Buscar

Paper- Reflexões sobre a Idade Média e Moderna

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

11
Edna Regina Silva Almeida¹
 Robertha Knop Gomes²
RESUMO
No presente trabalho se pretende refletir e compreender os conceitos de Idade Media e Moderna, analisando seus contextos e demonstrando as características que marcam o processo de transição de uma fase à outra, suas rupturas e influências no modo de vida da sociedade.
Palavras-chave: Idade Média- Idade moderna- Marcos de Transição
1. INTRODUÇÃO
Neste artigo, pretende-se abordar as principais características da Idade Média e Moderna, seus contextos e características. Refletindo as influências e rupturas provocadas por esses períodos da história, assim como suas contribuições para a constituição da sociedade contemporânea. 
Será utilizado como procedimento metodológico, a pesquisa bibliográfica e documental, com uso da analise, interpretação síntese das ideias e informações. 
Será apresentado um contexto de Idade Média, que se constitui em diferentes fases, sendo abordada com olhares diversos. Ao longo dessas fases, foi apresentada como “Idade das Trevas”, “Idade da fé”, “período decadente”, “idade gótica”. Mas também foi apresentada como Idade das descobertas para outros. Como afirma Jaques Le Goff em seu livro “Para um novo conceito de Idade Média”: foi na Idade Média que surgiu a sociedade moderna, que criou “a cidade, a nação, o Estado, a universidade, o moinho, a máquina, a hora e o relógio, o livro, o garfo, o vestuário, a pessoa, a consciência e, finalmente, a revolução”. 
Refletir-se-á sobre rupturas provocadas pela Modernidade que se apresentaram como processos revolucionários em muitos âmbitos, a saber: econômicos, com o fim do sistema feudal e o advento do modo capitalista de produção; políticos, com o nascimento do Estado moderno; sociais, com a formação e afirmação de uma nova classe social, a burguesia e ideológico-cultural com a laicização e racionalização da vida humana, opondo-se a toda e qualquer forma de dominação e explicação religiosa da realidade. 
Tanto a idade média quanto a idade moderna, deixaram um legado importante e significativo na constituição da sociedade em todas suas dimensões. Uma foi suporte para a outra, provocando críticas, mudanças, rupturas, mas também avanços e inovações.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. REFLETINDO A IDADE MÉDIA
De acordo com Franco Junior (2001) o conceito de Idade Média foi elaborado no século XVI. No entanto, não corresponde ao que os sujeitos desse período pensavam sobre esse período. As ideias difundidas são carregadas de preconceito e desprezo. Afirma “[...] Este se via como o renascimento da civilização greco-latina, e, portanto, tudo que estivera entre aqueles picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não passara de um hiato, de um intervalo. Logo, de um tempo intermediário, de uma idade média.”.
Para Franco Junior (2001), no contexto do século XVI, a Idade Média foi apresentada com diferentes facetas e características, dependendo do movimento ou ideologia sócio histórica a apresentá-la.
Para os renascentistas e iluministas, a Idade Média era sinônimo de “flagelo”, “ruina”, período de trevas. No sentido de retrógado, ultrapassado, antigo. Nesse sentido Franco Junior afirma: 
Admirador dos clássicos, o italiano Francesco Petrarca (13041374) já se referira ao período anterior como de tenebrae: nascia o mito historiográfico da Idade das Trevas. Em 1469, o bispo Giovanni Andrea, bibliotecário papal, falava em media tempestas, literalmente “tempo médio”, mas também com o sentido figurado de “flagelo”, “ruína”. A idéia enraizou-se quando em meados do século XVI Giorgio Vasari, numa obra biográfica de grandes artistas do seu tempo, popularizou o termo “Renascimento”. Assim, por contraste, difundiram-se em relação ao período anterior as expressões media aetas, media antiquitas e media tempora. ( FRANCO JUNIOR, 2001, P.9)
A arte medieval também era considerada por alguns artistas iluministas como grosseira, sendo chamada de Gótica, que é sinônimo de bárbaro. Como afirma Franco Junior (2001)
A arte medieval, por fugir aos padrões clássicos, também era vista como grosseira, daí o grande pintor Rafael Sanzio (1483-1520) chamá-la de “gótica”, termo então sinônimo de “bárbara”. Na mesma linha, François Rabelais (1483-1553) falava da Idade Média como a “espessa noite gótica”. ( FRANCO JUNIOR, 2201, P. 10)
No século XVII mantinha-se ainda o conceito renascentista de idade Média, como um período arcaico, ultrapassado e sombrio, quer impossibilitava o progresso humano:
[...]a “Idade Média” teria sido uma interrupção no progresso humano, inaugurado pelos gregos e romanos e retomado pelos homens do século XVI. Ou seja, também para o século XVII os tempos “medievais” teriam sido de barbárie, ignorância e superstição. Os protestantes criticavam-nos 
como época de supremacia da Igreja Católica. Os homens ligados às poderosas monarquias absolutistas lamentavam aquele período de reis fracos, de fragmentação política. Os burgueses capitalistas desprezavam tais séculos de limitada atividade comercial. Os intelectuais racionalistas deploravam aquela cultura muito ligada a valores espirituais. ( FRANCO JÙNIOR, 2001, p. 10)
O século XVIII, com características aristocráticas e anticlericais continuou menosprezando e acentuando a visão preconceituosa e retrógada da Idade Média. A filosofia Iluminista censurava ferrenhamente a religiosidade medieval, nesse sentido Franco Junior, afirma:
Sintetizando tais críticas, Denis Diderot (1713-1784) afirmava que “sem religião seríamos um pouco mais felizes”, Para o marquês de Condorcet (1743-1794), a humanidade sempre marchou em direção ao progresso, com exceção do período no qual predominou o cristianismo, isto é, a Idade Média. Para Voltaire (1694-1778), os papas eram símbolos do fanatismo e do atraso daquela fase histórica, por isso afirmava, irônico, que “é uma prova da divindade de seus caracteres terem subsistido a tantos crimes”. A posição daquele pensador sobre a Idade Média poderia ser sintetizada pelo tratamento que dispensava à Igreja: “a Infame”. (FRANCO JUNIOR, 2001, p. 10 e 11)
Os renascentistas e iluministas, portanto, caracterizaram a Idade Média como uma fase retrograda, antiquada, que travava o progresso das ciências e da técnica. 
De acordo com Franco Junior (2001) o Romantismo da primeira metade do século XIX, inverteu o preconceito em relação a Idade Média, considerando a questão da identidade nacional, reforçada com a Revolução Francesa e as conquistas napoleônicas. “A nostalgia romântica pela Idade Média fazia com que ela fosse considerada o momento de origem das nacionalidades, satisfazendo assim os novos sentimentos do século XIX”. Várias obras surgem nesse período, inspiradas na temática medieval.
Abundam então obras de ambientação, inspiração ou temática medievais, como Fausto (1808 e 1832) de Goethe, O corcunda de Notre Dame (1831) de Victor Hugo, os vários romances históricos de Walter Scott (1771-1832), dentre eles Ivanhoé e Contos dos cruzados, diversas composições de Wagner, como Tristão e lsolda (1859) e Parsifal (1882). (FRANCO, JUNIOR, 2001, p. 120
Para os românticos a Idade Média vista como época de fé, autoridade e tradição, oferecia um remédio à insegurança e aos problemas decorrentes do cientificismo. E vista como fase histórica das liberdades, das imunidades e doas privilégios, reforçava o liberalismo burguês. Franco (2001) reflete que essa idade média dos músicos e românticos era tão preconceituosa, quanto a dos renascentistas e iluministas. Afirma: “Para estes dois, ela teria sido uma época negra, a ser relegada da memória histórica. Para aqueles, um período esplêndido, um dos grandes momentos da trajetória humana, algo a ser imitado, prolongado.”
Nesse contexto do século XIX a Idade Média permanecia incompreendida, oscilando entre o pessimismo renascentista/iluminista e a exaltação romântica.
No século XX a Idade Média, passou a ser vista com os olhosdela própria. Criou-se uma historiografia medievalista capaz de propor temas, experimentar métodos, rever conceitos e dialogar intimamente com outras ciências. Portanto, considerando a análise da historiografia medieval pelo contexto do século XX, Franco Junior (2001) apresenta a seguinte compreensão sobre o início de fim da Idade Média:
Trata-se de um período da história européia de cerca de um milênio, ainda que suas balizas cronológicas continuem sendo discutíveis. Seguindo uma perspectiva muito particularista (às vezes política, às vezes religiosa, às vezes econômica), já se falou, dentre outras datas, em 330 (reconhecimento da liberdade de culto aos cristãos), em 392 (oficialização do cristianismo), em 476 (deposição do último imperador romano) e em 698 (conquista muçulmana de Cartago) como o ponto de partida da Idade Média. Para seu término, já se pensou em 1453 (queda de Constantinopla e fim da Guerra dos Cem Anos), 1492 (descoberta da América) e 3517 (início da Reforma Protestante). (FRANCO JUNIOR, 2001, p.14)
Apesar de não se ter um consenso a respeito da transição da Idade Média para a modernidade, não há um imobilismo. Ela é dividida em fases que apresentam certa unidade. Mas também não tem consenso entre os historiadores sobre a periodização.
Assim Franco (2001) apresenta a seguinte estrutura de períodos:
· Primeira Idade Média: O período que se estendeu de princípios do século IV a meados do século VIII sem dúvida apresenta uma feição própria, não mais “antiga” e ainda não claramente “medieval”. Fundamentos da Idade Média: herança romana clássica, herança germânica, cristianismo.
· Alta Idade Média (meados do século VIII-fins do X)- Período da unidade política com Carlos Magno. Franco (2001) “para se alcançar essa efêmera unidade, a dinastia Carolíngia precisou ser legitimada pela Igreja, que pelo seu poder sagrado considerava-se a única e verdadeira herdeira do Império Romano. Em contrapartida, os soberanos Carolíngios entregaram um vasto bloco territorial italiano à Igreja, que desta forma se corporificou e ganhou condições de se tornar uma potência política atuante”. Nesse período iniciou a expansão territorial sobre as regiões pagãs. Esse período terminou com a crise das contradições do Estado Carolíngio e as invasões vikings, muçulmanas e magiares
· A Idade Média Central (séculos XI-XIII)- Essa sociedade nasceu por volta do ano 1000, tendo conhecido seu período clássico entre os séculos XI e XIII. Essa foi, portanto, em todos os sentidos, a fase mais rica da Idade Média. Sociedade fortemente estratificada, fechada, agrária, fragmentada politicamente, dominada culturalmente pela Igreja. Dentro dela nasce a burguesia, ela passa de feudo-clerical para feudo-burguesia. Franco (2001) afirma: 
Assim reorganizada, a sociedade cristã ocidental conheceu uma forte expansão populacional com uma conseqüente expansão territorial, da qual as Cruzadas são a face mais conhecida. Graças à maior procura de mercadorias e à maior disponibilidade de mão-de-obra, a economia ocidental foi revigorada e diversificada. (FRANCO JUNIOR, 2001, p. 17)
· A Baixa Idade Média (século XIV-meados do século XVI)- Com suas crises e seus rearranjos, representou exatamente o parto daqueles novos tempos, a Modernidade. A crise que o sistema feudal enfrentou no século XIV, permitiu o surgimento de um novo sistema, novas estruturas, mas ainda assentadas em elementos medievais. Como afirma Franco (2001)
A crise do século XIV, orgânica, global, foi uma decorrência da vitalidade e da contínua expansão (demográfica, econômica, territorial) dos séculos XI-XIII, o que levara o sistema aos limites possíveis de seu funcionamento. Logo, a recuperação a partir de meados do século XV deu-se em novos moldes, estabeleceu novas estruturas, porém ainda assentadas sobre elementos medievais: o Renascimento (baseado no Renascimento do século XII), os Descobrimentos (continuadores das viagens dos normandos e dos italianos), o Protestantismo (sucessor vitorioso das heresias*), o Absolutismo (consumação da centralização monárquica) (FRANCO JUNIOR, 2001, p. 18)
Essa divisão cronológica é apresentada como possibilidade entendimentos de compreensão de cada período, com o objeto de entende seus avanços, implicações e retrocessos. Franco (2001) afirma: “Sua infância e adolescência cobriram boa parte de sua vida (séculos IV-X), no entanto as fontes que temos sobre elas são comparativamente poucas. Sua maturidade (séculos XI-XIII) e senilidade (século XIV-XVI) deixaram, pelo contrário, uma abundante documentação.” 
A Idade Média para os medievais é vista a partir de duas vertentes, a do clero e a dos leigos, a primeira elaborada a partir das interpretações teológicas e a segunda, presa a concepções antiga, pré-cristãs. 
A postura pagã era enraizada na concepção de um tempo cíclico, sem consciência histórica e de irreversibilidade, concepção rejeitada pelo Judaísmo e cristianismo que veem o tempo como Linear, como tempo de partida, inflexão e chegada. No entanto, linear, mas não ao infinito, pois há um tempo escatológico que só Deus conhece. 
O Cristianismo popular reinterpretou a história, baseado na mentalidade cíclica, o que influenciou o cristianismo erudito e reforçou o pensamento mítico. Daí a dificuldade de compreensão sistemática do tempo. A historiografia predominante era de uma escatologia do fim dos tempos. É inegável a realidade de que a psicologia coletiva medieval esteve constantemente preocupada com a proximidade do apocalipse. Nesse sentido Franco Junior (2201) afirma: “Havia uma difundida visão pessimista do presente, porém carregada de esperança no iminente triunfo do Reino de Deus. Nesse sentido, a visão de mundo medieval trazia implícita em si a concepção de um tempus medium, precedendo a Nova Era. Tempo não monolítico dividido em várias fases.”
Percebe-se que a divisão do tempo nesse período medieval era norteada por uma visão religiosa e transcendental. Como afirma Franco Junior (2001) “Qualquer que fosse a divisão temporal adotada, reconhecia-se que o suceder das fases acabaria com a Parusia”, ou seja a segunda volta de Jesus. 
Para Jaques Le Goff (2005), todo medievalista vê-se diante da questão do seu período. No início dos anos 1950, o corte tradicional ainda mantinha sua autoridade: a Idade Média — implicitamente concebida como ocidental — começa em 476 e acaba em 1492. Em um de seus momentos na historiografia medieval depara-se com duas versões de Idade Média: uma idade média ‘negra’ e uma Idade Média ‘idealizada’.
A primeira dessas tradições, a negra, remonta ao humanismo, ao autodenominado Renascimento (o primeiro a "envolver em trevas a Idade Média" é Petrarca), e foi infelizmente retomada, como num revezamento, pelas Luzes. Estava bem instalada nos círculos influentes da III República. A segunda versão, "catedrais", constrói-se, por sua vez, depois da Revolução Francesa, quando Chateaubriand, contestando as Luzes, redigiu seu O gênio do cristianismo (1802), com o elogio da natureza e do gótico, da simplicidade, do ideal — grande livro poético, de resto. (LE GOFF, 2005, p. 15)
 Le Goff é um historiador medievalista, que manifesta em seus escritos admiração e respeito por esse período, tratando-o com clareza e profundidade em seu livro “Em busca da Idade Média”. Nessa obra encontra-se uma bela autobiografia associada aos fatos históricos ocorridos na Idade Média, assim como suas influencias e interferências para uma nova fase da história. Le Goff afirma:
Minha Idade Média não devia nada aos modos neomedievais de que acabo de falar. Nela eu descobria, contudo, um prazer nostálgico, indissociável da História em geral, e que, acredito, todos os historiadores sentem: o prazer nostálgico de uma luta contra a morte. A História mergulha na vida do passado, prolonga essa vida desaparecida, e a ressuscita—ou, pelo menos, é como se a ressuscitasse, sabendo, entretanto, obscuramente, que essa ressurreição arrisca-se a ser apenas provisória. ( LE GOFF, 2005, p. 20)
Após essa breve reflexão sobre o período medieval constata-seque se trata de uma fase complexa, que tem sua localização na Europa entre os séculos V e XV. Começa com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e seu fim na tomada de Constantinopla pelos Turcos em 1453. A partir desse fato inicia uma nova fase da história: A modernidade.
2.2 REFLETINDO A MODERNIDADE
De acordo com Fochi (2013) a modernidade está associada à ideia de progresso, inovação, dando inicio a uma série de transformações na Europa no inicio do século XVII, no âmbito da política da economia e na cultura social, tanto nos modos de produção, quanto nas relações de trabalho. È necessário compreender os contextos dessas mudanças, para entender com clareza o nosso momento histórico. Esse processo deu-se de maneira longa, iniciando no mundo Feudal, com os textos literários dos Trovadores, chamados “Amor Cortez”, ampliando-se com a invenção da prensa, de inseminação dos ideais iluministas da Europa para o mundo.
Na condição de professores precisamos tomar cuidado para não tecermos juízo de valor supervalorizando uma cultura, ou contexto histórico em detrimento de outro. Nosso papel é refletir criticamente esses contextos, refletindo esses diferentes tempos e culturas, compreendendo que os conhecimentos de cada fase histórica, contribuem para a construção dos novos conhecimentos e descobertas e desenvolvimento das novas tecnologias.
A modernidade possui diferentes concepções, a começar pelo significado da palavra Moderno, no senso comum ela é tida como tudo que é novo, tendo sua origem do Latim – Modernus- significando aquilo que pertence ao tempo presente, ou aquilo que pertence a uma época relativamente presente.
 De acordo com Fochi (2013) apud Berman, o termo “Moderno”, foi utilizado pela primeira vez pelo estudioso Jean- Jaques Rousseau (1712-17780) “A terminologia moderniste (modernista) ocorria antes ainda da Revolução Francesa e da independência americana; porém recebeu maior projeção com as reflexões feitas no campo da psicanálise e da democracia participativa ao longo dos séculos XIX e XX (BERMAN, 1986, p. 11)”.
A modernidade refere-se ao estilo de vida, costumes, modelo social que emergiu no século XVII, sendo disseminadas no mundo por diferentes culturas, influenciando principalmente o mundo ocidental, sociedades industriais modernas. As ideias que caracterizam esse período são as seguintes: substituição da fé pela razão; substituição da coletividade pela individualidade; ascensão da classe burguesa; processo crescente de tecnologias para a industrialização; abertura de novas frentes de comércio nas colônias da América, África e Ásia; o aumento do número de mulheres leitoras. 
Também precisam ser consideradas a velocidade das mudanças iniciadas na modernidade e que foram sendo transformadas ou aprimoradas na contemporaneidade. Exemplo disso é modelo de produção do Taylorismo e depois o fordismo. O Taylorismo é um sistema de produção que consiste na divisão, fragmentação do trabalho e especialização do operário em uma só tarefa, como uma ação repetitiva e monótona. Essas ideias começaram a circular no inicio do século XX. Em seguida surge o fordismo em 1914, como um modo de produção que junta as funções práticas do Taylorismo com o aprimoramento das máquinas com o objetivo de produzir mais em menos tempo.
De acordo com Fochi(2013) todas essas mudanças e inovações caracterizavam a sociedade moderna, antes rural e agrícola e agora urbana e com cidades; antes de ordem estamental agora de classes; antes com trocas naturais e ausência de comércio e da moeda, agora com trocas monetárias; antes com explicações religiosas para os fenômenos da natureza, agora com explicações científicas; antes com elaboração de produtos de forma artesanal, agora de modo industrial; antes clerical e religioso, agora leigo e secular; antes teocêntrico, agora antropocêntrico; antes com relações de trabalho não assalariado e servil, agora assalariadas e com ideia de liberdade de escolha e iniciativa.
Portanto, fundamentada em Fochi(2013) é possível chegar a uma ideia síntese sobre o conceito de modernidade, como sendo “os processos, os mecanismos, as instituições, os agentes que pretendiam superar a cultura religiosa católica cristã; a sociedade agrícola e servil; a política estamental e monárquica e em seu lugar implantar uma cultura, democrática, secular, científica e industrial.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Foi utilizado como metodologia de trabalha a leitura, análise, interpretação e síntese de referenciais teóricos pesquisados em livros impressos e postados na internet, artigos científicos, visualização e audição de vídeos da disciplina corresponde a disciplina. Também foram visualizadas algumas imagens que representam os contextos da Idade Média e Moderna, com suas simbologias e significados que corresponde a cada período. 
Figura 1. 1. Imagem que representa a unidade territorial e política na Europa durante a Idade Média
 Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/idade-media.htm. Pesquisado em 07/12/2019.
Figura 2.2.A Criação de Adão”: um afresco pintado por Michelangelo no teto da Capela Sistina. Essa pintura, de 1510, representa a visão antropocêntrica que prevaleceu durante o Renascimento.
 
https://www.kuadro.com.br/posts/idade-moderna-renascimento/. Pesquisado em 07/12/2019
As duas imagens representam os contextos históricos de sua época, caracterizando a cultura, as concepções e transformações ocorridas em suas épocas. A primeira imagem retrata um fragmento do contexto político da Idade Média, numa situação de unidade territorial por meio de uniões matrimoniais e alianças políticas. A segunda imagem representa a ruptura com o teocentrismo da Idade Média e nascimento de uma nova concepção, o antropocentrismo, inaugurada com o renascimento, marcando o inicio da modernidade em âmbito cultural. . 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi propor algumas reflexões a cerca dos conceitos da idade média e idade moderna, analisando e apresentando alguns marcos e características que identificam esses dois contextos sócio histórico. Não tivemos a pretensão de esgotar todas as possibilidades de reflexão sobre esse tema, pois é bastante complexo e necessita maior aprofundamento, mas a partir do recorte feito é possível apresentar algumas constatações dos conceitos abordados.
Após análise e discussão dos contextos de cada período histórico pesquisado, pode se refletir como resultado da pesquisa, que ambos os contextos tiveram seu valor na construção da história, lançando as bases da sociedade contemporânea. Tanto a idade média quanto a idade moderna, deixaram um legado importante e significativo na constituição da sociedade em todas suas dimensões. Um período deu suporte para o outro, provocando críticas, mudanças, rupturas, mas também avanços e inovações.
A Idade Média teve diferentes períodos e interpretações ao longo de sua história. Teve diversos conceitos e em alguns momentos foi estigmatizada e julgada como retrograda, ultrapassada e travadora de progressos. Mas também exaltada e elogiada em outros momentos, principalmente na historiografia do início do século XX. Como afirma Jaques Le Goff em seu livro “Para um novo conceito de Idade Média”: foi na Idade Média que surgiu a sociedade moderna, que criou “a cidade, a nação, o Estado, a universidade, o moinho, a máquina, a hora e o relógio, o livro, o garfo, o vestuário, a pessoa, a consciência e, finalmente, a revolução”. 
Constatou-se que a modernidade se apresenta com características revolucionárias e de transformações em relação organização econômica, social e cultural da Idade Média. Essas transformações estavam ligadas ao fim do feudalismo e início do modo de produção capitalista, bem como ao fim de uma visão de mundo emblemática, que tinha a igreja como elemento agregador e universalizador.
Foi importante constatar que a idade moderna, representou uma ruptura com as estruturas sociais, econômicas, políticas, religiosas e culturais da Idade Média. Com a Modernidade desaparece a sociedade de ordens que negava o exercíciodas liberdades individuais e favorecia os grandes organismos coletivos. Nesse período ocorre a laicização econômica e política da Europa, além das mudanças nas concepções de autonomia e favorecimento da razão humana. 
REFERÊNCIAS 
LE GOOF, Jackes. ; MONTREMY, Jean Maurice De (colaborador). Em busca da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
___ Para um novo conceito de Idade Média. Lisboa: editorial Estampa, 1980, p. 12.
FOCHI, Graciela Márcia. Cultura e sociedade na modernidade. Indaial: Uniasselvi, 2013
FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média : nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2 ed., 2001.
SILVA, Odair Oliveira da. A idade moderna e a ruptura cultural com a tradição medieval: reflexões sobre o renascimento e a reforma religiosa. Revista Científica Eletrônica da pedagogia – São Paulo: janeiro de 2017, Ano XVI – Número 28 –– Periódico Semestral
REFLEXÕES SOBRE IDADE MÉDIA E MODERNA
1 Edna Regina silva Almeida
2 Tutor Externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso ( HID110-FLX0087) – Prática Interdisplinar: Medievo, Modernidades e Transições 07/12/2019

Outros materiais