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A2 Análise Econõmica, Doc Milton Santos, Globalização

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A MARCHA DA GLOBALIZAÇÃO
ANÁLISE DO CENÁRIO POLITICO-ECONOMICO, COM BASE EM ESTUDOS E CRÍTICAS A LUZ DO DOCUMENTÁRIO DE 2011 DO CINEASTA SILVIO TENDLER, QUE TEM COMO CENTRO CONDUTOR AS CONSTATAÇÕES DATADAS ENTRE 1995 E 2001, POR UM DOS MAIORES GEÓGRAFOS DO SEC. XX, DR. MILTON SANTOS
Por Nicoleti Lopes, Junho/2020
PREFÁCIO
A muitos se tem estudado e argumentado sobre a GLOBALIZAÇÃO, cujo conceito, em resumo é a integração econômica comercial mundial entre países. É o mundo conectado comercialmente por livre comercio entre as nações, tendo basicamente duas ferramentas operacionais: comunicação e transporte.
Olhando por este conceito tem-se, a priori, a sensação de que a proposta traria muitos benefícios para a humanidade uma vez que se expandem as fronteiras da comunicação comercial e das transportações, como visto no exemplo da montadora de aviões Boing Company no documentário, onde todo mundo participa um pouquinho e todo mundo se ajuda. Mas, será? 
Na prática... Quais os resultados e as consequências? Quais as vantagens e desvantagens? Quem são os reais interessados e os responsáveis? Essas são perguntas quais os incapazes de responde-las não sabem o quanto a globalização afeta-lhes diretamente seu cotidiano, suas finanças, sua cultura e sua dignidade.
Assim, afim de dar amplitude a discussão, visibilidade as evidências, com base nos estudos e percepções da atualidade e por fim tecer comentários analíticos pessoal sobretudo quanto ao cenário econômico, trago conforme proposto, o documentário de 2011 do cineasta Silvio Tendler, que reproduz duras críticas a globalização, tendo como centro condutor as constatações de um dos maiores geógrafos do Sec. XX, Dr. Milton Santos, datadas entre 1995 e 2001.
INTRODUÇÃO
Sob uma ótica contraria a de quem o Dr. Milton Santos chamou de “os arautos da Globalização”, o documentário busca trazer elucidações ao público com sua exposição, a partir de um breve histórico de países principalmente da América Latina, inclusive o Brasil, especialmente nas periferias e no terceiro mundo, demonstrando seus efeitos adversos nas sociedades, as transformações geográficas, demográficas, culturais e econômicas dos povos. 
EXPOSIÇÃO DA BASE DE ANÁLISE
Para o Dr. Milton Santos, num primeiro momento tem-se a política de expansão de mercado, que chega com promessas de melhorias e bem-estar social, mas que, na verdade, acaba desmontando o estado que troca o humanismo como motor de desenvolvimento e progresso pelo modelo de consumismo voraz, passando a assumir, a política de estado impulsionado pelas nações.
Em tese o Dr. Milton Santos, aponta que a globalização, como fruto do capitalismo, proporciona uma perda de controle do estado sobre a obrigatoriedade de domínio de seu território, uma vez que acaba por permitir ações irresponsáveis do comercio de um modo geral que age de modo a descaracterizar e desorganizar socialmente e moralmente os espaços e os povos, o que é exemplificado logo no início do documentário, com o que chamou-se de Primeira Globalização, as viagens de descobrimento e conquistas* dos europeus, entre os anos 1500 e 1600.* As viagens de conquistas dos europeus, entre 1500 e 1600, segundo o documentário resultou na invasão de territórios já ocupados por índios e negros, demarcando arbitrariamente suas terras, ignorando seus espaços, suas culturas, exportando escravos e exterminando mais de 70 mil habitantes tendo por consequência o desaparecimento de duas mil línguas, durante as colonizações; depois com o exemplo da revolução industrial o que chamou de Segunda Globalização no Sec. XX, marcada pelo avanço tecnológico que segundo a narrativa, transforma as novas conquistas em sonho de um mundo melhor.
No que tange a “ações irresponsáveis do comercio e perda de controle do estado”, inclusive quanto a responsabilidade social, o documentário traz um exemplo que caracteriza bem essa constatação que é o da empresa norte-americana Nike que em detrimento de empregos dos próprios americanos, transfere seu setor produtivo para países onde a miséria impera e não há limites de exploração de mão de obra, pagando centavos por hora de trabalho a funcionários, mas mantendo seus pontos de venda dos produtos, a preços caríssimos, nos grandes centros de todo o mundo. 
Outro ponto de vista do Dr. Milton Santos é que o crescimento da massa populacional e a disputa por empregos promovida pela globalização, resulta na prática de salários baixos e exploração por mais trabalho e que decorrente disto, o desemprego aparece como uma coisa normal e crescente, atacando as camadas sociais, pelo aumento da fome, mortes, perda de qualidade de vida da classe média, até que em casos extremos uma grande massa tomada pela insatisfação se volte contra o estado. A Frase “A humanidade se divide em dois grupos: o grupo dos que não comem e o grupo dos que não dormem, com receio da revolta dos que não comem”- Josué de Castro, 1991, Geopolítica da Forme, sugere que a crise no capitalismo resulta no medo de uma minoria, pelo aumento das massas revoltadas que não veem o lucro do trabalho e muitos que nem trabalho tem, vendo os que perecem de fome. Um filme que retrata bem essa realidade é o Water World (Mundo das Águas), em outras versões: Mundo Perdido, onde numa trama existe um capitão de um navio velho que é Senhor junto com seus capatazes, que vive enchendo de esperança uma grande multidão que trabalha arduamente para ele, mas que sempre chega à iminência da revolta, quando lhes é jogado um engodo de esperança.
PERSEPÇÃO QUANTO A ROTULAÇÃO POLÍTICA
O título do documentário “O Mundo Global Visto do Lado de Cá” sugere que haja um lado de percepção sobre o assunto e esse lado a que se refere, poderia ser o do pobre que sofre as consequências, mas enseja que seja o lado do socialismo como ideal filosófico, ou talvez, o dá ideologia partidária de esquerda, uma vez que a abordagem do documentário se vincula a trajetória dos próprios atores deste filme. 
Sendo um ou o outro, acredito nas argumentações postuladas no documentário, mas antes de seguir opinando em relação ao conteúdo próprio do assunto em epigrafe, me sinto no dever de justificar minha percepção quanto a posicionamentos ideológicos, até porque não há como falar de globalização sem rotulá-la ao capitalismo, e em tempos, onde a discussão sobre os ideais políticos ganha força pela segregação das ideias, trago em minha percepção, sem muito conhecimento histórico, a ideia de que toda vez que se acusa o capitalismo por sua devastação social, traz-se junto a rotulação de que o capitalismo é filosofia política somente de partidos de direita e que o socialismo é filosofia política somente de partidos de esquerda, no entanto, mesmo verificando que haja tais proveniências, eu acredito na máxima de que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, quando as duas se encontram, nem sempre dá boa coisa!” – Di Castilho, porque existem outras questões ideológicas envolvidas, além da econômica que necessariamente não precisam ser discriminadas de uma ou da outra vertente. 
A despeito dessas concepções eu apresento a própria história como argumen to: a primeira forma de globalização foi dentre elas, a viagem de “descobrimento” do Brasil, que foi construída dentro de um ambiente monárquico, onde eu não acredito que se poderia rotular como sendo de esquerda ou direita, também no decorrer do documentário as datas dos acontecimentos se referem a tempos de gestão ora de governos tendentes a esquerda, ora tendentes a direita, e o que mais se ouve na mídia hoje, inclusive já comentado lá atrás pelo Dr. Milton, é que uma das maiores potências do mundo, a China que se diz socialista, tem um dos maiores mercados mundial.
Todos esses parâmetros e muitos outros, servem de base para minha ótica e assim justificar o título “A marcha da Globalização”, por acreditar que seu avanço não depende de governos de “A” ou “B”, mas de forças ainda maiores que governam o homem e seus interesses, e aí eu uso as palavras do economista Joseph Steves, “o receituário violento não vem de análiseeconômica, mas de postura ideológica”, porém com fulcros no domínio econômico.
ANÁLISE E CONCLUSÕES SOBRE O HISTÓRICO POLÍTICO-ECONOMICO
É perceptível que a globalização, como produto do capitalismo, seja uma consequência da adesão de governos de estado a pratica do livre comercio como fomentador da economia, e que na minha concepção, não depende de ideologia partidária, mas de interesses de grupos econômicos global, e na prática, a maioria das empresas fazem isso sem pensar em outra coisa senão na questão da produção e venda, obviamente porque empresas visam lucro, afinal, como dito, “a lógica financeira nada tem a haver com a lógica da solidariedade”. 
Percebemos também que, de fato a globalização devasta a identidade cultural dos povos a medida que propõe unificação das ideias, motivadas pelas influências de desejos de consumo; que o livre comercio gera explorações trabalhistas e desempregos, enquanto lucra exorbitantemente.
Assim, compreendo que o socialismo deve ganhar espaço em nosso entendimento como exigência de postura governamental sim, não apenas como rótulo político, não por interesses escusos partidários, mas por consciência sobre a necessidade que o estado e o comercio tem de se responsabilizar pelas classes menos favorecidas. O próprio Dr. Milton Santos, de forma inteligente e categórica, afirma ser um marxista por sua adesão a essência do socialismo que valoriza a humanidade e rejeição ao produto do capitalismo, porém advertindo que não se trata de um marxista ortodoxo, por medo de ser visto como um dogmático “emburrecido” pelo fechamento de outras concepções. 
Não podemos fechar os olhos para uma realidade de séculos e nos tornarmos ingênuos de acreditar que um dia isso ainda possa mudar nessa Era de nossa humanidade, mesmo acreditando que precisamos lutar pelo que é certo sempre. O capitalismo nasceu lá em 1500 segundo o documentário, mas eu vou muito além, alertando que, de certa forma, já havia hábitos capitalistas na sociedade abraamica, pelo contexto da Torá, dentre algumas outra literaturas da sociedade antiga, mas o fato é que a globalização veio pra ficar porque a história comprova que o dinheiro (o capital) é o que manda no mundo e ele só manda porque todo homem é passível de ser corrompido e muitas vezes, até mesmo sem interesse de prejudicar, sem perceber que sua atitude gera uma fração de problemas sociais, seja na compra de um simples produto, ou na pratica de um serviço, que se ele, de alguma forma, por consciência, não busca reparar com atitudes minimas, (e aí entra a questão de nossa responsabilidade social, bem como a das empresas), acarretará nos danos que a sociedade reflete hoje, tanto que o Dr. Milton Santos afirmou que “o dinheiro no estado puro só é o centro do mundo, por causa dessa geopolítica que se instalou, proposta pelos economistas, e imposta pela mídia”, e daí eu pergunto, quem criou a geopolítica, não foi o mercado? Quem são os economistas, não são os operadores do mercado? E quem sustenta a mídia, não é o mercado? E para chegar ao cerne da questão, quem criou o mercado, não foi o homem? Quem geri o estado, não é o homem?
Então, como proposto pelo próprio Milton Santos, se “um punhado de empresas decidiu construir um mundo perverso, cabe a nós fazer dessas condições materiais, uma outra condição política”, quem sabe, desmascarando a “globalização como fábula”, convertendo a “globalização perversa”, na proposta que se chamou de “uma outra globalização”, que não dependa unicamente da força do mercado, mas do estado devidamente representado por homens de boa conduta que cumpra o seu papel de exigir do mercado a contrapartida compensatória de seus investimentos em vez de vender a liberdade de seu povo, pelas próximas eleições e enriquecimentos individuais ou de grupos e isso serve tanto para esquerdistas, quanto para direitistas.
Por isso entendo que enquanto a luta pelo poder for o foco dos grupos partidários e o regime político for ambiente ideológico desejável para o desenvolvimento da política dos grupos partidários, jamais o estado representado enxergará que precisam desenvolver medidas compensatórias sobre os atos do mercado e o povo nunca se liberta porque segue na ignorância.
CONCLUSÕES SOBRE O CENÁRIO POLITICO-ECONÔMICO
Diante desse quadro onde o capitalismo impera desde os primórdios e avança com a globalização como ferramenta do mercado que é quem, de fato, domina politicamente o mundo, por enquanto, consideremos somente as possibilidades de que temos que conviver com a corrida desenfreada, a política do consumismo e a luta ferrenha por um lugar ao sol, salvando-se quem puder e a quantos puder, e isso não serve apenas para trabalhadores, mas igualmente para todo tipo de empresa que nasce, luta pela sobrevivência e muitas delas morrem pelo caminho, inclusive, grandes empresas, que acabam sendo ultrapassadas por não acompanharem os avanços tecnológicos e as novas ideias do capitalismo deixando milhares de desempregados, porque assim é a rotina do capitalismo, conforme temos estudado, vive de momentos cíclicos, passando por altos e baixos, causando devastações irreparáveis, concentrando riquezas nas mãos de minorias e misérias nas mãos de grandes maiorias.
Por estes motivos, como profissionais de mercado, vendedores de nós mesmos e de nosso trabalho, é que precisamos nos manter em constante evolução e nos prepararmos para estar organizados para acompanhar as tendências, desenvolvendo sempre a “clarevidência”, dita pelo Dr Milton, afim de entendermos melhor o futuro, acompanhando os sinais e nos tornando bons planejadores afim de que nossos passos estejam no rumo certo da sobrevivência e também do crescimento.
Aluno: Nicoleti da Penha Lopes
Matrícula: 20121100165
Disciplina: Planejamento e Gestão Estratégica
Professor: Dr. Néliton G. Azevedo
Curso: Engenharia Civil
Atividade Avaliativa: A2
Data: 23/06/2020

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