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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Operações Unitárias A COMPRESSORES Prof. Marcos Moreira Toledo – PR 2015 SUMÁRIO 1. Compressores 1 2. Escolha Preliminar do Compressor 3 3. Fundamentos da Termodinâmica 4 4. Compressores Alternativos 14 5. Compressores Rotativos 30 6. Compressores Centrífugos 34 7. Compressores Axiais 43 BIBLIOGRAFIA 45 “Não importa que você vá devagar, contanto que você não pare.” (Confúcio) APRESENTAÇÃO Esta apostila foi elaborada com o intuito de apresentar os compressores de deslocamento positivo (alternativo e rotativo) e os turbocompressores (centrífugo e axial) para as necessidades de um engenheiro químico e de maneira alguma substitui a literatura especializada sobre o assunto. Nos capítulos iniciais da apostila são apresentados os tipos existentes de compressores (Capítulo 1), a forma de escolha preliminar de um compressor (Capítulo 2) e alguns fundamentos de termodinâmica que serão utilizados ao longo de todo o texto (Capítulo 3). Dentre os fundamentos de termodinâmica estão os rendimentos termodinâmico e mecânico e a potência de compressão. Na sequência são apresentados os Compressores Alternativos (Capítulo 4), Compressores Rotativos (Capítulo 5), Compressores Centrífugos (Capítulo 6) e os Compressores Axiais (Capítulo 7). No Capítulo 4 (Compressores Alternativos) destacam-se: o “clearance”, o rendimento volumétrico, a vazão do compressor, a temperatura real de descarga, os limites de resistência, o calor de refrigeração, a eficiência de compressão, a compressão em estágios e o dimensionamento de um compressor alternativo. No Capítulo 6 (Compressores Centrífugos) destacam-se: as curvas dos compressores, a determinação do ponto de operação, os limites operacionais, a mudança na curva dos compressores com a variação da rotação e a associação de compressores. Uma seção de “ANEXOS” também faz parte desta apostila, assim como uma lista de exercícios, ambas obtidas da literatura. Os exercícios se referem à escolha de compressor, cálculos termodinâmicos, compressores alternativos e compressores centrífugos. Prof. Marcos Moreira 1 1. COMPRESSORES A compressão de gases até elevadas pressões é uma operação frequentemente encontrada nas indústrias de processos químicos. Muitas reações químicas exigem pressões elevadas para terem rendimentos favoráveis. Por exemplo, na síntese do amoníaco, comprime-se o nitrogênio e o hidrogênio a 1.000 atm. A prática mais moderna, na indústria da amônia, favorece fortemente os compressores centrífugos, apesar da pressão máxima da sua faixa ótima de trabalho ser mais baixa que a das máquinas alternativas. Evitam-se, na medida do possível, as desvantagens das máquinas alternativas. As pressões elevadas promovem a liquefação dos gases que servem a vários fins. Por exemplo, o processo básico da refrigeração envolve a compressão, o resfriamento e a subsequente expansão e aquecimento do refrigerante. A separação do ar, em oxigênio e nitrogênio puros, é realizada pela destilação do ar liquefeito produzido num processo de refrigeração que envolve a compressão do ar. Como no caso das bombas, os compressores podem ser classificados em compressores de deslocamento positivo (ou estáticos) e turbocompressores (ou compressores dinâmicos). A categoria dos de deslocamento positivo divide-se ainda nos alternativos e nos rotativos. A categoria dos turbocompressores envolve os de fluxo radial (compressores centrífugos) e os de fluxo axial. 1.1 Turbocompressores Os turbocompressores são amplamente usados nas refinarias de petróleo e nas usinas químicas. Por exemplo, os compressores radiais e axiais são usados para fornecer o ar de regeneração nos craqueadores catalíticos, a vazões de 80m 3 /s sob pressão de 2,7 atm acima da pressão atmosférica. Nas usinas de ácido nítrico, usam-se compressores radiais com vazões de ar da ordem de 38 m 3 /s em pressões de 8,8 atm. Os compressores centrífugos de fluxo radial têm uma semelhança superficial com as bombas centrífugas, além de operarem com base nos mesmo princípios físicos; existem porém diferenças de construção. Os rotores dos compressores são mais estreitos e giram com maior velocidade. Os compressores multistágio têm, em geral, dispositivos de resfriamento, enquanto as bombas não os têm. Os compressores de fluxo axial têm pouca parecença com as bombas de escoamento axial, embora sejam estreitamente aparentados às turbinas a gás que se usam na geração de potência. A maioria das turbinas dos motores de aeronaves tem um compressor de fluxo axial para agir sobre o ar afluente. Cada estágio do compressor de fluxo axial é constituído por uma coroa de palhetas acopladas ao eixo rotatório e uma outra coroa acoplada ao estator. Além do estágio de fluxo axial, o compressor pode ter estágios de compressão centrífuga. Os compressores de fluxo axial têm eficiência mais elevada em comparação com os compressores centrífugos radiais de mesmo porte, e existem em tamanhos capazes de fornecer maiores vazões (até 400 m 3 /s). São menores e mais leves que os compressores centrífugos, mas custam muito mais para efetuar um serviço do mesmo vulto. Além disso, os compressores axiais têm uma faixa operacional mais limitada e são mais sensíveis à corrosão. 2 1.2 Compressores Rotativos Os compressores rotativos existem em diversos tipos. O compressor a parafuso helicoidal pode operar numa ampla faixa de pressões e de capacidade, de acordo com o seu porte, indo desde unidades de baixa pressão, operando a 15psi (1atm) e 12.000ft 3 /min (6m 3 /s) até unidades de alta pressão, operando a 170psi (11atm) e 25.000ft 3 /min (12m 3 /s). Em alguns casos, os compressores a parafuso helicoidal usam óleo injetado como selante e refrigerador. O compressor de palhetas deslizantes é usado em diversos misteres, fornecendo a 3.000ft 3 /min (1,5m 3 /s) a 125psi (8,5atm) no modelo a dois estágios. 1.3 Compressores Alternativos Os compressores alternativos podem fornecer gás com a pressão de algumas frações de atmosfera até gás com pressões extremamente elevadas, da ordem de 2.400 atm manométricas. As peças características dos compressores alternativos são as mesmas das bombas alternativas – um pistão, um cilindro com válvulas convenientes para admissão e exaustão e eixo de manivela acoplado a motor. São comuns as operações num só estágio ou as multistágio, com o uso generalizado de pistões de duplo efeito. O gás a ser comprimido entra e sai do cilindro através de válvulas que só operam quando a diferença de pressão entre o interior do cilindro e o exterior tem um valor desejado. Quando se usa a compressão multistágio é usual resfriar o gás entre os estágios. A compressão multistágio, com resfriamento intermediário, economiza potência, em comparação com a mesma compressão realizada num só estágio. As características da descarga dos compressores alternativos são semelhantes às das bombas alternativas. A operação do compressor, nas circunstâncias ideais, é reversível e adiabática, e as eficiências são medidas em relação a esta referência. As perdas termodinâmicas e o atrito do fluido são agrupados como ineficiência da compressão. As perdas por atrito mecânico são denominadas de ineficiência mecânica. Uma eficiência global do compressor será efeito do produto das eficiências de compressão e mecânicas. Na maior parte dos compressores alternativos a eficiência é de 65 a 80%. 3 2. ESCOLHA PRELIMINAR DO COMPRESSOR A escolha do dispositivo apropriadopara deslocar o gás num serviço determinado é um processo complicado que exige um entendimento completo das vantagens e desvantagens de cada tipo de compressor. Os fatores fundamentais incluem a vazào do gás, as pressões de entrada e de saída, as propriedades do gás e o consumo de potência e custo do compressor. As relações termodinâmicas que prevalecem para os gases tornam a escolha do compressor mais difícil que a de uma bomba. Usualmente é preciso manter entendimentos com o fabricante. Uma seleção preliminar do tipo de compressor se faz mediante os conceitos de velocidade de rotação específica e de diâmetro específico, conforme apresenta a figura 21.38 dos anexos desta apostila. A utilização da figura exige um certo conhecimento sobre a velocidade e o diâmetro do elemento motriz do compressor. Nos compressores alternativos, o diâmetro do pistão está, nos casos típicos, na faixa de 5 a 40 cm e as velocidades de rotação ficam entre 300 e 1.000 rpm. Os compressores rotativos operam em velocidades que vão de algumas centenas de voltas por minuto, nos sopradores, até 12.000 rpm nos compressores com parafusos helicoidais. O elemento motriz tem diâmetro que vai de alguns centímetros (compressores de parafusos helicoidais) até algumas dezenas de centímetros (sopradores bilobados). Os compressores centrífugos operam entre 3.500 e 12.000 rpm, embora algumas aplicações conhecidas cheguem até a 30.000 rpm. Os rotores variam de alguns centímetros até o metro. Os compressores centrífugos são o tipo mais amplamente usado nas indústrias de processos químicos, em virtude da grande variedade de modelos simples, com manutenção barata, capazes de funcionar durante longos períodos de operação contínua. São usados para pequenas elevações de pressão (0,5 atm) como sopradores, até elevações muito altas de pressão (350 atm). Os compressores alternativos são extensamente usados nas faixas de vazões baixas e intermediárias, e em pressões intermediárias e altas. Os compressores axiais são de uso limitado a vazões altas, em pressões até 8,5 atm. Os compressores rotativos são usados em serviço de vácuo e nas aplicações que exigem vazões baixas e baixas pressões. A tabela a seguir foi elaborada a partir de dados fornecidos por diversas fontes credenciadas , mas deve ser utilizada com cautela, pois focaliza valores médios, não se enquadrando rigidamente nos padrões de nenhum fabricante. E também porque a busca de maiores espaços de mercado gera ocasionalmente modificações apreciáveis nesse panorama. Compressor Vazão aspirada (m 3 /min) P2 máx (kPa) P2/P1 máx Alternativo Até 250 250.000 ou mais 4 (por cilindro) Palhetas 2 a 80 900 4 (por carcaça) Parafusos 10 a 700 4.500 4 (por carcaça) Centrífugos 50 a 2.800 70.000 10 (por carcaça de múltiplos estágios) Axiais 1.500 a 25.000 1.000 6 (por carcaça de múltiplos estágios) 4 3. FUNDAMENTOS DE TERMODINÂMICA Um processo termodinâmico pode ser definido como a evolução energética de um sistema, de um estado inicial para um estado final. Tipicamente, cada processo termodinâmico é distinto de outros processos, em caráter energético, de acordo com os parâmetros, como temperatura, pressão e volume, que são mantidos fixos. 3.1 Processos reversível e irreversível Um processo é dito reversível quando ocorre sem causar transformação de qualquer ordem no ambiente, ou seja, não deixa qualquer tipo de vestígio de sua ocorrência ao ser desfeito. Para um processo ser reversível, é necessário que a troca de calor entre o volume de controle e o ambiente seja nula, isto é, o processo ocorre de forma adiabática, e, adicionalmente, o atrito interno deve ser nulo, o que exige que o gás seja ideal. De outra forma, pode-se ainda afirmar que no processo reversível, a quantidade de energia liberada pelo processo quando desfeito é exatamente igual à energia que foi consumida para a sua realização, ou seja, não existem perdas. Pode-se concluir que, o processo reversível é aquele que apresenta a maior vocação para realizar trabalho, pois toda a energia consumida para sua realização é transformada em trabalho quando foi desfeito. É possível, utilizando as leis da termodinâmica, demonstrar a sua impossibilidade de realização real. Um processo é irreversível quando as mudanças provocadas no meio devido à sua realização permanecem após o mesmo ser desfeito. Na natureza, todos os processos são irreversíveis, ou melhor, apresentam graus de irreversibilidade. Por exemplo, quando se comprime uma determinada quantidade de gás, consome-se uma certa quantidade de trabalho; ao ser expandido de forma resistida, o gás produzirá uma certa quantidade de trabalho, porém o trabalho realizado é sempre menor do que o consumido para a sua realização. Esta diferença são as perdas devido às irreversibilidades do sistema de compressão. As irreversibilidades deste sistema são: atrito mecânico entre os diversos componentes do compressor que estão em movimento relativo; atrito do gás ao fluir pelas válvulas de admissão e descarga; perda de calor através das superfícies da câmara de compressão, atrito interno entre as moléculas do gás e as turbulências do processo de compressão. Portanto, o processo irreversível apresenta menor vocação para realizar trabalho do que o reversível. 3.2 Processo Isobárico Durante o processo isobárico a pressão permanece constante. Considerando que as variações de energia potencial e cinética são desprezíveis, então todo o calor trocado entre o volume de controle e o ambiente será transformado em trabalho mais a variação de energia interna do sistema. Dessa forma, a primeira Lei da Termodinâmica toma a seguinte forma: dwdudq (1) 5 sendo dTcdu V (2) pdvdw (3) tem-se pdvdTcdq V (4) Sabe-se também que pvddudh (5) e que dTcdh P (6) Substituindo (5) e (2) em (4) e lembrando que a pressão é constante, tem-se que: pdvdTcdTc VP (7) Considerando a equação de gás ideal R.Tp.v (8) tem-se para pressão constante que RdTpdv (9) logo a equação (6) será dada por: RdTdTcdTc VP (10) ou Rcc VP (11) Como a pressão é constante, então a variação de entalpia é dada por: pdvdudh (12) ou seja, a variação de entalpia é igual ao calor dado pela equação (4). Dessa forma, o calor trocado no processo será dado por: 6 dTcdhdq P (13) 2 1 P 2 1 2-1 dTcdqQ mm (14) Se CP for considerado independente da temperatura, então: 12P2-1 TTcQ m (15) 3.3 Processo Isométrico ou Isocórico Durante o processo isométrico não há variação de volume. Partindo da primeira Lei da Termodinâmica e considerando desprezíveis as variações de energia cinética e potencial no volume de controle, tem-se que: 12V2-1 TTcQ m (16) 3.4 Processo Isotérmico Durante o processo isométrico não há variação de temperatura. Partindo da primeira Lei da Termodinâmica, considerando desprezíveis as variações de energia cinética e potencial no volume de controle e considerando o gás como ideal tem-se que: 1 2 2-1 v v T.ln.RQ m (17) Como no processo isotérmico 2211 .vp.vp (18) o calor pode ser dado também por 2 1 2-1 p p T.ln.RQ m (19) 7 3.5 Processo Adiabático Durante o processo adiabático não há transferência de calor entre o ambiente e o volume de controle. Partindo da primeira Lei da Termodinâmica, considerando desprezíveis as variações de energia cinética e potencial no volume de controle, considerando a troca de calor nula e tomando o gás como ideal tem-se que: dv v R.T dTc0 V (20) ou k-1 1 2 1 2 V V T T (21) onde k é o expoente adiabático da compressão e é dado por: V P c c k (22) Sabendo que 2 1 22 11 T T v.p v.p (23) a equação (21) passa a ser dada por: cte k 22 k 11 v.pv.p (24) O trabalho adiabático de compressão será dado por: dTcdw V (25) Considerando CV independente da temperatura tem-se 12V21 TT.cW (26) ou 1221 TT. 1-k R W (27) ou 8 1221 R.TR.T. 1-k 1 W (28) ou 112221 .vp.vp. 1-k 1 W (29) Substituindo em (29) a equação (24) chega-se após alguns arranjos a: 1 p p . 1-k R.T .W 1 1 21 21 k k M m (30) onde m é a massa do gás e M é a massa molecular do gás. 3.6 Processo Isentrópico Durante o processo isentrópico a entropia permanece constante. Para que isso ocorra, é necessário que o gás seja ideal, ou seja, não há perdas devido ao atrito e turbulências internas e que o calor trocado entre o sistema e o ambiente seja nulo; portanto, é um processo adiabático e reversível. Partindo da primeira Lei da Termodinâmica, considerando desprezíveis as variações de energia cinética e potencial no volume de controle, considerando a troca de calor nula e tomando o gás como ideal tem-se que: dv v R.T dTc0 V (20) e fazendo o mesmo trajeto que no caso do processo adiabático chega-se a cte k 22 k 11 v.pv.p (24) A compressão no interior do cilindro do compressor alternativo se aproxima da compressão de um gás ideal, num processo adiabático e reversível, portanto isentrópico. O trabalho teórico de compressão do ciclo será calculado considerando-se estas premissas; introduzindo-se posteriormente fatores para a correção da não idealidade do gás e do afastamento do processo de compressão real do adiabático. 9 3.7 Processo Politrópico O processo politrópico é caracterizado pela remoção ou adição de uma quantidade finita e conhecida de calor, durante a realização do processo. Admitindo que a razão entre o trabalho de compressão e a troca de calor entre o sistema e o ambiente seja constante, pode-se escrever que: dw dq (31) onde é uma constante de proporcionalidade. Substituindo (31) na primeira Lei da Termodinâmica dada pela equação (1), tem- se: dw1du (32) Colocando (2) e (3) em (32) e dividindo tudo por T, tem-se: dv T p 1 T dT c V (33) ou dv v R 1 T dT c V (34) Sabendo que 1-k c R V (35) então dv v R 1k1 T dT (36) e integrando 1 2 1 2 v v ln1k1 T T ln (37) 10 ou 1 2 11 22 v v ln1k1 vp v.p ln (38) Com alguns rearranjos chega-se a: cte n 22 n 11 v.pv.p (39) onde 1kk11k1 n (40) COMPRESSÃO ADIABÁTICA (n=k) Neste caso, a troca líquida de calor com o ambiente é nula, então dq=0, isto implica que dq/dw==0. Da equação (40) tem-se que n=k, ou seja, a compressão é adiabática. COMPRESSÃO POLITRÓPICA ARREFECIDA (n<k) Neste caso, o gás perde calor para o ambiente durante o processo de compressão, então dq<0 e dw<0, pois, o trabalho está sendo realizado sobre o volume de controle. Nesta condição, a razão dq/dw>0, o que significa que >0. Levando-se o valor positivo de na equação (40), tem-se que n será menor do que k. COMPRESSÃO POLITRÓPICA AQUECIDA (n>k) Neste caso, o gás ganha calor para o ambiente durante o processo de compressão, então dq>0 e dw<0, pois o trabalho continua sendo realizado sobre o volume de controle. Nesta condição, a razão dq/dw<0, o que significa que <0. Levando-se o valor negativo de na equação (40), tem-se que n será maior do que k. A figura a seguir ilustra os três tipos de compressão: adiabática, politrópica arrefecida e politrópica aquecida. 11 Da mesma forma ao que foi feito para calcular o trabalho adiabático de compressão de um gás ideal, pode-se fazer para a compressão politrópica e ter-se-á simplesmente a substituição do expoente adiabático k pelo expoente do processo politrópico n, então: 1 p p . 1-n R.T .W n 1n 1 21 21 M m (41) O valor médio de n para o processo de transformação considerado precisa ser determinado experimentalmente. 3.8 Variação de Entropia num Processo Reversível Sabe-se que a variação de entropia para um processo reversível é dada por: T dq ds R (42) Substituindo (4) em (42) chega-se a dV T p dT T c ds V (43) ou dp p R dT T c ds P (44) Considerando CP independente da temperatura e integrando (44), a variação de entropia será dada por: 1 2 1 2 P12 p p ln.R T T lncsss (45) 12 3.9 Rendimentos Termodinâmicos Os três tipos de processos ideais indicados dão origem às seguintes versões para o rendimento termodinâmico: - Rendimento isotérmico w w η ISO ISO (46) - Rendimento adiabático w w η K K (47) - Rendimento politrópico w w η P P (48) onde w é o trabalho real realizado no processo. 3.10 Rendimento Mecânico Durante a transmissão de energia do acionador para o compressor ocorrem inevitáveis dissipações provocadas pelo atrito mecânico. Dessa forma, apenas uma parte do trabalho recebido pelo compressor é fornecida ao gás. Para que esse feito seja computado nos cálculos da compressão utiliza-se o rendimento mecânico definido como: C MECw w η (49) onde wC é o trabalho entregue do motor ao compressor e w é o trabalho entre do compressor ao gás. 13 3.11 Potência de Compressão Compressores são equipamentos caracterizados termodinamicamente como volumes de controle, cujo desempenho deve ser analisado através da identificação de fluxos de energia. Para o cálculo da potência de compressão utiliza-se a seguinte equação: MECth th ηη ω.w Pot (49) onde é a vazão mássica do gás, wth é o trabalho ideal por unidade de massa, th é o rendimento termodinâmico e MEC é o rendimento mecânico. 14 4. COMPRESSORES ALTERNATIVOS Vista de um compressor alternativo com dois cilindros dispostos na horizontal Compressor de diafragma – 200 bar e 50 Nm 3 /h (Burton Koblin) Vista em corte de um compressor de diafragma (Burton Koblin) 15 Para a análise dos compressores alternativos estabelece-se um padrão de idealidade dado pelo ciclo representado a seguir. Neste ciclo ideal foram assumidas as seguintes hipóteses: - o fluido em evolução no ciclo é um gás perfeito - os processos de compressão e expansão do gás são ideais e adiabáticos, e portanto descritos por uma relação do tipo p.v k =cte. - os processos de admissão e descarga se fazem isobaricamente, nos níveis de pressão do sistema. Considerando que não há trocas térmicas nem atrito fluido ou qualquer outro efeito dissipativo durante essas fases, o estado termodinâmico do gás permanece inalterado. A partir do ciclo assim constituído são estabelecidos alguns conceitos e definições que posteriormente serão adaptados às condições reais de operação do compressor. 16 4.1 Volume Deslocado Para um pistão de duplo efeito, como apresentado na figura a seguir, o volume deslocado por ciclo é calculado através da soma dos volumes deslocados do lado da tampa e da haste. Dessa forma, o volume deslocado por ciclo será dado por: .L 4 d2Dπ. V 22 d (50) onde L é o curso do pistão. Para um cilindro de simples efeito, só há compressão do gás do lado da tampa, então, o volume deslocado por ciclo será calculado por: .L 4 π.D V 2 d (51) Cilindros com pistões de simples e duplo efeitos 4.2 Volume morto A necessidade de se deixar um espaço entre o cilindro e a face do pistão, em ambos os lados, com o objetivo de acomodar as dilatações de origem térmica do 17 cilindro, do pistão e sua haste, resulta num volume que é denominado de volume morto, e que tem grande importância no desempenho do compressor alternativo de pistão. Nos cilindros de simples efeito, apenas o volume morto do lado da tampa tem influência no desempenho do compressor, enquanto nos de duplo efeito esta influência ocorre nos dois lados. Este volume está representado no cilindro de duplo efeito da figura a seguir e é denominado genericamente de V0, e V0=V3. A razão entre o volume morto e o volume deslocado é definida como o “clearance”: d 0 V V C (52) 4.3 Rendimento Volumétrico do Ciclo Ideal O rendimento volumétrico do ciclo ideal (ou eficiência volumétrica teórica) mede o nível de enchimento do cilindro. Ele pode ser calculado na admissão ou na descarga, sendo mais usual no cálculo termodinâmico dos compressores alternativos, calculá-lo na admissão. O rendimento teórico não considera os vazamentos que ocorrem através das válvulas de admissão e descarga e pelas vedações do pistão e da haste. Para corrigir estas imperfeições são utilizados fatores de ajuste, conforme será visto adiante. O rendimento volumétrico do ciclo ideal é dado por conveniência como: 01 41 31 41 d ASP VV VV VV VV V V V (53) Escrevendo (53) de uma outra forma: 01 04 VV VV 1 V (54) ou 0 04 01 0 V VV . VV V 1 V (55) 18 onde pode ser reconhecido o “clearance” anteriormente mencionado: 1 V V .C1 0 4 V (56) O termo V4/V0 representa a relação entre os volumes final e inicial da expansão, definida através da relação p.v k =cte. Tem-se assim que: k 1 A D 0 4 p p V V (57) Assim, (56) torna-se: 1 p p C.1 1 A D k V (58) ou 1rC.1 1 k V (59) onde r é a razão de compressão e é dado pela divisão da pressão de descarga pela pressão de admissão. O rendimento volumétrico varia inversamente a C e a r e no mesmo sentido de k. Igualando a zero (59) obtem-se a razão de compressão máxima, onde o valor do rendimento volumétrico é nulo. Esse valor é dado por: k MÁX 1 C 1 r (59) Valores muito inferiores a rmáx já se mostram intoleráveis para os compressores alternativos. O rendimento volumétrico do ciclo ideal medido na descarga é dado por: d DESC V V Vd (60) ou kk VD 1 A D 1 A D p p 1 p p C. (61) ou ainda kk VD 11 r1rC. (62) 19 e a razão máxima de compressão para que o rendimento medido na descarga seja nulo é exatamente a mesma da admissão. 4.4 Trabalho e Potência Consumida na Compressão O trabalho adiabático reversível líquido de compressão por ciclo, executado pelo compressor, corresponde à área interna do diagrama p x V, e está representado na figura a seguir. Dessa forma, tem-se que: 3 4 E 2 1 Ck dpVdpVW (63) onde VC é o volume de compressão e VE é o volume de expansão. É importante observar que a massa contida no interior do cilindro durante o processo 1-2 de compressão é diferente daquela contida no processo 3-4 de expansão. No processo 1-2 de compressão, a massa de gás contida no interior do cilindro é igual à soma da massa de gás que ficou retida no interior do volume morto V0, no ciclo anterior, mais a massa de gás que foi admitida, ou seja: AEC mmm (64) sendo: mC – massa de gás cujo volume é comprimido no processo 1-2 de compressão mE – massa de gás cujo volume se expande no processo 3-4 de expansão mA – massa de gás cujo volume é admitindo no processo 4-1 de admissão Considerando-se que durante a compressão nenhuma massa é perdida, devido aos vazamentos, pode-se concluir que a massa descarregada mD deve ser igual à massa admitida, ou seja: ECAD mmmm (65) 20 A partir das equações é possível chegar ao trabalho adiabático reversível de compressão por ciclo que é dado por: 1 p p .R.T 1-k k . M m W 1 A D A A k k k (66) ou AS-DP A k TT..C M m W (66.1) A fim de compensar a não-idealidade do gás o trabalho real pode ser calculado por: 2 ZZ 1 p p .R.T 1-k k . M m W DA 1 A D A A k k k(67) onde Z é o fator de compressibilidade e é função da pressão e temperatura reduzidas. A potência real de acionamento do compressor alternativo pode ser obtida a partir de (49), ou seja: 2 ZZ .1 p p .R.T 1-k k . M ω . ηη 1 Pot DA 1 A D A A MECth k k (68) 4.5 Vazão do Compressor Alternativo É comum utilizar como sinônimo as expressões vazão ou capacidade para expressar a produção do compressor. A vazão pode ser expressa em massa, vazão mássica, ou em volume, vazão volumétrica. Quando é em volume, utilizam-se as Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP) e a unidade recebe a notação “N”, por exemplo, Nm 3 /h, ou seja, metros cúbicos normais por hora. A vazão mássica do compressor alternativo com um cilindro de duplo efeito na admissão é dada por: AVhdhVtdtASP .N..ηV.ηVω (69) onde N é a rotação, Vdt é o volume deslocado do lado da tampa, Vdh é o volume deslocado do lado da haste, vt é o rendimento volumétrico do lado da tampa, vh é o rendimento volumétrico do lado da haste e A é a massa específica do gás na admissão. Se o rendimento é o mesmo para os dois efeitos, o que costuma ocorrer com muita frequência, então: 21 AV 22 A .N..η 4 L.d2Dπ. ω (70) A vazão volumétrica na CNTP é dada por: 0 A ASP ω Q (71) 4.6 Temperaturas Isentrópica e Real da Descarga A temperatura isentrópica da descarga é a temperatura ideal no ponto 2, ou seja, no final do processo de compressão e é dada por: k k 1 A D AS-D p p TT (72) É importante lembrar de que a temperatura e a pressão devem ser sempre utilizadas em escalas absolutas. A temperatura real da descarga pode ser relacionada com a temperatura ideal (isentrópica) através da seguinte relação: AD AS-D T-T T-T S (73) onde S é a eficiência isentrópica. O API 618 estabelece que seja considerado o limite de 150 o C para a temperatura de descarga dos compressores alternativos. Os fabricantes costumam adotar, no caso de máquinas de porte reduzido (em torno de 100kW por cilindro) limites de até 200 o C, respeitando porém a recomendação da API para as máquinas de maior porte. Nos anexos encontram-se as figuras 5.22 e 5.23 para a obtenção da eficiência isentrópica. 22 4.7 Rendimento Volumétrico do Ciclo Real Uma expressão para a obtenção do rendimento volumétrico do ciclo real pode ser dada por: 5 1 atm 1 1 D A p p f1r Z Z C.97,0 k V (74) Em relação à equação teórica, notam-se as seguintes diferenças: - Há uma redução de 3% associada principalmente às diferenças que a pressão e a temperatura no interior do cilindro assumem, no início da compressão, em relação às condições de sucção do sistema. - A relação entre os fatores de compressibilidade ZA e ZD, medidos respectivamente na sucção e na descarga do sistema estabelece uma tentativa de correção face à não idealidade do gás. - O coeficiente f diz respeito às fugas inevitáveis que ocorrem através de válvulas e anéis. É tradicionalmente considerado como sendo r/100 para compressores lubrificados e r/50 para compressores não-lubrificados. - O último termo se destina a compensa os vazamentos que ocorrem com mais intensidade, especialmente no engaxetamento da haste, à medida que a pressão de sucção p1 do compressor se eleva em relação à pressão atmosférica. Para gases de baixo peso molecular existe uma maior probabilidade de fuga. Os fabricantes costumam aplicar um redutor na equação do rendimento volumétrico para cálculos com o gás hidrogênio devido ao extraordinário poder de fuga desse gás. Reduções da ordem de 4 a 8% são consideradas. 4.8 Limites de Resistência O projeto mecânico de um compressor alternativo pode ser dividido em duas partes, uma delas considerando o cilindro e a outra tratando dos elementos de acionamento. Os cilindros do compressor atuam como vasos de pressão, e os principais elementos envolvidos em seu dimensionamento são a pressão interna do gás e a temperatura de operação das paredes da câmara. Os limites de resistência associados são, respectivamente: - Máxima pressão de descarga do sistema - Máxima temperatura prevista para a descarga do gás Os elementos de acionamento trabalham submetidos à composição de dois tipos de esforços: um deles refere-se às forças de inércia, inerentes ao movimento alternativo; 23 o outro, às forças derivadas da compressão do gás. Esses esforços podem, de uma forma direta, ser associados a três limites de resistência: Carga Horizontal Máxima (Fx máx) hACDX_MÁX .Ap.ApF (75) onde pD é a pressão de descarga, pA é a pressão de admissão, Ac é a área do pistão do lado sem haste e Ah é a área do pistão do lado com haste. Rotação Máxima Associada à limitação das forças de inércia. Potência Máxima à Rotação Máxima Associada à limitação do conjugado aplicado ao eixo. Caso a rotação de operação seja inferior à máxima, a potência limite deve ser reduzida na mesma proporção, mantendo assim o valor do conjugado máximo admissível C máx , dado que Pot=C.N. Assim, por exemplo, se o limite é de 1000kW à rotação máxima de 800rpm, será reduzido a 750kW no caso de operação a 600rpm. Máquinas policilíndricas possuem múltiplos limites de resistência a serem observados. No caso da potência máxima, especificamente, haverá um limite individual por biela (isto é, para cada conjunto de acionamento) e um limite global para todo o eixo. Usualmente a máxima potência total é inferior à soma das máximas potências individuais permissíveis, devido a uma composição desfavorável dos conjugados. Os fabricantes de compressores alternativos selecionam suas máquinas combinando cilindros e conjuntos de acionamento dentre seus projetos básicos pré- existentes. Para isso, observam os limites de resistência de cada um tal como foram aqui definidos. Esses limites devem ser incluídos na documentação de fornecimento da máquina, para servirem de balizamento para a operação. 4.9 Cálculo do Calor de Refrigeração A quantidade de calor que deve ser retirada durante a compressão de cada kgf de fluido a fim de que o expoente politrópico n característico da mesma atinja um valor predeterminado é dada por: ADV TTC n1 nk Q (76) Para os compressores de ar monocilíndricos, é usualmente adotada uma proporção de 3 a 4 litros de água de refrigeração para cada kgf de fluido comprimido. 24 4.10 Eficiência da Compressão Rendimento Adiabático É definido como a razão entre o trabalho ideal adiabático consumido em um ciclo e o trabalho real consumido no ciclo, ou seja 210 0 k AAA A η (77) De acordo com a literatura técnica especializada, o rendimento adiabático varia de 75% a 88%, dependendo do projeto do compressor. Em geral, é utilizado o valor de 83% para os cálculos em projetos conceituais, desde que o compressor esteja operando com uma razão de compressão otimizada. Comportamento típico do rendimento adiabático em função da relação de compressão Rendimento Mecânico O rendimento mecânico de um compressor alternativo está associado à dissipação de energia que ocorre nos diversos mancais do compressor e no contato da haste e do pistão com a carcaça. Seu valor obtido empiricamente costuma variar entre 92 e 98%,provavelmente influenciado pelo tipo, porte e rotação da máquina. 25 Para a estimativa do rendimento é sugerida a seguinte equação: É definido como a razão entre o trabalho ideal adiabático consumido em um ciclo e o trabalho real consumido no ciclo, ou seja BHP 1 1η MEC (78) onde BHP (Brake Horse Power) é a potência nominal do compressor, medida em HP que deve ser fornecida pelo fabricante. A outra forma de estimar o rendimento mecânico é através da seguinte equação: NOMINAL REAL NOMINAL NOMINAL MEC Pot0,02log0,13 Pot Pot 3 21 Pot0,02log0,13 3 1-1 η (79) através da qual pode se verificar que o rendimento mecânico será tanto menor quanto menor for a potência real utilizada. Na equação todas as potências estão em HP. 4.11 Compressão em Estágios Compressores alternativos de múltiplos estágios são encontrados com grande frequência em instalações industriais. São máquinas dotadas de vários cilindros com as respectivas partes móveis acionadas por um único eixo. O gás passa sucessivamente pelos diversos cilindros, recebendo acréscimos progressivos de pressão. Em geral, cada par de cilindros é intercalado por um trocador de calor intermediário (“intercooler”), havendo ainda um trocador de calor posterior (“aftercooler”). Os trocadores de calor são do tipo “casco e tubos” convencional, com a água de resfriamento circulando nos tubos e o gás no casco, exceto nos sistemas de mais alta pressão, em que é feito o inverso. A figura a seguir apresenta a representação do funcionamento teórico de um compressor de dois estágios em um diagrama p x V. O ciclo 1-2-3-4 corresponde ao primeiro estágio da compressão e o ciclo 5-6-7-8 ao segundo. Nesse diagrama estão representadas as pressões de sucção (p1) e descarga (p2) do sistema, bem como a pressão intermediária (pi). 26 Ciclo teórico com dois estágios É possível verificar que o volume ocupado pelo gás vai sendo reduzido desde a aspiração do primeiro estágio até a aspiração do segundo e a descarga final do gás. Isso se deve à compressão e ao resfriamento do gás e explica o fato de haver uma redução progressiva nas dimensões dos cilindros a partir do primeiro. Na prática, essa redução de volume é obtida, sempre que possível, pela redução do diâmetro do cilindro, mantendo-se o curso para facilitar o balanceamento mecânico do conjunto. Vantagens da Compressão em Estágios a) Redução da potência total de compressão – É o resfriamento intermediário que propicia esse efeito, através do abaixamento da temperatura de admissão do gás em cada estágio subsequente ao primeiro. O trabalho de compressão por unidade de massa consumido em cada estágio é proporcional a essa temperatura, reduzindo-se portanto e contribuindo para a redução da potência total. Convém, no entanto, lembrar que há uma perda de carga no escoamento do gás através dos resfriadores, provocando aumento da relação de compressão efetiva de cada estágio, para uma dada relação de compressão total. Isso tende a contrapor-se ao efeito de redução de potência à medida que cresce o número de estágios. b) Redução da temperatura de descarga – Essa é uma óbvia consequência do resfriamento intermediário. c) Redução dos esforços de compressão – A resultante dos esforços transmitidos a um compressor alternativo de duplo-efeito devido à compressão do gás decorre da diferença entre as pressões de sucção e descarga. Utilizando múltiplos estágios, essa diferença resulta, para cada cilindro, inferior à que estaria submetido um único cilindro que efetuasse o mesmo serviço. Embora não seja imprescindível para a consecução desse benefício, o resfriamento intermediário o acentua, devido à redução do volume dos cilindros e consequentemente da área de atuação das forças de pressão. d) Aumento do rendimento volumétrico da instalação – O rendimento volumétrico de um compressor alternativo varia em sentido inverso ao da relação de compressão. Por isso, o rendimento volumétrico de cada um dos cilindros de um compressor de múltiplos estágios é maior que o de um único cilindro usado para efetuar o mesmo serviço. Esse é também um efeito cuja ocorrência independe da existência de resfriamento intermediário. 27 A prática sugere, como indicação de caráter geral, que a relação de compressão por estágio não deve ultrapassar o valor “4”. Tendo sido determinado o número de estágios de um compressor alternativo, é preciso ainda definir os níveis desejáveis de pressão entre eles, além de criar condições para que tais níveis se estabeleçam. No caso da existência de resfriamento intermediário é possível demonstrar, através de recursos puramente analíticos, que o menor consumo de potência será alcançado quando as relações de compressão de todos os estágios forem idênticas, ou seja: m 1 r'r (80) onde r’ é a relação de compressão por estágio, r é a relação de compressão do sistema, m é o número de estágio e é um coeficiente empírico. O coeficiente empírico se situa abaixo de 1,05 e serve para compensar as perdas de carga nos resfriadores intermediários e posterior. Assim, por exemplo, num sistema onde a pressão de sucção fosse 1 atm e a pressão de descarga 9 atm, seriam dois estágios com relação de compressão de 3,15. O gás seria aspirado pelo primeiro estágio a 1 atm e descarregado a 3,15 atm. No segundo, entraria a 3 atm e sairia a 9,45 atm. Finalmente, no resfriador posterior, a pressão se reduziria ao nível de 9 atm. 4.12 Dimensionamento de um Compressor Alternativo Dimensionar um compressor consiste em determinar o volume correspondente à cilindrada (VC=Vd) de cada um de seus cilindros. O dado fundamental para o dimensionamento de um compressor é a sua capacidade dada em peso de fluido (GS) por unidade de tempo ou massa de fluido por unidade de tempo (). Considerando que o peso de fluido aspirado em cada ciclo por cada câmara de compressão é Ga, considerando o número de efeitos como “i” e o número de cilindros por estágio como “a” e o número de rotações como “N” pode-se escrever: .i.a.NGG aS (81) mas, Ca .GG V (82) onde GC corresponde ao peso de gás relativo ao volume da cilindrada nas condições da aspiração, ou seja CC .VG (83) assim .i.a.Nη.VG VCS γ. (84) 28 Assim, conhecida a capacidade do compressor e seus limites de compressão, arbitradas que sejam o clearance, i, a e N, pode-se calcular inicialmente o seu rendimento de acordo com (74). Com todas essas informações calcula-se VC por: .i.a.Nη G V V S C γ. (85) Com o volume da cilindrada, e não havendo imposição de ordem construtiva, L é selecionado considerando-se D=L até D=2L. Usando (51) calcula-se então D e L. Caso o número de cilindros não seja inicialmente estipulado, calculada a cilindrada global, os valor de “a”, D e L poderão ser determinados observando-se que a velocidade linear do pistão (média ou máxima) deve ser limitada. Assim, de acordo com a figura a seguir, a velocidade máxima é atingida quando a biela fica perpendicular à manivela, isto é, CCMÁX π.l.NN2πvel r (86) enquanto que a velocidade média do pistão em seu movimento global de vaivém, será 57,1 vel 2.l.Nvel MÁX CMÉDIA (87) Os limites de velocidade de pistão adotados atualmente são de cerca de 4 m/s para a média e 6 m/s para a máxima. Nessas condições, considerando a=1 ou mais cilindros,é possível determinar os valores de L compatíveis ou não com esses limites, os quais permitirão, portanto, a escolha do número de cilindros adequado. Na maior parte dos projetos, entretanto, o número de cilindros está diretamente ligado a disposições construtivas, ou mesmo à padronização da produção. O dimensionamento das válvulas dos compressores, de uma maneira geral, é feito de tal forma que a perda de carga ocasionada pela passagem do fluido através das mesmas não exceda 2% de sua pressão, isto é, 29 p g 02,0 2 vel2 1 (88) onde 1 é um coeficiente de atrito cujo valor para o caso é 3. Logo, podem-se adotar, tanto para a aspiração como para a descarga, velocidades dadas pela expressão: R.T36,0 02,0.2 vel 1 pg (89) Assim, para o ar, as velocidades estariam de 30 a 40m/s, enquanto que para o NH3 são usuais as velocidades de 50 a 60m/s e para o Freon 12 ou 22 as velocidades variam de 20 a 30m/s. 4.13 Controle da Capacidade O controle da capacidade do compressor alternativo pode ser feito das seguintes formas: - Partida e parada do compressor; - Variação de rotação; - Redução da pressão de admissão; - Alívio das válvulas de admissão; - Variação do volume morto; - Variação do número de cilindros ativos no primeiro estágio; - Variação do curso efetivo do pistão; - Recirculação da descarga para a admissão; - Utilização do compressor booster para aumentar a pressão na admissão. 30 5. COMPRESSORES ROTATIVOS 5.1 Compressor de Parafusos Principais elementos de um compressor de parafusos A vazão volumétrica aspirada por um compressor de parafusos situa-se na faixa de 500 a 45.000m 3 /h. Na versão não-lubrificada, a relação de compressão costuma variar de 2 a 4,5, enquanto que na versão lubrificada pode chegar a 10 ou mais. O limite de pressão de descarga é da ordem de 5.000kPa. A rotação nominal pode variar amplamente, desde os valores compatíveis com a utilização de motores elétricos (1.800rpm) até os valores apropriados para acoplamento direto com turbinas (10.000rpm ou mais). A temperatura de descarga do gás é normalmente limitada a cerca de 300 o C, havendo também um limite para a elevação de temperatura para evitar problemas de dilatação diferencial. Os fabricantes oferecem compressores de parafusos para as mais variadas espécies de gases, inclusive contendo líquido ou partículas sólidas em suspensão. A vazão volumétrica aspirada por um compressor de parafusos pode ser estimada através da relação: .N.L.C.DηQ 2 V (90) onde V é o rendimento volumétrico, C é a constante relativa à geometria do compressor (da ordem de 0,5), D é o diâmetro do rotor macho, N é a rotação do rotor macho e L é o comprimento dos rotores. O rendimento volumétrico visa compensar as perdas decorrentes da recirculação por entre as folgas do rotor, e depende principalmente da magnitude dessas folgas, da velocidade de rotação, da relação de compressão e do tipo de gás. As correlações analíticas para o cálculo desse coeficiente são muito complicadas ou não fornecem a precisão satisfatória e por isso deve-se reportar ao fabricante da máquina para obter 31 informações a esse respeito. Os valores típicos para compressores industriais se encontram na faixa de 70 a 90%. Para o cálculo da potência de compressão utiliza-se a seguinte equação: MECth th ηη ω.w Pot (49) onde é a vazão mássica descarregada, wth é o trabalho ideal por unidade de massa, th é o rendimento termodinâmico e MEC é o rendimento mecânico. O rendimento adiabático engloba algumas formas de não-idealidades do processo de compressão, dentre as quais estão: - efeitos viscosos e aerodinâmicos - aquecimento do gás aspirado pela recirculação - diferenças entre as relações de compressão interna e externa, quando operando fora da condição de projeto. Dentre os parâmetros de operação do compressor, destacam-se a relação de compressão e a rotação como sendo os de influência mais significativa sobre o rendimento adiabático, conforme apresenta a figura a seguir. Curvas de isoeficiência para um compressor de parafusos – aspecto típico A influência do tipo de gás comprimido também não deve ser desprezada. A temperatura de descarga de um compressor de parafusos pode ser estimada através da relação: k AS-D AD T-T TT (91) onde é um coeficiente empírico e está associado à remoção de calor efetuada durante o processo de compressão do gás. Nos compressores não-lubrificados essa remoção de calor é pequena, sendo devida ao sistema de arrefecimento da máquina, de modo que se situa em torno de 0,9. Quando o compressor é abundantemente lubrificado, esse coeficiente se mostra bastante reduzido, devido ao resfriamento efetuado pelo óleo. Valores de em torno de 0,1 ou 0,2 tem sido observados, mas nesse caso há uma forte dependência da vazão de circulação do lubrificante. O controle da capacidade pode ser feito através da variação da rotação para os casos onde o acionador for uma turbina a gás ou a vapor. Quando o acionador for um 32 motor elétrico de corrente alternada ou qualquer outro que não possa ter sua rotação variada com facilidade costuma-se adotar o método de estrangulamento na sucção ou um dispositivo de descarregamento lateral comandado por uma válvula de extração (“slide valve”). 5.2 Compressor de Palhetas Compressor rotativo de palhetas Os compressores de palhetas sã produzidos para vazões volumétricas limitadas a cerca de 5.000m 3 /h. A relação de compressão costuma variar de 2 a 4 por carcaça, para um limite de pressão de descarga que não exceda 1.000kPa. As rotações de operação situam-se na faixa típica dos motores elétricos. A temperatura máxima admissível para a descarga do gás ira em torno de 180 o C. O número de palhetas pode variar desde 8 até 24, aumentando à medida que crescem a relação de compressão e a vazão. Trata-se de um compressor inadequado para operação com gases contendo impurezas ou líquidos em suspensão, especialmente, no último caso, se o condensado formado causar deterioração das propriedades do lubrificante. A vazão volumétrica aspirada por um compressor de palhetas pode ser estimada através da relação: .D.e.L.Nη2Q V (92) onde D é o diâmetro nominal, N é a rotação, L é o comprimento do rotor macho e “e” é a excentricidade. O rendimento volumétrico desse tipo de compressor costuma variar entre 70 e 90%, conforme os níveis de pressão envolvidos e o tipo de lubrificação adotado. A potência consumida pode ser dada por (49). O rendimento adiabático pode atingir 80% ou mais nos compressores de palhetas, em condições ideais de funcionamento. O rendimento mecânico, entretanto, é baixo, devido ao atrito das palhetas com a carcaça. Dependendo do tipo de lubrificação e do número de palhetas, principalmente, pode chegar a ser inferior a 90%. A temperatura de descarga pode ser calculada a partir de (91). Um dos maiores problemas na utilização de compressores de palhetas em processamento industrial é a falta de um método satisfatório de controle de capacidade. 33 Sendo a variação de rotação desaconselhável ou pelo menos limitada para esse tipo de compressor, costuma-se empregar os métodos de recirculação ou estrangulamento na sucção, em ambos os casos com prejuízo para a eficiência do processo. 5.3 Compressor de Lóbulos Vista em corte de um compressor de lóbulos Corte transversal de um compressor de lóbulos O compressor de lóbulos é uma máquinade deslocamento positivo que utiliza dois lóbulos inseridos um ao outro, e cujas rotações são sincronizadas pela ação de duas engrenagens, uma motriz e a outra movida. O resultado é que, o rotor que contém a engrenagem motriz gira em sentido contrário ao da engrenagem movida. O compressor de lóbulos, apesar de ser considerado um equipamento de deslocamento positivo, não apresenta uma razão de compressão interna de projeto, ele simplesmente desloca o gás de uma região de baixa pressão para outra de pressão um pouco maior. O diferencial de pressão gerado é sempre baixo, em alguns casos atingindo 200kPa; portanto, o trabalho realizado é basicamente de transporte do gás, pois o de compressão é comparativamente desprezível. 34 6. COMPRESSORES CENTRÍFUGOS O compressor centrífugo é constituído por dois órgãos básicos: o impelidor e o difusor. É no impelidor que ocorre a transferência de energia do acionador para o gás. Essa energia, referida à unidade de massa comprimida, recebe o nome de “head” (H). O ângulo de inclinação das pás na saída do impelidor apresenta forte influência sobre a transferência de energia. 35 Ângulo de inclinação das pás do compressor centrífugo Head versus vazão volumétrica Comportamento típico dos compressores centrífugos Comportamento típico dos compressores centrífugos 36 Curvas de head e rendimento termodinâmico Curvas de head e rendimento termodinâmico para diversas rotações O head termodinâmico pode ser calculado nas bases adiabática ou politrópica: 1 p p .R.T 1-k k v.dpH 1 A D A 2 1 k k k (93) ou 1 p p .R.T 1-n n v.dpH 1 A D A 2 1 P n n (94) onde, para efeito de cálculo do expoente n, pode ser empregado: AD AD p-pln T-Tln 1-n n (95) O head real para um gás perfeito é dado por: 37 AS-D T-TR. 1-k k H (96) e o rendimento termodinâmico é dado por: H H η th th (97) 6.1 Determinação do Ponto de Operação A sequência de cálculos a ser adotada depende da base em que foram fornecidas as curvas características. Tendo sido empregadas a base adiabática, o cálculo é direto e envolve os seguintes passos: a) cálculo do head adiabático. b) entrada na curva correspondente à rotação de trabalho e consequente determinação da vazão e do rendimento adiabático. c) cálculo da potência e temperatura de descarga a partir das relações: MECth th ηη ω.w Pot (49) A AS-D D T T-T T K (98) k k 1 A D AS-D p p TT (72) Se, no entanto, as curvas tiverem sido fornecidas em base politrópica, o procedimento, embora análogo, é iterativo, face ao não-conhecimento preliminar do expoente n. Nesse caso, se recomenda: a) adotar o rendimento politrópico máximo a partir da curva fornecida. b) cálculo do expoente n pela equação: P k.η 1-k 1-n n (98) c) cálculo do head politrópico d) entrada na curva correspondente e obtenção do rendimento. Caso o rendimento não 38 seja o adotado inicialmente, recomeça-se o cálculo com o novo rendimento. e) tendo sido alcançada a convergência calcula-se a potência e a temperatura de descarga por: MECth th ηη ω.w Pot (49) n n 1 A D ADS p p TT (99) 6.2 Controle da Capacidade A variável controlada é quase sempre escolhida entre a pressão de sucção, a pressão de descarga e a vazão mássica e os métodos de atuação mais empregados são, pela ordem de importância: - variação de rotação - estrangulamento na sucção - mudança no ângulo das pás guias 6.3 Limites Operacionais Restrições impostas ao funcionamento dos compressores centrífugos sob determinadas circunstâncias acabam por delimitar uma área útil de operação sobre o conjunto de curvas características, tal como indica a figura a seguir. A envoltória dessa área é formada pelos limites superior e inferior, respectivamente correspondentes à máxima e mínima rotações permissíveis em operação contínua, e mais os limites à esquerda e à direita, definidos pela ocorrência de fenômenos conhecidos respectivamente como “surge” e “stonewall”. LIMITE DE ROTAÇÃO A máxima rotação em regime contínuo de operação é definida em função do nível de esforços a que é submetido o conjunto rotativo, enquanto a rotação mínima deve se situar acima da primeira velocidade crítica de vibração. De acordo com o standard 617 do API, que regulamenta a construção de compressores centrífugos para indústrias de petróleo, esses limites devem corresponder respectivamente a 105% da maior rotação e 39 85% da menor rotação requeridas pelas condições especificadas para a máquina. LIMITE DE “SURGE” O surge é um fenômeno caracterizado pela instabilidade do ponto de operação e ocorre quando a vazão que o sistema se mostra capaz de absorver é inferior a um certo valor mínimo. Manifesta-se através de oscilações de vazão e pressões do sistema em geral acompanhadas de forte ruído e intensa vibração do compressor, podendo levar rapidamente a uma falha mecânica. Existe um limite de surge para cada rotação de operação, em geral entre 30% e 60% da vazão de projeto. O lugar geométrico desses pontos sobre um gráfico head x vazão é denominado linha limite de surge. LIMITE DE STONEWALL Compressores centrífugos industriais são projetados para funcionar com regime de escoamento subsônico, mas se a vazão de operação for elevada, pode ser que o gás atinja o valor sônico em algum ponto no interior do compressor, usualmente na entrada das pás do impelidor, caracterizando o que se denomina limite de stonewall. O resultado prático desse fato é a impossibilidade de aumentar a vazão a partir desse ponto, além de uma acentuada queda na eficiência do processo de compressão. O limite de stonewall não representa nenhuma ameaça à integridade do compressor, mas pode se constituir num grave inconveniente caso venha a ocorrer dentro da faixa de vazão necessária à operação do sistema. Serviços com gases dotados de alto peso molecular ou em baixas temperaturas merecem especial atenção quanto a esse aspecto, pois a velocidade sônica nessas condições é baixa, sendo alcançada em vazões mais reduzidas. Ao contrário, quando se trabalha com gases leves e aspirados em temperaturas normais, o limite de stonewall pode estar muita à direita, correspondendo a vazões totalmente fora das perspectivas de utilização do compressor e por isso nem mesmo sendo incluído na representação das curvas características. 6.4 Transformações das Curvas Características Variação da rotação 1 2 1 2 N N Q Q (100) 2 1 2 P1 P2 N N H H (101) P1P2 ηη (102) Não se pode mencionar essa forma de conversão das curvas características sem o 40 reconhecimento das imprecisões que podem estar nela contidas. A mudança de rotação irá provocar a variação dos números de Mach e Reynolds, de forma que os dois pontos associados pelo método não guardam entre si completa similaridade. Especialmenteem relação ao número de Mach, isso pode levar a grandes erros, uma vez que nem mesmo a similaridade cinemática fica assegurada. Variação do número de Mach A performance de um compressor centrífugo é influenciada por alguns efeitos relacionados à compressibilidade do gás, que costumam ser globalmente associados ao número de Mach medido nas condições de aspiração do gás, isto é: 11 1 .k.R.TZ N M (100) Um pouco mais preciso, no entanto, principalmente para compressores de múltiplos estágios, é considerar a relação de volumes específicos (=vA/vD), entre a sucção e a descarga. Considerando as relações (100)-(102) e escolhendo uma rotação N2 que leve a: 12 (102) e substituindo o head politrópico em (101) tem-se: 1α 1n nRTZ 1α 1n nRTZ N N 1n 1 S1S1 1n 2 S2S2 2 1 2 (103) sendo kk.η1 k.η n P P (104) Daí resulta a seguinte expressão para a rotação N2: β MTkZ MTkZ NN 1S1S1S1 2S2S2S2 12 (105) onde 41 1α 1k 1 1α 1k 1 1n 1 1*n 2 (106) Variação do número de Reynolds Uma modificação nas condições de sucção do compressor, seja em termos de pressão, temperatura ou composição do gás, pode levar o número de Reynolds a se afastar significativamente daquele que foi observado no estabelecimento das curvas características disponíveis. Se esse número é da ordem de 10 7 ou superior, os efeitos correspondentes serão muito pequenos e podem ser desprezados. Quando, no entanto, operando com Reynolds abaixo de cerca de 5.10 5 , qualquer pequena modificação pode distorcer razoavelmente as curvas características. A regra mais usual para converter as curvas é dada por: 1,0 1 2 P1 P2 Re Re η1 η1 (107) P1 P2 P1 P2 η η H H (107) mantendo a vazão que aparece nas curvas. A velocidade utilizada no número de Reynolds é a velocidade periférica do impelidor, D é o seu diâmetro externo e a viscosidade e a massa específica são avaliadas nas condições da sucção. 6.5 Instalações de Compressores Centrífugos em Série e Paralelo Um tipo de sistema de compressão muito comum é constituído por compressores centrífugos instalados em série. Caracteriza-se pela disposição sucessiva de dois ou mais compressores, normalmente dotados de múltiplos estágios, entre os quais pode haver uma injeção ou extração de fluxo, ou ainda um simples resfriamento. Na maioria das instalações em série, um eixo único atravessa todas as carcaças, numa construção denominada “em tandem”, à qual muitos preferem se referir como um único compressor dotado de várias seções. Existe também o caso das máquinas com carcaça única porém dividida internamente em seções. Há vários motivos para a utilização de uma associação em série de compressores centrífugos, que são: - elevada relação de compressão do sistema, impossível de ser atendida por um único compressor, ainda que construído com o número limite de estágios - necessidade de injeção ou extração de fluxo em um nível intermediário de pressão 42 - realização de um resfriamento intermediário do gás para evitar que sejam atingidos níveis exagerados de temperatura ou com o propósito de reduzir a potência de compressão. Compressores centrífugos instalados em paralelo recebem o gás proveniente de uma mesma fonte de suprimento e o destinam a um fim comum. Trabalham por isso submetidos aos mesmos parâmetros característicos do serviço, pelo menos em primeira aproximação. Pequenas diferenças podem ocorrer por conta das dissimilaridades entre as ligações físicas aos equipamentos. Utiliza-se a disposição em paralelo com a seguintes finalidades: - obtenção de uma vazão elevada, incapaz de ser proporcionada por um único compressor - estabelecimento de uma ampla flexibilidade operacional, pela possibilidade do desligamento de compressores 43 7. COMPRESSORES AXIAIS Sistema de compressão axial de ar das turbinas aeroderivativas do tipo turbofan utilizadas para propulsão a jato em aplicações aeronáuticas comerciais Existem relativamente poucos compressores axiais instalados em unidades industriais de processamento. Deve-se isso ao fato desses compressores destinarem-se a vazões extremamente elevadas que se manifestam apenas em alguns poucos processos. Acima de carca de 300.000 m 3 /h, entretanto, o compressor axial mostra-se quase absoluto. Com custo de aquisição um pouco mais elevado do que o compressor centrífugo, seu único concorrente, o compressor axial opera, no entanto com eficiências bem maiores, produzindo assim um rápido retorno em termos de custo operacional. A maior parte dos compressores axiais instalados até hoje tem o ar como fluido de trabalho. É o caso, por exemplo, dos sopradores de ar dos fornos siderúrgicos e fornos de craqueamento catalítico das refinarias. Existem aplicações também em plantas de oxigênio, liquefação de gás natural, acetileno, ácido nítrico e mesmo nas centrais públicas de fornecimento de gás para uso doméstico. As pressões de trabalho requeridas para os compressores axiais são em geral bastante baixas, compativelmente com a ocorrência de grandes vazões. Raramente ultrapassam 600kPa. Já as potências costumam ser elevadas, quase sempre superiores a 10.000kW. Head versus vazão para o compressor axial 44 Comparação dos compressores centrífugo e axial Compressores – Prof. Marcos Moreira 45 BIBLIOGRAFIA Compressores. E.C. Costa; Editora Edgard Blucher, 1978. Compressores Alternativos Industriais. N.F. Silva; Editora Interciência, 2009. Compressores Industriais. P.S.B. Rodrigues; EDC, 1991. Princípios das Operações Unitárias. A.S. Foust, L.A. Wenzel, C.W. Clump, L. Maus, L.B. Andersen; LTC, 1982. Compressores – Prof. Marcos Moreira 46 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Disciplina: Operações Unitárias A Prof. Marcos Moreira Lista de Exercícios 1) Sugerir um tipo de compressor para deslocar 100.000 ft 3 /min de ar, originalmente a 14,7 psia e 70 o F, com uma pressão de descarga de 40psig. Utilize a figura da página 52. 2) É preciso comprimir 600 ft 3 /min de ar a 70 o F e 14,7 psia até uma pressão final de 2.000 psig. Sugerir um tipo de compressor. Utilize a figura da página 52. 3) Sugerir um tipo de compressor, a velocidade de rotação em rpm e o diâmetro do rotor para comprimir 1.000 m 3 /h sob uma altura manométrica de 10m. Utilize a figura da página 52. 4) Calcular a potência adiabática de compressão num ciclo para um compressor alternativo que comprime em um único estágio dióxido de carbono, com vazão mássica média de 200 toneladas por dia. As temperaturas do dióxido de carbono na admissão e descarga são de 45 e 135 o C, respectivamente. O calor específico médio a pressão constante do dióxido de carbono no intervalo de temperatura considerado é de 0,8418 kJ/(kg. o C). 5) Calcular o trabalho adiabático reversível necessário para comprimir o volume ocupado por 1,2kg de ar atmosférico, cuja pressão inicial manométrica inicial é de 500kPa para a pressão final manométrica de 1.500kPa. A temperatura inicial é de 32 o C, o expoente adiabático do ar é de 1,399 e o peso molecularde 28,97g/mol. 6) Calcular o rendimento volumétrico e a razão máxima de compressão de um compressor alternativo monocilíndrico de simples efeito com a configuração a seguir, sabendo-se que a pressão atmosférica é de 101,325kPa. Diâmetro do pistão: 13 in; Curso do pistão: 8 in; Volume morto: 180 in 3 ; Pressão de admissão: atmosférica; Pressão de descarga manométrica: 300kPa; Expoente adiabático do gás: 1,274 Compressores – Prof. Marcos Moreira 47 7) Calcular a vazão mássica de um compressor alternativo lubrificado monocilíndrico, comprimindo um gás natural com as seguintes características: Rotação: 1.200rpm; Diâmetro do cilindro: 13in; Diâmetro da haste: 2 1/2 in; Curso do pistão: 9in; Tipo do efeito: duplo; Clearance do lado da tampa: 25%; Clearance do lado da haste: 11%; Pressão de admissão manométrica: 400kPa; Pressão de descarga manométrica: 1.200kPa; Temperatura do gás na admissão: 32 o C; Massa molecular do gás natural: 17,5 g/mol; fator de compressibilidade na admissão: 0,95; fator de compressibilidade na descarga: 0,91; expoente adiabático do gás: 1,275. 8) Um compressor alternativo deverá atuar em um sistema sob as seguintes condições: Fluido: gás natural (k=1,22 e M=26,1 g) Pressão de sucção: 1.000kPa Temperatura de sucção: 23 o C Pressão de descarga: 3.600kPa Vazão pretendida: 330kg/min O acionamento é feito por motor elétrico com 1.200kW de potência máxima. O compressor tem as seguintes características: Tipo: dois cilindros iguais opostos, de duplo efeito, resfriado por circulação forçada, lubrificado. Diâmetro dos cilindros: 40cm Curso do pistão: 30 cm Diâmetro da haste: 9,4 cm Clearance: 18% Rotação: 400rpm Rendimento adiabático: 80% Rendimento mecânico: 93% Seus limites de resistência são assim especificados: Pressão máxima nos cilindros: 4.420kPa Temperatura máxima nos cilindros: 150 o C Carga máxima na haste: 364.000 N Máxima rotação: 500 rpm Potência máxima por cilindro: 800kW (à rpm máx.) Potência máxima total: 1.320kW (à rpm máx.) Verifique a possibilidade de operar a máquina nessas condições: (a) calculando a vazão mássica (considere Z1=0,96 e Z2=0,92) Compressores – Prof. Marcos Moreira 48 (b) calculando a potência total necessária para o acionamento (c) comparando a pressão de descarga desejada em relação à máxima permitida nos cilindros (d) calculando a temperatura de descarga (e) calculando a carga horizontal na haste (f) comparando a rotação de operação em relação à máxima admissível (g) calculando a potência por cilindro (função da rotação) (h) calculando a potência máxima total (função da rotação) 9) Determinar a potência do motor de acionamento e o diâmetro e o curso dos cilindros de um compressor alternativo de dois estágios destinado a comprimir 21kgf/h de ar até uma pressão efetiva de 175psig, com as seguintes características: MEC=0,8 refrigeração a ar por meio de aletas (n=1,25) número de efeitos=1 número de cilindros por estágio=1 rotação de 455rpm clearance=7% pressão do fluido a aspirar= 1,0333kgf/cm 2 temperatura do fluido a aspirar= 27 o C 10) Um compressor alternativo de dois estágio de duplo-efeito, resfriado, não lubrificado, será instalado num sistema de compressão com as seguintes características: Fluido: ar seco (k=1,4 e M=28,84 g) Pressão de sucção: 100kPa Temperatura de sucção: 30 o C Pressão de descarga: 900kPa Sabe-se que a temperatura prevista para o ar na saída do trocador de calor intermediário é de 30 o C. a) determine a relação adequada entre os volumes deslocados do primeiro e segundo estágios assumindo que ambos operem com o mesmo rendimento volumétrico. Considere ainda que não haja qualquer entrada ou saída intermediária de massa, e que o gás se comporte como perfeito. b) determine o volume deslocado apropriado para cada um dos estágios de modo que o compressor seja capaz de operar com vazão de 100kg/min. Admita um clearance de 16% para cada cilindro e rotação de 600rpm. Compressores – Prof. Marcos Moreira 49 c) suponha que haja uma falha no sistema de arrefecimento do trocador de calor intermediário e que nessas circunstâncias a pressão intermediária se eleve a 355kPa. Calcule a vazão mássica nessas condições. d) determine a pressão intermediária de equilíbrio na hipótese de uma extração de 20kg/min de ar entre os dois estágios. 11) Deseja-se operar um compressor alternativo de três estágios na compressão de gás natural com as seguintes razões de compressão: 3,12/2,32/3,10 nos primeiro, segundo e terceiro estágios, respectivamente. O compressor utiliza vedação de elastômero, de forma que não é recomendável que a temperatura do gás seja superior a 150 o C. Verifique se do ponto de vista apenas da temperatura é possível operar o compressor com estas razões de compressão. A temperatura de admissão no primeiro estágio é de 35 o C e nos demais é de 45 o C, obtida através de arrefecimento. O expoente adiabático do gás natural é de 1,299 e não varia muito durante a compressão, de forma que pode ser considerado constante. Considere que o gás natural nestas condições se comporta como gás ideal, e que a compressão é isentrópica. 12) Considerando o exercício anterior, quais seriam as temperaturas de descarga se a compressão fosse feita em apenas dois estágios? Considere que a temperatura na entrada do primeiro estágio é de 35 o C e de 45 o C no segundo, que a perda de pressão nas tubulações, resfriadores e acessórios é de 5% em cada estágio e que as razões de compressão são iguais nos dois estágios. 13) Calcule a potência total de acionamento de um compressor alternativo de pistão não lubrificado, com dois cilindros horizontais de duplo efeito, iguais e opostos, que comprimem gás em um estágio, cujas características do compressor e do gás estão relacionadas a seguir. Utilize para o cálculo do rendimento volumétrico a equação que considera se o compressor é ou não lubrificado. Rotação: 1.200rpm; Diâmetro do pistão: 13in; Diâmetro da haste: 2in; Curso do pistão: 8in; Clearance do lado da tampa: 25%; Clearance do lado da haste: 15%; Rendimento termodinâmico: 82%; Rendimento mecânico: 92,3%; Temperatura de admissão: 32 o C; Pressão manométrica de admissão: 500kPa; Pressão manométrica de descarga: 1.600kPa; Massa molecular: 17,5 g/mol; Expoente adiabático: 1,28; Fator de compressibilidade na admissão: 0,988; Fator de compressibilidade na descarga: 0,986. Compressores – Prof. Marcos Moreira 50 14) As curvas mostradas na figura a seguir representam o desempenho de um compressor centrífugo a ser instalado num sistema que deverá operar nas seguintes condições: p1=200kPa/T1=57 o C/p2=750kPa/M=27,44g/mol/k=1,3/MEC=0,98 Estime a vazão, a potência e a temperatura de descarga. 15) Suponha que sejam conhecidas as curvas características que aparecem na figura a seguir, preparadas para as seguintes condições de aspiração do gás: T1=27 o C/M=43,8g/mol/k=1,26 Estabeleça a curva para a rotação de 4.000rpm, considerando que o gás a ser utilizado apresente M=38 g/mol e expoente adiabático de 1,3. 16) O compressor centrífugo cujas curvas características são fornecidas na figura a seguir é utilizado para efetuar o transporte de um gás entre a unidade produtora e uma unidade consumidora, ligados por uma tubulação de 3.254m de comprimento equivalente, 0,5m de diâmetro e 0,014 de Compressores – Prof. Marcos Moreira 51 coeficiente de atrito (f=64/Re). O gás é produzido a 200kPa e 57 o C, possui M=27,44 g/mol e expoente adiabático de 1,3. Após a compressão, o gás é resfriado a 40 o C antes de entrar na tubulação. A pressão de recebimento na unidade consumidora é ajustada a 500kPa. O compressor se situra na unidade produtora e gira a 4.500rpm. Determine a vazão mássica transportada.
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