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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 00 1. Constituição. Conceito. Classificação. Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais. 4. Princípios Fundamentais da Constituição Brasileira. 2. Poder Constituinte. Conceito, Finalidade, Titularidade e Espécies. I. INTRODUÇÃO ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐8 II. ORIGEM E CONTEÚDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐9 III. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 12 IV. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 19 V. PODER CONSTITUINTE‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 32 VI. EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS‐‐‐‐‐‐‐‐‐44 VII. ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 52 VIII.PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 58 IX. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 72 X. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 79 XI. QUESTÕES DA AULA‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 97 XII. GABARITO ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 118 XIII.BIBLIOGRAFIA CONSULTADA‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 120 Olá futuros Auditores-Fiscais do Trabalho! Prontos para o SEU salário de R$ 13.600,00? Primeiramente, vou me apresentar para que vocês me conheçam um pouco melhor. Meu nome é Roberto Troncoso, sou Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União aprovado no concurso de 2007 e pós- graduado em Auditoria e Controle da Gestão Governamental. No Tribunal, exerço a função de Pregoeiro Oficial e Gerente de Processos. Antes de trabalhar na Corte de Contas, fui Agente da Polícia Federal e Técnico Judiciário do TJDFT. Durante essa caminhada pelo mundo dos concursos, também fui aprovado dentro das vagas para outros cargos, porém, sem assumi-los: Agente de Polícia Federal Regional – 2004, Agente de Polícia Civil do DF – 2004, Ministério das Relações Exteriores – Oficial de Chancelaria – 2004 e Escriturário do BRB – 2001. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 2 O PROCESSO DE ESTUDO PARA CONCURSOS Uma vez apresentados, gostaria de dizer para vocês que o processo de estudo para concursos públicos pode ser dividido em três etapas: aprendizado do conteúdo, revisão da matéria por meio de esquemas e mapas mentais e, por fim, a aplicação do conhecimento e mensuração do nível de aprendizagem por meio de resolução de exercícios e provas anteriores. Nosso curso se dedica aos três passos: Exposição teórica do conteúdo completo da matéria de forma simples e objetiva, com a linguagem mais acessível possível. Esquemas com a matéria abordada para facilitar o estudo e a revisão. Mais de 1.000 exercícios resolvidos e comentados! Não há exigência de conhecimentos prévios. O curso é voltado tanto para o estudante que nunca estudou Direito Constitucional quanto para o aluno mais avançado, que quer adquirir conhecimentos profundos sobre o tema. FALANDO SOBRE A SUA PROVA A matéria de Direito Constitucional é de importância fundamental para a sua aprovação. Ela está na parte de conhecimentos gerais, tem peso dois, vale aproximadamente 20% da sua prova objetiva e é um dos possíveis temas para a sua prova discursiva. Dessa forma, você deve dar muita atenção a essa disciplina! O conteúdo do nosso curso se baseia edital do último concurso. Se vocês já tiveram a oportunidade de analisá-lo, verão que ele é bastante extenso, o que requer um esforço extra da nossa parte. Vejam só o seu edital, na ordem em que será visto em nossas aulas: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 3 Aula 00 09/03/12 1. Constituição. Conceito. Classificação. Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais. 4. Princípios Fundamentais da Constituição Brasileira. 2. Poder Constituinte. Conceito, Finalidade, Titularidade e Espécies. Aula 01 19/03/12 6. Direitos e Garantias Fundamentais: Direitos e Deveres Individuais e coletivos, e Direito de Petição Aula 02 29/03/12 6. Direitos e Garantias Fundamentais: Direitos e Deveres Sociais, Políticos e Nacionalidade. Aula 03 09/04/12 Tutela Constitucional das Liberdades: Mandado de Segurança, Habeas Corpus, Habeas Data, Ação Popular, Mandado de Injunção. Ação Civil Pública. Aula 04 19/04/12 5. Organização dos Poderes do Estado. Poder executivo Aula 05 29/04/12 5. Organização dos Poderes do Estado. Poder legislativo Aula 06 9/05/12 5. Organização dos Poderes do Estado. Processo legislativo Aula 07 19/05/12 5. Organização dos Poderes do Estado. Poder judiciário Aula 08 29/05/12 5. Organização dos Poderes do Estado. Funções essenciais à justiça Aula 09 09/06/12 3. Supremacia da Constituição. Controle de Constitucionalidade. Sistemas de Controle de Constitucionalidade. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Ação Declaratória de Constitucionalidade. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Aula 10 19/06/12 3. Supremacia da Constituição. Controle de Constitucionalidade. Sistemas de Controle de Constitucionalidade. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Ação Declaratória de Constitucionalidade. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Aula 11 29/06/12 8. Da Ordem Social. Seguridade Social: Conceito, Objetivos e Financiamento. Saúde, Previdência Social e Assistência Social. Aula 12 09/07/12 7. Da Ordem Econômica e Financeira: Princípios Gerais da Atividade Econômica. Sistema Financeiro Nacional. A programação será seguida com a maior fidelidade possível ao calendário e ao conteúdo programático. No entanto, ela não será rígida e poderá haver alterações no decorrer do curso. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 4 Não trataremos do tema 9. Administração Pública: Princípios Constitucionais, uma vez que ele pertence à disciplina “Direito Administrativo.” Abordaremos os pontos mais importantes e que, a nosso ver, têm maior possibilidade de cair na sua prova. Com a publicação do edital, faremos os devidos ajustes no cronograma e/ou conteúdo, se necessário. METODOLOGIA Meu caro aluno e futuro Auditor-Fiscal do Trabalho, no desenvolvimento desse material, para que você entenda melhor os conceitos, utilizarei a linguagem mais fácil e acessível possível, sem me prender ao “juridiquês”. No entanto, tenha em mente que a linguagem jurídica é muito importante e é ela que provavelmente cairá em sua prova. Primeiramente, farei a exposição do conteúdo. Logo em seguida, sempre que necessário, trarei um esquema para que você possa revisar a matéria com mais rapidez. Por último, trarei uma bateria de exercícios comentados relacionados ao tema. Apesar de saber que a ESAF (sua banca examinadora) usará, na sua prova, somente questões de múltipla escolha, faremos, na maioria das vezes, questões de Certo ou Errado. Isso porque, quando estamos fazendo exercícios de múltipla escolha, ao marcarmos uma assertiva que temos certeza de estar certa, tendemos a descartar automaticamente os demais itens da questão, ou, no mínimo, analisamo-los de forma tendenciosa. Dessa forma, não fazemos o juízo de valor mais adequado e, consequentemente, aprendemos menos. No decorrer do curso, serão usadasquestões da ESAF e também de outras bancas. Isso ocorrerá por três motivos: primeiro, porque conseguiremos fazer um número muito maior de exercícios. Fazer exercícios é FUNDAMENTAL e fazer muitos é melhor ainda. Segundo, para que consigamos enxergar a matéria de diferentes formas, tendo, como consequência, um maior aprendizado. Se fizermos exercícios onde a mesma matéria é cobrada de formas diferentes, aprendemos muito mais e começamos a ter uma visão mais ampla do conteúdo ao invés daqueles "decorebinhas" de cada banca. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 5 Terceiro, para os alunos não "viciarem na banca" e se aterem ao conteúdo. Você já reparou que tem gente que não gosta da FCC, do CESPE, ou da ESAF ou da banca xyz? Na minha opinião, isso é bobagem, pois o conteúdo é um só. Imagine se a banca do concurso for justamente a que você não gosta. Agora o pior: imagine se o estilo da banca mudar justamente na sua prova!!! Esse movimento já vem sendo nitidamente percebido em bancas como a ESAF e a FCC, que estão adotando questões mais interpretativas. Igualmente, bancas como o CESPE, que tradicionalmente aplicam provas mais interpretativas, em algumas provas, vêm trazendo algumas questões com um estilo mais “decoreba”. Dessa forma, resolver questões somente da banca não é a estratégia mais adequada... Devemos estar preparados para qualquer tipo de prova! COMO TORNAR SEU ESTUDO MAIS EFICIENTE Muitas pessoas estudam para concursos públicos por dois, três, quatro anos e não passam. Você sabe por quê? Será que essas pessoas não são inteligentes? Eu garanto que elas são inteligentes sim! E muito! Mas talvez método de estudo dessas pessoas não esteja sendo tão eficiente quanto poderia. Vou dar algumas dicas para melhorar a qualidade do seu estudo. Esse método de estudo funcionou até agora para mim e para TODOS os meus alunos que estudaram dessa forma, sem exceções. Espero que ajude você também. 1. Coloque todo o seu conhecimento em apenas um lugar: no seu caderno (ou mapa mental). Tudo o que você aprender nas aulas presenciais, coloque no caderno. Tudo o que você ler nos livros e for importante, coloque no caderno. Todos os exercícios que você fizer e que a informação não esteja no caderno, coloque lá. Até mesmo as aulas online, coloque tudo no seu caderno (ou mapa mental). Com o tempo, seu caderno vai ficar bastante completo e a informação estará do seu jeito, com as suas palavras e com a sua cara. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 6 2. Se for estudar pelo livro, leia-o apenas UMA vez e coloque a informação no seu caderno. É muito pouco produtivo ficar lendo ou revisando em livros. 100 páginas de livro correspondem, em média a 10 de caderno. E é muito mais rápido ler 10 páginas escritas do seu jeito do que 100 páginas de linguagem rebuscada. 3. REVISE todo o seu caderno periodicamente (no mínimo três vezes por mês, ou seja, a cada 10 dias). O conhecimento é como um objeto colocado na superfície da água: ele vai caindo devagar em direção ao fundo. Se aprendermos alguma coisa nova e nunca mais usarmos esse conhecimento, nosso cérebro entende que aquilo não é importante e descarta a informação. Dessa forma, devemos então mesclar o estudo de novas matérias com as revisões do que já foi estudado de forma a sempre deixar nosso conhecimento na superfície e não deixarmos que ele afunde. Por isso, a revisão periódica é FUNDAMENTAL! É aqui que você realmente aprende e fortalece sua rede neural, fixando o conhecimento no cérebro. Se você deixar para revisar na última hora, não vai adiantar nada. É exatamente assim que eu estudo: Aprendendo coisas novas, fazendo muitos exercícios e SEMPRE revisando o que eu já aprendi. E, para que o estudo seja eficiente, devemos ter uma forma ágil de resgatar e revisar a informação: o caderno ou o mapa mental. Revisar a matéria direto nos livros, mesmo com o realce / marca-texto / sublinhados etc. não é a forma mais eficiente de resgatar a informação. Vocês perceberão nas aulas (inclusive nessa), que eu uso esquemas em três cores para sistematizar o conteúdo. O meu caderno é EXATAMENTE desse jeito. Esses esquemas são praticamente a digitalização das minhas anotações. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 7 COMO FAZER EXERCÍCIOS? 1- Faça as questões uma a uma e confira o gabarito IMEDIATAMENTE. Caso tenha alguma dúvida, procure saná-la de pronto. Evite fazer um bloco inteiro para somente depois conferir. Você acaba sem sanar todas as suas dúvidas e perdendo informações valiosas. 2- Ao terminar a bateria, calcule quantos itens você acertou, quantos errou e qual foi sua porcentagem de acertos (uma errada anula uma certa, estilo Cespe, ok?, ainda que a prova seja de outra banca). Mas por que, Roberto? Resposta: para saber a efetividade do seu estudo e para ter um parâmetro de autoavaliação. 3- Quando atingir entre 80% e 90%, PARABÉNS! E VÁ ESTUDAR OUTRA MATÉRIA! Não tente chegar aos 100%, pois o custo benefício desse conhecimento é baixo. Lembre-se: seu objetivo é passar na prova e não virar doutor em Direito Constitucional. Caso necessário, enviem suas dúvidas, sugestões, pedidos especiais, comentários sobre o material, erros de digitação etc. para o email robertoconstitucional@gmail.com Conheçam também meu blog, com questões comentadas e dicas de concursos: http://robertoconstitucional.blogspot.com Finalizada a parte introdutória, vamos ao estudo! CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 8 I. INTRODUÇÃO Para melhor entendermos o que estamos estudando, é necessário que coloquemos o conhecimento na “gaveta” correta do nosso cérebro. Assim, sempre que estiver estudando algum conteúdo, é necessário saber em qual parte do todo ele se encaixa. É como se, primeiramente, sobrevoássemos de avião para ver o terreno em que vamos pisar. Uma vez visto o terreno de cima, aí sim, pousamos e vamos ver as peculiaridades de cada pedacinho dele. Essa é uma das possíveis estruturas do Direito Constitucional, observe-a bem e sempre a utilize para se orientar em seus estudos. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 9 II. ORIGEM E CONTEÚDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL Vamos começar com o estudo sobre a introdução à Constituição. Esse é um assunto bastante recorrente em provas. Apesar de, geralmente, não caírem muitas questões em uma mesma prova, ele sempre está presente, e pode ser o seu diferencial. Certa vez uma aluna me contou que ficou por duas questões na prova de Gestor, um concurso dificílimo, e que as questões que mais errou foram justamente sobre essa parte da introdução à Constituição. Então, apesar de ser um conteúdo introdutório, ele é bastante importante, sempre está presente em provas e pode ser decisivo em sua aprovação. Vou agora, antes de definir o que é o Direito Constitucional, repassar alguns conceitos para você. Apesar de não caírem tanto em provas, eles são importantes para a compreensão posterior do conteúdo. • Estado: é a organização de um povo soberano em um território. • Soberania: é a capacidade do povo em tornar efetivas as suas decisões e a reger a sua vida interna sem a interferência de fatores externos. É o poder supremo que um Estado exerce dentro de seu território não reconhecendo qualquer outro equivalente ou superior. Assim, a soberania poderá ser exercida inclusive através da coação física legítima, como o poder de polícia.• Nação: é a união de pessoas que possuem os mesmos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional. O conceito de nação não depende de território e sim do sentimento de unidade que as pessoas possuem. Por exemplo: os bascos. A nação basca está inserida dentro do território espanhol. Para todos os fins, eles são espanhóis e são regidos pela lei e governo espanhóis. No entanto, eles possuem língua própria, cultura própria e costumes próprios. Se alguém perguntar para uma criança basca se ela é espanhola, ela responderá: “Não. Eu sou basca”. Então, apesar dos bascos serem espanhóis, eles não se sentem pertencentes à CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 10 Espanha. Assim, o conceito de nação pressupõe a consciência nacional. Além disso, o conceito de nação não está ligado a um território. Podemos ter um Estado com mais de uma nação, por exemplo, a Rússia. Pode haver também, uma nação sem território, como os bascos. • Constituição: é a organização de um povo dentro de um território. É a maneira pela qual um povo se estrutura, interage e se organiza em seu espaço territorial. Esse é o conceito de Constituição em sua concepção ampla. Por enquanto fique com ele, mais tarde, trarei outros conceitos para você. A Constituição (nesse sentido amplo) não precisa ser escrita. Em sua concepção clássica, ela deve trazer normas sobre: a) Organização do Estado; b) aquisição, exercício e transmissão do poder; e c) Limitações ao poder do Estado (Direitos e Garantias Fundamentais). Com o desenvolvimento do estudo do Direito Constitucional e do Estado Moderno, houve a expansão do objeto das Constituições, inserindo-se normas estranhas àqueles três temas, como a proteção ao meio ambiente, à família, ou que o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal (vide CF, art. 242, § 2º). A origem do estudo do Direito Constitucional se deu com a promulgação da Constituição Americana, em 1787 e com a Revolução Francesa, em 1789. Guarde bem essas datas, pois, “vira e mexe”, elas caem em prova. Esquematizando: • Constituição – Organiza o povo dentro do território (não precisa ser escrita) o Concepção Clássica - Organização do Estado (Const Material) - Aquisição, exercício e transmissão do Poder - Limitação do Poder do Estado (DGF) o Evolução das Constituições – Estado Moderno: expansão do objeto constitucional • Origem - Constituição Americana: 1787 - Revolução Francesa: 1789 CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 11 EXERCÍCIOS 1. (CESPE/Analista-SERPRO/2008) O conceito de Estado possui basicamente quatro elementos: nação, território, governo e soberania. Assim, não é possível que haja mais de uma nação em um determinado Estado, ou mais de um Estado para a mesma nação. Errado. A nação é caracterizada pelo sentimento de união entre seus membros, ou seja, pela consciência nacional. Além disso, o conceito de nação não está ligado a um território. Podemos ter um Estado com mais de uma nação, por exemplo, a Rússia. Pode haver também, uma nação sem território, como os bascos. 2. (CESPE/Promotor MPE-AM/2008) A soberania do Estado, no plano interno, traduz-se no monopólio da edição do direito positivo pelo Estado e no monopólio da coação física legítima, para impor a efetividade das suas regulações e dos seus comandos. Certo. A soberania é a capacidade do povo em tornar efetivas as suas decisões e a reger a sua vida interna sem a interferência de fatores externos. É o poder supremo que um Estado exerce dentro de seu território não reconhecendo qualquer outro equivalente ou superior. Assim, a soberania poderá ser exercida inclusive através da coação física legítima, como o poder de polícia. Quando a questão fala em “monopólio do direito positivo” significa que somente o Estado pode criar as leis, que deverão ser obedecidas por todos. 3. (CESPE/Promotor MPE-AM/2008) Os tradicionais elementos apontados como constitutivos do Estado são: o povo, a uniformidade linguística e o governo. Errado. Os elementos tradicionais constitutivos do Estado são: povo, território e soberania. Observe que até mesmo esses conceitos mais simples caem em prova!!! Essa prova era de Promotor! Uma prova com nível de dificuldade considerado elevado pode trazer uma questão exigindo os conceitos básicos! Assim, preste atenção a eles! CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 12 III. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO Por mais estranho que isso possa parecer, siga o seguinte comando: “Pense em um automóvel”. Agora peça a duas ou três pessoas que estejam próximas a você para fazer o mesmo. Qual foi o automóvel que você e as outras pessoas pensaram? A resposta, quase sempre, inclui: Ferrari, Porsche, Mercedes, BMW etc. Da mesma forma que cada um tem um conceito para a palavra “automóvel”, existem também vários conceitos para a palavra Constituição. Vamos aos principais: 1. CONCEITO MATERIAL É o cerne/núcleo do estudo constitucional. Engloba normas sobre: a) Organização do Estado; b) aquisição, exercício e transmissão do poder; e c) Limitações ao poder do Estado (Direitos e Garantias Fundamentais). A constituição material pode ou não estar escrita em um documento. 2. CONCEITO FORMAL Pressupõe um texto escrito com normas materiais (vide conceito acima) e outras normas, todas com IGUAL hierarquia. Repetindo: NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE AS NORMAS EM UMA CONSTITUIÇÃO FORMAL. Se uma norma está na Constituição, então ela tem a mesma validade de qualquer outra norma, independente se é materialmente constitucional ou não. Esse é o tipo de conceito adotado pelo Brasil. Exemplo: uma Constituição, escrita em um documento formal, possui normas sobre a) organização do Estado; b) aquisição, exercício e transmissão do poder; c) limitações ao poder do Estado e d) sobre o meio ambiente. Perceba que os três primeiros tipos de norma são materialmente constitucionais (pelo conceito acima) e também formalmente constitucionais, pois estão escritas na Constituição. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 13 Por sua vez, as normas sobre o meio ambiente serão também formalmente constitucionais, uma vez que estão escritas na Constituição (mas não são normas materialmente constitucionais). Observe que nessa Constituição fictícia, por ser formal, todas as normas possuem igual hierarquia. 3. CONCEITO SOCIOLÓGICO Elaborado por Ferdinand Lassale (guarde esse nome, pois ele cai em prova!!), esse conceito diz que a Constituição é a soma dos fatores reais de poder, ela é fato social e não norma. Segundo ele, a CF reflete a realidade social. Explicando: a Constituição é a forma como um povo realmente se organiza. Não é porque alguém escreve um pedaço de papel e chama aquilo de Constituição que esse pedaço de papel vai reger a vida do povo. Ou seja, a Constituição escrita só terá validade se ela realmente refletir a forma como o povo se organiza (se refletir os reais jogos de poder daquela determinada sociedade). Assim, a Constituição real deve apenas ser formalizada pela constituição escrita, caso contrário, será “mera folha de papel”. 4. CONCEITO JURÍDICO Elaborado por Hans Kelsen (e guarde esse nome porque ele também cai em prova!), o conceito jurídico se contrapõe frontalmente ao conceito sociológico. Segundo Kelsen, a Constituição deve ser observada de um ponto de vista estritamente formal, ou seja: só é Constituição o que está na Constituição. A sua validade independe da aceitação, de valores ou de moral. Ouseja: se está escrito, é Constituição. Se não está escrito, não o é. Esse conceito é o adotado no Brasil. Complementando o conceito jurídico, o princípio da força normativa da CF, desenvolvido por Konrad Hesse, ainda diz que, caso uma norma esteja escrita na Constituição, ela sempre terá valor normativo e a sociedade deve se organizar (ou, pelo menos buscar se organizar) da forma como está escrito na Constituição. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 14 5. CONCEITO POLÍTICO Elaborado por Carl Schmitt (não precisa mais falar para guardar esse nome, não é?), o conceito político diz que a Constituição é uma decisão política fundamental e que sua validade está na decisão (política) de se criar uma Constituição. Assim, esse conceito diz que a Lei Maior é fruto da decisão de se criar essa Constituição. Schmitt defende ainda a diferenciação entre a Constituição e as leis constitucionais. A primeira refletiria a decisão política fundamental do titular (dono) do poder constituinte, quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, aos direitos individuais e à atuação democrática, enquanto as leis constitucionais seriam todos os demais dispositivos inseridos dentro do texto constitucional, mas que não trazem normas sobre a decisão política fundamental. Uma dica para memorizar os autores e os respectivos conceitos: Esquematizando: SoSSiológico – LaSSale PolíTTico – SchmiTT JurídiKo – Kelsen CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 15 • Material - Organização do Estado Cerne* - Aquisição, exercício e transmissão do Poder - Limitação do Poder do Estado (Direitos e Garantias Fundamentais) • Formal - - Pressupõe texto escrito com normas materiais e outras normas, todas com IGUAL hierarquia - Adotado pelo Brasil • Sociológico - Ferdinand Lassale - CF = soma dos fatores reais de poder - CF é fato social e não norma - A Constituição reflete a realidade social. - A Constituição escrita apenas formaliza a real - Vivem paralelamente 2 constituições - Real - Escrita - (não vale nada) – é mera folha de papel se não representar os reais jogos de poder - A Constituição escrita somente sistematiza em um documento formal as regras que já existem no mundo real • Jurídico - Hans Kelsen - Estritamente formal - A validade da CF independe de sua aceitação, de valores ou de moral - Adotado pelo Brasil • Político - Carl Schmitt - A Constituição é uma decisão política fundamental - Sua validade não está na justiça e sim na decisão política - Ato Constituinte = vontade de criar a Constituição - Distinção entre Constituição e leis Constitucionais Constituição (cerne) VS Leis Constitucionais (o resto) • Uma dica para memorizar os autores e os respectivos conceitos: SoSSiológico – LaSSale PolíTTico – SchmiTT JurídiKo – Kelsen Conceito CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 16 EXERCÍCIOS 4. (CESPE/MMA/2009) No sentido sociológico defendido por Ferdinand Lassale, a Constituição é fruto de uma decisão política. Errado. O conceito sociológico realmente era defendido por Lassale. No entanto, a questão deu o conceito político, proposto por Carl Schmitt. O sentido defendido por Lassale dizia que a Constituição deve refletir a soma dos reais fatores de poder. 5. (CESPE/MMA/2009) No sentido jurídico, a Constituição não tem qualquer fundamentação sociológica, política ou filosófica. Certo. No conceito jurídico, defendido por Hans Kelsen, a Constituição é uma norma “pura” e o que importa é a formalidade, a rigidez e a supremacia constitucional. Para ele, realmente, a validade da Constituição não depende de sua aceitação ou da moral. 6. (CESPE/ANAC/2009) Concebido por Ferdinand Lassale, o princípio da força normativa da CF é aquele segundo o qual os aplicadores e intérpretes da Carta, na solução das questões jurídico-constitucionais, devem procurar a máxima eficácia do texto constitucional. Errado. O sentido de constituição defendido por Lassale era o sociológico, onde a Carta Maior deveria ser um retrato dos fatores reais de poder. O princípio da força normativa da CF foi desenvolvido por Konrad Hesse, um positivista que defendia o sentido jurídico da constituição, muito mais próximo, portanto, ao conceito proposto por Kelsen. Além disso, o princípio descrito na assertiva é um princípio de interpretação constitucional chamado “princípio da máxima efetividade”. 7. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) No sentido sociológico, a constituição seria distinta da lei constitucional, pois refletiria a decisão política fundamental do titular do poder constituinte, quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, aos direitos individuais e à atuação democrática, enquanto leis constitucionais seriam todos os demais preceitos inseridos no documento, destituídos de decisão política fundamental. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 17 Errado. Esse é o conceito político defendido por Carl Schmitt. Para ele, existe a Constituição, que é formada pelas normas que organizam o Estado e limitam o poder estatal, e as "leis constitucionais", que são dispositivos inseridos no texto constitucional, mas que não trazem normas sobre a decisão política fundamental. 8. (CESPE/Juiz Federal Substituto – TRF 5ª/2009) Segundo Kelsen, a CF não passa de uma folha de papel, pois a CF real seria o somatório dos fatores reais do poder. Dessa forma, alterando-se essas forças, a CF não teria mais legitimidade. Errado. Esse é o conceito sociológico, defendido por Lassale, onde a Constituição escrita somente seria válida se refletisse o somatório dos fatores reais de poder. Já Kelsen defendia o conceito jurídico de constituição, um conceito positivista e estritamente formal, onde, se uma norma está escrita na Constituição, ela deve ter valor normativo e jurídico. 9. (ESAF/ PGFN/2007) Carl Schmitt, principal protagonista da corrente doutrinária conhecida como decisionista, advertia que não há Estado sem Constituição, isso porque toda sociedade politicamente organizada contém uma estrutura mínima, por rudimentar que seja; por isso, o legado da Modernidade não é a Constituição real e efetiva, mas as Constituições escritas. Errado. Carl Schmitt realmente era defensor da corrente decisionista (a CF é uma decisão política). No entanto, defendia a diferenciação entre constituição (normas materialmente constitucionais) e leis constitucionais (normas apenas formalmente constitucionais). Para ele, as normas formalmente constitucionais, apesar de estarem inseridas no texto da CF, não seriam constituição. Assim, o mais importante para ele não era a constituição escrita, mas sim o conteúdo das normas. Portanto, o erro da questão está em sua parte final. 10. (ESAF/ PGFN/2007) Para Ferdinand Lassalle, a constituição é dimensionada como decisão global e fundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebível, nesta perspectiva materializante, a ideia de rigidez de todas as regras. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 18 Errado. Esse é o conceito político defendido por Carl Schmitt. Lassale defendia que a constituição era um fato social e não uma norma. Assim, existiriam duas constituições: a constituição real (os reais jogos de poder daquela sociedade) e a escrita, que seria mera “folha de papel” se não representasse os reaisfatores de poder. 11. (ESAF/AFC-STN/2005) Na concepção de constituição em seu sentido político, formulada por Carl Schmitt, há uma identidade entre o conceito de constituição e o conceito de leis constitucionais, uma vez que é nas leis constitucionais que se materializa a decisão política fundamental do Estado. Errado. Realmente o sentido político foi formulado por Carl Schmitt. No entanto, não existe unidade entre o conceito de constituição e leis constitucionais. Pelo contrário! São coisas diferentes! Para Schmitt, a Constituição é a decisão política fundamental e é formada pelas normas que organizam o Estado e limitam o poder estatal. Já as leis constitucionais são dispositivos inseridos dentro do texto constitucional, mas que não trazem normas sobre a decisão política fundamental e, portanto, não são válidas como Constituição. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 19 IV. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Meu caro Auditor-Fiscal do Trabalho, assim como existem vários conceitos de Constituição, existem também várias classificações para ela. Dessa vez farei diferente: passarei primeiro o esquema para depois comentar (lembre-se: tenha sempre a visão do todo antes de ir para os pontos específicos). As principais classificações de Constituição são as seguintes: • Conteúdo - “Quais são os temas tratados pela Constituição?” - Formal (art. 242 par. 2o) - Material • Alterabilidade - “De que forma a Constituição pode ser alterada?” - Rígida – procedimento de EC mais difícil que as leis - Semirrígida ou semiflexível – parte rígida e parte flexível - Imutável – não muda nunca. Fadada ao fracasso. - Flexível – procedimento de EC igual das leis • Forma - “A Constituição está escrita em um texto único?” - Escrita / instrumental - Não escrita • Extensão - “Qual é o tamanho da Constituição e de que ela trata?” - Analítica ou prolixa (BR 250 art. + 67 EC) - Sintética, concisa ou Negativa (EUA 7 art + 27 EC) - “De que forma foi feita a Constituição?” • Modo de - Dogmática - Escritas: 1 único ato do Poder constituinte elaboração - Reflete a sociedade em um dado momento no tempo - Histórica - criada no decorrer do tempo com o longo processo de desenvolvimento da sociedade • Origem -“Quem criou a Constituição?” - Cesarista ou mistificada - Outorgada - Promulgada ou popular Vamos explicar uma a uma: C la ss ifi ca çã o da s c on st itu iç õe s (q ua tn o a/ ao ) CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 20 1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CONTEÚDO Essa classificação leva em conta a seguinte pergunta: “Quais são os temas tratados pela Constituição?” Se, na Constituição, houver somente normas essenciais / materialmente constitucionais, ou seja, em relação à Organização do Estado; aquisição, exercício e transmissão do poder e Limitações ao poder do Estado, ela será uma Constituição Material. Por outro lado, quando a Constituição contém normas relativas a outros conteúdos não essenciais, ela será classificada como formal. 2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ALTERABILIDADE Essa classificação leva em conta a seguinte pergunta: “De que forma a Constituição pode ser alterada?” A Constituição será: • Imutável: quando não puder ser modificada. Segundo os autores, esse tipo de Constituição está fatalmente destinada ao fracasso, uma vez que a sociedade evolui e a Constituição escrita não a acompanha nesse progresso. Entendendo melhor: um dos conceitos de constituição não é justamente “a forma como uma sociedade se organiza?” Então, as mudanças da sociedade devem ser refletidas também na constituição escrita, sob pena de haver um descompasso tamanho entre o texto escrito e a realidade, que culminará com a queda da constituição. • Rígida: quando o procedimento de alteração do texto constitucional é mais difícil do que o procedimento de criação das leis infraconstitucionais (leis que estão abaixo da Constituição). • Flexível: quando o procedimento de alteração do texto constitucional NÃO é mais difícil do que o procedimento de criação das leis infraconstitucionais. • Semirrígida ou semiflexível: quando uma parte da Constituição é rígida e a outra parte é flexível. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 21 3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA Essa classificação leva em conta a seguinte pergunta: “A Constituição está escrita em um texto único?” Se a resposta for positiva, estaremos diante de uma Constituição Escrita. Por outro lado, ela será Não Escrita quando não estiver consolidada em um texto único. Isso ocorre em duas hipóteses: quando a CF realmente não está escrita em lugar nenhum ou quando está escrita em textos esparsos. Somente as constituições escritas possuem a necessidade de se diferenciar quais normas são materiais e quais normas são apenas formais. Nas constituições não escritas, todas as normas são materialmente constitucionais. 4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EXTENSÃO Essa classificação leva em conta a seguinte pergunta: “Qual é o tamanho da Constituição?” Se a Constituição possuir conteúdo extenso e versar sobre matérias outras além da organização básica do estado, ela será chamada de Analítica ou Prolixa. Por outro lado, se ela for de conteúdo abreviado e tratar somente sobre assuntos relativos à organização básica do Estado, ela será chamada de Sintética ou Concisa. Esse último tipo de constituição também é chamada de constituição negativa porque somente organiza o poder e resguarda as liberdades. Em Direito, uma ação negativa é, na verdade, uma omissão. Um não fazer. Assim, a ação do Estado é limitada para resguardar as liberdades. Ele não pode agir de forma que as prejudique. As constituições analíticas ou prolixas (como a do Brasil) são menos estáveis do que as constituições sintéticas ou concisas (como a dos EUA). Isso porque as constituições sintéticas, por trazerem somente as normas essenciais, ficam muito menos sujeitas a alterações do que as analíticas. 5. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO Essa classificação leva em conta a seguinte pergunta: “De que forma foi feita a Constituição?” Se a Constituição foi produzida no decorrer do tempo e de acordo com o desenvolvimento da sociedade através de sua história, ela será CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 22 classificada como Histórica. Por outro lado, se a Constituição foi produzida em um determinado momento do tempo e reflete os anseios, as aspirações e os dogmas de uma sociedade no momento em que foi produzida, ela será classificada como Dogmática. As constituições dogmáticas, por terem sido elaboradas em um dado momento no tempo, são necessariamente escritas. 6. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM Essa classificação leva em conta a seguinte pergunta: “Quem criou a Constituição?” Se ela vem do povo, será uma Constituição Promulgada ou Popular. Se ela foi criada por um soberano, monarca ou ditador, enfim, se reflete a vontade de outra parte que não a do povo, será classificada como Outorgada. Por último, se a constituição estiver em uma posição intermediária entre as constituições outorgadas (impostas) e as promulgadas (ou populares), ela será classificada como Cesarista. Essa última é uma constituição que é outorgada pelo governante, mas esse, posteriormente, a submete ao crivo popular. Mas Roberto, como faço para memorizar todas essas classificações? Uma dica para memorizar todos esses nomes é o CAFExMO, ou “caféx mocaccino” (lê- se cafécs mocatino). Se você prestou atenção, é a palavra formada pelas iniciais de cada classificação.A constituição - Formal (quanto ao conteúdo) do Brasil é - Rígida (quanto à alterabilidade) - Escrita (quanto à forma) - Analítica (quanto à extensão) - Dogmática (quanto ao modo de elaboração) - Promulgada (quanto à origem) Conteúdo Alterabilidade Forma Extensão Modo de elaboração Origem CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 23 EXERCÍCIOS 12. (CESPE/MMA/2009) Uma Constituição do tipo cesarista se caracteriza, quanto à origem, pela ausência da participação popular na sua formação. Errado. A constituição cesarista é aquela outorgada pelo governante, mas que se submete, posteriormente, ao crivo da população. Assim, ela ocupa uma posição intermediária entre a constituição promulgada e a outorgada. 13. (CESPE/MMA/2009) A CF vigente, quanto à sua alterabilidade, é do tipo semiflexível, dada a possibilidade de serem apresentadas emendas ao seu texto; contudo, com quorum diferenciado em relação à alteração das leis em geral. Errado. A CF vigente é do tipo rígida. A questão misturou os conceitos de constituição rígida e flexível. 14. (CESPE/MMA/2009) A CF de 1988, quanto à origem, é promulgada, quanto à extensão, é analítica e quanto ao modo de elaboração, é dogmática. Certo. Lembre-se: A constituição - Formal (quanto ao conteúdo) do Brasil é - Rígida (quanto à alterabilidade) - Escrita (quanto à forma) - Analítica (quanto à extensão) - Dogmática (quanto ao modo de elaboração) - Promulgada (quanto à origem) 15. (CESPE/MMA/2009) Uma Constituição classificada como semiflexível ou semirrígida significa que ela é tanto rígida como flexível, com matérias que exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração de leis infraconstitucionais. Errado. A justificativa está incompleta. O item inicialmente foi considerado como certo. No entanto, houve alteração do gabarito com a seguinte justificativa: "...deveria ter sido afirmado que algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras só podem ser alteradas por um processo legislativo especial e mais dificultoso". CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 24 16. (CESPE/ TCE-AC/2009) Segundo a classificação da doutrina, a CF é um exemplo de constituição rígida. Certo. A CF88 é rígida devido ao fato do processo para sua modificação ser mais difícil do que o processo de elaboração das leis infraconstitucionais. 17. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Quanto ao modo de elaboração, a constituição dogmática decorre do lento processo de absorção de ideias, da contínua síntese da história e das tradições de determinado povo. Errado. Esse é o conceito de constituição histórica. A constituição dogmática é elaborada em um dado momento do tempo e, por isso, reflete os anseios e os valores de uma sociedade nesse dado período de tempo. 18. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Sob o ponto de vista da extensão, a constituição analítica consubstancia apenas normas gerais de organização do Estado e disposições pertinentes aos direitos fundamentais. Errado. Esse é o conceito da constituição sintética. Por sua vez, a constituição analítica traz, além das normas essenciais, diversas outras normas, que serão apenas formalmente constitucionais. 19. (CESPE/Auditor-TCU/2009) No tocante à estabilidade, consideram-se rígidas as constituições que apresentam um processo legislativo diferenciado e exigências formais especiais quanto à modificação das suas normas, distanciando-se, portanto, do processo legislativo previsto para a alteração das normas infraconstitucionais. Certo. As constituições rígidas são aquelas que possuem um procedimento especial para sua alteração, mais difícil do que o procedimento de elaboração das leis infraconstitucionais. É o caso da CF88. 20. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Na acepção formal, terá natureza constitucional a norma que tenha sido introduzida na lei maior por meio de procedimento mais dificultoso do que o estabelecido para as normas infraconstitucionais, desde que seu conteúdo se refira a regras estruturais do Estado e seus fundamentos. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 25 Errado. Para a acepção formal, não interessa o conteúdo da norma, importando apenas o seu aspecto formal: “A norma foi inserida na CF por emenda constitucional votada em 2 turnos e aprovada por 3/5 dos votos nas duas Casas do Congresso Nacional?” Se a resposta for positiva, essa norma será considerada constituição, independente do seu conteúdo. 21. (CESPE/Juiz Federal Substituto – TRF 5ª/2009) Constituição rígida é aquela que não pode ser alterada. Errado. Esse é o conceito de constituição imutável. Segundo a melhor doutrina, esse tipo de constituição está fadada ao fracasso, uma vez que não reflete as mudanças da sociedade. Ora, um dos conceitos de constituição não é justamente “a forma como uma sociedade se organiza?” Então, as mudanças da sociedade devem ser refletidas também na constituição escrita, sob pena de haver um descompasso tamanho entre o texto escrito e a realidade, que culminará com a queda da constituição. 22. (CESPE/TJAA-TRE-MG/2008) A constituição de determinado país constitui sua lei fundamental, a qual prevê normas relativas: a estruturação do Estado, formação dos poderes, forma de governo, aquisição do poder, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Portanto, para ser considerado como constituição, é imprescindível que haja um único documento escrito contendo tais regras. Errado. Quanto à forma, pode haver dois tipos de constituição: a ESCRITA, formalizada em apenas um único documento e a NÃO ESCRITA, que pode não estar escrita em lugar nenhum ou pode estar escrita em vários documentos esparsos. 23. (CESPE/TJAA-TRE-MG/2008) As constituições rígidas não podem, em nenhuma hipótese, serem alteradas. Errado. As constituições imutáveis são as que não podem ser alteradas. As rígidas podem ser alteradas por um procedimento mais difícil que a elaboração das leis infraconstitucionais. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 26 24. (CESPE/TJAA-TRE-MG/2008) A constituição material contém um conjunto de regras escritas, constantes de um documento solene estabelecido pelo chamado poder constituinte originário. Errado. Essa é a constituição formal. Por sua vez, a constituição material trata das regras essenciais à organização do Estado; aquisição, exercício e transmissão do poder e limitações ao poder do estado. Assim, na constituição material, o importante é o conteúdo da norma e não se ela é ou não escrita. 25. (CESPE/TJAA-TRE-MG/2008) A constituição de determinado país pode não ser escrita, já que tem por fundamento costumes, jurisprudência, leis esparsas e convenções, cujas regras não se encontram consolidadas em um texto solene. Certo. Esse é o caso da constituição da Inglaterra, que é do tipo não escrita. 26. (CESPE/TJAA-TRE-MG/2008) As constituições outorgadas decorrem da participação popular no processo de elaboração. Errado. As constituições outorgadas são aquelas impostas por um ditador. As constituições legitimadas pela participação popular são chamadas de promulgadas. 27. (CESPE/TJAA-TRE-MG/2008) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF) caracteriza-se por ser rígida e material. Errado. Quanto à alterabilidade, a CF88 realmente é do tipo rígida, uma vez que possui procedimento de alteração mais dificultoso que as leis infraconstitucionais. No entanto quanto ao conteúdo, é do tipo formal, uma vezque não interessa o conteúdo da norma e sim seu aspecto formal, ou seja, se uma norma está no texto da CF, é constituição, não importando o seu conteúdo. 28. (CESPE/PGE-AL/2008) "Art. 242 § 2.º – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal". A norma contida no dispositivo transcrito pode ser caracterizada como materialmente constitucional, porquanto traduz a forma como o direito social à educação será implementado no Brasil. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 27 Errado. Esse é um dos maiores (se não o maior) exemplos de norma formalmente constitucional na CF88, uma vez que não trata de nenhum elemento essencial de uma constituição (organização do Estado; aquisição, exercício e transmissão do poder e limitações ao poder do Estado). Dessa forma, esse dispositivo somente é considerado norma constitucional porque está escrita na CF88 e esta é do tipo formal. 29. (CESPE/PGE-AL/2008) Os dispositivos constitucionais relativos à composição e ao funcionamento da ordem política exprimem o aspecto formal da Constituição. Errado. Essas são normas essenciais em uma constituição e exprimem seu aspecto material. 30. (CESPE/PGE-AL/2008) A distinção entre o que é constitucional só na esfera formal e aquilo que o é em sentido substancial só se produz nas constituições escritas. Certo. Somente as constituições escritas possuem a necessidade de se diferenciar quais normas são materiais e quais normas são apenas formais. Nas constituições não escritas, todas as normas são materialmente constitucionais. 31. (CESPE/PGE-AL/2008) O parágrafo 2.º do art. 242 da CF – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal -, por trazer comando típico de legislação infraconstitucional, poderá ser alterado por meio do mesmo procedimento legislativo utilizado para a alteração das leis ordinárias, uma vez que a CF é classificada, quanto à estabilidade, como semirrígida. Errado. Quase todos os conceitos da questão estão errados. Realmente esse comando é típico de legislação infraconstitucional, no entanto, a nossa CF é do tipo formal e rígida. Assim, se está na CF, a norma somente pode ser alterada por procedimento de emenda constitucional, que é mais rígido do que o processo legislativo das leis infraconstitucionais. 32. (CESPE/PGE-AL/2008) "Art. 242 § 2.º – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal". O dispositivo CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 28 constitucional em destaque demonstra que a CF pode ser classificada, quanto à extensão, como prolixa. Diante disso, é correto concluir que, no Brasil, há uma maior estabilidade do arcabouço constitucional que em países como os Estados Unidos da América. Errado. As constituições analíticas ou prolixas (como a do Brasil) são menos estáveis do que as constituições sintéticas ou concisas (como a dos EUA). Isso porque as constituições sintéticas, por trazerem somente as normas essenciais, ficam muito menos sujeitas a alterações do que as analíticas. 33. (CESPE/AJAJ-STF/2008) Se o art. X da Constituição Y preceituar, na parte relativa às emendas à Constituição, que só é constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos, e individuais dos cidadãos, e que tudo o que não é constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias, nessa hipótese, a Constituição Y será uma constituição flexível. Errado. Ela será considerada semirrígida, porque terá uma parte que deve ser alterada pelo procedimento especial e outra parte que poderá ser alterada por procedimento simples. 34. (CESPE/Juiz Substituto – TJ-PI/2007) No âmbito brasileiro, a Constituição Imperial de 1824 pode ser classificada como flexível, com base no que prescrevia seu art. 178: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias." Errado. Ela será considerada semirrígida, porque terá uma parte que deve ser alterada pelo procedimento especial e outra parte que poderá ser alterada por procedimento simples. 35. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A constituição material é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 29 Errado. Esse é o conceito formal de constituição. O conceito material é aquele que se preocupa somente com o conteúdo e não com a forma da norma. 36. (ESAF/APOFP-SEFAZ-SP/2009) A Constituição Federal de 1988 é costumeira, rígida e analítica. Errado. Lembre-se: A constituição - Formal (quanto ao conteúdo) do Brasil é - Rígida (quanto à alterabilidade) - Escrita (quanto à forma) - Analítica (quanto à extensão) - Dogmática (quanto ao modo de elaboração) - Promulgada (quanto à origem) 37. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A constituição formal designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais. Errado. Esse é o conceito material de constituição. A constituição formal é necessariamente escrita. 38. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição sintética, que é constituição negativa, caracteriza-se por ser construtora apenas de liberdade negativa ou liberdade- impedimento, oposta à autoridade. Certo. A constituição negativa somente organiza o poder e resguarda as liberdades. No Direito, uma ação negativa é, na verdade, uma omissão. Um não-fazer. Assim, a ação do Estado é limitada para resguardar as liberdades. Ele não pode agir de forma que as prejudique. 39. (ESAF/AFRFB/2009) A ideia e escalonamento normativo é pressuposto necessário para a supremacia constitucional e, além disso, nas constituições materiais se verifica a superioridade da norma magna em relação àquelas produzidas pelo Poder Legislativo. Errado. A primeira parte da questão está correta. Realmente, a ideia de escalonamento normativo (colocar as normas em ordem de importância) é necessária para a supremacia da constituição. Assim, a CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 30 CF está no topo do ordenamento jurídico e as demais normas estão abaixo dela. No entanto, a supremacia da CF só pode ser verificada nas constituições formais. 40. (ESAF/ PGFN/2007) Considera-se constituição não escrita a que se sustenta, sobretudo, em costumes, jurisprudências, convenções e em textos esparsos, formalmente constitucionais. Errado. O único erro da questão é a palavra “formalmente”, usada ao invés da palavra “materialmente”. Assim, a constituição não escrita possui apenas normas materialmente constitucionais. 41. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) No que se refere à origem, a Constituição Federal de 1988 é considerada outorgada, haja vista ser proveniente de um órgão constituinte composto de representantes eleitos pelo povo. Errado. Quanto à origem, a CF88 é promulgada, justamente porque a Assembleia Nacional Constituinte é um órgão que representa o povo. 42. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A constituição escrita apresenta-se como um conjunto de regras sistematizadas em um único documento. A existência de outras normas comstatus constitucional, per si, não é capaz de descaracterizar essa condição. Errado. A constituição escrita deve ser sistematizada em um único texto, não podendo haver outras normas constitucionais. 43. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) As constituições dogmáticas, como é o caso da Constituição Federal de 1988, são sempre escritas, e apresentam, de forma sistematizada, os princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante à época. Certo. A constituição dogmática é aquela que reflete os anseios e valores de uma sociedade em um determinado momento do tempo. Justamente por isso, é necessariamente escrita. 44. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Nas constituições materiais, como é o caso da Constituição Federal de 1988, as matérias inseridas no documento escrito, mesmo aquelas não consideradas "essencialmente constitucionais", possuem status constitucional. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 31 Errado. A CF88 é formal e, realmente, todos os seus dispositivos possuem status constitucional. Assim, o erro da questão está na palavra “materiais”. 45. (ESAF/ENAP/2006) Constituições rígidas são as que possuem cláusulas pétreas, que não podem ser modificadas pelo poder constituinte derivado. Errado. A constituição rígida é aquela onde o procedimento de alteração de seu texto é mais dificultoso do que o procedimento de alteração das leis infraconstitucionais. Quanto às cláusulas pétreas, elas podem sim ser modificadas. Podem, por exemplo, sofrer ampliação (que é um tipo de modificação). A melhor doutrina entende que as cláusulas pétreas podem inclusive ser restringidas, desde que devidamente. O que o art. 60 parágrafo 4o da CF veda é a ABOLIÇÃO das cláusulas pétreas. Portanto, muita atenção aqui! 46. (ESAF/ENAP/2006) Segundo a doutrina, são características das constituições concisas: a menor estabilidade do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do conteúdo constitucional. Errado. As constituições concisas ou sintéticas são mais estáveis ao longo do tempo, justamente por sofrerem menos alterações e por conterem normas que pouco se modificam ao longo do tempo. Ao contrário, as constituições prolixas ou analíticas são menos estáveis. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 32 V. PODER CONSTITUINTE O Poder Constituinte é o Poder de criar e de modificar uma Constituição. No Brasil, a sua titularidade é sempre do POVO. Ou seja, o poder de criar e de modificar a Constituição brasileira é sempre do povo. Está previsto no art. 1o, parágrafo único da CF: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Assim, o dono do poder constituinte é sempre o povo, mas esse poder pode ser exercido de duas formas: Indiretamente, ou seja, o povo elege os representantes e estes exercem o poder (em nome do povo); ou diretamente, através de institutos como sufrágio universal; o voto direto, secreto e com valor igual para todos; o plebiscito; o referendo e a iniciativa popular de lei. Esquematizando: PODER CONSTITUINTE • É o poder de criar e modificar uma Constituição • Titularidade: Povo • Exercício do poder - Representantes do Povo (indiretamente) - Povo (diretamente) O Poder constituinte pode ser dividido ainda em Originário, ou seja, aquele que cria uma nova Constituição, e Derivado, ou seja, aquele que modifica a atual Constituição. - Sufrágio universal - Voto direto, secreto e igualitário - Plebiscito - Referendo - Iniciativa popular de lei CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 33 1. O PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO i. Instaura uma nova ordem jurídica rompendo por total com a anterior ii. Tem natureza PRÉ JURÍDICA (pré=antes; jurídica=direito). Assim, o poder constituinte originário, segundo a corrente positivista, vem antes mesmo da ordem jurídica do Estado. É ele quem cria o Direito de um determinado Estado. Existe uma outra corrente, chamada de jus naturalismo e que não é adotada no Brasil, que defende que o poder constituinte originário deve obedecer a algumas normas do chamado “direito natural” (um direito que vem antes dos próprio Estado). iii. Não tem forma pré-definida: pode ser exercido por uma Assembleia Nacional Constituinte, revolução, ou qualquer outro meio que crie uma Constituição. iv. NÃO cabe alegar - direito adquirido frente à nova CF. - ato jurídico perfeito (ao constituinte originário) - coisa julgada De forma bem resumida: o Ato jurídico perfeito: é aquele que cumpriu todos os requisitos para seu aperfeiçoamento, segundo a lei vigente à época que se realizou; o Coisa julgada: é aquela ação que o poder judiciário já julgou e contra a qual não cabe mais recurso; o Direito adquirido: é aquele direito que já foi incorporado ao patrimônio jurídico de uma pessoa, independentemente de já ter sido exercido ou não. Exemplo: se uma pessoa já cumpriu todos os requisitos para se aposentar, mesmo que ela não tenha efetivamente se aposentado, ela já tem o direito adquirido à aposentadoria. v. Outros nomes do Poder - De 1º grau Constituinte Originário - Constituinte - Primário CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 34 - Inicial - é a base do ordenamento jurídico; - Autônomo - não se submete a nenhum outro poder; - Ilimitado - Não sofre nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior. Lembre-se de que este poder não precisa nem mesmo respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada; - Incondicionado – inexiste qualquer procedimento formal pré-estabelecido para que ele se manifeste; - Permanente – não se esgota no momento de seu exercício. Dessa forma, ele continua a existir, mesmo depois de elaborada a Constituição. O Poder Constituinte Originário ainda se subdivide em dois: a) Histórico: aquele que cria uma Constituição pela primeira vez. Ex: CF de 1824. O Brasil era uma colônia de Portugal e não tinha soberania. Assim, o Brasil não era um Estado e não tinha Constituição própria. Quando ocorreu a independência do Brasil em 1822, nosso país passou a possuir, pela primeira vez, os três requisitos para se tornar um Estado: povo, soberania e território. Dessa forma, a CF de 1824 organizou pela primeira vez o Estado brasileiro, sendo a única constituição brasileira que utilizou o poder constituinte originário histórico. b) Revolucionário: aquele que cria todas as demais constituições. Ex: 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1988. Características do Poder Constituinte Originário CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 35 2. O PODER CONSTITUINTE DERIVADO Já o poder constituinte derivado é o poder de se modificar uma constituição. Ao contrário do originário, este poder é limitado e condicionado aos procedimentos impostos pela própria CF. • Outros nomes do Poder - De 2º grau Constituinte Derivado - Constituído - Secundário - Instituído A CF pode ser modificada através de dois procedimentos: a Emenda Constitucional e a Revisão Constitucional. a) Emenda Constitucional: é a modificação do texto da CF através do procedimento previsto no art. 60, § 2º, ou seja, 2 turnos de votação e aprovação por 3/5 dos votos em cada Casa do Congresso Nacional. Este tipo de reforma pode ser feita a qualquer tempo. b) Revisão Constitucional: é a modificação do texto da CF através do procedimento previsto no art. 3º do ADCT (Ato DasDisposições Constitucionais Transitórias). A Revisão Constitucional é um procedimento mais simplificado de alteração da CF e só pode ser feito uma ÚNICA vez: 5 anos após a promulgação da CF. Dessa forma, este tipo de reforma não pode mais ser feito. A título de curiosidade, apenas 6 emendas de revisão foram feitas. Confira aqui: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/ECR/quadro_ecr.htm O procedimento a ser seguido é a aprovação por maioria absoluta e sessão unicameral. Por fim, vale lembrar que os estados não podem ter esse tipo de reforma constitucional. Existe ainda um outro tipo de Poder Constituinte Derivado: o Decorrente. Este é o poder de os Estados-Membros se auto-organizarem, ou seja, de elaborarem as suas respectivas constituições estaduais. O poder constituinte derivado decorrente está previsto no art. 11 do ADCT e, além disso, duas observações são importantes: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 36 a) O DF não tem constituição estadual (com esse nome). Ele possui uma Lei Orgânica, que tem status de constituição estadual e é fruto do poder constituinte derivado decorrente. b) Os municípios não possuem o Poder Constituinte Derivado Decorrente. Assim, as Leis Orgânicas Municipais não possuem status de constituição do município. Esquematizando: - Originário - Histórico - Que estrutura o Estado pela 1ª vez - O “verdadeiro originário” - 1824 - Revolucionário - Todos os demais - 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1988 - Derivado - Reformador - Modificar a CF pela Emenda Constitucional (EC) - Procedimento mais difícil - EC (2 Turnos e 3/5) - Art. 60 - Revisor - Modificar a CF pela Revisão Constitucional - Também modifica o texto da CF - Procedimento + simples - Maioria Absoluta - 5 anos após a promulgação da CF88 - Não pode mais ser feito - Sessão unicameral - art. 3º ADCT - Estados NÃO podem ter esse tipo de reforma constitucional - Decorrente - Auto-organização - Elaborar as Constituições Estaduais - art. 11 ADCT Poder Constituinte CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 37 3. O PODER CONSTITUINTE DIFUSO Essa é uma classificação bastante incomum do poder constituinte, mas, às vezes, é cobrada nas provas. Antes de vê-la, devemos ter em mente dois conceitos importantíssimos e que SEMPRE são cobrados: Reforma e mutação constitucional A Constituição pode ser alterada de duas formas. A primeira delas é a modificação do texto da Carta Magna, ou seja, há um procedimento formal que atinge o texto da CF por meio de uma Emenda Constitucional ou pela Emenda de Revisão. Esse tipo de modificação é chamado de reforma constitucional. A segunda forma de se modificar a Constituição é através da mudança do sentido do seu texto, sem atingir a letra da Lei Maior. Assim, ocorrem atualizações não formais da CF derivadas da evolução dos costumes e valores da sociedade, não atingindo o seu texto. Esse tipo de modificação da Constituição é chamado de mutação constitucional. • Exemplo de reforma constitucional: o texto original do artigo 16 da CF era o seguinte: “A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua promulgação.” Após a Emenda Constitucional nº 4, de 1993, o texto passou a ser o seguinte: “Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.” Estão vendo? Há uma alteração no próprio texto da CF. Ela é reescrita. • Já um exemplo de mutação constitucional foi a nova interpretação dada ao art. 226, § 3º da CF88. Observe o texto daquele dispositivo: Art. 226, § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Antigamente, para fins deste artigo, somente se considerava a união estável entre um homem e uma mulher. No entanto, o Supremo Tribunal CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 38 Federal deu novo entendimento a esse dispositivo para incluir os casais homossexuais (ADI 4277/DF e ADPF 132/RJ). Perceberam? O texto da Constituição não foi modificado, mas o seu sentido mudou completamente. Ocorreu uma mutação constitucional. Agora que você já sabe o que é a mutação constitucional, saiba que o poder constituinte difuso é o poder que os agentes políticos possuem para promover a mutação constitucional, ou seja, de dar uma nova interpretação a um termo da Constituição, sem alterar seu texto. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 39 EXERCÍCIOS 47. (CESPE/Técnico-TCU/2009) Apesar de a CF estabelecer que todo o poder emana do povo, não há previsão, no texto constitucional, de seu exercício diretamente pelo povo, mas por meio de representantes eleitos. Errado. A CF88 prevê no art. 1o, Parágrafo único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” O poder pode ser exercido pelo povo (soberania popular) através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, pelo plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei (estes são os instrumentos de exercício direto do poder pelo povo). 48. (CESPE/AGU/2009) O poder constituinte originário esgota-se quando é editada uma constituição, razão pela qual, além de ser inicial, incondicionado e ilimitado, ele se caracteriza pela temporariedade. Errado. O poder constituinte originário é permanente, ou seja, não se esgota no momento do seu exercício. Dessa forma, ele continua a existir, mesmo depois de elaborada a Constituição. 49. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) No tocante ao poder constituinte originário, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo que o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza pré-jurídica. Certo. Essa corrente se contrapõe à corrente jusnaturalista, que alega que o constituinte originário se limita a um direito natural de existência pré-constitucional. Lembre-se que a corrente adotada no Brasil é a positivista. 50. (CESPE/Auditor-TCU/2009) Da mesma forma que o poder constituinte originário, o poder de reforma não está submetido a qualquer limitação de ordem formal ou material, sendo que a CF apenas estabelece que não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação de poderes e os direitos e garantias individuais. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 40 Errado. O poder de reforma é limitado e condicionado, sofrendo uma série de limitações tanto expressas como implícitas. Exemplos de limitações expressas são as próprias cláusulas pétreas e proibição de emenda constitucional nos estados de defesa e de sítio. Exemplos de limites implícitos são: titularidade do poder constituinte, o processo legislativo da PEC e vedação à alteração do art. 60 parágrafo 4o (vedação à dupla revisão). 51. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) O poder constituinte originário não se esgota quando se edita uma constituição, razão pela qual é considerado um poder permanente. Certo. O poder constituinte é o poder do povo de organizar o Estado (poder de criar a Constituição) e esse poder não acaba com o tempo. 52. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Respeitadosos princípios estruturantes, é possível a ocorrência de mudanças na constituição, sem alteração em seu texto, pela atuação do denominado poder constituinte difuso. Certo. O poder constituinte difuso é o poder que os agentes políticos possuem para promover a mutação constitucional, que é a mudança do sentido de um termo da constituição sem mudar o seu texto. Um exemplo recente é a nova interpretação dada ao art. 226 § 3º - “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.” O STF deu nova interpretação à expressão “homem e a mulher” para se considerar como família também as uniões homoafetivas. 53. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Pelo critério jurídico-formal, a manifestação do poder constituinte derivado decorrente mantém-se adstrita à atuação dos estados-membros para a elaboração de suas respectivas constituições, não se estendendo ao DF e aos municípios, que se organizam mediante lei orgânica. Errado. O DF possui uma Lei Orgânica. No entanto a LODF possui status de constituição estadual, sendo fruto, portanto, do poder constituinte derivado decorrente. Já as leis orgânicas municipais CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 41 realmente não possuem status de constituição municipal. Assim, os municípios não possuem o poder constituinte derivado decorrente. 54. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a qualquer momento, por intermédio do chamado poder constituinte derivado reformador e também pelo derivado revisor. Errado. De fato, a CF pode ser alterada a qualquer momento pelo poder constituinte derivado reformador. No entanto, o poder constituinte derivado revisor só pôde ser usado uma única vez, 5 anos após a promulgação da CF. Assim, não cabe mais esse tipo de reforma constitucional. 55. (CESPE/Procurador-AGU/2010) No que se refere ao poder constituinte originário, o Brasil adotou a corrente jusnaturalista, segundo a qual o poder constituinte originário é ilimitado e apresenta natureza pré-jurídica. Errado. Essa é a corrente positivista. A corrente jusnaturalista alega que o constituinte originário se limita a um direito natural de existência pré-constitucional e não foi adotada pelo Brasil. 56. (ESAF/ENAP/2006) No caso brasileiro, a titularidade da soberania, por expressa previsão constitucional, é do Estado brasileiro. Errado. A titularidade da soberania no Brasil é do Povo, por expressa determinação da CF88: art. 1o Parágrafo único: “Todo o poder emana do povo (...)”. 57. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Originário é ilimitado e autônomo, pois é a base da ordem jurídica. Errado. Realmente o constituinte originário é ilimitado e autônomo. Mas a definição trazida pela questão foi errada. Ilimitado e autônomo significam que ele não sofre limitação alguma para seu exercício. O fato de ser a base da ordem jurídica se dá porque o constituinte originário é INICIAL. 58. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorrente consiste na possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 42 regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos com caráter representativo. Errado. Quem altera o texto constitucional é o poder constituinte derivado reformador ou o revisor. O poder decorrente é o poder dos estados-membros elaborarem suas constituições estaduais. 59. (ESAF/AFRFB/2009) A outorga, forma de expressão do Poder Constituinte Originário, nasce da deliberação da representação popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário. Errado. A outorga se dá sem a participação popular. Nela, a constituição é imposta. Seu oposto seria a promulgação que é a Constituição elaborada com a participação popular. 60. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional. Certo. A própria Constituição estabelece como ela será alterada em seu art. 60 e também no art. 3º do ADCT. Além disso, o poder constituinte derivado decorrente está previsto no art. 11 do ADCT. 61. (ESAF/CGU/2006) A existência de um poder constituinte derivado decorrente não pressupõe a existência de um Estado federal. Errado. O poder constituinte derivado decorrente é o poder dos estados-membros elaborarem suas constituições estaduais. Assim, para que haja constituição estadual, é necessário que haja primeiro um estado-membro. E a existência dos estados-membros é característica de um Estado federal. 62. (ESAF/AFRF/2005) O poder constituinte originário é inicial porque não sofre restrição de nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior. Errado. Esse é o conceito de “ilimitado”. A qualidade de inicial se dá porque o constituinte originário inaugura uma nova ordem jurídica. 63. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A revisão constitucional prevista por uma Assembléia Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 43 texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitações expressas e implícitas originalmente definidas no texto constitucional. Errado. Realmente, a revisão constitucional é um procedimento mais simplificado do que a emenda constitucional. No entanto, os limites expressos e implícitos devem sim ser obedecidos. 64. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Entre as características do poder constituinte originário destaca-se a possibilidade incondicional de atuação, ou seja, a Assembléia Nacional Constituinte não está sujeita a forma ou procedimento pré-determinado. Certo. O poder constituinte originário é incondicionado e ilimitado. Vamos revisar as características deste poder: - Inicial - é a base do ordenamento jurídico; - Autônomo - não se submete a nenhum outro poder; - Ilimitado - Não sofre nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior. Lembre-se de que este poder não precisa nem mesmo respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada; - Incondicionado – inexiste qualquer procedimento formal pré-estabelecido para que ele se manifeste; - Permanente – não se esgota no momento de seu exercício. Dessa forma, ele continua a existir, mesmo depois de elaborada a Constituição. Características do Poder Constituinte Originário CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 44 VI. EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Nós sabemos que a CF88 é uma constituição do tipo formal, onde só é considerado “constituição” aquilo que está escrito em seu texto ou o que pode ser depreendido de sua leitura. Assim, todas as normas presentes na constituição possuem a mesma hierarquia e o mesmo status constitucional. No entanto, algumas normas possuem mais eficácia do que outras. ATENÇÃO: isso não significa que elas possuem hierarquia diferente, mas tão somente que possuem mais efeitos!! Todas as normas constitucionais possuem o mesmo status, não havendo normas hierarquicamente superiores às outras. As normas constitucionais podem ser classificadas, quanto à sua eficácia (efeitos) em: a) Normas de Eficácia Plena: possuem efeitos completos desde a edição da CF88, não necessitando de regulamentação por parte de uma lei. Exemplo: Homens e mulheres são iguais nos termos desta CF (art. 5o,I). Outro exemplo são os remédios constitucionais, como o Habeas Corpus ou o Habeas Data. b) Normas de Eficácia
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