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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE DIREITO RELATÓRIO DE PROJETO DE TRABALHO Meios Consensuais de Resolução de Conflitos BRUNA BONOTTO GABRIEL RODRIGUES VARGAS DA SILVA IGOR FELIPE GOETZ JOSE NILTON LOPES DA SILVA CANOAS 2020/01 CONTEXTUALIZAÇÃO Não é novidade que o Poder Judiciário brasileiro está literalmente entupido de processos judiciais. Conforme relata o presidente do CNJ e do STF, Ministro Dias Tofolli, o Poder Judiciário Brasileiro encerrou o ano de 2018 com 78,7 milhões de processos em tramitação. As consequências disto são as piores possíveis, como a total inobservância da duração razoável do processo. Esta lentidão, sem dúvidas, gera uma angústia e um incômodo social, pois com a demora na resolução dos conflitos, muitas vezes, a pretensão das partes acaba sendo prejudicada pelo decurso do tempo. Nesta realidade, o estado do Rio Grande do Sul sempre figura entre os estados com maior número de processos judiciais no Brasil. Diante deste cenário, um Novo Código de Processo Civil foi elaborado com a nítida intenção de iniciar uma mudança na realidade do Poder Judiciário, focando na mediação e conciliação de conflitos. Entretanto, esta mudança passa pela conscientização da sociedade e principalmente dos operadores do direito, no sentido de pensar na resolução do conflito de uma forma diferente. Com este objetivo, o Novo Código de Processo Civil praticamente obriga os profissionais do direito a tentarem uma resolução consensual do conflito, sendo inclusive um dos requisitos da petição inicial, o autor manifestar-se expressamente contrário à conciliação, sendo necessário que ambas as partes se manifestem nesse sentido, caso contrário a audiência de conciliação prevista no CPC deverá acontecer. Assim, uma importante ferramenta jurídica para mudar a realidade do Poder Judiciário brasileiro e principalmente do estado do Rio Grande do Sul já existe, qual seja, o Novo Código de Processo Civil. Num segundo momento, surge a necessidade de dar outro passo importante: transmitir à sociedade esta mudança que o ordenamento jurídico brasileiro está passando e, mais do que isto, conscientizar a sociedade de que sua pretensão poderá ser melhor atendida por meios extrajudiciais de resolução de conflitos. Para medir a eficiência destas ferramentas jurídicas de resolução extrajudicial de conflitos, o CNJ elabora anualmente o índice de conciliação, que é dado pelo percentual de sentenças e decisões resolvidas por homologação de acordo em relação ao total de sentenças e decisões terminativas proferidas. No ano de 2019, o índice do Rio Grande do Sul não está entre os melhores do país, apesar da diferença dentre os índices não ser tão significativa, mas, de qualquer forma, evidencia a necessidade de se trabalhar este tema perante a sociedade gaúcha. Neste quadro, temos os índices de conciliação excluindo a fase pré- processual: Índice de Conciliação por tribunal, elaborado pelo CNJ A situação do Rio Grande do Sul em relação aos outros estados fica pior quando o índice considera a fase pré-processual. Enquanto o índice do estado aumenta apenas para 11,9%, a grande maioria dos outros estados têm seus índices aumentados de maneira mais significativa com algumas exceções pontuais. Índice de conciliação Total, incluída a fase pré-processual, por tribunal. É neste contexto que vamos implementar nosso projeto, com um Poder Judiciário gaúcho com milhares de processos e uma sociedade que, em regra, ainda não tem o devido conhecimento ou está aderindo de maneira mais tímida aos meios consensuais de resolução de conflitos em comparação com a maioria dos outros estados. Assim, escolhemos a comunidade acadêmica da Universidade Luterana do Brasil do Campus de Canoas como público-alvo do nosso projeto, pois acreditamos que seja capaz de proporcionar ao projeto o êxito necessário para alcançar seu objetivo. A Ulbra é uma das universidades mais tradicionais do estado contando com nove campus universitários, somente no Rio Grande do Sul, e mais de 70 polos de educação a distância (EAD) distribuídos nas diversas regiões brasileiras. A comunidade discente da instituição acolhe estudantes de todas as regiões do estado como a região metropolitana, litoral e até interior. Ademais, a Ulbra oferece, somente no campus Canoas, 79 cursos de graduação, o que demonstra que nosso público- alvo será extremamente diversificado. A população acadêmica fica em torno de 35 mil universitários distribuídos pelos diversos campus, sendo que o campus de Canoas possui o maior número de acadêmicos. Por fim, a instituição conta com uma eficiente plataforma virtual de ensino que poderá ser utilizada como meio de divulgar e expandir nosso projeto. Por todo o exposto, fica evidente o potencial do nosso público-alvo no sentido de disseminar para os mais variados públicos e seguimentos o conhecimento que vamos transmitir com este projeto. DEFINIÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA O projeto visa levar aos frequentadores da Ulbra Canoas informações a respeito dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos, tendo como públicos-alvo principalmente estudantes e colaboradores da instituição, além da possibilidade de atingir, como público secundário, frequentadores eventuais das dependências do campus Canoas. Com isso, busca-se a conscientização referente aos meios consensuais de resolução de conflitos serem o primeiro e mais adequado método de resolução do conflito antes do litígio. OBJETIVOS GERAIS Conscientizar os estudantes, colaboradores e demais frequentadores da Ulbra Canoas sobre os meios extrajudiciais de resolução de conflitos. Esta iniciativa tem o propósito de somar-se a tantas outras da comunidade jurídica com a finalidade de proporcionar um alívio ao sistema judiciário tradicional que atualmente se encontra sufocado com altíssima demanda. Sendo muitas destas demandas, conflitos passíveis de resolução pelos métodos consensuais de resolução de conflitos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Aplicar questionários com perguntas relacionadas aos meios extrajudiciais para alunos, colaboradores e frequentadores do campus Canoas da Universidade Luterana do Brasil; - Transformar os dados coletados através dos questionários em estatísticas, relacionando o nível de conhecimento do público sobre os meios de resolução de conflitos e o interesse destes sobre o assunto. - Divulgar o projeto, pelos meios virtuais disponíveis, como o Facebook, Instagram, Twitter,Tik Tok, Youtube, lives e outras plataformas digitais, propiciando ao projeto maior alcance quanto ao público a ser atingido; - Realizar um parecer ao público de modo que reforce a informação a partir dos dados levantados dos questionários aplicados; - Promover debates virtuais, com o propósito de demonstrar ao público que o uso dos meios extrajudiciais é uma excelente alternativa para a resolução de conflitos; - Conscientizar o público no que tange a morosidade dos processos judiciais; - Demonstrar ao público que suas demandas podem ser solucionadas de forma mais eficaz através dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos. METODOLOGIA Visando a implementação de um projeto para divulgar os meios de resolução de conflitos para os estudantes e funcionários da Universidade Luterana do Brasil, no campus Canoas. As pesquisas a serem realizadas podem ser descritas como quali-quantitativas, dividindo-as em coleta e análise estatística das informações em um primeiro momento para após realizar análise subjetiva dos dados. Em uma primeira etapa, o foco será a coleta de informações atualmente disponíveis sobre o tema, com a busca por projetos semelhantes já implementados ou em curso na instituição, passo importante para uma visão inicial do cenário que será encontrado.Juntamente com isso, buscar informações quanto à possibilidade e disponibilidade das coordenações dos cursos em colaborar com a implementação e divulgação do projeto. Ainda nesta etapa, será realiza pesquisa a respeito de qual meio se mostra mais adequado para a divulgação do projeto, tendo em vista que a proposta inicial é a utilização de meios digitais para implementação e divulgação do mesmo. No caso de ficar constatado que os meios digitais não são os mais adequados para implementação do projeto, a iniciativa será reavaliada. Lançando mão das informações coletadas, neste primeiro momento, será formulado questionário com perguntas sobre os conhecimentos que o público alvo tem a respeito dos meios de resoluções de conflitos extrajudiciais, seu interesse sobre o tema, bem como a familiaridade e frequência com que utiliza os meios digitais para realizar buscas acerca da matéria. Esse questionário será disponibilizado na plataforma que inicialmente se mostrar mais adequada e divulgada na instituição. A partir dos dados coletados através do formulário, deverá ser feita a depuração dos dados obtidos no sentido de dividir o público de acordo com o nível de informação prévia sobre o tema. Essa divisão será feito no sentido de adaptar a linguagem e mesmo o tipo de informação disponibilizada pelo projeto, sendo também observada a relação necessidade x possibilidade de ação diferenciada para um ou mais grupos identificados. Com tais informações será elaborado o primeiro material a ser apresentado ao público do projeto, trazendo arte digital explicativa (adaptada a plataforma utilizada), texto com explicação simplificada de tópicos e links para acesso a material completo. Após o lançamento do projeto junto ao público, será realizada uma segunda pesquisa para avaliar questões como os temas mais procurados no projeto, pontos não abordados pelo material, interesse pela utilização de outras plataformas incluindo a realização lives ou podcasts, etc. A análise dos dados da segunda pesquisa será utilizada para maximizar a comunicação com o público, no sentido de apresentar linguagem mais acessível. Também com base nesses dados poderá ser apresentado à instituição plano de ampliação do projeto, com maior participação institucional e do corpo docente. ETAPAS DE ATUAÇÃO/PLANO DE AÇÃO ETAPA I – Realizar uma pesquisa prévia para verificar existência de um programa semelhante já estabelecido pela instituição. – Identificar se o meio virtual é mais adequado para publicação do projeto. – Organizar possíveis divulgações em conjunto com as coordenações dos cursos. ETAPA II – Divulgar o assunto sobre meios extrajudiciais de resolução de conflitos. – Explicar de forma compreensível o conteúdo. – Disponibilizar materiais em vários meios virtuais para facilitar o acesso ao público. ETAPA III – De forma acessível, possibilitar a divulgação em diversas plataformas reforçando assim a abrangência da cobertura do projeto. – Possibilitar a comunicação do público via chat. – Fornecer um canal de acesso para recebimento de comentários e sugestões. ETAPA IV – Elaborar questionários para verificar qual foi o conhecimento adquirido sobre os meios extrajudiciais de resolução de conflitos. – Aplicar questionários por meios virtuais para verificar o conhecimento adquirido pelo público. – Levantar dados adquiridos referente aos questionários para a verificação dos mesmos. ETAPA V – Analisar os questionários. – Dar ênfase nas dúvidas. CRONOGRAMA AÇÕES/MÊS ABRIL MAIO JUNHO ETAPA I X ETAPA II X ETAPA III X ETAPA IV X ETAPA V X HIPÓTESES 1 - Quanto ao fato do público-alvo já ter conhecimento sobre os meios extrajudiciais de resolução de conflitos antes da execução do nosso projeto. SIM. O público-alvo, na sua grande maioria, já conhecia devido a ampla divulgação que o Poder Judiciário já faz. NÃO. O público-alvo não tinha muito conhecimento sobre estes procedimentos, pois nunca chegou até eles tais informações e àqueles que já conheciam, tomaram ciência destes procedimentos, pois já foram partes em processos. 2 - Quanto ao público-alvo, após a execução do nosso projeto, passar a acreditar que os meios extrajudiciais de resolução de conflitos são uma boa alternativa. SIM. As pessoas passaram a acreditar nesta alternativa para resolver seus conflitos, principalmente pelo fato da celeridade que sua pretensão pode ser atendida. NÃO. O projeto não foi suficiente para convencer o público-alvo de que os meios extrajudiciais são uma boa alternativa, tendo em vista que a cultura de acionar o Poder Judiciário ainda está muito presente nos costumes da sociedade brasileira. 3 – Quanto ao público-alvo compreender que os meios extrajudiciais de resolução de conflitos são extremamente necessários para atividade jurisdicional. SIM. O público-alvo passou a ter noção da importância, compreendendo que a situação atual do Poder Judiciário, no que se refere à quantidade de processos, é insustentável e tendo como consequência o desrespeito à duração razoável do processo. NÃO. O público-alvo continua achando melhor os conflitos serem decididos por um juiz, num processo judicial, mesmo que o excesso de trabalho no Poder Judiciário acarrete uma demora significativa para a solução do seu conflito. 4 - Quanto à confiança de ter seu conflito intermediado por um terceiro (conciliador ou mediador) que não seja um juiz. SIM. Confiam nesse terceiro, pois se ele foi legalmente incumbido desta função pelo Poder Judiciário, significa que tem capacidade para auxiliar na resolução do conflito. NÃO. O público-alvo não confia nesse terceiro, preferindo a figura de um juiz togado para decidir o conflito. 5 – Se, nos meios extrajudiciais de resolução de conflitos, o advogado continua tendo a mesma importância que no processo judicial. SIM. Continua com a mesma importância, tendo em vista que para discutir a matéria é necessário o conhecimento técnico de um advogado. NÃO. Considerando que os meios extrajudiciais são basicamente uma negociação entre as partes, a importância do advogado diminui. EMBASAMENTO TEÓRICO O conflito, que pode ser definido como “controvérsia, desentendimento, lide, demanda, divergência”, sempre esteve inerente à vida em sociedade, uma vez que os cidadãos que compõem esta têm pensamentos e objetivos distintos. Com isso, a partir das discordâncias surgem os conflitos, sendo atualmente solucionados de duas formas, quais sejam: a amigável ou através dos órgãos estatais (mais utilizado). O doutrinador Dinamarco (2013) conceitua conflito como: “Conflito, assim entendido, é a satisfação existente entre duas ou mais pessoas ou grupo, caracterizada pela pretensão a um bem ou situação da vida e impossibilidade de obtê-lo – seja porque negada por quem poderia dá-lo, seja porque a lei impõe que só possa ser obtido por via judicial. Essa situação recebe tal denominação porquesignifica sempre o choque entre dois ou mais sujeitos, como cauda da necessidade do uso do processo.” Em um conflito, há sempre uma parte insatisfeita com algo, buscando uma solução. O direito só existe atrelado a algum conflito, visto que é uma forma de resolução deste. Em sua obra intitulada “Introdução ao Estudo do Direito” Nader (2012), aduz: “Em relação ao conflito, a ação do Direito se opera em duplo sentido. De um lado, preventivamente, ao evitar desinteligências quanto aos que cada parte julga ser portadora. Isto faz mediante a exata definição do Direito, que deve ter na clareza, simplicidade e concisão de suas regras, algumas de suas qualidades. [...]” A demanda de processos no judiciário tem se tornado cada vez maior, o que torna o seu resultado mais desgastante para as partes. Dessa forma, os métodos de resolução de conflitos extrajudiciais são a melhor opção, mesmo ainda sendo pouco conhecidos e divulgados, estes já vêm sendo aderidos como forma de desafogar o judiciário, oferecendo qualidade, celeridade e eficiência na resolução de litígios. Donizetti (2018) diz que “A tutela jurisdicional não constitui único meio de eliminação dos conflitos. Na verdade, a jurisdição é a ultima ratio, a última trincheira na tentativa de pacificação social; [...]”. Com isso, entende-se que a via judicial deve ser a última medida a ser adotada, sendo mais adequada a utilização das vias extrajudiciais quando possível. Existem quatro diferentes meios de solução de conflitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico brasileiro, quais sejam: a autotutela, a heterocomposição e a autocomposição. A autotutela, que é a forma mais primitiva de resolução de conflitos, só pode ser admitida em casos extremos, considerando que a resolução se dá através da “força”, seja ela física, religiosa, intelectual, entre outras. Por força entende-se a imposição da vontade de uma parte em detrimento da vontade da outra. Exemplo a ser citado é a legítima defesa, expressa no artigo 188, I, CC. Assim, por ser proibida no ordenamento, com exceções onde o Estado não consegue agir a tempo, a autotutela é a única que admite o ingresso de ação no judiciário pela parte vencida. Segundo Neves (2016), in verbis: “A justificativa é de que o Estado não é onipresente, sendo impossível estar em todo lugar e a todo momento para solucionar violações ou ameaças ao direito objetivo, de forma que em algumas situações excepcionais é mais interessante ao sistema jurídico, diante da ausência do Estado naquele momento, a solução pelo exercício da força de um dos envolvidos no conflito.” Insta salientar que esta não é uma medida integrante do ordenamento jurídico brasileiro, somente podendo ser utilizada em casos excepcionais. Caso contrário, a parte (particular) que usar da força para resolver o conflito poderá responder pelo crime expresso no artigo 345 do Código Penal, que versa sobre fazer justiça pelas próprias mãos. Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Tratando-se do Estado, a tipificação criminal será a do artigo 61, II, g, do CP, sendo o abuso de poder uma situação agravante da pena. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: II - ter o agente cometido o crime: g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; Dentre os meios para resolução de conflitos, há a heterocomposição que possui como método a jurisdição e a arbitragem. A heterocomposição é caracterizada pela intervenção de um terceiro (imparcial) que é responsável pela decisão final. A jurisdição é o método estatal de composição do conflito, na medida em que um juiz resolve o conflito através de normas predefinidas e aplicando o direito no caso concreto. O doutrinador Didier Jr. (2017) entende por jurisdição o seguinte: “[...] função atribuída a terceiro imparcial de realizar o Direito de modo imperativo e criativo (reconstrutivo), reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão de tornar-se indiscutível.” Já a arbitragem, prevista na Lei 9.307/96, é uma técnica de heterocomposição para solucionar conflitos envolvendo direito patrimonial disponível entre duas ou mais pessoas, sejam essas físicas ou jurídicas, através de um árbitro, terceiro que decide a solução para o problema. Como exposto por Donizetti (2018), observamos: “A convenção de arbitragem é pressuposto processual negativo do processo, ensejando a extinção do feito sem resolução do mérito (art. 485, VII) e ao contrário dos demais pressupostos processuais, não pode ser conhecida de ofício pelo julgador (art. 337, §5).” A arbitragem poderá ser de Direito, ou seja, através de regras legais, ou por equidade, que se dá por discricionariedade do árbitro. Essa técnica tem como características a possibilidade de escolha do direito material, a desnecessidade de homologação judicial da sentença arbitral sendo esta um título executivo judicial e ainda a possibilidade de reconhecimento e execução das sentenças arbitrais. Cabe frisar que a sentença arbitral produz seus efeitos desde o momento que é proferida. Assim sendo, verifica-se que é um processo rápido, se comparado aos judiciais, para solucionar um problema e, ainda, a escolha do árbitro pode ser de acordo com o problema em análise, podendo esse ter um entendimento técnico melhor que o do juiz para proferir a sentença. A arbitragem serve como meio alternativo de resolver um conflito, de forma célere, e diminuindo as demandas judiciais. Por fim, a autocomposição busca a solução amigável para um conflito, através de diálogo onde as parte cedem uma a outra para chegarem a um acordo satisfatório para ambas. As formas de resolução de conflitos na autocomposição podem ser por transação, cada parte abre mão de algo para um meio termo satisfatório para todos; submissão, uma parte abre mão do direito ou pretensão contra a sua vontade e visando a resolução do conflito; e renúncia, uma parte abre mão por vontade própria. Na autocomposição temos dois métodos semelhantes, quais sejam: a mediação, que possui lei própria (Lei 13.140/2015) e a conciliação. Embora sejam duas técnicas parecidas, possuem suas diferenças. Nos dois casos há um terceiro que orienta a sessão, na mediação sendo orientadas por um terceiro imparcial, o mediador, que guia a conversa sem propor uma solução, apenas visando reestabelecer o diálogo produtivo, é uma técnica na qual as próprias partes chegam a um consenso sobre uma solução a seus problemas. Já na conciliação o terceiro, conciliador, não é imparcial, este sugere soluções ao litígio. Além do mais, conforme preceituam os parágrafos 2º e 3º do artigo 165, do CPC, a conciliação é utilizada para resolver problemas pontuais, quando não há o conhecimento prévio das partes, e a mediação é para conflitos continuativos, como em ações de família onde as partes já possuem vínculo. Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar,por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. A decisão prolatada em sede de conciliação e mediação só terá efeito legal mediante homologação do juizo competente. Através de todo o exposto, observa-se a importância dos meios alternativos para resolução de conflitos para a sociedade, uma vez que a resolução dos litígios ocorre de forma simples e rápida para ambas as partes, com isso, reduzindo a entrada de novos processos na Justiça. Nesse sentido, no ano de 2010 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou a resolução número 125, com a finalidade de implantar os sistemas de resolução de conflitos, visando priorizar os meios alternativos de resolução de conflitos antes de tentar a forma litigiosa, conforme estampado em seu artigo 1º, parágrafo único, in verbis: Art. 1º Fica instituída a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão Segundo Watanabe a resolução 125 do CNJ foi resultado de um trabalho de dedicação dos juízes, operadores do direito e outros tribunais. Desse modo, é possível observar que as resoluções consensuais de conflitos tem vasto respaldo legal, visto que existem vários dispositivos que resguardam o mesmo direito, cobrando do judiciário a devida atenção a esses meios antes de propor uma solução litigiosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105 de 16 de março de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em 12 de abril de 2020. BRASIL. Código Penal. Lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940. 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NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Forense. Rio de Janeiro. 2012. NEVES, Daniel Amorim A. Manual de Direito Processual Civil. Editora Jus Podvm. Salvador. 2016. Ranking de Universidades. Disponível em: <https://ruf.folha.uol.com.br/2019/lista- universidades-instituicoes/universidade-luterana-do-brasil-449.shtml>. Acesso em: 12 de abril de 2020. https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/justica-reduz-numero-casos-pendentes-2018-cnj https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/justica-reduz-numero-casos-pendentes-2018-cnj UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL. Graduações Ulbra. Disponível em: <https://www.ulbra.br/canoas/graduacao>. Acesso em 12 de abril de 2020. WATANABE, Kazuo. Política pública do Poder Judiciário nacional para tratamento adequado dos conflitos de interesses. Revista de Processo RePro. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/81161>. Acesso em: 12 de abril de 2020. https://www.ulbra.br/canoas/graduacao
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