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Roteiro Acusação Livro - Caso Dos Exploradores de Caverna

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Página | 1 
 
ROTEIRO PARA APRESENTAÇÃO 
CASO EXPLORADORES DA CAVERNA 
 
Excelentíssimo Senhor Juiz Presidente do Tribunal do Júri, 
Senhores Membros do Corpo de Jurados, Advogados e demais cidadãos 
presentes nessa Sessão Plenária. 
 
BOA NOITE. 
 
O caso relata a história de cinco indivíduos, sujeitos de 
direito, estudiosos e membros da ‘Sociedade Espeleológica’, de natureza 
amadorística, que ficaram presos dentro de uma caverna, na qual se 
aventuravam para explorar e acabaram presos, em virtude do bloqueio 
total da única entrada. 
 
Relatam os acusados, de forma unanime, que fizeram um 
acordo para que não morressem todos os 05 de inanição, e que este 
acordo consistia em um sorteio e que o perdedor seria morto para que 
seu corpo servisse de alimento para demais. 
 
A ideia partiu de Roger Whetmore o qual possuía em seu 
bolso os dois dados que foram utilizados para lançar a sorte de cada um. 
 
Afirmam ainda os réus que, dos cinco participantes, somente 
Roger Whetmore desistiu do acordo, mesmo sendo ele o autor da ideia, e 
que para isso propôs uma espera de MAIS UMA SEMANA para então 
decorrido esse novo prazo, e caso fosse realmente necessário, jogassem 
os dados, cumprissem o tal acordo do ato canibal. 
 
Agora lhes faço a seguinte indagação, diante desse cenário, o 
que vocês Membros do Corpo de Jurados fariam? 
 
Página | 2 
 
Deixariam que outra pessoa lançassem os dados pela sua 
vida? 
 
Nobres Membros do Corpo de Jurados, se estivessem na 
mesma situação, mas contra tal acordo de canibalismo, jogariam com a 
sorte, utilizando de dados? 
 
Deixariam que outro lançassem os dados que decidiram o 
destino entre viver ou morrer? 
 
Ora, Dignos Membros do Corpo de Jurados, ainda que 
estivessem contra esse jogo, do qual dependeria sua própria vida ou a de 
outros, ficariam calados esperando a sorte nos dados? 
 
É certo que Roger foi quem teve essa ideia infeliz, mas 
percebeu tamanho erro e clamou por mais uma semana de espera por 
parte dos demais colegas, os quais achavam serem seus amigos. 
 
Pois, vejam bem Membros do Corpo de Jurados, Roger 
clamou por sua vida, percebeu que não morreriam de inanição se 
esperassem por mais alguns dias, isso tudo a tempo de falar aos 
companheiros que tirar a vida de um deles, não era a melhor saída. 
 
Analisemos de forma mais objetiva. 
 
Todos ali eram homens médios, saudáveis, estudiosos, com 
porte atlético, e após o vigésimo dia obtiveram como resposta da equipe 
médica que, com a quantidade de ração que dispunham, haveria pouca 
probabilidade de sobreviverem por mais de 10 dias sem comida. 
 
Whetmore foi assassinado no 33° dia após ter entrado na 
caverna, tendo os demais se alimentados da sua carne. 
 
Página | 3 
 
Ora Membros do Júri, pessoas no mundo inteiro passam 
fome e chegam a morrer de inanição todos os dias, más não se ouve falar 
de homicídio para praticar o canibalismo por conta disso. 
 
Pois lhes digo, se assim o fosse, teriam os missionários e os 
voluntários, que se aventuram pelos lugares mais remotos para levar 
ajuda e alimentos aos necessitados, encherem-se de medo, ao visitar 
esses miseráveis? Não, pois não se ouve falar de ataques canibais entre 
os mais desprovidos. 
 
Whetmore, não teve o direito à vida, que lhe foi tirada de 
forma injusta, na sorte, sem ao menos poder fazer qualquer objeção. 
 
A vida humana é direito fundamental e emerge como o 
primeiro e mais importante direito do homem. É base essencial para 
todos os outros direitos, por isso recebe particular proteção no que refere 
a lei penal e à constituição. 
 
A dignidade da pessoa humana passou a ser considerada 
como valor constitucional supremo e, dessa forma, o indivíduo deixou de 
ser objeto do sistema para ser o ponto central. 
 
Diante dos fatos aqui expostos, percebemos o quanto esses 
direitos foram violados. A dignidade de Roger Whetmore, traduzida em 
seu direito de aceitar ou não participar daquele jogo mortal, foi ignorada 
e sua vida foi abruptamente ceifada. 
 
Os acusados, Membros do Corpo de Jurados, não 
respeitaram sequer a força do Estado, a qual estamos todos submetidos, 
seja fora ou confinado naquela caverna. 
 
A defesa buscará de todas as formas convencer Este Corpo 
de Jurados de que o acordo celebrado entre os acusados e a vítima, 
Página | 4 
 
dentro daquela caverna, não estariam submetidos às Leis de Newgarth 
(ou de Rolim de Moura/Nova Brasilândia – local em que está ocorrendo o 
Juri) e sim estariam dentro de um estado de natureza, estando sujeitos 
ao direito natural e que com base nisso, seria válido o contrato que 
fizeram entre si. 
 
E digo-lhes mais, Membros do Júri, virão com balelas, 
alegando que, ‘uma vida foi tirada para preservar as outras quatro vidas 
restantes’, como se estivem em estado de necessidade ou legitima defesa, 
mas quero lembrar à vocês, ‘dez outras vidas se perderam de 
trabalhadores’ durante os trabalhos realizados na caverna.... 
 
Assim, ainda que o jogo de dados tenha sido proposto pela 
vítima, e os dados lhe pertencia, não lhe fora dado o direito de lançá-los 
ou de proferir qualquer tipo de objeção. 
 
Meditemos sobre o que disse Thomas Hobbes: “ninguém 
fica obrigado pelas próprias palavras a matar-se a si mesmo ou a 
outrem”. 
 
Por isso, ainda que tenha sido ele a propor o acordo, nenhum 
deles era ali obrigado a dar-se em sacrifício pelos outros. 
 
Ainda que Roger tivesse ido até o fim e aceitado dar sua vida 
em prol da vida dos outros, o que sabemos que não ocorreu, podemos 
citar o ilustre Damásio de Jesus, que ensina que para que seja excluída 
a tipicidade ou antijuricidade com o consentimento da vítima “é 
necessário que o bem jurídico seja disponível; tratando-se de bem 
jurídico indisponível o fato é ilícito”. 
 
E de quem bem jurídico estamos falando senão o mais 
valioso? A VIDA!! 
Página | 5 
 
Senhores Membros do Corpo de Jurados, não se deixem levar 
pela falsa ideia da legitima defesa ou estado de necessidade, que 
necessita de requisitos incontestáveis para se legitimar. 
 
Segundo NUCCI, “é a defesa necessária empreendida 
contra agressão injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou 
de terceiros, usando, para tanto, moderadamente, os meios 
necessários”. 
 
E mais, são os requisitos para a legitima defesa: (i) reação a 
uma agressão humana, desde que agressão seja injusta, atual ou 
iminente; (ii) seja em defesa de direito próprio ou alheio, sempre com uso 
moderado dos meios necessários para obstar a ofensa bem como a clara 
intenção de defesa. 
 
Como se pode clamar a legitima defesa nesse caso? Roger 
jamais tomou qualquer atitude de ataque aos réus. Não há, portanto, 
nenhuma argumentação acerca da legitima defesa que poderia se 
encaixar neste caso. 
 
Outra possibilidade a ser arguida é o estado de 
necessidade, que também não se encontra os mínimos elementos que 
possam ser adequados a este fato. 
 
Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de 
interesses protegidos pelo direito, em que o agente para salvar um bem 
próprio ou de terceiros, não tem outro meio senão o de lesar o interesse 
de outrem, conforme preleciona Damásio de Jesus, veja bem: “o perigo 
deve ser atual, não futuro, para boa parte da doutrina poderia ser 
iminente, mas nunca futuro ou remoto”. 
 
Ora Membros do Corpo de Jurados, poderíamos dizer que 
este era o estado dos réus naquele momento? Sendo que o próprio 
Página | 6 
 
Whetmore propôs esperar mais sete dias, tempo esse suficiente para a 
efetuação do resgate. 
 
Os acusados tinham consciência, como cientistas que são, 
que poderiam sobreviver mais alguns dias à espera da chegada da equipe 
de salvamento, sendo, portanto, cônscios de que sua situação não era de 
perigo atual, mas futuro. 
 
Assim conclui-se que os cinco homens se encontravam todos 
na mesma situação. O resgate já havia sido chamadoe entrado em 
contato. Era uma questão de tempo o salvamento. 
 
Restou demonstrado ainda que os acusados não possuíam 
motivação suficiente para o cometimento do delito, visto que havia 
diversas alternativas, mas eles preferiram assassinar um companheiro, 
um amigo, de forma totalmente injusta e sem meios de defesa pela vítima, 
para se servirem de sua carne. 
 
A lei pode parecer injusta e muitas vezes dura, mas é a lei e 
está ai para ser cumprida, a qual visa a proteger a sociedade, vocês, 
Membros do Corpo de Jurado, e todos aqui presentes e para ela ser 
alterado/mudada/flexibilizada, tal tarefa de Legislar é do Poder 
Legislativo e não do Poder Judiciários. 
 
Desse modo, Membros do Júri, as nossas Leis, são nosso 
maior patrimônio, pois são elas que garantem a soberania de um povo e 
quando elas são infringidas ou desrespeitadas, se forem enfraquecidas, 
colocará em risco todo o alicerce primordial componente de uma 
sociedade, a JUSTIÇA!! 
 
O fato de os exploradores estarem presos em uma caverna, 
não significa que esse ambiente não é passível das aplicações das normas 
existentes e consequentemente da adoção de novas leis próprias 
Página | 7 
 
específicas, que regessem as ações dos elementos que ali se 
encontravam. 
 
Os exploradores agiram intencionalmente e de forma 
planejada, não podendo deste modo dizer que agiram em legítima defesa, 
visto que Whetmore, o aventureiro morto, não desprendeu nenhuma 
ação, que pudesse ser vista como ameaça à vida destes. 
 
Com o intuito de fortalecer ainda mais a minha tese a favor 
da sentença condenatória, cito à Vocês Membros do Júri, Sócrates em 
um de seus diálogos com CRÍTON, que lhe aconselhava a fugir, às 
vésperas de sua condenação à morte, quando afirmou que: “(...) Um 
Estado não pode subsistir quando as sentenças legais nele não tem 
força, e o que é mais grave, quando os indivíduos às desprezam e 
destroem (...)” 
 
Com base em tudo explanado, esta promotoria pede à este 
Corpo de Jurados, pela condenação dos acusados, para que seja feita 
justiça, tanto pela vida de Roger Whetmore, quanto pela forma como ele 
foi assassinado, de forma fria e calculada, torturado psicologicamente a 
partir do momento que lhe foi imposto o veredicto de morte e, sabedor de 
que estão não era a única alternativa, mas não lhe restou salvação, pois 
era sozinho em meio a seus quatro algozes.

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