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O Novo Lugar do Videoclipe na Indústria Fonográfica

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Vila Velha - ES – 22 a 24/05/2014 
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O Novo Lugar do Videoclipe: Indústria Fonográfica e Consumo Musical no 
Ciberespaço1 
 
Rafaela BELO2 
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES 
 
 
Resumo 
 
Com o advento da Web 2.0, o surgimento de um novo consumidor e de sites de 
compartilhamento de vídeos, a MTV perdeu a sua hegemonia na divulgação de 
videoclipes e o You Tube se tornou o principal canal de distribuição desse gênero 
audiovisual. Analisamos as novas interações trazidas por essa forma de consumo, as 
estratégias mercadológicas utilizadas pela indústria fonográfica e temos como objetivo 
compreender qual o lugar ocupado pelo videoclipe atualmente na sociedade de consumo 
e na cultura pop, através da observação do serviço audiovisual VEVO e do site de 
upload de vídeos You Tube. 
 
 
Palavras-chave: videoclipe; indústria fonográfica; internet; cibercultura. 
 
 
Introdução 
 
O artigo apresenta resultados relativos à pesquisa intitulada “Indústria Fonográfica e 
Web 2.0: Da MTV para a Internet”3 que teve como tema a migração do videoclipe para 
a internet, a fim de perceber se essa mudança de fato representou uma ruptura no modo 
de consumo desse tipo de produto audiovisual. A mesma teve como objetivo o estudo 
do modo como o ciberespaço foi e é apropriado pela indústria fonográfica - em especial 
as majors - para exibição, arquivamento e divulgação dos videoclipes e pretendeu 
entender qual a função desse produto dentro da estratégia mercadológica utilizada pelas 
gravadoras. Para tanto, foi analisado o serviço audiovisual VEVO, um portal musical na 
Web que é uma joint venture entre duas das grandes gravadoras do mundo – Sony 
 
1 Trabalho apresentado no IJ 05 – Rádio, TV e Internet do XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região 
Sudeste, realizado de 22 a 24 de maio de 2014. 
 
2 Mestranda em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e graduada em 
Comunicação Social- Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) com período 
sanduíche na Universidade do Minho, Portugal. E mail: rafaelafbelo@gmail.com 
 
3 Pesquisa iniciada com o auxílio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFES com 
orientação da Profa. Dra. Daniela Zanetti (e mail: daniela.zanetti@gmail.com) no período entre 2011 e 2012 e 
continuada durante graduação sanduíche na Universidade do Minho em Portugal com orientação da Profa. Dra. 
Helena Pires (e mail: helena.pires538@gmail.com) no período entre 2012 e 2013 com o auxílio financeiro do 
Programa Ciência sem Fronteiras. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Music_Entertainment
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Music Entertainment e Universal Music Group – com licenciamento de outras 
gravadoras e redes de televisão americanas e que por ora, só está disponível para alguns 
países do mundo como EUA, Reino Unido, Canadá, França e Brasil. No entanto, 
também gera conteúdos que podem ser acessados por internautas localizados no mundo 
inteiro através do YouTube, que visa destacar em meio ao grande conteúdo disponível 
no site, os videoclipes dos artistas vinculados as gravadoras, de um Mobile App, de 
perfil no Twitter e Instagram e Fan Page no Facebook. 
 
 
Videoclipe, MTV e Indústria Fonográfica 
 
As rádios FM enfrentaram no final da década de 1970 uma crise devido a paralisação do 
seu conteúdo, o que ocasionou uma grande redução de espaço dedicado a novos artistas. 
Esse momento em conjunto com a consolidação da TV a cabo e do mercado de nicho 
nos EUA somado ao fato de ser praticamente inexistente uma programação televisiva 
voltada para os adolescentes (HOLZBACH, 2012:269) gerou o cenário ideal para que 
empresas como a Warner Communications e American Express investissem no 
lançamento da Music Television no início dos anos 1980 (a emissora logo após foi 
comprada pela Viacom, tornando-se uma subsidiária da mesma), uma emissora voltada 
para o público jovem que era dedicada ao videoclipe, mesmo este não sendo um gênero 
muito explorado até àquele momento. 
Em entrevista a Denisoff (1988), John Lack, considerado um dos principais 
idealizadores da MTV, afirma que considerou a MTV viável por três razões: 
a indústria da música estava em crise por causa da “grande depressão de 
1979”, quando novos músicos não tinham espaço nas FMs; os anunciantes da 
TV broadcasting não alcançavam a audiência abaixo dos 34 anos; e a TV a 
cabo estava estagnada desde o início dos anos de 1980, sem novidades em 
termos de conteúdo. A MTV, assim, representaria uma oportunidade para 
artistas e gravadoras, anunciantes e a própria TV a cabo. Além disso, a MTV 
seria uma emissora que não demandaria grandes custos, visto que os 
videoclipes seriam fornecidos pelas gravadoras, que se beneficiariam do 
marketing que naturalmente o videoclipe representaria. (HOLZBACH, 2012: 
269-270) 
A MTV levou para a televisão características do rádio, transmitindo na TV a cabo uma 
lógica baseada na programação das rádios FM: música (no caso da emissora de 
televisão, o videoclipe) intercalada com spots publicitários que na maioria das vezes 
eram da própria emissora. Ela recebeu os videoclipes gratuitamente das gravadoras 
durante alguns anos, mas quando já alcançava bons índices de audiência para os padrões 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Music_Entertainment
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universal_Music_Group
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da TV a cabo, a emissora passou a pagar pelos videoclipes que veiculava 
(HOLZBACH, 2012:270). 
Thiago Soares (2012:11) defende que “se tivéssemos que eleger a forma cultural mais 
representativa dos últimos 30 anos da cultura ocidental, talvez nos deparássemos 
necessariamente com o videoclipe.” Para o autor, algumas das imagens mais 
reveladoras da cultura de massa do final do século XX e início do século XXI são de 
videoclipes, como Michael Jackson dançando em Thriller e Madonna parodiando 
Marilyn Monroe em Material Girl. 
Desde 2007, o canal de televisão MTV Brasil deixou de veicular videoclipes nos 
chamados horários nobres, reformulou sua programação e passou a investir em 
programas de auditório, de entrevistas, debates, documentários, reality shows, entre 
outros gêneros. O videoclipe deixava assim de ser aquele que foi o principal produto da 
MTV desde o início da emissora. Em paralelo, a Internet foi se tornando um dos 
principais espaços de veiculação dos videoclipes, principalmente a partir da criação do 
YouTube, em 2005. Nesse e em outros sites semelhantes, como o Vimeo 
(http://vimeo.com), é possível encontrar uma grande variedade de videoclipes, desde os 
mais bem produzidos e lançados pela grande indústria fonográfica, até produções 
vinculadas ao circuito musical independente ou mesmo vídeos caseiros de artistas 
desconhecidos. 
 
 Breve História do Videoclipe 
Segundo Thiago Soares (2012:21), no início do século XX as projeções de cinema já 
eram acompanhadas por música e a escolha da partitura estava relacionada ao conteúdo 
das imagens. Ou seja, a música era construída a partir da imagem, o que é o inverso de 
como os videoclipes são comumente produzidos na atualidade. 
Entre os anos 1920 e 1930, o jazz tentava legitimar-se e vários artistas passaram a 
produzir “números filmados”. Em seguida, na década de 1940 o cineasta alemão Oskar 
Fischinger produziu a abertura de Fantasia, da Disney, um filme que construiu uma 
relação entre a imagem ea múscia no desenho animado. Na metade dessa década 
surgiram nos bares dos EUA “vitrolas de fichas visuais”, aprimoramentos das 
jukeboxes, onde era possível visualizar números musicais em preto e branco a partir da 
inserção de moedas. Em 1949 estreou na televisão estadunidense o programa Paul 
Whiteman’s Teen Club. A partir daí, na década de 1950, não só a televisão, mas o 
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cinema passou a disseminar os números musicais, o que também contribuiu com a 
indústria fonográfica. 
Com o surgimento da Beatlemania no começo da década de 1960, a banda mais bem 
sucedida da história da música popular lançou em 1964 o filme A hard day’s night, 
considerado um precursor do que conhecemos como videoclipe, em 1966 produziram 
dois videoclipes baseados nas músicas We Can Work it Out e Paperback Writer e 
lançaram em 1968 o desenho animado Yellow Submarine. 
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980 o gênero musical propagou-se no cinema 
norte americano e no Brasil o programa Fantástico da Rede Globo produzia e transmitia 
videoclipes durante a sua programação, mesmo que eles não fossem o seu elemento 
principal, o que fez do país um vanguardista na transmissão do gênero (HOLZBACH, 
2012:268). 
Em 1981, o serviço Nickelodeon do canal a cabo da Warner tornou-se capaz de 
transmissões na televisão em som estéreo e em 1 de agosto foi inaugurada nos EUA a 
MTV, tendo exibido como primeiro clipe, Video Killed the Radio Star, do Buggles. 
O canal, em sua origem, era definido como destinado à veiculação da 
programação musical de rock, classificação atualmente substituída no 
material institucional da empresa pelo termo pop, provavelmente por ser 
considerado mais abrangente, para concorrer com uma maior popularização 
do canal e atende às exigências do mercado musical e das gravadoras [...] Em 
termos de mercado internacional, a verdade é que o termo pop pode incluir, 
com mais liberdade, baladas latinas, funk brasileiro, e até mesmo pagode, 
ainda que normalmente a expressão world music seja mais considerada para 
falar em culturas não-americanas. (LUSVARGHI, 2007:38) 
Em 1983 foi lançado o videoclipe Thriller, de Michael Jackson, que “além de reforçar a 
independência da imagem sobre a canção (o tempo de duração do vídeo é maior que o 
tempo de duração da música), se tornou o mais vendido homevideo até então.” 
(SOARES, 2012:26) 
A MTV European, a segunda a ser lançada no mundo, foi inaugurada em 1987 e a MTV 
Brasil foi o terceiro lançamento, tendo iniciado a sua transmissão em 1990 com o 
videoclipe Garota de Ipanema, em uma versão da cantora Marina Lima. 
O videoclipe assume, então, um lugar evidenciador de duas lógicas 
produtivas da mídia: a música popular massiva e a televisão. Dos sistemas da 
música popular massiva, estabelece a ligação entre artistas, diretores de 
audiovisuais e diretores de arte e de marketing da indústria fonográfica com a 
finalidade de se configurar como objeto de divulgação de uma faixa musical. 
Determina a compreensão do lugar do artista na indústria fonográfica para a 
ingerência deste na dinâmica produtiva do clipe, acarretando, assim, na 
configuração de estratégias discursivas dos produtos em circulação 
(SOARES, 2007: 2) 
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Em 2005 foi fundado o You Tube, iniciando uma nova forma de ver e compartilhar 
vídeos online e dando lugar a um novo formato de vídeo, o webvideo – “Não se trataria, 
a nosso ver, de um vídeo qualquer remediado na web (...). Mas se trataria de um formato 
audiovisual em particular, navegável e lúdico, interativo e emergente, que já vem se 
constituindo no processo da convergência” (KILPP; FISCHER, 2010:38) - ou nesse 
caso, o webclipe. Em 2013 a MTV Brasil anunciou o seu fim, foi reformulada e se 
tornou um canal pago com programação voltada para jovens entre 15 e 30 anos. 
 
Breve História da Música Pop 
 
Frédéric Martel, em seu livro Mainstream: A guerra global das mídias e das culturas 
nos traz um capítulo sobre a invenção da pop music. Esse breve histórico foi escrito 
baseado nesse trecho da obra. 
O “Studio A” na sede da histórica produtora de discos Motown, que fica em uma casa 
modesta em Detroit e teve a garagem transformada em estúdio, segundo dizem, é o local 
onde a música pop foi inventada. 
No final dos anos 1950, Berry Gordy estava fracassado e falido e após tentar vender 
discos de jazz, percebeu que os jovens negros de Detroit achavam o jazz sério demais e 
preferiam o “rhythm and blues”, ou simplesmente R&B. 
Buscando seu lugar nesse novo gênero, Berry Gordy privilegia inicialmente 
os autores sobre os intérpretes: muito cedo ele entende que quem detiver os 
direitos das músicas será o homem rico da indústria do disco. Um dos pontos 
fundamentais da história da produtora Motown, com efeito, seguindo o 
modelo americano tradicional desde o fim do século XIX, é essa separação 
estrita entre o editor (publisher), por um lado, e, por outro, o selo, o manager 
ou produtor. Aquele que administra as canções, os compositores e os letristas 
(cuida do repertório), enquanto este cuida dos intérpretes e produz os artistas. 
(MARTEL, 2012: 127) 
O objetivo de Gordy era defender a comunidade negra, por isso a Motown era composta 
quase que exclusivamente por negros e ele recrutava músicos na rua e aqueles que 
cantavam música gospel nas igrejas. “O sucesso da Motown, assim, decorreria de uma 
estratégia de marketing original: para Berry Gordy, a questão era produzir uma música 
‘crossover’, feita e controlada pelos negros para os brancos” (MARTEL, 2012:129). A 
produtora pretendia vender e comercializar uma música negra para os brancos, como 
música popular americana. 
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Ele não pretende, como negro, tornar-se o líder da música negra; quer, na 
qualidade de negro, tornar-se o líder da música americana como um todo. E 
foi assim que ele se tornou um dos inventores da pop music. Tornar-se 
mainstream, para Gordy, é estar sempre pensando num público de massa. 
Para isso, é necessário privilegiar a emoção em detrimento do estilo, a 
estrutura da canção, e não sua inventividade musical; é preciso também ter 
um som Motown, o que depende de uma certa semelhança entre os grupos e 
de uma melodia que possa ser assobiada, como se já tivesse sido ouvida 
antes. (MARTEL, 2012:130-131) 
Nas décadas de 1960 e 1970 a produtora conseguiu levar de forma inédita para uma 
produtora independente mais de cem canções ao Top 10 Pop da Billboard - a parada de 
sucessos que importa para o público branco e em termos financeiros para a indústria 
fonográfica. A Motown durou aproximadamente 20 anos. Gordy trocou Detroit por Los 
Angeles após a revolta negra e Stevie Wonder, Diana Ross, Marvin Gaye e os Jackson 5 
migraram para as majors. 
Em 1979, Michael Jackson lançou o album Off the Wall com colaboração de Stevie 
Wonder e Paul McCartney e produzido por Quincy Jones. Segundo o próprio Quincy, 
“Michael conseguiu se emancipar da música disco e criar o que hoje chamamos de 
música pop”. “Três anos depois, com Thriller, os singles Billie Jean e Beat It tornam-se 
nº1 de R&B, Pop e Dance. A estratégia crossover de Berry Gordy deu certo, superando 
todas as expectativas.” (MARTEL, 2012:132) 
A produtora Motown foi vendida em 1988 a um fundo de investimento de Boston que a 
vendeu à Polygram que a revendeu à Universal Music, pertencendo atualmente o selo e 
o catálago à francesa Vivendi. 
Talvez tenha sido aí, no Grand Boulevardem Detroit, com a Motown, que a 
música pop foi inventada. Ou então em Nova York, com a produtora de 
discos concorrente, Atlantic, a produtora de Ray Charles e Aretha Franklin. 
Ou ainda em Hollywood, alguns anos antes, ou mais tarde em Nashville ou 
em Miami. Ou então com Frank Sinatra, os Beatles e os Beach Boys. Com 
outros negros, James Brown, Stevie Wonder, Chic, Barry White, Donna 
Summer ou Tina Turner. Ou então na década de 1980, com o surgimento da 
MTV. Não importa. A música pop não é um movimento histórico, não é um 
gênero musical, ela está constantemente sendo inventada e reinventada (a 
expressão surgiu por volta de 1960 nos Estados Unidos, tornando-se quase 
imediatamente uma referência confusa). Trata-se simplesmente de uma 
abreviatura “popular”, de uma cultura, uma música que se dirige a todos e 
que desde logo se pretende mainstream. (MARTEL, 2012: 133) 
 
 
 
 
 
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O Surgimento do YouTube 
 
O You Tube foi fundado em junho de 2005 por três ex-funcionários do site de e 
commerce PayPal e sua história se encaixa no mito de empreendedores jovens do Vale 
do Silício que trabalham fora das grandes empresas e buscam inovações tecnológicas. 
 O site possuía inovações tecnológicas, mas que não eram exclusivas e uma interface 
simples que não exigia muito conhecimento técnico, permitindo que o usuário fizesse 
upload e assistisse vídeos em streaming, dentro dos limites dos navegadores e da 
velocidade de conexão da internet disponíveis na época. Seu diferencial era permitir o 
compartilhamento, através de URLS e códigos HTML. O You Tube não estabeleceu 
limites para o número de upload vídeos que cada usuário poderia fazer, apenas um 
limite em relação ao tempo de duração do vídeo. 
O sucesso chegou de vez em outubro de 2006 quando o Google comprou o site por 1,65 
bilhão de dólares. “No começo de 2008, de acordo com vários serviços de medição de 
tráfego na web, já figurava de maneira consistente entre os dez sites mais visitados do 
mundo” (BURGESS; GREEN, 2009: 18) 
O You Tube representa uma ruptura com os modelos midiáticos vigentes e surge como 
um novo espaço de mídia. Burgess e Green citando Heath ao falar da televisão, 
escrevem que “o YouTube, mais ainda do que a televisão, é um objeto de estudo 
particularmente instável, marcado por mudanças dinâmicas [...] diversidade de 
conteúdos [...] e uma frequência cotidiana análoga ou mesmice” (BURGESS; GREEN, 
2009: 23-24) 
Um objeto um tanto quanto difícil, instável, desorganizado, com uma 
tendência irônica de se esquivar de tudo o que dizemos sobre ela: dada a 
velocidade de suas mudanças (tecnológicas, econômicas, programáticas), seu 
fluxo interminável (de sons, imagens, a qualidade sempre efêmera de seu 
presente), sua mesmice quantitativa (que constitui a própria qualidade desse 
meio dia após dia). (BURGESS; GREEN, 2009: 23 apud HEATH, 1990: 
167) 
O You Tube é organizado em seções como “music”, “travel & events” “sports” e “pets 
& animals” e o usuário ao publicar um vídeo cria tags que facilitarão no 
compartilhamento do conteúdo quando outro usuário fizer uma busca. 
Após a compra do site pelo Google, ele sofreu várias reformulações, ganhou um novo 
layout e hoje é integrado à conta Google do usuário. Funciona através de canais e está 
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ligado à rede social Google+, permite que playlists sejam criadas e assim como todos os 
componentes do Google, armazena informações sobre o usuário que serão utilizadas 
para a publicidade e venda de produtos on line através do AdWords. Hoje, no You 
Tube, é possível anunciar um produto para um target de forma precisa, através de 
anúncios gráficos, em vídeo ou de texto. 
Recentemente, o site promoveu a primeira edição do You Tube Music Awards em 
parceria com a Kia Motors. Os vencedores, que são artistas do VEVO e ligados à 
grande indústria fonográfica, foram divulgados em novembro de 2013 e a cerimônia foi 
transmitida pelo site. 
 
Indústria Fonográfica e Ciberespaço: O VEVO 
 
Um novo mercado com um novo público consumidor exige novas formas de exibição, 
interação e novas estratégias de divulgação. A indústria fonográfica modifica-se 
seguindo as tendências tecnológicas e mercadológicas. O ato de escutar música 
transforma-se em “assistir música”, evoluindo da ação auditiva para uma experiência 
visual, através dos videoclipes presentes no ciberespaço. A venda e o compartilhamento 
de singles ultrapassa a venda de álbuns físicos “fechados” como o CD e a interação 
artista-consumidor se torna mais dinâmica. 
 
Descentralização, desintermediação e desmaterialização são três palavrinhas-
valise que traduzem com acuidade o modelo desse universo aberto e flexível, 
no qual serviços e acesso combinam-se para criar uma experiência musical 
mais importante do que a venda de suportes “fechados”. (SÁ, 2009:49) 
 
Para o consumidor, a experiência de fruir música e videoclipe é mais importante do que 
comprar um álbum físico. O You Tube é um dos sites mais acessados em todo o mundo 
e é a plataforma na qual o público mais “ouve” música. Por isso, as majors e o meio 
independente estão presentes na rede a fim de utilizar as ferramentas disponíveis para 
lucrar com o consumo de música e distribuir o seu trabalho a fim de torná-lo conhecido 
pelo público consumidor. 
O VEVO é uma joint venture entre a Sony Music Entertainment, Universal Music 
Group e Abu Dhabi Media Company com licenciamento de outras gravadoras e redes 
de televisão. O site possui o conteúdo da maior parte dos artistas ligados ao mainstream 
musical e por ora, não está disponível para todos os países do mundo. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Music_Entertainment
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universal_Music_Group
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universal_Music_Group
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O objetivo das majors com o lançamento do serviço é encontrar novos meios de lucro 
em meio ao novo modo de consumo musical que emergiu com a Web 2.0 e mais 
recentemente com a Web 3.0- a internet mobile - já que a venda de álbuns físicos e os 
lucros com concertos ao vivo diminuem a cada ano e uma crise ronda a indústria 
musical. O VEVO é uma tentativa da grande indústria fonográfica de popularizar uma 
nova MTV, que não emerge da crise das rádios FM ou da televisão a cabo, mas da 
sobreposição das novas mídias digitais sobre as antigas mídias de distribuição. 
A marca foi criada para priorizar os vídeos produzidos pelo mainstream, em meio a 
grande nuvem de informação que é o You Tube, portanto, estão sempre em destaque e 
são recomendados ao usuário em sua timeline. Todos os vídeos promovidos pelo VEVO 
possuem a marca vermelha do serviço que aparece na imagem de exibição de cada 
vídeo. 
O VEVO além do site, também possui um Mobile App, perfil no Twitter e Fan Page no 
Facebook. Ele possui canais como o VEVO Lift para promover novos artistas e canais 
com webséries, entrevistas, a compilação “hot this week” com o melhor da semana, o 
VEVO Presents que são pequenos shows nos quais os artistas apresentam seus novos 
trabalhos para os fãs, entre outros serviços. O VEVO ao ser utilizado através de uma 
conta pessoal reconhece os artistas que o usuário possui em seu dispositivo mobile e cria 
uma playlist com os videoclipes das músicas, transformando em audiovisual a 
experiência que antes era apenas sonora. O usuário também possui acesso a canais que 
são playlists por gêneros musicais ou artistas, o que justifica o slogan “Musicto your 
eyes”4 utilizado pela marca. 
Uma forma que a grande indústria fonográfica tem utilizado para divulgar os cantores, 
suas canções e os videoclipes é lançar o hit do artista no You Tube com uma foto 
produzida com o objetivo de ser a “capa” do single. Em seguida, é lançado um vídeo 
com aspectos de videoclipe, mas que é produzido apenas com a letra da música, a fim 
de que o público entre em contato com a obra e aprenda a cantá-la. Alguns dias ou 
semanas depois a gravadora lança um teaser do videoclipe oficial como estratégia de 
marketing e logo após a data de lançamento ter sido divulgada, o clipe oficial é lançado 
em rede mundial através do VEVO, sendo anunciada a estreia nas redes sociais 
imediatamente. 
 
4 “Música para os seus olhos”. Tradução nossa. 
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Em muitos casos, os vídeos com as letras das músicas são tão bem produzidos que se 
aproximam do videoclipe oficial, sendo quase um segundo videoclipe. Um exemplo 
disso é o vídeo da música “Suit and Tie”5 de Justin Timberlake, e da música “Aura”6 de 
Lady Gaga, que traz cenas do filme Machete Kills do diretor Robert Rodriguez. 
Também são utilizadas outras estratégias como grandes apresentações em eventos de 
premiações como VMA da MTV e o evento de premiação do Grammy que estrutura o 
mundo da música pop e lhe confere unidade (MARTEL, 2012), shows em grandes 
turnês, participações em programas on line e programas de TV que têm influência sobre 
o público e comerciais para web e/ou TV nos quais esses cantores são as grandes 
estrelas. Todas essas aparições alcançam ao vivo e/ou posteriormente na rede um grande 
número de views, contribuindo para a divulgação desses artistas. 
O prêmio Grammy, na música, como o Oscar no cinema, o Tony da 
Broadway e o Emmy na televisão, dá testemunho da importância das seleções 
e paradas de sucessos nos Estados Unidos. Essas cerimônias “eleitorais” da 
indústria do entretenimento são ao mesmo tempo um grande momento 
coletivo de comunhão profissional, acima dos gêneros e indivíduos, e uma 
ferramenta extraordinariamente poderosa de promoção internacional dos 
artistas americanos (MARTEL, 2012: 141) 
Um exemplo do sucesso alcançado por esses grandes espetáculos ao vivo, é The Mrs 
Carter Show World Tour7, protagonizado pela cantora Beyoncé e que esgota os 
ingressos disponibilizados em poucos segundos ao redor do mundo. Essa turnê mundial 
possui vídeos de lançamento e são disponibilizados nas redes sociais da artista todos os 
materiais audiovisuais registrados durante os shows, gerando uma interação maior com 
os fãs que podem ver e rever o que ocorreu. O espetáculo em si conta com músicas e 
coreografias que marcam a carreira da cantora e são conhecidas pelo público. A 
superprodução audiovisual conta com vídeos projetados em um telão no palco que 
interagem com o cenário e remetem aos videoclipes de cada música da cantora, 
contando uma história para o público. A apresentação possui um roteiro e a impressão 
que o público tem é que está vendo um grande videoclipe ao vivo. 
A venda de singles sempre existiu, desde os vinis, mas é o que tem impulsionado a 
indústria fonográfica na contemporaneidade, seja através dos videoclipes ou de 
downloads pagos em plataformas como o iTunes. Cada faixa musical é um produto 
divulgado e vendido. 
 
5 http://www.youtube.com/watch?v=KReoTOZK9W8 
6 http://www.youtube.com/watch?v=V6qXX82I-Hs 
7 http://www.youtube.com/watch?v=ULe5P91FSbw 
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Com a aproximação dos artistas e dos fãs através das redes sociais, quando o 
lançamento de videoclipe é anunciado, uma multidão de internautas acessa 
imediatamente o You Tube e antes do video geralmente há uma publicidade obrigatória. 
Recentemente a identidade visual do VEVO foi reformulada e foi criado o VEVO 
Certified, que é um selo para os artistas que possuem mais de 100 milhões de views no 
You Tube com o objetivo de impulsionar a visibilidade dos mesmos. Ou seja, as 
impresas de TI e a grande indústria fonográfica estão tentando encontrar formas de 
lucrar com os novos meios digitais - e aparentemente estão obtendo sucesso. Mesmo 
que para isso views sejam forjados no You Tube. Artistas e gravadoras utilizam 
programas especializados ou contratam prestadores que possuem várias contas no site 
para adicionar números exorbitantes de views no You Tube. Esses fake views quando 
descobertos, são justificados por “falhas técnicas”, principalmente devido à migração 
dos vídeos para o site do VEVO. 
O surgimento da Web 2.0, de canais para upload de vídeo e de ferramentas de edição 
acessíveis, democratizaram de certa forma o mercado musical e fizeram surgir 
fenômenos de acessos online e impulsionaram novos artistas. Talvez o maior exemplo 
seja o jovem cantor canadense Justin Bieber que ao começar a postar vídeos caseiros, 
tornou-se rapidamente um sucesso viral e foi contratado pelo Universal Music Group. 
Em pouco tempo é o artista com mais videos vistos no YouTube e possui uma legião de 
fãs chamados de Beliebers que participam das redes sociais. Em 2011 o navegador 
Google Chrome lançou um comercial8 inspirado na ascensão do músico. O vídeo mostra 
como o adolescente ficou conhecido através dos vídeos que postava no You Tube, se 
tornando uma febre mundial com a hashtag #bieberfever. 
Os artistas utilizam as redes sociais para se relacionarem diretamente com o público, e 
através delas, anunciam o lançamento dos videoclipes no VEVO. Segundo Farias 
(2011), as mídias sociais geraram uma grande mudança, aproximando as pessoas e 
achatando a hierarquia. Essa proximidade pode ser de grande serventia na hora de se 
vender. 
 
 
 
 
 
8 http://www.youtube.com/watch?v=MhxM9zCk08M 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universal_Music_Group
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XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Vila Velha - ES – 22 a 24/05/2014 
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Novas Tendências Mercadológicas: O Álbum Visual de Beyoncé 
 
Em dezembro de 2013 a cantora Beyoncé surpreendeu os seus fãs ao lançar de 
madrugada o seu quinto álbum que tinha a previsão de ser vendido apenas no próximo 
ano. O álbum é composto por 14 músicas e 17 vídeos e começou a ser vendido 
exclusivamente no iTunes, posteriormente em formato físico nas lojas e divulgado aos 
poucos no YouTube através do canal da artista beyonceVEVO9- primeiro eram 
divulgados trechos dos vídeos e em seguida era exibido em formato completo para o 
público. 
O trabalho visual da artista possui um videoclipe para cada faixa do álbum que foram 
gravados ao redor do mundo durante a Mrs Carter Show World Tour e outros vídeos 
com entrevistas e bônus. Em uma das entrevistas, a cantora diz que a ideia de criar um 
álbum visual é para que as pessoas ouçam as canções com as histórias que estão na 
cabeça da mesma. Ela diz estar entediada com a forma que hoje se faz música e não 
queria lançar um novo álbum da forma que já fez, pois na atualidade tudo gira em torno 
do single e as pessoas não compram ou ouvem mais um álbum completo10. 
O trabalho foi divulgado pela artista diretamente para seus fãs por meio das redes 
sociais. Beyoncé declarou em nota que “sinto que sou capaz de falar diretamente com os 
meus fãs. Há tantas coisas que ficam entre a música, o artista e os fãs. Eu senti que não 
queria que ninguém mandasse uma mensagem quando meu álbum ficasse pronto. Eu só 
queria que isso saísse quando estivesse pronto, e de mim para meus fãs”11.Após o lançamento que surpreendeu a todos, as redes sociais foram dominadas por 
comentários a respeito da cantora, o álbum permaneceu em primeiro lugar na Billboard 
200 durante várias semanas e foram vendidas 1,3 milhão de cópias nos Estados Unidos 
nos primeiros 17 dias desde o lançamento. 12 
O mercado musical e os artistas pop necessitam se renovar constantemente e estar em 
contato com os fãs, pois em uma sociedade líquida na qual os acontecimentos e a fama 
são efêmeros, a atenção do público é perdida facilmente. O álbum visual é a junção de 
novas e velhas formas de consumo. Une o retorno do consumo de álbuns completos às 
novas tecnologias, o novo lugar ocupado pelo videoclipe e a interatividade. 
 
9 http://www.youtube.com/user/beyonceVEVO 
10 http://www.youtube.com/watch?v=x-xY-MwDzlE 
11 Fonte: http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/13/beyonce-lanca-de-surpresa-seu-quinto-album.htm 
12Fonte:http://musica.terra.com.br/beyonce-se-mantem-no-topo-da-billboard-pela-terceirasemanaseguida, 
cbfa681c2c253410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html 
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Conclusão 
 
Em uma sociedade na qual o “produto simbólico” multiplica-se e "inúmeros 
consumidores - um em cada dois, segundo algumas pesquisas - declaram agora que a 
dimensão do sentido e do valor dos produtos os estimula a comprar" (LIPOVETSKY, 
2004:53-54), o consumidor de música e videoclipe possui várias identidades que estão 
em constante mutação e formação e as relaciona com os artistas que admiram e 
interagem principalmente através das redes sociais, que aproximaram as pessoas e 
horizontalizou as hierarquias. 
A internet democratiza os espaços e cria oportunidades para novos artistas alcançarem 
um público numeroso, no entanto, os artistas atrelados à indústria fonográfica são 
geralmente aqueles responsáveis pela constante criação e manutenção dos hits musicais, 
uma vez que, integrantes do chamado mainstream, dispõem de amplo investimento em 
ações de divulgação e de marketing específicos para a Web e também voltados também 
para as mídias de massa. Quando esses novos artistas alcançam o sucesso on line, a 
grande indústria fonográfica tende a incorporá-los, tornando-os conhecidos nas mídias 
on line e off line. 
Essa é uma nova configuração de sociedade com uma nova forma de consumo, mas 
com a capacidade midiática de criar em grande escala fenômenos comportamentais, hits 
e super stars (LIPOVETSKY, 2004), talvez até em proporções maiores que as de 
outrora. Com isso, o videoclipe se fortalece cada vez mais no ciberespaço e tem deixado 
de ser apenas um meio de divulgação para também se tornar um produto e surgem 
fenômenos virais nunca vistos antes em proporções nunca vistas antes. 
O videoclipe tem importância fundamental na cultura pop e ícones pop aqui citados 
como Madonna, que se tornaram mitos através do investimento na imagem pessoal e da 
forma como faziam videoclipes, renovam-se e assim como a própria grande indústria 
fonográfica, tentam encontrar novas formas de lucro e de interagir com o consumidor. 
A MTV que surgiu no início dos anos 1980 e foi responsável por grande parte do 
sucesso dos videoclipes e pelo surgimento de fenômenos musicais, adapta-se a esse 
mercado com um novo consumidor e se modifica a fim de sobreviver em meio a forma 
de consumo trazida pelo advento da internet. 
O VEVO é uma tentativa das majors de ocuparem o seu lugar no ciberespaço e 
popularizarem uma nova MTV. Entretanto, só saberemos com o tempo como esse novo 
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consumidor ativo e o ciberespaço irão receber e interagir com esse tipo de investimento 
e quais caminhos o videoclipe irá trilhar na terceira fase da internet – a internet mobile. 
O poeta e autor norte-americano Shel Silverstein cunhou a palavra Tesarac 
para descrever aqueles períodos da história em que ocorrem mudanças sociais 
e culturais. Durante um Tesarac, a sociedade se torna cada vez mais caótica e 
confusa, antes de se reorganizar de uma forma que ninguém seria capaz de 
prever com exatidão ou antecipar facilmente [...] Ainda estamos passando 
pelo Tesarac e não podemos prever com exatidão qual será o resultado. O que 
já está evidente, no entanto, é que os fabricantes e fornecedores, presos no 
lado errado dessa dobra no tempo, se verão cada vez mais sobrecarregados 
pela vastidão das mudanças que ela significa. (LEWIS; BRIDGES, 2004) 
 Por ora, através dos sucessos virais e dos números nunca vistos antes, parece que a 
indústria fonográfica tem alcançado o seu objetivo. 
 
 
Referências 
 
BURGESS, J; GREEN, J. You Tube e a revolução digital: Como o maior fenômeno da 
cultura participativa está transformando a mídia e a sociedade. São Paulo: Aleph, 2009 
 
HOLZBACH, A. MTV: a remediação da rádio FM na construção de um canal musical de 
televisão. Galaxia (São Paulo, Online), n. 24, p. 265-278, dez. 2012. 
 
KILPP, S; FISCHER, G. D. Janelas de Flusser e Magritte: O que é, afinal, um webvideo? 
Intexto, Porto Alegre:UFRGS, v.2, n. 23, p.36-49, julho/dezembro, 2010 
 
LEWIS, D.; BRIDGES, D. A alma do novo consumidor. São Paulo, 2004 
 
LIPOVETSKY, G. Metamorfoses da cultural liberal: ética, mídia e empresa. Porto Alegre, 
Sulina. 2004. 
 
LUSVARGHI, L. De MTV a Emetevê: Pós-modernidade e cultura mcworld na televisão 
brasileira. São Paulo: Editora de Cultura, 2007 
 
MARTEL, F. Mainstream: A guerra global das mídias e das culturas. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2012. 
 
SÁ, S.P. de. O CD morreu? Viva o vinil! In: PERPETUO, I.F.; SILVEIRA, S.A. da. (Orgs.) O 
futuro da música depois da morte do CD. São Paulo: Momento Editorial, 2009. p. 49-73 
 
SOARES, T. Videoclipe: o elogio da desarmonia. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2012. E 
book.

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