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Como-Aumentar-a-Fertilidade-do-Solo

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Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
1
VOLTAR AO ÍN
DICE
fe
ito
 p
o
r
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
2
VOLTAR AO ÍN
DICE
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ente 
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Boa Leitura!
DICAS PARA LER 
ESTE EBOOK
fe
ito
 p
o
r
M
arihus Altoé Baldotto é especialista em
 
solos e nutrição de plantas, professor per-
m
anente da U
niversidade Federal de Viçosa, 
engenheiro agrônom
o (com
 licenciatura ple-
na em
 quím
ica) e Pós-Doutor em
 Q
uím
ica do 
Solo e Am
biental.
Com
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entar a fertilidade do solo? M
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pactos e aum
entando a produtividade
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ÍNDICE
Com
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entar a fertilidade do solo? M
inim
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pactos e aum
entando a produtividade
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DICE
A atividade agrária está em
 desenvolvim
ento em
 todo o m
undo, com
 um
 eleva-
do potencial de geração de renda e em
pregos, além
 dos benefícios am
bientais 
e de m
elhoria da qualidade de vida, resultantes dos seus produtos. Atualm
ente 
torna-se fundam
ental a preocupação com
 a geração de tecnologia para au-
m
ento da produtividade, ou seja, para a continuação da evolução da produção, 
sem
 o aum
ento de área plantada.
 Essa preocupação tem
 com
o objetivo garantir o aum
ento na geração de bens 
alim
entícios com
 sustentabilidade, sem
 avançar com
 a fronteira agrícola dos 
biom
as brasileiros ainda preservados - com
o a Floresta Am
azônica, M
ata 
Atlântica, a Caatinga, o Cerrado, os Pam
pas e o Pantanal.
Os desafios da alta 
produtividade
Com
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entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
5
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DICE
O
 aum
ento da produtividade reduz a dem
anda por novas áreas e, otim
izando os fatores de 
produção, além
 de preservar florestas, usa com
 m
elhor relação custo/benefício os recursos 
naturais. N
esse contexto, o principal problem
a nas pesquisas em
 ciência do solo, é a necessi-
dade constante de aperfeiçoam
ento do m
anejo da fertilidade em
 atividades agropecuárias no 
país, principalm
ente para atender à lei da restituição de nutrientes, m
inim
izando o im
pacto 
nas fontes não renováveis.
N
os últim
os anos - nos quais a seca foi intensa e extensa - o preparo profundo do solo vem
 
sendo abordado com
o um
a alternativa para aum
entar a produtividade agrícola. O
 preparo 
do solo não pode ser analisado separadam
ente, m
as deve ser planejado de form
a integrada: 
m
anejo integrado de pragas, doenças, plantas concorrentes, fertilidade do solo, e outros.
 Com
 o aum
ento dos problem
as físicos do solo, as técnicas conservacionistas vêm
 sendo a 
cada dia m
ais im
portantes no m
anejo e conservação. O
 preparo reduzido alm
eja a dim
inuição 
do núm
ero de operações realizadas no preparo convencional, dim
ensionando equipam
entos 
m
ais leves. O
 plantio direto, já é, de certa form
a, convencional na produção de grãos e cereais, 
e tem
 sido adaptado para a im
plantação de canaviais, especialm
ente em
 rotação de culturas 
com
 plantas anuais.
Estim
a-se que as perdas “antes e depois da porteira”, som
adas, podem
 ser de 
m
ais da m
etade do total da produção agropecuária, sendo necessário o au-
m
ento contínuo de eficiência. N
o M
anejo Integrado da Fertilidade do Solo, an-
tes de usar corretivos, condicionadores ou fertilizantes m
inerais, é necessário 
usar e abusar das práticas conservacionistas na busca de um
 agroecossiste-
m
a equilibrado e saudável.
Deveríam
os explorar recursos naturais não renováveis som
ente para a “conta 
fechar”, ou seja, buscando a otim
ização do uso de recursos, considerando a 
palavra de ordem
, a reciclagem
. Tanto para a atender a Política N
acional de 
Resíduos Sólidos, com
o pela racionalidade em
 reaproveitar localm
ente todos 
os co-produtos (m
atérias prim
as que são cham
adas de resíduo/ lixo).
Com
o trabalham
os com
 agroecossistem
a, as exportações de alim
entos reque-
rem
 restituição de nutrientes ao solo, caso contrário, o balanço não fecha. Te-
m
os m
uitos resíduos, que na verdade são m
atérias prim
as, co-produtos. O
u 
seja, elevar a eficiência de uso dos insum
os.
Antes da m
elhoria do am
biente radicular e da restituição dos nutrientes com
 recur-
sos naturais escassos, devem
os aum
entar a eficiência do sistem
a, dim
inuindo per-
das, m
elhorando os processos, otim
izando a conservação e a reciclagem
. O
 segun-
do passo é reduzir o desperdício no transporte, arm
azenam
ento e com
ercialização 
(antes, durante e após a colheita).
Com
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entando a produtividade
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DICE
Sistem
as agropecuários de produção bem
 m
anejados, prestam
 serviços am
bientais/ecossis-
têm
icos, tais com
o a m
itigação do efeito estufa, recarga dos lençóis freáticos, produção de 
água e ar puro, m
anutenção da biodiversidade, entre outros.
Em
basadas por crescentes avanços da tecnologia, novas fronteiras agrícolas 
foram
 incorporadas e as produtividades vêm
 alcançando e renovando seus 
patam
ares recordes. A agropecuária brasileira tornou-se altam
ente com
petiti-
va, m
esm
o considerando as políticas de subsídio dos concorrentes internacio-
nais.
 Ao longo de todo esse tem
po, foi tam
bém
 desenvolvida a pesquisa em
 m
onito-
ram
ento de qualidade dos sistem
as agrícolas e, entre outros problem
as, verifi-
cou-se a erosão e a dim
inuição dos estoques de carbono orgânico dos solos. 
Contudo, com
o prim
eiro salto tecnológico, foi desenvolvido o Sistem
a Plantio 
Direto. N
o início foi questionado com
o cada avanço tecnológico é em
 seu tem
-
po inicial, m
as com
 benefícios já detalhadam
ente com
provados.
Em
 paralelo, o cenário atual de degradação dem
anda que os agroecossiste-
m
as busquem
 sem
elhanças com
 os ecossistem
as originais na fronteira agrí-
cola brasileira, ou seja, a floresta necessita ser reintroduzida nos sistem
as de 
m
anejo. Com
 a retirada das florestas que cobriam
 nossos lim
itados solos tro-
picais, o estoque de carbono sequestrado na superfície dos solos se esgotou, 
revelando as cam
adas m
inerais pobres em
 nutrientes e com
 lim
itações de to-
xidez.
 Além
 de diversificar a renda e a alocação sazonal dos m
eios de produção, dis-
tribuindo m
elhor a força de trabalho, a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta 
pode ser a evolução dos sistem
as de m
anejo agropecuário para esse novo sé-
culo, especialm
ente possibilitando refazer o sequestro de carbono nos solos.
Ciência, tecnologia e inovação (públicas, privadas e voluntárias, dos próprios produtores e 
associações) estão constantem
ente em
 busca de soluções para os seguintes problem
as:
Se há um
a coisa concreta em
 nossa agropecuária é que nunca ficam
os parados. Som
os dinâ-
m
icos, adaptam
o-nos e progredim
os. Aceitam
os críticas, trabalham
os sobre elas e avança-
m
os com
 novas tecnologias cada vez m
ais sustentáveis: correção do solo, fertilização, plantio 
direto, Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, crescente uso da agroecologia na agricultura 
fam
iliar, reciclagem
 com
o base de novos insum
os, uso de sim
biontes, entre outras.
Ao analisarm
os a crescente evolução das nossas form
as de m
anejo, desde o inícioda colo-
nização do Brasil até a agricultura atual, observam
os a transição entre sistem
as itinerantes 
- o desm
atam
ento, as queim
adas e a aração- com
 o desenvolvim
ento de tecnologias para 
correção da acidez e uso de fertilizantes, com
o o m
onitoram
ento e m
anejo de fitossanidade 
de plantas daninhas.
• 
G
rande risco de salinização de áreas fronteiriças;
• 
Alto volum
e de substâncias tóxicas utilizadas nas atividades agropecuárias;
• 
Degradação dos solos e dim
inuição dos estoques de carbono pela com
pactação e erosão.
1.1 Em
 busca de soluções
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pactos e aum
entando a produtividade
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A visão de M
anejo Integrado da Fertilidade do Solo vai m
uito além
 da inter-
pretação de atributos quím
icos, m
as considera sua integração com
 a física 
e a biologia do solo, bem
 com
o com
 o ecossistem
a em
 que está inserido. O
 
planejam
ento do am
biente para alcançar alta produtividade deve considerar a 
interdependência entre os fatores de produção. Assim
, todas as práticas que 
resultam
 de fatores inerentes ao solo, culturais e vegetativas, devem
 ser inte-
gradas.
 A análise de solo pode continuar evoluindo no sentido de indicar o nível crítico 
(“nível de dano”), para a tom
ada de decisão do m
om
ento e doses de correção, 
condicionam
ento e restituição recom
endáveis (“nível de controle”). Esse nível 
de controle deve, antes da aplicação dos agrotóxicos, considerar os m
anejos 
culturais, edáfico, biológico e outros.
M
anejo Integrado da 
Fertilidade do Solo
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entando a produtividade
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DICE
Para a fertilidade do solo, antes de usar um
 fertilizante m
ineral com
 base em
 recursos natu-
rais não renováveis, é im
portante usar e abusar das práticas conservacionistas na busca de 
um
 agroecossistem
a equilibrado e saudável.
Em
 qualquer opção de m
anejo, as lim
itações dos solos são:
Essas adversidades podem
 ser m
inim
izadas com
 a preservação e o increm
ento dos teores de 
carbono orgânico do solo, um
a vez que a m
atéria orgânica apresenta grupos funcionais ele-
tricam
ente carregados, que aum
entam
 a CTC e dim
inuem
 a adsorção específica de P, disponi-
bilizam
 nutrientes e têm
 a capacidade de com
plexar íons alum
ínio, reduzindo sua toxicidade.
Com
 o crescente aum
ento dos custos e dos im
pactos am
bientais, gerados 
pela fabricação e uso de fertilizantes sintéticos, a busca de m
étodos susten-
táveis tem
 incentivado os estudos com
 bactérias prom
otoras de crescim
ento 
vegetal.
 Buscam
os o aum
ento da absorção de nutrientes pelas plantas de form
a equi-
librada, e sabem
os que o uso de substâncias bioestim
ulantes aum
enta a efi-
ciência do uso de fertilizantes. M
esm
o na agricultura de alta produtividade, é 
im
perativo buscar novos fertilizantes, dado o alto custo e à finitude das m
até-
rias-prim
as vindas de recursos naturais não renováveis.
Problem
as na porosidade tam
bém
 podem
 afetar a disponibilidade de outros 
nutrientes, interferindo, por exem
plo, nos m
ecanism
os de transporte no solo. 
Adicionalm
ente, a relação entre a m
atéria sólida do solo, gerando a sua porosi-
dade natural, governará os fluxos de gases (atm
osfera do solo) e da solução do 
solo, afetando equilíbrios quím
icos e, consequentem
ente, biológicos no ecos-
sistem
a solo.
 Agregação, estrutura e porosidade são atributos físicos fundam
entais para a 
fertilidade. E, todos eles advém
 da qualidade quím
ico/m
ineralógica e da biolo-
gia do solo.
• 
Insuficiente desenvolvim
ento de cargas elétricas negativas (baixa CTC);
• 
Elevada absorção específica de fosfatos;
• 
Baixa disponibilidade de nutrientes; 
• 
Altas concentrações de íons alum
ínios tóxicos.
O
tim
izar o reaproveitam
ento, uso e reciclagem
 dos resíduos orgânicos ou m
inerais 
gerados dentro da unidade produtiva e dim
inuir as perdas antes, durante e depois 
da colheita, são cam
inhos para a construção e a m
anutenção da fertilidade do solo 
(sustentabilidade).
2.1 Principais lim
itações do 
fertilidade dos solos
2.2 Crescim
ento vegetal 
sustentável
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As bactérias prom
otoras de crescim
ento podem
 colonizar a região 
rizosférica e filosférica, o interior ou a superfície de tecidos vegetais, 
com
o potenciais agentes do crescim
ento e de proteção de plantas. 
Essas bactérias são capazes de fixar nitrogênio atm
osférico, produ-
zir horm
ônios vegetais, solubilizar fosfato, sintetizar sideróforos, 
prom
over o controle biológico e a indução de resistência sistêm
ica 
na planta hospedeira. Deste m
odo, o isolam
ento, a caracterização 
e a seleção de bactérias prom
otoras de crescim
ento visam
 agregar 
valor em
 propágulos e em
 cam
po.
O
s ácidos húm
icos dos resíduos orgânicos reciclados por com
pos-
tagem
, poderiam
 ser fonte de carbono para esses m
icro-organism
os, 
auxiliando, ainda, na aderência às plantas e na proteção contra as 
condições desfavoráveis. A técnica prolonga a vida útil do inóculo e, 
com
 isso, m
elhora a eficiência de colonização das plantas por esses 
organism
os benéficos.
 Especialm
ente, essa é um
a biotecnologia de grande potencial para 
a propagação de plantas, sobretudo para a cultura de tecidos.
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Degradação do solo: 
fator lim
itante da 
fertilidade
O
 uso inadequado do solo tem
 levado à sua degradação, e do ponto de vista 
físico, a com
pactação e a erosão do solo são os problem
as m
ais expressivos 
que a nossa agropecuária enfrenta e deverá enfrentar.
A perda contínua de solo, especialm
ente das cam
adas superficiais m
ais fér-
teis, leva à dim
inuição da produtividade das culturas. O
 im
pacto da erosão nas 
perdas de nutrientes e de m
atéria orgânica e, ainda, por depreciação da terra na 
m
anutenção de estradas e assoream
ento, resulta em
 custos anuais na casa de 
dezenas de bilhões de reais!
3.1 A erosão
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DICE
O
 escoam
ento de água por enxurrada é um
 prejuízo significativo, considerando a im
portância 
deste recurso natural. Além
 disso, por colocar em
 risco a integridade física do ser hum
ano 
e de suas construções, torna-se um
 dos principais desafios geotécnicos deste m
ilênio. O
 
conjunto de processos naturais ou alterados pelo hom
em
, que levam
 à rem
oção de solo e 
degradação am
biental tem
 o nom
e genérico de erosão. 
 A erosão é o processo pelo qual ocorrem
 perdas de solo. Com
 essas perdas de solo, são re-
m
ovidos nutrientes, m
atéria orgânica e organism
os. Apesar de sua ocorrência natural, quan-
do acentuada pela atividade hum
ana, pode atingir m
agnitudes danosas ao m
eio am
biente.
Esses danos podem
 ser notados principalm
ente pela dim
inuição da fertilidade do solo nos 
locais de perda e pelo assoream
ento e contam
inação de águas interiores e oceânicas devido 
ao aporte contínuo de m
ateriais m
inerais e orgânicos. Além
 disso, do ponto de vista geotéc-
nico, com
 os deslizam
entos, a erosão coloca em
 risco a vida hum
ana. 
N
o Brasil, têm
 sido estim
ados que m
ais de 500 m
ilhões de toneladas de solo são perdidos 
anualm
ente! Se estes solos forem
 dos prim
eiros centím
etros, m
ais férteis, tais perdas resul-
tarão na concentração de m
atéria orgânica das nascentes e dos cursos d’água, além
 car-
bono orgânico, aum
entando a dem
anda biológica por oxigênio nas águas superficiais e do 
m
aterial m
ineral, que provoca assoream
ento.
O
 oposto de escorrim
ento da água da chuva é a sua infiltração. Portanto, para garantir a recar-
ga do lençol freático e o reabastecimento das águas subterrâneas, que alim
entaram
 as nas-
centes, é fundam
ental o favorecim
ento da infiltração da água no solo. A água superficial, as 
nascentes, os córregos e lagos, dependem
 da adequada recarga dos aquíferos. Perturbações 
nesta recarga são fatores lim
itantes para as nascentes e, assim
, m
atam
-se os grandes rios a 
partir do m
anejo inadequado da sua bacia hidrográfica, especialm
ente nas suas cabeceiras.
Podem
os ver o problem
a erosivo tanto do ponto de vista da baixa infiltração, 
com
o pela deposição de solo nas calhas dos rios, assoreando-os e, assim
, dim
i-
nuindo o seu volum
e. Assoreados, além
 de transportar m
enor volum
e d’água, 
correm
 um
 m
aior risco de transbordam
entos. Sem
 contar que águas m
ais ra-
sas tendem
 a apresentar m
aior fluxo, o que provoca m
aior erosão das próprias 
m
argens dos rios, em
 um
 círculo vicioso.
3.1.1 Tipos
As perdas de solo são causadas por dois tipos de erosão: eólica e hídrica, cau-
sadas predom
inantem
ente pelo vento e pela chuva. A erosão eólica está m
ais 
associada com
 áreas em
 vias de desertificação. O
 im
pacto da chuva em
 solo 
descoberto é o m
aior agravante da erosão hídrica. Contudo, obviam
ente, não 
se objetiva reduzir a zero a erosão. Assim
, o controle da erosão parte do uso do 
solo de acordo com
 sua capacidade de suporte, adotando práticas de preserva-
ção do solo, reduzindo a degradação deste recurso natural. 
Conhecer os recursos naturais envolvidos na erosão e m
anejá-los de form
a 
conservacionista, pode reduzir o avanço da fronteira agrícola, m
antendo e in-
crem
entando as áreas de preservação am
biental e, tam
bém
, dim
inuir o aporte 
de m
ateriais m
inerais e orgânicos que levam
 ao assoream
ento e à poluição de 
águas interiores e oceânicas.
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3.1.2 Form
as de m
anifestação
Erosão pelo im
pacto da gota da chuva
Erosão lam
inar
Erosão em
 sulcos
Erosão em
 voçorocas
Ao atingir o solo descoberto, o pingo de chuva form
a um
a m
icrocratera com
pactada, de até 
quatro vezes o tam
anho da gota. H
á desagregação dos agregados do solo. A partir desse 
desprendim
ento de partículas argilosas, ocorre o seu transporte e o entupim
ento de poros do 
solo. Form
a-se um
a crosta delgada superficial, que reduz a infiltração da água. 
A m
anutenção da cobertura do solo, basicam
ente, é um
a prática conservacionista eficiente 
em
 reduzir tal erosão.
A erosão lam
inar vai rem
ovendo cam
adas de solo, sem
 m
odificar o relevo nos prim
eiros m
o-
m
entos. Em
 geral, passa despercebida no início. Assim
, seu perigo está na sua continuidade, 
pela pouca visibilidade. Aparecem
 raízes e m
aterial m
ais grosseiro na superfície do solo, 
dada a desagregação e rem
oção das partículas m
ais finas. 
A fertilidade do solo, m
aior nas cam
adas superficiais do solo, vai dim
inuindo ao longo do 
tem
po. Com
 m
enor fertilidade, o solo vai perdendo vegetação e tornando-se m
enos coberto, o 
que aum
enta a predisposição à erosão pelo im
pacto da gota da chuva, iniciando um
 ciclo de 
degradação do solo. Com
o se agrava em
 áreas de declividade m
aior, tem
 no plantio em
 nível, 
nas faixas de contenção, etc., as m
edidas de controle da erosão m
ais eficientes.
Erosão ocasionada pelo deslocam
ento preferencial da enxurrada, form
ando 
sulcos progressivam
ente m
ais profundos. A erosão em
 sulcos é agravada em
 
áreas de declive acentuado e, principalm
ente, longo. O
 plantio em
 nível, as fai-
xas de contenção, etc, são as m
edidas preventivas que geralm
ente contêm
 a 
erosão em
 sulcos. Com
o é visível no terreno, pode ser logo controlada.
Se não for controlada, a erosão em
 sulcos pode evoluir para erosão em
 voço-
rocas. Elas form
am
 ravinas que m
odificam
 totalm
ente a paisagem
. Podem
 ser 
com
prida e profunda, atingindo m
agnitudes de dezenas e centenas de m
etros. 
O
correm
 pela passagem
 de enxurrada anualm
ente no m
esm
o sulco, aprofun-
dando-o.
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Alternativam
ente, a infiltração da água por cam
adas m
ais superficiais e o encontro dessa 
água com
 um
a cam
ada subsuperficial de difícil percolação, pode levar ao solapam
ento, ou 
seja, um
a form
a de deslizam
ento de cotas superior para inferior. Com
o a erosão por voçoro-
cas é m
uito m
ais grave, im
pedindo geralm
ente o cultivo na área erodida, seu controle é m
ais 
oneroso e dem
anda m
anejo especializado. 
Diversos fatores afetam
 a erosão do solo, tais com
o clim
a, solo relevo, vegetação e m
anejo. 
A chuva é o principal fator clim
ático relacionado à erosão. Contudo, a m
esm
a intensidade de 
chuva pode levar a diferentes situações erosivas. Dois aspectos, m
ais im
portantes, são: quan-
tidade e a duração da chuva. 
Além
 da quantidade e da duração, a frequência entre os eventos de chuva é fundam
ental para 
a avaliação do processo erosivo. De form
a geral, intervalos m
ais curtos tendem
 a m
anter o 
solo m
ais úm
ido e, assim
, dim
inuir a taxa de infiltração. O
 im
pacto da gota (seu tam
anho) e a 
enxurrada, portanto, são fundam
entais na com
preensão da energia cinética, que gera o traba-
lho, com
o fator causador da erosão.
Pode ser dem
onstrado que a energia da gota da chuva é dezenas e/ou, em
 casos extrem
os, 
centenas de vezes, superior à da enxurrada. Dessa form
a, adverte-se sobre a im
portância da 
m
anutenção da cobertura do solo. Vale ressaltar, entretanto, que o efeito desagregador do im
-
pacto da gota da chuva, im
pele ao selador, ou de entupim
ento de poros, dim
inuindo drastica-
m
ente a infiltração e increm
entando a velocidade das enxurradas, num
 ciclo m
aléfico ao solo.
3.1.3 Fatores que afetam
 
a erosão
Solo
Relevo
Q
uando a capacidade de arm
azenam
ento, a perm
eabilidade e a infiltração de 
água no solo são atingidas, as forças de desagregação, dispersão e transporte 
pelo escoam
ento da enxurrada levam
 à aceleração do processo erosivo. O
s 
fatores, portanto, que m
elhoram
 a agregação, estruturação, teor e qualidade de 
argila e de m
atéria orgânica, tendem
 a condicionar solos m
enos propensos ao 
processo erosivo. 
Algum
as form
as de uso do solo contribuem
 para a erosão. O
 processo é dividi-
do em
 três etapas:
1. Desprendim
ento ou desagregação da estrutura do solo. G
eralm
ente, tanto 
o revolvim
ento do solo com
o o im
pacto da gota da chuva sobre a estrutura 
do solo, desprendem
 as partículas m
ais finas (argilas).
2. O
 m
aterial desprendido sofre transporte por m
eio da água da chuva via en-
xurrada e/ou vento. 
3. Deposição do m
aterial que foi desagregado e transportado. 
O
 aum
ento de declividade do terreno acentua a velocidade de escoam
ento hí-
drico. Q
uanto m
ais longa a distância percorrida pela enxurrada, sob declive, 
m
aior tende a ser a erosão.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
14
VOLTAR AO ÍN
DICE
H
á, ainda, o form
ato da encosta. Paisagens côncavas apresentam
 predom
ínio de erosão em
 
sulcos e/ou, voçorocas, devido à tendência de concentração do fluxo hídrico. N
as encostas 
convexas, no entanto, a dispersão das enxurradas pela área tende a favorecer a erosão lam
inar.
Vegetação
M
anejo
A vegetação é o principal fator de proteção do solo em
 sistem
as naturais. Ela atua na cap-
tação da água das chuvas e na sua distribuição no perfil do solo, abastecendo os lençóis e 
conferindo à bacia hidrográfica o balanço equilibrado dos fluxos d’água. É a vegetação que 
gera m
atéria orgânica, que increm
enta a agregação do solo.
Fixando os outros fatores com
o clim
a, fertilidade e relevo, pode-se afirm
ar que espécies anu-
ais e em
 m
onocultura, tendem
 a proteger m
enos o solo do que a diversificaçãodas espécies.
M
anejar a cobertura do solo é o fator preventivo m
ais eficiente. Ao passar de 
ecossistem
a para agroecossistem
a, é natural que m
aiores perdas aconteçam
. 
Contudo, o m
anejo pode atenuar ou frear o processo de assoream
ento e polui-
ção dos cursos d’água, controlando a erosão. 
O
 revolvim
ento do solo durante a aração e a gradagem
 para o cultivo, leva à 
desestruturação e desagregação do solo, iniciando o ciclo de processos ero-
sivos. O
 m
anejo inadequado da cobertura, predispõe o solo ao im
pacto das 
gotas das chuvas, que resultam
 em
 aum
ento da erosão.
3.1.4 Conservação e 
controle da erosão
O
 passo inicial de m
anejo e conservação do solo consiste em
 usá-lo dentro 
de sua capacidade de uso, ou seja, de sua aptidão agrícola. Diversos arranjos 
vêm
 sendo testados com
o estratégias de m
anejo do solo, visando aum
entar 
a sua proteção pela m
anutenção de cobertura, sem
 perder de vista a questão 
econôm
ica. 
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
15
VOLTAR AO ÍN
DICE
As práticas conservacionistas de controle da erosão podem
 ser edáficas, 
vegetativas ou m
ecânicas.
Edáficas: com
um
ente conhecidas pelo nom
e de culturais, estão 
associadas à m
odificações no sistem
a de cultivo com
o: plantio 
em
 curva de nível, plantio direto, sistem
as agroflorestais, inte-
gração lavoura, pecuária e florestas, etc.
Vegetativas: são aquelas pelas quais a proteção ocorre a partir 
de sua cobertura com
 plantas, prevenindo o im
pacto da chuva 
sobre o solo descoberto ou fazendo barreira contra para reten-
ção ou dim
inuição da velocidade de escoam
ento da água das 
chuvas (enxurradas). 
M
ecânica: construção, via cortes e aterros, de estruturas arti-
ficiais que m
inim
izam
 a velocidade das enxurradas. Exem
plo: 
canais de escoam
ento nas bacias de captação.
O
 uso com
binado das práticas conservacionistas resulta em
 controle da 
erosão, conferindo m
anutenção e, ou, aum
ento da fertilidade do solo e 
dim
inuição das perturbações am
bientais, sobretudo do assoream
ento de 
cursos d’água e dos deslizam
entos em
 centros urbanos. 
Atualm
ente, destaca-se entre as práticas culturais de controle da erosão o Sis-
tem
a de Plantio Direto. Contudo, tal sistem
a incorpora conceitos de rotação de 
culturas, adubação verde, adubação orgânica, cobertura m
orta, curvas de nível, 
vegetação perm
anente, etc. 
A adoção dos Sistem
as de Plantio Direto na palhada e os sistem
as agroflores-
tais (integração lavoura, pecuária e florestas), são as form
as de m
anejo que 
dim
inuem
 os processos físicos que lim
itam
 a boa am
biência radicular. O
 pri-
m
eiro passo para garantir a qualidade do sistem
a radicular é a escolha da área 
em
 sintonia com
 as necessidades da cultura, ou seja, verificar as exigências de 
aeração e/ou um
idade, norm
alm
ente inversam
ente proporcionais. 
G
eralm
ente, há presença de acidez, íons alum
ínio tóxicos e baixa disponibilida-
de de nutrientes no subsolo. Além
 da correção na cam
ada superficial do solo 
- por m
eio da calagem
 - as plantas de sistem
as radiculares m
ais profundos 
têm
 tido um
 am
biente condicionado com
 gesso agrícola (prática da gessa-
gem
), um
 insum
o que m
elhora a fertilidade das cam
adas m
ais íntim
as do solo, 
fortalecendo o crescim
ento de raízes e m
elhorando a exploração por água e 
nutrientes.
3.1.5 Práticas edáficas
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
16
VOLTAR AO ÍN
DICE
Sistem
a de Plantio Direto
O
 Brasil já usa o Sistem
a de Plantio Direto há cerca de cinco décadas. 
Com
 sua adoção, o país pode incorporar áreas antes im
próprias para 
a produção de grãos, econom
izar em
 insum
os e exportar tecnologia 
e equipam
entos para o m
undo. Baseado em
 um
 processo de agricul-
tura sustentada, o sistem
a rem
ove o m
ínim
o possível do solo e pro-
cura, na agricultura com
ercial, dar características de solo de floresta 
para as área de lavoura. Além
 do ganho na produtividade, o plantio 
direto incorpora ganhos ao reduzir custos de produção.
O
 tripé básico do plantio direto é a rotação de culturas, com
 a co-
bertura perm
anente do solo e o preparo som
ente na linha de plantio. 
Desde 2001, o plantio direto brasileiro é indicado pela FAO
 (Fundo 
das N
ações U
nidos para a Agricultura) com
o o m
odelo de agricultura.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
17
VOLTAR AO ÍN
DICE
Sistem
as agroflorestais
Em
 paralelo, o cenário atual de degradação dem
anda que os agroecossistem
as busquem
 se-
m
elhanças com
 os ecossistem
as originais na fronteira agrícola brasileira. O
u seja, a floresta 
necessita ser reintroduzida nos sistem
as de m
anejo. 
As florestas protegem
 o solo e captam
 a água da chuva, facilitando o processo de infiltra-
ção pela passagem
 lenta por seus ram
os, troncos e raízes, m
elhorando a recarga do lençol 
freático. O
 círculo positivo se instala, pois há aum
ento de m
atéria orgânica e de diversidade 
biológica, contribuindo, para a m
elhoria da porosidade do solo e m
elhor infiltração de água.
Com
o visto, o plantio direto e os sistem
as agroflorestais incorporam
 outras práticas de con-
servação do solo observadas em
 uso isolado pelos agricultores. Dentre elas destacam
-se:
A rotação de culturas é um
a prática de conservação do solo na qual se alternam
, em
 um
a 
m
esm
a área de plantio, diferentes espécies de plantas cultivadas, obedecendo a um
a se-
quência racional e planejada. Tal prática resulta em
 m
elhor aproveitam
ento dos nutrientes, 
diversidade de m
aterial orgânico e biológico, controle de com
petidores, doenças e pragas. 
Assim
, acarreta m
elhoria da produtividade.
Consiste em
 prática auxiliar de disposição das culturas em
 faixas variáveis, de 
form
a alternada ano a ano, sobretudo quando os cultivos são com
 espécies de 
crescim
ento m
enos denso, ou seja, de pouca proteção ao solo.
Tais faixas (ou cordões) são feitas, por exem
plo, com
 cana-de-açúcar, capim
 
elefante, capim
 cidreira, para contenção do fluxo d’água que escorre superfi-
cialm
ente, dim
inuindo-o e, assim
, reduzindo o processo erosivo.
Rotação de culturas
Culturas em
 faixas e cordões de vegetação
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
18
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DICE
3.1.6 Práticas vegetativas
3.1.7 Práticas m
ecânicas
Visa cobertura do solo com
 m
aterial vegetal vivo e, em
 seguida, sua incorporação. É um
a for-
m
a de incorporação de resíduos orgânicos que, ao contrário dos grande volum
es de estercos 
e palhas, que necessitam
 de transporte e m
ovim
entação antes e dentro da propriedade, se 
inicia com
 pequeno volum
e de m
aterial: apenas sem
entes! Se tais sem
entes são de legum
i-
nosas, plantas que fixam
 nitrogênio atm
osférico a partir de relações sim
bióticas com
 bacté-
rias, a adubação verde resulta em
 um
 resíduo m
ais rico em
 nitrogênio. 
A relação entre carbono e nitrogênio num
 resíduo orgânico (relação C/N
) é um
a das princi-
pais variáveis envolvidas na velocidade de decom
posição da m
atéria orgânica. As principais 
legum
inosas usadas na adubação verde são as m
ucunas, crotalárias e os feijões guandu e 
de porco.
Adubação verde
Cobertura m
orta
Adubação orgânica
A m
atéria orgânica regula a tem
peratura do solo, favorece o aum
ento da atividade biológica, 
é fonte de nutrientes, m
elhora a estrutura e os fluxos de gases e líquidos, sendo um
 fator de 
fundam
ental im
portância para m
anutenção da boa qualidade do solo.
Em
 geral, é feita usando estercos e palhas. Tais m
ateriais, quando decom
postos, naturalm
en-
te ou de form
a acelerada, form
am
 o húm
us. Q
uando, em
 decom
posição acelerada, se usa as 
m
inhocas de form
a planejada.
Tam
bém
 cham
ada de m
ulching,consiste na proteção do solo com
 palhas, resí-
duos vegetais ou m
ateriais artificiais, evitando o im
pacto da gota da chuva e o 
início da erosão. Além
 disso, dim
inui a tem
peratura do solo e reduz as perdas 
de nutrientes suscetíveis de volatilização, bem
 com
o de um
idade. 
Tende, ainda, a incorporar-se ao solo, se constituída de m
atéria orgânica aces-
sível a biota, increm
entando a atividade m
icrobiana. As espécies m
ais usadas 
para a obtenção de cobertura m
orta, após desidratação, são o capim
 elefante 
e o capim
 gordura.
As práticas m
ecânicas de controle da erosão são construídas para evitar que 
enxurradas ocasionadas por chuvas m
uito intensas não causem
 problem
as 
graves. São, principalm
ente, voltadas para a contenção escoam
ento e facilita-
ção da infiltração, dim
inuindo a perda de solos e as perturbações a ela asso-
ciadas.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
19
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DICE
Curvas de nível
Distribuição racional dos cam
inhos
Plantio em
 contorno
A curva de nível é um
a linha im
aginária onde todos os pontos dentro da linha têm
 a m
esm
a 
cota. Assim
, curvas de nível são curvas planas que unem
 pontos de igual altura; portanto, são 
resultantes da intersecção da superfície física considerada com
 planos paralelos ao plano de 
com
paração.
A distribuição racional dos cam
inhos inicia-se pela sua construção em
 nível. 
Além
 disso, é recom
endável que possuam
 largura m
ínim
a de 5m
 e inclinação, 
no sentido do barranco, de 0,05 %
. G
eralm
ente são necessários carreadores 
secundários para ligação entre os principais. Tam
bém
 é recom
endável que se-
jam
 construídos enviesados (pendentes ou inclinados). 
Tais cam
inhos para ligação com
 largura m
ínim
a de 4m
, devem
 desencontrar-
-se nos carreadores principais em
 nível, para evitar a form
ação de ram
pas con-
tínuas, o que aum
entaria a velocidade dos fluxos e o processo erosivo.
A água de enxurradas que escoa pelos carreadores, sobretudo pelos penden-
tes, deve ser desviada e, sem
pre que possível, coletada por bacias de captação 
ou caixas de retenção devidam
ente dim
ensionadas. U
m
a prática com
um
 é a 
construção de “barraginhas”. A água escoada pode, ainda, ser retirada para 
terraços.
Esta prática é pré-requisito para a locação de estradas, carreadores, terraços e, tam
bém
, para 
a orientação do preparo do solo e das linhas de plantio. Recom
enda-se que, um
a vez m
ar-
cadas, sejam
 posicionadas de form
a perene e visível, visando facilitar os trabalhos futuros 
naquela área. As curvas de nível são, portanto, a base da conservação do solo.
O
 plantio em
 contorno corta transversalm
ente o sentido da declividade. Além
 
de conter o processo erosivo, tal prática contribui para a execução dos tratos 
culturais, facilitando o m
anejo. O
s restos culturais, por exem
plo, são dispostos 
no sentido das curvas de nível, dificultando o percurso livre da enxurrada pela 
dim
inuição da sua velocidade e energia e, tam
bém
, aum
entando a sua veloci-
dade de infiltração no solo.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
20
VOLTAR AO ÍN
DICE
Assim
, não é indicado os plantios “m
orro abaixo”, no sentido do declive, prática inadequada 
que facilita o processo erosivo. As linhas de plantas são posicionadas de acordo com
 as ni-
veladas básicas em
 quatro categorias:
1. Paralelas para baixo das niveladas;
2. Paralelas para cim
a das niveladas;
3. Paralelas tanto para baixo com
o para cim
a das niveladas; 
4. Paralelas intercaladas para baixo e para cim
a das niveladas.
Para o plantio em
 contorno, recom
enda-se tam
bém
 a observação do com
prim
ento da ram
pa. 
O
 com
prim
ento da ram
pa é inversam
ente proporcional à declividade da ram
pa.
Preparo do solo
Sulcos e cam
alhões
N
o preparo do solo, a aração é realizada entre duas linhas niveladas. Pode-se tom
ar com
o 
referência um
a nivelada básica, abrindo sobre ela o prim
eiro sulco, que servirá com
o guia 
para o trator, até a próxim
a nivelada básica. Pode-se partir de cim
a ou de baixo do terreno. N
o 
entanto, o ideal é alternar o sentido de ano para ano. 
Infelizm
ente, não se pode repetir continuam
ente o plano de preparo do solo traçado, pois, 
se em
 um
a determ
inada área for repetido o sistem
a de aração, poderá ser form
ada um
a 
elevação ou um
a depressão. Em
 am
bos os casos, a repetição leva à alteração da topografia 
do terreno. Todavia, o uso alternado na m
esm
a área devolve a terra ao seu lugar de origem
, 
m
antendo a topografia do terreno inalterada.
Para as áreas onde a cobertura do solo não esteja eficientem
ente controlan-
do o agravam
ento da erosão, áreas recém
 plantadas, e/ou de recuperação de 
degradação, a construção de sulcos e cam
alhões pode se constituir num
a prá-
tica adequada. Esses sulcos são construídos em
 contorno, tom
bando a terra 
sem
pre para o lado de baixo, form
ando, portanto, o cam
alhão.
A distância entre os sulcos e cam
alhões va-
ria com
 a textura e estrutura do solo, ou seja, 
com
 a capacidade de infiltração de água no 
solo. Em
 m
édia, os sulcos possuem
 0,20 m
 
de largura e 0,20 m
 de profundidade, espa-
çados de 3 a 4 m
. Contudo, os critérios de 
construção de tais estruturas podem
 ser os 
m
esm
os para a confecção de terraços.
M
ulching vertical
Consiste, tam
bém
, em
 sulcos construídos em
 nível. N
o entanto, têm
 a peculia-
ridade de serem
 m
ais estreitos (~
 0,10 m
) e profundos (~
 0,60 m
) que os an-
teriores e, ainda, preenchidos com
 m
aterial seco (daí o nom
e m
ulching, m
uito 
usado para cobertura m
orta). G
eralm
ente, são espaçados na ordem
 de 10 m
. 
Além
 de possibilitar m
aior infiltração de água no solo, incorpora m
atéria orgâ-
nica em
 profundidade.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
21
VOLTAR AO ÍN
DICE
Terraceam
ento
O
s terraços são as versões m
ais elaboradas dos sulcos e cam
alhões. Com
o já visto, são 
construídos transversalm
ente aos declives, a intervalos dim
ensionados. São elaborados por 
m
eio de cortes e aterros. Assim
, o princípio do terraceam
ento é parcelar o declive, ou seja, o 
com
prim
ento da ram
pa, visando conter a velocidade de escoam
ento e dim
inuir o processo 
erosivo. Além
 disso, a dim
inuição do fluxo d’água resulta na sum
a m
ais efetiva infiltração no 
solo. 
Devido ao seu alto custo, em
 relação às práticas citadas anteriorm
ente, os terraços têm
 sido 
usados em
 situações m
ais graves de erosão. Esta prática varia quanto aos fatores am
bien-
tais, visando alocar-se à determ
inadas função.
3.2 Com
pactação
O
utro problem
a causado pelo uso excessivo e inadequado da m
ecanização do 
solo é a com
pactação de cam
adas subsuperficiais, conhecida com
o “pé-de-a-
rado” ou “pé-de-grade”. Alguns solos podem
 apresentar cam
adas coesas natu-
ralm
ente, decorrentes de seu processo de gênese. Contudo, a m
aior parte dos 
problem
as têm
 surgido pela atividade antrópica. As cam
adas, com
pactadas, 
tendem
 a aum
entar a erosão, pois dificultam
 a infiltração da água da chuva.
 É im
portante, tam
bém
, atentar para as condições de um
idade do terreno antes 
do preparo. O
 ponto de um
idade ideal é aquele em
 que o trator opere com
 o 
m
ínim
o esforço, produzindo os m
elhores resultados na execução do serviço. 
Com
 o solo m
uito úm
ido, os problem
as de com
pactação aum
entam
. A terra 
(barro) fica retida nos im
plem
entos, chegando a im
pedir a operação.
Em
 solo m
uito seco, é preciso passar a grade várias vezes para quebrar os 
torrões, o que exige m
aior consum
o de com
bustível. Com
 isso, o custo de pro-
dução aum
enta e o solo perde a estrutura. Teor de argila, um
idade do solo e 
profundidade de preparo desejada são variáveis chave para bom
 dim
ensiona-
m
ento dom
aquinário e dos im
plem
entos.
Durante as operações agrícolas no sistem
a de cultivo, o solo pode sofrer um
a sequência de 
ações de com
pactação e descom
pactação. Esses processos poderão agravar ou prom
over 
a desagregação da estrutura e a com
pactação do solo. O
 em
pobrecim
ento da estrutura do 
solo, com
 desagregação e desprendim
ento das partículas, facilita o seu arrastam
ento pela 
água da chuva, acelerando o processo de erosão e lim
itando a produtividade.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
22
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DICE
Solos não cultivados em
 áreas urbanas necessitam
 de m
anejo e conservação, 
o que atualm
ente é um
 desafio! N
os países desenvolvidos, a poluição das cida-
des tornou-se um
a realidade, e hoje busca-se incansavelm
ente soluções para 
esse problem
a. A concentração urbana, por outro lado, exige adicional fonte de 
ar puro, áreas para recreação, etc. Estratégias de planejam
ento urbano deno-
m
inadas áreas verdes estão sendo a cada vez m
ais difundidas. 
Degradação do solo em
 
áreas urbanas
4.1 Causas
A erosão em
 áreas urbanas têm
 sido atribuída ao intenso escoam
ento super-
ficial, fruto da rem
oção da cobertura vegetal, que expõe o solo à erosão até as 
cam
adas subsuperficiais e leva à m
aior suscetibilidade do processo erosivo e, 
ou, dificulta o estabelecim
ento de vegetação de cobertura do solo. Tais fatos 
levam
 à m
udanças nos sistem
as naturais de drenagem
 das águas superficiais 
e subsuperficiais, alavancando o processo erosivo e suas consequências.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
23
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DICE
4.2 Consequências
4.3 Controle
A erosão nos centros urbanos resulta em
 acúm
ulo de sedim
entos e obstrução dos cursos 
d’água, potencializando inundações e causando prejuízos diversos pelo assoream
ento dos 
leitos. Reduz, portanto, a capacidade de arm
azenam
ento de águas, prejudicando o abaste-
cim
ento público e industrial, a recreação, a navegabilidade, etc. São observadas, tam
bém
, 
alterações na qualidade da água, elevando os custos de tratam
ento e na ecologia, tanto pela 
m
odificação quím
ica, quanto física da cor.
As m
edidas de controle da erosão em
 áreas urbanas passam
 pelo adequado tratam
ento no 
plano diretor urbano, ou seja, o uso racional do solo do ponto de vista de m
anejo e conser-
vação. As ações tratadas até aqui visam
 a coleta e o desvio do excesso de água de escoa-
m
ento. O
 princípio norteador consiste no planejam
ento da ocupação e do uso do solo em
 
com
um
 acordo com
 a preservação das características topográficas, de solo, de drenagem
 e 
da vegetação local.
A ocupação do solo deve levar em
 consideração o relevo, ou seja, a declividade do terreno. 
As áreas situadas em
 terrenos adjacentes aos cursos d’água têm
 com
o função a coleta, para 
infiltração do volum
e de chuva. Excedentes não devem
 causar problem
a em
 áreas planeja-
das. Contudo, dependendo das condições de ocupação, m
enor quantidade de água pode ser 
coletada e retida nas m
argens de tais corpos, acum
ulando-se em
 fluxos que aum
entarão a 
vazão da bacia e, consecutivam
ente, a possibilidade de inundações.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
24
VOLTAR AO ÍN
DICE
É fato que a ocupação intensa e desordenada levará à increm
entos de im
perm
eabilização 
do terreno e, consequente, um
 potencial erosivo m
aior. A adoção de faixas de terra entre as 
construções deve ser respeitada. A largura entre tais faixas deve ser planejada, principalm
en-
te, conform
e o tipo de solo, a declividade e a vegetação natural.
É im
portante verificar as áreas m
ais sujeitas à erosão, sobretudo por um
 levantam
ento habi-
lidoso do solo e sua suscetibilidade. As áreas de escoam
ento natural das águas devem
 ser 
m
antidas protegidas e, se possível, aum
entar sua eficiência. A construção de barreiras per-
pendicularm
ente a estas áreas é um
 dos principais agravantes de perturbação de solos em
 
áreas urbanas. N
as rodovias, é com
um
 a observação de arraste do asfalto quando construído 
contra o fluxo natural do escoam
ento, trazendo perigo e transtorno aos usuários. 
Áreas de encostas declivosas e m
argens de cursos d’água são potencialm
ente m
ais perigo-
sas. Além
 disso, a construção de vias em
 contorno, a coleta das águas de calhas pelos m
o-
radores, etc., devem
 fazer parte de políticas públicas e, ou, privadas de educação e proteção 
am
biental.
N
o contexto das políticas públicas de educação proteção am
biental e planejam
ento urbano, 
devem
 ser observadas a legislação federal e local específicas para o controle da erosão ur-
bana. O
 plano diretor deve ser a base transparente e participativa para a tom
ada de decisão. 
Equipes plurais podem
 considerar cada aspecto em
 sua im
portância singular e conjunta, au-
m
entando as chances de sucesso das ações e políticas públicas.
Com
o aum
entar a fertilidade do solo? M
inim
izando im
pactos e aum
entando a produtividade
25
VOLTAR AO ÍN
DICE
Considerações finais
Ao final deste m
aterial é possível perceber que a fertilidade do solo integra 
atributos quím
icos, físicos e biológicos. Estes fatores devem
 ser m
anuseados 
de form
a conjunta, com
 objetivo de aum
entar a produtividade e preservar os 
solos. 
É fundam
ental para a agricultura tropical deste novo m
ilênio conciliarm
os a 
produção agropecuária com
 a preservação da natureza. Só assim
 vam
os ga-
rantir que nossos cam
pos produzam
 alim
entos saudáveis, em
 quantidade su-
ficiente para abastecer a população. Tam
bém
 terem
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água e ar, e cuidando da nossa diversidade para as próxim
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