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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE PROJETO DE TRABALHO 
Meios Consensuais de Resolução de Conflitos 
 
 
BRUNA BONOTTO 
GABRIEL RODRIGUES VARGAS DA SILVA 
IGOR FELIPE GOETZ 
JOSE NILTON LOPES DA SILVA 
 
 
 
CANOAS 
2020/01 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
Não é novidade que o Poder Judiciário brasileiro está literalmente entupido de 
processos judiciais. Conforme relata o presidente do CNJ e do STF, Ministro Dias 
Tofolli, o Poder Judiciário Brasileiro encerrou o ano de 2018 com 78,7 milhões de 
processos em tramitação. As consequências disto são as piores possíveis, como a 
total inobservância da duração razoável do processo. Esta lentidão, sem dúvidas, 
gera uma angústia e um incômodo social, pois com a demora na resolução dos 
conflitos, muitas vezes, a pretensão das partes acaba sendo prejudicada pelo 
decurso do tempo. Nesta realidade, o estado do Rio Grande do Sul sempre figura 
entre os estados com maior número de processos judiciais no Brasil. 
Diante deste cenário, um Novo Código de Processo Civil foi elaborado com a 
nítida intenção de iniciar uma mudança na realidade do Poder Judiciário, focando na 
mediação e conciliação de conflitos. Entretanto, esta mudança passa pela 
conscientização da sociedade e principalmente dos operadores do direito, no sentido 
de pensar na resolução do conflito de uma forma diferente. Com este objetivo, o 
Novo Código de Processo Civil praticamente obriga os profissionais do direito a 
tentarem uma resolução consensual do conflito, sendo inclusive um dos requisitos 
da petição inicial, o autor manifestar-se expressamente contrário à conciliação, 
sendo necessário que ambas as partes se manifestem nesse sentido, caso contrário 
a audiência de conciliação prevista no CPC deverá acontecer. 
Assim, uma importante ferramenta jurídica para mudar a realidade do Poder 
Judiciário brasileiro e principalmente do estado do Rio Grande do Sul já existe, qual 
seja, o Novo Código de Processo Civil. Num segundo momento, surge a 
necessidade de dar outro passo importante: transmitir à sociedade esta mudança 
que o ordenamento jurídico brasileiro está passando e, mais do que isto, 
conscientizar a sociedade de que sua pretensão poderá ser melhor atendida por 
meios extrajudiciais de resolução de conflitos. 
Para medir a eficiência destas ferramentas jurídicas de resolução extrajudicial 
de conflitos, o CNJ elabora anualmente o índice de conciliação, que é dado pelo 
percentual de sentenças e decisões resolvidas por homologação de acordo em 
relação ao total de sentenças e decisões terminativas proferidas. No ano de 2019, o 
índice do Rio Grande do Sul não está entre os melhores do país, apesar da 
diferença dentre os índices não ser tão significativa, mas, de qualquer forma, 
evidencia a necessidade de se trabalhar este tema perante a sociedade gaúcha. 
Neste quadro, temos os índices de conciliação excluindo a fase pré-
processual: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice de Conciliação por tribunal, elaborado pelo CNJ 
A situação do Rio Grande do Sul em relação aos outros estados fica pior 
quando o índice considera a fase pré-processual. Enquanto o índice do estado 
aumenta apenas para 11,9%, a grande maioria dos outros estados têm seus índices 
aumentados de maneira mais significativa com algumas exceções pontuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice de conciliação Total, incluída a fase pré-processual, por tribunal. 
É neste contexto que vamos implementar nosso projeto, com um Poder 
Judiciário gaúcho com milhares de processos e uma sociedade que, em regra, ainda 
não tem o devido conhecimento ou está aderindo de maneira mais tímida aos meios 
consensuais de resolução de conflitos em comparação com a maioria dos outros 
estados. Assim, escolhemos a comunidade acadêmica da Universidade Luterana do 
Brasil do Campus de Canoas como público-alvo do nosso projeto, pois acreditamos 
que seja capaz de proporcionar ao projeto o êxito necessário para alcançar seu 
objetivo. 
A Ulbra é uma das universidades mais tradicionais do estado contando com 
nove campus universitários, somente no Rio Grande do Sul, e mais de 70 polos de 
educação a distância (EAD) distribuídos nas diversas regiões brasileiras. A 
comunidade discente da instituição acolhe estudantes de todas as regiões do estado 
como a região metropolitana, litoral e até interior. Ademais, a Ulbra oferece, somente 
no campus Canoas, 79 cursos de graduação, o que demonstra que nosso público-
alvo será extremamente diversificado. A população acadêmica fica em torno de 35 
mil universitários distribuídos pelos diversos campus, sendo que o campus de 
Canoas possui o maior número de acadêmicos. Por fim, a instituição conta com uma 
eficiente plataforma virtual de ensino que poderá ser utilizada como meio de divulgar 
e expandir nosso projeto. 
Por todo o exposto, fica evidente o potencial do nosso público-alvo no sentido 
de disseminar para os mais variados públicos e seguimentos o conhecimento que 
vamos transmitir com este projeto. 
 
DEFINIÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA 
O projeto visa levar aos frequentadores da Ulbra Canoas informações a 
respeito dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos, tendo como públicos-alvo 
principalmente estudantes e colaboradores da instituição, além da possibilidade de 
atingir, como público secundário, frequentadores eventuais das dependências do 
campus Canoas. Com isso, busca-se a conscientização referente aos meios 
consensuais de resolução de conflitos serem o primeiro e mais adequado método de 
resolução do conflito antes do litígio. 
 
OBJETIVOS GERAIS 
 Conscientizar os estudantes, colaboradores e demais frequentadores da 
Ulbra Canoas sobre os meios extrajudiciais de resolução de conflitos. Esta iniciativa 
tem o propósito de somar-se a tantas outras da comunidade jurídica com a 
finalidade de proporcionar um alívio ao sistema judiciário tradicional que atualmente 
se encontra sufocado com altíssima demanda. Sendo muitas destas demandas, 
conflitos passíveis de resolução pelos métodos consensuais de resolução de 
conflitos. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
- Aplicar questionários com perguntas relacionadas aos meios extrajudiciais para 
alunos, colaboradores e frequentadores do campus Canoas da Universidade 
Luterana do Brasil; 
- Transformar os dados coletados através dos questionários em estatísticas, 
relacionando o nível de conhecimento do público sobre os meios de resolução de 
conflitos e o interesse destes sobre o assunto. 
- Divulgar o projeto, pelos meios virtuais disponíveis, como o Facebook, Instagram, 
Twitter,Tik Tok, Youtube, lives e outras plataformas digitais, propiciando ao projeto 
maior alcance quanto ao público a ser atingido; 
- Realizar um parecer ao público de modo que reforce a informação a partir dos 
dados levantados dos questionários aplicados; 
- Promover debates virtuais, com o propósito de demonstrar ao público que o uso 
dos meios extrajudiciais é uma excelente alternativa para a resolução de conflitos; 
- Conscientizar o público no que tange a morosidade dos processos judiciais; 
- Demonstrar ao público que suas demandas podem ser solucionadas de forma mais 
eficaz através dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos. 
 
METODOLOGIA 
Visando a implementação de um projeto para divulgar os meios de resolução 
de conflitos para os estudantes e funcionários da Universidade Luterana do Brasil, 
no campus Canoas. As pesquisas a serem realizadas podem ser descritas como 
quali-quantitativas, dividindo-as em coleta e análise estatística das informações em 
um primeiro momento para após realizar análise subjetiva dos dados. 
 Em uma primeira etapa, o foco será a coleta de informações atualmente 
disponíveis sobre o tema, com a busca por projetos semelhantes já implementados 
ou em curso na instituição, passo importante para uma visão inicial do cenário que 
será encontrado.Juntamente com isso, buscar informações quanto à possibilidade e 
disponibilidade das coordenações dos cursos em colaborar com a implementação e 
divulgação do projeto. 
 Ainda nesta etapa, será realiza pesquisa a respeito de qual meio se mostra 
mais adequado para a divulgação do projeto, tendo em vista que a proposta inicial é 
a utilização de meios digitais para implementação e divulgação do mesmo. No caso 
de ficar constatado que os meios digitais não são os mais adequados para 
implementação do projeto, a iniciativa será reavaliada. 
 Lançando mão das informações coletadas, neste primeiro momento, será 
formulado questionário com perguntas sobre os conhecimentos que o público alvo 
tem a respeito dos meios de resoluções de conflitos extrajudiciais, seu interesse 
sobre o tema, bem como a familiaridade e frequência com que utiliza os meios 
digitais para realizar buscas acerca da matéria. Esse questionário será 
disponibilizado na plataforma que inicialmente se mostrar mais adequada e 
divulgada na instituição. 
 A partir dos dados coletados através do formulário, deverá ser feita a 
depuração dos dados obtidos no sentido de dividir o público de acordo com o nível 
de informação prévia sobre o tema. Essa divisão será feito no sentido de adaptar a 
linguagem e mesmo o tipo de informação disponibilizada pelo projeto, sendo 
também observada a relação necessidade x possibilidade de ação diferenciada para 
um ou mais grupos identificados. 
 Com tais informações será elaborado o primeiro material a ser apresentado 
ao público do projeto, trazendo arte digital explicativa (adaptada a plataforma 
utilizada), texto com explicação simplificada de tópicos e links para acesso a material 
completo. Após o lançamento do projeto junto ao público, será realizada uma 
segunda pesquisa para avaliar questões como os temas mais procurados no projeto, 
pontos não abordados pelo material, interesse pela utilização de outras plataformas 
incluindo a realização lives ou podcasts, etc. 
A análise dos dados da segunda pesquisa será utilizada para maximizar a 
comunicação com o público, no sentido de apresentar linguagem mais acessível. 
Também com base nesses dados poderá ser apresentado à instituição plano de 
ampliação do projeto, com maior participação institucional e do corpo docente. 
ETAPAS DE ATUAÇÃO/PLANO DE AÇÃO 
ETAPA I 
– Realizar uma pesquisa prévia para verificar existência de um programa 
semelhante já estabelecido pela instituição. 
– Identificar se o meio virtual é mais adequado para publicação do projeto. 
– Organizar possíveis divulgações em conjunto com as coordenações dos cursos. 
ETAPA II 
– Divulgar o assunto sobre meios extrajudiciais de resolução de conflitos. 
– Explicar de forma compreensível o conteúdo. 
– Disponibilizar materiais em vários meios virtuais para facilitar o acesso ao público. 
ETAPA III 
– De forma acessível, possibilitar a divulgação em diversas plataformas reforçando 
assim a abrangência da cobertura do projeto. 
– Possibilitar a comunicação do público via chat. 
– Fornecer um canal de acesso para recebimento de comentários e sugestões. 
ETAPA IV 
– Elaborar questionários para verificar qual foi o conhecimento adquirido sobre os 
meios extrajudiciais de resolução de conflitos. 
– Aplicar questionários por meios virtuais para verificar o conhecimento adquirido 
pelo público. 
– Levantar dados adquiridos referente aos questionários para a verificação dos 
mesmos. 
ETAPA V 
– Analisar os questionários. 
– Dar ênfase nas dúvidas. 
 
 
 
CRONOGRAMA 
AÇÕES/MÊS ABRIL MAIO JUNHO 
ETAPA I X 
 
ETAPA II 
 
X 
 
ETAPA III 
 
X 
 
ETAPA IV 
 
X 
ETAPA V 
 
X 
 
 
HIPÓTESES 
 
1 - Quanto ao fato do público-alvo já ter conhecimento sobre os meios extrajudiciais 
de resolução de conflitos antes da execução do nosso projeto. 
 
SIM. O público-alvo, na sua grande maioria, já conhecia devido a ampla divulgação 
que o Poder Judiciário já faz. 
 
NÃO. O público-alvo não tinha muito conhecimento sobre estes procedimentos, pois 
nunca chegou até eles tais informações e àqueles que já conheciam, tomaram 
ciência destes procedimentos, pois já foram partes em processos. 
 
 
2 - Quanto ao público-alvo, após a execução do nosso projeto, passar a acreditar 
que os meios extrajudiciais de resolução de conflitos são uma boa alternativa. 
 
SIM. As pessoas passaram a acreditar nesta alternativa para resolver seus conflitos, 
principalmente pelo fato da celeridade que sua pretensão pode ser atendida. 
 
NÃO. O projeto não foi suficiente para convencer o público-alvo de que os meios 
extrajudiciais são uma boa alternativa, tendo em vista que a cultura de acionar o 
Poder Judiciário ainda está muito presente nos costumes da sociedade brasileira. 
 
 
3 – Quanto ao público-alvo compreender que os meios extrajudiciais de resolução 
de conflitos são extremamente necessários para atividade jurisdicional. 
 
SIM. O público-alvo passou a ter noção da importância, compreendendo que a 
situação atual do Poder Judiciário, no que se refere à quantidade de processos, é 
insustentável e tendo como consequência o desrespeito à duração razoável do 
processo. 
 
NÃO. O público-alvo continua achando melhor os conflitos serem decididos por um 
juiz, num processo judicial, mesmo que o excesso de trabalho no Poder Judiciário 
acarrete uma demora significativa para a solução do seu conflito. 
 
4 - Quanto à confiança de ter seu conflito intermediado por um terceiro (conciliador 
ou mediador) que não seja um juiz. 
 
SIM. Confiam nesse terceiro, pois se ele foi legalmente incumbido desta função pelo 
Poder Judiciário, significa que tem capacidade para auxiliar na resolução do conflito. 
 
NÃO. O público-alvo não confia nesse terceiro, preferindo a figura de um juiz togado 
para decidir o conflito. 
 
5 – Se, nos meios extrajudiciais de resolução de conflitos, o advogado continua 
tendo a mesma importância que no processo judicial. 
 
SIM. Continua com a mesma importância, tendo em vista que para discutir a matéria 
é necessário o conhecimento técnico de um advogado. 
 
NÃO. Considerando que os meios extrajudiciais são basicamente uma negociação 
entre as partes, a importância do advogado diminui. 
EMBASAMENTO TEÓRICO 
 O conflito, que pode ser definido como “controvérsia, desentendimento, lide, 
demanda, divergência”, sempre esteve inerente à vida em sociedade, uma vez que 
os cidadãos que compõem esta têm pensamentos e objetivos distintos. Com isso, a 
partir das discordâncias surgem os conflitos, sendo atualmente solucionados de 
duas formas, quais sejam: a amigável ou através dos órgãos estatais (mais 
utilizado). 
 O doutrinador Dinamarco (2013) conceitua conflito como: 
 “Conflito, assim entendido, é a satisfação existente entre duas ou mais 
pessoas ou grupo, caracterizada pela pretensão a um bem ou situação da 
vida e impossibilidade de obtê-lo – seja porque negada por quem poderia 
dá-lo, seja porque a lei impõe que só possa ser obtido por via judicial. Essa 
situação recebe tal denominação porquesignifica sempre o choque entre 
dois ou mais sujeitos, como cauda da necessidade do uso do processo.” 
 Em um conflito, há sempre uma parte insatisfeita com algo, buscando uma 
solução. O direito só existe atrelado a algum conflito, visto que é uma forma de 
resolução deste. 
Em sua obra intitulada “Introdução ao Estudo do Direito” Nader (2012), aduz: 
“Em relação ao conflito, a ação do Direito se opera em duplo sentido. De um 
lado, preventivamente, ao evitar desinteligências quanto aos que cada parte 
julga ser portadora. Isto faz mediante a exata definição do Direito, que deve 
ter na clareza, simplicidade e concisão de suas regras, algumas de suas 
qualidades. [...]” 
 A demanda de processos no judiciário tem se tornado cada vez maior, o que 
torna o seu resultado mais desgastante para as partes. Dessa forma, os métodos de 
resolução de conflitos extrajudiciais são a melhor opção, mesmo ainda sendo pouco 
conhecidos e divulgados, estes já vêm sendo aderidos como forma de desafogar o 
judiciário, oferecendo qualidade, celeridade e eficiência na resolução de litígios. 
 Donizetti (2018) diz que “A tutela jurisdicional não constitui único meio de 
eliminação dos conflitos. Na verdade, a jurisdição é a ultima ratio, a última trincheira 
na tentativa de pacificação social; [...]”. Com isso, entende-se que a via judicial deve 
ser a última medida a ser adotada, sendo mais adequada a utilização das vias 
extrajudiciais quando possível. 
 Existem quatro diferentes meios de solução de conflitos reconhecidos pelo 
ordenamento jurídico brasileiro, quais sejam: a autotutela, a heterocomposição e a 
autocomposição. 
 A autotutela, que é a forma mais primitiva de resolução de conflitos, só pode 
ser admitida em casos extremos, considerando que a resolução se dá através da 
“força”, seja ela física, religiosa, intelectual, entre outras. Por força entende-se a 
imposição da vontade de uma parte em detrimento da vontade da outra. Exemplo a 
ser citado é a legítima defesa, expressa no artigo 188, I, CC. Assim, por ser proibida 
no ordenamento, com exceções onde o Estado não consegue agir a tempo, a 
autotutela é a única que admite o ingresso de ação no judiciário pela parte vencida. 
 Segundo Neves (2016), in verbis: 
“A justificativa é de que o Estado não é onipresente, sendo impossível estar 
em todo lugar e a todo momento para solucionar violações ou ameaças ao 
direito objetivo, de forma que em algumas situações excepcionais é mais 
interessante ao sistema jurídico, diante da ausência do Estado naquele 
momento, a solução pelo exercício da força de um dos envolvidos no 
conflito.” 
 Insta salientar que esta não é uma medida integrante do ordenamento jurídico 
brasileiro, somente podendo ser utilizada em casos excepcionais. Caso contrário, a 
parte (particular) que usar da força para resolver o conflito poderá responder pelo 
crime expresso no artigo 345 do Código Penal, que versa sobre fazer justiça pelas 
próprias mãos. 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, 
embora legítima, salvo quando a lei o permite. 
 Tratando-se do Estado, a tipificação criminal será a do artigo 61, II, g, do CP, 
sendo o abuso de poder uma situação agravante da pena. 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime: 
II - ter o agente cometido o crime: 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, 
ministério ou profissão; 
 Dentre os meios para resolução de conflitos, há a heterocomposição que 
possui como método a jurisdição e a arbitragem. A heterocomposição é 
caracterizada pela intervenção de um terceiro (imparcial) que é responsável pela 
decisão final. 
 A jurisdição é o método estatal de composição do conflito, na medida em que 
um juiz resolve o conflito através de normas predefinidas e aplicando o direito no 
caso concreto. 
 O doutrinador Didier Jr. (2017) entende por jurisdição o seguinte: 
“[...] função atribuída a terceiro imparcial de realizar o Direito de modo 
imperativo e criativo (reconstrutivo), reconhecendo/efetivando/protegendo 
situações jurídicas concretamente deduzidas em decisão insuscetível de 
controle externo e com aptidão de tornar-se indiscutível.” 
 Já a arbitragem, prevista na Lei 9.307/96, é uma técnica de 
heterocomposição para solucionar conflitos envolvendo direito patrimonial disponível 
entre duas ou mais pessoas, sejam essas físicas ou jurídicas, através de um árbitro, 
terceiro que decide a solução para o problema. 
 Como exposto por Donizetti (2018), observamos: 
“A convenção de arbitragem é pressuposto processual negativo do 
processo, ensejando a extinção do feito sem resolução do mérito (art. 485, 
VII) e ao contrário dos demais pressupostos processuais, não pode ser 
conhecida de ofício pelo julgador (art. 337, §5).” 
A arbitragem poderá ser de Direito, ou seja, através de regras legais, ou por 
equidade, que se dá por discricionariedade do árbitro. Essa técnica tem como 
características a possibilidade de escolha do direito material, a desnecessidade de 
homologação judicial da sentença arbitral sendo esta um título executivo judicial e 
ainda a possibilidade de reconhecimento e execução das sentenças arbitrais. 
Cabe frisar que a sentença arbitral produz seus efeitos desde o momento que 
é proferida. Assim sendo, verifica-se que é um processo rápido, se comparado aos 
judiciais, para solucionar um problema e, ainda, a escolha do árbitro pode ser de 
acordo com o problema em análise, podendo esse ter um entendimento técnico 
melhor que o do juiz para proferir a sentença. A arbitragem serve como meio 
alternativo de resolver um conflito, de forma célere, e diminuindo as demandas 
judiciais. 
 Por fim, a autocomposição busca a solução amigável para um conflito, 
através de diálogo onde as parte cedem uma a outra para chegarem a um acordo 
satisfatório para ambas. As formas de resolução de conflitos na autocomposição 
podem ser por transação, cada parte abre mão de algo para um meio termo 
satisfatório para todos; submissão, uma parte abre mão do direito ou pretensão 
contra a sua vontade e visando a resolução do conflito; e renúncia, uma parte abre 
mão por vontade própria. 
 Na autocomposição temos dois métodos semelhantes, quais sejam: a 
mediação, que possui lei própria (Lei 13.140/2015) e a conciliação. Embora sejam 
duas técnicas parecidas, possuem suas diferenças. Nos dois casos há um terceiro 
que orienta a sessão, na mediação sendo orientadas por um terceiro imparcial, o 
mediador, que guia a conversa sem propor uma solução, apenas visando 
reestabelecer o diálogo produtivo, é uma técnica na qual as próprias partes chegam 
a um consenso sobre uma solução a seus problemas. Já na conciliação o terceiro, 
conciliador, não é imparcial, este sugere soluções ao litígio. 
Além do mais, conforme preceituam os parágrafos 2º e 3º do artigo 165, do 
CPC, a conciliação é utilizada para resolver problemas pontuais, quando não há o 
conhecimento prévio das partes, e a mediação é para conflitos continuativos, como 
em ações de família onde as partes já possuem vínculo. 
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de 
conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de 
conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a 
auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. 
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não 
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o 
litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou 
intimidação para que as partes conciliem. 
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver 
vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender 
as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo 
restabelecimento da comunicação, identificar,por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos. 
 A decisão prolatada em sede de conciliação e mediação só terá efeito legal 
mediante homologação do juizo competente. 
 Através de todo o exposto, observa-se a importância dos meios alternativos 
para resolução de conflitos para a sociedade, uma vez que a resolução dos litígios 
ocorre de forma simples e rápida para ambas as partes, com isso, reduzindo a 
entrada de novos processos na Justiça. 
 Nesse sentido, no ano de 2010 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou a 
resolução número 125, com a finalidade de implantar os sistemas de resolução de 
conflitos, visando priorizar os meios alternativos de resolução de conflitos antes de 
tentar a forma litigiosa, conforme estampado em seu artigo 1º, parágrafo único, in 
verbis: 
Art. 1º Fica instituída a Política Judiciária Nacional de tratamento dos 
conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos 
conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. 
Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe, além da solução 
adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de 
controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a 
mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao 
cidadão 
Segundo Watanabe a resolução 125 do CNJ foi resultado de um trabalho de 
dedicação dos juízes, operadores do direito e outros tribunais. 
Desse modo, é possível observar que as resoluções consensuais de conflitos 
tem vasto respaldo legal, visto que existem vários dispositivos que resguardam o 
mesmo direito, cobrando do judiciário a devida atenção a esses meios antes de 
propor uma solução litigiosa. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105 de 16 de março de 2015. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em 12 de abril de 2020. 
BRASIL. Código Penal. Lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em 
12 de abril de 2020. 
CNJ. Brasil teve 3,7 milhões de ações encerradas por acordo em 2017. 
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/justica-reduz-numero-
casos-pendentes-2018-cnj>. Acesso em 12 de abril de 2020. 
CNJ. Resolução nº 125, de 29 de Novembro De 2010. Disponível em: 
<http://www.crpsp.org.br/interjustica/pdfs/outros/Resolucao-CNJ-125_2010.pdf> 
Acesso em 12 de abril de 2020. 
CNJ. Justiça em Números. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/conteudo/arquivo/2019/08/justica_em_numeros20190919.pdf>. 
Acesso em 12 de abril de 2020. 
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito 
Processual Civil. Editora Jus Podvm. 2017. 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. Editora 
Malheiros. São Paulo. 2013. 
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual civil. Editora Atlas. 
São Paulo. 2018. 
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Forense. Rio de Janeiro. 
2012. 
NEVES, Daniel Amorim A. Manual de Direito Processual Civil. Editora Jus Podvm. 
Salvador. 2016. 
Ranking de Universidades. Disponível em: <https://ruf.folha.uol.com.br/2019/lista-
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12 de abril de 2020. 
https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/justica-reduz-numero-casos-pendentes-2018-cnj
https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/justica-reduz-numero-casos-pendentes-2018-cnj
 
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL. Graduações Ulbra. Disponível em: 
<https://www.ulbra.br/canoas/graduacao>. Acesso em 12 de abril de 2020. 
 
WATANABE, Kazuo. Política pública do Poder Judiciário nacional para 
tratamento adequado dos conflitos de interesses. Revista de Processo RePro. 
Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/81161>. Acesso em: 12 de 
abril de 2020. 
 
 
 
 
 
 
https://www.ulbra.br/canoas/graduacao

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