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Direito Previdenciário Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Karen Diana Macedo Arsenovicz Prof. Claudio Alves Da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar • Seguro-Desemprego; • Prescrição e Decadência; • Crimes Contra a Previdência Social; • Previdência Complementar. • Estudar as principais questões sobre o benefício previdenciário; • Abordar os institutos da prescrição e a decadência em matéria de Direito Previdenciário, abrangendo conceito e hipóteses de sua ocorrência; • Falar acerca dos crimes contra a Previdência Social, mencionando e esclarecendo quais os atos praticados pelas Empresas e pelos contribuintes e beneficiários que são considerados criminosos; • Analisar a questão da Previdência Complementar. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar Seguro-Desemprego É um benefício que tem por finalidade promover a assistência financeira tem- porária do trabalhador desempregado em virtude de ter sido dispensado sem justa causa, inclusive a indireta. Destina-se, ainda, a auxiliar os trabalhadores na busca de emprego, promovendo ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. A o desempregado tem proteção cons- titucional: o Artigo 7º da Constituição Federal estabelece ser direito dos traba- lhadores urbanos e rurais, dentre outros, o seguro-desemprego em caso de desem- prego involuntário. Ademais, o seguro-desemprego decor- re de uma contingência: a perda do em- prego por dispensa sem justa causa ou rescisão indireta. O benefício vai substituir o valor que o empregado ganhava. No entanto, o paga- mento é feito pelo Ministério do Trabalho. Figura 1 Fonte: Getty Images São beneficiários do seguro-desemprego: • Empregado contratado pelo regime CLT; • Empregado temporário; • Trabalhador avulso; • Trabalhador resgatado de condições análogas às de escravos; • Pescador profissional que exerça atividade de forma artesanal ou em regime de economia familiar; • Empregado doméstico; Não gera direito ao seguro-desemprego: 1. O T érmino de Contrato por prazo determinado, nele se incluindo o Contrato de experiência; 2. A rescisão do Contrato por culpa recíproca; 3. O pedido de demissão; 4. Adesão a programa de demissão voluntária. O seguro-desemprego é concedido por um período variável de 3 a 5 meses, de maneira contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de 16 meses. 8 9 Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela equiparada, relativos a: pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação; pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da segunda solicitação; e cada um dos 6 (seis) meses ime- diatamente anteriores à data de dispensa, quando das demais solicitações; O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador desemprega- do, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que deu origem à última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). A determinação do período máximo observará a seguinte relação entre o núme- ro de parcelas mensais do benefício do seguro-desemprego e o tempo de serviço do trabalhador nos 36 (trinta e seis) meses que antecederem a data de dispensa que originou o requerimento do seguro-desemprego, vedado o cômputo de vínculos empregatícios utilizados em períodos aquisitivos anteriores. O período aquisitivo é o limite de tempo que estabelece a carência para o recebimen- to do benefício. No caso do seguro-desemprego, o período aquisitivo é de 16 meses. Tabela 1 Para a 1ª solicitação Vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23 meses. 4 parcelas Vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 24 meses. 5 parcelas Para a 2ª solicitação Vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 9 meses e no máximo 11 meses. 3 parcelas Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela equiparada, de, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23 meses. 4 parcelas Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela equiparada de, no mínimo, 24 meses. 5 parcelas A partir da 3ª solicitação Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela equiparada de, no mínimo, 6 meses e, no máximo, 11 meses. 3 parcelas Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela equiparada de, no mínimo, 12 meses, e, no máximo, 23 meses. 4 parcelas Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela equiparada de, no mínimo, 24 meses. 5 parcelas O custeio do seguro-desemprego está previsto no Art. 239 da Constituição. São fontes de custeio do seguro-desemprego: • A arrecadação decorrente das contribuições do PIS e do PASEP (Art. 239, Caput, da CF); • A contribuição adicional da Empresa cujo índice de rotatividade da força de trabalho supere o índice da rotatividade do Setor, conforme o programa do segurado-dependente (§4º do Art. 239 da CF). 9 UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar A Lei 7.998/90 instituiu o Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), vinculado ao Ministério do Trabalho e destinado ao custeio do programa de seguro-desemprego, ao pagamento do abono salarial e ao financiamento de programas de desenvolvi- mento econômico. O programa do seguro-desemprego tem por finalidade: 1. Prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregadoem virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado do regime de trabalho forçado ou da condi- ção análoga a de escravo; 2. Auxiliar os trabalhadores na busca ou na preservação do emprego, pro- movendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qua- lificação profissional. Os valores estabelecidos para o seguro-desemprego são baixos e pagos durante pouco tempo, visando a estimular o trabalhador a buscar um novo emprego. Toda- via, o valor do benefício não pode ser inferior ao salário-mínimo. Para apurar o valor do benefício, é considerada a média dos salários dos três últimos meses de trabalho. Caso o empregado não tenha trabalhado integralmen- te em qualquer dos três últimos meses, o salário será calculado com base no mês completo de trabalho. O valor devido ao empregado doméstico corresponderá a um salário mínimo e será concedido por no máximo três meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de 16 meses. O valor do benefício do pescador profissional será de um salário mínimo mensal durante o período da proibição da atividade pesqueira para a preservação da espé- cie (Lei 10.779/03). O seguro-desemprego não pode ser cumulado com gozo de aposentadoria, au- xílio-doença ou benefício de prestação continuada da Assistência Social, mas pode ser cumulado com auxílio-acidente e pensão por morte. O benefício será suspenso na ocorrência das seguintes hipóteses: 1. O trabalhador ser admitido em novo emprego; 2. Haver início de pagamento de benefício previdenciário, salvo auxílio-acidente. Caso o motivo da suspensão tenha sido decorrente da admissão do trabalhador em novo emprego, implicando o não recebimento integral do seguro-desemprego, o trabalhador poderá receber as parcelas restantes, provenientes do mesmo perío- do aquisitivo, desde que seja novamente dispensado sem justa causa. O cancelamento do benefício se dá: 1. Pela recusa do trabalhador desempregado a outro emprego inerente à sua qualificação e remuneração anterior; 2. Por prova de falsidade na prestação de informação necessária à habilitação; 10 11 3. Por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício; 4. Por morte do segurado. O trabalhador que receber indevidamente o benefício fica obrigado a ressarcir o órgão segurador, mediante desconto em tantos salários quantas forem as parcelas re- cebidas indevidamente, sem prejuízo de responder criminalmente, nos termos da Lei. Prescrição e Decadência Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito e de toda a sua capacidade de- fensiva, em consequência do não uso delas, durante um determinado espaço de tempo. No Direito Previdenciário, prescrição é a perda do direito de executar judicial- mente o crédito previdenciário já constituído, em virtude de não tê-lo exercido dentro do prazo definido em Lei, e também é a perda do direito, por parte do segurado/beneficiário, de exigir prestação, restituição ou diferenças devidas pela Previdência Social. A prescrição se interrompe (isto é, o prazo passado é eliminado, e a prescrição reinicia do zero) quando da ocorrência dos seguintes casos (previstos no Art. 174, Parágrafo Único do CTN): 1. Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em Execução Fiscal; 2. Pelo Protesto Judicial; 3. Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 4. Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reco- nhecimento do débito pelo devedor. Ocorre a suspensão da prescrição (isto é, o prazo de prescrição fica congelado por certo período) nos casos de: 1. Moratória; 2. Concessão de medida liminar em Mandado de Segurança a favor do su- jeito passivo; 3. Concessão de medida ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; 4. Parcelamento. A prescrição se dá, também, em relação aos segurados/beneficiários. Assim, prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes. Prescreve, também, em cinco anos, as ações referentes à prestação por acidente do trabalho cotados da data do acidente, quando dele resultar morte ou incapaci- dade temporária, verificar em perícia médica a cargo da Previdência ou da data 11 UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar em que for reconhecida pela Previdência Social a incapacidade permanente ou o agravamento das sequelas do acidente. Estamos falando aqui de prescrição de valores pecuniários devidos em razão de benefícios não pa- gos em época devida e não de prescrição do direito adquirido ao benefício, que é inatacável, inclu- sive pela decadência. Decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. O tempo age, no caso de decadência, como um requisito do ato. Em Direito Previdenciário, é a extinção do direito, pelo INSS, de apurar e cons- tituir o Crédito Previdenciário, em decorrência do transcurso de um intervalo de tempo previsto em Lei. É, também, a extinção do direito do beneficiário/segurado para a revisão do ato de concessão ou indeferimento do benefício. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancela- mento ou cessação de benefício, do ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de dez anos, contado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 871, de 2019) I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019) II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de in- deferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de benefício, no âmbito administrativo. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019) Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deve- riam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administra- tivos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo compro- vada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004) Estamos falando aqui de decadência de valores pecuniários devidos em razão de benefícios não pagos em época devida. Não há decadência em direito adquirido. 12 13 O direito de pleitear judicialmente a desconstituição de exigência fiscal fixada pelo INSS, no julgamento de litígio em processo administrativo fiscal, extingue-se com o decurso do prazo de 180 dias, contados da intimação da referida decisão. Importante! A Seguridade Social pode, a qualquer tempo, apurar e constituir seus créditos na hipóte- se de ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Importante! Crimes Contra a Previdência Social Introdução A Lei nº 8.212/91 trazia consigo, no Art. 95, ilícitos penais previdenciários. Todavia, com a Lei nº 9.983/2000, os fatos típicos previstos na Lei 8.212/91 passaram a constar no corpo do Código Penal, objeto de nosso estudo nesta aula. Não se pode deixar de destacar que o objetivo do legislador, ao tipificar condutas criminosas contra a Previdência, é coagir as Empresas a efetuarem suas Contribui- ções corretamente. Deve-se ressaltar que a Lei não abarca responsabilização penal das Empresas, mas das pessoasfísicas encarregadas pelo adimplemento das obrigações previdenciárias. Tipos penais Apropriação indébita previdenciária O crime de apropriação indébita previdenciária se verifica com as seguintes condutas: 1. Deixar de repassar à Previdência Social as Contribuições recolhidas dos con- tribuintes, no prazo e na forma legal ou convencional (Art. 168 – a, Caput); 2. Deixar de recolher, no prazo legal, Contribuição ou outra importância des- tinada à Previdência Social que tenha sido descontada de pagamento efetu- ado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público (Art. 168-a, § 1º, i); 3. Deixar de recolher contribuições devidas à Previdência Social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços (Art. 168-a, § 1º, ii); 4. Deixar de pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à Empresa pela Previdência Social (Art. 168-A, § 1º, III). O delito é caracterizado como formal, pois o resultado não é necessário para sua caracterização, sendo, ainda, omissivo próprio, pois prevê uma omissão do agente. 13 UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar A conduta prevista no Caput é usualmente praticada pelo agente bancário res- ponsável por transferir os valores arrecadados à Previdência Social. A conduta do § 1º, I é praticada, em geral, por empregadores. Para a caracterização do delito não é suficiente a mera ausência de repasse. Não se deve confundir o ilícito administrativo da ausência do recolhimento com o crime, cuja identificação carece do componente subjetivo, o dolo do agente em reter valores devidos à Previdência Social, independentemente de fim específico. A comprovação da ausência do desconto exclui o crime. A extinção de punibilidade ocorre se o agente, espontaneamente, declara, con- fessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à Previdência Social, na forma definida em Lei ou Regulamen- to, antes do início da Ação Fiscal (Art. 168-A, § 2º). Imprescindível observar que o recolhimento posterior não exclui a punibilidade, podendo gerar perdão judicial se feito antes da denúncia; arrependimento poste- rior, se feito antes do recebimento da denúncia; ou circunstância atenuante, se feito após o recebimento da denúncia. E se o sujeito passivo aderir a um plano de parcelamento especial? A resposta está na Lei 11.941/09 – Art. 67: se a adesão ocorrer antes do ofere- cimento da denúncia, esta só será aceita na superveniência de inadimplemento da obrigação que for objeto da denúncia; Art. 68: fica suspensa a pretensão punitiva do Estado enquanto não forem rescindidos os parcelamentos especiais, não ocor- rendo prescrição criminal no período de suspensão da pretensão punitiva. Hipóteses de perdão judicial: 1. Se o agente for primário e de bons antecedentes, e desde que tenha pro- movido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da Contribuição Social Previdenciária, inclusive Acessórios (Art. 168-a, § 3º, i); 2. Se o agente for primário e de bons antecedentes, e desde que valor das Contribuições devidas, inclusive Acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela Previdência Social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas Execuções Fiscais (Art. 168-A, § 3º, II). Falsificação de documento público A Lei 9.983/2000 inseriu no delito de falsificação de documentos (Art. 297 do CP) os §§ 3º e 4º, transcritos a seguir: 14 15 Figura 2 Fonte: Getty Images Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (...) § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir (incluído pela Lei nº 9.983, de 2000): I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório (incluído pela Lei nº 9.983, de 2000); II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, decla- ração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita (incluído pela Lei nº 9.983, de 2000); III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacio- nado com as obrigações da empresa perante a previdência social, de- claração falsa ou diversa da que deveria ter constado (incluído pela Lei nº 9.983, de 2000); § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos menciona- dos no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços (incluído pela Lei nº 9.983, de 2000). A previsão do delito visa a preservar a veracidade das informações constantes em documentos públicos. 15 UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar Atualmente, em especial por causa da Guia de Recolhimento do FGTS e Infor- mações à Previdência Social (GFIP), a Previdência Social tem dado muita importân- cia à documentação elaborada pela Empresa, de modo a desobrigar o segurado do ônus da prova de sua condição de segurado, assumindo o INSS como verdadeiros os dados apresentados pelos empregadores. Em razão desse procedimento, abre-se a porta para a elaboração de fraudes, como a declaração falsa de vínculo, gerando direitos inexistentes. A omissão indevida de documentos pode dificultar ou inviabilizar a concessão de benefícios devidos; por isso, a exclusão indevida de segurados dos documentos da Empresa também é objeto de sanção penal. O delito do § 3º é comissivo, pois traduz a ação de inserir dados falsos, enquanto o crime do § 4º é omissivo, pois traduz uma omissão da Empresa em relação a seus segurados. Ambos os delitos são formais. Inserção de dados falsos em Sistema de Informação A conduta consiste em inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas in- formatizados ou Bancos de Dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano (CP – Art. 313-A). Figura 3 Fonte: Getty Images Trata-se de crime próprio, pois somente o funcionário autorizado poderá praticá- -lo, desde que possua senha para a inclusão de dados no Sistema. É também delito formal e comissivo, pois decorre de uma ação do agente e não carece de resultado para sua consumação, embora o dolo seja específico (fim de obter vantagem inde- vida para si ou para outrem ou causar dano). Modificação ou alteração não autorizada de Sistema de Informação Consiste em modificar ou alterar, o funcionário, Sistema de Informações ou Programa de Informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente (CP – Art. 313-B). 16 17 Trata-se de crime próprio, formal e comissivo, pois decorre de uma ação do agente, que deve ser funcionário, e não carece de resultado para sua consumação. Diferencia-se do delito do Art. 313-A, pois a mera modificação ou alteração dolosa com qualquer fim caracteriza o ilícito penal. Se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração pública, o delito é qualificado e aumentado de 1/3 a½ (CP – Art. 313-B, parágrafo único). Estelionato A conduta do estelionato está prevista no Art. 171 do CP e consiste em obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou manten- do alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. O § 3º do Art. 171 define como estelionato qualificado o estelionato cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de Economia Popular, Assistência Social ou Beneficência. É crime contra o patrimônio da Seguridade Social, sendo delito material, pois sua concretização toma lugar com a obtenção da vantagem indevida.Apesar de não estar expressamente mencionada na Previdência Social, a Súmu- la 24 do STJ prevê o seguinte: “Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3º, do Art. 171 do Código Penal”. Sonegação de Contribuição Previdenciária O delito consiste em suprimir ou reduzir Contribuição Social Previdenciária, mediante a prática dos seguintes atos: 1. Omitir de folha de pagamento da Empresa ou de documento de informa- ções previsto pela Legislação Previdenciária segurados, empregado, em- presário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipara- do que lhe prestem serviços; 2. Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da Empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empre- gador ou pelo tomador de serviços; 3. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de Contribuições Sociais Previdenciárias. Ocorre a extinção da punibilidade quando o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à Previdência Social, na forma definida em Lei ou Regulamento, antes do início da Ação Fiscal. O perdão judicial é restrito ao agente primário e de bons antecedentes, às si- tuações em que o valor das Contribuições devidas, inclusive Acessórios, seja igual 17 UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar ou inferior àquele estabelecido pela Previdência Social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Previdência Complementar Histórico O Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado (Mongeral), institu- ído em 1835, foi o primeiro órgão a determinar a complementação dos recursos das pessoas, de forma a proporcionar renda aos trabalhadores quando deixassem de trabalhar. O Código Comercial de 1850, nos Arts. 666 e 684, prevê o segurado privado para garantir as viagens marítimas. A Lei nº 3.807/60 previa que a Previdência Social poderia organizar os seguros facultativos. O Dec. nº 73/66 criou o segu- ro privado. A Constituição de 1988 previa, originalmente, no § 7º do Art. 201, que a Pre- vidência Social manteria seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, custeado por Contribuições Adicionais; bem assim, no § 8º, previa a vedação de subvenção ou auxílio do Poder Público às entidades de Previdência Privada com fins lucrativos. A Emenda Constitucional nº 20/1998 promoveu alterações no Sistema, deter- minando que a matéria fosse regulada por Lei Complementar, surgida em 29-5- 2001, sob o nº 109, e é regulamentada pelo Dec. nº 4.206/02. Essa LC 109/01 trata da Previdência Complementar, aberta e fechada, do Se- tor Privado. Papel do Estado A ação, em relação à Previdência Complementar Privada, será exercida com o objetivo de: 1. Formular a política de Previdência Complementar; 2. Disciplinar, coordenar e supervisionar as atividades reguladas de Previdên- cia Complementar, compatibilizando-as com as políticas previdenciária e de desenvolvimento social e econômico financeiro; 3. Determinar padrões mínimos de segurança econômico-financeira e atua- rial com fins específicos de preservar a liquidez, a solvência e o equilíbrio dos planos de benefícios, isoladamente, e de cada entidade de previdência complementar, no conjunto de suas atividades; 18 19 4. Assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos de benefícios; 5. Fiscalizar as entidades de Previdência Complementar, suas operações, e aplicar penalidades; 6. Proteger os interesses dos participantes e assistidos dos Planos de Benefícios. Há no Ministério da Previdência Social a Secretaria de Previdência Comple- mentar (SPC), que é responsável pela fiscalização e pela regulação das Entidades Fechadas de Previdência Complementar. Nessa tarefa, é auxiliada pelo Conselho Gestor de Previdência Complementar (CGPC). A regulação e a fiscalização das Entidades Abertas de Previdência Complemen- tar, Planos oferecidos por Bancos e Seguradoras privadas, estão a cargo do Minis- tério da Fazenda. O tratamento é o mesmo de outras modalidades de seguro privado. Elas são regu- ladas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e fiscalizadas pela SUSEP. A Lei Complementar nº 108/01 trata exclusivamente das relações dos Ór- gãos e Empresas públicas como patrocinadores de Entidades fechadas de Pre- vidência Complementar. Planos de Previdência Complementar Os Planos de Benefício atenderão a padrões mínimos fixados pelo Órgão regu- lador e fiscalizador, com o objetivo de assegurar transparência, solvência liquidez e equilíbrio econômico financeiro e atuarial. O custeio do Sistema de Previdência Privado é feito por: a) patrocinador (é o em- pregador que vai contribuir financeiramente com o plano de Previdência Comple- mentar de seus empregados); b) participantes (pessoa física que adere aos planos); e c) investimentos. Denomina-se “Assistido” o participante ou seu beneficiário em gozo de benefício de prestação continuada. Os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando im- plementadas todas as condições estabelecidas pela elegibilidade consignadas no Regulamento do respectivo plano. A concessão de benefício pela Previdência Complementar independe da conces- são de benefício pelo RGPS. A restituição das parcelas pagas ao Plano de Previdência Privada deve ser objeto de correção plena, por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda. O benefício do segurado pode ser reduzido; porém, deve haver anuência expres- sa da referida pessoa, pois o regime é contratual. 19 UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Decadência de 10 anos no INSS para Fazer REVISÃO https://youtu.be/L6O2A_JlHvE Pente Fino INSS 2019 https://youtu.be/Yeg9cn693dQ Trabalhador já pode pedir o seguro-desemprego pela internet https://goo.gl/fPJS9r Leitura Os crimes contra a Previdência Social https://goo.gl/xbHK7T 20 21 Referências CASTRO, C. A. P.; LAZZARI, J. B. Manual de Direito Previdenciário. 11.ed. São Paulo: Conceito, 2009. DIAS, E. R.; MACÊDO, J. L. M. Curso de Direito Previdenciário. São Paulo: Método, 2009. IBRAHIM, F. Z. Curso de Direito Previdenciário. 15.ed. Rio de Janeiro: Impethus, 2010. LEITÃO, A. S.; GRIECO, A.; MEIRINHO, S. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva, 2018. MARTINS, S. P. Direito da Seguridade Social. 29.ed. São Paulo: Atlas, 2010. VIANA, J. E. A. Curso de Direito Previdenciário. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010. 21
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