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PORTUGUES PARA CARREIRAS POLICIAIS 3

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Caderno de Questões
Português
Questão 400: CESPE ­ Escr (PC BA)/PC BA/2013
Assunto: Linguagem
Texto para o item
O respeito às diferentes manifestações culturais é fundamental, ainda mais em um país como o Brasil, que apresenta tradições e costumes muito variados em todo o seu
território. Essa diversidade é valorizada e preservada por ações da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), criada em 2003 e ligada ao Ministério da
Cultura.
Cidadãos de áreas rurais que estejam ligados a atividades culturais e estudantes universitários de todas as regiões do Brasil, por exemplo, são beneficiados por um dos
projetos da SID: as Redes Culturais. Essas redes abrangem associações e grupos culturais para divulgar e preservar suas manifestações de cunho artístico. O projeto é
guiado por parcerias entre órgãos representativos do Estado brasileiro e as entidades culturais.
A Rede Cultural da Terra realiza oficinas de capacitação, cultura digital e atividades ligadas às artes plásticas, cênicas e visuais, à literatura, à música e ao artesanato.
Além disso, mapeia a memória cultural dos trabalhadores do campo. A Rede Cultural dos Estudantes promove eventos e mostras culturais e artísticas e apoia a criação de
Centros Universitários de Cultura e Arte.
Culturas populares e indígenas são outro foco de atenção das políticas de diversidade, havendo editais públicos de premiação de atividades realizadas ou em andamento,
o que democratiza o acesso a recursos públicos.
O papel da cultura na humanização do tratamento psiquiátrico no Brasil é discutido em seminários da SID. Além disso, iniciativas artísticas inovadoras nesse segmento
são premiadas com recursos do Edital Loucos pela Diversidade. Tais ações contribuem para a inclusão e socializam o direito à criação e à produção cultural.
A participação de toda a sociedade civil na discussão de qualquer política cultural se dá em reuniões da SID com grupos de trabalho e em seminários, oficinas e fóruns,
nos quais são apresentadas as demandas da população. Com base nesses encontros é que podem ser planejadas e desenvolvidas ações que permitam o acesso dos
cidadãos à cultura e a promoção de suas manifestações, independentemente de cor, sexo, idade, etnia e orientação sexual.
 
Identidade e diversidade. Internet: <www.brasil.gov.br/sobre/cultura/> (com adaptações).
Considerando as ideias e aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item a seguir.
A retirada da expressão de realce “é que” e a colocação de vírgula após o segmento “Com base nesses encontros” não acarretariam prejuízo gramatical ao período.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 401: IBFC ­ Papis (PC RJ)/PC RJ/2014
Assunto: Linguagem
Texto I
Notícia de Jornal
                               (Fernando Sabino)
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em
pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar
auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista
em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome.
Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um
pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa ­ não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o
homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer
de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve­se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão
de  fome,  pedindo  providências  às  autoridades.  As  autoridades  nada mais  puderam  fazer  senão  remover  o  corpo  do  homem. Deviam  deixar  que  apodrecesse,  para
escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de  inanição,  tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro,   Estado da Guanabara, um
homem morreu de fome.
(Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso em 10/09/14)
 
 
Texto II
O Bicho
     (Manuel Bandeira)
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Disponível em: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm, acesso em 10/09/2014)
 
Tanto na crônica (Texto I) quanto no poema (Texto II) os enunciadores não se limitam a apresentar o fato; eles também buscam causar comoção em seus leitores. A
função de linguagem que melhor retrata esse objetivo e os trechos que podem representar esse aspecto são, respectivamente:
 a) Função metalinguística; “Morreu de Fome” (texto I) e “ Meu Deus” (texto II).
 b) Função fática; “Leio no jornal” (texto I ) e “Vi ontem um bicho” (texto II).
 c) Função poética; “Leio no jornal” (texto I ) e “Vi ontem um bicho” (texto II).
 d) Função conativa, “Morreu de Fome” (texto I) e “ Meu Deus” (texto II).
 e) Função referencial; “Um homem de cor branca” (texto I); Na imundície do pátio”” (texto II)
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 402: IBFC ­ Papis (PC RJ)/PC RJ/2014
Assunto: Linguagem
Texto III
Corrida contra o ebola
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional, mas nada sugere que as medidas até agora adotadas
para refrear o avanço da doença tenham sido eficazes.
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da
enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia está fora de controle.
O  vírus  encontrou  ambiente  propício  para  se  propagar. De um  lado,  as  condições  sanitárias  e  econômicas  dos  países  afetados  são  as  piores  possíveis. De  outro,  a
Organização Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas localidades afetadas.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da entidade vêm de contribuições compulsórias dos países­
membros – o restante é formado por doações voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para
comparação, o CDC dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6 bilhões.
Os  cortes  obrigaram a OMS a  fazer  escolhas  difíceis.  A  agência  passou  a  dar mais  ênfase  à  luta  contra  enfermidades  globais  crônicas,  como doenças  coronárias  e
diabetes. O departamento de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus cargos.
Pesacontra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados.
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá­lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. Tornou­se crucial estabelecer um comando central
na África Ocidental, com representantes dos países afetados.
Espera­se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e
Guiné, respectivamente.
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo
perdido conta a favor da doença.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104­ editorial­corrida­contra­o­ebola.shtml: Acesso em: 08/09/2014)
 
A função da linguagem predominante no texto “Corrida contra o ebola” é a:
 a) metalinguística
 b) emotiva
 c) fática
 d) referencial
 e) apelativa
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 403: IBFC ­ Ag PJ (PC SE)/PC SE/2014
Assunto: Linguagem
Ética e moral: que significam?
 
(Leonardo Boff)
     
Face à crise generalizada de ética e de moral, importa   resgatar o sentido originário das palavras. Ética e moral é a   mesma coisa? É e não é.
1. O significado de ética
Ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações  e indicações que valem para todos, pois estão ancorados na  nossa própria humanidade. Que significa agir
humanamente?
 
O primeiro princípio do agir humano, chamado por isso de  regra de ouro, é esse: “não faças ao outro o que não queres que  te façam a ti". Ou positivamente: “faça ao
outro o que queres   que te façam a ti". Esse princípio áureo pode ser traduzido  também pela expressão de Jesus, testemunhada em todas as  religiões: “ama o próximo
como a ti mesmo". É o princípio do  amor universal e incondicional. Quem não quer ser amado?  Quem não quer amar? Alguém quer ser odiado ou ser tratado  com fria
indiferença? Ninguém.
 
Outro princípio da humanidade essencial,  é o  cuidado.   Toda vida precisa de  cuidado. Um  recém­nascido deixado à    sua própria  sorte morre poucas horas após. O
cuidado é tão   essencial que, se bem observarmos, tudo o que fazemos vem  acompanhado de cuidado ou falta de cuidado. Se fazemos com
cuidado, tudo pode dar certo e dura mais. Tudo o que amamos  também cuidamos.
 
A ética do cuidado hoje é fundamental: se não cuidarmos  do planeta Terra, ele poderá sofrer um colapso e destruir as  condições que permitem o projeto planetário
humano. A própria  política é o cuidado para com o bem do povo.
 
Outro princípio reside da solidariedade universal. Se  nossos pais não fossem solidários conosco quando nascemos  e nos tivessem rejeitado, não estaríamos aqui para
falar de  tudo isso. Se na sociedade não respeitamos as normas  coletivas em solidariedade para com todos, a vida seria impossível. A solidariedade para existir de fato
precisa sempre  ser solidariedade a partir de baixo, dos últimos e dos que mais  sofrem. A solidariedade se manifesta então como com­paixão.  Com­paixão quer dizer ter
a mesma paixão que o outro, alegrar­ se com o outro, sofrer com o outro para que nunca se sinta só  em seu sofrimento, construir junto algo bom para todos.
 
Pertence  também  à  humanidade  essencial  a  capacidade    e  a  vontade  de  perdoar.  Todos  somos  falíveis,  podemos  errar    involuntariamente  e  prejudicar  o  outro
conscientemente. Como   gostaríamos de ser perdoados, devemos  também nós perdoar.   Perdoar significa não deixar que o erro e o ódio  tenham a   última palavra.
Perdoar é conceder uma chance ao outro para  que possa refazer as relações boas.
 
Tais princípios e inspirações formam a ética. Sempre que surge o outro diante de mim, ai surge o imperativo ético de tratá­lo  humanamente. Sem tais valores a vida se
torna impossível.
 
Por isso, ethos, donde vem ética, significava para os gregos, a casa. Na casa cada coisa tem seu lugar e os que nela habitam devem ordenar seus comportamentos para
que  todos possam se sentir bem. Hoje a casa não é apenas a casa  individual de cada pessoa, é também a cidade, o estado e o  planeta Terra como casa comum. Eis,
pois, o que é a ética.  Vejamos agora o que é moral.
2. O significado de moral
A forma concreta como a ética é vivida, depende de cada cultura que é sempre diferente da outra. Um indígena, um chinês, um africano vivem do seu jeito o amor, o
cuidado, a  solidariedade e o perdão. Esse jeito diferente chamamos de  moral. Ética existe uma só para todos. Moral existem muitas, consoante as maneiras diferentes
como os seres humanos  organizam a vida. Vamos dar um exemplo. Importante é ter  uma casa(ética). O estilo e a maneira de construí­la pode variar  (moral). Pode ser
simples, rústica, moderna, colonial, gótica,  contanto que seja casa habitável. Assim é com a ética e a moral.
 
Hoje devemos construir juntos a Casa Comum para que  nela todos possam caber inclusive a natureza. Faz­se mister  uma ética comum, um consenso mínimo no qual
todos se possam encontrar. E ao mesmo tempo, respeitar as maneiras  diferentes como os povos organizam a ética, dando origem às várias morais, vale dizer, os vários
modos de organizar a  família, de cuidar das pessoas e da natureza, de estabelecer  os laços de solidariedade entre todos, os estilos de manifestar   o perdão.
 
A ética e as morais devem servir à vida, à convivência  humana e à preservação da Casa Comum, a única que temos  que é o Planeta Terra.
(Disponível em:  http://www.leonardoboff.com/site/vista/outros/etic...Acesso em:07/10/2014)
 
Nota: Para resolver a questão, considere o primeiro parágrafo do texto como o trecho “Ética é um conjunto...”.
Para validar seu argumento no segundo parágrafo do texto, o autor faz uso de todos os mecanismos listados abaixo, EXCETO:
 a) Reescritura de um enunciado.
 b) Referência a um discurso já consagrado.
 c) O emprego de um experiência pessoal.
 d) Perguntas retóricas, voltadas para a reflexão do leitor.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 404: FUNCAB ­ GPTI (SINESP)/SINESP/2015
Assunto: Linguagem
Texto para responder à questão.
 
Chove chuva
 
Água, água e mais água. É tudo o que eu tenho a oferecer. Escrever o maior número de vezes a palavra mágica, na certeza de que águas passadas não movem moinhos,
mas podem, de tanto serem sugeridas, sensibilizar os céus e fazer com que elas desabem sobre nós. E que depois se faça o arco­íris. Que depois apareça,  toda de
branco, toda molhada e despenteada, que maravilha!, a coisa linda que é o meu amor.
 
Eu gostaria de repetir a dança da chuva, a coreografia provocativa dos cheyennes, tantas vezes vista nos filmes. Falta­me o requebro. Temo também que o ridículo da
cena faça feitiço ir água abaixo. Eu gostaria de subir aos ares, como Santos Dumont tardio, bombardear as nuvens com cloreto de sódio. Se não desse certo, pelo menos
chegaria perto do ouvido de São Pedro e, com piadas do tipo "afogar o ganso" e "molhar o biscoito", faria com que o santo relaxasse e abrisse as torneiras.
 
De nada disso, no entanto, sou capaz. Fico aqui, no limite do meu oceano, jacaré no seco anda, escrevendo e evocando as águas que passaram pela ponte da memória.
Lembro, vizinha à minha casa, na Vila da Penha dos rios transbordantes, a compositora Zilda do Zé, de " As águas vão rolar". A sua força ancestral, grande sambista, eu
evoco agora, mesmo sabendo que a letra da música se refere à água que passarinho não bebe.
 
Todas as águas devem ser provocadas nesta imensa onda de pensamento positivo, e eu agora molho reverente os pés do balcão com o primeiro gole para o santo. Finjo­
se pau d' água e sigo em frente. Nem aí para os incréus, nem aí para os que zombam da fé, esses insensatos. A todos peço que leiam na minha camisa e não desistam: "
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura".
 
[...]
 
O  sonho  acabouhá  tempo,  e  lá  se  foi  John  Lennon morto.  Agora  chegou  a  nostalgia  da  água,  de  torcer  pelo  volume morto  e  sentir  saudade  de  ver  um  arco­íris
emoldurado o Pão de Açúcar de pois da pancada de verão. Como explicar a uma explicar a uma criança que sol e chuva é casamento de viúva? Como explicar a deliciosa
aflição de dormir se perguntando "será  que vai dar praia?", se agora todo dia é dia de sol?
 
A propósito, eu li o grande poeta sentado no banco da praia e sei que a sede é infinita, que na nossa secura de amar é preciso buscar a água implícita, o beijo tácito ­
mas acho que é poesia demais para uma hora dessas. Urge, como queria Benjor, que chova chuva. Canivetes. Gatos e cachorros. Se Joseph Conrad traduziu a guerra
com " o horror, o horror, o horror", chegou a vez de resumir o nosso tempo com " a seca, a seca, a seca" ­ e bater os tambores na direção contrária. Saúdo para que se
faça nuvem, e a todos cubra com seu divino manto líquido, a saudosa Maria, a santa carioca que a incomparável Marlene viu subindo o morro com a lata d´ água na
cabeça.
 
2015 promete ser terrível, mas há quem ache bom negócio refletir sobre os valores básicos da sobrevivência, que o homem está fazendo com o meio ambiente. Vai ser o
ano de valorizar como bem de consumo insuperável não o chanel nº 5, mas o cheiro da terra molhada depois do toró de fim de tarde. Que assim seja. Que se cumpra a
felicidade de ouvir Tom Jobim ao piano, tecla, gota a gota, celebrando a cena real de, lá fora, estar chovendo na roseira.
 
Ah,  quem me  dera  ligar  o  rádio  e  escutar  o  formidável  português  ruim  da  edição  extraordinária.  Aumentar  o  som para  deixar  o  locutor  gritar  ­  os  clichês  boiando
molhadinhos pelo tesão da notícia ­ que chove a cântaros em todos os quadrantes da Cidade Maravilhosa.
 
(SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Chove chuva. In: O Globo, 26/01/2015.)
 
No trecho "Todas as águas devem ser provocadas nesta imensa onda de pensamento positivo...", verifica­se:
 a) linguajar muito informal, o que motiva a ambiguidade presente, em desacordo com o que se deve praticar em um texto opinativo como esse.
 b) ambiguidade, em desacordo com o que deve ocorrer em um artigo de opinião, comprometendo, assim, a clareza do trecho.
 c) um desvio muito grande no curso argumentativo e semântico do texto, comprometendo a sequência dissertativo­argumentativa.
 d) linguagem muito formal e coerente ao gênero textual em questão, a dissertação argumentativa.
 e) uso intencionalmente ambíguo da linguagem, coerentemente ao campo semântico central do texto e às possibilidades do gênero textual crônica.
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Questão 405: FGV ­ AP (SEJAP MA)/SEJAP/2013
Assunto: Figuras de Linguagem
Leia o texto a seguir:
 
Tendências para as cadeias no futuro?
 
Na Malásia, uma equipe de designers e arquitetos elaborou um conceito de centro de detenção bastante diferente. O projeto consiste em um complexo prisional suspenso
no ar, o que em teoria dificultaria as tentativas de fuga, devido à altura potencialmente fatal de uma queda e à visibilidade que o fugitivo teria aos olhos dos pedestres na
parte de baixo.
 
A cadeia ainda teria espaços para manter um campo de agricultura, onde os detentos poderiam trabalhar para se autossustentar e até distribuir o excesso de alimento
produzido para a sociedade. Fábricas e centros de reciclagem também serviriam a esse propósito.
 
Visando reduzir os custos necessários para manter dezenas de agentes carcerários, o teórico social Jeremy Betham projetou uma instituição que manteria todas as celas
em  um  local  circular,  de  forma  que  fiquem  expostas  simultaneamente.  Dessa  forma,  apenas  alguns  poucos  guardas  posicionados  na  torre  no  centro  do  prédio  já
conseguiriam manter a vigilância sobre todos os detentos. Embora um presídio nesse estilo tenha sido construído em Cuba, ele nunca chegou a entrar em funcionamento.
 
Outra solução criativa foi pensada e realizada na Austrália, onde um centro de detenção foi elaborado a partir de containers de transporte de mercadorias em navios
modificados para servir como celas temporárias. Outra prisão na Nova Zelândia também passou a usar a mesma solução para resolver problemas de superlotação.
 
Entretanto, o conceito  tem causado muita polêmica, pois as condições das celas em containers seriam desumanas — o que  temos que  levar em consideração em se
tratando de um país tão quente. “Morar” em uma caixa de metal sob um sol de escaldar não deve ser nada agradável.
 
(Fernando Daquino, 04/11/2012 – Arquitetura)
“‘Morar’ em uma caixa de metal sob um sol de escaldar não deve ser nada agradável”.
 
Nesse último período do texto, o vocábulo ‘morar’ aparece entre aspas porque
 a) recebe um sentido especial, de valor positivo.
 b) indica uma expressão de autoria alheia.
 c) mostra um termo empregado em sentido afetivo.
 d) destaca um termo importante para o sentido do texto.
 e) apresenta um significado irônico.
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Questão 406: VUNESP ­ Med Leg (PC SP)/PC SP/2014
Assunto: Figuras de Linguagem
Leia o poema de Cecília Meireles para responder à questão.
“Encostei­me a ti, sabendo bem que eras somente onda. Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti. Como sabia bem tudo isso, e dei­me ao teu destino
frágil, Fiquei sem poder chorar, quando caí.”
Nesse poema, a fim de caracterizar a transitoriedade dos sentimentos, dos afetos, o eu lírico se vale de
 a) hipérbole, intensificando, por meio de expressões exageradas, o relacionamento amoroso.
 b) eufemismo, empregando termos como encostei­me e depus para amenizar a desilusão amorosa.
 c) antítese, apresentando expressões de sentido oposto, como Sabendo bem e sem poder chorar, a fim de realçar os sentimentos do eu lírico.
 d) metáfora, empregando palavras com sentido que não lhes é comum, para mostrar a fragilidade dos sentimentos da pessoa amada.
 e) pleonasmo, intensificando o sentimento amoroso do ser amado por meio da redundância.
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Questão 407: IBFC ­ Per Crim (PC RJ)/PC RJ/Biologia/2013
Assunto: Figuras de Linguagem
Texto I
 
Lágrimas e testosterona
Ele vivia furioso com a mulher. Por, achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa, deixava faltar comida na geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava
demais. Cada vez, porém, que queria repreendê­la por uma dessas coisas, ela começava a chorar. E aí, pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava
desistindo da briga, o que o deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o faria? Mais que isso, não entendia o seu próprio comportamento.
Considerava­se um cara durão, detestava gente chorona.
 
Por que o pranto da mulher o comovia tanto? E comovia­o à distância, inclusive. Muitas vezes ela se trancava no quarto para chorar sozinha, longe dele. E mesmo assim
ele se comovia de uma maneira absurda.
 
Foi então que  leu sobre a relação entre  lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi uma verdadeira revelação. Finalmente tinha uma explicação
lógica,  científica,  sobre o que estava acontecendo. As  lágrimas diminuíam a  testosterona em seu organismo, privando­o da natural agressividade do sexo masculino,
transformando­o num cordeirinho,
 
Uma ideia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? Era  que o seu irmão mais velho fazia, mas por carência do hormônio. Com ele conseguiu duas ampolas
do hormônio. Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias para que o nível da substância aumentasse em seu organismo e então chamar a esposa à
razão.
 
Decido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a receita. Enquanto isso era feito, ele, de repente, caiu no
choro, um choro tão convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?
 
É que eu tenho medo de injeção,ele disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu precipitadamente. Estava voltando para casa. Para a esposa e sua lágrimas.
 
(Moacyr Scliar)
 
Texto II
 
Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo. As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora do
nível de testosterona do homem que estiver por perto deixando o sujeito menos agressivo.
 
Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada ­ e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de
derrubar até o mais insensível dos durões. Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando. Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel
em lágrimas de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens. O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo
sentido, deixando­os menos machões.
 
(Publicado no caderno Ciência, da Folha de São Paulo, em 7 de janeiro de 2011) Textos disponíveis em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2802201105.htm,;acesso dia 16/07/2013)
 
Ao utilizar a palavra "cordeirinho" em "As lágrimas diminuíam a testosterona em seu organismo, privando­o da natural agressividade do sexo masculino, transformando­o
num cordeirinho" (3º parágrafo), o narrador utiliza a linguagem conotativa, por meio de uma:
 a)  metáfora
 b)  metanímia
 c)  antonomásia
 d)  apóstrofe
 e)  ironia
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Questão 408: IBFC ­ Per Crim (PC RJ)/PC RJ/Biologia/2013
Assunto: Figuras de Linguagem
Texto I
 
Lágrimas e testosterona
Ele vivia furioso com a mulher. Por, achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa, deixava faltar comida na geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava
demais. Cada vez, porém, que queria repreendê­la por uma dessas coisas, ela começava a chorar. E aí, pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava
desistindo da briga, o que o deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o faria? Mais que isso, não entendia o seu próprio comportamento.
Considerava­se um cara durão, detestava gente chorona.
 
Por que o pranto da mulher o comovia tanto? E comovia­o à distância, inclusive. Muitas vezes ela se trancava no quarto para chorar sozinha, longe dele. E mesmo assim
ele se comovia de uma maneira absurda.
 
Foi então que  leu sobre a relação entre  lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi uma verdadeira revelação. Finalmente tinha uma explicação
lógica,  científica,  sobre o que estava acontecendo. As  lágrimas diminuíam a  testosterona em seu organismo, privando­o da natural agressividade do sexo masculino,
transformando­o num cordeirinho,
 
Uma ideia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? Era  que o seu irmão mais velho fazia, mas por carência do hormônio. Com ele conseguiu duas ampolas
do hormônio. Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias para que o nível da substância aumentasse em seu organismo e então chamar a esposa à
razão.
 
Decido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a receita. Enquanto isso era feito, ele, de repente, caiu no
choro, um choro tão convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?
 
É que eu tenho medo de injeção, ele disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu precipitadamente. Estava voltando para casa. Para a esposa e sua lágrimas.
 
(Moacyr Scliar)
 
Texto II
 
Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo. As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora do
nível de testosterona do homem que estiver por perto deixando o sujeito menos agressivo.
 
Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada ­ e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de
derrubar até o mais insensível dos durões. Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando. Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel
em lágrimas de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens. O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo
sentido, deixando­os menos machões.
 
(Publicado no caderno Ciência, da Folha de São Paulo, em 7 de janeiro de 2011) Textos disponíveis em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2802201105.htm,;acesso dia 16/07/2013)
 
O  texto II é um fragmento de uma notícia, publicada pela Folha de São Paulo, cujo objetivo é divulgar para a população uma descoberta científica. Sendo assim, de
acordo  com  a  pretensa  ideia  da  imparcialidade  jornalística,  o  repórter  que  a  redigiu  deveria  mantê­la  isenta  de  comentários  pessoais.  Assinale  a  alternativa  que
representa uma utilização referencial da linguagem, própria do discurso jornalístico.
 a)  "Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo" (1º parágrafo)
 b)  "Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada ­ e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina (...)" (2º
parágrafo)
 c)  "Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel em lágrimas de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens" (2º parágrafo)
 d)  "O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido, deixando­os menos machões" (2º parágrafo)
 e)  "(...) com sua reputação de derrubar até o mais insensível dos durões" (2º parágrafo)
 
 
 
Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 409: IBFC ­ Per Crim (PC RJ)/PC RJ/Biologia/2013
Assunto: Figuras de Linguagem
Texto
 
O silêncio é um grande tagarela
 
Acredite se quiser. O silêncio tem voz. O silêncio fala. O que é perfeitamente normal no universo humano. Ou você pensa que só ou nosso falar, comunica? O silêncio
também comunica. E muito. O silêncio pode dizer muita coisa sobre um líder, uma organização, uma crise, uma relação.
 
Mesmo que a nudez  seja uma ação estratégica, não adianta.  Logo mais, alguém vai  criar uma versão sobre aquele  silêncio.  Interpretá­lo e  formar uma opinião. As
percepções serão múltiplas. As interpretações vão correr soltas. As opiniões formarão novas opiniões e multiplicarão comentários. O silêncio, coitado, que só queria se
preservar acabou alimentando uma rede de conversas a seu respeito. Porque não adianta fingir que ninguém viu, que passou despercebido. Não passou. Nada passa
despercebido ­ nem o silêncio.
 
A rádio corredor então, é imediata. Na roda do café, no almoço, no happy­hour. Todos os empregados vão comentar o que perceberam com aquele silêncio oficial, com o
que ficou sem uma resposta. Com o que ficou no ar. Com a falta da comunicação interna.
 
E as redes sociais, com suas vastidões de blogs, chats, comunidades e demais canais vão falar, vão comentar e construir uma imagem a respeito do silêncio. Porque o
silêncio, que não se defende porque não emite sua versão oficial ­ perde uma grande oportunidade de esclarecer, de dar volta por cima e mudar percepções, influenciar.
Porque se a palavra liberta, conecta, use; o silêncio perde, esconde, confunde, sonega.
 
Afinal, não existem relações humanas sem comunicação. Sem conversa. São as pessoas que dão vida e voz às empresas, aos governos e às organizações. Mesmo dois
mudos se comunicam por sinais e gestos. Portanto, o silêncio também fala. Mesmo que não queira dizer nada.
 
Por  isso,  é  preciso  conversar.  Sabe  o  quê,  quando,  como  falar.  Sabe  ouvir.  Saber  responder.  Interagir.  Este  é  um  mundo  que  clama  por  diálogo.  Que  demanda
transparência. Assim como os mercados, os clientes e os consumidores. Assim como os cidadãos e os eleitores, mais do que nunca! E o silêncio é uma voz ruidosa. nunca
foi bom conselheiro. Desde a briga de namorados. Até as suspeitas de escândalos financeiros, fraudes, desastres ambientais, acidentesde trabalho.
 
O silêncio é um canto de sereia. Só parece uma boa solução, por que a voz do silêncio é um grito com enorme poder de eco. E se você não gosta do que está ouvindo,
preste atenção no que está emitindo. Pois de qualquer maneira,  sempre vai comunicar alguma coisa. Quer queira, quer não. De maneira planejada, sendo previdente. Ou
apagando incêndios, com enormes custos para a organização, o valor da marca, a motivação dos empregados e o próprio futuro do negócio.
 
Enfim, o silêncio nem parece, mas é um grande tagarela.
 
(Luiz Antônio Gaulia) Disponível em http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_veasp?ID_COLUNA=96&ID_COLUNISTA=27 Acesso em 19/07/2013
 
Ao  fazer  referência ao silêncio no  texto, o autor confere ao  tema um sentindo expressivo em virtude, especialmente, do uso  recorrente de uma  figura de  linguagem
conhecida como:
 a)  metonímia
 b)  personificação
 c)  hipérbole
 d)  eufemismo
 e)  gradação
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Questão 410: IBFC ­ Papis (PC RJ)/PC RJ/2014
Assunto: Figuras de Linguagem
Texto I
Notícia de Jornal
                               (Fernando Sabino)
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em
pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar
auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista
em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome.
Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um
pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa ­ não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o
homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer
de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve­se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão
de  fome,  pedindo  providências  às  autoridades.  As  autoridades  nada mais  puderam  fazer  senão  remover  o  corpo  do  homem. Deviam  deixar  que  apodrecesse,  para
escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de  inanição,  tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro,   Estado da Guanabara, um
homem morreu de fome.
(Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso em 10/09/14)
 
Em “Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens.” (7º§), pode­se reconhecer a seguinte figura de linguagem:
 a) Metonímia
 b) Paradoxo
 c) Antítese
 d) Ironia
 e) Eufemismo
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Questão 411: IBFC ­ Esc (PC SE)/PC SE/2014
Assunto: Figuras de Linguagem
Eficiência militar
(Historieta Chinesa)
LI­HU ANG­PÔ, vice­rei de Cantão, Império da China, Celeste Império, Império do Meio, nome que lhe vai a calhar, notava que o seu exército provincial não apresentava
nem garbo marcial, nem tampouco, nas últimas manobras, tinha demonstrado grandes aptidões guerreiras.
Como toda a gente sabe, o vice­rei da província de Cantão, na China, tem atribuições quase soberanas. Ele governa a província como reino seu que houvesse herdado de
seus pais, tendo unicamente por lei a sua vontade.
Convém não esquecer que isto se passou, durante o antigo regime chinês, na vigência do qual, esse vice­rei tinha todos os poderes de monarca absoluto, obrigando­se
unicamente a contribuir com um avultado tributo anual, para o Erário do Filho do Céu, que vivia refestelado em Pequim, na misteriosa cidade imperial, invisível para o
grosso do seu povo e cercado por dezenas de mulheres e centenas de concubinas. Bem.
Verificado esse estado miserável do seu exército, o vice­ rei Li­Huang­Pô começou a meditar nos remédios que devia aplicar para levantar­lhe o moral e tirar de sua força
armada maior rendimento militar. Mandou dobrar a ração de arroz e carne de cachorro, que os soldados venciam. Isto, entretanto, aumentou em muito a despesa feita
com a força militar do vice­reinado; e, no intuito de fazer face a esse aumento, ele se lembrou, ou alguém lhe lembrou, o simples alvitre de duplicar os impostos que
pagavam os pescadores, os fabricantes de porcelana e os carregadores de adubo humano ­ tipo dos mais característicos daquela babilônica cidade de Cantão.
Ao fim de alguns meses, ele tratou de verificar os resultados do remédio que havia aplicado nos seus fiéis soldados, a fim de dar­lhes garbo, entusiasmo e vigor marcial.
Determinou que se realizassem manobras gerais, na próxima primavera, por ocasião de florirem as cerejeiras, e elas tivessem lugar na planície de Chu­Wei­Hu ­ o que
quer dizer na nossa língua: “planície dos dias felizes”. As suas ordens foram obedecidas e cerca de cinqüenta mil chineses, soldados das três armas, acamparam em Chu­
Wei­Hu, debaixo de barracas de seda. Na China, seda é como metim aqui.
Comandava em chefe esse portentoso exército, o general Fu­Shi­Tô que tinha começado a sua carreira militar como puxador de tílburi* em Hong­Kong. Fizera­se tão
destro nesse mister que o governador inglês o tomara para o seu serviço exclusivo.
Este fato deu­lhe um excepcional prestígio entre os seus patrícios, porque, embora os chineses detestem os estrangeiros, em geral, sobretudo os ingleses, não deixam,
entretanto,  de  ter  um  respeito  temeroso  por  eles,  de  sentir  o  prestígio  sobre   humano  dos  “diabos  vermelhos”,  como  os  chinas  chamam os  europeus  e  os  de  raça
europeia.
Deixando a famulagem do governador britânico de Hong­ Kong,Fu­Shi­Tô não podia ter outro cargo, na sua própria pátria, senão o de general no exército do vice­rei de
Cantão. E assim foi ele feito, mostrando­se desde logo um inovador, introduzindo melhoramentos na tropa e no material bélico, merecendo por isso ser condecorado, com
o dragão imperial de ouro maciço. Foi ele quem substituiu, na força armada cantonesa, os canhões de papelão, pelos do Krupp; e, com isto, ganhou de comissão alguns
bilhões de  taels* que repartiu com o vice­rei. Os  franceses do Canet queriam  lhe dar um pouco menos, por  isso ele  julgou mais perfeitos os canhões do Krupp, em
comparação com os do Canet. Entendia, a fundo, de artilharia, o ex­fâmulo do governador de Hong­Kong.
O exército de Li­Huang­Pô estava acampado havia um mês, nas “planícies dos dias felizes”, quando ele se resolveu a ir assistir­lhe as manobras, antes de passar­lhe a
revista final.
O vice­rei, acompanhado do seu séquito, do qual fazia parte o seu exímio cabeleireiro Pi­Nu, lá foi para a linda planície, esperando assistir a manobras de um verdadeiro
exército germânico. Antegozava isso como uma vítima sua e, também, como constituindo o penhor de sua eternidade no lugar rendoso de quase rei da rica província de
Cantão. Com um forte exército à mão, ninguém se atreveria a demiti­lo dele. Foi.
Assistiu às evoluções com curiosidade e atenção. A seu lado, Fu­Shi­Pô explicava os temas e os detalhes do respectivo desenvolvimento,com a abundância e o saber de
quem havia estudado Arte da Guerra entre os varais de um cabriolet*.
O vice­rei, porém, não parecia satisfeito. Notava hesitações, falta de élan na tropa, rapidez e exatidão nas evoluções e pouca obediência ao comando em chefe e aos
comandados particulares; enfim, pouca eficiência militar naquele exército que devia ser uma ameaça à China inteira, caso quisessem retirá­lo do cômodo e rendoso lugar
de vice­rei de Cantão. Comunicou isto ao general, que lhe respondeu:
­ É verdade o que Vossa Excelência Reverendíssima, Poderosíssima, Graciosíssima, Altíssima e Celestial diz; mas os defeitos são fáceis de remediar.
­ Como? perguntou o vice­rei.
­ É simples. O uniforme atual muito se parece com o alemão: mudemo­lo para uma imitação do francês e tudo estará sanado.
Li­Huang­Pô pôs­se a pensar, recordando a sua estadia em Berlim, as festas que os grandes dignatários da corte de Potsdam lhe fizeram, o acolhimento do Kaiser e,
sobretudo,  os  taels  que  recebeu  de  sociedade  com o  seu  general  Fu­ShiPô...  Seria  uma  ingratidão; mas...  Pensou  ainda  um pouco;  e,  por  fim,  num  repente,  disse
peremptoriamente:
­ Mudemos o uniforme; e já!
(Lima Barreto)
*tael:unidade monetária e de peso da China;
*cabriolet:tipo de carruagem;
*tílburi: carro de duas rodas e dois assentos comandados por um animal.
*famulagem:grupo de criados
Entender um texto não significa apenas saber ler o que está escrito; é preciso perceber as sutilezas daquilo que pode estar apenas sugerido. Sendo assim, evidencia­se,
por parte do narrador, ao longo do texto, e em especial no trecho abaixo, uma postura:
“O vice­rei, acompanhado do seu séquito, do qual fazia parte o seu exímio cabeleireiro Pi­Nu, lá foi para a linda planície, esperando assistir a manobras de um verdadeiro
exército germânico. ” (11°§)
 a) irônica
 b) desleixada
 c) elogiosa
 d) pessimista
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Questão 412: IBFC ­ Ag Seg Soc (SEDS MG)/SEDS MG/2014
Assunto: Figuras de Linguagem
Texto
Cidadão
(Zé Ramalho)
Compositor: Lúcio Barbosa
 
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
 
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Porque que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
 
No verso “Essa dor doeu mais forte”, pode­se perceber a presença de uma figura de linguagem denominada:
 a)  ironia
 b)  pleonasmo
 c)  comparação
 d)  metonímia
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Questão 413: IBFC ­ Ag Seg Pen (SEDS MG)/SEDS MG/2014
Assunto: Variações linguísticas (forma e informal)
Emoções mapeadas
Estudo mostra quais regiões do corpo são ‘ativadas’ por
sentimentos como raiva e felicidade e conclui que sensações
têm caráter universal
(Monique Oliveira)
Aperto no peito, frio na barriga, cabeça quente. Quem nunca usou essas expressões para traduzir uma emoção?
A sabedoria popular já sabe que emoções causam alterações físicas. Os cientistas também: a rigor, emoção é o estímulo que afeta o sistema límbico [região do cérebro
que a processa] e é capaz de mudar o sistema periférico.
 
Faltava saber exatamente onde essas mudanças físicas ocorrem, o que pode ajudar a melhor definir as emoções e entender os transtornos afetados por elas.
 
No intuito de responder a essa questão, cientistas da Universidade de Aalto em parceria com a Universidade de Turku, ambas na Finlândia, pediram a 700 voluntários que
indicassem quais áreas do corpo sofriam alterações quando sentiam uma determinada emoção.
 
Para incitar cada estado emocional, foram usadas palavras, músicas e filmes. As alterações sentidas podiam ser de qualquer ordem ­ dor e calor, por exemplo.
 
Com os dados, um software montou um único circuito para cada emoção ­ raiva, medo, desgosto, felicidade, tristeza e surpresa (chamadas de básicas) e ansiedade,
amor, depressão, desprezo e orgulho (tidas como correlatas).
 
“Tanto  o  computador  como  outras  pessoas  reconheceram  as  emoções  descritas,  o  que  denota  o  seu  aspecto  universal”,  disse  à  Folha  Riitta  Hari,  professora  da
Universidade Aalto e uma das autoras do estudo, publicado na revista da Academia de Ciências dos EUA, “PNAS”.
Assim, emoções ligadas à excitação, como raiva e felicidade, foram associadas com ativações e calor dos membros superiores.
Já as emoções que indicam estado depressivo ou de tristeza foram relacionadas a menor atividade nos membros inferiores, como adormecimento das pernas e pés.
Sensações no sistema digestório e ao redor da garganta foram relacionadas a desgosto. Felicidade foi a única emoção associada com calor e ativações no corpo inteiro.
O estudo pode ajudar a identificar emoções nem sempre distinguíveis, como tristeza e desgosto. [...]
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/151651­emocoes­mapeadas.shtml. Acesso em: 11/02/2014)
 
Em relação ao predomínio da modalidade de uso da Língua empregada no texto, é correto afirmar que:
 a)  se trata de um registro informal voltado para um público leitor bem amplo.
 b)  corresponde a um registro formal com a presença, inclusive de termos técnicos.
 c)  corresponde a um registro coloquial com o uso de termos técnicos que dificultam a compreensão.
 d)  se trata de um registro informal marcado por inúmeros marcadores de oralidade.
 
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Questão 414: IBFC ­ Ag Seg Soc (SEDS MG)/SEDS MG/2014
Assunto: Variações linguísticas (forma e informal)
Texto
Cidadão
(Zé Ramalho)
Compositor: Lúcio Barbosa
 
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
 
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Porque que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu tambémnão posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
 
O desvio de concordância, presente na primeira estrofe do texto, revela:
 a)  o descuido do autor no trato da Língua.
 b)  a representação do discurso do possível leitor.
 c)  um exemplo de formalidade.
 d)  uma variante social do uso da Língua.
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Questão 415: FUNCAB ­ GPTI (SINESP)/SINESP/2015
Assunto: Variações linguísticas (forma e informal)
Texto para responder à questão.
 
Chove chuva
 
Água, água e mais água. É tudo o que eu tenho a oferecer. Escrever o maior número de vezes a palavra mágica, na certeza de que águas passadas não movem moinhos,
mas podem, de tanto serem sugeridas, sensibilizar os céus e fazer com que elas desabem sobre nós. E que depois se faça o arco­íris. Que depois apareça,  toda de
branco, toda molhada e despenteada, que maravilha!, a coisa linda que é o meu amor.
 
Eu gostaria de repetir a dança da chuva, a coreografia provocativa dos cheyennes, tantas vezes vista nos filmes. Falta­me o requebro. Temo também que o ridículo da
cena faça feitiço ir água abaixo. Eu gostaria de subir aos ares, como Santos Dumont tardio, bombardear as nuvens com cloreto de sódio. Se não desse certo, pelo menos
chegaria perto do ouvido de São Pedro e, com piadas do tipo "afogar o ganso" e "molhar o biscoito", faria com que o santo relaxasse e abrisse as torneiras.
 
De nada disso, no entanto, sou capaz. Fico aqui, no limite do meu oceano, jacaré no seco anda, escrevendo e evocando as águas que passaram pela ponte da memória.
Lembro, vizinha à minha casa, na Vila da Penha dos rios transbordantes, a compositora Zilda do Zé, de " As águas vão rolar". A sua força ancestral, grande sambista, eu
evoco agora, mesmo sabendo que a letra da música se refere à água que passarinho não bebe.
 
Todas as águas devem ser provocadas nesta imensa onda de pensamento positivo, e eu agora molho reverente os pés do balcão com o primeiro gole para o santo. Finjo­
se pau d' água e sigo em frente. Nem aí para os incréus, nem aí para os que zombam da fé, esses insensatos. A todos peço que leiam na minha camisa e não desistam: "
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura".
 
[...]
 
O  sonho  acabou  há  tempo,  e  lá  se  foi  John  Lennon morto.  Agora  chegou  a  nostalgia  da  água,  de  torcer  pelo  volume morto  e  sentir  saudade  de  ver  um  arco­íris
emoldurado o Pão de Açúcar de pois da pancada de verão. Como explicar a uma explicar a uma criança que sol e chuva é casamento de viúva? Como explicar a deliciosa
aflição de dormir se perguntando "será  que vai dar praia?", se agora todo dia é dia de sol?
 
A propósito, eu li o grande poeta sentado no banco da praia e sei que a sede é infinita, que na nossa secura de amar é preciso buscar a água implícita, o beijo tácito ­
mas acho que é poesia demais para uma hora dessas. Urge, como queria Benjor, que chova chuva. Canivetes. Gatos e cachorros. Se Joseph Conrad traduziu a guerra
com " o horror, o horror, o horror", chegou a vez de resumir o nosso tempo com " a seca, a seca, a seca" ­ e bater os tambores na direção contrária. Saúdo para que se
faça nuvem, e a todos cubra com seu divino manto líquido, a saudosa Maria, a santa carioca que a incomparável Marlene viu subindo o morro com a lata d´ água na
cabeça.
 
2015 promete ser terrível, mas há quem ache bom negócio refletir sobre os valores básicos da sobrevivência, que o homem está fazendo com o meio ambiente. Vai ser o
ano de valorizar como bem de consumo insuperável não o chanel nº 5, mas o cheiro da terra molhada depois do toró de fim de tarde. Que assim seja. Que se cumpra a
felicidade de ouvir Tom Jobim ao piano, tecla, gota a gota, celebrando a cena real de, lá fora, estar chovendo na roseira.
 
Ah,  quem me  dera  ligar  o  rádio  e  escutar  o  formidável  português  ruim  da  edição  extraordinária.  Aumentar  o  som para  deixar  o  locutor  gritar  ­  os  clichês  boiando
molhadinhos pelo tesão da notícia ­ que chove a cântaros em todos os quadrantes da Cidade Maravilhosa.
 
(SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Chove chuva. In: O Globo, 26/01/2015.)
 
Apresenta­se como construção com evidentes marcas de oralidade, fugindo, portanto, a uma escrita formal:
 a) " Eu gostaria de subir aos ares, como um Santos Dumont tardio..."
 b) " A propósito, eu li o grande poeta sentado no banco da praia..."
 c) " Nem aí para os incréus, nem aí para os que zombam da fé..."
 d) " A sua força ancestral, grande sambista, eu evoco agora..."
 e) ".... chove a cântaros em todos os quadrantes da Cidade Maravilhosa."
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Questão 416: CESPE ­ APF/PF/2012
Assunto: Vícios de Linguagem (pleonasmo, ambiguidade, cacofonia etc)
Romance LXXXI ou Dos Ilustres Assassinos
Ó grandes oportunistas,
sobre o papel debruçados,
que calculais mundo e vida
em contos, doblas, cruzados,
que traçais vastas rubricas
e sinais entrelaçados,
 com altas penas esguias
embebidas em pecados!
Ó personagens solenes
que arrastais os apelidos
como pavões auriverdes
seus rutilantes vestidos,
− todo esse poder que tendes
confunde os vossos sentidos:
a glória, que amais, é desses
que por vós são perseguidos.
Levantai­vos dessas mesas,
saí de vossas molduras,
vede que masmorras negras,
que fortalezas seguras,
que duro peso de algemas,
que profundas sepulturas
nascidas de vossas penas,
de vossas assinaturas!
Considerai no mistério
dos humanos desatinos,
e no polo sempre incerto
dos homens e dos destinos!
Por sentenças, por decretos,
pareceríeis divinos:
e hoje sois, no tempo eterno,
como ilustres assassinos.
Ó soberbos titulares,
tão desdenhosos e altivos!
Por fictícia autoridade,
vãs razões, falsos motivos,
inutilmente matastes:
− vossos mortos são mais vivos;
e, sobre vós, de longe, abrem
grandes olhos pensativos.
Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267­8.
Com base no poema acima, julgue o item subsequente.
Considerando­se as relações entre os termos da oração, verifica­se ambiguidade no emprego do adjetivo "pensativos" (v. 40), visto que ele pode referir­se tanto ao termo
"vossos mortos" (v.38) quanto ao núcleo nominal "olhos" (v.40).
 Certo
 Errado
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Questão 417: FUNIVERSA ­ Aux Aut (SPTC GO)/SPTC GO/2015
Assunto: Tipos de discurso (Direto, Indireto e Indireto Livre)
Assinale a alternativa que apresenta trecho grafado no discurso indireto livre.
 a)  ― Redijamos o ofício! Ordenou o diretor.
 b)  Minha amiga perguntou a quem devia entregar o livro.
 c)  “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos).
 d)  Ao ver Maria, disse­lhe que precisava falar urgentemente. A menina respondeu­lhe que estava trabalhando e, por isso, ligaria mais tarde.
 e)  “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de Assis).
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Questão 418: IBFC ­ Per Crim (PC RJ)/PC RJ/Biologia/2013
Assunto: Tipos de discurso (Direto, Indireto e Indireto Livre)
Texto I
 
Lágrimas e testosterona
Ele vivia furioso com a mulher. Por, achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa, deixava faltar comida na geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava
demais. Cada vez, porém, que queria repreendê­la por uma dessas coisas, ela começava a chorar. E aí, pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava
desistindo da briga, o que o deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o faria? Mais que isso, não entendia o seu próprio comportamento.
Considerava­se um cara durão, detestava gente chorona.
 
Por que o pranto da mulher o comovia tanto? E comovia­o à distância, inclusive. Muitas vezes ela se trancava no quarto para chorarsozinha, longe dele. E mesmo assim
ele se comovia de uma maneira absurda.
 
Foi então que  leu sobre a relação entre  lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi uma verdadeira revelação. Finalmente tinha uma explicação
lógica,  científica,  sobre o que estava acontecendo. As  lágrimas diminuíam a  testosterona em seu organismo, privando­o da natural agressividade do sexo masculino,
transformando­o num cordeirinho,
 
Uma ideia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? Era  que o seu irmão mais velho fazia, mas por carência do hormônio. Com ele conseguiu duas ampolas
do hormônio. Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias para que o nível da substância aumentasse em seu organismo e então chamar a esposa à
razão.
 
Decido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a receita. Enquanto isso era feito, ele, de repente, caiu no
choro, um choro tão convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?
 
É que eu tenho medo de injeção, ele disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu precipitadamente. Estava voltando para casa. Para a esposa e sua lágrimas.
 
(Moacyr Scliar)
 
Texto II
 
Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo. As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora do
nível de testosterona do homem que estiver por perto deixando o sujeito menos agressivo.
 
Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada ­ e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de
derrubar até o mais insensível dos durões. Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando. Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel
em lágrimas de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens. O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo
sentido, deixando­os menos machões.
 
(Publicado no caderno Ciência, da Folha de São Paulo, em 7 de janeiro de 2011) Textos disponíveis em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2802201105.htm,;acesso dia 16/07/2013)
 
Leia os excertos a seguir, retirados do texto I, e as observações sobre cada um deles. Em seguida, assinale a alternativa procedente.
 
I. As  lágrimas  diminuíam  a  testosterona  em  seu  organismo,  privando­o  da  natural  agressividade  do  sexo  masculino,  transformando­o  num  cordeirinho.  (3º
parágrafo ­ Discurso direto, pois o narrador apresenta de forma clara e objetiva o que se passava com o personagem)
 
II. Uma ideia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? (4º parágrafo ­ Discurso indireto livre, na segunda oração, pois há elementos linguísticos
que podem representar tanto a fala do narrador quanto a fala do personagem)
 
III. Decidido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a receita. (5º parágrafo ­ Discurso indireto,
marcado, linguisticamente, pela presença de verbos dicendi e de conjunções integrantes)
 
IV. É que eu tenho medo de injeção, ele disse, entre soluços. (5º parágrafo Discurso direto e indireto, pois o narrador conta a história em conjunto com o
personagem)
 
 a)  Todas as alternativas estão corretas.
 b)  Apenas I e II estão corretas.
 c)  Apenas a IV está correta.
 d)  Apenas II e III estão corretas.
 e)  Apenas I, II e III estão corretas.
 
 
 
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Questão 419: IBFC ­ Papis (PC RJ)/PC RJ/2014
Assunto: Tipos de discurso (Direto, Indireto e Indireto Livre)
Texto I
Notícia de Jornal
                               (Fernando Sabino)
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em
pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar
auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista
em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome.
Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um
pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa ­ não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e
duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o
homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer
de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve­se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão
de  fome,  pedindo  providências  às  autoridades.  As  autoridades  nada mais  puderam  fazer  senão  remover  o  corpo  do  homem. Deviam  deixar  que  apodrecesse,  para
escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de  inanição,  tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro,   Estado da Guanabara, um
homem morreu de fome.
(Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso em 10/09/14)
 
Em um texto narrativo, as falas dos personagens podem figurar em destaque, marcadas por uma pontuação adequada, ou ser parafraseadas pelo narrador. Há também
casos nos quais não é possível delimitar as falas de narrador e personagem. Com base nessas informações, assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
do tipo de discurso utilizado no trecho a seguir:
“Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado,
um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa ­ não é um homem.” (5º§)
 a) Discurso direto livre
 b) Discurso direto
 c) Discurso indireto livre
 d) Discurso indireto
 e) Discurso direto e indireto
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Questão 420: CESPE ­ APF/PF/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido, uma vez que Marx,
em O Capital,  no  capítulo  sobre  o  fetiche  da mercadoria,  estabelece  dois  parâmetros  conceituais  imprescindíveis  para  explicar  a  transformação  que  o  capitalismo
produziu na subjetividade. São eles os conceitos de fetichismo e de  alienação, ambos tributários da descoberta da mais­valia − ou do inconsciente, como queiram.
A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do
desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em
Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção "inconsciente" da mais­valia. O sujeito das duas teorias é
um só: aquele que sofre e se  indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma inconsciência, que o poder
encantatóriodas mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual. Se a sociedade em que vivemos se diz "de mercado", é porque a
mercadoria é o grande organizador do laço social.
Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 142 (com adaptações).
Com relação às ideias desenvolvidas no texto acima e a seus aspectos gramaticais, julgue o item subsequente.
Com correção gramatical, o período "A rigor (...) histórico" poderia, sem se contrariar a ideia original do texto, ser assim reescrito: Caso se proceda com rigor, a análise
desses conceitos, verifica­se que não existe diferenças entre eles.
 Certo
 Errado
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Questão 421: CESPE ­ APF/PF/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido, uma vez que Marx,
em O Capital,  no  capítulo  sobre  o  fetiche  da mercadoria,  estabelece  dois  parâmetros  conceituais  imprescindíveis  para  explicar  a  transformação  que  o  capitalismo
produziu na subjetividade. São eles os conceitos de fetichismo e de  alienação, ambos tributários da descoberta da mais­valia − ou do inconsciente, como queiram.
A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do
desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em
Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção "inconsciente" da mais­valia. O sujeito das duas teorias é
um só: aquele que sofre e se  indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma  inconsciência, que o poder
encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual. Se a sociedade em que vivemos se diz "de mercado", é porque a
mercadoria é o grande organizador do laço social.
Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 142 (com adaptações).
Com relação às ideias desenvolvidas no texto acima e a seus aspectos gramaticais, julgue o item subsequente.
A informação que inicia o texto é suficiente para se inferir que Freud conheceu a obra de Marx, mas o contrário não é verdadeiro, visto que esses pensadores não foram
contemporâneos.
 Certo
 Errado
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Questão 422: CESPE ­ APF/PF/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido, uma vez que Marx,
em O Capital,  no  capítulo  sobre  o  fetiche  da mercadoria,  estabelece  dois  parâmetros  conceituais  imprescindíveis  para  explicar  a  transformação  que  o  capitalismo
produziu na subjetividade. São eles os conceitos de fetichismo e de  alienação, ambos tributários da descoberta da mais­valia − ou do inconsciente, como queiram.
A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do
desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em
Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção "inconsciente" da mais­valia. O sujeito das duas teorias é
um só: aquele que sofre e se  indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma  inconsciência, que o poder
encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual. Se a sociedade em que vivemos se diz "de mercado", é porque a
mercadoria é o grande organizador do laço social.
Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 142 (com adaptações).
Com relação às ideias desenvolvidas no texto acima e a seus aspectos gramaticais, julgue o item subsequente.
Depreende­se da argumentação apresentada que a autora do  texto, ao aproximar  conceitos presentes nos estudos de Marx e de Freud, busca demonstrar que, nas
sociedades "de mercado", a "divisão do sujeito" se processa de forma análoga na subjetividade dos indivíduos e na relação de trabalho.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 423: CESPE ­ APF/PF/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a
faca ou assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais, em que a punição é decidida por
uma autoridade superior a todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja o soberano que se encarregou da justiça − que alívio!
A coisa é mais complicada na modernidade, em que os cidadãos comuns (como você e eu) são a fonte de toda autoridade jurídica e moral. Hoje, no mundo ocidental, se
alguém é executado, o braço que mata é, em última instância, o dos cidadãos − o nosso. Mesmo que o condenado seja indiscutivelmente culpado, pairam mil dúvidas.
Matar um condenado à morte não é mais uma festa, pois é difícil celebrar o triunfo de uma moral tecida de perplexidade. As execuções acontecem em lugares fechados,
diante de poucas testemunhas: há uma espécie de vergonha. Essa discrição é apresentada como um progresso: os povos civilizados não executam seus condenados nas
praças. Mas o dito progresso é, de fato, um corolário da incerteza ética de nossa cultura.
Reprimimos em nós desejos e  fantasias que nos parecem ameaçar o convívio social. Logo,  frustrados, zelamos pela prisão daqueles que não se  impõem as mesmas
renúncias. Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar, com ela, o que há de pior em
nós. Nesse caso, a execução do condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis de quem
faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores fantasias − isso, sobretudo, porque o exorcismo seria
ilusório. Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.
Contardo Calligaris. Terra de ninguém − 101 crônicas. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 94­6 (com adaptações).
Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto acima, julgue o item.
De acordo com o texto, nas sociedades tradicionais, os cidadãos sentem­se aliviados sempre que um soberano decide infligir a pena de morte a um infrator porque se
livram das ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como evidencia o emprego da interjeição "que alívio!".
 Certo
 Errado
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Questão 424: CESPE ­ APF/PF/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a
faca ou assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais, em que a punição é decidida por
uma autoridade superior a todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja o soberano que se encarregou da justiça − que alívio!
A coisa é mais complicada na modernidade, em que os cidadãos comuns (como você e eu) são a fonte de todaautoridade jurídica e moral. Hoje, no mundo ocidental, se
alguém é executado, o braço que mata é, em última instância, o dos cidadãos − o nosso. Mesmo que o condenado seja indiscutivelmente culpado, pairam mil dúvidas.
Matar um condenado à morte não é mais uma festa, pois é difícil celebrar o triunfo de uma moral tecida de perplexidade. As execuções acontecem em lugares fechados,
diante de poucas testemunhas: há uma espécie de vergonha. Essa discrição é apresentada como um progresso: os povos civilizados não executam seus condenados nas
praças. Mas o dito progresso é, de fato, um corolário da incerteza ética de nossa cultura.
Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos parecem ameaçar o convívio social. Logo,  frustrados, zelamos pela prisão daqueles que não se  impõem as mesmas
renúncias. Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar, com ela, o que há de pior em
nós. Nesse caso, a execução do condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis de quem
faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores fantasias − isso, sobretudo, porque o exorcismo seria
ilusório. Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.
Contardo Calligaris. Terra de ninguém − 101 crônicas. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 94­6 (com adaptações).
Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto acima, julgue o item.
Na  condição  de  psicanalista,  o  autor  do  texto  adverte  que  a  punição  de  infratores  das  leis  é  uma  forma  de  os  indivíduos  expurgarem  seus  desejos  inconfessáveis,
ressalvando, no entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 425: CESPE ­ Insp PC CE/PC CE/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto para o item
Muitos acreditam que chegamos à velhice do Estado nacional. Desde 1945, dizem, sua soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as
do capitalismo global e da cultura pós­moderna. Alguns pós­modernistas levam mais longe a argumentação, afirmando que isso põe em risco a certeza e a racionalidade
da civilização moderna, entre cujos esteios principais se insere a noção segura e unidimensional de soberania política absoluta, inserida no conceito de Estado nacional.
No coração histórico da sociedade moderna, a Comunidade Europeia  (CE)  supranacional parece dar especial  crédito à  tese de que a soberania político­nacional vem
fragmentando­se. Ali, tem­se às vezes anunciado a morte efetiva do Estado nacional, embora, para essa visão, uma aposentadoria oportuna talvez fosse a metáfora mais
adequada. O  cientista  político  Phillippe  Schmitter  argumentou que,  embora  a  situação  europeia  seja  singular,  seu  progresso  para  além do Estado nacional  tem uma
pertinência mais  genérica,  pois  "o  contexto  contemporâneo  favorece  sistematicamente  a  transformação  dos  Estados  em  confederatii,  condominii  ou  federatii,  numa
variedade de contextos".
É verdade que a CE vem desenvolvendo novas formas políticas, que trazem à memória algumas formas mais antigas, como lembra o latim usado por Schmitter. Estas nos
obrigam a rever nossas ideias do que devem ser os Estados contemporâneos e suas inter relações. De fato, nos últimos 25 anos, assistimos a reversões neoliberais e
transnacionais de alguns poderes de Estados nacionais. No entanto, alguns de seus poderes continuam a crescer. Ao longo desse mesmo período recente, os Estados
regularam cada vez mais as esferas privadas íntimas do ciclo de vida e da família. A regulamentação estatal das relações entre homens e mulheres, da violência familiar,
do cuidado com os filhos, do aborto e de hábitos pessoais que costumavam ser considerados particulares, como o fumo, continua a crescer. A política estatal de proteção
ao consumidor e ao meio ambiente continua a proliferar. Tudo indica que o enfraquecimento do Estado nacional da Europa Ocidental é ligeiro, desigual e singular. Em
partes do mundo menos desenvolvido, alguns aspirantes a Estados nacionais também estão fraquejando, mas por razões diferentes, essencialmente "pré­modernas". Na
maior parte do mundo, os Estados nacionais continuam a amadurecer ou, pelo menos, estão tentando fazê­lo. A Europa não é o futuro do mundo. Os Estados do mundo
são numerosos e continuam variados, tanto em suas estruturas atuais quanto em suas trajetórias.
Michael Mann. Estados nacionais na Europa e noutros continentes: diversificar, desenvolver, não morrer. In: Gopal Balakrishnan. Um mapa da questão nacional. Vera Ribeiro (Trad.).
Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p. 311­4 (com adaptações).
Com relação às ideias do texto, julgue o item.
Verifica­se, desde o  início do primeiro parágrafo, a estratégia  retórica de defender o argumento de que o Estado nacional está obsoleto, de modo que o argumento
contrário, exposto no segundo parágrafo, pareça mais consistente.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br
Questão 426: CESPE ­ Insp PC CE/PC CE/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto para o item
Muitos acreditam que chegamos à velhice do Estado nacional. Desde 1945, dizem, sua soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as
do capitalismo global e da cultura pós­moderna. Alguns pós­modernistas levam mais longe a argumentação, afirmando que isso põe em risco a certeza e a racionalidade
da civilização moderna, entre cujos esteios principais se insere a noção segura e unidimensional de soberania política absoluta, inserida no conceito de Estado nacional.
No coração histórico da sociedade moderna, a Comunidade Europeia  (CE)  supranacional parece dar especial  crédito à  tese de que a soberania político­nacional vem
fragmentando­se. Ali, tem­se às vezes anunciado a morte efetiva do Estado nacional, embora, para essa visão, uma aposentadoria oportuna talvez fosse a metáfora mais
adequada. O  cientista  político  Phillippe  Schmitter  argumentou que,  embora  a  situação  europeia  seja  singular,  seu  progresso  para  além do Estado nacional  tem uma
pertinência mais  genérica,  pois  "o  contexto  contemporâneo  favorece  sistematicamente  a  transformação  dos  Estados  em  confederatii,  condominii  ou  federatii,  numa
variedade de contextos".
É verdade que a CE vem desenvolvendo novas formas políticas, que trazem à memória algumas formas mais antigas, como lembra o latim usado por Schmitter. Estas nos
obrigam a rever nossas ideias do que devem ser os Estados contemporâneos e suas inter relações. De fato, nos últimos 25 anos, assistimos a reversões neoliberais e
transnacionais de alguns poderes de Estados nacionais. No entanto, alguns de seus poderes continuam a crescer. Ao longo desse mesmo período recente, os Estados
regularam cada vez mais as esferas privadas íntimas do ciclo de vida e da família. A regulamentação estatal das relações entre homens e mulheres, da violência familiar,
do cuidado com os filhos, do aborto e de hábitos pessoais que costumavam ser considerados particulares, como o fumo, continua a crescer. A política estatal de proteção
ao consumidor e ao meio ambiente continua a proliferar. Tudo indica que o enfraquecimento do Estado nacional da Europa Ocidental é ligeiro, desigual e singular. Em
partes do mundo menos desenvolvido, alguns aspirantes a Estados nacionais também estão fraquejando, mas por razões diferentes, essencialmente "pré­modernas". Na
maior parte do mundo, os Estados nacionais continuam a amadurecer ou, pelo menos, estão tentando fazê­lo. A Europa não é o futuro do mundo. Os Estados do mundo
são numerosos e continuam variados, tanto em suas estruturas atuais quanto em suas trajetórias.
Michael Mann. Estados nacionais

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