sentido 
de obediência e cumprimento das classes regulamentadoras convencionadas de modo 
inerente à lei suprema ou exercício incorporado aos limites estabelecidos pelo ente 
administrativo responsável pela criação das leis. 
O princípio que exige a pré-existência da lei é mais amplo, uma vez que outorga o 
consentimento de se originar o direito a cada um dos gêneros das normas estatuídas 
mencionadas no artigo 59 da Constituição Federal – contanto que considerados os 
parâmetros solenes e concretos estendendo-se sobre a conduta de todos os cidadãos que 
compõem a nação brasileira; à medida que o princípio que define que ninguém sofrerá 
sansão sem que assim esteja descrito na lei, fica restrito aos âmbitos tangíveis fundados na 
legalidade, onde não há lugar para outra norma que determine as regras senão a lei 
rigorosamente manifesta (lei ordinária e lei complementar), assim como o faz o artigo 5º, 
inciso XXXIX da Constituição da República Federativa do Brasil, correspondendo a 
condutas típicas (delitos), consequentemente, de pouca dimensão. 
 
 
 
 
 
22 
 
 2.2- Princípio da anterioridade 
 
 A partir do princípio da anterioridade é possível afirmar que é vedado aos entes da 
administração pública estabelecer sanção ao ato que aconteceu anteriormente a regular 
decretação do crime, assim como é proibido dar punição mais rigorosa majorada após a 
efetivação do feito de responsabilidade do autor. Parte de discordância é se a norma 
legalizadora de trânsito com pena mais leve tem em si retroprojeção, com destino de ser 
adotada em episódios que se deram primeiro que o início de sua vigência. Este caso só se 
demonstra com relevância para o direito, no momento em que o ato for praticado durante a 
duração da lei mais grave e a deliberação do juiz for pronunciada quando já estiver valendo a 
regra que cesse o efeito da anterior e que contém uma pena atenuada. 
A lógica exposta pode ser apresentada no formato da seguinte questão: Se um ato 
ilícito que era corrigido com o registro de cinco pontos, transformar-se, com a regra atual a 
ser aprovada, em perda de três pontos; na oportunidade do seu veredito pelo juiz de direito, 
qual a ordem a ser empregada para o caso? Apresentam-se considerações de que, na falta da 
lei que regule o assunto, utiliza-se por aproximação, com fundamento no artigo 4º da Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, o semelhante ensinamento ajustado para a 
situação parecida na área penal. Elucidando: se uma pessoa dirigisse seu veículo sob o efeito 
de álcool em momento anterior à vigência da Lei Federal número 11.705/2008 que concedeu 
novo texto alterando assim o artigo 165 do código de trânsito brasileiro, achava-se 
submetido à sanção de privação de seu direito de conduzir veículo automotor pelo período 
que poderia ser de um mês até um ano. Na hipótese do delegado competente para atuar no 
inquérito policial entendesse na proximidade de pronunciar a sua deliberação, na ocasião em 
que então já tinha validade a supracitada lei 11.705/2008, que modificou o item do CTB 
aumentando a punição para pena completamente estipulada de descontinuação do direito de 
dirigir por 12 meses, não a conseguiria prescrever, já que é menos branda. 
 Vamos supor nesta ocasião o contexto inverso, concedendo à nova norma uma 
sanção mais benéfica. Seria a circunstância de se deixar de lado a cominação da lei anterior 
que recaiu sobre a atitude do réu naquele momento em que foi praticada? Para a maioria dos 
autores de obras jurídicas penais a resposta é positiva em razão do idêntico motivo 
anteriormente recorrido, procurando na similitudea provisão da omissão nas diretrizes 
regulamentadoras sobre trânsito. 
 
23 
 
2.3- Princípio da tipicidade 
 
 A regra que determina a violação a ser cometida na circulação de veículos para ver 
admitida oportunamente a sua subsistência, mais do que ter origem em lei precedente à 
atitude começada, deve genericamente expor com minuciosidade qual a conduta vedada. 
Como no mundo da interpretação e execução das leis de trânsito vemos não só transgressões 
que são capazes de serem praticadas por motoristas de automóveis e motocicletas, bem como 
por transeuntes, por empresas e também por funcionários do estado, a norma tem que 
colocar de maneira evidente a quem se endereça a obrigação a ser cumprida. Do mesmo 
modo não contenta a particularidade às penas cujas balizas maiores e menores situem-se 
afastadas quase a conceder àquele que aplica à lei uma facultatividade totalmente irregular, 
como é a pressuposição modelo de uma sanção de multa que diversificasse de 1 UFIR a 180 
UFIR. Nessa situação a exorbitante parcialidade do competente representante do estado, na 
oportunidade de impor a pena, resultaria em uma inexistência absoluta de critérios em 
conformidade com a lei imparciais, causando desconfiança quanto à neutralidade do 
judiciário em virtude da oscilação do montante da multa designada, sem empecilhos que 
conseguissem impedir que se ampliasse, indevidamente, até a maior pena, ainda que sob um 
tímido e ineficiente fundamento apropriado, a seriedade do crime. 
 
 
 
 
2.4- Princípio da especialidade: Código Penal versus Código de Trânsito Brasileiro 
 
É importante frisar que embora coexista no ordenamento jurídico brasileiro o CP não 
se aplica aos crimes de trânsito essa lei geral, sendo que somente poderá ser aplicado o 
Código de Trânsito em razão do princípio da especialidade (lei especial se impõe à lei geral), 
É importante frisar que o CTB, no ordenamento jurídico é a lei específica que trata 
acerca dos crimes de trânsito, e não se deve confundir com os crimes previstos no Código 
Penal, sendo este último, a legislação geral, que só deverá ser aplicada quando o Código de 
Trânsito Brasileiro não dispuser sobre o fato praticado. 
 
24 
 
2.5- Princípio da voluntariedade 
 
Este princípio trata da intenção do infrator, e não é suficiente que a atitude praticada 
no plano da realidade esteja inserida na definição imaterial da norma para se estabelecer que o 
crime não foi praticado. 
A diferença entre a voluntariedade, a culpa e o dolo é verificada de modo quando 
transpomos o funcionamento cerebral do ser humano, por isso em certos casos não é fácil a 
elaboração desse tipo de evidência. 
Assim, esse princípio vem determinar que o condutor do veículo que pratica a 
norma prevista no código de trânsito tinha a intenção de fazê-la, simplesmente pelo fato de 
que o motorista no momento da conduta não esta sob o efeito da coação, ou seja, ele 
manifestou a sua vontade de forma livre e consciente, o que não pode ser considerada uma 
verdade absoluta. 
 
 
 
 
 
2.6- Princípio da proporcionalidade 
 
Considerado um super princípio do direito, pois apresenta parâmetros a serem 
seguidos por todas as normas, ou seja, as leis devem impor sanções proporcionais aos delitos 
cometidos. 
Importante lição é a do ilustríssimo Celso Antônio Bandeira de Mello (2000, p. 748), 
 
Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A 
desatenção ao princípio implica ofensa, não só a um específico mandamento 
obrigatório mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade 
ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque 
representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua 
estrutura mestra. 
 
25 
 
 
Tão importante quanto normatizar condutas que são reprováveis pela sociedade e 
pelo direito, é no momento da tipificação, se pensar no nível mais ajustado de sanção a ser 
aplicado para o crime, tem-se então esse dois elementos fundamentais que se completam, a lei 
que proíbe a conduta ilícita no trânsito e a pena equivalente ao crime praticado, sendo 
produzida uma efetiva justiça. 
 
2.7- Princípio do devido processo legal 
 
 A nossa Carta Magna contempla este tão importante princípio em seu artigo 5º, 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal; 
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
Esse princípio é um conjunto de garantias fundamentais, previstas em nossa 
constituição e que garante para todos os indivíduos o direito a um processo com todas as suas 
fases prenunciadas na lei com todas as suas proteções inerentes. Se no processo não estiverem 
contemplados os preceitos essenciais, ele fazer-se-á inexistente. É classificado como o mais 
significativo dos axiomas jurídicos, pois dele provém todos os outros. Ele contempla uma 
dupla égide ao indivíduo, na esfera tangível e intangível, assim o sujeito terá condições 
mínimas para proceder com igualdade de chances contra o poder público que o interpela. 
 
2.8- Princípio da motivação 
 
Apesar de não estar explicitamente declarado na Constituição Federal quanto às 
ações do poder público, a doutrina tem afirmado que este princípio está subtendido na carta 
magna de modo, visto que há uma sutil menção no inciso X do artigo 93 que fala sobre os 
 
26 
 
atos administrativos realizados pelo judiciário e que precisam ser justificados, viabilizando 
sua gestão e garantindo a divulgação, o que obviamente se amplia, por interpretação, ao órgão 
máximo do governo e para aqueles que elaboram as leis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
III- DOS CRIMES DE TRÂNSITO 
 
 
3.1- Conceito de Crime de Trânsito 
 
Crime de trânsito é a conduta que não pode ser praticada por aqueles que dirigem, 
pois é vedada pela lei, conforme o artigo 291, caput do CTB: 
 
Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, 
aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este 
Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro 
de 1995, no que couber. 
 
3.2- Competência Legislativa 
 
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 22, inciso XI, concede à União a 
competência privativa para legislar sobre trânsito e transportes no Brasil, e assim, é admitida 
só uma legislação de trânsito válida em todo o país: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
XI - trânsito e transporte; 
 
O conceito de trânsito está descrito no art. 1º, § 1º, do CTB, e também de forma mais 
enxuta, no Anexo I do Código: 
Art. 1º. 
 
28 
 
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, 
isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, 
estacionamento e operação de carga ou descarga. 
Anexo I: 
[...] 
TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais 
nas vias terrestres 
 
A Lei nº 9.503/97, que deu origem ao Código de Trânsito Brasileiro, atual diploma 
legal vigente em todo o território nacional e que regulamenta o transporte e mobilidade de 
uma forma geral, possui uma parte que define os crimes e infrações de trânsito praticadas e 
suas punições correspondentes, de Direito Penal, que está abrangida nos artigos 291 a 312, e 
esse tópico está subdividido em duas partes, a primeira parte quetrata de disposições gerais, 
assim sendo uma parte global, que constam os artigos 291 à 301; e a segunda parte específica, 
que estabelece os crimes de trânsito de acordo com o tipo, que se encontram nos artigos 302 a 
312. 
Os crimes de trânsito em espécie 
Conforme destacamos o CTB trouxe em si onze definições de atos penais ilegais: 
 
 
3.3- Homicídio culposo de trânsito 
 
 
 
Segundo o Código de Transito Brasileiro, tipifica-se a conduta de homicídio com 
veículo automotor em: “Art. 302. “Praticar homicídio culposo na direção de veículo 
 
29 
 
automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor” 
A maior dificuldade indicada preliminarmente pelos pensadores do direito é no que 
diz respeito ao fato típico descrito na norma penal do homicídio culposo praticado na direção 
de veículo automotor. Este que extingue do direito penal o princípio da taxatividade, resultado 
evidente do preceito fundamental de obediência às leis. Qual seria o significado de "praticar 
homicídio culposo"? Para compreender, o examinador necessitará valer-se do tipo penal do 
artigo 121 do Código Penal: "matar alguém". Desafio igual é identificado no artigo 303 que 
aborda sobre o crime de ofensa material/física efetuada por um condutor de automóvel que 
manifestamente assume os riscos de seus atos. Tornar-se-ia excelente se o Poder Judiciário 
brasileiro atuasse com maior rigidez com aquilo que representa o legislativo, afirmando 
publicamente a inconstitucionalidade dos artigos existentes na lei penal que se diferem das 
convicções do direito penal atual. Além disso, ao aumentar a punição para o crime de 
homicídio culposo de trânsito, em analogia com as outras normas classificadas no Código 
Penal em seu art. 121, §3.º, assumiu-se um desprestígio explícito que é considerado por 
diversos juristas como inconstitucional. Contudo, aquele que prescreve as leis tinha a intenção 
de que o motorista de veículo automotor dirigisse com a máxima prudência real no trânsito 
em comparação com diferentes práticas desenvolvidas no dia a dia da vida. Compreendemos 
esse valor atribuído legitimamente, sem descumprir a ponderação e o ajustamento tão 
importantes para o direito e presentes no princípio da proporcionalidade e da adequação. 
Ofício penoso é apontar as diferenças na circunstância de homicídio culposo de 
trânsito e de homicídio doloso do Código Penal em que acontece dolo eventual e culpa 
consciente. Também na atualidade a mais firmada doutrina no meio jurídico se depara com 
complexidades em individualizá-los e a matéria fica postergada ao julgamento do magistrado. 
Verifica-se na tradicional doutrina de DAMÁSIO, 
no dolo eventual, o agente tolera a produção do resultado, o evento lhe é indiferente, 
tanto faz que ocorra ou não. Ele assume o risco de produzi-lo (CP, art. 18, I, parte 
final). Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume 
o risco nem lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é representado (previsto), 
mas confia em sua não produção (2002, p. 83). 
A complicação encontrada por aquele que trabalha em prol da justiça será a de 
invadir a mente do indivíduo com a finalidade de apurar se este se responsabilizou pelo risco 
ou se meramente acreditou que não iria acontecer. É oportuno salientar que o homicídio 
 
30 
 
culposo retém em si mesmo todos os outros crimes de trânsito, em consequência do princípio 
da consunção. Existindo duas ou mais vítimas, utiliza-se a norma do concurso formal de 
crimes (art. 70, CP). Finalmente, a problemática da coautoria nos crimes de trânsito é 
verdadeiramente preocupante, principalmente com relação ao tema de homicídio culposo. 
Vejamos a decisão do STF em um caso verídico: 
Habeas Corpus. 2. Homicídio Culposo. 3. Alegação de inépcia da denúncia e falta de 
justa causa. 4. Configuração, em tese, de crime (art. 302, caput, da Lei no 9.503/97) a 
ensejar justa causa para o processamento normal da ação penal. 5. Denúncia apta, por 
ter preenchido os requisitos legais do art. 41 do CPP. 6. Precedentes. 7. Ordem 
indeferidaSTF - HC: 85706 GO, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 
06/09/2005, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 30-09-2005. Decisão Turma, 
por votação unânime, conheceu, em parte, do pedido de habeas corpus e, na parte de 
que conheceu, indeferiu-o, também por unanimidade, nos termos do voto do Relator. 
2ª Turma, 06.09.2005. Resumo- INOCORRÊNCIA, CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL, DENÚNCIA, DESCRIÇÃO, FATO, CIRCUNSTÂNCIAS, CRIME, 
HOMICÍDIO CULPOSO, ACIDENTE DE TRÂNSITO. - DESCABIMENTO, SEDE, 
HABEAS CORPUS, DISCUSSÃO, LEGALIDADE, SUSPENSÃO, 
HABILITAÇÃO, CONDUÇÃO, VEICULO AUTOMOTOR.Doutrina Obra: O 
PROCESSO CRIMINAL BRASILEIROAutor: JOÃO MENDES DE ALMEIDA 
JÚNIORReferências Legislativas: LEG-FED CF ANO-1988 ART-00005 INC-00068 
CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERALObservações: Acórdãos citados: HC 71622, 
HC 81034, HC 81256. N.PP.:.(13) Análise:(MSA). Revisão:(RCO). Inclusão: 
04/11/05, (MSA). Alteração: 09/11/05, (MSA)”.(Disponível em: 
https://200.152.40.110/web/index.php?p=44232.600942/2016-18 ) 
Com referência a interpretação processual, é fundamental recordar aos operadores do 
direito que não se constrangerá o condutor do veículo a prisão em flagrante que, inclusive 
depois de ter cometido homicídio culposo, procurar reduzir o mal prestando pronto e integral 
socorro à vítima (art. 301). No caso dessa situação não acontecer e contanto que existentes as 
hipóteses positivadas no artigo 302 do estatuto processual penal, competirá à autoridade 
policial redigir o auto de prisão em flagrante e em seguida determinar a fiança ao condutor, 
nos termos do artigo 322, posto que o crime tem a pena de detenção prevista. Desse modo, no 
caso de não haver dolo eventual – no qual a infração será novamente classificada tornando-se 
a mesma do art. 121, do Código Penal -, e não se verificando as condições do arts. 323 e 324 
do CPP que proíbem a autorização da fiança, o condutor que cometeu homicídio culposo ao 
dirigir veículo automotor terá de ser posto em liberdade pelo delegado de polícia depois de 
lavrado seu interrogatório e realizado o pagamento da fiança. 
 
 
31 
 
3.4- Lesão Corporal Culposa na Direção de Veículo Automotor 
 
 
O artigo do Código de Trânsito que trata sobre o crime de lesão corporal assim diz: 
Art. 303. “Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. 
A interpretação que muitos juristas fazem a este artigo é reprovar e questionar a 
imputação da lesão corporal culposa de trânsito com relação à dosimetria de sua pena in 
abstracto uma vez que ela termina extrapolando a condenação prevista para aquele que efetua 
o crime de lesão corporal simples praticada conscientemente como está no Código Penal. 
Jurisprudência consolidada neste sentido: 
I. Juizado Especial Criminal: incompetência para o processo dos crimes descritos 
nos arts. 303, 306 e 308 do C. Trânsito: inteligência do art. 291 e parágrafo do CTB 
c/c art. 61 L. 9.099/95. 1. Embora o pudesse ter feito, o CTB não converteu em 
infrações penais de "menor potencial ofensivo", para o fim de incluí-los na 
competência dos Juizados Especiais, os crimes tipificados nos seus arts. 303 (lesão 
corporal no trânsito), 306 (embriaguez ao volante) e 308 (participação em 
competição não autorizada): no art. 291, caput, a aplicação da Lei dos Juizados 
Especiais foi limitada pela cláusula "no que couber", bastante a excluí-la em relação 
aos delitos de trânsito cuja pena máxima cominada seja superior a um ano (L. 
9.099/95, art. 61); no parágrafo único do mesmo artigo, cingiu-se o CTB a 
prescrever aos três crimes referidos - todos sujeitos a pena máxima superior a um 
ano - os arts. 74(composição de danos civis no processo penal), 76 (transação penal) 
e 88 (exigência de representação para a persecução de lesões corporais). II. Nulidade 
por incompetência do Juizado Especial: declaração sujeita à existência de prejuízo. 
2. O âmbito normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades - pas de 
nullité sans grief - compreende as nulidades absolutas - qual, no caso, a 
incompetência do Juizado Especial - se a falta do inquérito policial - que não é 
garantia de defesa -, e a seqüência do procedimento da L. 9.099/95, perante Juíza 
que, na comarca, era a titular exclusiva da jurisdição penal, nenhum prejuízo em 
 
32 
 
concreto acarretou à defesa do paciente. 3. Declaração de nulidade restrita, em 
consequência, ao acórdão confirmatório da sentença condenatória exarado por 
Turma Recursal dos Juizados Especiais. (STF - HC: 81510 PR, Relator: Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 11/12/2001, Primeira Turma, 
Data de Publicação: DJ 12-04-2002<span id="jusCitacao"> PP-00054 
</span>EMENT VOL-02064-03<span id="jusCitacao"> PP-00617</span>) 
Portanto, poderíamos ter a incoerência, como por exemplo, de que o motorista 
admita ter cometido a lesão "dolosamente" somente para conquistar a uma punição menos 
severa. O texto da lei igualmente dá margem à críticas, correspondendo aqui as análises que 
foram feitas no tocante ao crime de homicídio. Em conformidade com o art. 88 da Lei n.º 
9.099/95, esse crime resulta de representação do prejudicado, ainda que das lesões causadas 
nas vítimas sejam graves. Finalmente, a Lei n.º 10.259/01 transformou a definição de infração 
de menor potencial ofensivo, circunstância que envolveu o crime do art. 303 atribuição que se 
transferiu ao Juizado Especial Criminal. 
 
3.5- Omissão de socorro 
 
A conduta típica definida como crime de omissão de socorro pelo nosso Código de 
Trânsito está no Art. 304. “Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar 
imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de 
solicitar auxílio da autoridade pública: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento 
de crime mais grave. 
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda 
que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea 
ou com ferimentos leves”. 
A sua aplicação pelos tribunais tem sido da seguinte forma: 
APELAÇÃO-CRIME. USO DE DOCUMENTO FALSO. ART. 304, DO CP 
(CNH). FALSIDADE GROSSEIRA. TESE AFASTADA. DIRIGIR VEÍCULO 
AUTOMOTOR SEM A DEVIDA PERMISSÃO PARA DIRIGIR. ART. 309, DO 
CTB. CONSUNÇÃO. Incide o princípio da consunção, restando absorvido o delito 
do art. 309, do CTB, pelo art. 304, do CP, por ser este o mais grave, haja vista que as 
condutas ocorreram de forma simultânea. A pessoa que faz uso de carteira de 
motorista falsa, obviamente dirige sem a devida permissão, não podendo haver 
 
33 
 
dupla punição. Autoria e materialidade delitivas comprovadas quanto ao 
cometimento do crime de uso de documento falso. A Carteira Nacional de 
Habilitação (CNH) apresentada pela ré à autoridade policial era suficiente a se 
passar por verdadeira, à primeira vista, pelo homem médio. O policial, ainda que 
tenha desconfiado da autenticidade do documento, não é parâmetro para o homem 
médio. Ademais, a ré admitiu tê-la usado, sem problemas, em outras oportunidades. 
APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Crime Nº 70056254162, 
Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, 
Julgado em 21/11/2013) (TJ-RS - ACR: 70056254162 RS, Relator: Rogerio Gesta 
Leal, Data de Julgamento: 21/11/2013, Quarta Câmara Criminal, Data de 
Publicação: Diário da Justiça do dia 27/11/2013) 
Nesse sentido, é possível afirmar que na realidade é quase nula a sua utilidade, este 
artigo foi se tornando obsoleto. Isso por causa da característica exposta em seu enunciado que 
aumenta a punição para o crime de homicídio culposo e também para a lesão corporal 
culposa, não sendo possível identificar qualquer chance de imputar duas vezes a mesma 
violação a aquele que a cometeu. A possiblidade exclusiva de cominação desse delito de 
forma independente é a de um motorista – sem qualquer arrependimento – atropelar uma 
pessoa e negligenciar-se a proporcionar a assistência necessária. Mas apesar disso não 
existiria diferencial com a omissão de socorro comum do Código Penal (art. 135). 
 
 
 
3.6- Fuga do local 
 
Esse delito está positivado no CTB no Art. 305. “Afastar-se o condutor do veículo do 
local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.” 
Ao pretender repreender criminalmente alguém simplesmente devido ao ato de não 
produzir evidências que o incrimine, o artigo 305 é manifestamente inconstitucional. A norma 
de modo igual descumpre abertamente o art. 8.º, II, g, do Pacto de São José: a nenhuma 
pessoa será imposta a obrigação de depor contra si ou confessar-se culpada. Também existe 
um ponto de vista diferente a ser levado em consideração. O ônus de constranger-se a cumprir 
o processo (penal ou civil) é exclusivamente ético. À vista disso, aquele que estabelece as leis 
seria capaz de converter em crime um dever principiológico? Na atualidade, essa lei tem 
 
34 
 
gerado pouquíssimo efeito em sua execução, ficando completamente antiquada em razão das 
discussões que originou. 
Reflexo da análise feita pode ser verificado neste julgado: 
Processo: RC 71004986485 RSRelator(a): Edson Jorge CechetJulgamento: 
06/10/2014 Órgão Julgador: Turma Recursal Criminal Publicação: Diário da Justiça 
do dia 13/10/2014Ementa REEXAME NECESSÁRIO. ART. 305 DO CTB. FUGA 
DE LOCAL DE ACIDENTE. HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. TRANCAMENTO 
DO TERMO CIRCUNSTANCIADO.1. Atipicidade de conduta. Decisão recente do 
Órgão Especial do TJRS, que declarou a inconstitucionalidade do art. 305 do CTB.2. 
Como consequência, proclamando-se inexistência de infração penal, impõe-se a 
manutenção da decisão que determinou o trancamento do Termo Circunstanciado 
instaurado pela prática da conduta prevista no dispositivo aludido. SENTENÇA 
CONFIRMADA. (Recurso Crime Nº 71004986485, Turma Recursal Criminal, 
Turmas Recursais, Relator: Edson Jorge Cechet, Julgado em 06/10/2014)”. 
 
3.7- Embriaguez ao volante 
 
Em nosso país, o delito de embriaguez ao volante vem regulamentado no Art. 306. 
“Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de 
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. 
Em 19 de junho de 2008 foi promulgada a Lei nº 11.705, jocosamente apelidada de 
“Lei Seca”, que define como crime de trânsito a direção de veículo automotor após a ingestão 
de bebida alcoólica. 
 
Porém, no Brasil, existe certo estímulo à comercialização de bebidas alcoólicas. É 
absurda a contradição que existe entre a lei e o comportamento real. Um exemplo a ser 
 
35 
 
mencionado: são poucas e insuficientes limitações à propaganda de bebidas, possibilitando 
uma curiosa combinação entre álcool e a prática de esportes, lazer, automobilismo, belas 
mulheres, falsa impressão de bem estar, etc. Se oculta que a embriaguez é o motivo 
dominante de acidentes de trânsito, quase sempre fatais. É muito importante que se 
desenvolvam práticas que promovam a direção consciente no trânsito, para que essa questão 
possa ser superada. Inserir nas primeiras séries do ensino fundamental matérias como, por 
exemplo, segurança no trânsito resultaria de modo mais significativo do que a criação de uma 
norma repressora. 
 
Segundo dados da edição mais recente, após o endurecimento da Lei Seca, em 2012,o percentual de adultos que admitem beber e dirigir nas capitais do país teve queda 
de 16%. No último ano, 5,9% dos brasileiros dizem ainda manter o hábito de 
conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de álcool – o 
que indica uma queda em relação a 2012, quando 7% dos entrevistados referiram 
cometer a infração. Os homens (10,7%) assumem mais os riscos da dupla álcool e 
direção do que as mulheres (1,7%). Fonte 
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-
ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/20894-monitoramento-de-dados-
sobre-transito-e-tema-de-debate 
Apesar de o Ministério da Saúde apresentar dados que revelem uma diminuição da 
prática da embriaguez ao volante é imenso o número de motoristas que na madrugada 
retornam dirigindo embriagados para as suas casas após participar de festa em alguma cidade 
do nosso país. E problema mais grave ainda é que em certas cidades do Brasil, por conta da 
prática de negócios escusos e da falta de fiscalização, pessoas despreparadas conseguem obter 
suas carteiras de habilitação. 
Vejamos um caso real ocorrido em um trecho da cidade de Seabra, na Chapada 
Diamantina, estado da Bahia: 
Um homem foi preso ao pilotar motocicleta embriagado e sem habilitação no km-
377 da BR-242, trecho do município de Seabra, na Chapada Diamantina. De acordo 
com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o condutor também é deficiente visual. 
Durante a abordagem, os policiais perceberam que o condutor apresentava sinais 
visíveis de embriaguez. Após a realização do teste de etilômetro, foi constatado o 
valor de 0,42 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. A prisão 
ocorreu na sexta-feira (25). 
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/20894-monitoramento-de-dados-sobre-transito-e-tema-de-debate
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/20894-monitoramento-de-dados-sobre-transito-e-tema-de-debate
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/20894-monitoramento-de-dados-sobre-transito-e-tema-de-debate
http://g1.globo.com/ba/bahia/cidade/seabra.html
 
36 
 
O homem foi detido e encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil de Seabra, 
onde responderá pelos crimes de embriaguez ao volante e dirigir sem habilitação 
gerando perigo de dano, segundo informações da PRF. Fonte: 
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/03/deficiente-visual-e-preso-ao-dirigir-
embriagado-e-sem-habilitacao-na-ba.html 
 
Ao estudar o tipo penal do art. 306, constatamos que ainda persiste certa imprecisão 
em parcela dos operadores do direito com relação ao acontecimento da infração que estamos 
analisando. 
Primeiramente, é necessário destacar que a sanção à infração não depende da multa 
de trânsito que será lançada conforme o art. 165 do CTB. Para se caracterizar a infração 
administrativa, deverá ser comprovada a presença de no mínimo seis decigramas de álcool por 
litro de sangue. A violação à regra administrativa não se configura em quantia inferior a esta, 
mas pode ser caracterizado o crime do art. 306. 
É importante que se observe um caso julgado pela Corte Suprema: 
Processo: RHC 82517 CE Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 
10/12/2002 Publicação: DJ 21-02-2003 PP-00046 EMENT VOL-02099-03 PP-
00474 Órgão Julgador: Primeira Turma Parte(s): RAIMUNDO CÍCERO ARAÚJO 
JOSÉ HELENO LOPES VIANA MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALEmenta 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. 
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ART. 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO 
BRASILEIRO. APLICAÇÃO PARCIAL DA LEI 9.099/95. EXAME PERICIAL. 
NULIDADE.1. O crime previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro 
(embriaguez ao volante) é crime de perigo, cujo objeto jurídico tutelado é a 
incolumidade pública e o sujeito passivo, a coletividade. A ação penal pública 
condicionada à representação, referida no art. 88 da Lei nº 9.099/95, se mostra 
incompatível com crimes dessa natureza. A ação penal é a pública incondicionada.2. 
Inexistência de nulidade no laudo realizado, tendo em vista que foi subscrito por 2 
(dois) peritos oficiais, estando a alegação do recorrente, de que teria sido elaborado 
apenas por 1 (um) profissional, subordinada ao exame de fatos e provas, inviável em 
sede de habeas corpus. 3 - Recurso ordinário improvido. 
A maioria dos tribunais defende essa interpretação sobre o tema. Entretanto estará 
certa? Pois, o Direito Penal é ordinariamente subsidiário e só age no momento em que os 
outros ramos da ciência jurídica não forem bastante para coibir certas condutas. Essa 
valoração deverá ser realizada pelo legislador que adotará princípios penais atuais, como o da 
ultima ratio, para mensurar algumas práticas. Isto posto, é concebível entender que se o delito 
de embriaguez, punível administrativamente determina que seja constatado pelo menos seis 
decigramas de álcool por litro de sangue, o ramo do direito que coíbe os crimes não teria que 
satisfazer-se com índice inferior a esse. Nesse entendimento, a descrição do fato ilícito dispõe 
que o motorista no momento da aferição, tenha pelo menos, essa quantidade de álcool no 
sangue para que fique configurado o ato ilícito. Apesar da coerência deste juízo, é importante 
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/03/deficiente-visual-e-preso-ao-dirigir-embriagado-e-sem-habilitacao-na-ba.html
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/03/deficiente-visual-e-preso-ao-dirigir-embriagado-e-sem-habilitacao-na-ba.html
 
37 
 
recordar que o fato enquadrado na norma determina que deve estar presente outro componente 
regulamentar que irá complementar essa quantia ínfima de bebida alcoólica no sangue: a 
direção irregular do automóvel. 
Tabela - Sinais da Embriaguez 
 
Grau da embriaguez Dose álcool no sangue 
 
Sinais Sub - Clínicos 0.4 a 0.8 g/L 
 
Embriaguez Clínica Leve 0.8 a 2 g/L 
 
Embriaguez Moderada 2 a 3 g/L 
 
Coma Alcoólico 4 a 5 g/L 
 
Dose Mortal Acima de 5 g/L 
 
Fonte: http://www.academiadedireitomilitar.com/index.php?option=com_content&view=article&id=100&catid=35 
 
 Assim, se ficar provada a existência de seis decigramas de álcool no sangue do 
motorista e este conduzir seu automóvel sem irregularidades, não ficará configurado o crime 
do art. 306, sem exceções para a infração administrativa. 
É possível realizar a comprovação da intervenção do álcool por todos os modos 
legais previamente determinados. Essa é a compreensão mais coerente da lei em excelente 
concordância com o Código de Processo Penal. É notório que na prática sempre se optará por 
uma prova técnica, mas o estatuto processual não determinou classificação entre os meios de 
produção de provas. Assim está escrito na Exposição de Motivos do atual CPP: “... nem é 
prefixada uma hierarquia de provas: na livre apreciação destas, o juiz formará, honesta e 
lealmente, a sua convicção". Então, aqueles que laboram para a produção da justiça deverão 
atuar em conformidade com nosso sistema processual e atender ao ordenado na norma 
acessória. Toda compreensão de que a prova precisará ser fundamentalmente pericial e 
técnica não possui juridicidade em face ao sistema legal de provas apresentado no CPP 
http://www.academiadedireitomilitar.com/index.php?option=com_content&amp;view=article&amp;id=100&amp;catid=35
 
38 
 
vigente. No ponto de vista desta que escreve, meros sinais, contanto que firmes e coerentes 
com as circunstâncias mostradas nos autos da ação penal, são suficientes para fundamentar 
uma condenação. Essa é a mais adequada análise, até mesmo porque, em conformidade com 
os vigentes princípios do garantismo, o suspeito não é forçado a realizar qualquer exame e ao 
opor-se, não lhe será atribuído o crime de desobediência. É assim primordial a verificação do 
art. 8.º, II, g, do Pacto de San Jose: "ninguém tem o dever de auto incriminar-se". Por essa 
razão, é inadiável e imprescindívelalertar os agentes policiais rodoviários que deixem de 
coagir os motoristas de que irão "para a cadeia" caso se negarem a realizar o teste do 
etilômetro. Seus formulários antigos possuíam um campo onde estava descrito que o 
motorista que não realizasse o teste alegando não fazer prova contra si, seria responsabilizado 
no mesmo momento por crime de desobediência. Estas circunstâncias não estavam em 
conformidade com o Estado Democrático de Direito. Sempre será um dever inerente a 
Administração Pública ajustar-se à ordem jurídica e uniformizar o comportamento de seus 
funcionários. 
 
3.8- Violação da suspensão ou proibição 
 
Dispõe o Art. 307. “Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de 
idêntico prazo de suspensão ou de proibição”. 
A conduta daquele que pratica esse delito expressa-se em infringir, ou seja, 
desobedecer, descumprir a privação ou impedimento para conquistar a permissão ou a 
habilitação para conduzir os meios de transporte motorizados prescrita como repreensão penal 
ou administrativa. 
Processo: RC 71004188934 RS Relator(a): Cristina Pereira Gonzales Julgamento: 
25/03/2013 Órgão Julgador: Turma Recursal Criminal Publicação: Diário da Justiça 
do dia 26/03/2013EmentaRECURSO CRIME. DELITO DE TRÂNSITO. ART. 307 
DO CTB. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. CONDENAÇÃO MANTIDA.1- Réu 
que dirigia veículo automotor à revelia da proibição administrativamente imposta, 
da qual tinha plena ciência, pratica o delito em comento.2- Conjunto probatório 
suficiente para demonstrar o impedimento para conduzir veículo automotor e a 
respectiva ciência do réu.3- Descabida a pretensão de afastamento da pena de multa, 
cumulativamente cominada para o delito, sob pena de afronta ao princípio da 
legalidade.4- Pedido de isenção do pagamento das custas processuais que deve ser 
 
39 
 
apreciado pelo juízo da execução. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Crime Nº 
71004188934, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cristina 
Pereira Gonzales, Julgado em 25/03/2013). 
O crime é efetuado no momento em que o motorista desloca-se com o veículo, 
encontrando-se proibido de guiá-lo por pena previamente prescrita. A tese prevista no caput, 
bem como no parágrafo único, não é nada além de uma categoria atual do crime de 
desobediência (art. 330, CP). 
 
3.9- "Racha" 
 
 
Está predito no Art. 308. “Participar, na direção de veículo automotor, em via 
pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade 
competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: 
 Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição 
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza 
grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o 
risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem 
prejuízo das outras penas previstas neste artigo 
 § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias 
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena 
privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras 
penas previstas neste artigo. 
 
40 
 
É possível catalogá-lo como crime de perigo concreto, visto que para sua 
caracterização é essencial um prejuízo capaz de atingir à integridade coletiva ou particular. 
Revela-se bastante curiosa a análise de que a violação a essa norma requer a competição de 
dois ou mais motoristas, em razão de que uma única pessoa jamais será capaz de consumar o 
"racha". Será considerado subsidiário se, no caso concreto vier a acontecer homicídio culposo 
ou lesão corporal culposa. E no caso fortuito de a disputa ser supostamente legalizada, o fato 
não se enquadrará a regra descrita no Código Penal. 
Um caso real aconteceu na cidade de Campo Grande, no estado do Mato Grosso do 
Sul, onde um motorista que praticou “racha”, e assim foi interpretado o caso: 
Vieira dirigia um carro de passeio, que, segundo consta na ação penal, disputava 
racha com o veículo conduzido por Marcus Vinícius de Abreu, 22 anos, na avenida 
Duque de Caxias. Em um determinado momento, houve colisão entre os dois 
automóveis. 
O carro dirigido por Abreu foi parar em um poste, derrubando-o. No veículo, que 
partiu ao meio, estava também a namorada do rapaz, Letícia de Souza Santos. Os 
jovens foram socorridos para a Santa Casa. Ele morreu horas depois e ela recebeu 
alta em uma semana. 
Vieira foi autuado em flagrante, teve pedidos de liberdade negado e até o último dia 
2 estava preso na 7ª Delegacia de Polícia Civil de onde saiu com um investigador, 
lotado na mesma unidade, e foi transferido. 
 
Em agosto, o juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, 
mandou Vieira a júri popular. A defesa então recorreu ao TJMS. 
Conforme o recurso julgado pela 1ª Câmara Criminal, a defesa do réu pedia a 
desclassificação para o crime de homicídio culposo (sem intenção de matar) ou a 
exclusão da qualificadora do perigo comum. 
De acordo com informações do sistema do Poder Judiciário, o recurso em sentido 
estrito foi negado por unanimidade entre os desembargadores, que acolheram 
parecer da Procuradoria de Justiça. 
Fonte: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/11/tj-mantem-juri-
popular-acusado-de-racha-que-terminou-em-morte-em-ms.html 
 
3.10- Direção sem habilitação 
 
Prevê o Art. 309. “Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida 
Permissão para Dirigir ou Habilitação, ou ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando 
perigo de dano: 
http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/11/tj-mantem-juri-popular-acusado-de-racha-que-terminou-em-morte-em-ms.html
http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/11/tj-mantem-juri-popular-acusado-de-racha-que-terminou-em-morte-em-ms.html
 
41 
 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
Assim como no delito estudado anteriormente, o fato de dirigir sem habilitação 
configura-se por crime de perigo concreto, determinando que ocorra risco de prejuízo para 
eventual composição do tipo penal. 
Capez, (2012, p.305) ao abordar o assunto em sua obra assim explica: 
São necessários exames de aptidão física e mental, sobre legislação de trânsito (por 
escrito), noções de primeiros socorros (conforme regulamentação do CONTRAN) e 
de direção em via pública. 
Os exames de habilitação, exceto os de direção veicular, poderão ser aplicados por 
entidades públicas ou privadas credenciadas pelos órgãos executivos de trânsito 
estaduais ou do Distrito Federal, de acordo com as normas do CONTRAN. 
 O comportamento passa a ser crime apenas no momento em que aquele que está no 
comando do volante conduz o veículo de maneira incomum, reduzindo significativamente as 
condições de proteção no trânsito. A título de exemplo, no momento em que o motorista 
transita no sentido oposto, quando excede sinal de parada obrigatória, faz manobra perigosa, e 
assim por diante. Não existindo ameaça concreta essa conduta não deve ser considerada 
criminalmente proibida por lei, verificando-se meramente um ilícito administrativo (art. 162, I 
a V, do CTB: infração gravíssima; multa; recolhimento da CNH e retenção do veículo até a 
apresentação de condutor habilitado). Assim sendo, é possível constatar que o art. 32 da LCP 
tornou-se revogado após a validação dessa nova norma. Nesse seguimento: Informativo STF, 
12-16 fev. 2001, p. 1. A jurisprudência identicamente resolveu que na hipótese do indivíduo 
que é flagrado guiando um veículo após obter a aprovação no exame de habilitação, mas

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