Buscar

Dissertacao injetaveis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 77 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 77 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 77 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA 
 
 
 
 
 
 
ALBA VALÉRIA SALES FORTES 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE MEDICAMENTOS: PROPOSTA DE 
PROTOCOLO DE ORIENTAÇÕES PARA EQUIPE DE ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2017 
 
 
 
ALBA VALÉRIA SALES FORTES 
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE MEDICAMENTOS: PROPOSTA DE 
PROTOCOLO DE ORIENTAÇÕES PARA EQUIPE DE ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em Saúde 
Coletiva da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da 
Universidade Federal de Goiás para obtenção 
do título de Mestre em Saúde Coletiva. 
 
 
 
Área de Concentração: Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde 
Linha de Pesquisa: Gestão de Sistemas e Processos Gerenciais nos Serviços de 
Saúde 
Orientadora: Profº. Drª Ana Luiza Neto Junqueira 
 
 
 
Goiânia 
2017 
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.
CDU 616-083
FORTES, ALBA VALERIA SALES
 ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE MEDICAMENTOS: PROPOSTA
DE PROTOCOLO DE ORIENTAÇÕES PARA EQUIPE DE
ENFERMAGEM [manuscrito] / ALBA VALERIA SALES FORTES. -
2017.
 73 f.: il.
 Orientador: Profa. Dra. ANA LUIZA NETO JUNQUEIRA.
 Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Pró
reitoria de Pós-graduação (PRPG), Programa de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva (Profissional), Goiânia, 2017.
 Bibliografia.
 Inclui abreviaturas, lista de figuras, lista de tabelas.
 1. Administração de medicamentos. 2. Intramuscular. 3. Protocolo.
4. Prática clínica baseada em evidências. I. JUNQUEIRA, ANA
LUIZA NETO , orient. II. Título.
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, 
Geraldo e Idelzuite, meus maiores 
mestres na vida, a quem devo tudo que 
sou. A minha muito amada irmã, Ana 
Kelly. Ao meu amigo, esposo e grande 
incentivador Michel Estevão e ao nosso 
pequeno Rafael, que, mesmo estando em 
meu ventre, tanto me estimula a seguir 
em frente. A vocês minha eterna gratidão 
e respeito por tamanha dedicação em 
tudo. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, minha eterna gratidão, por ser presença tão 
marcante em minha vida e me mostrar diariamente 
que com Ele, que me fortalece, tudo posso. 
À toda minha família, meu povo, minha essência, 
que nas lutas da vida é o meu pilar, nas derrotas 
meu ombro consolador e nas vitórias minha mais 
ardente torcedora. 
Aos meus pais, nordestinos batalhadores, que com 
integridade e honradez tão bem me educaram e me 
ensinaram a buscar ser uma pessoa cada dia 
melhor. 
A minha irmã, Ana Kelly, minha companheira desde 
que me entendo por gente, minha amiga, grande 
incentivadora e exemplo de perseverança. 
Ao meu tio-irmão, Vilemar, por todo carinho que 
dedica a mim desde minha infância e por me fazer 
ainda mais feliz. 
Ao meu amado marido sempre tão presente em 
minha vida, com seu olhar transmitindo paz e suas 
palavras de conforto e estímulo, convicto da vinda 
de dias ainda melhores. 
Ao meu pequeno Rafael, minha dádiva divina, por 
me proporcionar uma gestação tão tranquila, 
tornando meus dias mais agradáveis com sua 
presença em meu ventre e seus adoráveis 
“chutinhos”. 
A minha madrinha Ivanilde, que mesmo morando no 
interior do Ceará e, não compreendendo ao certo a 
diferença de mestrado e magistrado, sabe valorizar 
as conquistas da minha vida e ser uma das minhas 
maiores incentivadoras com sua persistência na luta 
diária da vida, alegremente invencível diante de 
todas as adversidades. 
Aos meus amigos, em especial Karla Prado, Larissa 
Pereira dos Santos e Suiany Dias, por tamanho 
incentivo e ajuda em todos os momentos. 
Aos integrantes da minha equipe de trabalho do 
Centro de Saúde da Família São Carlos, pela 
compreensão nos momentos de ausência e 
companheirismo de sempre. 
 
 
Aos amigos do mestrado, meu amado “Lado B”, por 
tornarem meus dias mais alegres e cultivarem em 
mim a certeza da vitória. 
A minha orientadora, Profª Drª Ana Luiza, com sua 
voz tão doce sempre me transmitindo tranquilidade e 
conhecimento necessários no percurso de 
elaboração deste trabalho. 
A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de 
Goiás pelo incentivo financeiro. 
Aos colaboradores do Programa de Mestrado 
Profissional em Saúde coletiva, pelo apoio e 
disposição. 
A todos que torcem e contribuem para o meu êxito 
nas empreitadas da vida, o meu muito obrigada! 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A essência de um homem de verdade, 
vem do pai pra formar um cidadão, 
vem da mãe pra lhe dar educação, 
e um menino vira homem com caráter. 
Macho véi, com muita sinceridade, 
Eu lhe digo que aqui no meu sertão, 
caráter e honestidade são coisas de criação, 
tem família que sofre com sede e fome, 
sem dinheiro, sem luxo e sem “sobrenome”, 
12 filhos e nem um vira ladrão”. 
 
Bráulio Bessa 
 
“Que a simplicidade na vida continue sempre trazendo essa felicidade imensa de 
viver, sabendo que tudo é fase, mas ainda assim, aproveitar ainda mais, sabendo 
que tudo uma hora passa”. 
 
Luiz Gonzaga dos Santos Júnior 
 
http://pensador.uol.com.br/autor/braulio_bessa/
http://pensador.uol.com.br/autor/luiz_gonzaga_dos_santos_junior/
 
 
FORTES, A.V.S. Administração segura de medicamentos: Uma proposta de 
protocolo de orientações para equipe de enfermagem. [Dissertação] Goiânia-GO: 
Mestrado Profissional Convênio Universidade Federal de Goiás, Núcleo de Estudos 
em Saúde Coletiva e Secretaria de Estado da Saúde (UFG/NESC/SES) Goiânia, 
2016. 
 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho objetiva elaborar um protocolo sobre administração segura de 
medicamentos por via intramuscular a ser disponibilizado às equipes de 
enfermagem. Metodologia: Estudo descritivo voltado para a elaboração de 
protocolo para administração segura de medicamentos por via intramuscular os 
quais foram formulados com base nos padrões estabelecidos pela comunidade 
científica, seguindo orientações técnicas pré-existentes alicerçadas em evidências 
clínicas, as quais foram coletadas por meio de uma revisão integrativa da literatura 
que emergiu os seguintes tópicos: conceitos teóricos relacionados a questões 
anatômicas referentes a cada região de administração de medicamentos por via 
intramuscular, bem como suas representações gráficas; fatores que interferem direta 
e/ou indiretamente na tomada de decisão quanto a melhor região de escolha para 
administração de injetáveis; vantagens e desvantagens de cada região para 
administração medicamentosa e técnicas de aplicação de fármacos nas regiões 
intramusculares preconizadas, com ilustrações das mesmas. Resultados: 
Elaborado protocolo com orientações acerca de práticas seguras para administração 
de medicamentos por via intramuscular, o qual contempla a descrição minuciosa da 
técnica, imagens das regiões anatômicas, bem como recomendações essenciais a 
este procedimento, tais como escolha correta do local a ser acessado, seguindo 
ordem de segurança preconizada, faixa etária, tamanho da agulha, volume máximo 
a ser injetado. Conclusões: A atividade do cuidar, além de complexa, exige 
confiabilidade à assistência prestada por meio de procedimentos seguros e sob essa 
ótica, a construção do protocolo é notória para a execução das ações nas quais a 
enfermagem está envolvida, uma vez que se configura como um instrumento 
norteador da assistência prestada, favorecendo o processo de trabalho das equipes 
de enfermagem no tocante a administração segura de medicamentos. O uso deste 
instrumento pode ajudar o profissional a maximizar os efeitos terapêuticos da 
medicação administrada, minimizando ou eliminando lesões ao paciente e o 
desconforto associado com as injeções intramusculares. 
Palavras-chave: Administração de medicamentos; Intramuscular; Protocolo;Prática 
clínica baseada em evidências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTES, A.V.S. Safe medication administration: A proposal for guidelines 
protocol for nursing staff. [Dissertação] Goiânia-GO: Mestrado Profissional 
Convênio Universidade Federal de Goiás, Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva e 
Secretaria de Estado da Saúde (UFG/NESC/SES) Goiânia, 2016. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
 
This paper aims to draw up a protocol on safe administration of medication 
intramuscularly to be made available to nursing staff. Methodology: descriptive study 
focused on the development of protocol for safe medication administration 
intramuscularly which were formulated based on the standards set by the scientific 
community, following pre-existing technical guidance grounded in clinical evidence, 
which were collected through a integrative literature review the following topics 
emerged: theoretical concepts related to anatomical issues for each drug 
administration region intramuscularly, as well as their graphic representations; factors 
that interfere directly and / or indirectly in making the decision as the best region of 
choice for the administration of injection; advantages and disadvantages of each 
region for drug administration and drug application techniques in the recommended 
intramuscular regions, with illustrations of them. Results: Prepared protocol with 
guidance on safe practices for administering medication intramuscularly, which 
includes the detailed description of the technique, images of anatomic regions, as 
well as key recommendations to this procedure, such as the correct choice of the site 
to be accessed, following recommended safety order, age, size of the needle, 
maximum volume to be injected. Conclusions: The activity of care, as well as 
complex, requires reliability to the assistance provided through insurance procedures 
and in this light, the construction of the protocol is notorious for carrying out the 
activities in which nursing is involved, since it is configured as a guiding instrument of 
care, promoting the work process of the nursing team regarding the safe 
administration of medications. The use of this instrument can help the practitioner to 
maximize therapeutic effects of administered medication, minimizing or eliminating 
injury to the patient and discomfort associated with intramuscular injections. 
Keywords: Medication administration; Intramuscular; Protocol; Evidence-based 
clinical practice. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Correlação entre perfil corpóreo/idade, local de aplicação do injetável e 
comprimento da agulha. 
Figura 2. Seleção do local de aplicação de injeção intramuscular e calibre da 
agulha, segundo características do paciente. 
Figura 3. Demonstração da Técnica em Z. 
Figura 4. Anatomia descritiva do músculo deltóide. 
Figura 5. Local seguro para aplicação de injeção no músculo deltóide. 
Figura 6. Local seguro para aplicação de injeção no músculo deltóide. 
Figura 7. Delimitação anatômica da região dorso glútea e indicação do local seguro 
para injeção intramuscular. 
Figura 8. Delimitação anatômica da região dorso glútea e indicação do local seguro 
para injeção intramuscular. 
Figura 9. Delimitação anatômica da região dorso glútea e indicação do local seguro 
para injeção intramuscular. 
Figura 10. Delimitação da área segura para aplicação de injetável na região dorso 
glútea. 
Figura 11. Delimitação do sítio de punção para injeção por via ventroglútea. 
Figura 12. Composição anatômica da região ventro glútea. 
Figura 13. Delimitação do sítio de punção para injeção por via ventro glútea. 
Figura 14. Anatomia da região da coxa. 
Figura 15. Sítio de aplicação de injeção intramuscular no vasto lateral da coxa. 
Figura 16. Componentes da revisão integrativa da literatura. 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Relação entre seleção do local de aplicação de injeções intramusculares e 
volume máximo a ser administrado, segundo faixa etária. 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ACIP Advisory Committee on Imunization Pratices 
CDC Centers for Disease Control and Prevention 
CIAMS Centro Integrado de Assistência Municipal a Saúde 
COFEN Conselho Federal de Enfermagem 
COREN Conselho Regional de Enfermagem 
OMS Organização Mundial de Saúde 
VLC Vasto Lateral da Coxa 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO...........................................................................................................16 
OBJETIVO..................................................................................................................19 
REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................20 
 1. INJEÇÕES INTRAMUSCULARES..............................................................20 
 1.1. Características dos medicamentos...........................................................22 
 1.2. Características do paciente......................................................................22 
 1.3. Procedimentos para preparo da injeção...................................................23 
 1.4. Regiões para administração da injeção....................................................26 
 1.4.1. Região deltoidea.........................................................................27 
 1.4.2. Região dorso glútea....................................................................29 
 1.4.3. Região ventroglútea....................................................................32 
 1.4.4. Região vasto lateral da coxa.......................................................35 
 2. COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO.........................................................37 
METODOLOGIA ........................................................................................................48 
RESULTADO – PROTOCOLO DE ORIENTAÇÕES PARA EQUIPE DE 
ENFERMAGEM ACERCA DA ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE MEDICAMENTOS 
POR VIA INTRAMUSCULAR ..................................................................................52 
DISCUSSÃO .............................................................................................................64 
CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO...............................................................................65 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................66 
REFERÊNCIAS .........................................................................................................68 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Sou egressa da Universidade Federal de Goiás, a qual em 2006 proporcionou 
tornar-me bacharel e licenciada em enfermagem. Desde então pude adentrar o 
mercado de trabalho nesta área, onde desempenho atualmente a função de 
enfermeira em um Centro de Saúde da Família do município de Goiânia. 
Anteriormente já trabalhei na assistência hospitalar direta, gerência de enfermagem, 
serviço de urgência e emergência, bem como ministrando aulas em curso técnico de 
enfermagem e atuando como docente universitária. 
Minha formação acadêmica sempre foi pautada na pesquisa, na busca constante 
pelo saber, por aprimorar o conhecimento já aprendido, sendo assim, senti-me 
motivada a pleitear uma vaga no Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, tendo 
em vista a possibilidade gerada por este em responder a algumas demandas 
geradas em minha prática laboral. 
Percebi ao longo destes anos pós-formação acadêmica, que a prática assistencial é 
importante, porém a teoria, o embasamento teórico fundamentado é soberano, 
constituindo seu alicerce. 
O Mestrado Profissional em Saúde Coletiva objetiva estimular os profissionais que 
atuam na saúde pública a desenvolverem uma visão crítico-analítica acerca de 
questões inerentes a sua prática laboral, instigando-os a utilizarem a investigação 
científica como ferramenta para o aprimoramento do seu trabalho,utilizando-a como 
recurso para o desenvolvimento de habilidades e competências requeridas para o 
melhor desempenho de sua função. 
Nesse perspectiva, em que se almeja uma prática profissional transformadora por 
meio da produção e aplicação do conhecimento científico, visando a solução de 
problemas, ou mesmo, a proposição de inovações para a qualificação dos processos 
de atenção e gestão do sistema de saúde, este protocolo foi idealizado e elaborado, 
no intuito de instrumentalizar os profissionais de enfermagem quanto a questões 
inerentes à prática segura de administração de medicamentos por via intramuscular. 
Tal demanda foi evidenciada após discussões e análises realizadas pela orientadora 
em estudos previamente realizados, bem como pela percepção da discente 
pesquisadora, que se faz agente ativa neste processo de trabalho, quanto as 
 
 
evidentes fragilidades técnico-científicas de diversos membros da equipe de 
enfermagem quanto a temática desse estudo. 
A reflexão sobre tal realidade problematizada nos impulsionou a buscar novas 
possibilidades e estratégias que culminassem com o desenvolvimento de 
competências dos trabalhadores. Nessa vertente este trabalho foi proposto para que 
possa instrumentalizar os profissionais de enfermagem quanto a suas atividades 
laborais relacionadas a administração de medicamentos por via intramuscular, 
visando proporcionar uma assistência a saúde mais qualificada e segura a toda a 
população que dela precisar. 
Muito já se avançou quanto a melhoria na assistência à saúde prestada a toda a 
coletividade, porém sabemos o quanto ainda é preciso progredir, assim contamos 
com possíveis colaborações em prol da construção de uma saúde pública ainda 
mais qualificada e segura.
 
 
INTRODUÇÃO 
A práxis da enfermagem permeia diversos campos de saberes e nesse contexto, 
grande relevância é dada a atividade terapêutica ligada aos medicamentos, uma vez 
que esta é uma atividade cotidiana da equipe de enfermagem em vários setores da 
saúde. 
Administrar medicamentos é uma atividade que exige grande responsabilidade por 
parte da equipe de enfermagem, visto que em sua execução são aplicados 
princípios científicos, legais e éticos, que fundamentam a ação do enfermeiro e 
visam promover a segurança necessária a esta prática (BRITO e VIEIRA, 2007). 
CASSIANI (2005) e LOPES et al (2006) afirmam que o processo de administração 
de medicamentos é complexo, desdobrado em várias atividades, como o preparo, 
armazenamento, aprazamento e administração das medicações, as quais envolvem 
sempre muitas pessoas e múltiplas transferências de informações e materiais, 
constituindo-se de uma prática que ocupa lugar de destaque na enfermagem, sendo 
considerado de suma importância para o reestabelecimento da saúde dos clientes e 
se constituindo como um importante marcador de uma assistência de enfermagem 
qualificada. 
Assim, compete ao enfermeiro conhecer todas as questões envolvidas neste 
processo, compreendendo desde os conhecimentos básicos, incluindo questões 
anatômicas e fisiológicas humanas, farmacológicas, técnicas atualizadas de 
administração das injeções, a orientação e supervisão do pessoal técnico, o preparo 
dos medicamentos, as condições do paciente, a observação dos efeitos e possíveis 
reações iatrogênicas das drogas. 
De acordo com Miasso, Silva et al (2006) é imprescindível que a enfermagem 
possua visão ampliada do sistema de medicação e de cada uma de suas etapas e, 
que assegure a qualidade do processo que está sob sua responsabilidade, 
buscando informações a respeito do fluxo de suas atividades, sobre os problemas 
existentes com o ambiente e com os recursos humanos, contribuindo para que a 
terapêutica medicamentosa seja cumprida de maneira eficiente, responsável e 
segura. 
Ainda que dada como prática assistencial rotineira, estudos têm demonstrado 
(CARVALHO, 2000; COIMBRA e CASSIANI, 2001; ROSA, 2003; BOHOMOL e 
17 
 
RAMOS, 2007) que erros nessa atividade vem ocorrendo e que estratégias precisam 
ser implementadas no intuito de prevení-los ou minimizá-los. Possuir uma visão 
sistêmica possibilita a identificação dos pontos frágeis dos processos e o 
desenvolvimento de medidas que garantam maior segurança para o paciente e para 
os profissionais no contexto de sua prática em saúde (SILVA et al, 2004). 
Sousa (2015) após análise das práticas e conhecimentos em administração de 
medicamentos por via intramuscular entre equipes de enfermagem em unidades pré-
hospitalares fixas de urgência de Goiânia – Goiás verificou que a administração do 
medicamento por esta via não é executada de acordo com o preconizado na 
literatura, por grande parte destes profissionais, os quais alegaram que os 
conhecimentos adquiridos durante a formação profissional foram insuficientes para a 
atuação na prática cotidiana. Nesse contexto, a autora ratifica a necessidade de 
investimentos em educação permanente, que podem modificar as práticas 
tradicionais, somando a outros, que advogam a favor da maior segurança do 
paciente. 
Diante dessa evidência e de nossa prática profissional em que vivenciamos diversos 
aspectos envolvendo o preparo e administração de medicamentos que corroboram 
com a ocorrência de erros despertou o interesse pelo estudo, o qual se justifica no 
momento em que consideramos como uma importante função da equipe de 
enfermagem no cuidado aos pacientes, a administração de medicamentos, que 
exige dos profissionais: responsabilidade, conhecimentos e habilidades, para 
garantir a segurança do paciente. 
Nesse contexto, LOPES et al (2006), explicitam que é imprescindível uma reflexão 
mais atenta/focada acerca desse cuidado/ação que leve em consideração a 
responsabilidade ética imbuída na execução deste procedimento, é preciso repensar 
a formação profissional, os conhecimentos e habilidades dos profissionais de 
enfermagem, além das condições de trabalho oferecidas nas instituições. 
Nessa vertente, tendo como perspectiva ampliar a qualidade de assistência aos 
indivíduos e coletividade, e na melhoria do processo de trabalho dos profissionais de 
enfermagem, emerge a proposta de elaborar um protocolo contendo orientações, 
para a equipe de enfermagem, focadas na administração segura de medicamentos. 
18 
 
MIASSO e CASSIANI (2000) destacam que estratégias podem ser utilizadas e 
devem ser divulgadas para minimizar a ocorrência de erros na administração de 
medicamentos. 
Fica evidente que a educação continuada no serviço é uma realidade, entretanto, 
faz-se necessária uma melhor sistematização a fim de alcançar todos os 
profissionais de saúde e atingir melhor desempenho do serviço. 
O presente estudo almeja contribuir para o aprimoramento do conhecimento teórico 
e sua aplicação pelos enfermeiros nas unidades de saúde, por meio da construção 
de um protocolo que irá nortear a adoção de práticas seguras para administração de 
medicamentos por via intramuscular e espera-se que este produto possa ser 
divulgado nos serviços de saúde e que os profissionais que a ele tiverem acesso 
possam agir como agentes multiplicadores de tais informações em suas equipes de 
trabalho. 
19 
 
OBJETIVO 
 
Elaborar um protocolo sobre administração segura de medicamentos por via 
intramuscular para uso das equipes de enfermagem nas instituições de saúde. 
 
 
20 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
1. INJEÇÕES INTRAMUSCULARES 
 
Historiadores médicos especulam que o primeiro uso de injeções intramusculares 
provavelmente ocorreu 500 dC (HANSON, 1966), entretanto, até a introdução de 
antibióticos no final de 1940, a administração de medicamentos por esta via era uma 
habilidade praticada exclusivamente por médicos (STOKES, BEERMAN e 
INGRAHAM, 1944), sendo aos poucos delineado o papel de enfermeiras neste 
campo de atuação (HARMER e HENDERSON, 1939). 
Em 1961, Zelman observou que as enfermeiras tinham essencialmente assumido o 
procedimentode aplicação de injeções intramusculares, entretanto, baseado nos 
resultados de uma pesquisa realizada com enfermeiros na sua instituição, ele 
relatou que os mesmos tinham recebido pouca ou nenhuma instrução formal 
pertencente as técnicas para administração intramuscular de medicamentos e 
relatou observar problemas na execução destas. 
No final dos anos 1960, as injeções intramusculares eram rotineiramente 
administradas por enfermeiros e a literatura de enfermagem refletiu essa mudança 
na prática (DISON, 1967; PITEL e WEMETT, 1964; WEMPE, 1961). Pesquisadores 
da enfermagem chamaram a atenção para injeções intramusculares, começando na 
década de 1970, com estudos relatando as complicações investigadas (BEECROFT 
e REDICK, 1989; CHEZEM, 1973; ROBERTS, 1975), os locais de seleção para 
aplicação de injetáveis (BEECROFT e REDICK, 1990; DALY, JOHNSTON e 
CHUNG, 1992), as técnicas de administração (KATSMA e SMITH, 1997; KATSMA e 
KATSMA, 2000; KEEN, 1986; LEE, LEE e ELDRIDGE, 1995; MACGABHANN, 1998; 
QUARTERMAINE e TAYLOR, 1995), e procedimentos para minimizar a dor 
(BARNHILL et al, 1996; ITTY, KURIAN e CHERIAN, 1977; KRUSZEWSKI, LANG e 
JOHNSON, 1979; LANG, ZAWACKI e JOHNSON, 1976), sendo ainda, atualmente 
grande o interesse por esta área de estudo. 
A terapia medicamentosa por via intramuscular é um procedimento muito utilizado 
na moderna prática de assistência à saúde, porém é importante ressaltar que tal 
ação vai além da introdução de fármacos dentro do ventre muscular. Trata-se de um 
21 
 
procedimento invasivo que requer a avaliação de alguns critérios antes da execução 
da técnica propriamente dita. 
NICOLL e HESBY (2002) afirmam que a administração de uma injeção intramuscular 
é uma complexa tarefa psicomotora que requer habilidade e conhecimento por parte 
do profissional que irá realizar o procedimento, o qual requer a destreza manual para 
manipular os materiais durante a preparação da medicação e a realização da 
injeção. Além de ser capaz de executar fisicamente a habilidade, as necessidades 
dos conhecimentos de farmacologia, anatomia, fisiologia, física e microbiologia, 
sendo que questões éticas e legais, nomeadamente em matéria de consentimento 
informado para o procedimento, devem também ser consideradas. 
Após revisão acurada do processo e em consonância com a recomendação da OMS 
(1998) que determina que “uma injeção só deve ser realizada se for necessária e 
cada injeção administrada deve ser segura", JUNQUEIRA (2009) descreve aspectos 
relevantes nessa tomada de decisão dos profissionais que pretendem administrar de 
maneira segura medicamentos por via intramuscular, sendo eles: desenvolvimento 
do músculo, acessibilidade do local da punção, distância em relação a vasos e 
nervos importantes, condições da musculatura para absorção do medicamento a ser 
injetado, espessura do tecido adiposo, idade do paciente, irritabilidade da droga, 
atividade exercida pelo paciente, tamanho adequado da agulha e volume do 
medicamento. 
A administração de medicamentos é uma das atividades mais sérias e de maior 
responsabilidade da enfermagem e, para sua execução, é necessária a aplicação de 
vários princípios científicos associados à existência de um sistema de medicação 
seguro, com processos desenvolvidos para dificultar as oportunidades de erros, 
auxiliando o profissional a não errar (MIASSO et al, 2006). 
Nesse contexto, torna-se imperativo que os profissionais que compõem a equipe de 
enfermagem, e, diretamente tornam-se responsáveis pela administração das 
injeções, tenham amplo conhecimento acerca das implicações pertinentes as suas 
ações, a fim de reduzir os vários riscos nelas envolvidos, evitando as iatrogenias. 
 
 
 
22 
 
1.1. CARACTERÍSTICAS DOS MEDICAMENTOS 
 
As propriedades físico-químicas e farmacocinéticas das medicações a serem 
administradas devem ser consideradas, pois, conforme relatado por Cassiani e 
Rangel (1999) o tipo de medicação introduzida pode ser irritante, estar diluída em 
solvente oleoso ou de absorção lenta e, ainda, estar em alta concentração, sendo 
relatadas como possíveis causas relacionadas ao surgimento das complicações 
locais quando se administra injeções por via intramuscular. 
 
1.2. CARACTERISTICAS DO PACIENTE 
 
Aliadas aos efeitos da medicação, as características do paciente também devem ser 
consideradas quando se pretende aplicar uma injeção de maneira segura. A adesão 
do paciente é frequentemente dada como uma lógica, embora estudos preliminares 
sugerem que a conformidade é variável em paciente de diferentes grupos. Os 
pacientes que são pouco cooperantes ou relutantes também podem ser candidatos 
adequados para injeção intramuscular, embora o profissional deva equilibrar 
questões de direitos do paciente com as questões pertinentes a medicação 
(CASSIANI e RANGEL, 1999). 
KAYA et al (2015) afirmam que o sexo e o Índice de Massa Corpórea (IMC) dos 
indivíduos devem ser levados em consideração quando se pretende administrar 
injeções, em virtude da variação presente quanto a espessura do tecido subcutâneo 
que pode ocasionar uma injeção inapropriada, não atingindo a massa muscular alvo. 
Quando a medicação fica retida no tecido adiposo é muito lentamente absorvida e 
podem ocorrer nodulações e no paciente emagrecido, pode atingir inervações ou 
estruturas ósseas. 
Quanto a faixa etária, trata-se de um critério de suma importância no tocante a 
seleção do local de escolha para injeção (CDC, 1994; OMS, 1998). Dentre lactentes 
e crianças jovens (< 2 anos), o vasto lateral da coxa continua a ser o local preferido 
(BERGESON et al, 1982), enquanto que para crianças mais velhas, de acordo com 
23 
 
o ACIP, o deltóide pode ser usado se a massa muscular for adequada, bem como 
para vacinação de rotina em adultos. 
 
1.3. PROCEDIMENTOS PARA PREPARO DE INJETÁVEIS POR VIA 
INTRAMUSCULAR 
 
Historicamente, o volume de fluido a ser injetado em cada músculo tem variado, 
existindo controvérsia na literatura quanto ao volume máximo estabelecido para 
cada administração de medicamento por via intramuscular. 
O volume injetado incompatível com a estrutura do músculo pode aumentar a tensão 
local, compressão vascular, o edema local e, juntamente com o efeito tóxico, pode 
causar infarto muscular, fibrose e necrose (BALBHULKAR, 1985). 
Malkin (2008) sugere que o volume máximo a ser injetado aparentemente tem sido 
baseado no tamanho do músculo, no entanto, afirma que é de extrema importância 
ressaltar a tolerância do paciente ao volume injetado, e não somente a massa 
muscular presente, sendo esta afetada por fatores associados ao medicamento, tais 
como a composição, oleosidade e pH da substância. 
Existem evidências que demonstram melhor absorção do fármaco e menor 
ocorrência de reações adversas quando se administra um volume menor no tecido 
muscular. Segundo Malkin (2008), podem ser utilizadas as recomendações 
expressas na tabela abaixo (tabela 1), para a escolha do local e o volume da 
injeção, segundo a idade do paciente. 
Tabela 1. Relação entre seleção do local de aplicação de injeções intramusculares e volume máximo 
a ser administrado, segundo faixa etária. 
 
Fonte: Malkin, B. Are techniques used for intramuscular injection based on research evidence? 
Nursing times, 2008. 
24 
 
 
NICOLL e HESBY (2002) ponderam que o tamanho da seringa deve ser 
determinado pelo volume da medicação e devendo corresponder, tanto quanto 
possível, a quantidade a ser administrada. 
Medicamentos injetáveis por via intramuscular devem ser administrados na camada 
de tecido a qual foi designada, pois são formulados para serem ativados dentro do 
músculo, nesse contexto, é imprescindível avaliar cada paciente a fim de selecionar 
o comprimento da agulha correto que garanta a transposição do tecido subcutâneo 
para que o medicamento possa ser depositado no tecido muscular. 
 
 
Figura 1. Correlação entre perfil corpóreo/idade,local de aplicação do injetável e comprimento da 
agulha. 
Fonte: Disponível em http://www.plenamedicamentos.com.br/, acessado em 20 de Novembro de 
2015. 
 
O comprimento da agulha deve ser determinado com base no local de injeção e 
idade do paciente. O calibre da agulha varia muito conforme o comprimento da 
mesma. Em geral, vacinas e medicamentos em soluções aquosas podem ser dados 
com agulhas de 22 a 27g; medicamentos que estão mais viscosos ou numa solução 
à base de óleo exigem uma agulha de 18 a 25 g. Os volumes menores de 0,5 ml 
devem ser administrados com uma seringa de pequena graduação para assegurar a 
precisão da dose (ZENK, 1982, 1993). 
 
http://www.plenamedicamentos.com.br/
25 
 
 
Figura 2. Seleção do local de aplicação de injeção intramuscular e calibre da agulha, segundo 
características do paciente. 
Fonte: Bork, A.M.T.Enfermagem baseada em evidências, Guanabara Koogan, 2005. 
 
 
Alguns medicamentos são embalados em ampolas de vidro e frascos com tampa de 
borracha, com doses únicas ou múltiplas. Ao aspirar um medicamento a partir de 
uma dessas embalagens deve-se sempre realizar o procedimento com a agulha 
conectada na seringa para evitar aspiração de fragmentos de vidros das ampolas ou 
borracha do frasco, e após a aspiração deve-se trocar a agulha antes da 
administração da injeção, pois esta pode ter sido danificada no ato da aspiração do 
medicamento (HAHN, 1990; MCCONNELL, 1982). Essa técnica evita muitas 
complicações reais e potenciais, uma vez que impede que partículas, tais como 
pedaços de vidro ou de borracha, sejam arrastadas para dentro da seringa. Além do 
mais, uma agulha pode ser amassada ou danificada no ato da introdução contra a 
rolha de borracha. Com o objetivo de eliminar erros de medicação e complicações 
em pacientes a utilização de uma agulha extra representa a melhor prática segura 
na preparação dos medicamentos, assim, o profissional deve estar alerta para 
quaisquer problemas com a agulha (isto é, ponta romba ou entortada, danificada de 
alguma forma) e mudá-la, se necessário (NICOLL e HESBY, 2002). 
Ainda, Beyea e Nicoll (1995), recomendam a utilização de uma bolha de ar na 
seringa, sendo este um tema que gera intenso debate entre os profissionais, 
especialmente enfermeiros. Apesar da sua conclusão que "a elaboração de uma 
bolha de ar é uma recomendação desatualizada e deve ser eliminada do 
procedimento de injeção intramuscular", ainda parece ser uma prática prevalente 
(Engstrom et al, 2000). No entanto, a base científica para esta técnica é fraca e 
praticamente inexistente. 
26 
 
Dois pontos de vista entre os profissionais que discorrem sobre a necessidade de 
uma bolha de ar na seringa são predominantes. Uma sugere que uma bolha de ar é 
necessária para garantir que uma dose correta do medicamento esteja na seringa; a 
outra sugere que a bolha de ar sele o medicamento no músculo após a injeção. 
Embora um ponto de vista tenha se baseado num fato histórico, nenhuma visão é 
apoiada cientificamente ou apropriada para o procedimento na prática atual. 
Para evitar o refluxo do medicamento que pode irritar o tecido adiposo ou mesmo 
perda de quantidade do medicamento imediatamente após introdução dos 
medicamentos irritantes, ou que pigmentam o tecido subcutâneo, a técnica em Z tem 
sido evidenciada como a melhor prevenção para este tipo dano (Keen, 1981, 1986, 
1990; Stokes et al, 1944). Para este procedimento, a pele é retraída para baixo e 
lateralmente antes da introdução da agulha no tecido, deslocando assim a pele e 
tecido subcutâneo, o que irá resultar em um tamponamento, utilizando a ação da 
válvula e da face superficial da pele, evitando o refluxo do medicamento e 
promovendo uma diminuição da incidência de lesões no local da injeção (Beyea e 
Nicoll, de 1995; Stokes et al, 1944). Quando a injeção está terminada, o tecido 
deslocado retorna à sua posição normal e se sobrepõe a posição da introdução da 
agulha. A utilização deste procedimento é interessante por resultar em menor 
desconforto para o paciente. 
 
 Figura 3. Demonstração da Técnica em Z 
 Fonte: SCHULL, P.D. et al. Enfermagem Básica: Teoria e Prática. 2ª ed. Editora 
 Rideel, São Paulo, 2001. 
 
1.4. REGIÕES PARA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA 
INTRAMUSCULAR 
 
A escolha do local de aplicação da injeção intramuscular requer correta identificação 
dos grupos musculares por parte dos profissionais, os quais devem estar atentos 
27 
 
quanto a presença de sinais de inflamação, edema, processos infecciosos ou 
mesmo lesões de pele que contra-indicam tais vias (HUNTER, 2008). 
Injeções consecutivas em uma única musculatura podem resultar em eventos 
adversos indesejáveis como hematomas, depressões, fibroses e outras 
complicações devido a concentração, pH, natureza química da droga e cinética de 
absorção (COCKSHOTT et al, 1982). 
Assim, é imprescindível ter conhecimento suficiente para garantir a melhor escolha 
quanto ao local em que será administrada a injeção, sendo que a absorção 
adequada do medicamento administrado tem correlação direta com o local escolhido 
para este procedimento (NICOLL e HESBY, 2002). 
Atualmente, a literatura descreve quatro locais como sendo mais indicados na 
aplicação de injetáveis por via intramuscular, o deltóide, o vasto lateral da coxa, 
dorso glúteo e ventro glúteo, os quais apresentam vantagens e desvantagens que 
deverão ser incorporadas nos critérios de decisão adotados pelos profissionais ao 
acessarem tais vias, priorizando aquela onde há menor risco de eventuais 
complicações. 
 
1.4.1. REGIÃO DELTÓIDEA 
 
Os anatomistas MOORE e DALLEY (2014) descrevem o terço lateral da clavícula, 
acrômio e espinha da escápula como sendo o ponto de inserção proximal do 
músculo deltóide que se estende até a tuberosidade do úmero, possuindo ampla 
inervação, pelo plexo cervical e braquial, com a presença do nervo axilar (C5 e C6) e 
tendo como ações fletir e girar medial e lateralmente o braço, abduzí-lo e estendê-lo. 
Trata-se de um músculo pequeno, de textura grosseira, recobrindo o ombro e 
formando contorno arredondado (Figura 4). 
28 
 
 
 Figura 4. Anatomia descritiva do músculo deltóide. 
 Fonte: Moore e Dalley, 2014. 
 
O músculo deltóide é um local comumente descrito para injeção intramuscular de 
medicamentos, apresentando como vantagens absorção mais rápida quando 
comparada a região glútea; fácil acesso, com retirada mínima de roupas, fator este 
que interfere sobre a preferência dos clientes; no entanto, possui massa muscular 
pequena que limita o volume a ser infundido em 1 ml e o tipo de medicamento a ser 
injetado, o qual deve ter consistência aquosa, apresentando pequena margem de 
segurança dos nervos radial e axilar. 
O local da injeção no deltoide é identificado traçando-se uma linha imaginária na 
axila e outra ao nível da borda inferior do acrômio, entre 3 e 7 cm do acrômio. As 
bordas laterais do retângulo são linhas verticais paralelas localizadas entre o terço 
anterior e o médio e entre o terço posterior e o médio da face lateral do braço 
(Figura 5). Uma vez determinado o local da injeção, a agulha deve ser introduzida 
em ângulo reto (90º) com um único movimento firme e suave, após certificar que não 
houve refluxo sanguíneo, administrar a medicação de forma lenta, minimizando o 
desconforto durante a aplicação (COREN-SP, 2010) (Figura 6). 
O cliente deve ser orientado a manter o braço relaxado ao longo do corpo ou 
dobrado na altura da cintura, visando promover relaxamento das fibras musculares, 
a área delimitada deve ser inspecionada quanto a sinais de endurecimento, marcas 
de outras aplicações, presença de nódulos, hematomas ou inflamações. Tais 
cuidados devem ser tomados em qualquer aplicação de injeções intramusculares. 
29 
 
Esta região é contra indicada para menores de 10 anos, idosos e adultos com 
pequeno desenvolvimento muscular,pessoas com complicações vasculares dos 
membros superiores ou acometidos por acidente vascular cerebral com parestesia 
ou paralisia dos braços e pessoas que sofreram mastectomia e/ou esvaziamento 
cervical (NETTINA, 2003). 
 
Figura 5 e 6. Local seguro para aplicação de injeção no músculo deltóide. 
Fonte: Disponível em http://pt.slideshare.net/AlineNeves7/administrao-de-medicamentos-por-via-
parenteral, acessado em 20 de Novembro de 2015. 
 
 
1.4.2. REGIÃO DORSO GLÚTEA 
 
A região glútea situa-se atrás da pelve, entre o nível das cristas ilíacas e as margens 
inferiores dos músculos glúteos máximos, sendo composta por três grandes 
músculos glúteos (máximo, médio e mínimo) e um grupo de músculos menores 
(piriforme, obturador interno, gêmeos e o quadrado femoral) (Figura 7). Esta região 
se destaca como local favorável a aplicação de injeções uma vez que os músculos 
são espessos e grandes; consequentemente, fornecem uma grande área de 
superfície para absorção de medicamentos. O local de aplicação de injeções nesta 
região deve ser acima da linha que se estende da espinha ilíaca póstero-superior até 
a margem superior do trocanter maior (MOORE e DALLEY, 2014) (Figura 8). 
http://pt.slideshare.net/AlineNeves7/administrao-de-medicamentos-por-via-parenteral
http://pt.slideshare.net/AlineNeves7/administrao-de-medicamentos-por-via-parenteral
30 
 
 
 Figura 7 e 8. Delimitação anatômica dos músculos da região glútea. 
 Fonte: Moore e Dalley, 2014. 
 
A administração de medicamentos injetáveis na região dorso glútea ocorre no 
músculo glúteo máximo (Figura 9), o qual possui rico plexo vásculo-nervoso, 
apresentando como ação principal a extensão da coxa, auxiliando em sua rotação e 
mantendo-a fixa. 
 
 Figura 9. Delimitação anatômica da região dorso glútea e indicação do local seguro para 
 injeção intramuscular. 
 Fonte: Moore e Dalley, 2014. 
 
Estudos comprovam uma preferência continuada por este músculo no tocante a 
administração de injetáveis, sendo tal fato justificado pelo mais fácil acesso ao local 
da punção, extensa massa muscular, redução da dor, solicitação do cliente ou 
mesmo maior domínio da técnica pelos profissionais que administram injeções 
31 
 
(ARTIOLI et al, 2002; WALSH e BROPHY, 2011; ENGSTROM et al, 2000; 
GREENWAY et al, 2006). 
Apesar de ser uma região recoberta por uma espessa camada muscular, é 
imprescindível que o profissional possua conhecimento sobre o local exato para 
realizar a aplicação, pois esta região é altamente vascularizada (artéria glútea 
superior) e o nervo isquiático está presente podendo causar danos graves caso 
sejam atingidos, além disso, alguns clientes apresentam extensa camada de tecido 
adiposo nesta região, cabendo ao profissional optar por uma agulha de tamanho 
adequado para que a medicação não seja aplicada no tecido subcutâneo (DALY et 
al, 1992; ENGSTRON et al, 2000; GREENWAY, 2004; SMALL, 2004; BURBRIDGE, 
2007; MALKIN, 2008). 
WONG (1999); POTTER e PERRY (2005) afirmam que esta região é contra indicada 
em crianças menores de dois anos, principalmente aquelas que ainda não 
deambulam, bem como em pessoas com atrofia de musculatura glútea (p.e. idosos), 
com parestesia ou paralisia de membros inferiores ou com lesões vasculares. 
A delimitação do local para aplicação de injetáveis nesta região consiste em dividir o 
glúteo com uma linha imaginária em quatro quadrantes, utilizando a crista ilíaca e a 
prega glútea como limites na linha vertical, e prega média glútea como linha 
horizontal, introduzindo a agulha no centro do quadrante superior externo (Figura 
10). 
 
 
 Figura 10. Delimitação da área segura para aplicação de injetável na região dorso glútea 
 Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/vacinas/imagens/vacina-68.jpg 
 
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/vacinas/imagens/vacina-68.jpg
32 
 
 
1.4.3. REGIÃO VENTROGLÚTEA 
 
Em 1954, o anatomista Von Hochstetter descreveu esta região, composta pelos 
músculos glúteos médios e mínimos, como sendo adequada e segura para 
aplicação de injeções (HOCHSTETTER, 1954). A delimitação do local correto de 
aplicação se dá pela espinha ilíaca ântero-superior, grande trocanter e crista ilíaca 
superior, conforme detalhado na figura 11 (MENESES e MARQUES, 2007). 
 
 Figura 11. Delimitação do sítio de punção para injeção por via ventroglútea. 
 Fonte: Meneses e Marques, 2007. 
 
Considerando-se o conceito de planos anatômicos, descritos na literatura anatômica 
(GODOY, 2002; MOORE E DALLEY, 2014), a região ventro glútea é composta pelos 
músculos glúteos médio e mínimo, localizados lateralmente, em relação ao plano 
sagital mediano e, o sítio de punção avança no sentido do eixo transversal ou látero-
lateral. O glúteo médio é parcialmente recoberto pelo glúteo máximo, é espesso e 
radiado, com origem na face glútea do ílio, entre a linha glútea anterior e posterior e, 
com inserção na face lateral do trocânter maior do fêmur. O glúteo mínimo tem forma 
triangular, é profundo e totalmente recoberto pelo médio, origina-se na face glútea 
do ílio, entre a linha glútea anterior e inferior, e se estende até a margem 
anterossuperior do trocânter maior do fêmur (HORTA, 1973; PUTZ e PABST, 2000). 
Estes dois músculos estabilizam o quadril na deambulação: quando um dos 
membros se eleva o peso é suportado pelo membro ao solo. A contração desses 
músculos impede a queda da pelve para o lado do membro elevado. A região é 
suprida pelo feixe vásculo-nervoso que penetra na área glútea acima do músculo 
33 
 
piriforme, tendo como principal nervo, o glúteo superior (L4, L5 e S1), que se bifurca 
em ramo superior e inferior (MOORE e DALLEY, 2014; LIMA et al, 1994) (Figura 12). 
 Figura 12. Composição anatômica da região ventro glútea. 
 Fonte: Moore e Dalley, 2014. 
 
Alguns autores discorrem sobre características que comprovam a maior segurança 
oferecida por esta via na aplicação de injetáveis. Dentre estes, podemos citar: 
POTTER E PERRY (2009) descrevem que o glúteo médio apresenta espessura 
muscular bem desenvolvida independente da variação de idade do paciente, 
estando indicado tanto para adultos como crianças; COCOMAN e MURRAY (2010); 
KAYA et al (2012) inferem que o tecido subcutâneo é menos espesso nessa região e 
mais facilmente palpável, tanto em pessoas emagrecidas como edemaciadas, 
facilitando a delimitação correta do local a ser puncionado, inclusive devido a 
precisão da localização embasada em limites anatômicos; GREENWAY (2004) 
afirma que esta região possui inervação e vasos sanguíneos pouco significativos 
quanto a possibilidade de evoluírem com lesões graves caso acessados; MURTAGH 
(2006) ressalta que esta região tem sido associada a menor dor durante as injeções; 
BEECROFT; REDICK, 1990; explicitam o menor risco de infecção associada a 
injeção nesta via, uma vez que a epiderme é mais pobre em germes patogênicos 
anaeróbios e, por fim, CASTELLANOS, 1977) sugere que a direção das fibras 
musculares é tal que previne o “deslizamento” do material injetado para a região do 
nervo isquiático livrando-o de irritação e que a injeção pode ser aplicada em 
qualquer decúbito, sem necessidade de movimentar o cliente. 
Como desvantagem da utilização da região ventro glútea como via para aplicação de 
injetáveis, Wempe (1961) descreveu o fato de o cliente observar a aplicação neste 
34 
 
local, entretanto esse fato foi contestado por Baraldi et al (1994) tendo em vista que 
a região deltoidea também possibilita esta visualização. 
Ao longo dos anos, diversas formas de descrever a técnica de aplicação de 
injetáveis na região ventro glútea foram apresentadas (CASTELLANOS, 1977; 
ATKINSON E MURRAY, 1989; BEYEA e NICOLL, 1995; POTTER e PERRY, 1999; 
SWEARINGEN e HOWARD, 2001), explicitando como deveria se dar o 
posicionamento do cliente, a delimitação específica da região e a aplicação do 
fármaco. 
JUNQUEIRA (2009) descreve a técnica preconizadapor Castellanos (1977) como 
sendo a mais utilizada no Brasil, a qual consiste em colocar a mão esquerda no 
quadril direito do cliente, localizando na falange distal do dedo indicador a espinha 
ilíaca ântero-superior direita, estendendo o dedo médio ao longo da crista ilíaca, 
espalmando a mão sobre a base do grande trocanter do fêmur e formando com o 
indicador um triângulo; devendo a punção ser realizada no centro deste triângulo 
com a agulha ligeiramente voltada para a crista ilíaca (Figura 13). Nas aplicações 
em crianças, colocar o espaço interdigital dos dedos médio e indicador na saliência 
do trocânter maior do fêmur. 
 
 Figura 13. Delimitação do sítio de punção para injeção por via ventro glútea. 
 Fonte: Moore e Dalley, 2014. 
 
 
35 
 
1.4.4. REGIÃO VASTO LATERAL DA COXA 
 
Em breve revisão anatômica pode-se inferir que o músculo vasto lateral é o maior 
músculo que compõe o quadríceps femoral, recobrindo quase que toda a face 
ântero-lateral da coxa, sendo sua inserção proximal no trocanter maior e lábio lateral 
da linha áspera do fêmur e inserção distal na base da patela e tuberosidade da tíbia. 
(FERREIRA, 2005; MOORE e DALLEY, 2014; BEGERSON et al, 1982) (Figura 14). 
Tais anatomistas descrevem ainda a flexão do quadril e extensão do joelho como 
funções deste músculo. 
 
 Figura 14. Anatomia da região da coxa. 
 Fonte: Moore e Dalley, 2014. 
 
Dentre as vantagens descritas para esta via de administração de fármacos, 
encontram-se a inexistência de vasos e nervos significativos no tocante a possíveis 
lesões decorrentes de injeções; região pode ser utilizada em adultos e crianças; 
apresenta grande massa muscular, sendo extensa a área disponível para injeção; é 
uma região de fácil acesso, permitindo auto-aplicações e facilitando o controle/ 
contensão de pessoas agitadas/crianças chorosas (BEECROFT; REDICK, 1990; 
BEGERSON et al, 1982; BEYEA; NICOLL, 1995; CASTELLANOS, 1977; 
COCOMAN; MURRAY, 2008; MOORE; DALLEY, 2004; NICOOL; HESBY, 2002). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo_quadr%C3%ADceps_femoral
36 
 
Como desvantagens encontradas na literatura, a região vasto lateral da coxa está 
associada a lesões (HABER et al, 2000; OZEL et al, 1995; TALBERT et al, 1967), 
seja por dano ao nervo femoral ou a artéria femoral e para minimizá-los cabe ao 
profissional responsável identificar o local da injeção e utilizar o tamanho adequado 
da agulha. 
O risco de lesão nesta musculatura é proporcional a frequência de injeções, volume 
e tipo de medicamento injetado, sendo que o volume máximo recomendado varia 
conforme o tamanho do músculo, não podendo exceder 3 ml em adulto e, para 
crianças menores de 2 anos que não ultrapassar 1 ml e, em recém nascidos, no 
máximo 0,5 ml, devendo o medicamento ser aquoso, não irritante, oleoso ou viscoso 
(CASTELLANOS, 1977; LOSEK; GYURO, 1992). 
O Advisory Comittee on Imunization Pratices (ACIP) do Centers for Disease Control 
and Prevention (CDC) recomenda que para a aplicação de injeção na região VLC, 
estabilize a musculatura, com o dedo indicador e polegar da mão não dominante no 
músculo vasto lateral da coxa COMO uma pinça, na porção do terço médio da coxa 
e, com a mão dominante, insira a agulha com angulação de 90º, conforme o 
tamanho da musculatura presente (Figura 15). 
Quanto a esta técnica, são descritas duas variações relacionadas à agulha e ao 
ângulo, sendo que uma recomenda o uso de agulha de 25 mm e ângulo de 45º a 60º 
(COOK; MURTAGH, 2005; COOK; MURTAGH, 2006); e a outra, recomendada pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Centers for Disease Control and 
Prevention (CDC), utilizando agulhas de 16mm para recém-nascidos, e 22 mm ou 25 
mm para crianças de 1 a 12 meses de idade, dependendo do tamanho da 
musculatura e ângulo reto, esta última adotada pelo Ministério da Saúde no Brasil 
(CDC, 2009; OMS, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 15. Sítio de aplicação de injeção intramuscular no vasto lateral da coxa. 
 Fonte: Imagem cedida pela Profª Drª Ana Luiza Neto Junqueira. 
37 
 
2. COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO NA ADMINISTRAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS POR VIA INTRAMUSCULAR 
 
Administrar injeção intramuscular não é um procedimento simples, há inúmeros 
relatos na literatura de complicações relacionadas com a administração 
medicamentosa de forma inadequada no músculo do paciente (BEECROFT e 
REDICK, 1989; GREENBLATT E ALLEN, 1978; HANSON, 1963). As complicações 
mais comuns incluem a contratura e fibrose do músculo esquelético (DREHOBL, 
1980; HABER, KOVAN, ANDARY e HONET, 2000; TALBERT, HASLAM e HALLER, 
1967), abscessos no local da injeção (COCKSHOTT, THOMPSON, HOWLETT e 
SEELEY, 1982; HANSON, 1966; MICHAELS e POOLE, 1970), gangrena (OZEL, 
YAVUZ e ERKUL, 1995; TALBERT, HASLAM e HALLER, 1967; WEIR, 1988) e 
lesão do nervo (TONG e HAIG, 2000). Internacionalmente, práticas inseguras de 
injeções resultam em milhões de infecções que levam a sérios problemas de 
morbidade e mortalidade, particularmente na transmissão de hepatite B e C e do 
vírus da imunodeficiência humana. No cenário mundial, acredita-se que mais de 
50% das injeções aplicadas em instituições de saúde não são seguras. Estima-se 
que a prática de injeção insegura ocasione mais de 1,3 milhões de mortes e onere 
anualmente mais de $ 535 milhões em custos médicos diretos (MILLER e PISANI, 
1999). 
As ocorrências adversas advindas da prática dos profissionais de saúde continuam 
presentes no cotidiano laboral apesar dos grandes avanços tecnológicos em todas 
as áreas da saúde. Atualmente, esta temática vem sendo discutida em diversas 
publicações nacionais e internacionais, dada a grande importância que este 
conteúdo representa para o sistema de saúde, pacientes, familiares, profissionais e 
sociedade como um todo (TEIXEIRA et al, 2010). 
SANTANA et al (2012) afirmam que os erros no processo medicamentoso são 
multifatoriais, envolvendo ambiente, profissionais de saúde, comunicação, dentre 
outros e que, para tanto, fazem-se necessárias medidas preventivas para minimizar 
estes riscos, otimizando uma assistência de qualidade e segura, livre de danos 
decorrentes de imperícia, imprudência e negligência, tanto para o paciente, a família 
e os profissionais de saúde. 
38 
 
O Código de Ética do Profissional de Enfermagem destaca no artigo 12 que é um 
dever do enfermeiro “Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de 
enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência” e 
no artigo 18 evidencia que o profissional deve “Responsabilizar‐se por falta cometida 
em suas atividades profissionais, independente de ter sido praticada individualmente 
ou em equipe” (COFEN, 2007). 
Coimbra e Cassiani (2001) afirmam que “O ato de delegar não faz refutar a 
responsabilidade que o enfermeiro tem no atendimento das necessidades 
assistenciais e de cuidados à saúde do paciente como indivíduo, da família e de 
outros entes significativos, mesmo sendo realizados por sua equipe”. 
No tocante à administração de medicamentos, o enfermeiro, responsável por sua 
equipe, deve estar atento aos fatores individuais e/ou sistêmicos que podem levar a 
ocorrência de falhas na prática profissional e, consequentemente, causar eventos 
adversos evitáveis durante a assistência. Tais fatores podem estar associados às 
lacunas no conhecimento dos profissionais, decorrentes de deficiências na formação 
acadêmica, inexperiência, desatualização quanto aos avanços tecnológicos e 
científicos, falta ou falha no treinamento institucional, dentre outros. 
A equipe de enfermagem deve, portanto, preocupar-se com a segurança dos 
pacientes que estão sob sua responsabilidade, buscando, cada vez mais, 
atualização dos conhecimentos sobre os medicamentos que manuseia, promovendo 
um tratamento adequado e seguro ao paciente. Diante do exposto, fica clara a 
elevada responsabilidade que tem a equipede enfermagem durante a administração 
de medicamentos (PADILHA; SECOLI, 2002). 
Diversas condutas têm sido propostas ao longo do tempo visando a prevenção de 
erros de medicação, dentre elas a instituição da regra dos cinco certos (paciente 
certo, medicamento certo, hora certa, dose certa e via certa) como orientação para a 
enfermagem durante a administração de medicamentos, embora nem sempre seja 
suficiente (SANTANA, 2006). Nessa mesma linha de raciocínio, Malcolm e Yisi 
(2010) alertam para a importância de que o profissional de enfermagem siga os nove 
certos em busca de uma administração de medicamentos mais segura, quais sejam: 
paciente certo, horário certo, dose certa, via de administração certa, medicamento 
certo, documentação (checagem) correta, ação certa, forma certa, resposta certa. 
39 
 
A Organização Mundial da Saúde tem estimulado que os profissionais de saúde do 
mundo estejam atentos aos eventos adversos e à segurança do paciente e tem 
proposto aos seus países membros a adoção de nove soluções para a prevenção 
desses eventos na assistência à saúde e para a segurança do paciente, 
perfeitamente adotáveis para prevenção de eventos adversos na medicação (OMS, 
2007). Tais soluções estão relacionadas ao cuidado com medicamentos com nome 
e som semelhantes; Identificação do paciente; Comunicação durante a passagem de 
plantão e a transferência do paciente; Realização de procedimentos corretos nos 
locais corretos; Segurança na medicação nas transições de cuidado; Controle de 
soluções concentradas de eletrólitos; Soluções corretas entre cateteres e sondas; 
Uso único de dispositivos injetáveis; Higiene das mãos para prevenir infecção 
associada ao cuidado a saúde. 
No contexto nacional evidencia-se a Portaria GM/MS nº 529/2013, a qual institui o 
Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) com o objetivo de contribuir 
para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde 
do território nacional. Uma vez que a segurança do paciente é um componente 
essencial da qualidade do cuidado, e tem adquirido, em todo o mundo, importância 
cada vez maior para os pacientes e suas famílias, para os gestores e profissionais 
de saúde no sentido de oferecer uma assistência segura. 
A RDC/ANVISA nº 36 de 2013 institui ações para a segurança do paciente em 
serviços de saúde, regulamentando e colocando pontos básicos para a segurança 
do paciente como Núcleos de Segurança do Paciente, a obrigatoriedade da 
Notificação dos eventos adversos e a elaboração do Plano de Segurança do 
Paciente. 
A Portaria GM/MS nº 1.377, de 9 de julho de 2013 e a Portaria nº 2.095, de 24 de 
setembro de 2013 aprovam os protocolos básicos de segurança do paciente, incluso 
nestes a segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. 
Silva e Cassiani (2004) evidenciam que permanece a necessidade de olhar para o 
problema com uma visão sistêmica, identificando os pontos frágeis dos processos e 
buscando alternativas para o desenvolvimento de medidas que promovam maior 
segurança ao paciente e aos profissionais. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0036_25_07_2013.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1377_09_07_2013.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2095_24_09_2013.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2095_24_09_2013.html
40 
 
Para assegurar a qualidade da assistência, é fundamental uma formação adequada 
da equipe de enfermagem, adequação dos recursos físicos e materiais e estratégias 
voltadas para a organização do serviço e sistematização da assistência de 
enfermagem. Para tanto, cabe ao enfermeiro o planejamento das ações de 
enfermagem, seja disponibilizando recursos materiais adequados e seguros, seja 
capacitando a equipe de enfermagem ou promovendo condições tanto ambientais 
como de trabalho adequadas para o desempenho das atividades, garantindo 
segurança para o paciente (BOHOMOL E RAMOS, 2003 Coimbra (2004) e Santana 
(2012)). 
Telles Filho e Cassiani (2004) reforçam tal afirmação lembrando que esse 
conhecimento diferencia o enfermeiro dos outros membros da equipe da 
enfermagem, promovendo uma administração de medicamentos livre de imperícias. 
Entretanto, a prática no cotidiano e as pesquisas realizadas têm evidenciado outra 
realidade, na qual os profissionais de enfermagem envolvidos na administração de 
medicamentos, não têm demonstrado, muitas vezes, conhecimento suficiente para 
assumir tal responsabilidade, resultando em complicações e erros no processo de 
administração. 
Tal ocorrência é relatada em uma investigação realizada pelos autores acima 
citados, com o objetivo de analisar as necessidades educacionais dos profissionais 
de enfermagem sobre a administração de injetáveis, a qual revelou que esses 
profissionais tinham pouco conhecimento a respeito dos seguintes assuntos: 
interação medicamentosa, mecanismos de ação, estabilidade e efeitos colaterais de 
medicamentos, preparo das injeções, bem como outros aspectos referentes à 
administração medicamentosa. Esses autores revelaram ainda que os profissionais 
de enfermagem podem estar com déficit de conhecimento para realizar tais funções. 
Essa realidade torna-se mais complexa quando se trata de profissionais que atuam 
na administração de injetáveis em salas de vacinas, pois necessitam de 
conhecimentos técnicos científicos especializados nessa área, os quais vão 
abranger as especificidades de cada imunobiológico, seguindo todos os padrões 
corretos de conservação, armazenagem e indicações clínicas. 
Nesse mesma linha de raciocínio, Godoy et al (2004) desenvolveram um estudo 
entre profissionais de enfermagem de um hospital escola do interior paulista com a 
41 
 
equipe responsável pela administração de medicamentos e constataram que dentre 
eles havia dificuldade em descrever o método usado para delimitar as regiões para 
aplicação de medicamentos intramuscular (a região ventroglútea foi delimitada 
incorretamente por 22 profissionais (68,75%), a face ântero-lateral da coxa foi 
delimitada incorretamente por 25 profissionais (78,12%), a região dorsoglútea 
recebeu delimitação incorreta por 27 profissionais (84,37%) e a região deltóidea foi 
incorretamente delimitada por 25 profissionais (78,12%)) e pouco conhecimento na 
identificação de complicações e contra-indicações, assim, validando a necessidade 
de atualização desses profissionais, especialmente no que se refere à anatomia, e 
terminologia adequada utilizada para designar as regiões e os conhecimentos dos 
eventos adversos pós injeções. 
Nesse contexto, é imprescindível ressaltar a importância da atuação do enfermeiro 
no tocante a sua responsabilidade na promoção da segurança e manutenção da 
qualidade da assistência, participando de forma efetiva na educação em serviço da 
sua equipe e nos cuidados ao paciente. A competência do enfermeiro em uma área 
especifica do conhecimento ocorre quando esse profissional demonstra e aplica seu 
conhecimento, suas habilidades e atitudes adequadas durante o cuidado prestado 
(PEARCE e TRENERRY, 2000). 
Paranaguá (2015) evidencia a importância do desenvolvimento de competências 
pelo enfermeiro voltadas para a assistência ao paciente, onde o profissional deve 
compreender a necessidade de se instituir em sua práxis laboral uma cultura de 
segurança, abrangendo um conjunto de valores, atitudes e comportamentos que irão 
evidenciar seu comprometimento com a gestão da saúde e da segurança. 
Frente a essa realidade, é possível desenvolver ações de melhoria e qualificação 
para os profissionais de saúde, seja durante sua formação acadêmica, seja durante 
o processo de educação continuada que deve ocorrer de forma sistemática nas 
instituições. Com melhor formação e capacitação do capital humano ampliam-se as 
condições para a prestação deuma assistência segura e de qualidade aos 
pacientes. 
Walters e Furyk (2010) demonstraram em seu estudo que através da implantação de 
um pacote de ensino contendo orientações sobre boas práticas para administração 
de medicamentos por via intramuscular é possível desencadear mudanças no 
42 
 
exercício laboral dos profissionais, contribuindo para uma assistência mais segura e 
minimizando as complicações associadas a injeções intramusculares. 
Visando prestar uma assistência de enfermagem segura e eficaz, no tocante a 
administração de medicamentos, faz-se necessária uma intervenção junto aos 
profissionais que executam tal atividade, a qual pode se dar por meio da efetivação 
de um programa sistematizado de educação continuada direcionada para fornecer 
conhecimentos por meio de cursos de atualização e treinamentos sistemáticos. Para 
desenvolver competências nos profissionais diversas ferramentas podem ser 
utilizadas, tais como a simulação realística, que possibilita a vivência de situações 
clínicas em cenários virtuais que auxiliam na aprendizagem para alcance da 
segurança no processo de assistência ao paciente; ou mesmo a criação de 
protocolos, que irão embasar as tomadas de decisões dos profissionais. 
O estudo realizado por Godoy (2002) descreve o uso da tecnologia de 
videoconferência como ferramenta para o ensino, onde profissionais de enfermagem 
tiveram acesso a educação em serviço acerca da aplicação de injetáveis por via 
intramuscular na região ventro-glútea e consideraram a metodologia utilizada 
adequada ao objetivo proposto visto que puderam aliar teoria a prática e, assim, 
desenvolver habilidade intelectual e motora necessárias a seu exercício profissional. 
Costa (2012) evidencia nesse contexto a relevância da construção de protocolos e a 
disponibilização de fontes de consulta a informações, que sejam de fácil acesso aos 
profissionais, para que haja oportunidade de esclarecimento de dúvidas, sobre as 
ações a serem tomadas, em cada etapa, durante o processo de administração. 
Administrar medicamentos depende de ações humanas e os erros fazem parte 
dessa natureza, exigindo que os processos de medicação sejam planejados e bem 
estruturados com a finalidade de torná-los mais seguros de modo a auxiliar os 
profissionais a não errarem. Tornar os processos mais seguros depende da adoção 
de muitas estratégias. A transmissão do conhecimento e a garantia da execução de 
ações corretas é algo imprescindível para a prevenção de erros na medicação, 
especialmente as injetáveis (COSTA, 2012). 
A administração segura de injetáveis por via intramuscular depende da escolha 
adequada do local onde será realizada, devendo-se levar em consideração os 
seguintes aspectos: desenvolvimento do músculo, acessibilidade do local da 
43 
 
punção, distância em relação a vasos e nervos importantes, condições da 
musculatura para absorção do medicamento a ser injetado, espessura do tecido 
adiposo, idade do indivíduo, irritabilidade da droga e atividade exercida pelo paciente 
(RODGER; KING, 2000; SMALL, 2004). Outro aspecto importante a ser observado é 
a condição da musculatura, que deve ser livre de fibrose, edemas, hiperemia ou 
calor (CASTELLANOS, 1977) e tamanho adequado da agulha (COOK, 2009; 
GROSWASSER et al, 1997; LIPPERT; WALL. 2008; PETOUSIS-HARRIS, 2008). 
A literatura identifica quatro locais apropriados para a aplicação de injeções por via 
intramuscular: dorsoglúteo, ventroglúteo, vasto lateral da coxa e deltoide 
(COCOMAN e MURRAY, 2008; GILSENAN, 2000; RODGER e KING, 2000), sendo 
que cada um deles apresenta vantagens e desvantagens que devem ser avaliadas 
individualmente quando se pretende administrar uma medicação a fim de garantir a 
execução segura do procedimento. 
Wynaden et al (2014) afirmam em seu estudo que tradicionalmente, a técnica e o 
local de escolha para administração de medicação por via intramuscular são 
baseados nas preferências pessoais do enfermeiro (ZIMMERMANN, 2010), em sua 
formação profissional e no conhecimento empírico adquirido na prática clínica 
(GERRISH e CLAYTON, 2004). Entretanto, atualmente, diversos estudiosos 
sugerem que a prática de enfermagem deve ser baseada em evidências, obtidas a 
partir de pesquisas aplicadas a luz do rigor metodológico e padrões éticos 
(COCOMAN e MURRAY, 2010; FARCHAUS STEIN, 2013; HUNTER, 2008). 
Cada vez mais, espera-se que os profissionais enfermeiros fundamentem sua 
prática clínica em conhecimentos evidenciados ao longo de estudos que comprovem 
como deve se dar uma assistência à saúde qualificada e de excelência pautada em 
princípios científicos. 
Segundo Kaya et al (2015), nas últimas décadas vários avanços ocorreram na área 
da saúde e, portanto, na implementação de cuidados de saúde e, para se adaptar a 
essas mudanças, é imperativo que os profissionais de saúde façam uso de tais 
progressos científicos como base para a construção de protocolos e implementação 
de práticas clínicas baseadas em evidências. 
Small (2004) sugere que tanto enfermeiros como instituições de saúde devem 
garantir que os pacientes recebam um atendimento seguro e competente, sendo 
44 
 
que, isso só será alcançado se ambos os atores se responsabilizarem pela 
manutenção da prática assistencial apoiada pelo “bom julgamento clínico utilizando 
a melhor evidência disponível”. 
Neste cenário é importante desenvolver programas educacionais que elucidem os 
erros de medicação, discutindo estratégias para entender as causas dos problemas 
e propostas de melhorias, além de reduzir ou eliminar as barreiras para a notificação 
dos erros de medicação, focando a segurança do paciente, equipe e familiares com 
um padrão de alta qualidade da assistência à saúde (BOHOMOL e RAMOS, 2007). 
As atividades de educação em serviço de saúde constituem-se em uma estratégia 
capaz de assegurar a manutenção da competência da equipe de enfermagem em 
relação ao cuidado oferecido aos usuários (KRISTJANSON e SCANEAN, 2002). 
Além de fornecer equipamento, treinamento e educação continuada para garantir um 
atendimento de qualidade e maior segurança na administração de medicamentos, 
faz-se necessária a adoção de outras medidas de segurança, sendo, uma delas, a 
elaboração de protocolos institucionais padronizando as ações a serem seguidas 
nesse processo de trabalho. A adoção de protocolos, segundo Honorio e Caetano 
(2009), permite o direcionamento do trabalho, o registro oficial dos cuidados 
executados na resolução ou prevenção de um problema. E a inexistência destes, 
conforme explicita Silva (2008), faz com que os profissionais de enfermagem, muitas 
vezes, ajam pautados na experiência do colega, em aquilo que aprendeu em seu 
dia-a-dia, sem utilização do raciocínio clínico e do embasamento científico. 
Walsh e Brophy (2011), através do seu estudo, concluíram que os profissionais de 
enfermagem não estão usando as diretrizes atuais para a administração de injeções 
por via intramuscular de acordo com a orientação da literatura. Os autores sugerem 
que os programas de educação permanente devem se concentrar em mapear 
adequadamente as técnicas de administração de injetáveis, levando em 
consideração todos os fatores que irão influenciar a escolha profissional. 
Sousa (2015) após análise das práticas e conhecimentos em administração de 
medicamentos por via intramuscular entre equipes de enfermagem em unidades pré-
hospitalares fixas de urgência de Goiânia – Goiás verificou que a administração do 
medicamento por esta via não é executada de acordo com o preconizado na 
literatura, por grande parte destes profissionais, os quais alegaram que os 
45 
 
conhecimentos adquiridos durante a formação profissional foram insuficientes para a 
atuação na prática cotidiana. Nesse contexto, a autora ratifica a necessidade de 
investimentos em educação permanente, que podem modificar as práticas 
tradicionais, somando a outros, que advogama favor da maior segurança do 
paciente. 
A educação continuada deve sempre fazer parte do cotidiano dos profissionais de 
forma institucionalizada. Segundo Ricaldoni e Sena (2006), o grande desafio da 
educação é o processo contínuo de capacitação, estimulando o desenvolvimento da 
consciência e responsabilidade nos profissionais sobre seu contexto de trabalho. 
Silva et al (2008), evidenciam em seu artigo a educação continuada como uma 
ferramenta que permite o desenvolvimento dos profissionais de saúde e assegura a 
qualidade do atendimento aos clientes; e explicitam que, para que seja garantida a 
eficácia da educação continuada no serviço, o gestor deve considerar a realidade 
institucional e atuar diretamente sobre as necessidades do profissional, instigando o 
real interesse da equipe diante das situações cotidianas. 
A atualização é um alicerce importante durante o exercício da profissão, e a 
educação continuada um processo prolongado que vai além dos sistemas 
educacionais e estratégias que favorecem o desempenho e a qualificação 
profissional. Estudo feito em São Paulo avaliou as atividades de educação 
continuada mostrando que a capacitação oferecida ao profissional possibilita uma 
maior segurança durante a realização de suas atividades. Acrescenta-se ainda, a 
importância de considerar o cotidiano do trabalho e as necessidades do setor, como 
variáveis para o desenvolvimento da educação continuada (RODRIGUEZ et al, 
2011) 
É imprescindível considerar que é através do conhecimento que se alcança as 
competências para uma atuação profissional qualificada, segura e livre de riscos, e, 
seguindo essa linha de raciocínio, após tomar conhecimento prévio sobre as 
necessidades expressas pelos profissionais de enfermagem lotados nas unidades 
municipais de urgência e emergência no tocante a administração de medicamentos, 
faz-se necessário o planejamento de estratégias educativas que contribuam para o 
desenvolvimento dos profissionais de enfermagem e melhoria do desempenho dos 
serviços de saúde. 
46 
 
Machado et al (2014) explicitam que cabe aos enfermeiros, reconhecer a 
importância de procurar formas de articulação entre diferentes áreas do 
conhecimento, do diálogo com os envolvidos e com os que decidem para reorientar 
a prática das ações educativas da equipe de enfermagem nas instituições de saúde. 
Dessa forma, torna-se imprescindível que o enfermeiro assuma a responsabilidade 
pela educação permanente de sua equipe, potencializando o padrão de assistência 
prestada em todos os níveis de atenção, promovendo a valorização dos recursos 
humanos em saúde (KRISTJANSON e SCANEAN, 2002). 
O Ministério da Saúde considera que no processo de Educação Continuada em 
Saúde o aprender e ensinar devem se incorporar ao cotidiano das organizações e 
ao trabalho, tendo como objetivos a transformação das práticas profissionais e da 
própria organização do trabalho, sendo estruturados a partir da problematização do 
processo de trabalho, onde a atualização técnico- científica é um dos aspectos da 
transformação das práticas, porém, não é seu foco central (BRASIL, 2005). 
A educação continuada, segundo Oguisso (2000) é um processo dinâmico de 
ensino-aprendizagem, ativa e permanente, destinada a atualizar e melhorar a 
capacitação de pessoas, ou grupos, face à evolução científico-tecnológica, às 
necessidades sociais e aos objetivos e metas institucionais. Assim, a educação 
continuada precisa ser considerada como parte de uma política global de educação 
para garantir a qualificação dos trabalhadores de saúde, centrada nas necessidades 
de transformação da prática. 
Segundo Telles e Cassiani (2004), administrar medicamentos é um processo multi e 
interdisciplinar, que exige do indivíduo, responsável pela administração, 
conhecimento variado, consistente e profundo. 
Reconhecendo a importância de tal prática nas atividades cotidianas da equipe de 
enfermagem, na repercussão das mesmas na assistência aos usuários, e, na 
necessidade de realizar tais atividades laborais de forma segura, fica evidente a 
necessidade de se instituir um processo de educação permanente em serviço aos 
profissionais de enfermagem, como subsídio para a prática profissional destes. 
Nessa vertente o presente trabalho vem contribuir neste processo, por meio da 
elaboração de um protocolo contendo as orientações necessárias à equipe de 
47 
 
enfermagem para que a mesma possa prestar uma assistência segura, eficaz e 
qualificada no tocante a administração de medicamentos por via intramuscular. 
 
 
48 
 
METODOLOGIA 
 
Trata-se de um estudo descritivo com propostas para intervenção, mediado para a 
elaboração de protocolo sobre administração segura de medicamentos por via 
intramuscular a ser disponibilizado aos profissionais de enfermagem para que façam 
uso em sua rotina de trabalho conforme seja necessário. 
A configuração desse estudo se dá pelo fato de que estudo de intervenção ou 
estudo aplicado objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à 
solução de problemas específicos, envolvendo demandas e interesses locais 
(GERHARDT e SILVEIRA, 2009). 
CORDONI (2013) afirma que estes estudos são aqueles que irão orientar uma 
mudança ou transformação em uma dada realidade, sendo que essa transformação 
pode se dar na estrutura e/ou no processo de determinada situação. 
A literatura recente mostra número mais alto de estudos sobre os protocolos de 
atenção à saúde, em relação aos de organização de serviços, os quais têm como 
foco a padronização de condutas clínicas e cirúrgicas em ambientes ambulatoriais e 
hospitalares. Em sua maioria, protocolos clínicos estão baseados em evidências 
científicas, envolvem a incorporação de novas tecnologias e dão ênfase às ações 
técnicas e ao emprego de medicamentos (WERNECK, 2009). 
Tal como proposto, este estudo foi pensado em virtude da demanda expressa em 
um trabalho anteriormente realizado por SOUSA (2015) com os profissionais de 
enfermagem lotados nas unidades de urgência do município de Goiânia, onde foi 
avaliado o conhecimento acerca de diversas questões relacionadas à prática laboral 
associada a administração de medicamentos e, embasado neste contexto 
previamente descrito, emergiu sob a ótica das autoras a necessidade de formular 
estratégias que fundamentem e resguardem a atuação dos profissionais de 
enfermagem no processo de administração de medicamentos, para que possam 
exercer uma assistência segura e qualificada. 
Nesse contexto, a construção de um protocolo que embase essa prática profissional 
surge como importante instrumento para o enfrentamento de diversos problemas 
vivenciados na assistência e mesmo na gestão do serviço de enfermagem. 
49 
 
Nesta perspectiva, optou-se por realizar uma revisão integrativa da literatura, 
visando embasar o conteúdo necessário a elaboração do protocolo, em virtude da 
possibilidade gerada por este método com potencial de construir conhecimento, 
produzindo um saber fundamentado e uniforme para os enfermeiros realizarem uma 
prática clínica de qualidade. 
Roman e Friedlander (1998) expõem que esse método tem a finalidade de reunir e 
sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira 
sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do 
tema investigado. 
O principal objetivo da revisão integrativa, segundo Mendes (2008), é a conexão 
entre a pesquisa científica e a prática profissional no âmbito da atuação profissional, 
uma vez que ela inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a 
tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, proporcionando aos profissionais 
de saúde dados relevantes de um determinado assunto, em diferentes lugares e 
momentos, mantendo-os atualizados e facilitando as mudanças na prática clínica 
como consequência da pesquisa. 
De maneira resumida, Mendes et al (2008) sugerem que para a

Continue navegando