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Humanidades II (2 créditos – 40 horas) Autor: Brasdorico Merqueades dos Santos Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler: Pe. Ricardo Carlos Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profa. Rubia Renata Marques Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica: Profa. Blanca Martín Salvago Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 www.virtual.ucdb.br UCDB -Universidade Católica Dom Bosco Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 CEP 79117-900 Campo Grande – MS SANTOS, Brasdorico Merqueades dos. Humanidades II / Brasdorico Merqueades dos Santos. Campo Grande: UCDB, 2019. 84 p. Palavras-chave: 1. Ética. 2. Moral. 3. Fim Último. 4. Práxis Ética. 0720 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso. Elementos que integram o material Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul- trapassar o prazo máximo indicado pelo professor. Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro- fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo. Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar seu acesso aos materiais. Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: · Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramen- tas de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; · Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; · Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quan- to a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; · Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante, organize o seu tempo; · Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza- gem, contando com a ajuda e colaboração de todos. 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Objetivo Geral Proporcionar a reflexão da realidade social à luz dos valores éticos, religiosos e morais de modo a favorecer a visão crítica e o compromisso social. SUMÁRIO UNIDADE 1 – O MUNDO NEOLIBERAL .................................................................. 10 1.1 Assim nasceu Mantícora ........................................................................................... 10 1.2 Vamos olhar melhor esse negócio ............................................................................. 12 1.3 Alguém teria que matar essa fera ............................................................................. 13 1.4 E a Igreja? ............................................................................................................. 15 1.5 Mantícora se sofisticou ............................................................................................ 18 UNIDADE 2 - EXCLUSÃO SOCIAL .......................................................................... 26 2.1 Quando o outro é um estranho ................................................................................ 27 2.2 Escravidão... é o fim! ............................................................................................... 29 2.3 Bolsões de pobreza no 1º mundo ............................................................................. 30 2.4 Uma crítica à educação ............................................................................................ 34 2.5 Então ... é preciso falar de Direitos Humanos ........................................................... 35 UNIDADE 3 – CUIDAR DA VIDA ............................................................................ 37 3.1 Ética e moral .......................................................................................................... 37 3.2 A ética do cuidado com o outro ................................................................................ 38 3.3 O cuidado (ética) com o mundo: ecologia ................................................................. 42 3.4 O cuidado com a vida: bioética ................................................................................. 43 3.5 O dono da vida ....................................................................................................... 49 3.6 Patentes (na área da saúde) .................................................................................... 51 UNIDADE 4 - UMA MEDIDA PARA TODAS AS COISAS: JESUS CRISTO .................. 53 4.1 Os pobres e os oprimidos ........................................................................................ 54 4.2 Uma ilustração do amor cristão: Dom Bosco .............................................................. 62 4.3 Juventude hoje ....................................................................................................... 65 ANEXO 1 ............................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 74 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ................................................................................. 77 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Avaliação A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades programadas para cada disciplina. Todo o processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual. Se o aluno se limita à realização da prova, não será possível interferir no processo de aprendizagem em tempo de poder corrigir desvios, más interpretações, etc. Portanto, participe de todas as atividades propostas, você só tem a ganhar! Avaliação das atividades: para que possa se atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar, tentando relacionar a teoria estudada com a prática. As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina. Critérios para composição da Média Semestral: Para fazer a Média Semestral, leva-se em conta o desempenho atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e nas prova(s). Cada prova presencial vale até 10,00 e as atividades virtuais valem até 10,0.No final, a soma total de pontos será dividida por três. Portanto, para calcular a Média, segue-se o seguinte procedimento: MS = (P1 + P2 + AV) / 3 Exemplo: MS=(10,0+10,0+10,0)/3 MS=30,0/3 MS = 10,0 P1-1ª Prova P2-2ª Prova AV - Atividades Virtuais Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades: AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** Atividade 1.1 Ferramenta: Tarefa Atividade 4.1 Ferramenta: Tarefa * Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). ** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 BOAS VINDAS Seja bem-vindo/a! O curso de Humanidades II, como se deduz do próprio nome, é compromisso com o ser humano, com a vida. Isto porque interessa, e muito, para a Universidade que daqui saiam ótimos especialistas, ótimos profissionais, verdadeiros peritos na sua área. Mas interessa também e principalmente, que estes profissionais sejam éticos, humanos, justos. Uma pergunta para começar: qual é o seu ponto de referência para analisar a realidade, para ver se as coisas estão certas ou erradas? O jornal? A revista? Ou talvez seja a TV? Quem sabe as tradições, os costumes? Ou ainda a ciência? A religião? Este estudo que faz parte desta colcha de retalhos oferecendo o que pensa a Doutrina Social Cristã, que por sua vez faz suas afirmações a partir da fé que, por sua vez, supõe a ciência. Acreditamos que em cada pessoa existem valores extremamente importantes para o convívio social. Valores que foram plantados pela família, pela religião, pela cultura ou mesmo cultivados individualmente. Estes valores são confrontados e desafiados diariamente pelo mundo neoliberal com suas tendências políticas, econômicas e mercadológicas. Pelo conceito que oferecem de pessoa humana, pelo tipo de relacionamento que apregoam, pelos critérios de vida que oferecem. Estão sempre soprando aos ouvidos: Seja o primeiro! Passe na frente! Deixa de ser bobo, aproveita a vantagem. Fure a fila! Cada um que se vire! Aí surgem as oportunidades de corrupção, de vida fácil. Surgem também a injustiça, a violência, etc. O que queremos com este curso, além de refletir algumas destas realidades sociais, é fortaleceras sementes boas que já existem, como que dizendo: vale a pena ser honesto! Vale a pena ser ético! Vale a pena optar pelo bem. A partir deste pensamento também é possível perceber não haver, neste material, a mínima intenção partidária- política: pró ou contra; capitalista ou comunista. O eixo fundamental é o ser humano. Por isso... ”Humanidades”, mostrando que tudo o que é humano nos interessa. Portanto, é um conteúdo relacionado com a realidade social. Com isto, a disciplina Humanidades II não tem nada a ver com doutrinação, benzeções e preces. Prova disto é que deixamos evidente o foco no aspecto social. Para tanto, analisamos as artimanhas do mercado neoliberal. Na mesma linha de defesa da vida e da dignidade, avançamos para o aspecto ético, refletindo sua conceituação e sua aplicação (diante do outro, do mundo, da vida): ética-ecologia e bioética. Culminamos com Jesus Cristo como o homem-medida para todas as coisas. Importa orientar que o pano de fundo 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 desta reflexão social é a realidade brasileira. Por vezes a reflexão se estende ao contexto mundial, mas de modo sempre aplicado à mesma realidade brasileira. Outra coisa: utilizamos o termo Doutrina Social Cristã (DSC) que nas circunstâncias do texto equivalem à “ética cristã” e ao “conjunto do pensamento das igrejas Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil e Metodista”1 Como Universidade Católica lançamos luz sobre a realidade não apenas a partir dos referenciais éticos e morais, mas também e principalmente a partir de Jesus Cristo e seu Evangelho. O objetivo é o resgate e promoção da pessoa humana, de sua dignidade e seus direitos. Para começar, fica um refrão da música “Nunca pare de sonhar” de Gonzaguinha: “[...] fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais, vamos lá fazer o que será”. 1CFE de 2016. Disponível em: <www.edicoescnbb.com.br/cfe2016>. Acesso em: out. 2019. http://www.edicoescnbb.com.br/cfe2016 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Pré-Teste A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado. 1. Assinale a alternativa correta. I. O mercantilismo é a teoria e sistema de economia política, dominantes na Europa após o declínio do feudalismo. II. O mercantilismo propunha o acúmulo de divisas em metais preciosos pelo Estado por meio de um comércio exterior de caráter protecionista. III. O mercantilismo enfraqueceu o colonialismo e impediu o desenvolvimento industrial. a) Apenas os enunciados I e III estão corretos. b) Apenas o enunciado III está correto. c) Apenas os enunciados I e II estão corretos. d) Apenas o enunciado I está correto. 2. Assinale a alternativa INCORRETA. a) O ser humano é um ser de relação, pois estabelece vínculos com as pessoas. b) O ser humano é um ser de relação. Porém esta relação pode se caracterizar pelo preconceito e exclusão. c) A desigualdade é a base das relações de exclusão social. d) Embora haja a exclusão na sociedade brasileira, todos nós desfrutamos dos mesmos direitos e benefícios sociais. 3. Assinale a alternativa correta. I. Na sociedade de consumo a vida tem que ser vivida no grau máximo, já que tudo é efêmero, passageiro. II. A lógica da sociedade de consumo é produzir algo para o consumo e depois descartar esse algo para continuar consumindo. Essa lógica está muito presente na vida das pessoas contemporâneas. III. Os produtos que compramos são sempre marcados por prazos de validade, os eletrônicos, os automóveis, são feitos para durar determinado período de tempo e depois serem substituídos. a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. b) Apenas os enunciados I e III estão corretos. c) Apenas os enunciados II e III estão corretos. d) Todos os enunciados estão corretos. Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário. 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 O MUNDO NEOLIBERAL OBJETIVO DA UNIDADE: Compreender a evolução do capitalismo de modo desproporcional à consciência do respeito à dignidade da pessoa humana. 1.1 Assim nasceu Mantícora Mantícora é um monstro da mitologia persa e significa “devorador de homens”. É um ser fantástico, semelhante à esfinge do Egito. Uma quimera com cabeça humana, asas de morcego, corpo de leão, cauda de escorpião, com três fileiras de dentes de tubarão afiadíssimos, e sua voz soa como um trovão. Fonte: https://bit.ly/2ByQ36U Dispara espinhos venenosos que paralisam ou matam suas vítimas. Devora suas presas inteiras, não deixando para trás pertences, ossos ou roupas. Suas vítimas preferidas são os humanos. Esta fera é uma analogia perfeita para entendermos as reflexões desta primeira unidade, que analisa o capitalismo, na sua fase mais recente, ou seja, o neoliberalismo:devoram impiedosamente suas vítimas. 1.1.1 E já nasceu com fome Para falar das origens do capitalismo é preciso voltar lá ao período do século XIII ao século XIV, quando surgiu na Europa uma nova classe social, a burguesia. Esta nova classe buscava o lucro por meio de atividades comerciais. Neste “bolo” tinha banqueiros, cambistas, grandes navegadores, reis e rainhas. As palavras que mais os caracterizava eram lucro, acúmulo de riquezas, controle de sistema de produção e expansão de negócios. Caracterizou-se pelo mercantilismo2porque retiravam recursos naturais de terras que diziam ter “descoberto” e exploravam sem dó nem piedade. Foi nessa que o Brasil entrou,tendo 2 Teoria e sistema de economia política, dominantes na Europa após o declínio do feudalismo, que, baseados no acúmulo de divisas em metais preciosos pelo Estado por meio de um comércio exterior de caráter protecionista, fortaleceram o colonialismo e proporcionaram o desenvolvimento industrial, com resultados lucrativos para as balanças comerciais. 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 sido descoberto por Portugal, se tornando sua colônia. Realidade terrível desta fase foi também a utilização de seres humanos como escravos. Não bastava sugar, retirar matéria-prima. O negócio agora era produzir e muito. Não precisava e nem era possível consumir tudo: se acumulava. Produzir pensando nos outros? Que nada. Quem quiser que compre, e a alto preço. Na Europa do século XVIII a produção dá um enorme salto. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortaleceu o sistema capitalista. Colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Os trabalhadores neste novo cenário do capitalismo selvagem, no início do século XIX estavam ficando, cada vez mais, numa situação muito difícil. Primeiro, muitos deles, com a ilusão trabalho e de riqueza, vendiam suas pequenas propriedades e partiam para as cidades. É o fenômeno conhecido como êxodo rural. Lá na cidade se amontoavam, a cada manhã, na porta das fábricas, na esperança de serem contratados. A grande maioria ia para as minas de carvão ou para indústrias têxteis.As condições de trabalho, as piores possíveis: ambientes insalubres, sem nenhum tipo de segurança ou proteção. E mais: trabalhavam de 14 a 16 horas por dia. Fonte: com.br/kxOSU Cansaço físico era interpretado como insubordinação. A regra era trabalhar de forma regular, sem interrupções, assim o trabalho rendia. Muitos saíam mutilados ou mortos da casa das máquinas. Mas isso não era preocupação para os proprietários, lá fora tinha mais gente, querendo trabalhar. Trocavam-se pessoas como se trocavam as peças de uma engrenagem. Esses pobres trabalhadores já nem sabiam mais o que estavam produzindo, alguns cuidavam apenas de um parafuso e nada mais, não conheciam todo o processo de um produto e nem sabiam qual era o fim da sua produção (alienação). Também nunca eram donos daquilo que produziam (expropriação). Fonte: https://bit.ly/2MHX2kU 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Desse rolo compressor e ganancioso do capitalismo nascente (capitalismo selvagem), não escapava ninguém. Mulheres e crianças também eram explorados. A miséria e a fome não tardaram a aparecer. De carona vieram as doenças, epidemias de cólera e de tifo, pegavam tuberculose devido às péssimas condições de higiene, escassez do fornecimento de água e por morarem em cortiços. Nessas “residências” estavam muitas vezes 12 ou mais pessoas, num lugar bem apertado, sem nenhum conforto. Tal quadro levou à morte inúmeros trabalhadores pobres. Para sustentar este tipo de situação entravam em campo as ideologias. Ideologia é aquele tipo de ideia bonita, mas que no fundo tem um interesse próprio e, no caso do capitalismo, tinha o objetivo de manter o lucro e os privilégios dos donos dos meios de produção. Um exemplo de ideologia (que no caso atingia as crianças): quanto mais cedo começar a trabalhar, mais cedo vai se tornar um homem ou uma pessoa responsável. Uma outra ideologia, que atingia todo mundo: quem trabalha, fica rico. Sem jamais ficarem ricos alguns, desiludidos e desmoralizados pela extrema exploração e o constante empobrecimento, caíam no alcoolismo, demência, suicídio e as mulheres, na prostituição. 1.2 Vamos olhar melhor esse negócio Após termos observado estas fases de desenvolvimento capitalista, é importante retomar alguns termos que lhe são muito característicos. Assim vamos entender melhor o que aconteceu e o que está acontecendo. Vamos nessa! Capitalismo: alguém era dono do dinheiro, das máquinas, dos equipamentos e, ao comprar a força física dos trabalhadores era capaz de obter lucros. Este conjunto de coisas é o capitalismo. Vamos ver algumas de suas características (estas características existem ainda hoje, mas o foco está em quando ele iniciou): - Tem na atividade industriai a principal fonte de negócios e lucros; - Concentra a renda nas mãos da burguesia industrial (grandes donos de indústrias); - Gera alta desigualdade social, pois os lucros ficam quase integralmente com os donos de indústrias que pagam salários muito baixos para os trabalhadores; - Usa o carvão como fonte de energia e ferro como principal matéria-prima; - Desenvolve meios de transporte (locomotivas e navios a vapor) rápidos e de longas distâncias para atender a logística; - Usa de mão de obra assalariada, paga baixos salários e proporciona poucos direitos; 13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 - Provoca o êxodo rural – a saída de trabalhadores do campo para buscar empregos nas indústrias das cidades; - Gera o crescimento desordenado das cidades industriais com piora na qualidade de vida e surgimento de problemas sociais. Liberalismo (para explicar a mentalidade liberal burguesa): pessoas com mentalidade liberal burguesa eram aquelas que estavam no mundo das cidades e do comércio. Que tinham riqueza e a riqueza lhes dava poder e isto tudo junto era motivo para uma riqueza ainda maior. Este “rico” se sentia uma pessoa livre. Não estava mais condicionado pelo todo social, como na cultura anterior, era, portanto, uma liberdade individual (daí o individualismo). A somatória de liberdade + poder econômico + individualismo permite chegar à ideia de liberalismo. Liberalismo político: aqui também permeia a ideia de liberdade. O Estado é autônomo e é a única autoridade. Todos são submissos a ele. É um Estado moderno, porque o rei tem um corpo de funcionários que cuida da administração; tem um exército permanente, que cuida e defende seus interesses; passa a monopolizar toda a competência para legislar, administrar e cobrar tributos. A Igreja, que antes comandava, agora não tem mais nenhum poder, não dá mais palpites. O liberalismo político gerou o que chamamos de Estados Nacionais. Liberalismo econômico - é a economia livre, sem nenhuma interferência externa. O pai desta teoria foi Adam Smith, em 1776. Ele falava de prosperidade econômica, de acumulação de riquezas, do trabalho livre. E principalmente falava que não precisa ninguém ficar controlando o processo econômico, porque o mercado, por si só, com sua “mão invisível”, faria esta regulação, isto traria benefícios para toda a sociedade, além de promover uma evolução generalizada. Defendia a livre concorrência e a lei da oferta e da procura. Fonte: encurtador.com.br/ehBK1 O Estado liberal possuía a propriedade de superar os grandes problemas acumulados ao longo do tempo, podendo, assim eliminar a fome e a miséria e levar à plena satisfação e à liberdade individual, desde que o Estado não interferisse na economia e as próprias empresas pudessem se autorregular (DALBÉRIO, 2009, p. 27) 1.3 Alguémteria que matar essa fera Apareceu gente querendo resolver a confusão. Entra em cena um grupo de pessoas que ficou conhecido como socialistas utópicos porque tinham por objetivo a criação de 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 uma sociedade ideal, que seria alcançada de forma pacífica graças à boa vontade da burguesia. Viveram no início de século XIX, justamente neste período social conturbado. Suas ideias eram consideradas ingênuas e fantasiosas como solução para o problema social. Por exemplo: Robert Owen (1771 – 1858) – Era dono de fábrica. Acreditava que o caráter humano era fruto das condições do local em que ele trabalhava. Por isso, defendeu que a adoção de práticas sociais que primasse pela felicidade, harmonia e cooperação, poderia superar os problemas causados pela economia capitalista. Seguindo seus próprios princípios, Owen reduziu a jornada de trabalho de seus operários e defendeu a melhoria de suas condições de moradia e educação. Charles Fourier (1772 – 1837) Criticou ferrenhamente a sociedade burguesa. Em seus escritos, defendeu uma sociedade sustentada por ações cooperativas. Nelas, o talento e o prazer individual possibilitariam uma sociedade mais próspera. A sociedade burguesa, marcada pela repetição e a especialidade do trabalho operário, estava contra este tipo de sociedade ideal. Além disso, Fourier era favorável ao fim das distinções que diferenciavam os papéis assumidos entre homens e mulheres. Saint-Simon (1760 – 1825) Pregava a manutenção dos privilégios e do lucro dos industriais, desde que os mesmos assumissem os impactos sociais causados pela prosperidade. Dessa forma, ele acreditava que no cumprimento da sua responsabilidade social, o industriário poderia equilibrar os interesses sociais. Karl Marx (1818-1883) Este já não se encaixa no conceito de “utópico” porque tratava- se de um socialismo científico, que criticava o utópico porque este não tinha em conta as raízes do capitalismo. Assim pensou num jeito de organizar os trabalhadores. Criaram a Ditadura do Proletariado, regime que acabava como propriedade privada e colocava fim nas desigualdades sociais. Na medida em que isto acontecesse, dentro de um processo histórico, a sociedade inteira chegaria a uma sociedade perfeita, chamada, comunismo. Fonte:encurtador.com.br/pwNX8 Comunismo é então essa situação em que todos têm direito a tudo. Uma sociedade de iguais, sem classe, baseada na propriedade comum dos meios de produção. Mas tinha uma condição da qual Marx não abria mão: nada de igreja, de Deus ou de religião. Mas por que? Segundo seu modo de pensar, a religião era um ópio, pois alienava as pessoas, fazia com que aceitassem o sofrimento (pois o sofrimento salva, Jesus também sofreu), e ficassem esperando uma vida eterna (o paraíso). Fazia com que as pessoas 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 ficassem esperando Deus resolver seus problemas. Por isso o marxista-leninista incentivava e defendia que a religião deveria ser abolida, implantando o ateísmo. 1.4 E a Igreja? A estas alturas você pode se perguntar: mas e a Igreja? Ela não era a mais forte instituição da Idade Média e dos inícios da Idade Moderna? Onde ela estava para orientar seus milhões de fiéis? Estaria preocupada só com o reino dos céus? A Igreja precisou se mexer. Estava vendo tudo acontecer e ficou na dela. Quando mantícora começou devorá-la ...opa! Aí, não. Mas quando resolveu encarar o problema ela também já estava pobre. Foram-lhe tirados todos os privilégios, luxo, honrarias, cargos. Lá estava ela, agora, igual ao pobre do trabalhador. Porém lhe restou um poder moral e ético. Restou-lhe a força do Evangelho e começou a gritar. Na sua pobreza conseguiu enxergar a dor dos explorados. Demorou, mas deu a sua resposta. Neste cenário extremamente complexo e desafiador, a pessoa que encarou o primeiro round merece ser comparada a um Leão, porque precisou ser forte e ter coragem. Por coincidência esta pessoa se chamava mesmo por este nome: Leão XIII3.Em maio de 1891 ele lançou um documento chamado Rerum Novarum que significa “Coisas Novas”, referindo-se a todas as novidades trazidas pela Revolução Industrial. Com este documento nascia a Doutrina Social Cristã. 1.4.1 Leão x Mantícora Foi a primeira grande resposta cristã à questão social. Foi elaborada por Leão XIII. Ela examina a condição dos trabalhadores assalariados, particularmente penosa para os operários das indústrias, afligidos pela miséria. A questão operária é tratada segundo a sua real amplitude: é explorada em todas as suas articulações sociais e políticas, para ser adequadamente avaliada à luz dos princípios doutrinais baseados na Revelação4, na lei e na moral natural. Esta carta fala de modo claro sobre os deveres do Estado, sobre a necessidade de leis justas que protegessem o trabalhador, o direito dos fracos, a dignidade dos pobres. Fala sobre as obrigações dos ricos, sobre o aperfeiçoamento da justiça mediante a caridade, sobre o direito a ter associações profissionais. Com estas perspectivas, 3Foi eleito papa em 20 de fevereiro de 1878. Ficou famoso como o Papa que se preocupava com as questões sociais. 4 Revelação: refere-se ao conhecimento das coisas de Deus que são por Ele mesmo reveladas. É o Ato de Deus se comunicar ao homem, revelando-se, dizendo quem Ele é e pronunciando sua vontade. https://pt.wikipedia.org/wiki/20_de_fevereiro https://pt.wikipedia.org/wiki/1878 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 a Rerum Novarum teve como ponto central o ser humano, buscando uma ordem social. Para organizar tudo propôs os seguintes princípios5: - A dignidade da pessoa humana: princípio que converge para si todas as leis, organizações, constituições, projetos. O ser humano é o ser mais importante que existe. Esta dignidade é inalienável (não pode ser comprada, vendida, transferida). A vida não tem preço. Todo o resto tem preço, menos o ser humano. Segundo Kant (2008) se não tem preço, é porque tem dignidade. O pressuposto fundamental do pensamento de Kant é a liberdade, o que faz com que o homem seja uma realidade fim em si mesma, o que implica dizer também que jamais deve ser tratado como meio. Ou seja, o ser humano ser utilizado (como meio) para se conseguir, por exemplo, dinheiro. Isto é coisificar o ser humano. No número 81 da “Laudato Si” (2015, s/p), o Papa Francisco expressa bem essa ideia quando diz: Cada um de nós tem em si uma identidade pessoal, capaz de entrar em diálogo com os outros e com o próprio Deus. A capacidade de reflexão, o raciocínio, a criatividade, a interpretação, a elaboração artística e outras capacidades originais manifestam uma singularidade que transcende o âmbito físico e biológico [...] consideramos o ser humano como sujeito, que nunca pode ser reduzido à categoria de objeto. À luz da fé cristã a pessoa humana é criada por Deus, remida por Cristo, santificada e vocacionada pelo Espírito Santo. Dignidade que exclui qualquer discriminação racial, social, econômica, religiosa ou cultural. - O Bem Comum: deve ser entendido como o conjunto das condições concretas que permitam a todos atingir níveis de vida compatíveis com sua dignidade de forma que tanto o grupo como cada membro possa alcançar mais plena e facilmente a própria realização. Este bem é comum porque somente juntos, como comunidade, e não simplesmente como indivíduos isolados, é que se torna possível desfrutá-lo, conquistá-lo e disseminá-lo. - A destinação universal dos bens: os bens criados se destinam a todos os homens. A apropriação individual, o chamado direito de propriedade, é uma forma eficaz de realizar melhor esta destinação. Significa que toda pessoa deve ter a possibilidade de usufruir do bem-estar necessário para seu pleno desenvolvimento, para o sustento da própria vida, istosem excluir nem privilegiar ninguém6.O que está na base deste princípio é a crença de que Deus destinou a terra com tudo o que ela contém para o uso de todos os homens e povos. Os bens criados são para todos e devem ser organizados com equidade, 5 Todos os princípios da DSC aqui apresentados se encontram na Carta encíclica “Rerum Novarum ” do Papa Leão XIII. 6 Cfr Centesimus Annus, em diante CA, n.31. 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 sob as regras da justiça. Toda propriedade privada tem uma finalidade social. Esta orientação é também princípio constitucional A propriedade, à luz deste princípio, é entendida como responsabilidade social e não como privilégio único. "Sobre toda a propriedade privada pesa uma hipoteca social"7. Isto significa que ninguém deve ter os bens como sendo apenas próprios, só dele, mas como comuns quanto ao uso, para que possam ser úteis também a outros; não se pode prescindir dos efeitos no uso dos próprios bens e recursos (o que implica, por exemplo, evitar o desperdício); não é justo manter ociosos os bens possuídos, sobretudo os bens de produção, mas é preciso confiá-los a quem tem o desejo e a capacidade de fazê-los produzir. A função social abrange também os frutos do recente progresso nos campos científico e tecnológico. Esta função social,indo além da esfera religiosa, é defendida também na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso XXIII, que afirma: “[...] a propriedade atenderá sua função social”. Nisto se baseia, por exemplo, a desapropriação para a reforma agrária, prevalecendo o interesse social sobre o individual quando uma propriedade rural, por exemplo, permanece, comprovadamente, sem nenhuma produtividade8. - A primazia do trabalho sobre o capital: o capital como forma de apropriação coletiva, pública ou privada, só é legítimo na medida em que serve ao trabalho. O capital é o fruto do trabalho e a ele se destina. É o princípio que marca a incompatibilidade da Doutrina Social Cristã com o capitalismo liberal. - A subsidiariedade: segundo a Rerum Novarum, às instâncias superiores de poder não se devem atribuir o desempenho daquilo que as instâncias inferiores podem melhor realizar. O dever das instânciassuperiores é um dever supletivo, de coordenação e promoção da iniciativa e da criatividade das instâncias inferiores. É este princípio a fonte da vitalidade de um número imenso de instituições, movimentos e iniciativas que são a 7 Cfr. Encíclica Sollicitudo Rei Socialis, de João Paulo II, 1987, 42. 8 A respeito disso devem ser observados todos os aspectos legais, principalmente a questão do pagamento de indenização em título de dívida agrária (art 184 da Constituição de 1988). Os “olhos” do neoliberalismo estão sempre voltados para o desenvolvimento econômico. E a estratégia fundamental é a não interferência do Estado na economia. É isto que chama “Estado mínimo”. Ou seja, deixa que a iniciativa privada cuida de tudo (da educação, da saúde, etc.). Assim, a economia deve ser baseada no livre jogo das forças do mercado. Segundo eles, isso garantiria o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. Suas características: - Privatização de empresas estatais - Livre circulação de capitais internacionais - Abertura econômica para a entrada de empresas multinacionais - Adoção de medidas contra o protecionismo econômico. (Fonte: Elaboração própria) 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 expressão da maturidade democrática liberta do paternalismo estatal. É também o princípio que oferece os critérios para discernir, na variedade das conjunturas, a solução de problemas tais como centralização e descentralização, nacionalização e privatização. - A solidariedade: é o princípio segundo o qual cada um cresce em valor e dignidade na medida em que investe suas capacidades e seu dinamismo na promoção do outro. O princípio vale analogicamente para todas as relações concretas: entre o homem e a mulher, os pais e os filhos, os grupos sociais, os níveis e setores de poder, o capital e o trabalho, o mundo desenvolvido e subdesenvolvido. Hoje se pode falar numa descoberta sempre mais lúcida de uma relação de solidariedade entre o homem e a natureza: o homem se valoriza mais na medida em que preserva e promove a natureza e esta, protegida e preservada, garante melhor qualidade de vida para o homem. 1.5 Mantícora se sofisticou Mantícora agora é bicho grande. Nos seus olhos de fogo brilham cifras. Sua voz de trovão só fala em sistema bancário, corporações financeiras, mercado globalizado, ou seja, seus produtos excedentes precisam circular em todos os países do mundo. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de valores em tempo quase real. Os lucros são enormes. Melhor dizendo, exorbitantes. Isto tudo já em pleno século XXI. Ah sim, o ser humano continua sendo devorado. Esta fase adulta de mantícora é voraz e extremamente organizada. Subordina tudo aos seus objetivos. Agora se fala em ações, produtos financeiros, títulos, câmbio, empréstimos, aquisição de bens, bolsa de valores. Na esteira de tudo isso vêm empresas multinacionais, especulação financeira, corretoras de seguro, dependência tecnológica, leis de patente, etc. E agindo incansavelmente está a “mão invisível do mercado”. Vamos dar um exemplo desta tal “mão invisível”. Imagine que o Pedro e o José, cada um abre um açougue. No mercado livre eles são concorrentes. Pedro caprichou no visual do açougue, atendia bem os clientes e não abusava no preço. José, diferentemente, não fez nenhum tipo de investimento, os produtos venciam e os clientes fugiram. Precisou alguém dizer que era melhor ir comprar no açougue do Pedro? Não. Mas aí o José acordou: chamou especialistas de marketing, mudou a estrutura do prédio e de fornecedores, e chegou a um excelente nível de atendimento. Precisou alguém dizer que agora se poderia comprar também no açougue do José? Não. Quem fez tudo isto, regulando preço, qualidade, atendimento foi a mão invisível do Mercado. É assim que ela acaba melhorando todo mundo. Diante desta situação, o Estado não precisa se preocupar. Não precisa ficar pensando nos mais fraco, cada um vai se virar e buscar o melhor para si. Se cada um melhora, a sociedade inteira 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 melhora. Lembrando sempre que nem Pedro, nem João agiram por amor às pessoas, mas pelo espírito de competição. Olhando assim, sem um juízo mais crítico, parece estar tudo certo. Mas, não! Na realidade, no mercado liberal, os grandes mercados vão engolindo todos os pequenos. É uma concorrência de preço sem comparação. Ainda mais quando formam os trustes e os cartéis. - O Neoliberalismo que presenciamos nada mais é que o “florir” do velho liberalismo. Suas características continuam fiéis às ao DNA das origens. Continua sendo caracterizado pela superioridade do livre mercado, com ênfase na autorregulação. Também pressupõe que a desigualdade seja necessária, ao mesmo tempo em que promove a liberdade, a iniciativa e a inovação. Deste modo a desigualdade não é justa nem injusta pois o mercado não tem vontade própria. Tudo depende da liberdade e inovação das pessoas. 71% da população do planeta recebem apenas 15% da renda global, enquanto os 10% mais ricos apropriam-se de mais da metade da renda produzida. E mais estarrecedor: apenas 358 bilionários controlam as principais fontes de riqueza do mundo e decidem a sorte e o futuro da humanidade. (MELO, apud DALBERIO, 1996, p. 36). Segundo o sociólogo Jessé Souza (2017), existe hoje uma “elite financeira” que comanda os grandes bancos e fundos de investimentos. Ganham sobretudo com as “taxas de juros” exorbitantes, uma espécie de taxa extra associada aos preços do mercado,mas esta taxa embutida em tudo o que consumimos precisa ficar oculta. Isto é um verdadeiro assalto, uma verdadeira corrupção. Na esteira disso tudo vem um outro poderoso fenômeno: a globalização. Pode ser definida como “uma gama de fatores econômicos, sociais e políticos e culturais que expressam o espírito e a etapa de desenvolvimento do capitalismo em que o mundo se encontra atualmente” (LIBÂNEO; OLIVEIRA, TOSCHI, 2003, p. 70). Aliás, globalização está intrinsecamente Cartel - Associação entre empresas do mesmo ramo de produção com objetivo de dominar o mercado e disciplinar a concorrência. As partes entram em acordo sobre o preço, prejudicam a economia por impedir o acesso do consumidor à livre- concorrência. Truste: Estrutura empresarial em que várias empresas, que já detêm a maior parte de um mercado, se ajustam ou se fundem para assegurar o controle, estabelecendo preços altos para obter maior margem de lucro. A globalização é um processo de fundamental importância para a atuação das empresas transnacionais, pois proporciona todo o aparato tecnológico para os serviços de telecomunicação, transporte, entre outros, fatores essenciais para a realização eficaz das atividades econômicas em escala global. (Fonte: mundoeducação.bol) 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 relacionada ao processo neoliberal, um dá sustentação ao outro. É inegável que ela trouxe aspectos positivos, principalmente os avanços obtidos nas ciências e nas tecnologias. Juntamente com este fenômeno da globalização se fala na “terceira revolução” que se refere às realidades técnico-científica-informacionais, ou seja, aos processos de inovações no campo da informática e suas aplicações nos campos da produção e do consumo. Neste contexto é que se ouve falar em química fina (a biotecnologia), em robótica, em genética,em novas fontes de energia, em internet e tecnologia de ponta. A mão de obra humana é cada vez mais substituída por sistemas automatizados o que corresponde a uma produção bem maior, em maior velocidade e em escala global ou, grande escala. Mas ouve-se também falar da instrumentalização da economia financeira, mais conhecida como economia de mercado e sua integração mundial, onde grandes empresas centralizam o capital e são capazes de interferir nas decisões dos Estados e dos governos. Normalmente estas empresas são transnacionais, tendo filiais em vários países (Coca Cola, Pepsi, Unilever, Mc Donald’s, Nestlé, Nike, Adidas, Puma, Volkswagen, General Motors, Toyota, Nokia, Sony, Siemens, Peugeot, Vivo, etc.)9. O lado bom destas empresas é que geram muitos empregos, trazem tecnologia. O lado ruim é que todo o lucro vai para a matriz (fora do país), pagam pouco pela mão de obra, conseguem muitos benefícios do governo e muitas vezes interferem diretamente nos destinos dos países. É neste contexto que surge também a expressão “idolatria de mercado”. Luiz Caetano, em seu artigo “O diabólico e a mercadolatria10” nos ajuda a entender esta expressão. Segundo ele, se observar atentamente se pode ver que a economia de mercado, sob a ótica da fé bíblica e da filosofia, traz embutida em si uma sofisticada e sutil idolatria: o Mercado é o Senhor. Afirmar a invisibilidade da ação reguladora do mercado equivale a divinizá-lo, ou pelo menos, apresentá-lo como algo mágico, onipotente e transcendente. Invisível, como Deus também é invisível. Aliás, a invisibilidade parece ser uma característica da moderna cultura de massas: a tecnologia, a produção, tudo parece ser invisível. Tudo está disponível em sua forma final, pronta para o consumo, perdendo-se a noção de que as coisas são produzidas, fabricadas. O trabalho das pessoas, a presença das pessoas que produzem, tudo fica oculto e perdido na dimensão do produto final. Perdeu-se a noção de processo. O shopping center, nesta linguagem da mercadolatria pode ser visto como a “nova catedral”. Normalmente tem uma cúpula, muitas vezes transparente, dando vistas aos céus. No lugar os santos em seus altares temos belos e belas atendentes que educadamente 9 Encontrar relação dessas empresas em: encurtador.com.br/arEGL 10 Leia o texto na íntegra, acessando: encurtador.com.br/hoBEW. Acesso em: set. 2019. O mercado é absoluto. Absoluto, só um deus! 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 perguntam: o que deseja? ... temos o que você precisa. Algumas propostas são capazes de confortar, de sanar angústias e de completar o vazio. Tudo está associado à ideia de alegria e realização. Poder adquirir é uma sensação de paraíso. Não poder fazê-lo, isto é um inferno. Esta questão é tão central para a qualidade de vida das pessoas que o Vaticano elaborou importantes considerações para um discernimento ético sobre alguns aspectos do atual sistema econômico-financeiro11. A proposta é oferecer,nesse âmbito de atividades econômico-financeiras, considerações e pontuações a favor do progresso do bem comum e em defesa da dignidade humana. Na análise que se faz há a percepção de que quando a organização financeira for desvinculada de adequados fundamentos antropológicos e morais, só é capaz de produzir abusos e injustiças gerando, inclusive, crises sistêmicas e de alcance mundial. Por isso defende a harmonia entre o saber técnico e a sabedoria humana. “Só com esta harmonia, pode-se progredir numa via de um bem-estar para o homem que seja real e integral”12Dado o fato de que vivemos em uma casa comum, como uma família global que aspira coexistir bem, precisamos gerir ou administrar os bens de casa e do planeta da melhor maneira possível. É isto que significa a palavra ‘economia’ significa na verdade: ‘oiko-nomics’, a maneira como organizamos, gerimos ou controlamos nosso lar. Quando levamos em conta nossa origem comum, nossa mútua existência e nosso destino comum, então podemos desenvolver novas convicções, atitudes e formas de vida, e novos sistemas econômicos que promovam de verdade este significado integral do desenvolvimento humano. Um pouco mais sobre BEM COMUM Quer medir o quanto uma sociedade é civilizada? Quer medir o seu nível de educação? Basta observar a consciência que esta mesma sociedade tem sobre o bem comum. Uma coisa é certa: é impossível organizar uma sociedade se ela não tem como ponto de partida e como ponto de chegada, o bem comum. A falta deste princípio leva à guerra social, à verdadeira selvageria financeira, leva ao que Thomas Hobbes, filósofo inglês, chamou de “homem lobo para o homem”, todos contra todos, prevalecendo a lei do mais forte. Durante muito tempo o brasileiro foi alimentado pela famosa lei de Gerson. Ele era o tal “canhotinha de ouro” da copa de 70. No auge da fama foi convidado para fazer um comercial de uma marca de cigarro e a frase a ser dita entre uma tragada e outra era:o 11 Leia o texto na íntegra, acessando: encurtador.com.br/aqDYZ Acesso em: set. 2019. 12 Congregação para a Doutrina da Fé. Do dicastério para o desenvolvimento do ser humano integral (2018). 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 importante é levar vantagem em tudo! Isto virou regra, e caiu feito uma luva na sociedade capitalista onde não importa como, o que importa realmente é levar vantagem. Uma dinâmica realizada em sala de aula com acadêmicos pedia aos alunos que expressassem num papel três grandes desejos (o gênio da lâmpada haveria de atendê- los...). 95% destes pedidos eram de caráter pessoal, individual (meu, minha!): concluir minha faculdade! ... saúde para toda a minha família... Poucos manifestavam uma preocupação coletiva (com “todos”, “nosso”). Para estes mesmos alunos, este resultado não foi estranho e nem foi constrangedor. Fonte: encurtador.com.br/gMOSY A explicação mais comum para o fato foi “é assim mesmo...a sociedade é assim, professor”!E aí junta-se esta convicção à lei de Gerson temos o “salve-se quem puder!”, o “cada um por si e Deus por todos!”, ou ainda, como dizem lá no norte: “...se a farinha é pouca, meu pirão primeiro!” Por isso se torna importante resgatar o bem comum. Este princípio é linha mestra na costura do tecido social. Precisa cada vez mais ser o fiel da balança nas decisões do cotidiano e assim ocupar o seu lugar de tema central da ética social. Que bom seria que ele se tornasse cada vez mais mediador das decisões políticas, financeiras, familiares. Pense no governante de fato imbuído neste empreendimento, o bem comum: como seriam as decisões pela educação, pela moradia, pelo alimento...! por isso é importante ter clareza do seu conceito: o conjunto de bens materiais e espirituais que formam o patrimônio de uma sociedade. Por exemplo, a geografia e as paisagens de um país, as águas e riquezas naturais, o seu nível de vida, capacidade de produção, infraestruturas de transportes e comunicações, edifícios, sistema de educação e de saúde, patrimônio artístico, etc. E ainda outras coisas menos visíveis, mas importantes, como a ordem pública, a eficiência e a honestidade das instituições, a moralidade pública e familiar, etc. Também faz parte do bem comum que este esteja bem repartido por todos os membros da sociedade. Talvez você esteja pensando em outras “trocentas” coisas materiais para se encaixar neste negócio de bem comum. Mas acredite, tudo o que pensar será sem dúvida importante, mas o mais importante mesmo, nesta questão do bem comum é você. VOCÊ MESMO, como pessoa. Se você realizar bem o seu trabalho, você estará promovendo o bem comum. Como assim? Imagine que todas as pessoas que lhe procuram seus trabalhos profissionais sejam bem atendidas, bem informadas, se sentem bem na sua presença. O trabalho que você lhes presta é de excelente qualidade, sem tramoias, sem rolo, sem corrupção. A sua linguagem é de valorização da pessoa, o seu tratamento considera o 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 humano. Agindo assim, você estará proporcionando um bem comum (um bem a todos) de modo extraordinário. O corpo humano, como organismo, ilustra bem esta ideia de bem comum: todas as partes do corpo formam o organismo. Não há motivo para que as mãos se coloquem contra o pé, ou os ouvidos contra o nariz! Células, órgãos, tecidos, tudo se completa. Da mesma forma uma sociedade é composta por indivíduos que desempenham funções diferenciadas, mas que concorrem todas para um mesmo fim. Tudo aquilo que permitir à sociedade atingir esse fim será considerado Bem Comum. Mas a sociedade não é, como nesta analogia do corpo, tão passiva. Ela é feita de indivíduos cheios de vontades próprias e muitas vezes contraditórios. 1.4.2 Contribuições de Frei Beto13 O que fica claro, logo de cara, no pensamento deste filósofo são as contrariedades que se manifestam em muitas áreas da existência humana. Chama atenção para a acumulação de capital em detrimento do bem comum, dos direitos humanos e do equilíbrio ecológico. Hoje, diz ele, 80% da produção industrial do mundo são absorvidos por apenas 20% da população que vive nos países ricos do hemisfério Norte. Os EUA, que abrigam apenas 5% da população mundial, consomem 30% dos recursos do planeta! É ainda Frei Betto quem nos apresenta mais números e reflexões. Diz ele que o padrão de consumo da sociedade capitalista é insustentável e tem um papel decisivo no processo de mudança do clima do planeta. Boa parte desse consumo é reservada é puro luxo e ostentação de um reduzido número de privilegiados. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a soma da renda das 500 pessoas mais ricas do mundo supera a de 416 milhões mais pobres. Um único multimilionário ganha mais do que 1 milhão de pessoas! Se o mundo gira em torno da economia e a economia gira em torno do mercado, isso significa que este, revestido de caráter idolátrico, paira acima dos direitos das pessoas e dos recursos da terra. Apresenta-se como um bem absoluto. Decide a vida e a morte da natureza e da humanidade. Assim, os fins - a defesa da vida no nosso planeta e a promoção da felicidade humana - ficam subordinados à acumulação privada das riquezas. Não importa que a riqueza de uns poucos signifique a pobreza de muitos. Os cifrões de contas bancárias são o paradigma do mercado e não a dignidade das pessoas. 13 Frei Beto é um escritor e religioso dominicano brasileiro. Adepto da Teologia da Libertação, é militante de movimentos pastorais e sociais. Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973 (4 anos de prisão). 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Frei Beto lembra ainda que, com frequência, se ouve dizer que a responsabilidade pelo bem comum é do Estado. Afirma que isto é verdade, porém não exime da participação cidadã, pois sem o apoio do cidadão o Estado não pode realizá-lo na sociedade. A preocupação política pelo bem comum consiste na capacidade para detectar as necessidades cidadãs e priorizá-las segundo o critério da realização concreta da dignidade humana que responde por tudo e a cada cidadão, estabelecendo metas a curto e longo prazo, dentro de um plano de continuidade no tempo. A viabilidade concreta desta preocupação requer uma mentalidade solidária, por um lado, da cidadania, e, por outro, dos políticos, porque implica a disposição de privilegiar a solução das necessidades urgentes dos membros mais vulneráveis da sociedade. Isto significa a generosidade em renunciar a alguns projetos, para poder privilegiar as necessidades mais urgentes, como também a coragem na consequente atribuição de recursos ao orçamento nacional. Por isso, não é só responsabilidade do Estado, mas também da cidadania e dos políticos, quando permitem e apoiam o Governo na realização de um plano para reduzir a pobreza. Observe que o bem comum é fundamentalmente um conceito relacional, de amizade cívica, que implica uma relação de igualdade e reciprocidade. Isto é, o exercício do bem comum na sociedade pressupõe e exige uma atitude solidária para poder realizá-lo segundo o duplo princípio ético de igualdade e equidade. A solidariedade não se reduz ao conceito de igualdade, porque não afirma somente o reconhecimento do outro em sua alteridade, mas também sustenta a opção de assumir os interesses do outro (indivíduo ou grupo) como próprios e a consequente responsabilidade coletiva frente às necessidades do outro. A solidariedade, portanto, está relacionada com uma lógica de ação coletiva. Por último, o bem comum é o fruto da participação, livre e criativa, de todos e de cada um dos cidadãos na sociedade. O bem comum constitui um direito, mas também um dever cidadão. Atenção! Agora, para uma correta ilustração de tudo o que conversamos assista ao vídeo “Linha final: privatizando o mundo”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hJbdzYQlF9Q>. Acesso em: set. 2019. Assista com muita atenção...conheça as artimanhas do mercado - Atenção! O conteúdo deste vídeo será objeto de avaliação. Será importante assisti-lo para fins de complementar também sua aprendizagem nesta disciplina. https://www.youtube.com/watch?v=hJbdzYQlF9Q 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1 e a Atividade 1.1. 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 EXCLUSÃO SOCIAL OBJETIVO DA UNIDADE: Entender o fenômeno da exclusão social, suas causas, buscando alternativas para sua superação. EU VI UM BICHO! Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato.O bicho, meu Deus, era um homem. (Manoel Bandeira). Eis o retrato da exclusão: o homem-lixo. O homem-resto. O homem-bicho. ”O Varela”, jornal de Salvador, no dia 30/04/2014 colocou em manchete: EXCLUSIVO: Limpeza Social? Mendigos estariam sendo expulsos de Salvador por causa da Copa do Mundo. Estariam sendo levados para cidades vizinhas. “É uma prática comum nos grandes polos. Isso acontece em São Caetano do Sul e em Santo André. Eles pegam os moradores de rua e levam para outras cidades”. A declaração é do então Secretário Municipal de Desenvolvimento Social de um município da região metropolitana de Salvador. Isso deveria envergonhar a todos. Infelizmente só traz desconforto para pessoas conscientes e com senso de justiça. 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.1 Quando o outro é um estranho Somos seres de relação, estabelecemos vínculos com as pessoas. Mas entre as tantas formas de perceber relações entre indivíduos há também aquela, que se caracteriza pelo preconceito, pela exclusão. Um tipo de relacionamento se dá por uma desigualdade, onde um se achando melhor que o outro, que estabelece privilégios para alguns e exclui uma parcela de pessoas da possibilidade de compartilhar os mesmos direitos, de ter acesso garantido aos mesmos benefícios sociais. O estranho traz desconforto, desconfiança, medo. O que causa este sentimento são todas aquelas situações que colocam em risco o “self”. “Me colocou em situação de perigo...me afasto”. Este estranho coloca em cheque meu modo de vida, minha cultura. O que mais incomoda no estranho é justamente isso: eu não o conheço. Estranho não é um paraguaio, no Paraguai. Estranho é um paraguaio no Brasil. Estranho não são os marroquinos em Marrocos. Estranho são os Marroquinos na Itália. Isso para dizer que o estranho gira em outra órbita, fala outra língua, tem outra cultura e, talvez, outra religião. Mas este estranho também pode, muito bem, estar na mesma rua que transito, falar a mesma língua, ter sido criado na mesma cultura, porém, ele é um desigual porque está sujo, é analfabeto, mal vestido e de aparência amedrontadora. É muito comum que por não conhecer (o outro – o estranho), surjam os estereótipos. Uma forma grave de preconceito exclusão que se entende como generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros. Estereótipo é uma impressão falsa que tenho do outro, baseada na aparência, nas roupas, no comportamento, na cultura. Por isso podemos afirmar que toda exclusão social é uma atitude que reflete a relação. Já se sentiu excluído alguma vez? Já fecharam a porta para você? Já te acharam incapaz, desnecessário, dispensável? Se isto já aconteceu eu tenho certeza de uma coisa; o sentimento foi horrível! Quem já passou por isso compreende melhor e mais que ninguém o que é ser um estranho, o que é ser excluído. Estereótipos são rótulos ou generalizações que se faz a partir comportamentos ou características de outros. Facilmente acaba se identificando com racismo, intolerância, homofobia, machismo, etc. 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Veja esta foto ao lado. Acha isso normal, justo? O ator Marcos Paulo (artista da rede globo) relatou certa vez uma experiência que teve em um país da África onde fora realizar filmagens. Disse ter levado na sua mochila pacotes de bolachas para comer durante as filmagens, sempre muito demoradas. Fonte: encurtador.com.br/ewWZ8 Porém os artistas estavam sempre rodeados por dezenas de crianças, desnutridas e esqueléticas. Lá pelas tantas teria sentido fome, pensou em atacar as guloseimas que estavam na mochila. Mas como abrir um pacote de bolacha diante de tantos olhos famintos? Não achou que isto fosse justo e resolveu não comer nada na frente deles. Isto significa que a fome do outro não é normal. Não se aceita. Por isso também muitos de nós não acham justo esbanjar alimentos, jogar fora, deixar apodrecer. Você deve se lembrar, porque é algo muito recente, do barulho causado pela PEC 287/2016, que tratava da questão da aposentadoria, propondo uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo e da cidade. Ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais, ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores, etc.); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), com a PEC 287/2016 escolhe-se o caminho da exclusão social14 O Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU)15, na compreensão da exclusão, nos aproxima da gravidade que representa esse fenômeno. A título de exemplo basta demonstrar, seguindo o relatório da PNDU de2004, que 831 milhões de pessoas estão desnutridas em todo mundo e que 1,1 bilhão de pessoas estão em situação de pobreza extrema. 11 milhões crianças morreram em 2002 antes de completarem 1 ano de vida. 1,197 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e 2, 742 bilhões de pessoas vivem em domicílios sem saneamento básico, segundo o documento. Dados da ONU informam que 14 O parágrafo expressa parte da nota da CNBB sobre a PEC 287/2016 que trata da Reforma da Previdência. 15 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento tem como mandato central o combate à pobreza. Em resposta ao compromisso dos líderes mundiais de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), o PNUD adota uma estratégia integrada, sempre respeitando as especificidades de cada país, para a promoção da governabilidade democrática, o apoio à implantação de políticas públicas e ao desenvolvimento local integrado, a prevenção de crises e a recuperação de países devastados, a utilização sustentável da energia e do meio ambiente, a disseminação da tecnologia da informação e comunicação em prol da inclusão digital, e a luta contra o HIV/AIDS. O PNUD é uma instituição multilateral e uma rede global presente hoje em 166 países, pois está consciente de que nenhuma nação pode gerir sozinha a crescente agenda de temas do desenvolvimento. 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 a população em extrema pobreza, em 1995 chegava a um bilhão e trezentos milhões de pessoas (dos quais dois terços são mulheres). Uma em cada cinco pessoas no mundo sofre de "pobreza extrema" e sobrevive com menos de um dólar diário; mais de um bilhão de pessoas carecem de serviços básicos; uma em cada 100 pessoas é imigrante ou refugiada, e um em cada quatro adultos é analfabeto. Buscando conceituar exclusão Sposatti (1996),diz se tratar de um termo que caracteriza o distanciamento de uma pessoa ou grupo que esteja em situação desfavorável ou vulnerável em relação aos demais indivíduos e grupos da sociedade.Estão na impossibilidade de partilhar. É viver na privação, ser recusado, abandonado, expulso – inclusive com violência – do conjunto da população. Entende-se, portanto que exclusão "[...]um processo (apartação social) pelo qual denomina-se o outro como um ser ‘à parte’, ou seja, o fenômeno de separar o outro, não apenas como um desigual, mas como um "não semelhante", um ser expulso não somente dos meios de consumo, dos bens, serviços, etc., mas do gênero humano. Fonte: encurtador.com.br/tAS48 É uma forma contundente de intolerância social [...]" (BUARQUE,1993). 2.2 Escravidão... é o fim! Toda exclusão é dolorosa e mortal. Todas trazem indignação. Algumas ilustram de forma escancarada toda a desgraça humana de um modo mais direto. A escravidão é uma delas, principalmente porque no mundo de hoje tanto já se brigou por liberdade, justiça e direitos iguais. Pelo menos 20,9 milhões de pessoas – principalmente mulheres e meninas –, no mundo são afetadas pelas diversas formas contemporâneas de escravidão, segundoestimativa da Organização das Nações Unidas (ONU). Fonte: encurtador.com.br/dA017 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A pobreza, os conflitos, a violência e a falta de acesso à educação, ao trabalho decente e de oportunidades para o empoderamento socioeconômico são considerados os principais fatores subjacentes à escravidão, segundo a organização. Em maio 2018 completou-se 130 anos da assinatura da Lei Áurea, que finalmente libertava os negros do regime escravista. Em tese seria algo para se comemorar. A realidade, porém, é que a má condução do processo resultou numa segregação racial e social que perdura até hoje. O Brasil foi o último país da América a abolir a escravatura. Havia no país mais de três milhões de escravos que, de um dia para o outro, foram colocados na rua. Agora livres, mas sem ter onde morar, nem trabalhar remunerado, sem ter com o que comprar nada. Com a libertação dos escravos vieram os imigrantes europeus, com uma mão de obra mais especializada e ocuparam boa parte dos possíveis postos de emprego. E negros, analfabetos, sem direitos políticos, sem profissão, foram parar nas periferias das cidades formando as favelas. A ONU celebra o dia 02/12 o Dia Internacional para a Abolição da Escravatura. Nesta ocasião em que se comemorou o evento, o então secretário-geral, Ban Ki-moon, lembrou que a cada dia "mulheres são traficadas" e "meninas forçadas a casar, abusadas sexualmente e exploradas para trabalhos domésticos". Ele lembrou que "homens, separados de suas famílias, são mantidos presos em fábricas clandestinas". Disse ainda que governos, a sociedade civil e o setor privado devem se unir para erradicar todas as formas contemporâneas de escravidão, incluindo o trabalho forçado. Ele apelou para que os Estados-Membros "ratifiquem e implementem os instrumentos relevantes de direito internacional, em particular o novo protocolo elaborado pela Organização Internacional do Trabalho, que foi concebido para fortalecer os esforços globais para eliminar o trabalho forçado". 2.3 Bolsões de pobreza no 1º mundo Quem ultimamente anda por países europeus, ou mesmo nos Estados Unidos, não deve estranhar os milhares de pobres e excluídos. Já ouviu falar do Brookings... ele representa um bolsão de pobreza, ou seja, os pobres se agruparam ali, encontrando nesta “modalidade social” um jeito de sobreviverem. Aí enfrentam toda sorte de dificuldades, violência, pouco emprego, etc. No último dia 04/04/2018 uma investigação desmontou uma fábrica clandestina em Itaquera onde trabalhavam bolivianos em regime de escravidão. 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Mas como pode isso, em países ricos? Um dado histórico interessante é perceber que a origem da exclusão, nos países ricos está ligada à crise do Estado-providência, ou seja, Estado de bem-estar proposto por John Maynard Keynes - ou Welfare State - Estado interventor que regulava diretamente a economia, fornecia subsídios para o sustento da população carente, como saúde, previdência, salário desemprego, entre outros benefícios custeados diretamente pelo dinheiro público, não dissociando produção de consumo. Com o término da 2ª Guerra Mundial o mundo ficou dividido em dois blocos: o capitalista (liderado pelos Estados Unidos) e o socialista (liderado pela antiga União Soviética). Foi a chamada guerra fria. Frente ao alto investimento no social, característica do modelo socialista, o bloco capitalista teve que empreender uma série de políticas que amenizasse o peso do capital sobre o trabalho, buscando conciliar lucratividade e inclusão social. Essa política, como dissemos acima, ficou conhecida como Welfare State (Estado de bem-estar social). Com o “fim do socialismo”, representado pela queda do muro de Berlim, em 1989, a guerra fria também chegava ao fim. Com isto, o capitalismo não tinha que ficar provando mais nada para o sistema socialista. Em outras palavras: não precisaria mais ficar cuidando dos pobres, com o Estado de Previdência, (fazendo intervenções na economia), deixa que cada um se vire. E aí aparecem aqueles que não sabem se virar ou não têm oportunidade. Vão ficando à margem da concorrência. Surgem então os grupos ou comunidades pobres: os bolsões de pobreza. 2.3.1 Vamos dar uma olhada aqui por perto O que é mesmo, pobreza? Respondendo de forma direta, trata-se do não atendimento das necessidades mínimas diárias de calorias. Em qualquer sociedade, quem não possui meios de garantir a própria alimentação diária mínima é considerado pobre. Numa fase mais aguda, se caracteriza por um não acesso à renda, aos serviços públicos e a abrigo, envolvendo a incapacidade de vestir-se, cuidar da saúde, utilizar transporte, estar em total insegurança. Muitos denominam este quadro também como “indigência”. Evidentemente a pobreza envolve outros aspectos como: - o que é estar “abaixo da linha de pobreza”? O Banco Mundial, em seu “Relatório de Desenvolvimento”, de 1990, estabeleceu que a medida para o que se chama de “linha de pobreza” é aquela situação onde se vive com menos de 1 dólar por dia, é a soma de todas as indigências. É lamentável saber que: 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 - o Brasil possua 45,5 milhões de pessoas nesta situação. Estes dados são de outubro de 201716 - a América Latina possui 167 milhões de pessoas em situação de pobreza. Deste total 71 milhões em estado de extrema pobreza ou indigência. Estes dados são de 201517. 2.3.2 Minoria...não tem força, nem voz! Quando se fala em exclusão logo se pensa também em minorias. Aqueles grupos menores dentro de grupos maiores. Estes são muitas vezes maltratados, desrespeitados. Justamente por serem uma minoria fica muito complicado a defesa dos seus direitos, do seu acesso aos bens e serviços. Fazem parte desta realidade aqueles que são excluídos por uma questão de gênero, por questões sexuais, por serem idosos, por serem analfabetos, deficientes físicos, etc. Uma das características destes grupos é estar sempre em desvantagem. Grupos maiores estabelecem uma relação de dominação. Neste contexto a democracia não pode ser simplesmente o desejo da maioria. Aliás, democracia é uma palavra bonita, mas se não estiver atrelada aos direitos humanos, e prevista em lei, acaba não garantindo os direitos fundamentais de todo indivíduo, principalmente estes mais vulneráveis. Por isso é importante lembrar aqui o que diz a Constituição (existem muitos outros aspectos, aqui citamos apenas aqueles referentes à cultura): Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. Parágrafo 1º: O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. […] Art. 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. 2.3.3 Tem jeito para isso? Sim, claro!A primeira coisa é falar em DES-envolvimento, ou seja, um desenvolvimento onde todos somos envolvidos. É preciso criar projetos de luta contra a pobreza. Precisam ser: - integrados: envolvimento interdisciplinar, cada um oferecendo um pouco da sua capacidade, profissionalismo e criatividade. 16 Os dados são de Joana Cunha, da Folha Digital, de 30/10/2017. São Paulo. 17 Os dados são da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. Janeiro de 2015. 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 - precisam ser interinstitucionais: o termo quer englobar não apenas os setores empresariais, mas toda a sociedade civilorganizada, comunidades. Neste nível não se fala de contratos, mas se fala de solidariedade, de organização, ajuda mútua, voluntariado e gratuidade. Sozinho e isolado qualquer um é impotente. - Necessita haver comunicação, informação: sem os devidos esclarecimentos não há motivação. Sem motivação ninguém faz nada (campanhas). Nesta motivação e esclarecimento o pobre precisa ser motivado, ele precisa ser sujeito da sua história. - Uma pista importante para isto é a prática dos princípios sociais cristãos, baseados no Evangelho, principalmente o da solidariedade e da caridade. - Momento importante desta superação é também a conscientização de cada jovem que se forma na universidade, exercendo sua profissão como forma de promover as pessoas, dando o melhor de si pelo bem comum, pelo bem social. 2.3.3 O que é preciso - Uma mudança cultural: a começar pelo reconhecimento da pobreza local e, consequentemente, lutar contra ela. Contra aquela pobreza ou exclusão que está bem aqui, do meu lado. Neste nível “cultural” ela não pode ser vista de uma maneira simplista, como se fosse fruto de escolhas individuais erradas. Essencialmente é o “sistema” quem empurra as pessoas para a exclusão. Também precisa ver que ela é estrutural: se a casa é um barraco, o quintal pode ter lixo, cães e gatos, não se planta uma horta. Quer dizer, uma coisa puxa a outra. - Uma mudança política e econômica: existindo “vontade” política é possível bons projetos de transformação. Uma sociedade que leva a sério as políticas públicas tem na sua centralidade a pessoa humana. Neste nível se situa algo muito importante que é a geração de emprego. Com o emprego a pessoa restabelece a “ruptura” social, se sente útil e integrada. E, portanto,o vínculo mais importante de inserção social. Se a pessoa tem um trabalho ela se sente útil, importante, necessária. E o contrário também é verdade: se a pessoa não tem um trabalho, uma profissão, parece também que não tem utilidade nenhuma. Ela mesma se sente incomodada com isto. Conheci um senhor de 90 anos de idade. Ele criou seus filhos fazendo cabo de machado e vendendo. Aos 90 anos já não enxergava mais nada, mas continuava fazendo cabo de machado. A família deu um jeitinho de arrumar todo o material e lhe colocava ao alcance das mãos. Ele então, com certa arte, raspava, lixava. A família sabia que as pessoas nem compravam mais cabos de machado... mas ele acreditava que com seu trabalho continuava sendo importante e sustentando a família. 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 É interessante quando nos apresentamos para alguém. A pessoa pergunta nosso nome e logo em seguinte faz outra pergunta: trabalha onde? Se digo meu nome e acrescento que não faço nada, parece que está faltando alguma coisa. Não sou eu por inteiro. Então, o trabalho faz parte da própria identificação da pessoa. Sou conhecido por aquilo que sou, e muitas outras vezes, por aquilo que faço, pelo trabalho. E claro, a melhor coisa é sempre a prevenção. Prevenindo se pode atacar as raízes da exclusão, impedindo a sua perpetuação. Logo, preventivas são as estratégias que intervêm diretamente nas causas, nas raízes mais profundas da exclusão social estimulando o desenvolvimento social. Se manifestam por meio de campanhas preventivas. 2.4 Uma crítica à educação Algo sem dúvida muito chato nisso tudo perceber que a educação, que deveria ser um dos caminhos para a promoção da cidadania, para a formação do cidadão crítico, torna-se hoje reprodutora da dominação. Fonte: https://bit.ly/2PRYyTf Ela faz isso quando habilita apenas para atender aos interesses da elite dominante, visando apenas formar pessoas para o mercado, ao invés de preocupar em formar pessoas. Na visão de Gentile (1996), a função social da escola se resume a preparar para a empregabilidade, pois sua função é a transmissão de certas competências e habilidades necessárias para que as pessoas atuem competitivamente num mercado de trabalho altamente seletivo e cada vez mais restrito. A própria educação torna-se excludente desde o baixo nível de ensino, devido à falta de incentivos aos professores, à reprovação constante e evasão de alunos. Isto tudo é o primeiro passo para o subemprego. Segundo o IBGE o Brasil não conseguiu atingir a meta de redução do analfabetismo fixadas para 2015. O Brasil, em 2017, se mantém no 88º lugar de 127 no ranking de educação feito pela Unesco, o braço da ONU para a cultura e educação. A educação baseada no “sistema” é determinada por aqueles que detêm o poder, tendo a posse do que se deve aprender. É neste momento que surge o conceito de Educação alienadora. Aliena no sentido de os opressores Desejam transformar a mentalidade dos oprimidos e não a situação que os oprime, e isto para melhor adaptá-los esta situação, para melhor os dominar. Sempre que o aluno é visto como um depósito de conhecimentos, recebendo uma educação “bancária” onde o 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 professor só transmite e transfere conhecimentos, uma mera narração de conteúdo, estamos diante de uma educação alienante. Que não muda nada. O aluno não pensa, não analisa. Pode até tirar um “dez”, mas não será provocado a dar um salto para o “social”, compreender, por exemplo, o porquê os homens se tornam desumanizados e passivos diante das injustiças e opressões. 2.5 Então ... é preciso falar de Direitos Humanos Todos queremos viver. Todos queremos ter uma vida digna. Todos queremos liberdade. Queremos estudo, trabalho, saúde, moradia e alimentação. E basta que seja “ser humano” para ter assegurado para si tais direitos em todo e qualquer lugar do planeta terra, esses direitos são universais. Devem sem observados sem nenhuma discriminação: nem de religião, nem de nacionalidade, nem de gênero, nem de cor, nem de orientação sexual e nem política. São garantias devem constar na legislação maior (Constituição) de todo país, isto para proteger a pessoa contra as ações de governantes que, do jeito que querem e quando querem, colocam em risco a dignidade humana. Proporcional a estas prioridades são as características desses direitos: - são indisponíveis: não se abre mão deles, nunca. Em nenhuma circunstância. - Eles existem para garantir a dignidade de toda pessoa. - Valem aqui e em qualquer outro lugar do mundo: são universais. - Um tem relação com o outro: a não observação de um direito pode afetar o cumprimento de outros. - Eles valem para sempre: não têm prazo de validade. - não estão limitados ao que está previsto na lei: todo ordenamento jurídico deve se organizar a partir da pessoa humana e de seus direitos fundamentais. Direitos e garantias fundamentais na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º: - - igualdade de direitos e deveres entre mulheres e homens, - - proibição de tortura e tratamento desumano, - - liberdade de pensamento, de crença e de religião, - - proibição de censura, - - proteção da intimidade, vida privada, honra e imagem, - - sigilo telefônico e de correspondências, - - liberdade de escolha de profissão, - - liberdade de locomoção dentro do país, - - direito de propriedade e de herança, - - acesso garantido à justiça, - - racismo, tortura e tráfico de drogas são crimes inafiançáveis, - - proibição de pena de morte, - - nenhum brasileiro pode ser extraditado. - Fonte: encurtador.com.br/pvzAV (02/10/2018) 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Concluímos lembrando o que diz nossa Constituição nos artigos 1 e 2: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos" e podem invocar os direitos e liberdades desta Declaração, "sem distinção alguma de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer outra situação". Antes de continuar seu estudo, realize
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