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VALORIZAÇÃO DA LITERATURA GOIANA 
 
Fábia Lourenço de Sousa 
Ana Maria de Sousa Santos 
Prof. Orientador: Ana Maria de Sousa Santos 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
Curso Letras - Língua Portuguesa e Respectiva Literatura (LED0085) - Trabalho de Graduação 
19/04/13 
 
RESUMO 
 
O presente estudo objetiva enfatizar a importância da valorização da Literatura de Goiás, bem 
como mencionar os três estágios realizados no decorrer do meu Curso de Letras – Língua 
Portuguesa e Respectiva Literatura do Centro Universitário Leonardo da Vinci – Polo Posse – GO 
designa também, contextualizar a Literatura Goiana juntamente com a Nacional enfatizando o 
tardio surgimento dos Movimentos Literários Regionais, uma vez que o tema “valorização das 
raízes goianas” foi pensado em um intuito de promover, despertar e sensibilizar os participantes do 
Projeto Cora Coralina quanto à leitura de produções literárias do Estado. 
 
Palavras-chaves: Literatura Goiana. Autores Goianos. Goiás. Projeto 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Trazer à tona a temática da Literatura Goiana foi abordar a história de Goiás juntamente com 
sua produção cultural que compreende elementos da realidade expressos em uma linguagem 
artística, contemplando uma forma de representação figurativa e poética de autores goianos 
inseridos em uma produção literária rica, porém pouco divulgada nacionalmente. Diante do exposto 
o presente vem enfatizar acerca da Literatura em Goiás e a “valorização das raízes goianas” e 
através do mesmo compreender quais motivos fizeram com que os estudos literários do Estado 
fossem considerados tardios. 
 Durante a realização do projeto Cora Coralina no qual corresponde ao Estágio III constatei 
que existe certa dificuldade para encontrarmos fontes documentais e bibliográficas adequadas sobre 
o tema em questão e este fato se dá principalmente pela falta de divulgação sobre a literatura 
regional goiana, valorização de autores de outras regiões, ou até mesmo de países em detrimento a 
nossa. 
Vale ressaltar que o citado projeto foi desenvolvido por um grupo de acadêmicas do Centro 
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Polo Posse – GO da qual sou integrante, o mesmo 
foi realizado entre os dias 21 e 27 de março de 2013 no Colégio Estadual João Honorato em São 
Domingos – GO. Ressalvo que a sala era composta de vinte e dois alunos que compreende a faixa 
2 
 
 
 
etária dos quatorze aos dezessete anos, o tema desenvolvido foi a “valorização das raízes goianas” 
objetivando contextualizar as origens históricas da Literatura Goiana juntamente com a Nacional e 
através do mesmo buscar compreender o legado a qual Cora Coralina deixou para cultura de Goiás. 
Para o desenvolvimento do projeto foram elaboradas aulas dinâmicas e criativas da temática 
em questão e para prática das apresentações realizamos juntamente com os alunos leitura de poemas 
e biografia de Cora, exibição do documentário De Lá Pra Cá sobre a poetisa, leitura dirigida e 
questionário acerca dos conteúdos ministrados. 
Quanto ao embasamento teórico, realizamos entrevistas com professores e alunos e para o 
complemento de dados teóricos, elaboramos uma pesquisa contendo enquetes sobre a importância 
do estudo da literatura goiana em sala de aula, tendo como método obter dados acerca da Literatura 
Goiana. 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
 A literatura pode ser definida como um dizer cheio de significados, ou ainda uma maneira 
de expressar por escrito todo o processo histórico e social do momento, porém com efeitos 
especiais, ou seja, a partir da figura ficcional, figurativa, imaginária, a mesma possui várias 
definições e dentro deste contexto, a maneira de expressar algo se interpõe de forma artística, 
histórica e literária. Com base no enunciado, a literatura é de suma importância, pois está inserida 
em um meio de reconhecer o passado de um povo, nos mostrar como era a sociedade de 
antigamente e como enfrentava seus problemas, assim sendo, os autores escreviam para que a 
sociedade pudesse refletir e mudar a situação a qual enfrentava. 
Com base no exposto, o projeto Cora Coralina abordou a Literatura Goiana com ênfase a 
“valorização das raízes goianas” abordando a poetisa a qual nomeou o projeto e para melhor 
entendimento da temática foi citado sobre a colonização do Estado de Goiás, esta por sua vez teve 
início com as expedições de bandeirantes que desbravaram o interior brasileiro em busca de 
minérios, principalmente ouro e prata, escravizaram indígenas e exterminavam quilombos, por 
exemplo, o de Palmares a qual tinha um líder por nome de Zumbi que lutou bravamente contra 
tropas lusitanas e após inúmeras tentativas sem sucesso a Coroa Portuguesa viu a necessidade de 
reorganizar um novo ataque, mas para isso contratou o bandeirante Domingos Jorge Velho e seu 
bando, conseguindo então, destruir o local totalmente. Perante o enunciado, o Estágio 
Supervisionado II desenvolvido na Escola Municipal Padre Geraldo Chiarine Ferraciolli localizada 
em São Domingos- GO abordou à valorização dos negros nos dias atuais. 
Para contextualização da Literatura Brasileira x Goiana enfatizei sobre as escolas literárias 
do Brasil, uma vez que as mesmas são divididas em várias fases, sendo elas: o Quinhentismo a qual 
3 
 
 
 
representou o início da literatura brasileira, pois, ocorreu no começo da colonização e é considerado 
de suma importância para a formação literária nacional, principalmente através dos autos e sermões 
de José de Anchieta e as cartas de Pero Vaz de Caminha. Após o período quinhentista estreou o 
Barroco, época marcada pelas oposições e conflitos espirituais entre o mundo real e material. Já o 
Arcadismo foi marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores, onde as obras árcades eram 
assinaladas por uma linguagem mais fácil, valorização da natureza e críticas à sociedade da época, 
principalmente com o autor Tomaz Antônio Gonzaga com as Cartas Chilenas. 
A Era Romântica foi caracterizada pelo individualismo, nacionalismo, idealização da 
mulher, espírito criativo e sonhador, culto a morte, valorização da liberdade, etc., no entanto o 
Realismo foi distinguido pela crítica a realidade social e os conflitos dos seres humanos. Com o fim 
da Era Realista, iniciou no Brasil o Parnasianismo com uma linguagem rebuscada, vocabulário 
culto, temas mitológicos e descrições detalhadas acarretando então, a ausência de críticas e 
problemas sociais vigentes na época. Logo, o período simbolista apreciou os mistérios da morte e 
dos sonhos com uso de uma linguagem abstrata, mística e religiosa. 
 Em 1902 inicia no Brasil o Pré – Modernismo, época de transição da Literatura Brasileira, 
onde os autores buscaram o uso de valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos 
problemas sociais em suas produções literárias. Em 1922 inicia o Modernismo Brasileiro com a 
Semana de Arte Moderna, evento considerado um marco para a produção literária nacional, pois os 
autores utilizaram temas urbanos e linguagem humorística. E finalmente em 1930 o Brasil é 
marcado pelo Neorrealismo, visto que os escritores retomaram as críticas e as denúncias dos 
grandes problemas sociais do Brasil. 
Porém, a Literatura Goiana não viveu todos os períodos literários nacionais, pois o Estado 
foi explorado aproximadamente duzentos anos após o Brasil e durante a fase exploratória, os 
desbravadores estavam preocupados somente com o lucro a qual as regiões auríferas iriam 
proporcioná - los, ou seja, os mesmos não estavam pensando na formação intelectual da população 
que ali residia, esta na maioria composta por índios. Este foi considerado um dos motivos que 
causou o retardamento da Literatura Goiana, porque nos primeiros cinquenta anos de povoamento o 
homem não viu necessidade nenhuma de fixar moradia em terras goiana e com uma desenfreada 
busca pelo metal áureo, o mesmo decaiu rapidamente e este acontecimento fez com que a populaçãode Goiás fosse obrigada a praticar a economia de subsistência. A partir deste episódio, o homem 
viu a necessidade de fazer da terra seu próprio lar voltando seu pensamento para evolução da 
literatura, iniciando então as primeiras manifestações literárias de Goiás sendo que estas não foram 
praticadas por goianos, mas sim, por escritores provenientes de outros Estados. 
 A Literatura Goiana é considerada morosa, principalmente pela distância da antiga capital 
dos grandes centros urbanos, desorganização social, ausência de troca cultural com as metrópoles, 
4 
 
 
 
carência de investimentos públicos no setor educacional e o tardio surgimento de centros de ensino. 
Apesar desses obstáculos que impediram de certa forma a expansão da Literatura em Goiás, a 
mesma possui escritores conhecidos nacionalmente, como: Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo 
Élis, José J. Veiga, Gilberto Mendonça Teles e Cora Coralina. 
Durante o desenvolvimento das aulas, frisei aos educandos que, enquanto os centros urbanos 
brasileiros viviam o apogeu do Romantismo, Goiás ainda não havia tido conhecimento da escola 
literária em questão, ou seja, continuava no marasmo e na indiferença de quem realmente pudesse 
dar atenção à realidade local, visto que nos anos iniciais de colonização os manifestos a qual se 
tinha conhecimento eram publicações de alguns jornais locais, estes sendo responsáveis pela grande 
maioria das atividades intelectuais do território goiano daquela época. E um dos empecilhos a qual 
causou o retardamento da Literatura em Goiás foi o isolamento geográfico, uma vez que, Vila Boa, 
antiga capital do Estado não proporcionou desenvolvimento econômico e social, visto que a cidade 
em questão era local para abrigar oligarquias de Goiás e esta por sua vez não tinha interesse de um 
crescimento intelectual da população goiana. No entanto, o jovem médico Dr. Pedro Ludovico foi 
um idealizador a frente do seu tempo, uma vez que o mesmo ousou transferir a capital do Estado 
para Goiânia. 
Ressaltando que esta tentativa já havia sido feita por outras pessoas, porém foram todas 
fracassadas. Enfrentando famílias poderosas que dominava o poder, Pedro Ludovico foi um 
empreendedor, pois defendeu a redemocratização de Goiás discorrendo acerca de uma cidade a qual 
proporcionasse desenvolvimento em todos os âmbitos. 
 Embora não fosse formado em Letras, o responsável pela transferência da capital de Goiás 
para Goiânia proporcionou um avanço na Literatura Regional, pois com a mudança da capital houve 
uma divulgação da cultura do Estado a nível nacional e por ter dado visibilidade a cultura goiana. 
 
Segundo Brasigóis Felício (1975, p. 17). 
 
 
“Goiânia começava a adquirir ares de metrópole, modernizando – se em todos os aspectos. 
A cidade começou a verticalizar – se, com uma população cada vez maior. Seus limites 
urbanos se estendendo indefinidamente para além dos bairros e áreas mais distantes. Diante 
deste crescimento não de se admirar que surgissem os escritores que, escapados do ciclo 
regional de nossa literatura urbana, tímida em seu principio, mas, em algumas obras e 
autores, violenta e verdadeira. É verdade que se pode contar nos dedos os autores e obras 
que registraram lances e instantes dessa vida citadina.” 
 
 
 
5 
 
 
 
2.2.1 Literatura Goiana 
A escrita dos primeiros livros literários em Goiás iniciou no século XVIII com os escritores 
Antônio Cordovil, Luis Antônio da Fonseca e os cronistas Luis Antônio da Silva e Sousa, Joaquim 
Teotônio Segurado. Já a era romântica foi apresentada por Joaquim Bonifácio de Siqueira, Félix de 
Bulhões
11
. O Realismo foi representado por Pedro Gomes, Gercino Monteiro, Ribeiro da Silva, 
Derval de Castro e Hugo de Carvalho Ramos. Merecem destaque os parnasianistas e simbolistas 
Érico Curado, Vasco dos Reis, Vítor de Carvalho Ramos e Leo Lynce. 
A Era modernista foi representada por João Accióli, José Godoy Garcia, Bernardo Élis, este 
considerado o precursor do Modernismo em Goiás. 
Apesar de Goiás ter representantes em quase todas as Escolas Literárias, a que mais 
destacou foi à romântica porque em 1940 ainda eram vigentes no Estado os escritores 
neorromânticos que nutriam o saudosismo, aboliam a espontaneidade e originalidade em suas 
produções literárias. Este fato fez com que o Modernismo chegasse a Goiás de forma lenta e tardia, 
desta forma, enquanto as ideias pré – modernistas brasileiras iniciaram em 1912 quando Oswald de 
Andrade participou de movimentos literários na Europa e consolidou – se em 1922 com a Semana 
da Arte Moderna em São Paulo liderada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor 
Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, entre outros. Estas ideias romperam 
com velhas e superadas formas de artes vigentes no Brasil, ou seja, a Semana de 22 representou 
uma verdadeira renovação na linguagem, arte, literatura e música causando grande alvoroço na 
sociedade da época. Em face ao exposto, as ideias pré – modernistas chegaram a Goiás somente 
em 1942 com a publicação da Revista Oeste com jovens escritores interessados em mudar as 
tendências artísticas e literárias do Estado, porém o Modernismo Goiano não destacou, uma vez 
que, as produções literárias foram marcadas pela influência de outros estados e até mesmos países; 
os parnasianistas e simbolistas ainda continuavam a produzir obras, visto que as ideias modernistas 
assim como outras escolas literárias foram manifestações tardias que permaneceram na retaguarda 
da literatura brasileira. 
Em 1945, organizou – se em Goiânia um grupo denominado Geração de 45, este 
representado por Bernardo Élis, que tinha por objetivo uma tentativa de ruptura com o sistema 
cultural dominante, porém só veio surtir efeito anos depois com a publicação do livro Ermos e 
 
1 Jornalista por índole bateu sem cessar pela emancipação dos escravos fazendo com que sua temática social 
aproximasse de Castro Alves. O poeta Antônio Félix de Bulhões (1845 – 1887) foi um dos goianos que mais lutou pela 
libertação dos escravos. Fundou o jornal O Libertador (1885), promoveu festas para angariar fundos para alforriar 
escravos e compôs o Hino Abolicionista Goiano. Com a sua morte, em 1887, várias sociedades emancipadoras se 
uniram e fundaram a Confederação Abolicionista Félix de Bulhões. Quando foi promulgada a Lei Áurea havia 
aproximadamente quatro mil escravos em Goiás. FONTE: http:www.goias.gov.br/paginas/conheca-
goias/historia/imperio. Acesso em: 05 abr. 2013. 
 
http://www.goias.gov.br/paginas/conheca-goias/historia/imperio
http://www.goias.gov.br/paginas/conheca-goias/historia/imperio
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Gerais do representante da geração em questão. Esta por sua vez significou um grande avanço para 
Literatura Goiana, pois foi possível romper com os velhos modelos romancistas, parnasianistas e 
simbolistas vigentes, ou seja, a partir de então os escritores Bernardo Élis, Eli Brasiliense, Léo 
Godoy, entre outros, puderam valorizar a realidade local. 
Em 1963 foi fundado em Goiás o GEN (Grupo de Escritores Novos) com intuito de 
valorizar o teatro, cinema e literatura realizando a poesia práxis e o neoconcretismo, porém houve 
contestação de diversas pessoas e o grupo desfez-se. Após tal feito formou – se dois grupos uns com 
ideais vanguardistas, outros neoconcretistas onde destacaram Adenor Aires, Miguel Jorge, Heleno 
Godoy, Emílio Vieira, etc. Vale ressaltar que vários escritores participaram dos Movimentos 
Literários de Goiás, mas que não filiaram a nenhum deles, como: José Mendonça Teles, Aida Félix, 
Coelho Vaz, Cora Coralina, dentre outros. 
 
2.2.2 Cora Coralina 
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas nasceu aos vinte dias do mês de agosto no ano de 
1889 em Goiás Velho – GO, antiga capital, do Estado, teve uma infância bastante sofrida, pois foi 
uma criança não desejada pelos seus pais e este fato fez com que a mesma encontrasserefúgio nos 
livros. Leitora assídua, principalmente dos autores Gregório de Matos, Frei Santa Rita Durão, Olavo 
Bilac, Tomaz Antônio Gonzaga entre outros e tal atitude fez com que Anica, como era chamada, ser 
vista pelos seus conterrâneos como uma garota ousada, uma vez que, em vez de dedicar – se a 
aprender os afazeres domésticos, escrevia poemas para jornais paulistas e estes eram publicados e 
apreciados pelo público leitor. 
Para conseguir destaque em suas produções literárias teve que adotar o pseudônimo Cora 
pelo fato de existir na sua cidade muitas “Anas”. 
Estudou apenas a terceira série primária, pelo fato de que meninas destinadas ao casamento 
não poderem estudar, todavia, esse fato não foi um obstáculo para Cora, pois ela continuou sua 
dedicação a escrever poemas. Já na idade adulta e ainda não ser casada era considerada uma 
solteirona, até que encontrou um rapaz por quem interessou, porém a família do futuro noivo ao 
ficar sabendo que Cora era uma pessoa que “vivia no mundo da lua” os pais do jovem se 
encarregaram de desfazer o namoro. Contudo, desiludida passou a dedicar com mais afinco nas suas 
poesias e após certo período chegou a sua cidade o Chefe de Segurança do Estado de Goiás, 
Cantídio Bretas, com o decorrer do tempo os dois passaram a namorar, só que Cora não imaginava 
que seu futuro marido era um homem separado e naquela época era terminantemente proibido uma 
jovem unir – se a uma pessoa separada. 
Após a autora de Tragédia na Roça ficar sabendo de tal verdade, a mesma não conseguiu 
deixar seu amado e isto foi um grande escândalo para sua conservadora cidade, visto que, o 
7 
 
 
 
alvoroço foi maior ainda quando sua mãe ficou sabendo que a Cora estava grávida. Decidida a lavar 
a alma da família, a matriarca decidiu que sua filha teria que ir para fazenda de seus familiares até 
dar a luz e Cantídio ir embora de Goiás. 
Determinada a viver um amor impossível, resolveu que a melhor solução seria fugir para 
São Paulo e este episódio refletiu de maneira negativa para sempre em sua vida. Chegando à cidade 
grande dedicou a cuidar de moradores de ruas, sua dedicação foi tamanha que em pouco tempo o 
local onde que era usado para abrigar os mendigos tornou – se a primeira escola de agronomia de 
Jaboticabal – SP. Mesmo contra a vontade de seu esposo, pois viveu em uma época em que 
mulheres não podiam exercer direito sob sua própria vida, continuou destacando em diversos 
setores, como: social, jornalístico político e literário onde foi convidada por Monteiro Lobato a 
participar da Semana da Arte Moderna, no qual foi impedida pelo seu esposo de fazer parte de tal 
evento. 
Após o falecimento de seu cônjuge, a poetisa perdeu o medo e voltou a sua terra natal para 
enfrentar a austeridade de muitos conterrâneos que ainda não havia perdoado o seu passado. 
Segundo José Mendonça Teles (1997, p. 138). 
 
“Quando Cora retornou a Goiás, em 1956, foi recebida friamente. Muitos contemporâneos, 
ainda vivos, relembravam, com certo menosprezo, as aventuras da mocinha que fugiu com 
um homem casado. Ninguém a perdoava, daí porque o seu recolhimento silencioso à Casa 
Velha da Ponte, onde entregou – se ao fabrico de doces caseiros. Enclausurada nas paredes 
centenárias que lhe relembravam toda a existência, começou a escrever seus poemas, e 
publicá – los em livros, segundo suas próprias palavras.”“ Tudo quanto eu escrevi e tenha 
publicado foi depois da minha volta a Goiás”. 
De volta à terra natal e sem condições financeiras para sustentar – se viu obrigada a dedicar 
a fabricação de doces, ou seja, durante a vida Cora foi considerada mais uma doceira do que 
poetisa, porém o tempo não apagou sua dedicação a escrever contos, poemas, etc., visto que a 
poetisa não escrevia por dinheiro, e sim por amor as letras, para se ter uma ideia a mesma publicou 
seu primeiro livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais aos 75 anos a qual contou com 
grande apoio do poeta modernista Carlos Drummond de Andrade
2
. 
 
2
 Carlos Drummond de Andrade poeta modernista de família abastada viajou muito para Europa de onde trouxe as 
ideias vanguardistas. Fundou o jornal O Pirralho, onde começou a produzir literatura. Idealizou o Movimento Pau Brasil 
e o Antropófago. FONTE: VÁRIOS AUTORES. Manual Global do Estudante. São Paulo: Difusão Cultural do 
Livro, 1999. 
 
8 
 
 
 
 
 FIGURA 01: Cora Coralina 
 FONTE: http://www.terraemarmusicas.com.br/ Acesso dia: 14/04/13 
Engana – se que a senhora que aparece na imagem com aparência frágil sabia apenas fazer 
doces e declamar poesias, mesmo com poucos estudos era uma leitora assídua e isso a auxiliou 
decifrar e interpretar o sentido das coisas que a cercavam e perceber o mundo sob diversas visões. 
Vale ressaltar que a autora em questão viveu fora dos grandes centros urbanos e dos modismos 
literários, mas produziu uma obra poética e rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, 
destancando a cidade de Goiás Velho. 
Objetos corriqueiros do dia a dia serviam de inspiração para a lírica, épica, dramática enfim, 
para a poetisa multi faces, Cora Coralina, que alçou voo e suas produções literárias saíram para 
além das fronteiras de seu Estado e hoje é estudada em diversos países, como: Canadá, França, 
Alemanha e Estados Unidos. 
Cora Coralina foi à primeira mulher a ganhar o prêmio Juca Pato este que era dedicado aos 
escritores intelectuais do ano oferecido pela Escola Brasileira de Goiás. A mesma também recebeu 
o título de Doutor Honóris Causa pela Universidade Federal de Goiás. 
Foi doutora, sem ao menos ter frequentado uma universidade, deixando para nós um grande 
acervo, dentre eles: “Estórias da Casa Velha da Ponte, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, 
Os Meninos Verdes, Meu Livro de Cordel, O Tesouro da Velha Casa, Becos de Goiás e Vintém de 
cobre: meias confissões de Aninha, A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu (Infantil)”. 
Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas faleceu aos noventa e seis anos em Goiânia, porém a 
admiração pelas suas obras aumentam cada vez mais, principalmente pelo fato de sua residência ter 
sido transformada no museu Cora Coralina tornando-se um centro atrativo em Goiás Velho. 
 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
Os Estágios Supervisionados I e III foram realizados no Colégio Estadual João Honorato, 
situado à Avenida Presidente Vargas, s/nº, Centro, São Domingos – GO localizado na área urbana. 
A citada instituição de ensino recebeu esse nome em homenagem ao dominicano João Honorato que 
http://www.terraemarmusicas.com.br/
9 
 
 
 
foi deputado estadual na Cidade Goiás Velho, antiga capital do Estado de Goiás. Outrora o 
educandário ofertava apenas as séries iniciais do Ensino Fundamental sob a direção exigente e 
disciplinada do Padre Geraldo Chiarini Ferraciolli, mas com o aumento da população e a crescente 
busca pela educação, viu – se a necessidade da ampliação da unidade escolar que ofertava o sistema 
parcial de ensino, onde o governo pagava uma parte e os pais o restante. Atualmente o colégio 
oferta a II Fase do Ensino Fundamental e Ensino Médio sob a direção da professora Queila Nere 
dos Santos esta por sua vez licenciada em Geografia e pós – graduada em Metodologias do Ensino 
de Geografia e História. 
De acordo com normas do Centro Universitário Leonardo da Vinci – Uniasselvi o estágio é 
desenvolvido em três etapas: observação, semi – regência e regência. Seguindo estas regras as aulas 
do Estágio I correspondeu à observação do desempenho dos alunos e professores e como 
consequência anotações pertinentes ao andamento das aulas. Através das mesmas, percebi a forma 
como os alunos comportavam frente aos conteúdos ministrados, participação e interação e a forma 
como os professores planejarame ministraram suas aulas e assim procurarei traçar o meu perfil com 
futura educadora. Defini essa etapa como um momento privilegiado para o meu desenvolvimento 
pessoal e profissional como futura licenciada em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva 
Literatura 
Já o Estágio II correspondente a semi – regência feito através do Projeto Abolição Inacabada 
foi realizado na Escola Municipal Padre Geraldo Chiarini Ferracioli situada à Rua B1 Quadra 1 
Lote 09 Setor Aeroporto em São Domingos – GO. O respectivo educandário foi criado pela Lei nº 
053/89 de 06/10/1996, recebeu este nome em homenagem ao Padre Geraldo Chiarine Ferraciolli e 
funciona nos turnos: matutino e vespertino onde trabalha com Educação Infantil e Ensino 
Fundamental do 1º ao 9º Ano, a maioria dos alunos residem no mesmo setor que é construída a 
escola, porém, outros moram na zona rural e necessitam do uso do transporte escolar realizado pela 
prefeitura e custeado pelo MEC – Ministério da Educação. Para melhoria de ensino aprendizagem 
dos educandos a Secretaria Municipal da Educação deste o ano de 2004 em parceira com a 
Prefeitura desenvolve vários projetos, como: Filarmônico, Som e Vida e de Redação e a publicação 
de livros, estes feitos pelos alunos no qual já foram publicados oito volumes: Brincando de Escrever 
volume I ao IV, Escrevendo e Lendo com Alegria, a Arte de Escrever - Pequenos Autores, este que 
é constituído através de narrativas, biografias, poemas, memórias e contos e recentemente foi 
produzido o livro a Arte de Fazer e Refazer. 
Durante a semi- regência, trabalhamos com o curta – metragem O Xadrez das Cores, onde 
foi abordada acerca da vida dos negros no pós – abolição e a importância dos mesmos para 
formação cultural brasileira, ou seja, através do Estágio II abordamos o preconceito a qual os negros 
sofreram no pós – escravidão, pois a maioria não conseguiu emprego, moradia e educação. A 
10 
 
 
 
ausência dessas condições mínimas de sobrevivência refletiu de maneira negativa sobre suas vidas, 
ou seja, a sociedade os tratavam de forma pejorativa fazendo com que a raça negra continuasse 
excluída da sociedade branca europeizada. Mencionamos ainda a importância da valorização do 
negro como cidadão nos dias atuais, uma vez que, milhões de africanos contribuíram 
significativamente para o enriquecimento de “pessoas” mal intencionadas que procuravam lucro 
fácil sob inocentes que eram obrigados a deixarem suas terras, costumes, para viverem em um local 
onde não tinham vez e nem vozes para lutar pelos seus direitos, ou seja, por meio das aulas 
ministradas, auxiliei a professora esclarecendo dúvidas dos educandos que a raça negra possui tanto 
valor quanto qualquer outra e, portanto, merecem respeito, pois a sua contribuição para o Brasil não 
foi somente como escravos e sim colaboraram para a formação cultural, social, econômica e 
literária brasileira. 
Logo, a regência do Estágio III abordou o tema “valorização das raízes goianas” que foi 
pensado em uma questão de conhecimento, reflexão, resgate e prática de leitura biográfica e de 
obras de autores goianos, estes que, na maioria das vezes não são conhecidos por inúmeros alunos 
de seu próprio estado. 
 Para que a temática da regência abrangesse de forma satisfatória, durante as aulas do 
projeto trabalhamos com pesquisas da internet sobre Literatura Goiana, biografia de Cora Coralina, 
conversa dirigida acerca da sua importância para a cultura goiana, bem como a exibição do 
Documentário de Lá Pra Cá sobre Cora Coralina, cujo objetivo foi sensibilizar e despertar a 
curiosidade e a reflexão sobre o tema abordado. Analisamos juntamente com os alunos o poema 
Menor Abandonado de Cora Coralina fazendo um paralelo com o contexto social da atualidade. 
Para elaboração de tal atividade foi enfatizado que a poesia é uma forma de expressão artística, que 
nos fala de diversos aspectos, como: sentimentos, lugares, história... Por fim, nos fala de 
acontecimentos vividos e presenciados pela mesma. 
Veja a seguir um trecho do Poema Menor Abandonado de Cora Coralina, a qual foi 
declamado pelos alunos e analisado pelas estagiárias estas que, ressaltaram a importância da 
postura, interpretação da mensagem, timbre da voz ao recitarem poemas. 
 
De onde vens, criança? 
Que mensagem trazes de futuro? [SIC] 
Por que tão cedo esse batismo impuro 
que mudou teu nome? 
 
 Em que galpão, casebre, invasão, favela, 
ficou esquecida tua mãe?... 
11 
 
 
 
E teu pai, em que selva escura 
se perdeu, perdendo o caminho 
do barraco humilde?... 
 
 Criança periférica rejeitada... 
Teu mundo é um submundo. 
Mão nenhuma te valeu na derrapada. 
Cora Coralina 
Nas estrofes acima citadas, podemos perceber como Cora Coralina era uma pessoa 
preocupada com as causas sociais e este foi um dos temas a qual fez parte de suas produções 
literárias, sendo que a autora deu ênfase também às prostitutas, ao menor abandonado, presidiários, 
e toda uma classe social discriminada. Apesar de, a mesma ter sido criticada por dar vez e voz aos 
menos favorecidos, isso não a impediu que fizesse parte dos seus contos e poemas. 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
A fim de obtermos dados teóricos acerca da Literatura Goiana aplicamos um questionário 
para os alunos da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual João Honorato localizado em São 
Domingos-Go. As primeiras questões correspondiam a um objetivo geral para sabermos quais tipos 
de leituras que os alunos mais praticavam. 
TABELA 1 – PREFERÊNCIAS DE LEITURAS 
Tipos de leituras Diariamente Semanalmente Mensalmente Anualmente 
Contos 02 10 07 03 
Jornais - 02 03 17 
Livros de estudos 12 07 - 03 
Livros literários 03 10 04 05 
Poesias 01 08 05 07 
Revistas 02 05 04 11 
Romance 01 02 08 11 
Textos da Internet 17 02 02 01 
FONTE: Pesquisa realizada com os alunos participantes do Projeto Cora Coralina 
 
 Analisando os resultados obtidos durante a realização da pesquisa com os itens: jornais e 
textos da internet, foi possível perceber que a leitura de textos da internet foi substituída por outros 
tipos de leitura, uma vez que à internet é de fácil acesso e tornou-se uma importante ferramenta 
utilizada no dia a dia dos estudantes, porém em conversa informal com o aluno J.B.S. o mesmo 
informou que a utilização da rede de computadores facilita muito as pesquisas no âmbito escolar, 
mas que deve ter certo cuidado com os sites, pois nem todos são confiáveis. 
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Avaliando o item jornal, este que oferece um campo inter e multidisciplinar para realização 
de estudos foi constatado que os alunos possuem pouco acesso ao mesmo, uma vez que o município 
não dispõe de tal meio de comunicação, no entanto, o aluno R.B.S relata que o jornal é um veiculo 
de comunicação muito importante , pois auxilia o enriquecimento vocabular, ortográfico e cultural 
de seus leitores. 
Partindo de um objetivo geral para particular foi aplicado questões acerca da leitura de obras 
pertencentes à Literatura Goiana e tal pesquisa tinha por intuito sabermos o conhecimento dos 
alunos acerca da Literatura em estudo. Após a realização das primeiras questões foi possível 
elaborar o seguinte gráfico: 
 
 GRÁFICO 1- LEITURA DE OBRAS PERTENCENTES A LITERATURA GOIANA 
 Fonte: Pesquisa realizada com os alunos participantes do Projeto Cora Coralina 
 
Com base no gráfico acima foi possível constatar que embora exista a Lei n° 6.979 de 19 de 
junho de 1968 que estabelece o ensino da Literatura Goiana nas Instituições de Ensino do Estado de 
Goiás, a maioria dos alunos envolvidos no Projeto Cora Coralina não havia lido nenhuma obra de 
escritores goianos. 
Questionados a respeito do porque de tal resultado, alguns alunos informaram que este fato 
se deve principalmente a falta de divulgação da literatura regional, indisponibilidade de livros, 
fontes bibliográficas, entre outros. 
Porém, valeressaltar que apesar do resultado obtido acima, Goiás possuem grandes 
escritores, por exemplo: Cora Coralina, Hugo de Carvalho Ramos e Bernardo Élis contista, 
regionalista e romancista goiano e precursor do Modernismo em Goiás. Captava a vida rural do 
interior dos cerrados onde morava com uso intenso da linguagem regional através do livro o Tronco 
que narra a disputa pelo poder entre grandes fazendeiros do Sul que comandam o governo, e 
coronéis do Norte do Estado. A fim de combater o poderio exercido pela família de Pedro Melo o 
coletor de impostos Vicente Lemos e enviado ao interior do Estado, chegando ao destino o coletor 
13 
 
 
 
pensou que iria promover a paz e a justiça sobre tal local, no entanto aconteceu o contrário e este 
fato deu inicio a luta armada entre os jagunços e os homens do governo. 
O título do livro faz referência ao instrumento de tortura, utilizado na repressão de escravos 
africanos e indígenas. Este instrumento de açoite continuava em pleno funcionamento e reprimia os 
desafetos dos coronéis, ou seja, através do mesmo realizava a materialização do poder oligárquico, 
a representação da dor e do sofrimento dos camponeses. 
A obra apresenta o universo sertanejo a partir da narrativa regionalista descrevendo de 
maneira poética a realidade do homem goiano, suas tradições, costumes, imaginários populares e ao 
mesmo tempo questionando as condições de vida dos personagens. 
Segundo Bernardo Élis (1979, p. 55). 
 
“Pelas serras e pelas bocaínas o piraí estalava e os burros gemiam, levando no lombo 
pisado os costais de mantimentos, roupas de cama, trem de cozinha e munição. A Serra de 
Jaraguá com suas matas ficou para trás; o rio Maranhão com sua caudal soturna foi 
transporto. Pelos caminhos do sertão, incertos caminhos cortados no mato ou no cerrado, a 
caravana avança sempre, em rol e ao sol e ao sereno. No deserto sem fim, as cidades e os 
povoados são minúsculas ilhas distantes uma das outras dezenas de léguas. O Sítios ou 
fazendas, quando existem, são como navios perdidos no ermo”. 
 
Além de Bernardo Élis, vale mencionar o regionalista Hugo de Carvalho Ramos com o livro 
Tropas e Boiadas que faz referência à atividade pecuarista em Goiás esta que, por sua vez 
desenvolveu de forma extensiva após a decadência do ciclo do ouro, pois o Estado era possuidor de 
grandes proporções de terras com pastagens fartas e isto favoreceu a criação de animais, uma vez 
que não demandava gastos a seus produtores atraindo então fazendeiros de São Paulo e Minas 
Gerais. 
Com o advento da economia açucareira no Nordeste e do café em São Paulo, cresceu a 
demanda para o abastecimento de bovinos, porém Goiás era carente em vias de acessos o que 
obrigava os fazendeiros a transportarem os animais através de tropas e boiadas e este acontecimento 
serviu de inspiração para os textos de Hugo de Carvalho que deu ênfase ao mundo rural, 
principalmente através das viagens dos tropeiros nas longas jornadas em que realizavam para 
transportar gados e cavalos de Goiás para outros estados, assim sendo, através dos contos de Tropas 
e Boiadas percebemos aspectos históricos, sociológicos e regionais, pois sua temática era centrada 
na região Centro – Oeste. 
O regionalismo presente na obra de Hugo de Carvalho Ramos aconteceu pelo fato da 
povoação do Brasil ter ocorrido em regiões distintas e distantes entre si auxiliando – o a definir 
traços culturais, a sociedade rural goiana e o falar sertanejo e através destas características surgiram 
o imaginário e folclórico da sociedade rural goiana. 
14 
 
 
 
De acordo com Hugo de Carvalho Ramos (1999, p. 51), por aquele tempo o Saci andava 
desesperado. Tinham – lhe surrupiado a cabaça de mandinga. O moleque, extremamente irritado, 
vagueava pelos fundões de Goiás. 
 A fim de investigarmos o porquê do resultado do gráfico acima, aplicamos outras questões 
com a preferência da nacionalidade e naturalidade dos autores. Diante do exposto foi possível 
construir o seguinte gráfico. 
 
 GRÁFICO 2 – PREFERÊNCIA/NACIONALIDADE E NATURALIDADE DOS AUTORES 
 Fonte: Pesquisa realizada com os alunos participantes do Projeto Cora Coralina 
 
Questionados a respeito de tal resultado a maioria dos alunos relataram que pelo fato da 
Literatura Goiana ser pouco divulgada nos meios de comunicação e na maioria das vezes 
desconhecerem sobre a literatura em questão e acabam optando por leitura de livros nacionais e 
estrangeiros a goianos. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Após a finalização do presente concluo que os estágios supervisionados são de suma 
importância na formação profissional do acadêmico, uma vez que, através dos mesmos podemos 
sair da vivência teórica e buscarmos dados concretos por meio da realização da prática, ou seja, 
iniciarmos a construção do profissional a qual almejamos ser, pois temos uma aproximação com o 
cotidiano escolar. 
Levando em consideração o período dedicado à semi- regência, posso falar com real 
convicção que foi de fundamental relevância, pois permitiu – me como futura professora a enfrentar 
os conflitos em sala de aula e procurar solucioná- los, além disso, não posso deixar de comentar a 
contribuição do professor regente, uma vez que, este transmitiu confiança e comprometimento com 
15 
 
 
 
as atividades educacionais realizadas no ambiente escolar. Já a regência, período em que 
correspondeu ao assumir a sala de aula, não auxiliou somente os alunos que estavam envolvidos no 
projeto, pois, realizei planos de aulas, seleção e preparação de material, elaboração de atividades 
diferenciadas, pesquisas, etc.; ressalvo que essas atividades contribuíram de forma significativa no 
meu futuro campo de atuação escolar, onde tive oportunidade de ter contato direto com alunos, à 
realidade da sala de aula e com o sistema educacional. Este período foi essencial para 
fundamentação teórica do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva 
Literatura e assim identificar e interpretar os problemas no ambiente escolar e tal fato permitiu 
reconhecer as potencialidades dos alunos, bem como traçar objetivos a serem alcançados em prol do 
ensino – aprendizado dos educandos. 
Em relação aos resultados obtidos através do Estágio Supervisionado III feito através do 
Projeto Cora Coralina que enfatizou a Literatura Goiana bem como quais motivos fizeram com que 
a mesma fosse considerada tardia, proporcionou– me a atuar de forma clara e objetiva, porque foi 
possível expor aos alunos que a literatura em questão é muito rica e diversificada e possui grandes 
autores de renomes, mas que a mesma é pouco divulgada a nível nacional, ou seja, por meio do por 
meio do citado projeto enfatizei sobre os avanços da literária de Goiás onde expliquei que, para a 
Literatura Goiana ser divulgada nacionalmente, principalmente na mídia não demandam apenas 
educandos x educadores, mas sim uma política de valorização da cultura goiana, bem como o 
aumento de investimentos em produções literárias regionais, mas enquanto isto não acontece de 
forma expansiva “nós” conterrâneos do estado de Goiás podemos contribuir para o aumento de 
leituras de livros pertencentes a autores goianos, pois, quando valorizamos as raízes literárias do 
nosso próprio estado estamos contribuindo de forma significativa para que a mesma possa ser 
inserida em um plano de destaque e concorrer não a nível de qualidade, mas de quantidade no 
cenário literário nacional. 
Quanto à participação dos educandos na realização do projeto, a mesma foi compreendida 
como satisfatória, pois os mesmos ficaram atentos quanto ao desenvolvimento das aulas, 
questionaram e discorreram suas opiniões acerca dos manifestos literários goianos, fazendo com 
que as ações do projeto se tornassem dinâmicas e o resultado final concretizado. 
Portanto, o tema valorização das raízes goianas foi desenvolvido de forma positiva, porque 
alémde discorrermos acerca dos manifestos literários de Goiás, houve uma estimulação e 
conscientização dos educandos para a prática da leitura de livros de autores goianos e tal resultado é 
compreendido como aceitável, visto que a temática surtiu resultados também para “nós” futuros 
professores, porque diante de todo o contexto histórico a qual o docente está inserido, preparar um 
projeto de estágio e por em prática é muito importante, pois não demandam apenas a atuação do 
16 
 
 
 
futuro profissional em si, mas também permite a vivência na escola, a participação dos alunos e a 
importância de estarmos preparados e em constante busca pela aquisição de conhecimentos. 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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4ªed.rev.ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 
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Indaial: Ed. Grupo UNIASSELVI, 2008. 
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17 
 
 
 
TELES, José Mendonça. No Santuário de Cora Coralina. 4ª Ed. Goiânia: Ed. Kelps, 2010. 
VÁRIAS AUTORAS. Projeto Abolição Inacabada. São Domingos – GO. 2012. 
VÁRIAS AUTORAS. Projeto Cora Coralina. São Domingos – GO. 2013. 
VÁRIOS AUTORES. Diretrizes e Regulamento de Estágio e Trabalho de Graduação. Indaial: 
Ed. Grupo UNIASSELVI, 2011. 
VÁRIOS AUTORES. Manual Global do Estudante. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 1999. 
VÁRIOS AUTORES. Pequenos Autores. Barreiras – BA: Ed. Polygraf - Gráfica. 2010.

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