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Unidade VI - Seguro Desemprego, Prescrição e Desadência, Crimes contra a Previdência e Previdência Complementar

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Direito Previdenciário
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Karen Diana Macedo Arsenovicz
Prof. Claudio Alves Da Silva
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. Crimes 
Contra a Previdência. Previdência Complementar
• Seguro-Desemprego;
• Prescrição e Decadência;
• Crimes Contra a Previdência Social;
• Previdência Complementar.
• Estudar as principais questões sobre o benefício previdenciário;
• Abordar os institutos da prescrição e a decadência em matéria de Direito Previdenciário, 
abrangendo conceito e hipóteses de sua ocorrência;
• Falar acerca dos crimes contra a Previdência Social, mencionando e esclarecendo 
quais os atos praticados pelas Empresas e pelos contribuintes e beneficiários que 
são considerados criminosos;
• Analisar a questão da Previdência Complementar.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Seguro-Desemprego. Prescrição e 
Decadência. Crimes Contra a Previdência. 
Previdência Complementar
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
Seguro-Desemprego
É um benefício que tem por finalidade promover a assistência financeira tem-
porária do trabalhador desempregado em virtude de ter sido dispensado sem justa 
causa, inclusive a indireta.
Destina-se, ainda, a auxiliar os trabalhadores na busca de emprego, promovendo 
ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional.
A o desempregado tem proteção cons-
titucional: o Artigo 7º da Constituição 
Federal estabelece ser direito dos traba-
lhadores urbanos e rurais, dentre outros, 
o seguro-desemprego em caso de desem-
prego involuntário.
Ademais, o seguro-desemprego decor-
re de uma contingência: a perda do em-
prego por dispensa sem justa causa ou 
rescisão indireta.
O benefício vai substituir o valor que o 
empregado ganhava. No entanto, o paga-
mento é feito pelo Ministério do Trabalho.
Figura 1
Fonte: Getty Images
São beneficiários do seguro-desemprego:
• Empregado contratado pelo regime CLT;
• Empregado temporário;
• Trabalhador avulso;
• Trabalhador resgatado de condições análogas às de escravos;
• Pescador profissional que exerça atividade de forma artesanal ou em regime 
de economia familiar;
• Empregado doméstico;
Não gera direito ao seguro-desemprego:
1. O T érmino de Contrato por prazo determinado, 
nele se incluindo o Contrato de experiência;
2. A rescisão do Contrato por culpa recíproca;
3. O pedido de demissão;
4. Adesão a programa de demissão voluntária.
O seguro-desemprego é concedido por um período variável de 3 a 5 meses, de 
maneira contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de 16 meses.
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Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem 
justa causa que comprove ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física 
a ela equiparada, relativos a: pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) 
meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação; 
pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à 
data de dispensa, quando da segunda solicitação; e cada um dos 6 (seis) meses ime-
diatamente anteriores à data de dispensa, quando das demais solicitações; 
O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador desemprega-
do, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou 
alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que deu origem à 
última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho Deliberativo do Fundo 
de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
A determinação do período máximo observará a seguinte relação entre o núme-
ro de parcelas mensais do benefício do seguro-desemprego e o tempo de serviço 
do trabalhador nos 36 (trinta e seis) meses que antecederem a data de dispensa que 
originou o requerimento do seguro-desemprego, vedado o cômputo de vínculos 
empregatícios utilizados em períodos aquisitivos anteriores.
O período aquisitivo é o limite de tempo que estabelece a carência para o recebimen-
to do benefício. No caso do seguro-desemprego, o período aquisitivo é de 16 meses.
Tabela 1
Para a 1ª 
solicitação
Vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela 
equiparada de, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23 meses. 4 parcelas
Vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela 
equiparada de, no mínimo, 24 meses. 5 parcelas
Para a 2ª 
solicitação
Vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela 
equiparada de, no mínimo, 9 meses e no máximo 11 meses. 3 parcelas
Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela 
equiparada, de, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23 meses. 4 parcelas
Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela 
equiparada de, no mínimo, 24 meses. 5 parcelas
A partir da 3ª 
solicitação
Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela 
equiparada de, no mínimo, 6 meses e, no máximo, 11 meses. 3 parcelas
Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela 
equiparada de, no mínimo, 12 meses, e, no máximo, 23 meses. 4 parcelas
Vínculo empregatício com Pessoa Jurídica ou Pessoa Física a ela 
equiparada de, no mínimo, 24 meses. 5 parcelas
O custeio do seguro-desemprego está previsto no Art. 239 da Constituição.
São fontes de custeio do seguro-desemprego:
• A arrecadação decorrente das contribuições do PIS e do PASEP (Art. 239, 
Caput, da CF);
• A contribuição adicional da Empresa cujo índice de rotatividade da força de 
trabalho supere o índice da rotatividade do Setor, conforme o programa do 
segurado-dependente (§4º do Art. 239 da CF).
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UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
A Lei 7.998/90 instituiu o Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), vinculado ao 
Ministério do Trabalho e destinado ao custeio do programa de seguro-desemprego, 
ao pagamento do abono salarial e ao financiamento de programas de desenvolvi-
mento econômico.
O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:
1. Prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregadoem 
virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador 
comprovadamente resgatado do regime de trabalho forçado ou da condi-
ção análoga a de escravo;
2. Auxiliar os trabalhadores na busca ou na preservação do emprego, pro-
movendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qua-
lificação profissional.
Os valores estabelecidos para o seguro-desemprego são baixos e pagos durante 
pouco tempo, visando a estimular o trabalhador a buscar um novo emprego. Toda-
via, o valor do benefício não pode ser inferior ao salário-mínimo.
Para apurar o valor do benefício, é considerada a média dos salários dos três 
últimos meses de trabalho. Caso o empregado não tenha trabalhado integralmen-
te em qualquer dos três últimos meses, o salário será calculado com base no mês 
completo de trabalho.
O valor devido ao empregado doméstico corresponderá a um salário mínimo e 
será concedido por no máximo três meses, de forma contínua ou alternada, a cada 
período aquisitivo de 16 meses.
O valor do benefício do pescador profissional será de um salário mínimo mensal 
durante o período da proibição da atividade pesqueira para a preservação da espé-
cie (Lei 10.779/03).
O seguro-desemprego não pode ser cumulado com gozo de aposentadoria, au-
xílio-doença ou benefício de prestação continuada da Assistência Social, mas pode 
ser cumulado com auxílio-acidente e pensão por morte.
O benefício será suspenso na ocorrência das seguintes hipóteses:
1. O trabalhador ser admitido em novo emprego;
2. Haver início de pagamento de benefício previdenciário, salvo auxílio-acidente.
Caso o motivo da suspensão tenha sido decorrente da admissão do trabalhador 
em novo emprego, implicando o não recebimento integral do seguro-desemprego, 
o trabalhador poderá receber as parcelas restantes, provenientes do mesmo perío-
do aquisitivo, desde que seja novamente dispensado sem justa causa.
O cancelamento do benefício se dá:
1. Pela recusa do trabalhador desempregado a outro emprego inerente à sua 
qualificação e remuneração anterior;
2. Por prova de falsidade na prestação de informação necessária à habilitação;
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3. Por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício;
4. Por morte do segurado.
O trabalhador que receber indevidamente o benefício fica obrigado a ressarcir o 
órgão segurador, mediante desconto em tantos salários quantas forem as parcelas re-
cebidas indevidamente, sem prejuízo de responder criminalmente, nos termos da Lei.
Prescrição e Decadência
Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito e de toda a sua capacidade de-
fensiva, em consequência do não uso delas, durante um determinado espaço de tempo.
No Direito Previdenciário, prescrição é a perda do direito de executar judicial-
mente o crédito previdenciário já constituído, em virtude de não tê-lo exercido 
dentro do prazo definido em Lei, e também é a perda do direito, por parte do 
segurado/beneficiário, de exigir prestação, restituição ou diferenças devidas pela 
Previdência Social.
A prescrição se interrompe (isto é, o prazo passado é eliminado, e a prescrição 
reinicia do zero) quando da ocorrência dos seguintes casos (previstos no Art. 174, 
Parágrafo Único do CTN):
1. Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em Execução Fiscal;
2. Pelo Protesto Judicial;
3. Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
4. Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reco-
nhecimento do débito pelo devedor.
Ocorre a suspensão da prescrição (isto é, o prazo de prescrição fica congelado 
por certo período) nos casos de:
1. Moratória;
2. Concessão de medida liminar em Mandado de Segurança a favor do su-
jeito passivo;
3. Concessão de medida ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação 
judicial;
4. Parcelamento.
A prescrição se dá, também, em relação aos segurados/beneficiários. Assim, 
prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e 
qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças 
devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes.
Prescreve, também, em cinco anos, as ações referentes à prestação por acidente 
do trabalho cotados da data do acidente, quando dele resultar morte ou incapaci-
dade temporária, verificar em perícia médica a cargo da Previdência ou da data 
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UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
em que for reconhecida pela Previdência Social a incapacidade permanente ou o 
agravamento das sequelas do acidente.
Estamos falando aqui de prescrição de valores pecuniários devidos em razão de benefícios não pa-
gos em época devida e não de prescrição do direito adquirido ao benefício, que é inatacável, inclu-
sive pela decadência.
Decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse 
direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, 
que se esgotou, sem o respectivo exercício. O tempo age, no caso de decadência, 
como um requisito do ato.
Em Direito Previdenciário, é a extinção do direito, pelo INSS, de apurar e cons-
tituir o Crédito Previdenciário, em decorrência do transcurso de um intervalo de 
tempo previsto em Lei. É, também, a extinção do direito do beneficiário/segurado 
para a revisão do ato de concessão ou indeferimento do benefício.
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.
Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou 
beneficiário para a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancela-
mento ou cessação de benefício, do ato de deferimento, indeferimento ou 
não concessão de revisão de benefício é de dez anos, contado: (Redação 
dada pela Medida Provisória nº 871, de 2019)
I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira 
prestação ou da data em que a prestação deveria ter sido paga com o 
valor revisto; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)
II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de in-
deferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido de benefício ou 
da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de benefício, no 
âmbito administrativo. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)
Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deve-
riam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas 
ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, 
salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código 
Civil. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administra-
tivos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai 
em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo compro-
vada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)
Estamos falando aqui de decadência de valores pecuniários devidos em razão de benefícios não pagos 
em época devida. Não há decadência em direito adquirido.
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O direito de pleitear judicialmente a desconstituição de exigência fiscal fixada 
pelo INSS, no julgamento de litígio em processo administrativo fiscal, extingue-se 
com o decurso do prazo de 180 dias, contados da intimação da referida decisão.
Importante!
A Seguridade Social pode, a qualquer tempo, apurar e constituir seus créditos na hipóte-
se de ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Importante!
Crimes Contra a Previdência Social
Introdução
A Lei nº 8.212/91 trazia consigo, no Art. 95, ilícitos penais previdenciários. 
Todavia, com a Lei nº 9.983/2000, os fatos típicos previstos na Lei 8.212/91 
passaram a constar no corpo do Código Penal, objeto de nosso estudo nesta aula.
Não se pode deixar de destacar que o objetivo do legislador, ao tipificar condutas 
criminosas contra a Previdência, é coagir as Empresas a efetuarem suas Contribui-
ções corretamente.
Deve-se ressaltar que a Lei não abarca responsabilização penal das Empresas, mas 
das pessoasfísicas encarregadas pelo adimplemento das obrigações previdenciárias.
Tipos penais
Apropriação indébita previdenciária
O crime de apropriação indébita previdenciária se verifica com as seguintes condutas:
1. Deixar de repassar à Previdência Social as Contribuições recolhidas dos con-
tribuintes, no prazo e na forma legal ou convencional (Art. 168 – a, Caput);
2. Deixar de recolher, no prazo legal, Contribuição ou outra importância des-
tinada à Previdência Social que tenha sido descontada de pagamento efetu-
ado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público (Art. 168-a, § 1º, i);
3. Deixar de recolher contribuições devidas à Previdência Social que tenham 
integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à 
prestação de serviços (Art. 168-a, § 1º, ii);
4. Deixar de pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas 
ou valores já tiverem sido reembolsados à Empresa pela Previdência Social 
(Art. 168-A, § 1º, III).
O delito é caracterizado como formal, pois o resultado não é necessário para sua 
caracterização, sendo, ainda, omissivo próprio, pois prevê uma omissão do agente.
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UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
A conduta prevista no Caput é usualmente praticada pelo agente bancário res-
ponsável por transferir os valores arrecadados à Previdência Social. A conduta do 
§ 1º, I é praticada, em geral, por empregadores.
Para a caracterização do delito não é suficiente a mera ausência de repasse. 
Não se deve confundir o ilícito administrativo da ausência do recolhimento com 
o crime, cuja identificação carece do componente subjetivo, o dolo do agente em 
reter valores devidos à Previdência Social, independentemente de fim específico. 
A comprovação da ausência do desconto exclui o crime.
A extinção de punibilidade ocorre se o agente, espontaneamente, declara, con-
fessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as 
informações devidas à Previdência Social, na forma definida em Lei ou Regulamen-
to, antes do início da Ação Fiscal (Art. 168-A, § 2º).
Imprescindível observar que o recolhimento posterior não exclui a punibilidade, 
podendo gerar perdão judicial se feito antes da denúncia; arrependimento poste-
rior, se feito antes do recebimento da denúncia; ou circunstância atenuante, se feito 
após o recebimento da denúncia.
E se o sujeito passivo aderir a um plano de parcelamento especial?
A resposta está na Lei 11.941/09 – Art. 67: se a adesão ocorrer antes do ofere-
cimento da denúncia, esta só será aceita na superveniência de inadimplemento da 
obrigação que for objeto da denúncia; Art. 68: fica suspensa a pretensão punitiva 
do Estado enquanto não forem rescindidos os parcelamentos especiais, não ocor-
rendo prescrição criminal no período de suspensão da pretensão punitiva.
Hipóteses de perdão judicial:
1. Se o agente for primário e de bons antecedentes, e desde que tenha pro-
movido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o 
pagamento da Contribuição Social Previdenciária, inclusive Acessórios 
(Art. 168-a, § 3º, i);
2. Se o agente for primário e de bons antecedentes, e desde que valor das 
Contribuições devidas, inclusive Acessórios, seja igual ou inferior àquele 
estabelecido pela Previdência Social, administrativamente, como sendo o 
mínimo para o ajuizamento de suas Execuções Fiscais (Art. 168-A, § 3º, II).
Falsificação de documento público
A Lei 9.983/2000 inseriu no delito de falsificação de documentos (Art. 297 do 
CP) os §§ 3º e 4º, transcritos a seguir:
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Figura 2
Fonte: Getty Images
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar 
documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
(...)
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir (incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000):
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja 
destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não 
possua a qualidade de segurado obrigatório (incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000);
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em 
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, decla-
ração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita (incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000);
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacio-
nado com as obrigações da empresa perante a previdência social, de-
claração falsa ou diversa da que deveria ter constado (incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000);
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos menciona-
dos no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, 
a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços (incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000).
A previsão do delito visa a preservar a veracidade das informações constantes 
em documentos públicos.
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UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
Atualmente, em especial por causa da Guia de Recolhimento do FGTS e Infor-
mações à Previdência Social (GFIP), a Previdência Social tem dado muita importân-
cia à documentação elaborada pela Empresa, de modo a desobrigar o segurado do 
ônus da prova de sua condição de segurado, assumindo o INSS como verdadeiros 
os dados apresentados pelos empregadores. Em razão desse procedimento, abre-se 
a porta para a elaboração de fraudes, como a declaração falsa de vínculo, gerando 
direitos inexistentes.
A omissão indevida de documentos pode dificultar ou inviabilizar a concessão de 
benefícios devidos; por isso, a exclusão indevida de segurados dos documentos da 
Empresa também é objeto de sanção penal.
O delito do § 3º é comissivo, pois traduz a ação de inserir dados falsos, enquanto 
o crime do § 4º é omissivo, pois traduz uma omissão da Empresa em relação a seus 
segurados. Ambos os delitos são formais.
Inserção de dados falsos em Sistema de Informação
A conduta consiste em inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção 
de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas in-
formatizados ou Bancos de Dados da Administração Pública com o fim de obter 
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano (CP – Art. 313-A).
Figura 3
Fonte: Getty Images
Trata-se de crime próprio, pois somente o funcionário autorizado poderá praticá-
-lo, desde que possua senha para a inclusão de dados no Sistema. É também delito 
formal e comissivo, pois decorre de uma ação do agente e não carece de resultado 
para sua consumação, embora o dolo seja específico (fim de obter vantagem inde-
vida para si ou para outrem ou causar dano).
Modificação ou alteração não autorizada de Sistema de Informação
Consiste em modificar ou alterar, o funcionário, Sistema de Informações ou 
Programa de Informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente 
(CP – Art. 313-B).
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Trata-se de crime próprio, formal e comissivo, pois decorre de uma ação do 
agente, que deve ser funcionário, e não carece de resultado para sua consumação.
Diferencia-se do delito do Art. 313-A, pois a mera modificação ou alteração 
dolosa com qualquer fim caracteriza o ilícito penal. Se da modificação ou alteração 
resulta dano para a Administração pública, o delito é qualificado e aumentado de 
1/3 a½ (CP – Art. 313-B, parágrafo único).
Estelionato
A conduta do estelionato está prevista no Art. 171 do CP e consiste em obter, 
para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou manten-
do alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
O § 3º do Art. 171 define como estelionato qualificado o estelionato cometido 
em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de Economia Popular, 
Assistência Social ou Beneficência.
É crime contra o patrimônio da Seguridade Social, sendo delito material, pois 
sua concretização toma lugar com a obtenção da vantagem indevida.Apesar de não estar expressamente mencionada na Previdência Social, a Súmu-
la 24 do STJ prevê o seguinte: “Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure 
como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3º, do 
Art. 171 do Código Penal”.
Sonegação de Contribuição Previdenciária
O delito consiste em suprimir ou reduzir Contribuição Social Previdenciária, 
mediante a prática dos seguintes atos:
1. Omitir de folha de pagamento da Empresa ou de documento de informa-
ções previsto pela Legislação Previdenciária segurados, empregado, em-
presário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipara-
do que lhe prestem serviços;
2. Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da 
Empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empre-
gador ou pelo tomador de serviços;
3. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações 
pagas ou creditadas e demais fatos geradores de Contribuições Sociais 
Previdenciárias.
Ocorre a extinção da punibilidade quando o agente, espontaneamente, declara e 
confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas 
à Previdência Social, na forma definida em Lei ou Regulamento, antes do início da 
Ação Fiscal.
O perdão judicial é restrito ao agente primário e de bons antecedentes, às si-
tuações em que o valor das Contribuições devidas, inclusive Acessórios, seja igual 
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UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
ou inferior àquele estabelecido pela Previdência Social, administrativamente, como 
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Previdência Complementar
Histórico
O Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado (Mongeral), institu-
ído em 1835, foi o primeiro órgão a determinar a complementação dos recursos 
das pessoas, de forma a proporcionar renda aos trabalhadores quando deixassem 
de trabalhar.
O Código Comercial de 1850, nos Arts. 666 e 684, prevê o segurado privado 
para garantir as viagens marítimas. A Lei nº 3.807/60 previa que a Previdência 
Social poderia organizar os seguros facultativos. O Dec. nº 73/66 criou o segu- 
ro privado.
A Constituição de 1988 previa, originalmente, no § 7º do Art. 201, que a Pre-
vidência Social manteria seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, 
custeado por Contribuições Adicionais; bem assim, no § 8º, previa a vedação de 
subvenção ou auxílio do Poder Público às entidades de Previdência Privada com 
fins lucrativos.
A Emenda Constitucional nº 20/1998 promoveu alterações no Sistema, deter-
minando que a matéria fosse regulada por Lei Complementar, surgida em 29-5-
2001, sob o nº 109, e é regulamentada pelo Dec. nº 4.206/02.
Essa LC 109/01 trata da Previdência Complementar, aberta e fechada, do Se- 
tor Privado.
Papel do Estado
A ação, em relação à Previdência Complementar Privada, será exercida com o 
objetivo de:
1. Formular a política de Previdência Complementar;
2. Disciplinar, coordenar e supervisionar as atividades reguladas de Previdên-
cia Complementar, compatibilizando-as com as políticas previdenciária e 
de desenvolvimento social e econômico financeiro;
3. Determinar padrões mínimos de segurança econômico-financeira e atua-
rial com fins específicos de preservar a liquidez, a solvência e o equilíbrio 
dos planos de benefícios, isoladamente, e de cada entidade de previdência 
complementar, no conjunto de suas atividades;
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4. Assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso às informações 
relativas à gestão de seus respectivos planos de benefícios;
5. Fiscalizar as entidades de Previdência Complementar, suas operações, e 
aplicar penalidades;
6. Proteger os interesses dos participantes e assistidos dos Planos de Benefícios.
Há no Ministério da Previdência Social a Secretaria de Previdência Comple-
mentar (SPC), que é responsável pela fiscalização e pela regulação das Entidades 
Fechadas de Previdência Complementar. Nessa tarefa, é auxiliada pelo Conselho 
Gestor de Previdência Complementar (CGPC).
A regulação e a fiscalização das Entidades Abertas de Previdência Complemen-
tar, Planos oferecidos por Bancos e Seguradoras privadas, estão a cargo do Minis-
tério da Fazenda.
O tratamento é o mesmo de outras modalidades de seguro privado. Elas são regu-
ladas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e fiscalizadas pela SUSEP.
A Lei Complementar nº 108/01 trata exclusivamente das relações dos Ór-
gãos e Empresas públicas como patrocinadores de Entidades fechadas de Pre-
vidência Complementar.
Planos de Previdência Complementar
Os Planos de Benefício atenderão a padrões mínimos fixados pelo Órgão regu-
lador e fiscalizador, com o objetivo de assegurar transparência, solvência liquidez e 
equilíbrio econômico financeiro e atuarial.
O custeio do Sistema de Previdência Privado é feito por: a) patrocinador (é o em-
pregador que vai contribuir financeiramente com o plano de Previdência Comple-
mentar de seus empregados); b) participantes (pessoa física que adere aos planos); 
e c) investimentos.
Denomina-se “Assistido” o participante ou seu beneficiário em gozo de benefício 
de prestação continuada.
Os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando im-
plementadas todas as condições estabelecidas pela elegibilidade consignadas no 
Regulamento do respectivo plano.
A concessão de benefício pela Previdência Complementar independe da conces-
são de benefício pelo RGPS.
A restituição das parcelas pagas ao Plano de Previdência Privada deve ser objeto 
de correção plena, por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda.
O benefício do segurado pode ser reduzido; porém, deve haver anuência expres-
sa da referida pessoa, pois o regime é contratual.
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UNIDADE Seguro-Desemprego. Prescrição e Decadência. 
Crimes Contra a Previdência. Previdência Complementar
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Decadência de 10 anos no INSS para Fazer REVISÃO
https://youtu.be/L6O2A_JlHvE
Pente Fino INSS 2019
https://youtu.be/Yeg9cn693dQ
Trabalhador já pode pedir o seguro-desemprego pela internet
https://goo.gl/fPJS9r
 Leitura
Os crimes contra a Previdência Social
https://goo.gl/xbHK7T
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Referências
CASTRO, C. A. P.; LAZZARI, J. B. Manual de Direito Previdenciário. 11.ed. 
São Paulo: Conceito, 2009.
DIAS, E. R.; MACÊDO, J. L. M. Curso de Direito Previdenciário. São Paulo: 
Método, 2009.
IBRAHIM, F. Z. Curso de Direito Previdenciário. 15.ed. Rio de Janeiro: 
Impethus, 2010.
LEITÃO, A. S.; GRIECO, A.; MEIRINHO, S. Manual de Direito Previdenciário. 
São Paulo: Saraiva, 2018.
MARTINS, S. P. Direito da Seguridade Social. 29.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
VIANA, J. E. A. Curso de Direito Previdenciário. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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