Buscar

Análise Documental - Idade Moderna

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Instituto de Ciências Humanas
Departamento de História
História Moderna 1
Professora: Marina Thome Bezzi
Evelyn Gonçalves da Silva Lopes – 190086904
Análise Documental 1 – Unidade 2
“A Cidade das Damas” (Le Livre de la Cité des dames) de Christine de Pizan é um relato filosófico alegórica escrito no ano de 1405 em Paris. O texto pode ser considerado uma obra feminina construída na modalidade literária utópica, mas que se insere na realidade. Ele tem como objetivo a compreensão das relações sociais de gênero da época, a denúncia dos traços misóginos da sociedade e a reivindicação do lugar da mulher na sociedade e na literatura. Para tal feito, a escritora elabora uma “cidade das damas”. No trecho lido, ela utiliza a ‘Dama Razão’ para expor suas ideias sobre a hostilidade masculina. A obra foi uma reação a produção literária de homens da época, no qual autores, poetas e filósofos constantemente difamavam e condenavam comportamentos das mulheres em suas obras. 
Christine durante o texto se pergunta a motivação desse pensamento geral. A ‘Dama Razão’, personagem alegórica, acredita que a origem não é a natureza do homem e que suas motivações são diversas. Porém todos eles, até os bem intencionados, usam de meios deturpados, se tornando homens indignos. Outros pontos importantes da obra que podemos perceber durante o trecho é a utilização da identidade “damas” para se referir ao gênero feminino, se contrapondo a degradação das mulheres maçante que existia na época, a metáfora da “cidade” como espaço político para mulheres e o julgamento de mulheres vistas como “luxuriosas e da vida” (2012, p. 74), reproduzindo no seu discurso maneiras e modos de ser do tradicional discurso da colonialidade das mulheres.
Pode-se perceber essa superioridade masculina e silencio das mulheres em um mundo patriarcal, no comentário do humanista florentino Donato Acciaiuoli sobre o tema do estatuto político-jurídico da entidade do casamento na obra “Política” de Aristóteles, onde o autor usa da expressão ‘imperium conjugal’ para argumentar que o marido tem poder e governa sobre a sua esposa, e que não deve haver uma inversão de papeis em relação a isto. Assim como de forma geral, o homem seria superior a mulher, a menos que algo aconteça, de acordo com a natureza. Indo diretamente contra a manifestação de Christine de Pizan, que como já mencionado, discorda que a misoginia presente nos homens seja algo da natureza deles. 
Toda a instabilidade vivida na Europa do século XIV passou a ser respondida por um novo período de crescimento e expansão. O século XV é considerada como a ponte entre o final da Idade Média e o início do Renascimento e da Idade Moderna. Durante a época ocorreu uma explosão de conhecimento no qual desenvolvimentos históricos e tecnológicos aconteceram em todos os setores. Os estudos da filosofia passaram por renovações e o humanismo surgia, movimento considerado intelectual que serviu como uma luta contra a obscuridade medieval, e levou à criação de um comportamento científico livre de normas teológicas. Após essa época, o ser humano já não esperava mais tanto por favores divinos, mas sim, procurava aperfeiçoar seu trabalho pessoal, ampliando suas habilidades e talentos. 
O humanismo ganhou destaque entre os pensadores renascentistas, e essas mudanças preparam o caminho para alterações profundas na política, nos costumes e hábitos. Um exemplo dessas renovações e desenvolvimentos, foi a literatura que denunciava a alienação e o silêncio das mulheres em um mundo patriarcal, como podemos observar na obra de Christine de Pizan. Indo contra ao pensamento ultrapassado de Donato Acciaiuoli, Pizan crítica a misoginia literária do século XV e acredita que as mulheres podem e devem, assim como os homens, aspirar ao cultivo das virtudes nos diferentes aspectos de suas vidas tanto social, intelectual e espiritual. Para assegurar isso, ela mobiliza uma série de argumentos que refutam as críticas e difamações as mulheres, se apropriando das tradições filosóficas medievais como bases teóricas de sua defesa e desenvolvendo reflexões sobre as filosofias feministas e as filosofias políticas da contemporaneidade.
Referências
EISENSTEIN, E.L. Algumas características da cultura impressa. In: A Revolução da Cultura Impressa. Os Primórdios da Europa Moderna. São Paulo: Ática, 1990, p. 57–107.
Donato Accaiuoli, In Aristotelis libros octo Politicorum commentarii (Veneza, 1566), f. 40v.
HANSEN, J.A. Razão de Estado. ArtePensamento, 1996.
PIZAN, Christine de. A cidade das damas. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2012, p. 57-60, 73-78.

Continue navegando